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DIREITO ADMINISTRATIVO I – 1º BIMESTRE Prof. Luciano Bravo - albertasse.bravo@gmail.com Dia 11/02/2010 Conceito de Direito Administrativo - Para Hely Lopes Meirelles: “O Direito Administrativo é um conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.”. - Para Marçal Justen Filho: “O Direito Administrativo é o conjunto de normas jurídicas(1) de direito público(2) que disciplinam as atividades(3) necessárias à realização dos direitos fundamentais(4) e à organização e funcionamento(5) das estruturas estatais e não-estatais(6) encarregadas do seu desenvolvimento”. (1) * normas jurídicas = princípios e regras; * conjunto = ordenamento jurídico = sistema coerente = não existe lacunas; (2) * as normas de Direito Privado não são aplicáveis ao Direito Administrativo, por exemplo, não há autonomia da vontade, não há liberdade contratual, etc.; (3) * atividade dá idéia de uma seqüência de atos desencadeados e coerentes entre si; (4) * a Administração Pública deve visar a garantia dos direitos fundamentais dos administrados, ou seja, o interesse público; * todos os princípios devem vistos baseados no princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III); (5) * o Direito Administrativo atua como limitador do exercício do poder político, restringindo a atuação da Administração sob esferas das liberdades dos particulares; (6) * o Direito Administrativo influencia não só as entidades estatais, mas também as não-estatais, principalmente as envolvidas com a produção de direitos fundamentais. Dia 18/02/2010 Precedentes do Direito Público e do Direito Administrativo - O Direito Público surge no momento de confronto entre o Estado Absolutista e o Estado Moderno. - Antes do surgimento do Estado Moderno, o Estado Absolutista era soberano, era ele quem fazia e aplicava as leis, e ainda, julgava os conflitos, por isso, o Estado era idemandável e irresponsável. - Com o Estado Moderno, surge o Direito Público, oriundo das Revoluções Liberais do século XX. - O Estado Moderno é baseado no constitucionalismo, que tem a característica de imutabilidade e supremacia, pois a Constituição fixa uma série de direitos e irradia sua força normativa sobre todo o ordenamento. - A Constituição objetiva garantir direitos, e, num primeiro momento, direitos individuais, isto é, liberdade negocial, propriedade e responsabilidade civil, principalmente, a liberdade no sentido formal (“todos são iguais perante a lei”). - Num segundo momento, surge a garantia de direitos sociais, como a igualdade, inflando-se o Estado, passando este a entregar serviços públicos e econômicos, tais como eletricidade e transporte público. - Num terceiro momento, o Estado, através da Constituição, procura garantir “direitos econômicos” ou “direitos coletivos e difusos” (a nomenclatura não é bem definida). - A Constituição, além de garantir de direitos, organiza o Poder (Estado), e é nesse momento que o Direito Administrativo começa a se constituir. - O Estado Moderno institui a Administração Pública, regulada através de leis irradiadas da Constituição, que confere a Administração competência e atribuições, que deverão serem exercidas para o atendimento de determinadas finalidades. - A Administração Pública do Estado Moderno goza de racionalidade, isto é, pertinência entre meios e fins, e também de funcionalismo, ou seja, pessoas que ascendem à Administração Pública para atuar em cargos especiais, essa forma de acesso é disposta na Constituição. - O Estado Moderno é um Estado de Direito, onde há a tripartição do poder e a subordinação do Estado à Lei. - O Estado Brasileiro configura-se como Estado Social (entrega de prestações públicas, como saúde e educação) e Democrático de Direito (participação do povo na formação, execução e no controle das políticas). Dia 25/02/2010 Estado de Direito Clássico Estado Social de Direito Estado Democrático de Direito Normas de organização Sim Sim Sim Direitos Individuais (atuação negativa) Individuais + Sociais (atuação positiva) Individuais + Sociais + Coletivos + Difusos Participação Popular Limitada Limitada Ampliada Tamanho do Estado Mínimo Inflado Suficiente Vetor Axiológico Liberdade Individual Igualdade Material CF, art. 1º, III Dignidade da pessoa humana Função Administrativa I – Teoria da Separação dos Poderes: idealizada por Montesquieu, prevendo: a) separação funcional do Poder; b) separação estrutural: criação de estruturas; c) atribuição de uma função à cada estrutura; - Os Poderes são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, harmônicos e independentes entre si, limitados entre eles, a partir do sistema de checks and balances, isto é, “pesos e contrapesos”. II – Função Típica e Atípica: a) Poder Legislativo: i) Típica: função legislativa, legisferante ou normativa, que é a criação de leis e direitos novos. ii) Atípica: função administrativa (cuidando da sua organização interna, ex.: fazer concursos, comprar materiais) e função judicante ou jurisdicional (julgamento do presidente da república e ministros do STF nos crimes de responsabilidade). b) Poder Judiciário: i) Típica: função judicante ou jurisdicional. ii) Atípica: função administrativa (cuidando da sua organização interna, ex.: fazer concursos, comprar materiais) e função legislativa (elaboração de regimento interno e súmula vinculante). c) Poder Executivo: i) Típica: função executiva ou administrativa. ii) Atípica: função legislativa (decretos, leis delegadas e medidas provisórias) e função judicante (processo administrativo). Dia 04/03/2010 III – Função: * é um encargo; * exercício de poderes através da existência de uma estrutura administrativa: quando se dá uma atribuição para que alguém realize, deve-se também dar os meios para a sua execução; * natureza: dever-poder; * é sempre exercida no interesse de outros; * a natureza da função também é passiva-ativa: - passiva: a administração pública tem que realizar diversas obrigações. Ex.: dever de publicidade dos atos. - ativa: a administração tem algumas prerrogativas, isto é, poderes que podem sujeitar o cidadão. Ex.: poder de polícia. * a vontade da administração pública é funcionalizada e objetivada, ou seja, é expressa numa função traçada na legislação. ** Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: o interesse público é indisponível porque o agente público tem o dever de realizar os atos para os quais é competente, já que a vontade da administração é objetiva, não depende da vontade do agente, uma vez que a vontade da Administração Pública é traçada em lei. IV – Efeitos da Separação dos Poderes sobre a Função Administrativa: * Mérito Administrativo: é a porção da decisão da administração que compete exclusivamente a ela. É o âmbito de conveniência e oportunidade no qual a administração pode navegar na produção de atos administrativos. * O Poder Judiciário não pode emitir decisões sobre o mérito administrativo. Dia 11/03/2010 Dia 18/03/2010 Regras - Conteúdo: - Estrutura: - Aplicação: se existe a norma, ela é valida – “tudo ou nada”. Princípios - Conteúdo: valores e finalidades que são perseguidas pelo Estado. - Estrutura: pluralidade de condutas e/ou possibilidades que favorecem o alcance daquela finalidade. - Aplicação: de acordo com os fatos e com os outros princípios é que é escolhida a conduta para realizar a finalidade – “mais ou menos”. * Princípio hermenêutico da proporcionalidade: divide a aplicação do princípio em 3 fases: 1ª) Adequação – verificar a conduta adequada à finalidade; 2ª) Necessidade – analisar a necessidade da conduta; 3ª) Proporcionalidade em sentido estrito – conferir interesse público, sacrificandoao mínimo os interesses individuais.
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