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Apostila Historia do Brasil I - Completa

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HISTÓRIA DO BRASIL I12
UNIMES VIRTUAL
Aula: 01
Temática: A economia açucareira
Vamos iniciar o caminho em direção ao conhecimento da 
história do Brasil no período posterior à chegada dos portu-
gueses, no ano de 1500. Nesta aula estudaremos a ocupa-
ção portuguesa do território e os seus resultados para a formação futura 
do país..
Vamos imaginar como era o Brasil na época da chegada dos portugueses. 
Para o olhar do europeu, era um lugar diferente, exótico, com plantas e 
animais desconhecidos, um novo mundo tropical a ser explorado. 
Nas primeiras décadas de 1500, realizaram-se apenas expedições de re-
conhecimento e defesa, patrulhavam a costa brasileira e nada mais. Mas 
alguma coisa fez com que o interesse português se voltasse para o novo 
mundo. Algo que fez um povo sem condições de colonizar outras terras 
por causa da escassez de população.. O historiador Sergio Buarque de 
Holanda explicou: 
“O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a 
riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza 
que custa trabalho”1.
Em outras palavras, os portugueses estavam interessados em descobrir 
ouro, prata ou pedras preciosas — a riqueza que custa a ousadia do des-
bravamento, ao contrário da riqueza produzida pela agricultura que custa 
trabalho. Esse interesse aumentou com a descoberta de jazidas de metais 
preciosos nos territórios americanos sob o domínio da Espanha. 
Entretanto, as buscas portuguesas tornaram-se infrutíferas. Em compen-
sação, descobriu-se uma nova riqueza vegetal: uma árvore produtora de 
pigmento vermelho ideal para a tintura de tecidos. Os lucros da extração 
e comercialização do pau-brasil alimentaram os primeiros trinta anos da 
exploração colonial. 
Todavia, com as investidas dos outros reinos europeus — sem contar os 
ataques dos piratas — e com a diminuição do comércio com o Oriente, os 
portugueses decidiram investir na colonização do seu território na Amé-
rica. Foi assim que, a partir de 1530, os lucros provenientes da colônia 
1 HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, 
p. 18
HISTÓRIA DO BRASIL I 13
UNIMES VIRTUAL
passaram da extração do pau-brasil para a implantação de uma agricultura 
cujo produto rendesse altos lucros para a metrópole portuguesa.
 
A América Portuguesa tinha um grande território. Sendo 
assim, a variedade de produtos que poderiam ser cultiva-
dos aqui, também era grande. Os produtos poderiam variar 
desde os adaptados ao clima temperado até aqueles de clima tropical. 
Finalmente, optaram pela cana-de-açúcar. 
Os portugueses tinham larga experiência com essa planta, pois já a produ-
ziam na Ilha da Madeira e nos Açores em escala comercial. Além disso, 
havia um mercado lucrativo para o açúcar e uma estrutura de produção 
e comercialização já montada, a cargo dos holandeses que refinavam e 
distribuíam o açúcar por toda a Europa.
Na colônia americana todos os elementos favoreciam a produção do açú-
car: terra em abundância para formar plantações em grandes extensões, 
clima quente e uma baixa nobreza portuguesa disposta a se aventurar em 
busca de riquezas nas terras do novo mundo. Os nobres e aventureiros 
portugueses receberam grandes áreas para o cultivo da cana-de-açúcar, 
desde que se responsabilizassem pela colonização da área que recebes-
sem. Ou seja, a coroa portuguesa não se dispôs a financiar a colonização 
que foi feita, desse modo, em grande parte, com capital particular. 
Dessa maneira, teve início a colonização do Brasil, caracterizada pela pre-
sença de grandes propriedades — latifúndios — dedicados à produção de 
um único produto — a monocultura —, tendo em vista as possibilidades de 
comércio exterior — a exportação — com base na mão-de-obra escrava. 
 
Latifúndio, monocultura, exportação e escravidão, caracteri-
zaram o sistema colonial. Todavia, o principal elemento des-
se sistema era o chamado Pacto Colonial que estabelecia o 
monopólio da metrópole sobre tudo o que fosse produzido na colônia. 
Para a colônia o pacto era prejudicial, pois, ela era o palco da agricultura 
— atividade custosa e pouco lucrativa. O comércio, que garantia os lucros, 
ficava na mão dos comerciantes portugueses, controlados pela coroa. A 
refinação e comercialização do açúcar — atividades ainda mais lucrativas 
do que o comércio de matéria prima — ficava com os holandeses. 
Comparando com os dias de hoje, diríamos que Portugal atuava como uma 
espécie de atravessador. Com o tempo, a Holanda se interessou em produ-
zir diretamente a cana-de-açúcar no Brasil, através da Companhia das Ín-
HISTÓRIA DO BRASIL I14
UNIMES VIRTUAL
dias Ocidentais. Além disso, as relações entre Portugal e Holanda ficaram 
estremecidas durante o domínio espanhol (1580-1640) — período em que 
a Portugal esteve sob o domínio da Espanha. Assim, os holandeses deci-
diram invadir o Brasil. Estabeleceram-se em Pernambuco, permanecendo 
por, aproximadamente, trinta anos (1624 -1654). 
Quando foram expulsos pelos portugueses, os holandeses levaram con-
sigo a tecnologia da produção da cana e começaram a cultivá-la em sua 
colônia nas Antilhas. Em pouco tempo, a cana das Antilhas passou a ser 
concorrente do produto brasileiro, que sofreu um grande golpe e não mais 
se recuperou. 
 
Ao final dessa aula, podemos refletir: por que a produção 
de cana no Brasil não foi capaz de enfrentar a concorrência 
holandesa? Faça uma pesquisa. Você vai descobrir que os 
motivos não foram assim tão óbvios. 
HISTÓRIA DO BRASIL I 15
UNIMES VIRTUAL
Aula: 02
Temática: Sociedade Açucareira
Nesta aula verificaremos como se organizava a sociedade 
baseada na produção do açúcar: quem mandava, quem 
obedecia, quantas classes sociais existiam e como elas se 
relacionavam. 
 
Na sociedade açucareira tudo girava em torno do engenho. 
As cidades eram pequenos centros (vilarejos) onde mo-
ravam alguns funcionários da coroa portuguesa e alguns 
profissionais liberais como comerciantes e artesãos. Nas cidades havia 
também a Igreja principal e as casas dos grandes fazendeiros — habitadas 
apenas em épocas especiais dos anos. 
O engenho era uma grande propriedade rural, onde era cultivado, basica-
mente, um único produto, a cana-de-açúcar, com mão-de-obra escrava. . 
Na verdade, “engenho” era o nome do local em que transformava a cana-
de-açúcar, através da moagem e posterior fervura do caldo. 
O senhor do engenho, proprietário da terra e, de certo modo, proprietário 
de tudo e todos, era o detentor do poder econômico e político da sua pro-
priedade e de toda a região, incluindo as vilas e os povoados próximos. 
Assim, o latifundiário concentrava o poder econômico e político, incluindo 
administração da justiça. No século XVII, João Antonil, um jesuíta italiano 
que morou no Brasil, assim se manifestou a respeito: “O ser senhor de 
engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, 
obedecido e respeitado de muitos.”� 
Apesar da afirmação do padre jesuíta podemos perguntar: será que todos 
que almejassem tornarem-se “senhores de engenho” conseguiriam? 
 
Nesse período da história do Brasil, existiam apenas três 
classes sociais: no topo estava a classe senhorial; na outra 
extremidade estavam os escravos; no meio, por assim dizer, 
estava uma camada intermediária composta de funcionários da coroa por-
tuguesa, profissionais liberais, militares, pequenos proprietários de terras, 
assalariados dos engenhos (feitores, purgadores), agregados, moradores 
� ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: Nacional, 1967
HISTÓRIA DO BRASIL I16
UNIMES VIRTUAL
do engenho e que prestavam serviços ao senhor, tais como padres, médi-
cos ou professores. 
De um modo geral, pode-se dizer que o poder dos senhores de engenho 
estava fundamentado na propriedade, posse e exploração da terra. Terra 
que não era vendida,nem comprada, mas conquistada, recebida como 
benefício ou como herança ou negociações familiares. Os senhores tinham 
poder total sobre “as gentes”, quer dizer, sobre os escravos, mas estes 
eram “mercadorias”, isto é, podiam ser comprados e vendidos, diferen-
temente da terra. Em princípio, qualquer um, desde que tivesse dinheiro, 
poderia ter escravos. E assim era de fato. Alguns pequenos proprietários 
ou profissionais liberais tinham escravos, embora, às vezes, em número 
reduzido — um ou dois escravos domésticos. 
Os escravos, por sua vez, para mudar de condição podiam optar pela fuga 
ou aguardar a alforria. Alguns escravos chegavam a comprar a liberdade 
com o pouco dinheiro que conseguiam economizar. 
Assim, podemos dizer que a sociedade colonial apresentava pouca mobili-
dade social. As relações sociais eram marcadas pelo patriarcalismo. 
[...] os mesmos senhores rurais que estão na base 
do incomensurável poder privado que foi a marca in-
conteste de nossa formação histórica até o advento 
da República, esses mesmos senhores que controlam 
os aparelhos de justiça, os delegados de polícia e as 
corporações municipais, são eles que amparam o ho-
mem comum de todos esses controles sob a prote-
ção do clã.�
Em uma propriedade rural açucareira tradicional havia: a 
casa grande que era a residência do senhor de engenho, de 
sua família e escravos domésticos e que era também a sede 
administrativa do engenho; a capela, que era o lugar onde se realizavam 
as celebrações religiosas; a senzala, que era a moradia dos escravos; e a 
casa do engenho, propriamente dito, onde se produzia o açúcar. Mas na 
propriedade também existiam moradias para os empregados de confiança 
e para os agregados que serviam ao senhor e prezavam pela manutenção 
da fazenda como artesãos, carpinteiros, ferreiros. Assim, todos que traba-
lhavam no engenho moravam ali.
� SALES, Teresa. Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira. Disponível 
em: http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_25/rbcs25_02.htm.
HISTÓRIA DO BRASIL I 17
UNIMES VIRTUAL
Engenho de cana Henry Koster
HISTÓRIA DO BRASIL I18
UNIMES VIRTUAL
Aula: 03
Temática: Instituições no período açucareiro
Estudaremos as instituições portuguesas implantadas no 
Brasil e as dificuldades enfrentadas na administração da 
colônia
Até 1530, não houve tentativa de colonização do Brasil. Foi somente a 
partir desta data que verificamos a tentativa do governo português em 
organizar a colônia para a exploração. 
A organização de tão extenso território não era fácil. Portugal adotou uma 
solução familiar para a coroa portuguesa, adotada a tempos em suas co-
lônias na África: a distribuição de lotes para terceiros. Assim, a partir de 
1534, o território português na América foi dividido em 15 faixas de terra, 
denominadas capitanias, que foram entregues a pessoas, denominadas 
donatários, que deveriam ser capazes de investir recursos, organizar e ad-
ministrar a colonização. 
A posse da capitania ficava estabelecida com a Carta de Doação. O dona-
tário não podia vender o seu lote ou parte dele — o que permanecia como 
prerrogativa da coroa — e deveria administrá-lo como se a capitania fosse 
uma província real. Para essa administração havia uma série de direitos 
e deveres, estabelecidos para o donatário, que estavam relacionados na 
Carta Floral.
 
Os donatários tinham o direito de criar vilas e realizar a dis-
tribuição de terras para a agricultura. Constituíam-se nas 
autoridades administrativas e judiciais de sua capitania. Po-
diam escravizar indígenas; deviam vender o pau-brasil e receber uma por-
centagem sobre a exploração do pau-brasil. Os donatários deviam pagar 
ao rei 10% sobre lucros obtidos com os produtos da terra; deviam pagar 
também um quinto dos lucros sobre os metais e pedras preciosas. 
 
Essa primeira tentativa de organização administrativa do 
Brasil não deu certo. O fracasso ocorreu devido à falta de 
dinheiro dos donatários, à escassez de mão-de-obra, aos 
inúmeros ataques dos índios, às dificuldades de comunicação com a me-
trópole e entre as capitanias, pouca participação dos donatários nos lu-
HISTÓRIA DO BRASIL I 19
UNIMES VIRTUAL
cros. A partir de 1549, os governos gerais começaram a tomar medidas 
que, com o tempo, levaram à extinção das capitanias hereditárias. 
O governo geral foi a solução encontrada por Portugal para centralizar o 
poder. O objetivo desse governo era auxiliar e proteger todas as capitanias 
em nome da Coroa Portuguesa. A capitania da Bahia foi escolhida para 
sediar o governo por acreditar que ela estivesse situada no centro do ter-
ritório da colônia, o que facilitaria a administração e por estar próxima aos 
centros produtores de açúcar do Brasil.
Juntamente com o governador geral foi trazido um bispo — requisitado 
pelo rei de Portugal ao Papa — a fim de coordenar os assuntos ligados à 
religião. No ano de 1551 chegou à colônia o primeiro bispo do Brasil , D. 
Pero Fernandes Sardinha.
O governador geral passou a ter o comando sobre a defesa militar do 
território. Os donatários perderam os poderes judiciais transferidos ao 
governador. Através do governador a metrópole decretou a proibição da 
escravização dos índios. 
Os primeiros governadores gerais do Brasil foram: Tomé de Souza (1549-
1553), Duarte da Costa (1553-1558) e Mem de Sá (1558-1872). Junta-
mente com os governadores, vieram — ou foram escolhidos na elite local 
— os auxiliares que constituíam a cúpula do poder político e adminis-
trativo da colônia: o ouvidor-mor encarregado da justiça; o provedor-mor, 
responsável pelos assuntos da fazenda; e o capitão- mor que detinha a 
responsabilidade sobre a defesa do litoral brasileiro.
 
Algumas capitanias ou províncias, como foi o caso de São 
Paulo, permaneceram isoladas e relativamente autônomas 
em relação ao poder central dos governados gerais, repre-
sentantes diretos da metrópole. 
HISTÓRIA DO BRASIL I20
UNIMES VIRTUAL
Aula: 04
Temática: O Ciclo do Ouro 
Nesta aula conversaremos sobre a descoberta do ouro no 
Brasil, como se realizou, quais as conseqüências para as re-
giões mineiras e como a coroa portuguesa tratou a questão. 
No final do século XVII, os bandeirantes paulistas encontraram ouro numa 
região que, posteriormente, foi chamada de Minas Gerais. O padre João 
Antonil, que vivia no Brasil naquela época, contou que um mulato que 
acompanhava as bandeiras foi quem primeiro viu as pepitas. Outras fontes 
registram outros descobridores paulistas. 
Uma data importante foi a emissão da Carta Régia 
de 27 de janeiro de 1697, que enviava uma ajuda de 
custos de 600.000 R$/ano ao governador Sá para 
auxiliar nas buscas. Dar-se-iam aos paulistas bene-
méritos “as mesmas honras, e mercês de hábitos, e 
foros de fidalgos da Casa”, desde que encontrassem 
e explorassem as lavras auríferas. Finalmente em 1º 
de março de 1697 o agitado governador do Rio de 
Janeiro, Castro Caldas remetia ao rei o resultado das 
últimas façanhas dos paulistas que haviam encontra-
do nos sertões de Taubaté “de dezoito a vinte ribeiros 
de ouro da melhor qualidade.1
Nas regiões das descobertas, rapidamente, formaram-se vilas e cidades. Hoje 
em dia, algumas delas são conhecidas como as cidades históricas de Minas 
Gerais: Ouro Preto (antiga Vila Rica), Mariana, Sabará, Tiradentes etc. 
Algumas dessas cidades conheceram, além do dinamismo, um certo es-
plendor, visível na arquitetura dos sobrados, nas ruas de pedra, nas igrejas 
decoradas com lâminas de ouro, na exuberância da arte barroca. 
A riqueza e a urbanização levaram também a um certo dinamismo cultural 
para a região cujas camadas médias e membros da elite se abriram para 
as idéias iluministas que eram disseminadas pela Europa nessa época. 
1 SCHILING, Voltaire. O século do ouro. Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/br_ouro2.htm. Acessado em 19/09/2007.
HISTÓRIA DO BRASIL I 21
UNIMES VIRTUAL
Imagens de obras de Aleijadinho e Mestre Atayde. 
Nesse período, o catolicismo era a base da cultura portuguesa. As obras 
de artistas como Aleijadinho ou mestre Atayde refletiam essa hegemonia 
da Igreja Católica. 
 
Todavia, vamos retornar ao início da descoberta do ouro. 
Este metal foi encontrado no Brasil em aluvião, ou seja, 
em areias e barrancos de rios. Esse tipo de mineração não 
necessitava de técnicas ou de equipamentos sofisticados. Assim, todos 
tinham a chance de procurar e descobrir ouro nas Minas Gerais, que era 
uma zona de colonização recente, onde raramente eram encontradas gran-
des propriedades rurais.
O processo de exploração das minas realizava-se da seguinte maneira: al-
guém descobria uma jazida e, imediatamente, deveria comunicar à Inten-
dência — órgão, especialmente criado para o controle da mineração. O 
Guarda-mor, então, dirigia-se ao local e ordenava a demarcação do terreno 
em lotes chamados “datas”. Estas datas possuíam no máximo 50 metros 
de largura. A distribuição das datas ocorria mediante sorteio, mas o des-
cobridor tinha preferência na escolha.
Logo no início das descobertas de metais preciosos na colônia, Portugal 
tratou de organizar uma maneira de recolher sua parte. Foi criado o quinto, 
isto é, um imposto equivalente a 1/5 ou 20% do metal encontrado que 
todos os mineradores deveriam pagar à coroa .Inicialmente, o quinto era 
cobrado em forma de ouro em pó, mas Portugal acabava perdendo mui-
to. Em 1725, criaram-se as Casas de Fundição nas quais todos deveriam 
entregar o ouro em pó para serem transformados em barras, já com a 
retirada do quinto.
Apesar do enriquecimento de algumas famílias no Brasil, de 
muitas em Portugal, quem lucrou mesmo com o ouro brasi-
leiro foi a Inglaterra, de cujo comércio Portugal dependia. O 
HISTÓRIA DO BRASIL I22
UNIMES VIRTUAL
ouro brasileiro impulsionou o desenvolvimento da indústria inglesa. Portu-
gal apenas aparentava a riqueza. Muitos navios que saiam daqui repletos 
de ouro, algumas vezes, seguiam diretamente para a Inglaterra. 
E o que o Brasil lucrou com o seu ouro? 
Com o ouro em si, quase nada, mas foi graças à mineração que houve 
uma expansão de outras atividades, como a comercialização de alimentos 
— até então produzidos de modo auto-suficiente nas grandes proprieda-
des — ou a melhoria das vias de comunicação entre o litoral e o interior, 
nas regiões das descobertas. 
A urbanização também provocou um pouco mais de mobilidade na socie-
dade colonial. 
A rapidez com que se deu o povoamento, a pobreza de 
alguns , a imprevidência de outros, a concentração de 
esforços na atividade extrativa, a dificuldade de acesso 
à zona mineira e sua localização em zona despovoada, 
trouxeram como conseqüência uma insuficiência ini-
cial de gêneros alimentícios e inclusive duas crises de 
fome (1697/1798 e 1700/1701). Nesses anos esgota-
ram-se totalmente os gêneros, e muitos dos pioneiros 
necessitaram abandonar suas betas e dispersaram-se 
em busca de alimentos; evento que provavelmente 
contribuiu para a descoberta de novas áreas auríferas. 
A migração descontrolada do elemento livre e o en-
vio maciço de escravos às minas abateram-se ime-
diatamente sobre outras atividades econômicas da 
Colônia e provocaram até mesmo enfraquecimento 
militar de determinadas áreas litorâneas do Brasil. 
No próprio Reino fez-se sentir o impacto da imigra-
ção para as minas. Apesar das inúmeras restrições 
ao deslocamento para a Colônia – medidas de 1709 
e 1711 – ainda em 1720 várias regiões de Portugal 
continuavam a sentir os efeitos da febre do ouro, 
conforme pode ser atestado pela determinação régia 
daquele ano: “Faço saber aos que 
esta minha lei virem que não tendo sido bastantes as 
providências que até o presente tenho dado (…) para 
proibir que deste Reino passe as Capitanias do Estado 
do Brasil a muita gente que todos os anos se ausenta 
dele principalmente da Província do Minho, que sendo 
a mais povoada, se acha hoje em estado que não há a 
gente necessária para a cultura das terras, nem para 
o serviço dos Povos, cuja falta se faz tão sensível, 
que necessita de acudir-lhe com o remédio pronto, e 
tão eficaz que se evite a freqüência com que se vai 
despovoando o Reino”.2
2 LUNA, Francisco Vidal. Estrutura da Posse de Escravos, In: LUNA, Francisco Vidal & 
COSTA, Iraci del Nero da. Minas Colonial: Economia e Sociedade, São Paulo, FIPE/PIONEI-
RA, p. 31-55, 1982 (Estudos Econômicos FIPE-PIONEIRA).
HISTÓRIA DO BRASIL I 23
UNIMES VIRTUAL
Aula: 05
Temática: A sociedade nos tempos do ouro
Nesta aula analisaremos as mudanças ocorridas na socie-
dade colonial no período da mineração, procurando as iden-
tificar as semelhanças e as diferenças em relação à socie-
dade açucareira.
Sabemos que grande parte do ouro extraído na colônia não ficou aqui. 
O ouro era enviado para a metrópole na forma de impostos ou como pa-
gamento de transações comerciais efetuadas. Entretanto, uma parte dos 
metais preciosos extraídos permaneceram na colônia, gerando riquezas 
para a região do atual estado de Minas Gerais. 
Para ser minerador e, eventualmente, enriquecer, não eram necessários 
grandes investimentos como na produção de açúcar. Ao contrário, bastava 
ter vontade, disposição e alguns poucos instrumentos. Segundo Antonil:
A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem 
suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos 
como são os das minas, que dificultosamente se pode-
rá dar conta do número de pessoas que lá estão. �
A sociedade das minas era urbana. Diferentemente da sociedade açucarei-
ra, o poder econômico e político concentrava-se nas cidades onde a popu-
lação apresentava uma grande heterogeneidade: comerciantes, funcioná-
rios da coroa de variados níveis, profissionais liberais e escravos. Nessa 
sociedade não havia uma divisão rígida de classes, à medida que qualquer 
um poderia descobrir ouro e tornar-se rico e poderoso, sem necessaria-
mente possuir um sobrenome, terras ou escravos. Assim, a ascensão so-
cial era mais fácil e o “novo rico” poderia, com um certo esforço, freqüentar 
as altas rodas sociais. Bem diferente era a sociedade do açúcar onde os 
senhores e suas famílias mantinham-se isolados em seu próprio meio.
Da riqueza gerada com o ouro nas minas, uma boa parte foi utilizada para 
incrementar a cultura. Nessa época, Minas Gerais tornou-se o centro cul-
tural da colônia. As maiores manifestações da arte Barroca podem ser en-
contradas nas igrejas mineiras, ricamente ornamentadas com ouro, tanto 
em Ouro Preto (antiga Vila Rica) como em Mariana e Tiradentes. 
� ANTONIL, João André. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo, Nacional, �967, p. 
263
HISTÓRIA DO BRASIL I24
UNIMES VIRTUAL
Os profetas em pedra-sabão esculpidos por Aleijadinho em Congonhas do 
Campo, até hoje, são considerados os mais importantes exemplares da 
escultura brasileira.
 
 
A literatura produzida na colônia também ganhou um certo 
impulso com a adesão de alguns escritores ao movimen-
to literário europeu conhecido como arcadismo. Na música 
destacaram-se artistas como Emérico Lobo Mesquita, Francisco Gomes 
da Rocha e Inácio Parreiros Neves. 
A vida nas cidades mineiras girava em torno do ouro. O próprio nascimen-
to e a morte das cidades e vilas eram determinados pela descoberta ou 
esgotamento das jazidas. .
 
Não podemos esquecer que muitas atividades culturais 
estavam relacionadas à religião. Por isso, as obras de arte 
mineiras desse período se encontram em sua maioria nas 
igrejas e as esculturas são de santos ou passagens da bíblia, até a música 
barroca era realizada com o intuito religioso. Já o arcadismo, manifesta-se 
como uma reação ao barroco, pregando a retomada dos ideaisclássicos, 
especialmente o racionalismo e o gosto pela natureza. 
 
Saiba mais
Leia a seguir um Soneto do poeta mineiro Cláudio Manuel da Costa. 
Leia a posteridade, ó pátrio Rio, 
Em meus versos teu nome celebrado; 
Por que vejas uma hora despertado 
O sono vil do esquecimento frio: 
HISTÓRIA DO BRASIL I 25
UNIMES VIRTUAL
Não vês nas tuas margens o sombrio, 
Fresco assento de um álamo copado; 
Não vês ninfa cantar, pastar o gado 
Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias 
Nas porções do riquíssimo tesouro 
O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro 
Enriquecendo o influxo em tuas veias, 
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.2
2 http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/claudio.html#SONETOS
HISTÓRIA DO BRASIL I26
UNIMES VIRTUAL
Aula: 06
Temática: A mineração e suas instituições
Nesta aula abordaremos a atividade administrativa da coroa 
portuguesa nas Minas Gerais e a fiscalização dos metais e 
pedras preciosas, destacando as instituições criadas para o 
controle das minas.
 
Havia um amplo esquema administrativo para que a metró-
pole possuísse o maior controle possível sobre as regiões 
de mineração. Como as pedras preciosas foram descober-
tas um pouco depois do ouro, houve um rigor ainda maior com o controle 
da região diamantina. Nesta região tudo era controlado: a entrada e saída 
de pessoas, quem poderia mudar-se para as cidades e vilas e, principal-
mente, a extração das pedras preciosas e o recolhimento dos impostos. 
Nas minas de diamante a coroa portuguesa foi bem mais eficiente do que 
nas minas de ouro, instituindo um controle sistemático para combater o 
contrabando.
No ano de 1702, criou-se a Intendência das Minas, que era um órgão vin-
culado diretamente ao rei de Portugal e tinha como funções distribuir ter-
ras para a exploração do ouro, cobrar tributos e fiscalizar o trabalho dos 
mineradores. Era composta pelo Intendente e guarda-mor — responsável 
pela distribuição das terras e a fiscalização. Mas apenas a criação desta 
instituição não foi suficiente para que a atividade mineradora fosse con-
trolada e os impostos devidamente cobrados. Você pode imaginar quantas 
maneiras existiam para que o ouro de aluvião — ouro em pó, extraído da 
superfície da terra ou da margem ou fundo dos rios —, pudesse ser con-
trabandeado e desaparecesse dos domínios da coroa? 
A metrópole fazia as contas e não gostava nem um pouco do resultado. A 
fim de dificultar a vida dos contrabandistas, proibiu a circulação do ouro 
em pó e criou as Casas de Fundição para transformar em barras o ouro 
que não poderia circular em pó. Nesse processo de transformação era 
recolhido o quinto. 
Por um certo tempo não foi difícil atingir a cota estabelecida pela coroa. 
Entretanto, as jazidas começaram a se esgotar. A coroa não acreditou, 
achava que os mineiros estavam conseguindo contrabandear o ouro e 
passou a acionar, mais constantemente, a derrama. A capitania de Minas 
HISTÓRIA DO BRASIL I 27
UNIMES VIRTUAL
Gerais deveria pagar anualmente o imposto do quinto extraído, num total 
de 100 arrobas (cerca de 1500 quilos). Quando esse percentual não era 
atingido, a população era obrigada a contribuir com uma cota extra para 
completar o total exigido. Essa cobrança extraordinária era chamada de 
derrama. 
A derrama de 1789 foi o estopim da rebelião conhecida como Inconfidên-
cia Mineira, que levou à morte de Tirandentes. 
A partir de 1760, porém, a mineração entra num pro-
cesso de diminuição, bastante rápido, provocando 
atraso do pagamento do “quinto”. Neste período, o 
Marquês de Pombal, à frente do governo português, 
não hesita em decretar a derrama em 1765, que seria 
a cobrança oficial e forçada dos quintos em atraso.
A decadência é motivada, em parte, pelo esgotamen-
to natural das jazidas e pela insuficiência tecnológica 
para uma exploração de maior profundidade, mas, 
principalmente, pela sobrecarga tributária pesadíssi-
ma que foi imposta pelo mercantilismo português. 
Na administração Pombalina, em 1771, na região das 
minas, o próprio Estado Português passou a organizar 
a mineração de diamantes, criando a Real Extração.
A organização administrativa foi reformulada, aperfei-
çoando-se especialmente os mecanismos da coleta 
de impostos. Os tributos eram numerosos e possuíam 
muitas vezes um caráter circunstancial: foram cobra-
dos impostos para o casamento de príncipes, para a 
reconstrução de Lisboa, arrasada por um terremoto e 
para outros eventos.�
� FERRARI, Gilda Nery. RELAÇÕES DE PODER EM MINAS NO SÉCULO XVIII: Tributação e 
fiscalidade. Disponível em: http://direito.newtonpaiva.br/revistadireito/docs/convidados/
BKP/COLABO1406.doc. Acessado em 20/09/2007
HISTÓRIA DO BRASIL I28
UNIMES VIRTUAL
Aula: 07
Temática: As colônias de povoamento
Na aula de hoje, trataremos de um dos tipos de colonização 
perpetrados por Portugal. 
A análise tradicional do sistema colonial costuma distinguir dois tipos de 
colonização: a de povoamento e a de exploração. Conforme essa análise, a 
colonização de povoamento ou de enraizamento era realizada com a idéia 
de ocupar sistematicamente o território ocupado. Em geral, a colonização 
de povoamento se deu em áreas com clima semelhante ao da metrópole 
Um exemplo clássico desse tipo de colonização foi o processo de ocupa-
ção de algumas áreas da América do Norte. 
Para efetuar a colonização de povoamento, a metrópole deveria ser grande 
e populosa, a fim de poder promover a emigração de parte da população. 
Em compensação não era necessário fazer grandes investimentos para 
povoar o novo território. De um modo geral, esse tipo de colonização cons-
tituía um processo lento.
Para a Inglaterra esse tipo de povoamento era ideal, pois, devido às modifi-
cações ocorridas na agricultura a partir do século XVI, havia um excedente 
de população ociosa. Essa população fora expulsa das terras agrícolas que 
se transformaram em pastagens para carneiros a fim de abastecer com 
matérias-primas — a lã — a indústria têxtil inglesa.
Além disso, na Inglaterra, assim como em toda a Europa, havia lutas po-
lítico-religiosas que produziam emigrantes, isto é, dissidentes religiosos 
insatisfeitos ou perseguidos pelas disputas religiosas que viam na mudan-
ça para a América a possibilidade de uma nova vida. Em certos casos, as 
despesas da viagem em pagas pelo governo. 
Foram para a América do Norte pessoas de várias religiões e partes da 
Europa: os puritanos e quakers da Inglaterra, os huguenotes da França, 
morávios, schwenkfelders, inspiracionistas e menonistas da Alemanha 
Meridional e Suíça. Esses emigrantes não buscavam enriquecer e voltar 
para suas pátrias, pensavam em se proteger das agitações políticas que 
ocorriam na Europa. 
HISTÓRIA DO BRASIL I 29
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Segundo Caio Prado Junior:
O que os colonos desta categoria têm em vista é 
construir um novo mundo, uma sociedade que lhes 
ofereça garantias que no continente de origem já não 
lhes são mais dadas. Seja por motivos religiosos ou 
meramente econômicos (estes impulsos, aliás, se en-
trelaçam e sobrepõem), a sua subsistência se tornará 
lá impossível ou muito difícil. Procuram então uma 
terra ao abrigo das agitações e transformações da 
Europa, de que são vítimas, para refazerem nela sua 
existência ameaçada.� 
Esses emigrantes se transformavam em colonos e viam a colônia como 
um refúgio. Para isso, procuravam locais o mais semelhante possível da 
sua terra natal, zonas de clima temperado onde pudessem cultivar os pro-
dutos a que estavam acostumados. Estes colonos levavam todos os seus 
bens e seus familiares para a colônia para recomeçarem suas vidas.
 
Pelo fato de estarem localizados em regiões temperadas não 
havia interesse pela produção de um único produto tropical 
em larga escala, como acontecia noslatifúndios do nordes-
te brasileiro em que imperava a monocultura de exportação. Nessas regi-
ões produziam-se os mesmos produtos que na Europa Assim, o interesse 
da metrópole não era tão grande e os colonos tinham que tomar posse e 
defender o território por seus próprios meios. Os laços com a metrópole 
tendiam a se tornar mais frouxos e, por outro lado, mais fortes as tendên-
cias para movimentos separatistas. 
 
� JUNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo, São Paulo, Publifolha, 2000, 
p. 21
HISTÓRIA DO BRASIL I30
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Aula: 08
Temática: As colônias de exploração
Nesta aula, estudaremos a colonização do tipo exploração.
Fernando Novais explica que “[...] colonização significa sempre ocupação, 
povoamento e valorização de novas áreas.”.� Entretanto, a colonização das 
áreas de clima tropical tiveram, ao menos inicialmente, um caráter diferente:
Nas áreas de clima tropical e produtoras de mercadorias 
típicas do trópicos, difíceis de serem obtidas na Europa, 
criaram colônias de exploração (HARDY, �933), estabe-
lecendo feitorias como as criadas na Índia, no Brasil, nas 
primeiras décadas da colonização, e na costa africana. 
Na Índia, as feitorias exploraram, sobretudo, o rendoso 
comércio das especiarias, na África, o comércio de ne-
gros escravos e, inicialmente, da malagueta e do ouro, 
enquanto no Brasil se dedicaram inicialmente ao comér-
cio da madeira de tinta. (AZEVEDO, �947)�
No Brasil, eles evoluíram para a implantação da cultura da cana de açúcar 
utilizando a força de trabalho indígena e depois a negra. 
A América do Sul se tornou o paraíso para a exploração colonial, pois 
nessa região foram encontrados produtos desconhecidos que rapidamente 
se tornaram, apreciados pelos europeus — como o milho, o tomate e o 
cacau. Outros produtos já eram conhecidos e considerados preciosidades 
como a cana-de-açúcar para a produção de açúcar, a pimenta, o tabaco, o 
anil, o arroz, o algodão dentre outros.
Vamos ver as características dessa colonização. Portugal não 
possuía população excedente para realizar um movimento mi-
gratório substancial. Nesse caso,, a colonização exploratória 
tornou-se ideal e foi adotada no Brasil nas primeiras décadas. 
Assim, vamos pensar nesse tipo de colonização a partir do Brasil sem nos 
esquecer, contudo, que a exploração foi um tipo de colonização adota-
do em outros lugares, tais como nas lavouras antilhanas dos holandeses, 
franceses e ingleses. 
� NOVAIS, Fernando A. Colonização e sistema colonial: discussão de conceitos e pers-
pectiva histórica. Comunicação apresentada na Quarta sessão de estudos do dia 5 de 
setembro de �957, p. �5�.
� ANDRADE, Manuel Correia de. Brasil: Globalização e Regionalização. Disponível em: 
http://www.uff.br/geographia/rev_05/manuel5.pdf. Acessado em �0/09/�007
HISTÓRIA DO BRASIL I 31
UNIMES VIRTUAL
O Brasil, ao contrário das colônias da América do Norte, é 
uma região quente, potencialmente propícia ao cultivo de 
produtos tipicamente tropicais, com grande potencial para a 
exportação e para o lucro naquela época. Todavia, a lucratividade depen-
dia da escala, isto é, como as despesas eram muitas — escravos princi-
palmente — era preciso cultivar grandes extensões de terra. Muitos pro-
dutores pensavam em enriquecer e retornar à terra natal, caracterizando o 
caráter aventureiro do empreendimento. 
O grande problema enfrentado por esse tipo de colonização foi a escassez 
de mão- de-obra.. Problema que, como sabemos, foi resolvido com a insti-
tuição da escravidão. Num primeiro momento, optou-se pela escravização 
dos indígenas, o que provocou protestos e crises entre os colonizadores e 
a Igreja. Posteriormente, optou-se pela escravidão africana, que havia se 
tornado um comércio muito lucrativo, além de uma solução para o proble-
ma da falta de braços para o trabalho. 
Esse tipo de colonização gerava um enriquecimento rápido para os explo-
radores, mas um crescimento demográfico lento para a colônia. E, pior 
do que isso, esse tipo de exploração não provocava nos colonizadores um 
sentimento de enraizamento. 
 
Algumas comparações podem ser feitas entre as coloniza-
ções de exploração e a de povoamento. Em primeiro lugar, 
nas colônias de exploração a preocupação principal era o 
enriquecimento rápido e o retorno à metrópole; nas colônias de povoa-
mento da América do Norte, ao contrário, o objetivo dos colonos era fixar 
residência e construir uma nova pátria. Em segundo lugar, nas colônias 
de exploração as pessoas tinham de ser convencidas a participarem da 
aventura do enriquecimento; enquanto as colônias de povoamento eram 
refúgios para vítimas de perseguições políticas e religiosas. 
Outra diferença era no tipo de propriedade: nas colônias de povoamento 
do norte, os fazendeiros preocupavam-se em cultivar gêneros alimentícios 
a fim de garantir a sobrevivência e fomentar o comércio local. Nas colô-
nias de exploração do sul, a preocupação dos latifundiários era produzir, 
em larga escala, um produto para exportação — como é exemplo a cana-
de-açúcar no Brasil. 
 
As diferenças entre os dois tipos de colonização explicam, 
em grande parte, segundo alguns analistas, as diferenças 
entre os países que se formaram mais tarde, como os Esta-
dos Unidos e o Brasil.
HISTÓRIA DO BRASIL I38
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Aula: 09
Temática: A questão indígena
Nesta aula estudaremos os indígenas brasileiros, habitantes 
do território americano antes da chegada dos portugueses. 
Estudaremos seu modo de vida, suas relações com a natu-
reza e as relações estabelecidas com o colonizador português.
Antes da chegada dos portugueses, o Brasil possuía grande variedade de 
nações indígenas com crenças, técnicas, costumes e línguas diferentes. 
Todavia, apesar das diferenças, havia aspectos em comum entre as dife-
rentes culturas. Muito provavelmente, a derrubada de tantas árvores de 
pau-brasil era uma atividade estranha para os indígenas que não estavam 
habituados ao comércio ou indústria em larga escala. Os índios viviam 
uma relação muito próxima com a floresta. Sobreviviam da caça, pesca 
e coleta de frutos, embora muitas tribos praticassem uma agricultura de 
subsistência. 
A atividade agrícola dos índios era acompanhada das queimadas, prática 
extremamente prejudicial para o equilíbrio ecológico que sobreviveu em 
muitas comunidades, especialmente no interior do Brasil, como uma he-
rança da cultura indígena. As queimadas praticadas pelos índios, no entan-
to, não eram suficientes para provocar um desequilíbrio ecológico, pois as 
comunidades indígenas primitivas eram pequenas. Uma aldeia costumava 
ter, em média e no máximo, 200 habitantes.
Grande parte das aldeias indígenas obedecia à lógica circular: as constru-
ções colocadas uma ao lado da outra, em círculo ou semicírculo, formando 
um espaço comunitário interno, isolado da floresta pelas casas. As edifica-
ções indígenas eram feitas, em geral, de sapé e cobertas com palmeiras, 
com técnicas construtivas muito apuradas. Não raramente, as habitações 
eram coletivas ou reservadas às famílias extensas. 
O trabalho entre os índios era dividido por sexo e idade. As mulheres cui-
davam do preparo dos alimentos, do fabrico de potes de barro e cestos 
e da agricultura. Aos homens cabia a caça, a coleta e a limpeza do terre-
no para a agricultura. Essa divisão não era rígida se considerarmos todas 
as tribos. Muitas vezes, as mulheres participavam da coleta, assim como 
as crianças, cuja educação era responsabilidade de todos os adultos. As 
crianças pequenas costumavam ficar com as mulheres, assim como as 
meninas, mas os meninos maiores acompanhavam os homens adultos. 
HISTÓRIA DO BRASIL I 39
UNIMES VIRTUAL
Alguns produtos usados pelos índios permaneceram na nossa culinária: 
mandioca, milho, batata doce, amendoim, tabaco, abóbora, urucum, al-godão, pimenta, abacaxi, mamão e guaraná. Aos homens cabia fazer a 
guerra, pescar, caçar, construir as canoas e as ocas e a limpeza das matas 
para a lavoura.
A chegada dos portugueses provocou profundas mudanças nas socieda-
des indígenas. Com algumas tribos o encontro foi pacífico. Com essas 
tribos, os portugueses procuraram estabelecer o escambo, isto é, a troca 
de objetos por mão-de-obra ou até mesmo por comida. Primeiro, os por-
tugueses utilizaram os serviços dos índios para a construção de casas e 
fortificações além da derrubada da mata para a lavoura. O trabalho indíge-
na era utilizado também, especialmente, na extração do pau-brasil. Com o 
tempo, os portugueses foram formando alianças, aproveitando as rivalida-
des entre as tribos e usando os índios nas lutas contra as tribos hostis. 
Um dos maiores aliados dos portugueses na guerra contra as tribos inimi-
gas foi a tribo dos tupiniquins —habilidosos caçadores e pescadores.. Um 
dos maiores inimigos foram os tupinambás — habilidosos agricultores. Os 
tupiniquins e os tupinambás eram inimigos entre si. John Manuel Mon-
teiro comentou as observações de Gabriel Soares de Souza, um português 
que esteve no Brasil no final do século XVI :
Referindo-se ao relacionamento entre grupos tipinam-
bá e tupiniquim do Brasil meridional, Gabriel Soares 
de Souza comenta: E ainda que são contrários os tu-
piniquins dos tupinambás, não há entre eles na língua 
e costumes mais diferença da que têm os moradores 
de Lisboa dos da Beira.�
As observações de Souza não revelam as semelhanças entre as duas tri-
bos indígenas, mas a incapacidade dos invasores de perceber as diferen-
ças entre eles. 
 
Podemos observar a oposição entre a vida do indígena e 
a do colonizador, suas prioridades e a dependência do ha-
bitante nativo nos primeiros tempos da colonização. Outro 
fato a ser observado é a organização dos índios em relação às suas tarefas 
e à maneira como este via o meio natural em que estava inserido. O por-
tuguês não se preocupou em conhecer a sociedade indígena, limitou-se a 
explorar seus conhecimentos e mão-de-obra para atingir seus objetivos. 
� MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra – índios e bandeirantes nas origens de São 
Paulo. Companhia das Letras, p. �9.
HISTÓRIA DO BRASIL I32
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Resumo - Unidade I
Na primeira unidade estudamos a economia, a sociedade e 
as instituições da América Portuguesa. Nesse período, tam-
bém chamado de período colonial brasileiro, destacamos a 
produção açucareira e o descobrimento de metais e pedras preciosas. 
Com relação à indústria açucareira, destacamos a existência de grandes 
propriedades monocultoras e que utilizavam mão de obra escrava. Tais 
propriedades eram denominadas engenhos, onde o senhor de engenho de-
tinha o poder econômico e político. A sociedade era praticamente imóvel 
com suas classes bem definidas: senhores; comerciantes, padres e arte-
sãos — formando uma classe intermediária e os escravos.
Com a descoberta de ouro nas Minas Gerais algumas mudanças puderam 
ser sentidas. Foi um período de rápida prosperidade para esta região. A 
exploração do ouro proporcionou uma certa mobilidade social. O esplendor 
da cultura mineira deste momento deve ser destacado, chamando a aten-
ção para as obras barrocas de Aleijadinho e Ataíde.
O Brasil era uma colônia de exploração, para onde os aventureiros vinham 
à procura de ganhos fáceis e retornavam para suas pátrias. Diferente das 
colônias de povoamento da América do Norte, onde sua população fugia 
de disputas políticas e religiosas que estavam ocorrendo na Europa, além 
de procurar locais de clima temperado onde pudessem produzir para sua 
subsistência.
 
Referências Bibliográficas
ANTONIL, João André. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: Nacio-
nal, 1967.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: as origens da Família Patriar-
cal Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.
HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 
1979.
JUNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: 
Publifolha, 2000.
HISTÓRIA DO BRASIL I 33
UNIMES VIRTUAL
LAPA, José Roberto do Amaral. Economia colonial. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1973.
NOVAIS, Fernando A. Colonização e sistema colonial: discussão de 
conceitos e perspectiva histórica. Comunicação apresentada na Quarta 
sessão de estudos do dia 5 de setembro de 1957.
SOUZA, Laura de Melo. Opulência e miséria das minas gerais. São Pau-
lo: Brasiliense, 1994.
HISTÓRIA DO BRASIL I40
UNIMES VIRTUAL
Aula: 10
Temática: A escravização do indígena
Na aula de hoje falaremos sobre a escravidão indígena nos 
primeiros tempos da colonização: o que levou os coloniza-
dores a optarem pela escravidão do nativo? Quais as conse-
qüências para o português e para o índio? Como se dava o aprisionamento 
dos índios? Quem era contrário à escravidão? Essas questões serão res-
pondidas ao longo do nosso texto.
No início, o sistema de escambo funcionava muito bem, mas aos poucos 
foi entrando em falência. Os colonos portugueses passaram a disputar a 
mão-de-obra indígena com os extratores de pau-brasil que lhes ofereciam 
mercadorias melhores. E, como os índios tinham a liberdade de escolher 
para quem queriam trabalhar, optavam sempre por quem lhes oferecesse 
melhores mercadorias, ou seja, os extratores de pau-brasil.
 
Em conseqüência dessa disputa o escambo encareceu e a escravidão des-
pontou como solução. 
A escravização dos indígenas começou a ocorrer por volta de 1540. Esse 
sistema de trabalho forçado não era totalmente desconhecido dos índios. 
Eles conheciam a escravidão dos prisioneiros de guerra. Todavia, a escra-
vidão imposta pelos portugueses era bastante diferente. 
Para o português o índio deveria trabalhar exaustivamente, atendendo to-
das as suas necessidades e isso se tornava um problema, uma vez que 
para os nativos o trabalho visava apenas a sua subsistência e não ao 
acúmulo de riquezas. O índio também não estava acostumado ao rigor 
do trabalho agrícola. Assim, muitos entristeciam e morriam e ainda eram 
taxados de indolentes pelos colonizadores. Os europeus desenvolveram a 
idéia de que os nativos eram, além de preguiçosos, desinteressados pelo 
trabalho e preocupados apenas com festas e diversão..
Apesar do grande número de baixas entre os indígenas, os portugueses 
não se importavam em adquirir novos escravos quando os anteriores mor-
riam. O número de índios era elevado e os portugueses acreditavam que 
poderiam formar um grande mercado de escravos por meio das guerras 
de apresamento. 
HISTÓRIA DO BRASIL I 41
UNIMES VIRTUAL
Desse modo, os portugueses passaram a intensificar as guerras com os 
tupinambás para conseguirem mais mão-de-obra escrava já que a legisla-
ção colonial permitia a posse de escravos índios se estes fossem captura-
dos em guerras. Essa lei foi uma medida paliativa adotada pelo governador 
geral Tomé de Souza: uma saída política que tentava conciliar o interesse 
dos jesuítas e dos colonos. Os jesuítas eram contrários a escravização 
dos indígenas, pois achavam que eles deveriam ser convertidos aos cris-
tianismo. Uma vez cristãos, não poderiam ser submetidos à escravidão. 
Os colonos, evidentemente, eram a favor da escravidão. Assim, a saída 
encontrada pelo governador foi decretar que apenas os índios hostis po-
deriam ser escravizados, ou seja, aqueles que estavam envolvidos nas 
guerras incitadas pelos portugueses.
 
Nos últimos anos, a historiografia relativa à escravi-
dão indígena revelou uma realidade surpreendente. 
Contrariando assertivas consagradas, vários estu-
dos mostraram que as populações nativas do Novo 
Mundo português foram, nos séculos iniciais da co-
lonização, sistematicamente exploradas em fazendas 
destinadas à agricultura de exportação. Nas áreas 
economicamente periféricas,o escravismo com base 
no gentio da terra estendeu raízes profundas, sobre-
vivendo até a segunda metade do século XVIII. No 
dia-a-dia das plantações, no cotidiano da vida familiar 
e até mesmo nos momentos de revolta, os cativos 
ameríndios compartilhavam seus anseios e expecta-
tivas tecendo laços de solidariedade no universo das 
senzalas.1
Em Minas Gerais colonial, a escravidão baseada na 
exploração do braço nativo foi implantada pelos ban-
deirantes. Já francamente decadente em São Paulo 
seiscentista, a instituição sobreviveu até a segunda 
década de ocupação da região do ouro para em segui-
da praticamente desaparecer das vilas, arrais e lavras 
mineiras.
1 VENÂNCIO. Renato Pinto. Os Últimos Carijós: Escravidão Indígena em Minas Gerais: 
1711-1725. Revista brasileira de História. vol.17 n.34 São Paulo 1997.
HISTÓRIA DO BRASIL I42
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Aula: 11
Temática: Os Jesuítas
Nesta aula estudaremos os jesuítas, seus objetivos e quais 
foram suas atividades no Brasil. Será dado destaque à relação 
com os índios e à contribuição para a educação na colônia.
A Companhia de Jesus foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola e tinha 
como objetivo deter o avanço do protestantismo e espalhar pelo mundo os 
princípios doutrinários e de obediência da Igreja católica. Mas, no Brasil, 
seu papel acabou sendo um pouco diferente destes objetivos.
A Companhia de Jesus instalou-se no Brasil em 1549, sob o comando de 
Manuel da Nóbrega e, nessa primeira fase, tinha como principal objetivo a 
conquista dos índios e colonos convertendo-os ao catolicismo. 
Para atingir seus objetivos foram criadas missões, que eram aldeamentos 
onde os jesuítas podiam controlar os índios ensinando-lhes a língua por-
tuguesa, catequizando-os na fé cristã. Alguns pesquisadores chamam a 
atenção para o fato de que os jesuítas utilizavam a mão-de-obra dos índios 
nesses aldeamentos. 
Em alguns aldeamentos o trabalho do indígena era recolher as “drogas 
do sertão”, ou seja, extrair da natureza produtos como o guaraná, cravo, 
pimenta, castanha, baunilha, plantas aromáticas e medicinais, que gera-
vam grandes lucros para a Companhia. Assim, alguns jesuítas acabavam 
utilizando os índios como escravos,. 
A posição dos jesuítas sobre a escravidão nem sempre foi única. Havia 
contradições entre os membros da Companhia. Alguns, por exemplo, con-
cordavam com o Padre Antonio Vieira (1608-1697) que era contra a escra-
vização ilegal do índio, mas aceitavam a escravização dentro da lei.
Alguns jesuítas eram contrários ao aprisionamento dos índios, mas a favor 
da escravidão negra. Suas justificativas para explicar a ineficiência do ín-
dio como escravo vinham das palavras do Padre Antonio Vieira. 
O Padre jesuíta Antonio Vieira, que com tanto afinco 
se empenhou na proteção aos índios, não encontrou 
razões idênticas para a salvaguarda dos negros. Como 
frei Bartolomé de Las Casas, viu na escravização de-
les um meio indispensável ao objetivo de desviar os 
colonos do assédio aos indígenas. 
HISTÓRIA DO BRASIL I 43
UNIMES VIRTUAL
Pregando aos negros num engenho da Bahia, Vieira 
lhes deu a mais alta qualificação humana admissível 
a um cristão quando equiparou o sofrimento deles 
aos de Jesus Cristo. Logo em seguida, porém, dis-
se-lhes que a migração forçada da África ao Brasil 
decorria de um desígnio da Providência Divina, que, 
dessa maneira, os conduzia ao caminho da salvação 
de suas almas.1
Em geral, os jesuítas, assim como os colonos, achavam que os índios 
eram menos capazes para o trabalho, tinham pouca resistência às doen-
ças, fugiam com mais facilidade e literalmente morriam de saudade de sua 
vida anterior. Dessa maneira, estava justificado porque deviam procurar 
outras formas de mão-de-obra para serem empregadas no Brasil, deixan-
do o índio apenas para realizar pequenos trabalhos para eles.
A catequização do índio foi uma das tarefas a qual se dedicou a Compa-
nhia de Jesus aqui no Brasil. Mas, assim como no restante da Europa, os 
jesuítas se aplicaram na fundação de colégios que, no Brasil do século XVI 
e XVII, atendiam aos filhos dos colonos. Com o tempo, essa missão educa-
dora sobrepujou a missão evangelizadora em relação aos índios. 
A Companhia de Jesus passa a ter como tarefa a 
educação da juventude, pois, para eles, os adultos 
já tinham as almas perturbadas, enquanto os jovens 
poderiam converter-se ao cristianismo. Foi assim que 
se espalharam pelo mundo, colocando-se a serviço 
da educação, formando escolas e trazendo para o in-
terior da Igreja Católica novas vocações e sacerdotes 
das colônias européias de influência católica.�
Os jesuítas estavam preparando multiplicadores da fé que 
poderiam retornar à suas localidades e disseminar as idéias 
aprendidas no colégio convertendo aqueles que não tinham 
conhecimento sobre o cristianismo. As casas e colégios eram sustentados 
através de esmolas, doações e pagamentos feitos pelo rei. 
1 GORENDER. Jacob. Brasil em preto e branco: o passado escravista que não passou. 
São Paulo: Senac, �000, p.�9, 30
� BONATO, Sérgio Luiz. Educação e modernidade: o pensamento educacional dos 
Jesuítas,John Lock e JeaJacques Rousseau na era das Ciências e da Filosofia Moderna. 
Disponível em: http://www.geocities.com/Athens/Ithaca/9565/tese/tese.html. Acessado 
em �4/09/�007 
HISTÓRIA DO BRASIL I44
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Aula: 12
Temática: A escravidão negra 
Nesta aula, abordaremos as condições de vida dos escravos 
africanos que vinham para o Brasil. Nosso objetivo é deline-
ar um panorama geral da escravidão africana na colônia.
Os escravos eram trazidos da África nos porões dos navios negreiros em 
um ambiente escuro e quente, com água suja e alimentação insuficiente. 
Antes disso, eles eram capturados e vendidos nos entrepostos da costa 
da África. Nas travessias pelo Atlântico, cerca de 20 a 40% dos negros 
colocados nos porões morriam. Além das condições mencionadas acima, 
contribuíam para essas mortes, as doenças e a surperlotação dos porões 
— sabendo que uma parte de sua “carga” iria perecer, os comerciantes, 
fim de manter a viabilidade econômica da empreitada, lotavam os porões 
com a “mercadoria” viva. A partir de uma determinada época, os governos 
passaram a fiscalizar os navios; então, quando um deles era abordado pela 
fiscalização, jogavam o “excesso de carga” no mar. Portanto, pode-se ima-
ginar a condição dos negros: os sobreviventes que chegavam ao Brasil 
já haviam passado por grandes e torturantes situações desde a saída da 
terra natal. 
Vencida a viagem, chegando ao Brasil, eles eram vendidos nos mercados 
de escravos, até o século XVIII, em sua maioria para trabalhar nos enge-
nhos de cana-de-açúcar do Nordeste. Os negros escravizados eram usados 
como mão-de-obra também nas plantações de algodão ou qualquer outra, 
nas pequenas ou nas grandes propriedades, nas atividades extrativistas e 
agropecuárias, no trabalho doméstico e na prestação de serviços, durante 
todo o período colonial. Como se dizia nessa época e foi repetido por An-
tonil: os escravos eram as mãos e os pés do colônia. Alguns estudiosos 
acreditam que os escravos ajudaram na construção e ornamentação das 
igrejas barrocas mineiras no período áureo da mineração, adquirindo, por-
tanto, habilidades de artistas ou artesãos. 
Quando pensamos nos negros que vieram para o Brasil, não devemos ima-
ginar uma população homogênea. Eles eram provenientes de diversas regi-
ões da África e de etnias distintas possuindo língua, tradições e costumes 
diferentes.
 
HISTÓRIA DO BRASIL I 45
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Entre os grupos trazidos para o Brasil, destacaram-se os ban-
tos que vieram de Angola e Moçambique e foram levados para 
o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco; e os sudaneses 
provenientes de Daomé, Nigéria e Guiné, que foram levados para a Bahia. 
Os negros influenciarammuito a formação cultural brasileira. Podemos en-
contrar características da cultura africana na nossa alimentação — a fei-
joada, a cocada, o quindim, o vatapá, o acarajé e o caruru — ou em nossa 
língua — batuque, banana, fubá, moleque, cachimbo, chuchu, cachaça 
etc. Na religião também houve grande influência africana e podemos citar 
o candomblé e a umbanda. 
A condição dos escravos era a de mercadoria. As condições de vida eram 
as piores possíveis. Habitavam as senzalas locais, quase nenhuma venti-
lação ou iluminação, chão de terra e nenhum móvel. . A saúde dos negros 
era rapidamente degradada, tanto pelas condições em que viviam como 
pelo excesso de trabalho. Sofriam também com a má alimentação, a ine-
xistência de condições de higiene e os constantes castigos.
A escravidão negra no Brasil foi a base das relações 
de trabalho durante os períodos colonial e imperial. O 
tráfico que alimentou o desenvolvimento da escravi-
dão dos africanos, contudo, não lucrou com o comér-
cio de crianças negras. Entre as poucas crianças que 
embarcavam na costa africana, menor era a quantida-
de das que sobreviviam à travessia do Atlântico até 
o Brasil. Trinta e cinco dias durava uma viagem de 
Angola até
Pernambuco, quarenta até a Bahia e cinqüenta até o 
Rio de Janeiro. [...]
A condição primordial do ser escravo é de ser proprie-
dade de alguém. Segundo Gorender (1980, p. 62), a 
escravidão assume sua forma completa quando de-
correm dois derivados desta condição primordial: a 
perpetuidade e a hereditariedade. Dito de outra forma, 
o escravo morre escravo e seus filhos serão também 
escravos. Na sua condição de propriedade, o escravo 
torna-se coisa, objeto. O Eclesiastes comparou o es-
cravo a um asno e Aristóteles escreveu que o boi ser-
ve de escravo aos pobres; a Lei Aquiliana, em Roma, 
equiparava o crime de morte de um escravo alheio 
ao de um quadrúpede, para efeitos de indenização 
do proprietário lesado; as ordenações portuguesas 
– Manuelinas e Filipinas — sintetizam em um mesmo 
texto o direito de enjeitar escravos e bestas por do-
enças ou manqueira, quando dolosamente vendidos 
(Gorender, 1980, p. 64)1
1 LIMA, Antonio J. T.. Infância, resiliência e escravidão negra no contexto brasileiro. Dis-
ponível em: http://www.fsba.edu.br/dialogospossiveis/artigos/5/13.pdf. Acessado em 
14/09/07
HISTÓRIA DO BRASIL I46
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Aula: 13
Temática: Interesses pela escravidão
Nesta aula, abordaremos os interesses envolvidos na es-
cravidão africana no Brasil. Quem lucrava com o comércio? 
Como se dava este comércio?
O problema da necessidade de braços para o trabalho na grande lavoura 
açucareira foi resolvido, levando-se em conta as experiências da época. A 
utilização de mão-de-obra africana em regime de escravidão já era conhe-
cida e utilizada em várias regiões da Europa. Portugal possuía colônias na 
África e já traficava escravos para o reino desde 1443, sendo o primeiro 
país europeu a importá-los. Entretanto, essa fase primitiva da escravidão 
africana moderna, em termos numéricos, não pode ser comparada à fase 
posterior, em que os negros foram levados para as Américas. Somente 
para o Brasil calcula-se que, aproximadamente, três milhões de escravos 
tenham sido trazidos. 
O comércio de escravos era altamente lucrativo. Além dos portugueses, 
participavam desse comércio os espanhóis, holandeses e ingleses. 
A região do Congo-Angola constituiu-se como a prin-
cipal rota fornecedora de escravos para o Rio de Ja-
neiro durante o século XVIII. No entanto, o historiador 
Charles Boxer afirmou que, pelo menos desde a se-
gunda metade do século XVI, aquela área já se des-
tacava como principal fornecedora de escravos para 
Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. As relações es-
tabelecidas pelos portugueses com o reino banto do 
Congo data de 1482, quando se tentou uma estratégia 
de domínio desse território africano, por meio da cris-
tianização. Frustrada, tal iniciativa logo se converteu 
na exploração do comércio de escravos. A legislação 
portuguesa baseada no “resgate” de escravos, fonte 
de ganhos fiscais efetivos para a Coroa, estimulava 
esse tipo de negócio com o reino banto do Congo, 
promovendo incursões pelos territórios denominados, 
posteriormente, de Angola.
Inicialmente, os escravos eram embarcados pelo por-
to de Mpinda (Cabinda), mas a quantidade cada vez 
maior de negros abriria caminho para as saídas clan-
destinas de outros portos da costa ocidental africa-
na. Na tentativa de organizar esse comércio, a Coroa 
firmou contratos com os traficantes, geralmente por 
HISTÓRIA DO BRASIL I 47
UNIMES VIRTUAL
um período de seis anos, concedendo-lhes o direito 
de efetuar o “resgate” nos reinos do Congo, Angola, 
Loango e Benguela. O “direito de resgate” concedido 
ao infante D. Henrique em 1448 sobre os negros da 
Guiné, foi retomado no alvará de 7 de abril de 1753, 
no qual D. José I enviara ao Conselho Ultramarino a 
legitimação desse tributo por cada escravo vindo da-
quelas regiões.1
Os portugueses criaram entrepostos na costa africana a fim de adquirir os 
escravos por meio da captura ou da negociação com chefes e mercadores 
locais que se encarregavam da captura e transporte dos negros até os 
entrepostos de onde, depois de realizada a transação, eram embarcados 
nos navios para a América. 
No Brasil, o escravo era considerado uma mercadoria. Era um objeto de 
transações e poderia ser vendido, alugado ou penhorado. Uma empresa 
chegava a investir cerca de 20% de seu capital na aquisição de escravos. 
Estes poderiam ser facilmente substituídos. O único problema é que o in-
vestimento seria perdido, mas os preços, no início, não eram tão caros.
 
Nas colônias da América do Sul não houve a preocupação 
com a reprodução dos escravos como na América do Norte, 
onde os fazendeiros se preocupavam em aumentar o núme-
ro de escravos sem precisar adquiri-los. No Brasil, como o monopólio do 
tráfico era português e os lucros acabariam convertidos para a metrópole, 
não havia sentido estimular esta prática.
No Brasil, o escravo era comercializado também internamente, de uma 
região para a outra. Esse comércio, especialmente, no sentido Nordeste-
Sudeste, aumentou, na segunda metade do século XIX, com o crescimen-
to das plantações de café e com a proibição do tráfico, decretada pela 
Inglaterra e adotada pelo império brasileiro. 
Esse aumento gerou transformações importantes para a disseminação de 
uma cultura nacional através do negro que convivia com as famílias nor-
destinas e passou a conviver com as famílias do sudeste, das áreas de 
cultivo do café, conforme salientou Gilberto Freyre e tem sido estudado 
em várias cidades da região: 
Neste artigo pretendemos analisar alguns aspectos 
do processo de transferências ou migrações forçadas 
da população escrava em direção às regiões cafeei-
1 SANTOS, Nívia P. Cirne. O arquivo nacional e a história luso-brasileira. Disponível em : 
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=
37&sid=6&tpl=printerview. Acessado em 24/09/07.
HISTÓRIA DO BRASIL I48
UNIMES VIRTUAL
ras, intensificadas na segunda metade do século XIX, 
em decorrência da supressão do tráfico africano. O 
estudo realizado debruçou-se sobre a região da Zona 
da Mata de Minas Gerais, particularmente sobre o 
seu município mais importante: Juiz de Fora, principal 
produtor de café e maior concentrador de população 
escrava no âmbito provincial durante o período abor-
dado. O mencionado comércio da mercadoria escrava 
apresentava-se com diversas faces, não apenas sob 
as formas de compra e venda, troca, venda condicio-
nal, penhor, hipoteca, doação ou aluguel, mas, funda-
mentalmente, envolvendo uma intrincada rede de pro-
prietários e de escravos oriundos das mais variadas 
partes do território: do próprio município de Juiz de 
Fora,da Zona da Mata, de outras regiões da província 
ou mesmo de fora dela.2
 
2 MACHADO, Cláudio H. Tráfico interno de escravos na região de Juiz de Fora, na segunda 
metade do século XIX. Disponível em: http://www.unb.br/face/eco/bmueller/trafico_in-
terno.pdf. Acessado em 24/09/07
HISTÓRIA DO BRASIL I 49
UNIMES VIRTUAL
Aula: 14
Temática: Resistência negra
Estudaremos as comunidades criadas pelos negros que fu-
giam das fazendas. Tais comunidades eram chamadas de 
Quilombos. A maior parte dos habitantes dos quilombos era 
de escravos fugidos, mas muitos escravos libertos também procuravam 
estas localidades para viver. 
O vocábulo quilombo durante muito tempo foi tido 
como forma brasileira de um termo angolano, kilom-
bu (em quimbundo, o principal Idioma de Angola, quer 
dizer, ‘acampamento’, ‘aldeia’, ‘arraial’). No entanto, 
os modernos estudos brasileiros sobre o assunto têm 
demonstrado que o quilombo angolano desempe-
nhava um papel totalmente contrário ao do quilombo 
brasileiro. [...] o quilombo angolano apresentava-se 
como um instrumento de tráfico negreiro na África, 
ao contrário do brasileiro que foi sempre um pólo de 
resistência à escravidão.�
Nesta aula, citaremos apenas dois quilombos, mas não podemos esquecer 
que existiram inúmeros espalhados por todas as províncias da colônia. 
Segundo Lana Lage da Gama Lima:
Mas a perseguição e punições violentas não foram, 
de modo algum, suficientes para impedir as fugas, 
e os quilombos se multiplicavam por todas as pro-
víncias. Os negros fugidos procuraram, em geral, sí-
tios de difícil acesso para se esconderem, tais como 
matas ou morros, embora não se afastassem demais 
das povoações... �
O quilombo dos Palmares estava situado no atual estado de Alagoas. O 
nome do quilombo deveu-se a sua localização numa região onde era pos-
sível observar inúmeras palmeiras. O grande líder dos revoltosos de Pal-
mares foi Zumbi que lutou bravamente contra as tentativas de destruição 
do quilombo, assim como haviam feito seus antecessores. 
O quilombo dos Palmares resistiu por cerca de 65 anos. No ano de �687, 
o governo colonial contratou o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho 
� AZEVEDO, Antonio Carlos do A. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. Rio 
de Janeiro: Nova Fronteira, �990, p. 3�9.
� LIMA, Lana Lage da Gama. Rebeldia negra e abolicionismo. Rio de Janeiro, Achiamé, 
�98�, p. �9.
HISTÓRIA DO BRASIL I50
UNIMES VIRTUAL
para organizar uma tropa e destruir Palmares. Este partiu no ano de �69� 
sendo derrotado e obrigado a fugir. Ao final, Palmares foi totalmente des-
truída e sua população brutalmente massacrada. Seu líder, Zumbi, fugiu, 
mas foi capturado e morto dois anos depois.
 
Outro quilombo que apresentou grande resistência foi o Qui-
lombo do Campo Grande, localizado em Minas Gerais no pe-
ríodo entre �7�0 e �760. Seu líder era conhecido como rei 
Ambrósio. Neste quilombo havia escravos fugidos, negros livres e mulatos.
Assim como o quilombo dos Palmares, o governo colonial tratou de destruí-
lo, mas não foi fácil. Ele foi atacado por três vezes nos anos de �74�, �743 
e �746, e, sob a liderança de rei Ambrosio, resistiu bravamente. Prevendo 
a dificuldade da destruição, o governo colonial contratou o bandeirante 
Bartolomeu Bueno do Prado para realizar a missão. Mesmo assim, foram 
três anos de lutas. Após a destruição do quilombo do Campo Grande, os 
vitoriosos apoderaram-se das terras cultivadas e das lavras de ouro em 
produção.
 
Os quilombos apresentavam diferenças entre si, uns dedican-
do-se à agricultura, outros ao extrativismo ou à mineração ou 
ainda ao pastoreio. E havia aqueles que viviam da pilhagem e 
do roubo. Os seus arraiais, fechados e fortificados, circundados por cercas 
e paliçadas, eram difíceis de serem penetrados por estranhos. Economica-
mente, os quilombolas plantavam quase tudo que fosse necessário para sua 
subsistência. Todas as terras era propriedade do quilombo, distribuídas às 
famílias de acordo com o número de componentes de cada uma.3
3 AZEVEDO, Antonio Carlos do A. Op.cit. p.3�9
HISTÓRIA DO BRASIL I 51
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Aula: 15
Temática: O engenho e a escravidão
Nesta aula, estudaremos as estreitas relações entre o en-
genho e a escravidão, com base na organização do trabalho 
no interior do engenho. Qual o papel que o escravo repre-
sentava dentro do engenho? Existiam outros trabalhadores que não eram 
escravos? Estas e outras questões relacionadas à vida do engenho serão 
respondidas nesta aula. 
Como vimos, produção colonial de cana-de-açúcar estava organizada em 
grandes propriedades monocultoras e se sustentava graças ao trabalho 
dos escravos.que 
viviam sob um rígido regime de disciplina. As fugas aconteciam, mas a 
repressão a elas era violenta. Os quilombos são bons exemplos das tenta-
tivas de busca da liberdade, que podiam custar até a vida. 
No interior de um típico engenho produtor de açúcar, a mão-de-obra escra-
va era numerosa e se dividia em equipes sob o comando do feitor mor. Os 
escravos realizavam as várias tarefas envolvidas na produção do melado 
de cana que era vendido para a transformação em açúcar, desde as ativi-
dades agrícolas, passando pelo beneficiamento e transporte. 
Mesmo assim, o trabalho do escravo era considerado de baixa qualifi-
cação, já que trabalhos especializados ficavam a cargo de trabalhadores 
pagos para realizar determinadas tarefas. Isso ocorria, principalmente, na 
fase do fabrico do açúcar onde era importante ter o ponto certo do melado, 
a fim de que o produto tivesse qualidade para a exportação. 
Os maiores engenhos poderiam ultrapassar facilmente o número de 150 
escravos. Eles se encontravam na base da sociedade colonial e eram pro-
priedades dos senhores de engenhos. A distinção entre o trabalhador livre 
e o escravo era jurídica. 
Não eram apenas os escravos que trabalhavam no interior dos engenhos. 
Os feitores, por exemplo, encarregados do controle dos escravos rece-
biam para isso e, também, deveriam ser homens de confiança do senhor 
de engenho. Muitas vezes, esses mesmos feitores caçavam os escravos 
fugidos, juntamente com a polícia local ou comandando bandos armados. 
Havia também, como já foi citado, as pessoas encarregadas da produção 
HISTÓRIA DO BRASIL I52
UNIMES VIRTUAL
efetiva do açúcar, aqueles que detinham a arte do fabrico do produto e que, 
também, eram remunerados por seus trabalhos.
Sendo o engenho quase auto-suficiente existiam em seu interior alguns 
artesãos, carpinteiros e ferreiros, encarregados da manutenção dos equi-
pamentos do engenho. Eram trabalhadores livres que prestavam serviços 
ao senhor de engenho. 
Todos estes trabalhadores remunerados e livres trabalhavam e viviam no 
interior do engenho. Este é um dos motivos pelo qual podemos afirmar que 
o senhor de engenho detinha não apenas o poder econômico, mas também 
o social e político, ou seja, para viver no Brasil Colônia nos tempos dos 
engenhos de açúcar as pessoas deveriam estar ligadas a um determinado 
senhor de engenho. E, desse modo, também podemos entender por que o 
engenho era uma unidade econômica, social e política sob o comando do 
senhor de engenho, pois este era o detentor do poder econômico. O enge-
nho era o centro da vida da colônia, relegando as cidades como pequenos 
aglomerados onde sobreviviam alguns comerciantes, artesãos e os repre-
sentantes da coroa portuguesa, a um segundo plano
 
Em outras palavras, o engenho era praticamente auto-sufi-
ciente em relação ao que produzia, podendo manter todos 
os funcionários e escravos. Era um centro de poder regional, 
já que quanto mais poderoso, mais influência possuía sobre a região, e 
que, realmente, as fontes de riqueza dos senhores de engenho eram os 
escravos.
 
HISTÓRIA DO BRASIL I 53
UNIMES VIRTUAL
Aula: 16
Temática:Os homens livres da colônia
Nesta aula abordaremos a questão do trabalho livre na co-
lônia. Somente os senhores de engenho eram possuidores 
de terras ou existiam outros proprietários no Brasil, neste 
período? Qual o papel que estas pessoas representavam na sociedade 
açucareira e quais suas relações com a indústria do açúcar?
Para responder nossos questionamentos, devemos observar que a colônia 
não estava dividida apenas entre senhores de engenho e escravos. Exis-
tiam pessoas livres que eram essenciais para o bom funcionamento do 
sistema e das grandes propriedades rurais açucareiras.
Existiam, por exemplo, os lavradores de cana. Eles não eram assalaria-
dos que vendiam sua força de trabalho, pelo contrário, eram pequenos 
proprietários de terras que não tinham condições de implantar em suas 
propriedades engenhos para a produção de açúcar.. Desse modo, eram 
dependentes de uma grande propriedade, onde existia o moinho para moer 
a sua produção de cana. 
Havia também um conjunto heterogêneo de proprietários de médio porte, 
pequenos comerciantes, até roceiros e artesãos. Estes últimos, muitas 
vezes, dividiam-se entre as terras e seu ofício. Eles não eram exclusi-
vamente lavradores, eram também mercadores e membros oficiais da 
milícia. Muitos chegaram a trabalhar nos engenhos como purgadores 
(ofício especializado não realizado por escravos). Alguns procuravam nos 
cargos públicos uma forma de proteção contra os abusos dos senhores 
de engenho. Ser lavrador no Brasil colonial, nos tempos dos engenhos 
de açúcar, não era um negócio rendoso e, muitas vezes, chegava a ser 
instável. Por isso, a maioria dos lavradores procurava outras formas de 
renda. A harmonia entre eles e os senhores de engenho não era verdadei-
ra, havia sempre uma tensão no ar. Mesmo dependendo das lavouras de 
cana-de-açúcar dos lavradores, os senhores de engenho não permitiam 
que seus ganhos pudessem ser ameaçados e do outro lado estavam os 
lavradores que, mesmo tendo pequenos lucros, não abriam mão do pouco 
que possuíam.
Até o século XVIII, os pequenos proprietários limitavam-se 
a poucos colonos brancos. Porém, no século XIX, em Per-
nambuco, já havia proprietários mulatos. Ambos, brancos 
HISTÓRIA DO BRASIL I54
UNIMES VIRTUAL
ou mulatos, os pequenos proprietários eram dependentes dos grandes se-
nhores. A possibilidade de ascenção social era decorrência das relações 
com o senhor. Ascender socialmente significava, na colônia, obter alguns 
privilégios; fazer parte do grupo de homens não atingidos pela justiça co-
mum; possuir escravos; ser respeitado. 
Outra categoria de homens livres que deve ser considerada na estrutura 
colonial são os comerciantes. No sudeste, dada a descoberta do ouro, a 
sociedade apresentava um grau um pouco mais elevado de flexibilidade. 
Contudo, no Nordeste imperava a rigidez, que, de certo modo, refletia a 
própria organização do reino: 
Em Portugal, no século XVI, a sociedade metropolita-
na estava organizada em três ordens ou estados tradi-
cionais, cujas posições foram originalmente definidas 
pelas funções, posteriormente, seriam determinadas 
por privilégios, leis, costumes e modo de vida. Essa 
organização da sociedade portuguesa, por ordens ou 
estados, viabilizava legalmente as hierarquias de gra-
duação, privilégio e honra. Os sinais exteriores indica-
tivos da graduação, formas de tratamento, insígnias, 
privilégios e obrigações definiam a posição do indiví-
duo no estrato social. O protocolo e a precedência as-
sumiam importante significado simbólico em eventos 
públicos e reforçavam a posição e as prerrogativas 
de cada grupo. 
Na colônia poderiam ser mais promissoras as opor-
tunidades que então se ofereciam a mercadores, 
comissários volantes, mascates e oficiais de vários 
ofícios manuais. Também para cá foram designados 
muitos naturais do Reino para ocupar postos e fun-
ções públicas como burocratas ou como militares. 
Podemos traçar um paralelo entre as relações entre 
senhores e mercadores, durante a segunda metade 
do século XVII, nas sociedades coloniais de Pernam-
buco e da Bahia. Enquanto na Bahia os comerciantes 
portugueses podiam ingressar nas irmandades religio-
sas ou na Santa Casa de Misericórdia, misturando-se 
livremente os senhores de engenho e funcionários ré-
gios que compunham seus quadros; em Pernambuco 
lhes foi negado o acesso nessas entidades, a ponto 
de surgirem de um lado, confrarias puramente senho-
riais e, de outro, confrarias puramente mercantis. 
Esse mesmo espírito aparteísta prevaleceu em Per-
nambuco até 1710 no tocante aos postos de coman-
do das milícias e aos cargos da administração mu-
nicipal, tidas como as principais posições locais de 
poder político e de prestígio social. Na Bahia, diferen-
HISTÓRIA DO BRASIL I 55
UNIMES VIRTUAL
temente, por volta de 1680, os comerciantes ocupa-
vam metade das patentes de ordenanças existentes 
em Salvador e arredores: enquanto, em Pernambuco, 
os casos esporádicos de acesso de mascates a tais 
postos provocavam protestos indignados da “nobreza 
da terra”. 1
1 FRANÇA, Ana Laura Teixeira de. As possoibilidades de ascenção social oferecidas no 
Pernambuco colonial. Mneme- Revista de Humanidades. Dossiê Cultura e Sociedade na 
América Portuguesa Colonial. V.5, n.12, out/nov.2004. Disponível em: http://www.seol.
com.br/mneme/ed12/114.pdf. Acessado em 26/09/07
HISTÓRIA DO BRASIL I56
UNIMES VIRTUAL
 
Resumo - Unidade II
Nesta unidade estudamos a escravidão no Brasil colonial, 
tanto a indígena quanto a africana. Destacamos a heteroge-
neidade presente em nossos índios, seus costumes e como 
era seu cotidiano até a interferência do colonizador português. Estudamos 
também o papel dos jesuítas como defensores da cristianização dos índios. 
No estudo da escravidão negra, destacamos o comércio de escravos na 
África, a viagem nos navios negreiros, o sofrimento dos negros de um lado 
e, de outro, a lucratividade desse comércio. Estudamos, ainda, a vida dos 
escravos no interior dos engenhos. 
Fizemos referência também aos quilombos , considerando a ameaça que 
representavam à ordem social colonial, comprovada pelo esforço dos se-
nhores de engenho em exterminá-los.
Estudamos, finalmente, a complexidade do tecido social colonial, do qual 
faziam parte também os pequenos proprietários e os comerciantes como 
representantes dos homens livres numa sociedade escravocrata. 
 
Referências Bibliográficas
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HISTÓRIA DO BRASIL I 57
UNIMES VIRTUAL
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SOUZA, Laura de Melo. O diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Cia. 
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HISTÓRIA DO BRASIL I62
UNIMES VIRTUAL
Aula: 17
Temática: A organização do poder colonial
Na aula de hoje, discutiremos a organização do poder no 
Brasil colonial desde os primeiros anos após a chegada dos 
portugueses, , quando ainda não havia interesse em coloni-
zar o território brasileiro, até a tentativa do governo português em reduzir 
o poder das câmaras municipais. Analisaremos, assim, a evolução da or-
ganização do poder, destacando as autoridades e as várias tentativas da 
coroa portuguesa em aumentar o controle sobre a

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