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Metodologia de Pesquisa

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Como delinear um estudo de caso?
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Estudo de Caso
É o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo.
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As etapas do estudo de caso não se dão numa 
Sequência rígida. Seu planejamento tende a ser mais flexível e com frequência o que foi desenvolvido numa etapa determina alterações na seguinte.
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Formulação do problema ou das questões de pesquisa;
Definição das unidades-caso;
Seleção dos casos;
Elaboração do protocolo;
Coleta de dados;
Análise e interpretação dos dados;
Redação do relatório.
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Alguns autores sugerem que as questões de pesquisa se iniciem com as palavras “o que” ou “como” para transmitir a ideia de uma pesquisa aberta e abrangente. Não seria adequado questões do tipo “quem”, “onde”, “quando” e “quantos”, que sugerem a realização de levantamentos de campo e pesquisas baseadas em dados de arquivo.
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Definição da unidade-caso
O estudo de caso único refere-se a um indivíduo, um grupo, uma organização, um fenômeno etc. 
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Podem ser identificadas diferentes modalidades de estudos de caso único:
Caso raro, que se refere a comportamentos e situações sociais que por serem muito raros merecem ser estudados;
Caso decisivo, utilizado quando se deseja confirmar, contestar ou estender uma teoria;
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3. Caso revelador, que ocorre quando um pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar um fenômeno inacessível a outros pesquisadores;
4. Caso típico, que tem o propósito de explorar ou descrever objetos que, em função de informação prévia, pareça ser a melhor expressão do tipo ideal da categoria;
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5. Caso extremo, que tem como vantagem poder oferecer uma ideia da situação limite em que um fenômeno pode se manifestar
6. Caso discrepante, que “passa dos limites”.
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O pesquisador pode pretender conhecer o caso em profundidade (intrínseco); ou é selecionado com o propósito de aprimorar o conhecimento de determinado fenômeno ou mesmo do desenvolvimento de teorias (instrumental)
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O estudo de casos múltiplos ou coletivos são aqueles em que o pesquisador estuda conjuntamente mais de um caso para investigar determinado fenômeno.
Mas há estudos de caso único que apresentam múltiplas unidades de análise. Quando, por exemplo, o caso em estudo refere-se a uma universidade e são estudadas as faculdades que a compõem, estas constituem unidades de análise e não casos
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Seleção dos casos
A lógica da escolha dos casos não é de amostragem estatística. Sobre os estudos de casos múltiplos, o que cabe é selecionar os casos de forma tal que prevejam resultados semelhantes. Ou que produzam resultados diferentes por alguma razão previsível.
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Determinação das técnicas de coleta de dados
Os estudos de caso requerem a utilização de múltiplas técnicas de coleta de dados. Isto é importante para garantir a profundidade necessária ao estudo e a inserção do caso em seu contexto, bem como para garantir maior credibilidade aos resultados.
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Os estudos de caso executados com rigor requerem a utilização de fontes documentais, entrevistas e observações.
Ex. um estudo de caso que tenha como propósito analisar a atuação de um sindicato de trabalhadores – poderiam ser analisados documentos elaborados pelo próprio sindicato, como atas de reunião da diretoria, folders, 
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jornais e cartilhas e também documentos elaborados por outras organizações.
Como documentos poderiam ser considerados também outros artefatos físicos, como faixas, distintivos e camisetas. 
Poderiam ser entrevistados dirigentes do sindicato, funcionários e trabalhadores filiados, bem como ex-dirigentes e sindicalistas que se opõem à atual gestão.
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Também seria interessante observar sindicalistas em ação, tanto em assembleias de categoria quanto de manifestações em lugares públicos e no interior das empresas.
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Elaboração de protocolo
O protocolo é um documento que trata de todas as decisões importantes que foram e ainda deverão ser tomadas ao longo do processo de pesquisa. 
Esclarece acerca dos procedimentos a serem adotados na coleta de dados, mas subsidia as tomadas de decisão, que são constantes ao longo de todas as etapas do estudo de caso.
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Não há um modelo fixo para elaboração do protocolo, mas recomenda-se que seja subdividido em partes, tais como as que se seguem:
Dados de identificação – título do projeto, nome do responsável, entidade patrocinadora, período de realização e local de realização
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Introdução – Relevância teórica e prática do estudo, justificativa de sua realização, identificação de seus potenciais beneficiários e a sua circunscrição espacial e temporal.
Trabalho de campo. Definição de organizações e pessoas que constituirão objeto de pesquisa; definição de estratégias para obtenção de acesso a organizações e a informantes; agenda para as atividades 
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De coleta de dados e modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, quando for necessário.
Questões específicas. Questões a serem utilizadas na coleta de dados, que são baseadas no problema ou nas questões mais amplas de pesquisa.
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Previsão de análise dos dados.
Guia para elaboração do relatório.
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Coleta de dados
Na maioria dos estudos de caso bem conduzidos, a coleta de dados é feita mediante entrevistas, observação e análise de documentos.
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Entrevistas
A entrevista requer a tomada de muitos cuidados em sua condução, tais como:
a) Definição da modalidade de entrevista, que pode ser: aberta (com questões e sequências predeterminadas, mas com ampla liberdade para responder), guiada (com formulação e sequência definidas no curso da entrevista), por pautas (orientadas por uma relação de pontos de interesse que
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Que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso) ou informal (que se confunde com a simples conversação).
b) Quantidade de entrevistas. As entrevistas devem ser em número suficiente para que se manifestem todos os autores relevantes. 
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Cabe considerar que mesmo que a pesquisa se refira a um caso único, como uma empresa, este pode envolver múltiplas unidades de análise, como os seus departamentos, por exemplo, exigindo, portanto, maior quantidade de entrevistados.
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c) Seleção dos informantes. Devem ser selecionadas pessoas que estejam articuladas cultural e sensitivamente com o grupo ou organização. Nem sempre os dirigentes máximos de uma organização são os melhores informantes.
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d) Negociação da entrevista – como as pessoas, de modo geral, não têm uma razão pessoal forte para fornecer as respostas desejadas, recomenda-se estabelecer tipo de contrato em que são esclarecidos os objetivos da entrevista e definidos os papéis das duas partes.
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Observação
A observação pode assumir pelo menos três modalidades: espontânea, sistemática e participante.
Observação espontânea – o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa os fatos que aí ocorrem. É adequada aos estudos exploratórios, já que favorece a aproximação do pesquisador com o fenômeno pesquisado.
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A observação sistemática é adequada para estudos de casos descritivos. Ao se decidir pela adoção dessa modalidade, o pesquisador sabe quais os aspectos da comunidade, da organização ou do grupo são significativos para alcançar os objetivos pretendidos. Assim, ele se torna capaz de elaborar um plano de observação para orientar a coleta, análise e interpretação dos dados.
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A observação participante consiste na participação real do pesquisador na vida da comunidade, da organização ou do grupo em que é realizada a pesquisa. O observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de membro do grupo.
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Documentos
A consulta de fontes documentais é imprescindível em qualquer estudo de caso.
Considere-se, por
exemplo, que num estudo referente a determinada organização, mediante a consulta a documentos, torna-se possível obter informações referentes à sua estrutura e organização, à descrição dos cargos e funções, aos critérios adotados no recrutamento e seleção de pessoal etc.
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Essas informações podem auxiliar na elaboração das pautas para entrevistas e dos planos de observação.
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Análise e interpretação dos dados
A análise e interpretação de dados nos estudos de caso se dá simultaneamente à sua coleta. A análise se inicia com a primeira entrevista, a primeira observação e a primeira leitura de um documento.
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Busca de credibilidade
a) Verificar a representatividade dos participantes. É preciso garantir que os participantes da pesquisa sejam apropriados para proporcionar informações relevantes. Um problema comum em estudos de caso é a seleção dos informantes pelo critério de acessibilidade, o que pode levar à exclusão de informantes-chave.
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b) Verificar a qualidade dos dados. A qualidade dos dados tem muito a ver com os informantes selecionados. Assim, dados obtidos de informantes bem articulados, e que fornecem as informações com satisfação, tendem a ser mais ricos e, consequentemente, conduzir a melhores resultados.
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A qualidade dos dados também tem a ver com as circunstâncias em que estes foram obtidos, pois dados referentes ao comportamento observado tendem a ser melhores que os obtidos mediante relato. 
Dados obtidos depois de repetidos contatos tendem a ser mais confiáveis que os obtidos logo no início do trabalho de campo.
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Dados de primeira mão, relatados por informantes que praticaram as ações, são preferíveis aos relatados por informantes que apenas detêm as informações. Também os dados fornecidos espontaneamente tendem a ser melhores que os obtidos mediante interrogação, assim como aqueles obtidos com maior privacidade.
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c) Controlar os efeitos do pesquisador. O pesquisador, por ser uma pessoa estranha ao grupo que estuda, pode levar seus membros a encarar sua presença com desconfiança e a manter comportamentos que não são os usuais, ou fornecer informações que não correspondem rigorosamente a suas opiniões, crenças e valores. Para minimizar essa influência, 
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É preciso um rigoroso planejamento da coleta de dados. Mas é necessário também que sua possível influência seja reconsiderada no momento da análise e interpretação.
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d) Fazer triangulação. Confrontar a informação obtida por uma fonte com outras, com vistas a corroborar os resultados da pesquisa.
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e) Obter feedback dos participantes. A credibilidade de um estudo de caso tem muito a ver com a adequação de seus resultados aos pontos de vista de seus participantes. De fato, os pesquisados são capazes de conhecer mais que o pesquisador acerca da realidade que está sendo estudada.
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f) Obter avaliação externa. Uma importante estratégia para confirmação dos resultados consiste em sua análise por outros pesquisadores.
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Redação do relatório
Estrutura clássica. Introdução, Revisão Bibliográfica, Metodologia, Análise e Discussão dos Resultados e finalmente pela Conclusão.
Estrutura narrativa. O relatório inicia-se com uma introdução, seguida das seções.
Estrutura descritiva. 
Estrutura de construção de teoria.
Estrutura de suspense.
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Referência:
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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