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Aulas Ciência Política - Jaime Barreiros Neto - (2011.2)

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CP 04.10.doc
Ciencia Politica – 04/10/11
Regimes Políticos
O Regime Político é a forma como o poder se organiza em uma sociedade. O regime pode ser:
Concentrado – há a tendência ao abuso de poder.
Difuso – poder descentralizado, com menor abuso.
Autocracia
O regime político em que há uma forte concentração do poder, abuso de poder. Como acontece na Ditadura e no Absolutismo Monárquico. O Totalitarismo é uma forma de Autocracia.
Democracia
Neste caso, o poder está dividido, difuso. É o regime que prevalece hoje no mundo. A Democracia é uma ideologia forte, que almeja legitimidade – é um regime político legítimo, que garante a igualdade. Exemplo de instrumentos utilizados pela Democracia: eleições, plebiscito, referendo.
Um conceito em construção
Demo = povo kratos = autoridade
Governo da autoridade do povo.
Lincon em 1863 no discurso de Gettsburg diz que nada nem ninguém será capaz de derrotar o governo do povo, pelo povo e para o povo. (completar)
Saddam Russein teve 100% de votação em uma eleição no Iraque há alguns anos atrás. Ele dizia que o povo estava todo do seu lado. É uma legitimidade completa, mas se formos analisar o seu governo, Saddam cometia muitas atrocidades contra a população iraquiana. 
Origens e evolução
A origem da Democracia está em Atenas, mas lá o perfil era diferente do que é hoje, porque a Democracia era para poucos (um grupo dominante).
Em Atenas, a democracia foi criada para atender a uma classe dominante, era a melhor forma de se estabelecer a divisão. Era a democracia que convivia com o sufrágio restrito. 
A democracia muitas vezes não passou de uma demagogia. A democracia foi criada como disputa de poder para dominar um povo. Ela desapareceu e retorna com a burguesia. A burguesia precisava de um novo discurso, a igualdade era preciso, porem a democracia não dava direito a todos, na verdade ela retorna na Idade Moderna de uma forma mais ampla, retorna com um perfil elitista. No sec. XIX vem o socialismo, no sec. XX vem as guerras e daí a democracia mudou.
Características:
Robert Dahl que escreveu a obra sobre Democracia afirma que a mesma possui 5 características fundamentais:
Inclusão de adultos – quando há participação de todos os adultos (homens, mulheres, religiosos, ateus...)
Participação efetiva – não basta ter inclusão de adultos, eles precisam participar ativamente, não só no momento do voto, mas trabalhando no dia-a-dia.
Igualdade de voto – um homem, um voto – idéia de Rousseau de que todos são iguais, o voto de cada um tem o mesmo peso.
Controle do planejamento – fiscalização, transparência. As pessoas tem o direito ao acesso às informações, direito de opinar, de decidir.
O entendimento esclarecido – educação, consciência crítica, política. Precisa ter consciência do seu papel na sociedade.
Diante das características surge um problema não há de fato a democracia, pois de alguma forma algum tipo das características é mutilado perante os países. Isto significa que não há uma democracia plena.
Esta idéia de Robert Dahl deve ser estudada conjuntamente com as de Geovani Sartori que diz que a democracia real não se confunde com a democracia ideal.
O ideal democrático é uma utopia serve como inspiração. 
A realidade democrática seria a busca do Ideal.
Democracia seria um regime político onde se almeja o direito de ir e vir, a liberdade, a igualdade. Defende que a democracia é um processo, é algo em construção.
Para simbolizar a idéia tem uma frase de Churchill : “a democracia é o pior de todos os regimes políticos, a exceção de todos os demais já testados”.
Vantagens da Democracia
A grade vantagem da democracia é simbolizada pela frase de Roberto Bobbio: “Ninguém é melhor juiz do seu próprio destino do que o próprio indivíduo”. 
A Democracia tem o livre arbítrio. As pessoas escolhem o que vão fazer. Na democracia várias pessoas terão acesso ao poder, existirão diferenças, mas a democracia prevalece. É um regime que pressupõe o abuso, mas há uma menor distancia entre oprimidos e opressores, já que a democracia regula esse procedimento.
Espécies de Democracia
Direta – ateniense (reunião na agora) viável para pequena dimensão populacional, territorial, 
Indireta/representativa – povo como titular, porém elegendo seus representantes. Ocorre o distanciamento entre povo e poder típico da época do liberalismo.
Semi direta / participativa – atualmente valoriza-se cada vez mais a participação democracia semi indireta. Povo é titular do poder e o exerce através dos institutos da democracia participativa, eleição periódica de representantes mais os institutos:
Plebiscito – espécie de consulta popular. Assuntos: a diferença reside no momento da deflagração. Plebiscito é sempre prévio (é o mais comum)
Referendo – de interesse geral. Referendo é posterior, já existe algo concreto e a discussão gera em torno disso:
Plebiscito no Brasil – ocorreu em 1963 3 1993
Referendo no Brasil – ocorreu em 2005, sobre o desarmamento. Este ano acontecera um plebiscito no Para dividir o estado.
Iniciativa popular de lei – povo não tem a capacidade de criar lei. o povo poderá apresentar projeto de lei que poderá ou não ser aprovado. Projeto devera ser subscrito por no mínimo 1% do eleitorado nacional, 5 estados, 0,3% eleitorado local.
O Brasil hoje é uma democracia semi indireta.
Sufrágio
Todo sufrágio tem restrição (ex. criança não vota), voto é apenas instrumento para exercer o sufrágio. Instituto fundamental da representação política, poder inerente ao povo de participar da vida política do estado.
O sufrágio pode ser classificado:
Universal – o fato de uma criança não poder votar não retira o caráter universal do sufrágio, se diferenciam pela razoabilidade. 
Restrito – sufrágio com gênero (restrito, ex mulher não vota); sufrágio racial é restrito (negro não votava)
Sufrágio capacitado – pelo grau de instrução é polemico, é universal ou polemico? Garantir o voto de um analfabeto é também garantir a dignidade da pessoa humana.
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CP 11.10.doc
Ciência Política – 11/10/11
Mandato Político
Mandato Político é o instrumento através do qual o povo delega poderes aos seus representantes para atuar na vida política do Estado.
Mandato de Direito Privado é um tipo de contrato que está muito próximo ao contrato de advogado. È o contrato de representação.
Cliente: mandatário
Advogado: representa o cliente.
Característica: os limites do mandatário estão expressos no mandato. Ele está limitado pelo próprio mandato.
Espécies de mandato político
O Mandato Político pode ser de duas espécies:
Representativo
Imperativo
Partidário
O Mandato Representativo - é aquele em que o mandatário tem total liberdade para exercer o mandato. Pressupõe que o mandatário é totalmente livre para o exercício deste mandato.
No Mandato Imperativo – o mandatário é obrigado a obedecer às recomendações do eleitor. Ou então, ele pode perder o mandato. Esta vinculado ao elitor.
No Mandato Partidário – no Brasil o representante tem liberdade perante o eleitor e compromisso perante o partido.
Qual o melhor modelo? Muitas pessoas pensam que é o Imperativo porque há um controle maior(vantagem). Mas, por outro lado, perde-se a flexibilidade.
O Brasil adotava o mandato representativo, mas hoje não mais. Adota um terceiro termo - um meio termo entre o mandato representativo e o imperativo. O político tem que seguir as diretrizes legitimamente estabelecidas pelo seu partido político. Se ele não segue os preceitos do partido, ele comete infidelidade partidária e pode perder o mandato.
Formas de Governo
O conceito está relacionado à forma de organização política de um Estado. O conceito de FG é complexo e não há consenso na doutrina. Alguns livros não diferenciam Forma de Governo com regime político, que está relacionado com a forma de organização do poder, se o poder é mais concentrado ou mais difuso como se observou nos conceitos de democracia e autocracia. Já a FG não necessariamente
está relacionada à forma de poder, se o poder é mais concentrado ou menos, mas sim à forma de organização desse poder. É a forma de investidura do governante. Como as instituições políticas dos estados irão se organizar.
Classificação das Formas de Governo:
Concepção de Aristóteles - caráter ético do governo. Imaginava que existia 6 formas de governo, sendo 3 retas e 3 corruptas.
Nas formas retas, o governo é exercido em prol do interesse geral, do interesse público. 
Nas formas corruptas há uma distorção, uma corrupção. O governo deixa de exercer o interesse público para cuidar do interesse dos governantes, a favor de uma minoria, que detém o poder.
 1ª forma Reta: Monarquia - mono = um; arqué = governo. Governo de um, voltado ao interesse de todos. 
1ª forma corrupta: Tirania - é a corrupção da monarquia. O governo de um em prol de poucos (um grupo prioritário).
2ª forma reta: Aristocracia - governo de poucos, dos mais aptos, dos melhores, dos mais preparados para exercer o poder - os filósofos. Na visão de Aristóteles essa seria a melhor forma de governo.
2ª forma corrupta: Oligarquia - corrupção da Aristocracia - governo de poucos para poucos. Divisão seria deturpada para o interesse de poucos.
3ª forma reta: República (res - coisa pública) ou Democracia - governo de todos para todos.Todos exercem o poder em função do interesse geral. Forma mais frágil das formas retas porque é a mais facilmente corrompida. 
3ª forma corrupta: Demagogia: Adestramento/domínio do povo. Teoricamente seria uma democracia, na prática, alguns poucos, em nome de povo, representam os seus próprios interesses. Vê-se muito no dia-a-dia da política.
Concepção de Maquiavel - é a classificação utilizada atualmente - autor de O Príncipe - diz que em todos os tempos e em todos os lugares sempre existiram e sempre existirão duas formas de governo - só que o conceito de Maquiavel mudou de antigamente para agora. O que mudou foi que Maquiavel dizia que: Monarquia era o governo de um e a República, o governo de mais de um. 
Com o passar do tempo chegamos ao segundo estágio da diferença entre Monarquia e República, que foram verificados durante as Revoluções burguesas que tiveram em comum o combate às monarquias absolutas. É dessa época a identidade da Monarquia como governo autoritário e a República como governo democrátido/popular(governo da coisa pública).
Hoje não existe mais essa diferença, a monarquia pode ser democrática como acontece na Inglaterra e a democracia pode ser autoritária, já que existem democracias que são ditaduras.
O que diferencia uma monarquia de uma república? Existem dois critérios utilizados:
- Chefia do Estado - aquela pessoa que encarna simbolicamente a soberania do Estado, é o representante maior do Estado, é quem representa o Estado no exterior, é o ponto de equilíbrio entre as diversas correntes em conflito. O símbolo do Estado.
- Chefia de Governo - é aquele que administra que efetivamente governa que toma as decisões.
Na Inglaterra, a rainha Elisabeth é a Chefe de Estado. E o primeiro ministro, David Cameron, é o Chefe do Governo. Da mesma forma, na Itália, que é uma República, tem-se o chefe de estado que é o Presidente da República e o Chefe de Governo que é o Primeiro ministro.
O Parlamentarismo pode existir tanto da República como na Monarquia. O Chefe de Estado na República tem uma característica, ele é transitório. Ele exerce um mandato político (tem prazo de validade), esta é a regra. Dilma Rousself foi eleita para governar o Brasil por 4 anos. Ela até poderá ser reeleita para mais 4 anos de mandato, mas ao fim do mandato ela tem que sair. A República se caracteriza pela alternância do poder.
Na Monarquia, diferentemente da República, o Chefe de Estado é vitalício - ele fica por prazo indeterminado. A Rainha Elisabeth, por exemplo, tem 85 anos e não tem previsão de deixar o poder.
A outra diferença reside no fato de que a mesmo a Monarquia sendo democrática, como a Inglaterra, sempre será parlamentarista. É impossível existir na Monarquia plena liberdade política, diferente da Republica.
Na República do Brasil, teoricamente, qualquer um poderá ser Presidente da República. A prova disso, é que um retirante nordestino que foi para São Paulo em um pau de arara conseguiu chegar à Presidência da República. Já para ser Rei ou Rainha da Inglaterra tem que nascer na Família Real, mais que isso tem que ser o primogênito, tem que estar na fila.
A forma mais comum da escolha do monarca é a forma hereditária - de pai para filho(a). Na Inglaterra, o filho mais velho é o herdeiro. 
Pode ser também por cooptação, é mais difícil, mas na época de Roma existiu - o Rei indica o seu sucessor. 
Existe também uma forma mais rara, que é a eleição. O Monarca é eleito. A população escolhe quem será o Rei, como acontece no Vaticano.Geograficamente, o Vaticano está dentro de Roma, mas o país é independente. O Papa é o Monarca, é um agente político, é o Chefe de Estado. Ele é eleito pelo conclave.
Cuba - para alguns uma República, para outros uma Demagogia.
 Sistemas de Governo
Na época do Absolutismo Monárquico havia uma concentração de poder, o poder estava todo concentrado nas mãos do Rei. Com o passar dos tempos, com as Revoluções burguesas ocorre uma separação dos poderes. O poder passou a ser dividido a partir do domínio democrático.
A moderna concepção da separação dos poderes parte do seguinte pressuposto: todos os poderes realizam as suas funções. Tem-se as funções típicas e as funções atípicas no chamado sistema de freios e contrapesos. Mesmo assim, as funções de governo são realizadas basicamente pelo poder executivo e pelo legislativo. O judiciário nem tanto. As decisões mais importantes são tomadas pelos poderes executivo e legislativo.
O Sistema de Governo vai se caracterizar por um conjunto de critérios que irá determinar os limites da ação dos poderes no exercício das funções governamentais, ou seja , é a partir do estudo do sistema de governo que nós saberemos se, em um determinado país o Executivo terá mais ou menos atribuições em relação ao Legislativo, porque numa Democracia buscar-se-á o equilíbrio. Dentro dele, existirão atribuições de cada Poder e estas atribuições poderá mudar de país para país, a depender do sistema de governo.
Existem 4 tipos de sistema de governo:
Parlamentarismo 
Presidencialismo
Semipresidencialismo
Diretorial
O Parlamentarismo vem de Parlamento, que é o Poder Legislativo. Os parlamentares são os membros do poder legislativo.
O Parlamentarismo é um sistema de governo que se caracteriza pela cisão, pela divisão entre a Chefia de Estado e a Chefia de Governo. O Chefe de Estado pode ser Rei, o princípe, o imperador ou o Presidente da República porque o Parlamentarismo existe tanto na República como na Monarquia.
A Inglaterra atual é Parlamentarista. O Parlamentarismo atual nasceu lá. A Itália é uma República, mas é Parlamentarista também. Tem O Presidente da República, mas quem governa é o Primeiro-Ministro Silvio Bellusconi.
O Chefe de Governo no Parlamentarismo é chamado de Primeiro-Ministro, que é o Ministro mais importante o Governo - o Governo é exercido por um gabinete de ministros e esse gabinete é chefiado pelo primeiro-ministro.Por isso que ele é o Chefe de Governo. 
O Parlamentarismo surgiu por acaso em 1608, na Inglaterra, ocorreu a Revolução Gloriosa com um pacto entre a burguesia e o rei. O rei continuou governando, mas com poderes limitados com a assinatura do bill of right. O Parlamento começa a exercer um poder maior, o rei, o poder residual.
Depois de alguns vai mudar a dinastia monárquica da Inglaterra e vão chegar os reis de Hanôver, que é a atual dinastia e que hoje chama-se de Windsor(Castelo).
Os primeiros reis de Hanover foram apelidados de reis impossíveis (Jorge I, II e III). Eram reis fracos, os primeiros, nem inglês falavam, só falavam alemão. Não queriam governar. Começaram, pouco a pouco, a delegar poderes a um auxiliar, a um braço direito.Jorge III é o
que mais delega poder, é em seu governo que se inicializa uma realidade que já é uma prática porque o direito inglês é consuetudinário - se baseia nos costumes, e o costume é que o rei é muito mais uma figura simbólica do que um Chefe de Governo porque havia o Primeiro-minsitro que passava a chefiar. E a partir de Jorge III, esse
Ministro seria escolhido pelo Parlamento. O partido político ou a coalizão de partidos majoritária da câmara dos comuns (equivalente à câmara dos deputados na Inglaterra) indica o primeiro-ministro. O Parlamentarismo tem as seguintes características:
- Um Chefe de governo é escolhido pela maioria parlamentar;
- Ele governará enquanto tiver essa maioria, ele pode ficar muito tempo no poder como também pode ficar pouco. A vantagem é governar por maioria, mas quando ele a perde, será substituído.
 Nesse sistema pode até haver maior estabilidade política, mas existe o outro lado da moeda porque quando se tem o sistema parlamentarista multipartidário, como o Brasil, por exemplo, a diversidade de partidos pode gerar uma grande instabilidade do poder por causa dos conchavos.
Hoje, Dilma tem maioria no Congresso porque o PMDB está do lado dela, mas se o Brasil fosse parlamentarista e o PMDB deixasse o governo, o primeiro-ministro cairia.
O Brasil já foi parlamentarista duas vezes. Uma com D. Pedro II, e ficou conhecido como Parlamentarismo às avessas porque existia o poder moderador, era o imperador quem nomeava o primeiro-ministro e não o parlamento. O Brasil também foi parlamentarista na época de Jango (Joao Gourlat), entre 1961-1963 (República).
O Parlamentarismo no Brasil foi um fracasso, em um ano e meio tiveram 3 primeiros-ministros, dentre eles, Tancredo Neves. Em 63 teve um plebiscito e o povo votou pela volta do Presidencialismo. Em 1993, o povo votou para continuar o Presidencialismo.
O Presidencialismo 
Nasceu nos EUA como forma de oposição à Inglaterra. Adotou-se o regime republicano e a principal característica a junção da Chefia de Estado e Chefia de Governo numa mesma pessoa, o Presidente da República. Maior independência em relação ao parlamento. O Presidencialismo só existe na República. Sistema predominantemente americano.
A principal vantagem é a estabilidade no regime pluripartidário, porque independente de ter maioria ou minoria no Congresso, o Presidente continua governando. Independência em relação ao Parlamento.
O Presidencialismo tem poder demais, o que é vantagem também passa a ser desvantagem. O poder é relativo, mesmo que ele tenha minoria, ele continua governando.
Semipresidencialismo
Sistema que combina o Presidencialismo com o Parlamentarismo. Na teoria funcionaria como um sistema parlamentarista. O Presidencialismo, chefe de Estado e o Primeiro-ministro chefe de governo. O Presidencialismo não é apenas chefe de estado, ele passa também a ter atribuições governamentais. Surgiu na França, depois da II Guerra Mundial, porque a França estava destruída depois da II Guerra, mesmo sendo vitoriosa. Ficou destruída economicamente, politicamente. Charles de Boule foi eleito Presidente, que era um líder de alta popularidade e governou com mãos-de-ferro. Dizia que o Brasil era um país que não deveria ser levado a sério. Tinha personalidade forte e pouco a pouco começou a assumir atribuições também governamentais. Com o passar do tempo a Constituição foi modificada para dar poderes mais amplos ao Presidente e fazer com que a Chefia de Governo passasse a ser compartilhada entre o Primeiro ministro e o Presidente.
Sistema Diretorial
O Sistema Diretorial ou Governo de Assembléia é aquele em que todo o poder do Estado se encontra no Parlamento, ocasionando uma predominância do Poder Legislativo em detrimento dos demais. Caracteriza-se pela nomeação dos membros do Poder Executivo pela Assembléia Legislativa; mandato indeterminado (porém, é costume que dure uma legislatura); impossibilidade de demissão dos ministros componentes da junta governativa pelo voto de desconfiança do Parlamento, como se dá no Regime Parlamentarista, determinando o caráter eminentemente delegativo do Poder Executivo. Essa forma de governa tem lugar na Suíça, porém teve ensaio no Uruguai, na França e no Brasil durante a Regência Trina. 
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CP 18.10.doc
Ciência Política 18/10/11
Partidos Políticos
Origens e Evolução
A burguesia via os PP como os grandes vilões da democracia porque quebraria a unanimidade, deixa de haver o consenso e passa a haver o dissenso. Então, a burguesia tinha os PP como os grandes vilões da democracia. Algo que deveria ser evitado porque quebraria a harmonia da sociedade, que evidentemente essa harmonia representava seus interesses. Mas o que aconteceu na prática é que não havia harmonia nenhuma que havia era desigualdade, e mesmo entre a classe dominante não havia harmonia plena - existia uma disputa de interesses. E há algo que é da natureza humana, o homem tem a tendência a se unir a quem pense parecido, a quem tenha os mesmos objetivos contra aquelas que pensam diferente. Há uma tendência natural das pessoas unirem forças contra os inimigos. E isso aconteceu naturalmente na evolução dos Partidos Políticos. Os partidos que eram mal vistos, as entidades, os grupos de poder, de competições, as coalizões que eram mal vistas, combatidas terminaram se impondo e os Partidos Políticos modernos surgiram como entidades perenes voltadas a defesas de interesses.
A questão da história dos Partidos Políticos não reflete a questão da ideologia porque os primeiros partidos políticos surgiram nos Estados Unidos em 1803 - o Partido Federalista e o Partido Democrata não eram partidos que se diferenciavam pela ideologia. A maior prova disso é que nessa época o Presidente dos Estados Unidos era John Adams que tinha dois ministros importantes, um deles era Thomas Jefferson e o outro era Alexander Hamilton – ambos eram ministros da Adams e ambos também disputavam espaço político e aconteceu que um fundou o partido federalista (Jefferson) e o outro fundou o partido republicano.
Dois partidos que rivalizavam na política americana e até hoje rivalizam com outros nomes com uma curiosidade: o partido federalista hoje é chamado partido democrata e o partido democrata é chamado de republicano. Esses dois partidos historicamente que não surgiram em virtude de disputas ideológicas, mas sim em virtude de disputas políticas.
Se formos analisar os partidos nos Estados Unidos não existem tanta diferença entre republicanos e democratas. Existem algumas, mas não tão marcantes assim. Na recente morte do terrorista Bin Laden, republicanos e democratas estavam unidos. Mas nas práticas comuns do dia-a-dia, os republicanos teoricamente são mais velhos, os democratas mais pacíficos, mas a guerra do Vietnã ocorreu na época de Kennedy, que era um democrata. quase que a III Guerra Mundial também acontece na época de Kennedy com a revolta da Baía dos Portos. O republicano é sempre lembrado como conservador, aí vem na mente Sara Dewloren, candidata a vice-presidente dos Estados Unidos na última eleição, aquela mulher conservadora, moral, de família...
Só que no lado dos republicanos tem o nome de Rudolf Juliane, Prefeito de Nova Yorque que agora defende o casamento homo afetivo. Tanto é que ele não conseguiu ser o candidato a Presidente porque tem opiniões opostas a ele dentro do partido, e também existem democratas que são contra essa idéia. Na prática, existem diferenças, mas essas diferenças não são tão grandes, porque tanto democratas como republicanos são capitalistas nos Estados Unidos. Não existe um partido de esquerda forte nos Estados Unidos, então não necessariamente os partidos políticos existem representar ideologias, muitas vezes existem para representar interesses e foi assim que eles surgiram nos Estados Unidos.
Na Alemanha, por sua vez, e também na própria Inglaterra, na segunda metade do século XIX já é um pouco diferente porque na Alemanha tem-se a figura de Ferdinand Lassalle, criador do sentido sociológico
da Constituição. Ele dizia que a verdadeira Constituição é a soma dos fatores reais de governo, não é o que está escrito no papel porque o que estava escrito no papel dizia respeito a classe dominante, a burguesia. Quando ele falava para o povo não obedecer ao papel e sim se auto-organizar, fazer sua própria Constituição, ele estava fazendo um discurso buscando construir a idéia de social democracia do povo se emancipar politicamente a partir da educação e transformar a sociedade. Essa idéia era identificada com a esquerda com o discurso socialista, embora não fosse um socialismo marxista, ele era o pai da social democracia.
Com as idéias de Lassalle, surgiram na Alemanha partidos de esquerda como o Partido Social Democrata(PSD), então começa a ver um perfil mais ideológico dos partidos políticos na segunda metade do século XIX. Na Inglaterra também surgiu o Partido Trabalhista e chegando ao século XX surge Hans Kelsen que foi o grande defensor dos Partidos Políticos, era o defensor da democracia de Partidos, ele dizia que só existia democracia verdadeira quando existisse partidos políticos fortes. E depois de Kelsen, as Constituições do mundo pouco a pouco começam a prever em seus textos a necessidade dos partidos, tanto é que depois da II Guerra Mundial chega-se ao ápice, apogeu da história dos partidos quando vai ocorrer um fenômeno batizado por um cientista-filósofo francês chamado Maurício Duverger autor de uma obra clássica chamada de Democracia de Partidos. 
Ele vai alertar que a Democracia após a II Guerra Mundial estava resumida aos partidos políticos e que isso era o palco porque ele dizia que a vontade do povo passa a ser substituída pela vontade dos burocratas dos partidos. Só que depois da II Guerra também principalmente nos últimos 30 anos ocorreu um grande avanço tecnológico, a globalização e principalmente uma evolução dos meios de comunicação e difundiram novos meios de participação política. Hoje, por exemplo, temos o Twiter que vem fazendo revolução - é só observar o que acontecendo no Oriente Médio, uma revolução, o governo está sendo derrubado, a ditadura de Muraback findou-se. Os estudantes se mobilizaram pela internet para derrubar o governo, então cada realidade se apresenta quando se refere à política. O jogo político está se transferindo das instituições formais para as ruas, para os meios de comunicação, para outros meios de participação.
Tem outro cientista político francês que é autor de uma obra muito interessante sobre a história do governo representativo chamado Bernard Manin. Ele fala que hoje já não vivemos mais a democracia de partidos, vivemos a democracia de palco, porque nós, cidadãos, não somos apenas expectadores do jogo democrático, somos atores, protagonistas, então estamos no palco da democracia, não estamos mais na platéia. Então a nossa democracia hoje que era uma democracia de platéia hoje é uma democracia de palco. Tudo isso é importante, mas não tira a relevância dos Partidos Políticos.
Muita gente defende a idéia de que os partidos morreram, não servem para nada, que hoje temos outros meios de participação política, que os partidos devem ser abolidos. Só que as pessoas esquecem de um detalhe importante: que a nossa democracia, embora hoje bastante participativa ainda pressupõe representação política. E para existir representação política, para haver controle maior da sociedade sobre os seus representantes é imprescindível que existam partidos porque muita gente defende e está na pauta política de reforma política do Brasil a chamada candidatura avulsa, que seria uma candidatura sem partido - qualquer pessoa que quisesse se candidatar chegaria no TSE e registraria sua candidatura para Presidente da República, por exemplo, independente de ser filiado a partido. Os defensores dessa idéia entendem que o processo democrático mais aberto as pessoas poderiam participar de forma mais incisiva. Só que existe uma questão importante que na Ciência Política é chamada de ACCOUNTABILITY, que é a prestação de contas, controle. O povo exerce o accountability sobre os seus representantes de forma mais eficaz quando esse representante é o representante do partido.
Um simples detalhe: que tipo de compromisso uma pessoa que não tem partido, que promove uma candidatura avulsa terá depois de eleita? Nenhum. O compromisso é apenas com suas idéias. Não tem como prever o que essa pessoa irá fazer. Por pior que seja os Partidos Políticos, há uma possibilidade de previsão, por exemplo: era possível se prever qual seria mais ou menos o perfil do governo de Dilma e de Serra, e o povo preferiu Dilma porque queria o modelo de governo que o PT adota. Poderia ter preferido o PSDB que tem diferença que pode não ser tão marcante. No mínimo diferença de método, mesmo que não exista diferença ideológica.
Os Partidos Políticos passam a ser, portanto, personagens que devem ser valorizados nesse jogo. Existe uma discussão sobre os partidos políticos no sentido que há dúvida se os mesmos perderão espaço para os movimentos sociais. 
Existe a idéia de que os movimentos sociais representam mais o povo, a democracia do que os partidos políticos, mas não podemos querer que os movimentos sociais substituam os partidos, por exemplo o movimento estudantil, o movimento sem terra...
A grande questão é: o que caracteriza o movimento social em regra? Ele é pautado em uma ideologia única, dominante. Não só em ideologias como em objetivos específicos, ele luta por uma causa e o partido político em tese tem uma agenda ampla de interesse, não um interesse específico. Então o MS é importante, mas dentro da legalidade porque não é porque o MS é importante que ele deve sair cometendo atos ilícitos por aí. Mas dentro de uma democracia participativa eles sempre terão voz. Por outro lado, existe a idéia de fortalecimento dos Partidos Políticos.
Classificação:
Weber/Michels - Tanto um como o outro autor classificam os Partidos Políticos em 3 espécies:
Marx Weber construiu a sua doutrina relacionada ao estudo da burocracia, o poder burocrático. Da mesma forma Robert Michels que tem uma obra clássica de 1911 chamada Sociologia dos Partidos Políticos, onde ele chega a conclusão que todos os partidos políticos tem uma constituição burocrática que favorece a uma minoria que domina os partidos de acordo com os seus interesses.
A partir dessas visões que se elaboraram essa classificação.
Patronagem ou Carismático - A maioria dos partidos tem esse perfil. É aquele partido que vive em torno de um líder carismático, um patrão. 
Na história brasileira já tivemos partidos dessa forma, com esse perfil. Um partido pequeno, por exemplo o Prona de Enéas e um outro maior que embora o líder já esteja morto é o PDT de Brizola.Durante muitos anos o PDT sobreviveu sob a imagem de Brizola. Hoje o partido vem se desprendendo da imagem de Brizola. O PT com Lula também teve um pouco esse perfil. 
Classe ou Estamento - são criados como partidos de classe, como o PT na sua origem (Partido dos Trabalhadores). Partido da Causa Operária, Partido dos Aposentados da Nação. São partidos que representam um determinado segmento social.
Idéias - defende uma ideologia, uma visão de mundo. Por exemplo: PV (Partido Verde) na França, PCB (Partido Comunista Brasileiro) no passado.
Na visão de Weber e Michels pode-se ter um partido que reúna todos esses elementos: que defenda uma idéia, que pertença a uma classe e que tenha um líder carismático.
Classificação segundo Duverger
Partido de Massa
Partido de Quadros
Na idéia de Duverger, o Partido de Massa existe para brigar pelo poder. A lógica do Partido de massa é a luta pelo pode r a qualquer custo, independentemente de ideologia, de programas. Exemplo: PMDB, PT.
O Partido de Quadros prima pela defesa de idéias, pela defesa de quadros qualificados, por líderes políticos que defendam a moralidade, os princípios. Exemplo: PT quando nasceu. 
Classificação em linhas gerais:
Direita - se identifica pela defesa da liberdade, o valor da liberdade individual,
o mérito. O Estado menos interventor, mais enxuto.Cada um cuidando de si.Exemplo do Estado liberal dos Estados Unidos.
Esquerda - princípio maior: a igualdade e para garantir essa igualdade, esquerda precisa de um Estado mais forte maior, maior restrição à liberdade individual em pról da liberdade coletiva.
Sistemas Partidários 
É uma classificação relacionada a forma como os Partidos Políticos encontram para se relacionar, como se organizam, como agem em conjunto. 
São de dois tipos:
Bipartidarismo
Pluripartidarismo 
De forma equivocada, as pessoas pensam que no bipartidarismo existem dois partidos e no pluripartidarismo existem vários partidos. Mas a coisa não é tão simples assim. Vamos tomar como exemplo os Estados Unidos que tem dois partidos: os democratas e republicanos. São os partidos que há décadas dividem o poder, ora um está na oposição, ora um está na situação, eles vão se alternando. Porém existem outros partidos nos Estados Unidos, só que não tem a menor força política. 
Giovane Sartori fala sobre os Partidos Políticos e diz que na classificação dos Partidos Políticos deve ser levado em conta o Poder de chantagem, que seria a capacidade de um partido político desequilibrar a balança, ser levado em conta no jogo político. Ele fala que se em um país existem vários partidos e apenas dois tem a capacidade de assumir o governo ou fazer um oposição de verdade, o sistema será BIPARTIDÁRIO. É o caso dos Estados Unidos.
Tem-se vários partidos, mas apenas dois interessam, tem condições de assumir o poder. Apenas dois partidos tem poder de chantagem.
Agora, o mesmo Sartori diz o seguinte: agora se tiver um terceiro partido, pelo menos, que mesmo que não assuma o governo, tenha a capacidade de ser levado em conta, de desequilibrar a balança, por exemplo o partido que tenha 10% da preferência popular, quando o partido mais forte tem 47% e o mais fraco tenha 43%, no caso de Marina nas eleições presidenciais. O terceiro partido desequilibra, então teremos segundo turno cujo apoio será decisivo para A ou B governar. Se existe o terceiro partido, podendo desequilibrar a balança, com poder de chantagem, já temos o PLURIPARTIDARISMO.
O Brasil de hoje, indiscutivelmente, é pluripartidário. Não temos apenas um terceiro partido forte, temos 5 ou 6, pelo menos.Se observarmos a dialética política nos últimos anos, diríamos que os dois partidos que rivalizam pelo poder seria o PT e o PSDB, mas o PMDB um partido maior que eles dois. É um terceiro partido maior do que os dois maiores, mas em termo de poder o PT e o PSDB são mais fortes. O poder no sentido de ocupar o Executivo e firmar oposição. A forte oposição de FHC ao PT e a oposição à Dilma é do PSDB. Mas o PMDB está sempre lá, e sempre do lado do governo. O PMDB apoiou FHC nos 8 anos e também apoiou Lula.
Figura emblemática é Sarney que fazia parte da ditadura, depois rompeu com a Ditadura quando ela caiu, depois virou Presidente na Democracia, depois apoiou FHC, Itamar Franco e depois quando Lula foi Presidente, ele foi um grande apoiador de Lula no Congresso. Então o PMDB está sempre no governo.
Temos também o DEM, PTB, PSD, O PV, que também uma representatividade forte. 
Duverger tem uma obra clássica chamada Partidos Políticos em que ele diverge dessa classificação bipartidarista porque ele entende que existe um terceiro sistema partidário que seria o UNIPARTIDARISMO. Quem não concorda com ele diz o seguinte: que não existe sistema de um só. Mas Duverger diz que embora seja incoerente ter um sistema de um só seria até mesmo antidemocrático, que o partido político é um instituto da democracia, mas nem sempre tão somente da democracia vai existir partido, é uma realidade histórica a existência do unipartidarismo e o maior exemplo disso é a União Soviética. Aliás, a idéia do unipartidarismo está na teoria de Lenin, líder da Revolução Russa que fez uma revisão na obra de Marx.E Revolução Bolchevique a necessidade do partido político ele acreditava que o partido político seria o grande educador da sociedade, seria o instrumento que organizaria a chamada ditadura do proletariado, o Partido Político seria o personagem principal no jogo político, na construção da revolução. A idéia de Lênin se fez presente na URSS no partido Comunista, na China, em Cuba, na Alemanha nazista aconteceu também. O Partido nazista em determinado momento promoveu a abolição dos outros. 
Indiscutivelmente, no bipartidarismo há uma maior estabilidade do poder. O Parlamentarismo só funciona de forma mais eficaz no bipartidarismo porque um regime pluripartidário como é o caso do Brasil, será que o parlamentarismo funcionaria? ou teria uma guerra de gabinete atrás da outra como aconteceu na Itália na década de 90 toda hora trocava o Primeiro Ministro porque nem o partido se entendia. No regime pluripartidário do Brasil ocorre uma promiscuidade e isso é uma coisa que se coloca em discussão no pluripartidarismo, então tudo tem o lado bom e o lado ruim. O lado ruim é a barganha por cargo político porque se tivesse apenas um partido de situação e outro de oposição não teria essa barganha. Isso é o que acontece no governo de Dilma em que há um divisão pelos ministérios. Fica uma disputa entre os partidos desestabilizando o próprio governo.
Hoje o que ocorre é a transformação das ideologias. Antigamente se falava em anarquismo, socialismo, totalitarismo, conservadorismo. Hoje se fala em ecologismo, feminismo, movimento gay, movimentos humanitários. Então as agendas passam a ser outra e as agendas precisam se organizar porque não necessariamente os interesses serão convergentes.
Os Partidos Políticos no Brasil
Evolução
A história dos partidos no Brasil representa a própria história da democracia brasileira, ou melhor, da anti-democracia por que a história do Brasil não é uma história de democracia, é uma história de golpes. O Brasil não se tornou independente por um movimento popular, foi o filho do Rei de Portugal que proclamou a independência, estabeleceu uma Monarquia praticamente absoluta e depois no segundo reinado, o poder moderador, abdicou do trono do Brasil pra voltar pra Portugal No Primeiro reinado, os partidos políticos praticamente não existiu. No segundo reinado, teve o Partido Caramuru que queria a volta de Portugal. Também existia ala conservadora. Só que existia o seguinte: todo mundo era dominado pelo imperador. Aí veio a República Velha e os partidos do Império desapareceram e surgiram os partidos regionais: o Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista que se alternaram no poder num momento em que a democracia ainda não estava estabelecida na República do Café com Leite na época dos coronéis. Tudo era armado, era conchavo. Uma curiosidade: em 1919 tivemos uma eleição curiosa para PR, no ano anterior Rodrigues Alves já tinha sido eleito para PR foi eleito de novo, só que antes dele tomar posse, ele morreu de gripe espanhola. A constituição estabelecia que o vice assumisse provisoriamente e seria convocada nova eleição. Então Delfim Moreira assumiu e convocou nova eleição, mas não foi uma eleição direta e sim por colégio eleitoral. Lançaram o nome de Tasso Pessoa que era embaixador do Brasil na Europa e como os meios de comunicação na época eram precários. Quando ele ficou sabendo já era pra ele voltar ao Brasil porque seu nome tinha sido lançado como Presidente. Ele nem sabia que era candidato e já teve que voltar ao Brasil para tomar posse. Os partidos eram uma farsa, eram oligarquias que favoreciam a poucos.
Logo após a Constituição de 30 surgiram 2 partidos grandes (coalizões): A Aliança Social Libertadora de Luís Carlos Prestes de esquerda, e Ação Integralista Brasileira de Plínio Salgado, de direita.
 Os partidos se dividiam em socialismo e fascismo. Em 1937 veio o Estado Novo, Getulio Vargas deu um golpe e estabeleceu a ditadura e ele acabou com a Justiça Eleitoral que tinha sido criada em 1932 e com todos os partidos políticos. Em 1945, Vargas foi deposto e o Brasil foi redemocratizado. Pela primeira
vez, de fato, surgiram partidos políticos no Brasil com identidade, com apaixonados seguidores. Os principais foram: UDN - que era um partido ligado ao capital estrangeiro, aos americanos, o PCB voltou à legalidade, PTB(GV) e o PSB(JK). Aí veio a ditadura militar e ela aboliu todos os partidos porque queria acabar com o populismo de Vargas, embora já estivesse deposto há 10 anos. Acabou com todos os partidos e impôs o bipartidarismo no Brasil: A Arena e MDB,em 1966. 
Até 1969 foi assim. Em 1979 como o MDB já estava fortalecido como oposição de verdade, acabaram com ele. Depois surgiram o PMDB, já não tinha tanta força, o PT, o PTB, o PDT.
Em 85 na eleição de Tancredo, teve a EC 25 que mudou o perfil partidário brasileiro porque com a criação do bipartidarismo de 79 havia muitas restrições para a criação de partidos, tanto é que só surgiram 6 e um deles foi o PT. Com a Emenda 25 liberou geral a criação de partido e a CF 88 continuou nessa perspectiva. Mais de 60 partidos surgiram depois disso. Hoje tem 28 partidos.
Essa fragmentação, em linhas gerais, é o principal motivo por termos partidos fracos. Não se construiu no Brasil uma identidade partidária.Quando começaram a ganhar identidade foram surrupiados. É verdade que alguns partidos, a partir de 85, vem criando identidade como é o caso do PT, mesmo assim a CF88 teve um caráter reativo muito forte. A CF foi criada pensando no futuro, reativa mas não foi apenas isso, Ela foi criada num contexto em que o Brasil acabava de sair do Regime militar e havia um certo revanchismo, tudo que era do regime militar era mal visto - essa foi uma característica da Assembléia Nacional Constituinte de 87/88 e isso refletiu nos partidos políticos. 
A questão da fidelidade partidária
Na época da ditadura existia fidelidade partidária, o individuo que não cumprisse as ordens do partido era expulso do partido e perdia o mandato mas isso era resquícios do regime autoritário. Muita gente entendeu que a fidelidade partidária era um instrumento de perseguição aí a CF estabeleceu que fidelidade e disciplina partidária seriam matérias a ser tratada pelos partidos políticos e não por lei.	
Aí o conceito do que seria fidelidade partidária mudou. Os Tribunais começaram a entender que fidelidade era a mesma coisa que indisciplina e não é. A disciplina é um instituto de direito privado, envolve o partido e seu filiado. Se ele é indisciplinado, ele vai ser punido pelo seu partido. A Infidelidade é um instrumento de direito público que vincula nem só o filiado ao partido, mas o filiado à própria sociedade. Exemplo: no sistema proporcional se vota no partido, já que a divisão das vagas é por partido. Na eleição majoritária, o candidato vai representar um partido, é uma forma de accontability. Não existe candidatura avulsa. Só que essa idéia de que indisciplina e infidelidade seria a mesma coisa gerou um problema. Se admitiu o troca-troca de partido. A infidelidade prevaleceu durante anos no Brasil e enfraqueceu muito os partidos políticos. Os que possuíam partido político começaram a trocar de partido visando seus interesses pessoais apenas em detrimento do interesse do eleitor. Teve um deputado que trocou de partido 7 vezes em 4 anos. 
Em 2007, o PFL começou a emagrecer, e fez uma consulta ao TSE para saber de quem pertencia o mandato. E o TSE se posicionou que o mandato pertence ao partido. A partir daí, o mandato deixou de ser representativo e passou a ser partidário. Isso foi importante para a busca do fortalecimento dos partidos políticos. A fidelidade partidária é fundamental para o partido se fortalecer. 
Existem alguns temas ligados à fidelidade partidária e que precisam ser analisados:
1-A infidelidade é sempre do filiado ou o partido também pode ser infiel? Se o partido muda de programa repentinamente, se começa a exigir dos filiados atitudes que não tem respaldo no estatuto, se começam a perseguir o filiado porque o presidente do partido não gosta dele. Nesse ponto o TSE foi feliz ao criar uma resolução 22.210 que possibilita a mudança de partido pelo filiado sem perder o mandato, sem ser caracterizada infidelidade partidária quando o filiado está sofrendo grave discriminação pessoal no caso de Clodovil; ou então quando o partido desvia profundamente o seu programa. O problema é que outras brechas continuam sendo abertas e uma delas permitiu que o deputado ou senador troque de partido sem perder o mandato se for pra fundar partido novo. É uma incoerência e prova disso é que o PST, que está sendo criado por Kassab é um verdadeiro saco de gato, porque estão se filiando gente de tudo quanto é tipo, ex-filiados de outros partidos que nao querem perder o mandato. Vê-se que está sendo criado um partido sem a menor ideologia, apenas para satisfazer alguns interesses.
Outra brecha ruim é que existe um prazo de 30 dias para o partido prejudicado pedir de volta o mandato do filiado infiel. Passando esse prazo, surge outro prazo de 30 dias para que o Suplente ou o Ministério Público possa também pedir o mandato. Terminado o prazo, consolida a mudança. Isso foi ruim porque não deram a oportunidade do povo agir como legitimado, depois o prazo é curto, exíguo. 
Em 2009, já se estava vislumbrando a eleição de 2010, houve um troca-troca de partido e ninguém pediu mandato de ninguém selando um acordo velado. Nem mesmo o Ministério Público agiu.
Para o TSE infidelidade partidária é a troca de partido. Apoiar candidato adversário para o TSE não é infidelidade partidária, nem votar contra o partido também não é. Bassuma saiu do PT porque o partido queria que ele votasse a favor do aborto, ele preferiu sair. Já Marina Silva saiu do PT por interesse pessoal, ela ficou como ministra durante 7 anos. Logo, ela cometeu infidelidade partidária, mas para o TSE não é infidelidade. No Brasil, a infidelidade partidária vem funcionando como uma farsa, seria importante que ela funcionasse de verdade para fortalecer os partidos.
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CP 20.09.doc
Ciência Política – 20/09/11
Soberania
Soberania é o pode que caracteriza o Estado e a sua diferença para autonomia é que para uma unidade de política autônoma tem até capacidade de auto organização, capa cidade de criação de direitos, mas lhe falta a característica de estado que é a soberania e esta por sua vez possui duas dimensões e que fazem com que dê identidade ao Estado, fazendo com que este estado seja reconhecido por sua personalidade internacional.
Dimensões:
Externas - A independência do Estado perante outros entes políticos.
Internas - Vem representar a imperatividade do poder estatal, a capacidade do estado de criar normas jurídicas e fazê-las cumprir, é a sua capacidade de se impor perante a sua população, fazer com que ela obedeça as suas normas. Isso é imperatividade, a soberania interna do poder estatal.
A soberania reflete uma série de características como o poder que o estado exerce sobre seu povo, o fato de tornar o Estado independente perante outros entes, permitir que internamente seja superior ao indivíduo e se imponha perante a população, tenha o poder de polícia. É evidente que se o homem é um é um ser político nessa forma de organização política que é o Estado, haverá luta pelo exercício da soberania, as pessoas buscarão conquistar o poder soberano do estado, a capacidade de exercer este poder soberano, de governar este estado e aí evidentemente, como já falamos em uma das primeiras aulas, dissemos àquela época que o poder era o pressuposto da sociedade, se reflete como ponto de equilíbrio de entre duas necessidades inerentes ao homem:
Necessidade de viver em sociedade
Necessidade de dominar o outro
O poder não é estático, é dinâmico, funciona como um objeto de cobiça, daí a idéia de que o homem é um animal político, e política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder. O poder por sua vez pode ser exercida de duas formas fundamentalmente:
Através da força bruta 
Através do poder da palavra, da ideologia, do convencimento
Destacamos que o poder
da palavra era mais forte que o da força, tendo em vista que o homem se submete mais dificilmente à imposição da força bruta pura e simplesmente, ele, no entanto, deve ser convencido, e quando isso acontece é muito comum ele se submeter até mesmo sem perceber que está sendo submetido, daí aquele que exerce o poder de certa forma conquista a legitimidade para o exercício deste poder.
O poder só permanece por longo tempo na Mao de um grupo se esse conquista na base da legitimidade.
A legitimidade é o alimento do poder, o poder sem legitimidade não sobrevive.
Legitimidade X Legalidade 
Nem todo poder legítimo é legal
Nem toda ordem legal é legítima
Uma coisa não depende da outra, por exemplo: imaginemos uma revolução, quando uma revolução acontece, o povo se mobiliza para derrubar o poder, ele não esta cumprindo com a legalidade, mesmo que seja uma ditadura, este regime mesmo assim possui sua legalidade.
Legitimidade tem uma contextualização um tanto subjetiva, tem uma idéia de apoio, reconhecimento, a idéia de liberdade, tudo isso está vinculado à imagem de legitimidade. O poder é legítimo quando ele é reconhecido, apoiado, aceito e não imposto.
A legalidade por sua vez pode ser imposta, por exemplo, numa ditadura, existe uma legalidade, mas as ordens são impostas, vem de cima para baixo, mas não existe necessariamente a legitimidade. Por outro lado num processo revolucionário observamos uma mobilização popular, mobilização, apoio, garantia da liberdade de expressão contra uma legalidade imposta.
A legitimidade nem sempre anda junto com legalidade, pode acontecer, e não é incomum, mas também como observamos nos exemplos acima pode também não acontecer.
A legitimidade é o alimento do poder, e este só sobrevive se é legítimo. Quando ele existe sem legitimidade a tendência é a revolução, as pessoas não se contentam de viver sob pressão. Aquele que está no poder busca a legitimidade.
Durante toda a história da humanidade teorias foram desenvolvidas para legitimar o poder dominante, aqueles que estavam no poder se embasavam muitas vezes em filósofos, ou simplesmente no seu próprio poder de convencimento para legitimar o poder que exerciam. Isto vem desde o estado antigo. Desde o estado antigo sempre se buscou teorias para legitimar o poder soberano, para afirmar a quem pertence a soberania, quem é o titular da soberania (até hoje isto é questionado). Essa pergunta também está vinculada à questão da legitimidade. Se a soberania é o poder pertence ao povo, é muito mais fácil, nos dias de hoje, que este poder obtenha sua legitimidade e não é infreqüente vermos ditaduras com uma máscara, uma sombra de democracia, para tentar justificar a ditadura.
A questão da titularidade
Concepção Teocrática
As primeiras teorias que se desenvolveram para justificar esta legitimidade do poder foram as chamadas Teorias Teocráticas que enfatizavam que o poder era algo divino. Teocracia governo da autoridade de Deus.
Lembrando das estruturas políticas da antiguidade, observemos o Egito antigo em que tínhamos um governo em que o próprio líder político, o Faraó se intitulava Deus, era uma estrutura politeísta. O Faraó era um dos Deuses e na verdade o mais importante, pois estava ali, não necessitava de intérprete, manifestando sua vontade, e como era um ser diferenciado frente às outras pessoas, ele tudo podia, tinha essa ascendência política perante os outros indivíduos. 
No contexto do Egito antigo e das demais civilizações da antiguidade nasce a primeira doutrina teocrática que busca justificar a soberania:
1ª concepção da Teoria Teocrática
Natureza Divina dos Reis - O Rei naturalmente é Deus, por isso ele pode tudo, tem uma condição de superioridade.
Historicamente o cristianismo passou a dominar a Europa e tinha como rivais os mulçumanos, por exemplo, o judaísmo monoteísta. Cristo havia dito: “... daí a Cézar o que é de Cézar e daí a Deus o que é de Deus...” e quando ele fala isso sugere separar a igreja do estado, e era justamente o que os governantes não queriam, pois esta era a justificativa para se manter no poder. Porém como o cristianismo crescia largamente e os imperadores passaram a ver seu poder questionado e ameaçado, Teodósio reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano e Constantino oficializou, pois perceberam que não havia mais combater aquela fora que dominava cada vez mais a sociedade. Já não cabia mais falar a Natureza Divina dos Reis.
Naquela época se sabia que manter a religião atrelada ao Estado era uma forma de manter poder, e isso passou a ser interessante para ambos. Deixar que houvesse separação seria uma perda de poder, então o poder soberano deixou de se justificar como sendo de Natureza Divina e passou a se justificar como uma nova teoria teocrática, chamada de:
Teoria da Investidura Divina dos Reis – passou a ser a doutrina majoritária.
A Idéia presente nesta nova teoria e que prevaleceu dominante até a idade moderna, na época do absolutismo monárquico. O Rei passou a ser um homem mortal, não mais uma entidade sagrada, porém era mais especial que os outros, ele era o “escolhido de Deus”, ele fala em nome de Deus e tinha uma autoridade quase que divina, pois embora não seja Deus, foi o escolhido para falar em seu nome. Então mudou a capa, mais a essência era a mesma, governo (Estado) e religião continuavam unidos e trilhando por interesses semelhantes. Ideologicamente se muda o contexto.
Observamos movimentos interessantes nesta época:
Henrique VII rompendo com a Igreja católica na Inglaterra e fundando sua própria Igreja: Anglicana
Calvino e Lutero na Alemanha dando início à revolução protestante, que foi uma luta religiosa e política tentando não mais se submeter ao poder do Papa. 
Ocorre que na Inglaterra em 1688 houve a revolução Gloriosa com o fim do absolutismo monárquico, mas observamos que a revolução inglesa, diferente da francesa não causou uma verdadeira ruptura com o passado, foi na verdade um grande acordo, um conchavo:
O direito inglês se manteve com suas mesmas bases, o “Comon Law”
A manutenção da própria monarquia como regime de governo
Diferente do que ocorreu na França onde toda a família real foi morta.
Era necessário que na Inglaterra se estabelecesse uma nova doutrina de legitimidade da soberania que fosse um meio termo entre a Democracia e a teocracia, pois por um lado era necessário se garantir que o poder não ficasse nas mãos do rei e sim na burguesia, que ele tivesse um caráter mais popular e por outro lado, era necessário que nesse acordo era necessário justificar a monarquia, a sobrevivência da igreja anglicana (cujo representante maior era o soberano político – o Rei da Inglaterra). Surge uma terceira doutrina teocrática que pode ser considerada como uma doutrina de transição: 
2ª Concepção da Teoria Teocrática
Doutrina da Investidura Providencial - Doutrina desenvolvida como doutrina da soberania que dirá que o rei é o escolhido e nomeado de Deus, porém o poder político é exercido pelo povo, pois o Rei é o representante de Deus , mais o poder de Deus não era do rei e sim do povo. Deus falava pelo povo. A voz do povo é a voz de Deus. O rei perdeu espaço, perdeu o poder.
Enquanto neste momento esta doutrina era observada na Inglaterra, na França 100 anos depois, na revolução francesa a realidade será diferente, não haverá conchavo, a revolução será sangrenta e não mais se via a necessidade de justificar uma monarquia, de se justificar o poder como algo divino, já não tinha mais por quê. O que prevalece após a revolução francesa é que o poder não é nada divino e sim humano.
Concepção Democrática
Neste momento as doutrinas teocráticas são substituídas pelas doutrinas democráticas. O poder é algo cultural, algo humano, titularizado pelo povo e nesta época se falar em doutrina democrática não necessariamente significa uma participação de todos, de igualdade, não era exatamente isto, observamos neste momento houve na prática a mudança do poder de uma elite para outra.
E aí a primeira doutrina democrática a ser adotada, no âmbito de uma revolução francesa reflete muito bem isto.
Da teoria democrática surgem 2 teorias:
1ª Teoria Democratica
Doutrina da Soberania Nacional (Emanoela Sieyés – Abade Sieyés): figura importantíssima no âmbito do direito constitucional. Lançou um livro muito importante entitulado: O que é o Terceiro Estado, escrita durante a revolução francesa e preconiza a idéia do poder constituinte como um poder diferenciado, criador da constituição e esta como algo diferente da lei, mais rígida, superior, pois é o Abade Sieyés que cria esta idéia e ainda diz que de todos os estados gerais da França (Nobreza, Clero e Terceiro estado – Povo) o único que importa é o terceiro estado, pois é esse quem produz, que paga os tributos, ou seja, que mantém a França e esta sobrevive sem a Nobreza, sem o Clero, mas não sem a máquina propulsora da economia.
A concepção é de que - o poder emana da coletividade, da nação e não do indivíduo, parte daí a idéia de soberania nacional. A soberania nasce da coletividade, da nação de não do indivíduo isoladamente, e se a soberania é da coletividade, e em nome desta nação nem todos precisaria falar, uma minoria pode falar em nome de todos e esta minoria seria a burguesia (a representante do terceiro estado).
Entenda como a burguesia inserida num universo definida como terceiro estado, porém seus interesses eram bem diferenciados da grande massa, ela almejava o poder, tendo em vista até mesmo sua diferenciação econômica frente ao povo e também frente à nobreza que não possuía tantas mais riquezas como outrora. 
Sendo um poder coletivo, dentro da coletividade cada pessoa exerce uma função diferente e aí então existia aquelas pessoas que a elas caberia exercer o poder político, tomar decisões, exercer a soberania.
A doutrina da soberania nacional não deixa de ser elitista e segregacionista diferente do que imaginamos hoje de sufrágio universa, participação de todos, igualdade, o discurso era de que precisava manter a ordem, manter o direito de todos, mas que alguns eram mais aptos que outros. A lógica é de que o poder emana da nação e não do indivíduo, e este poder mesmo emanando da nação será, na prática, representado por uma minoria. 
Esta doutrina defendia:
O sufrágio restrito ou sensitário: Defendia só os ricos, só quem tem dinheiro é quem poderia votar.
O sufrágio capacitário: Só que tinha determinado grau de instrução é quem poderia votar que poderiam participar das decisões.
Ou seja, não era para dar poder para todo mundo. Vamos concentrar o poder nas mãos de uma minoria “mais capacitada” para que esta represente a massa populacional. Ocorre que a democracia se desenvolveu, se expandiu, os trabalhadores se organizara, e a democracia liberal deu espaço para uma democracia mais social. Diante deste contexto toda doutrina da soberania nacional perdeu espaço e deu lugar à segunda doutrina democrática que conhecemos e que vigora até hoje, inclusive no Brasil.
2ª Teoria Democrática
Doutrina da Soberania Popular – Rousseou, cada individuo tem uma fração da soberania (as somas das frações individuais das soberanias).
Soberano é o povo e não a nação. A soberania encontra-se em cada indivíduo, cada pessoa carrega consigo uma fração da soberania, então o poder soberano, o poder da nação, do estado nada mais é que a soma de soberanias individuais.
Cada indivíduo tem sua importância, é a história do “um homem, um voto” o voto do mais rico tem o mesmo peso e valor que do mais pobre ou do analfabeto. 
A lógica da soberania popular tem por idéia principal: Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. A Constituição brasileira de 1988 prega esta doutrina e nela tem escrito esta frase. Temos também como premissa o sufrágio universal onde todos têm o direito de participar, mas evidentemente nem todos o fazem, por questões óbvias: as crianças apesar de ter cidadania não têm condições de exercer certas responsabilidades civis (como o voto, por exemplo). 
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CP 27.09.doc
Ciência Política – 27/09/11
Separação dos poderes
Estudamos a revolução do estado e vimos que o estado moderno nasceu com a Idade Moderna, por volta do sec XV, quando tivemos a aliança entre a burguesia com os pobres que terminou levando a formação do estado moderno, que passou a ter uma perspectiva absolutista no seu regime político, regime político predominante nos estados nacionais modernos, no inicio da idade moderna foi o absolutismo monárquico. E no absolutismo monárquico evidentemente o poder está todo concentrado nas mãos do rei, a perspectiva era uma administração baseada no poder soberano do rei, concentrado e investido no rei.
Ocorre que vimos também com o passar do tempo tivemos o fortalecimento cada vez maior da burguesia que culminou com a revolução industrial. Na revolução industrial a burguesia antecede o capitalismo, vence o feudalismo e antes essa perspectiva a burguesia começou a fazer o movimento de ruptura com o absolutismo. O sec XVII foi o palco para as revoluções burguesas na Inglaterra, onde falamos do petition of rights, da revolução de Chroma 1653, habeas corpus ET 1679, principalmente em 1688 e 89 quando ocorreu a revolução gloriosa com a coroação de Guilherme de Orange e a assinatura do documento histórico chamado bio of rights marcando a separação do poder na Inglaterra, o fim do absolutismo monárquico, o rei continuaria a ser rei, porém o poder maior era do parlamento.
Estas perspectivas da separação do poder foram as idéias de Jonh Locke que iniciaram a separação dos poderes na Inglaterra após a revolução gloriosa.
Concepção de Locke
Tivemos a partir da idéia de Locke, a idéia de separação, poderes bipartites, a bipartição dos poderes. Porque o que aconteceu na bipartição que Locke defendeu: tínhamos o executivo e o legislativo, o judiciário continuou incorporado ao executivo.
Observamos que o Bio Of Rights, a separação dos poderes a partir da perspectiva de Locke essa bipartição:
Executivo cabendo a ele executar e julgar, aplicar a lei;
Legislativo cabendo a ele legislar e fiscalizar.
Na visão de Locke dos dois poderes o mais importante seria o legislativo. Na visão de Locke temos não somente uma bipartição executivo e legislativo, porque o executivo engloba o judiciário e o legislativo ele se torna o mais importante. O parlamentarismo reforçou ainda mais o poder legislativo.
Concepção de Montesquieu
Na revolução francesa vai se adotar outra concepção das separações dos poderes, que é a concepção de Montesquieu.
A concepção de Montesquieu é a concepção da tripartição dos poderes:
Executivo
Legislativo
Judiciário
Esta tripartição inicialmente parte do pressuposto da harmonia entre os 3 poderes, não haveria nenhum poder superior ao outro, os 3 poderes estariam no mesmo nível, teriam a mesma importância.
Temos que pensar que a concepção de estado que foi criada com a revolução francesa era do estado liberal mínimo. Neste estado liberal mínimo lembramos que o federalismo por exemplo ele adotou a perspectiva de federalismo dual, cada um na sua e só com o estado social de direito é que se formou o federalismo cooperativo. A mesma coisa ocorreu na chamada operação horizontal dos poderes que é esta separação entre executivo, legislativo e judiciário.
A perspectiva inicial dessa separação na visão de Montesquieu era cada um na sua:
Ao executivo caberia executar, administrar;
Ao judiciário caberia resolver os conflitos, julgar, função jurisdicional;
Ao legislativo caberia legislar e fiscalizar também o executivo já que esta era a função típica do parlamentarismo muito antes até da própria função legislativa.
Esta era a função típica de cada poder seria exercida assim teria o equilíbrio entre os 3 poderes.
Perspectiva contemporânea
Mas com o passar do tempo o estado se tornou mais complexo, as revoluções do sec XIX, as transformações do estado do sec XX a partir da crise de 29, da segunda guerra mundial, levaram a formação do estado social
de direito, o estado passa a ter um papel mais atuante, ele não é mais omisso, passa a praticar políticas publicas e diante da maior complexidade do estado vamos ter uma maior necessidade de interação entre os poderes.
Hoje a principio a quem cabe legislar? ao legislativo. Mas as medidas provisórias são o que? É o executivo legislando.
E qual é o argumento que tem para que o executivo legisle? Urgência e Relevância. Ou seja, diante de uma necessidade de urgência e relevância é possível abrir uma exceção para que o executivo legisle.
Da mesma forma quem é que julga um parlamentar corrupto por crime de irresponsabilidade, quebra de decoro? São os próprios parlamentares, os próprios pares. Porque se entendeu que se o judiciário assim quisesse estaria interferindo na esfera do poder. 
Sistemas Eleitorais
Conceito: é o conjunto de regras utilizadas para a determinação dos vencedores em um processo eleitoral. É a questão de que toda competição tem um regulamento, todo jogo tem suas regras, o Sistema Eleitoral também tem. Ele define os critérios que vão decidir quem serão os vencedores das eleições.
Existem dois tipos de Sistemas Eleitorais:
Sistema Majoritário
Sistema Proporcional
Sistema Majoritário
O Majoritário é o sistema da maioria, ganha quem tem mais votos. Agora essa maioria exigida pode ser dividida em duas espécies:
Majoritário Simples
Majoritário Absoluto
No Majoritário Simples ganha o candidato mais votado, independentemente do desempenho de seus adversários. Basta que ele seja o mais votado. Por exemplo: em um Condomínio existem 70 moradores, cada um tem direito a um voto. No dia da eleição para síndico:
-31 não compareceram (chama-se de abstenções)
-39 pessoas compareceram – são os habilitados a votar. 
Dos 39:
-6 anularam o voto
-4 votaram em branco
Sobraram 29, que são os votos válidos.
Os votos brancos e nulos não servem para nada. Algumas pessoas acreditavam, em virtude de correntes na internet, que os votos brancos e nulos iriam para o candidato mais bem votado, o que não ocorre.
Acreditavam também que se a maioria dos votos de uma eleição fossem nulos que anulariam uma eleição, o que também não acontece.
O TRE já firmou entendimento pacífico no sentido de que o artigo 224 do Código Eleitoral entende que se um individuo vota branco ou nulo, ele está perdendo o seu voto. Se 90% das pessoas anularem os seus votos, os 10% restantes salvam a eleição. 
O art. 224 do Código Eleitoral diz que: Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
 § 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador Geral, que providenciará junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.
 § 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos neste capítulo o Ministério Público promoverá, imediatamente a punição dos culpados.
Só que o Direito está sujeito a interpretações. O Tribunal Superior Eleitoral já decidiu que quando o art. 224 diz que a maioria dos votos nulos anulam uma eleição, só deve ser aplicado esse artigo a uma hipótese: quando a nulidade for posterior à eleição, ou seja, candidato ganhou no primeiro turno da eleição, foi o mais votado, passada a eleição ele respondeu a uma impugnação de mandato eletivo, foi condenado por ter cometido corrupção nas eleições, como compra de voto, por exemplo tendo como conseqüência a nulidade dos seus votos obtidos. Se essa nulidade corresponder à maioria absoluta dos votos na eleição, se fará uma nova eleição, porque o TSE entende que a vontade do eleitor não teria sido respeitada se chamasse o segundo colocado. Vamos supor que o primeiro colocado tivesse 90% dos votos e o segundo, 5%. Logo, o segundo colocado não teria legitimidade para assumir o cargo. Assim, o TSE entende que teria que haver uma outra eleição.
Agora se no dia da eleição, o indivíduo vota nulo ou branco ele escolheu se omitir, os outros decidirão a eleição por ele. Nesse caso ele não pagará multa diferente do caso de ele não ir for votar, que ele estará sujeito às sanções legais. Justificar é o mesmo que votar. Uma pessoa que esteja viajando ou tenha outro impedimento tem o prazo de 60 dias para justificar o voto.
Hoje não mais existe diferença entre voto branco e voto no passado o branco entrava no cálculo do quociente eleitoral no voto proporcional.
Era comum a candidatura de animais nas eleições como o macaco Tião que era o macaco mais conhecido no Zoológico do Rio de Janeiro, sendo o candidato mais votado naquela eleição. Assim como o macaco Tião temos hoje figuras folclóricas na política como o palhaço Tiririca.
A Comissão de reforma política do senado vai apresentar um projeto para manter o voto obrigatório. Aécio Neves defende que o voto facultativo seria perigoso no Brasil porque no momento de crise é necessário que se chame o povo para decidir, e se o voto fosse facultativo muita gente iria deixar de votar e iria comprometer a legitimidade da votação.
Críticas ao Sistema Majoritário
No sistema Majoritário Simples quem vence é o candidato que tenha mais voto. Vamos supor que em uma eleição de sindico tinha 4 candidatos: A, B, C e D. A teve 11 votos, o B,9, o C, 5 e o D, 4. O candidato A ganhou, só que tem uma crítica a esse sistema porque o candidato pode ser o vencedor, nesse sistema, mesmo não sendo a vontade da grande maioria, ele teve a maioria simples, relativa. Esse sistema não preserva a legitimidade do processo. Ele permite que um candidato com uma rejeição alta represente a todos. Por exemplo, Paulo Maluf tem uma rejeição bastante alta, mas foi eleito o segundo candidato a deputado mais bem votado de São Paulo e em 2006 foi o mais bem votado.
O sistema é majoritário simples apenas em duas situações: 
Eleições para Prefeito de Municípios com até 200.000 eleitores
Eleição para Senador em apenas um turno. 
O Senador tem mandato de 8 anos, mas tem eleição de quatro em quatro anos para a renovação da Casa. Já os Deputados são eleitos pelo sistema proporcional, depende da população de cada Estado.
Nas eleições para Presidente da República, Governador e Prefeito a partir de 200.000 eleitores as eleições ocorrem pelo Sistema Majoritário Absoluto. Nesse sistema, busca-se que o vencedor seja aquele que tenha mais votos válidos do que a soma de todos os seus adversários (mais de 50%).Foi o que aconteceu na eleição de Jacques Wagner que teve a maioria absoluta dos votos e venceu no primeiro turno.
O segundo turno acontece entre os dois mais votados, e o vencedor será o que obtiver mais votos. Se ocorrer um empate, o mais velho vence a eleição.
Sistema proporcional
No Sistema Proporcional dividem-se as vagas em disputa proporcionalmente entre os partidos políticos. Os partidos políticos lançam vários candidatos com o intuito de angariar mais votos. Quanto mais votos, mais vagas o partido pode ganhar.
Calculo do número de vagas
O grande problema das eleições proporcionais é o calculo exato das proporções devidas a cada partido. Como o número de votos quase nunca é um múltiplo exato da proporção entre cadeiras e eleitores, um sistema de arredondamento e redistribuição das vagas não preenchidas precisa ser utilizado. No Brasil utiliza-se um método conhecido como quociente eleitoral para o calculo das proporções e outro conhecido como distribuição das sobras para ocupar as cadeiras não preenchidas pelo quociente eleitoral. Este sistema é grosso modo equivalente ao método D'Hondt utilizado em portugal e diversos países europeus, mas se utiliza uma metodologia diferente para efetuar os cálculos.
O quociente eleitoral é definido como o total de votos válidos dividido pelo número de vagas (este valor é equivalente
ao quociente Hare). Cada partido então tem seus votos divididos por este quociente e obtém-se assim o quociente partidário. A parte inteira desse quociente corresponde ao número de vagas reservadas àquele partido. As vagas restantes são divididas usando-se o método de distribuição das sobras entre os partidos que houverem atingido o quociente eleitoral. Esta forma de cálculo é equivalente ao método D'Hondt com um cláusula de barreira no valor do quociente eleitoral.
Exemplo:
- 1.200.000 eleitores
- 100.000 abstenções
- 60.000 votos nulos
- 40.000 votos brancos
- 1.000.000 votos válidos
- 100 vagas de vereador em disputa
Quociente eleitoral = 1.000.000/100
QE = 10.000 - nº de votos necessários para que um partido eleja um candidato
Partido A – 32.000/10.000 = 3 vagas
Partido B – 17.000/10.000 = 1 vaga
Partido L - 43.000/10.000 = 4 vaga
PN – 100/10.000 = nenhuma vaga
PH-PI-PJ – 11.200/10.000 = 1 vaga
Coligação PD-PE – 72.000/10.000 = 7 vagas
PF – 9.999/10.000 = nemhuma vaga
Soma das vagas = 97 – nas 3 vagas restantes é feito o calculo das sobras (Victor D´Hant)
PA – 32.500/4 (3 vagas + 1) = 8.125
PB – 17.100/2 = 8.550
COL. PD-PE – 72.000/8 = 9.000 – ganha 1 vaga.
PF – 9999/1 = 9.999 – Está fora da disputa porque não conseguiu nenhuma vaga, e isso acontece com todos os outros partidos.
Alguns partidos vem pleiteando a foma de votação através da Lista Fechada, ou seja, o voto seria no partido e o mesmo definiria quem seria eleito (selecionado). O Presidente do partido é quem definiria as regras. Mas, tem recebido críticas por não ser uma forma democrática de votação.
Criticas ao sistema proporcional
Entre os fatores mais criticados no sistema eleitoral proporcional brasileiro estão os limites mínimo e máximo para cada estado entre os deputados federais. Estes limites impediriam uma verdadeira proporcionalidade do voto, valorando o voto nos estados com menor população, em detrimento dos estados mais populosos. Na eleição de 1998, por exemplo, foram necessários mais de 333.000 votos para eleger um deputado por São Paulo. Já em Roraima, a eleição era possível com apenas 17.000 votos. Haveria, dessa forma, uma violação do princípio "um homem, um voto", ou nos termos da constituição de 1988, um voto não teria "valor igual para todos". Esta crítica entretanto não se aplica diretamente ao sistema proporcional, mas sim aos limites específicos impostos pela constituição no número de representantes de cada estado.
Outra crítica ao sistema proporcional de lista aberta adotado no Brasil aponta a possibilidade de eleger representantes que obtiveram votação inferior a outros que não se elegeram, podendo até eleger candidatos que não obtiveram votos. Um exemplo disso ocorreu nas eleições de 2002, quando o candidato Enéas Carneiro, do PRONA, obteve seis cadeiras para o partido apenas com os seus votos. Os eleitos foram Enéas, com 1.573.112 votos, Amauri Robledo Gasques, com 18.417 votos, Professor Irapuan Teixeira, com 673 votos, Elimar Damasceno, com 484 votos, Ildeu Araújo, com 382 votos e Vanderlei Assis, com 275 votos.
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