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Comunidades do mar Aberto

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1 
O AMBIENTE MARINHO – AS COMUNIDADES DO MAR ABERTO 
 
 
 
A primeira apostila apresentada sobre o ambiente marinho, teve por 
objetivo fornecer informações básicas a respeito dos aspectos oceanográficos, 
físicos e químicos dos oceanos. Passaremos agora para os aspectos 
ecológicos deste ambiente, dando ênfase à estrutura e à dinâmica das 
comunidades. 
 
Estrutura: 
 O mar aberto não possui comunidades distintas como acontece com os 
os ambientes terrestres. Isto se deve, principalmente, a dois fatores: a 
ausência de uma vida vegetal de grande porte e o livre movimento do 
plâncton e do nécton que, em geral seguem as correntes dos mares e 
oceanos. 
Plâncton (Gr. planktos = errante): Organismos vivos, de natureza vegetal 
(fitoplâncton) ou animal (zooplâncton), que não se encontram fixos a 
nenhum tipo de substrato, e que passam toda a vida, ou parte dela, na 
coluna d’água, onde flutuam de uma forma mais ou menos passiva. 
 
Fitoplâncton (Gr. phyton = vegetal + planktos = errante): Forma dominante 
de produtores primários no oceano. Acham-se amplamente dispersos nas 
águas, basicamente ria zona fótica, uma vez que a luz atua como fator 
limitante para a atividade fotossintética. A composição do fitoplâncton varia 
sazonal e geograficamente, em função da intensidade luminosa, da 
temperatura, quantidade de nutrientes e efeito da predação. As águas 
neríticas e as zonas de ressurgência são mais ricas em fitoplâncton. As 
diatomáceas são particularmente importantes nos mares temperados e frios, 
enquanto que os dinoflagelados dominam os habitats tropicais. Estes 
podem, por vezes, atingir concentrações tais na massa d’água de originar o 
fenômeno da maré vermelha, freqüentemente tóxica para os demais 
organismos. 
Os cocolitoforídeos constituem um tipo especial entre os organismos 
do fitoplâncton, pois possuem a capacidade de nadar, estando 
universalmente distribuídos por todos os mares, com exceção das águas 
árticas. 
 
Zooplâncton (Gr. zoion = animal + planctos = errante): Os organismos do 
zooplâncton estão divididos em duas categorias: 
 Holoplâncton (Gr. holos = inteiro): organismos que completam seu ciclo 
de vida no plâncton. Exemplos: ctenóforos, sifonóforos, pterópodos, 
copépodos, eufausiáceos (krill), salpas e quetognatos. 
 Meroplâncton (Gr. meras = parte): organismos que passam parte da 
sua vida no plâncton, e parte no nécton ou no bentos. Exemplos: 
larvas de poliquetos, de moluscos, de crustáceos, de peixes, e de 
equinodermos e fase medusóide de celenterados. 
O zooplâncton é constituído por consumidores primários como 
ostrácodos, eufausiáceos, larvas de gastrópodes e bivalves. Os consumidores 
secundários estão representados, entre outros, pelos ctenóforos e 
quetognatos. Existem também organismos de hábito onívoro, tais como os 
copépodos, os mais numerosos componentes do zooplâncton. 
 A composição do zooplâncton varia em função dos mesmos fatores que 
influenciam o fitoplâncton. As formas maiores ocorrem nas águas costeiras, 
de baixa profundidade; e as menores nas águas profundas do mar aberto. 
Na plataforma continental, aparece uma grande quantidade de larvas de 
peixes (alevinos) e de organismos bentônicos. 
 2 
A diversidade de espécies que ocorre em uma determinada área 
reflete as condições químicas e físicas do ambiente. O mar aberto apresenta 
uma menor diversidade pela sua homogeneidade e baixa concentração de 
nutrientes. A abundância varia também segundo os mesmos parâmetros, 
sendo que as águas temperadas sofrem o efeito das mudanças sazonais na 
temperatura de uma forma mais drástica do que as águas tropicais. 
 
Nécton (Gr. nektos = natante): Organismos de natureza animal que passam 
toda vida, ou parte dela, na coluna d’água, sendo capazes de nadar 
ativamente, vencendo as correntes. Alimentam-se do plâncton e transferem 
energia para níveis tróficos mais elevados nas cadeias alimentares oceânicas. 
Os consumidores primários estão representados por uns poucos peixes 
herbívoros, como a anchoveta (Engraulius ringens) das correntes de 
ressurgência do Peru. Os consumidores secundários incluem a grande 
maioria dos organismos nectônicos que utilizam tanto a filtração como a 
predação nas suas estratégias alimentares. Exemplos: baleias filtradoras 
(Mysticeti), formas jovens de peixes (alevinos), e teleósteos cm geral. Os 
consumidores terciários e os predadores de topo estão representados pelos 
salmões, lulas, golfinhos, tubarões e baleias (Odontoceti). 
Alguns destes organismos estão restritos a zona fótica, outros se 
localizam nas camadas mais profundas do meso e do batipelágico. Os 
habitantes destas águas estão representados por pequenos peixes (15 cm ou 
menos), e por algumas formas maiores, como a lula gigante (Architeuthis). No 
batipelágico, a bioluminescência atinge o seu maior desenvolvimento, sendo 
que dois terços das espécies produzem luz (alguns peixes e lulas). 
As regiões não iluminadas do meso e batipe1ágico dependem da 
chamada “chuva de detritos”, provenientes das camadas superiores para a 
obtenção de nutrientes. A taxa de decantação destes detritos é tão lenta que 
a maior parte é consumida, decomposta ou dissolvida antes de chegar ao 
fundo, limitando drasticamente a ocorrência de vida nestas regiões. Outras 
fontes alimentares partem até estas zonas na forma de plâncton saprofítico, 
matéria orgânica particulada, importe de material das zonas costeiras que 
descem pela plataforma continental, lixo de navios e corpos de animais de 
grande porte. 
 
Bentos (Gr. benthos = o fundo do mar): Organismos, animais e vegetais, que 
vivem associados ao fundo de diversas formas, durante toda a sua vida ou 
parte dela. 
Os organismos do bentos são influenciados pela natureza do 
substrato. Este pode variar de um substrato duro, rochoso, onde predomina 
a epifauna (organismos que vivem sobre o substrato) até um substrato não 
consolidado, onde predomina a infauna (organismos que vivem enterrados). 
O tipo de substrato varia com a profundidade, e está relacionado com a 
natureza dos continentes mais próximos, e das plataformas continentais. Os 
sedimentos marinhos mais profundos são caracterizados por partículas 
menores, e pela matéria orgânica decantada. Esta, porém, possui pouco 
carbono para decomposição e reciclagem e é constituída, principalmente, por 
fragmentos dos esqueletos de organismos planctônicos, formando as 
chamadas “vasas de foraminíferos e radiolários”. 
Os sedimentos marinhos possuem uma camada superficial, 
relativamente oxigenada, que abriga a maioria dos organismos bentônicos. 
Nas regiões mais profundas, encontramos copépodos (Marpacticcida), 
crinóides, holotúrias, anfioxos, esponjas, anêmonas e algumas estrelas-do-
mar, além de uma grande quantidade de bactérias aeróbicas. Abaixo desta 
camada encontra-se uma faixa anóxica, habitada quase que exclusivamente 
por bactérias anaeróbicas. 
As bactérias constituem um importante elo da cadeia alimentar dos 
fundos oceânicos, podendo chegar a dezenas de gramas por metro quadrado 
 3 
nas camadas superficiais. Elas sintetizam compostos protéicos a partir dos 
nutrientes dissolvidos, e tornam-se fonte de proteínas, óleos e gorduras para 
os organismos do fundo que apresentam, na sua maioria, um hábito 
alimentar detritívoro. 
 
Dinâmica: 
Apesar de os oceanos ocuparem 70% da superfície da terra, e de 
possuírem uma profundidade média de 4.000 m, a produtividade primária, 
neste ambiente, é consideravelmente menor do que a do ambiente terrestre. 
Isto se deve aos limites impostos à vida vegetal pela zona fótica, que atinge 
no máximo 100 m de profundidade, e pelo fato de as águas oceânicas 
abertas serem pobres em nutrientes, determinando uma distribuição 
agregada (em manchas) do fitoplâncton. Verifica-se uma constante perda dos 
nutrientes por decantação, a partir da zona fótica. Este fato favorece a biotadas águas mais profundas, ocasionando, porém, uma rarefação do material 
necessário para a existência de uma maior abundância de organismos nas 
camadas superiores. Esta perda é mais drástica nas águas tropicais, onde 
uma estratificação térmica mais marcada impede a circulação das águas e, 
portanto a reciclagem dos nutrientes perdidos para o fundo. Dessa forma, 
apesar das altas intensidades luminosas, e altas temperaturas, os mares 
tropicais apresentam uma baixa produção, por volta de 3,79 x lO9 tonC/ano 
(toneladas de carbono por ano). 
Os oceanos temperados são mais produtivos, pois nestes não se 
forma uma estratificação térmica (termoclina) permanente. Durante a 
primavera e o outono, estas águas sofrem uma circulação, devido às 
mudanças marcantes na temperatura, permitindo uma melhor reciclagem 
dos nutrientes. Nesta fase, ocorre um grande desenvolvimento do 
fitoplâncton e, conseqüentemente, dos demais organismos em outros níveis 
tróficos. No fim da primavera e começo do verão, as águas se tornam 
novamente estratificadas, devido à estabilização da temperatura. O 
fitoplâncton começa a esgotar os recursos disponíveis, e a sua densidade 
diminui, até que uma nova circulação ocorra no início do outono, quando as 
camadas superiores da água se resfriam e descem, dando lugar às águas 
mais quentes e profundas, ricas em nutrientes. 
Mesmo no inverno, as águas temperadas apresentam valores de 
produção ligeiramente superiores às das águas tropicais, ou seja, 4,22 x lO9 
tonC/ano. As áreas mais produtivas dos oceanos estão nas zonas de 
ressurgência e zonas costeiras, com valores que chegam a 6,90 x lO9 
tonC/ano. 
A contribuição das regiões bentônicas para o cálculo da produção 
total do ambiente marinho é levada em consideração, apenas no que toca as 
águas mais rasas da zona costeira. No mar aberto, esta é desprezada, pois 
devido às grandes profundidades a matéria orgânica produzida está 
praticamente inacessível às camadas de água superiores. 
A transferência do material produzido pelo fitoplâncton para tecido 
animal é realizada pelo zooplâncton herbívoro, principalmente copépodos. 
Nas águas antárticas, os herbívoros dominantes são os eufausiáceos, que 
servem de alimento para as baleias filtradoras, entre elas, a baleia azul. 
As zonas costeiras e de ressurgência apresentam geralmente menos 
níveis tróficos do que as comunidades pelágicas oligotróficas (Gr. Oligos = 
pouco + trophos = comer) do oceano aberto. A biomassa de peixes é menor 
nestas últimas comunidades, devido as perdas substanciais de energia ao 
longo dos níveis tróficos, que são mais numerosos. 
A anchoveta, da corrente de ressurgência do Peru, pode eliminar o elo 
da cadeia alimentar constituída pelo zooplâncton, alimentando-se 
diretamente do fitoplâncton, diminuindo, desta forma, a perda de energia do 
sistema. Esta espécie se reproduz ao longo do ano, mesmo que sua atividade 
reprodutiva esteja concentrada nos meses de abril e maio, no hemisfério sul, 
 4 
e, em setembro, no hemisfério norte. Os ovos possuem pouco vitelo, e os 
alevinos dependem da presença de alimento em abundância ao seu redor. A 
mortalidade é alta, pois as larvas e os ovos pelágicos são predados em 
grande parte pelos organismos que se alimentam do plâncton, incluindo as 
anchovetas adultas. Estas são predadas por lulas, por peixes como o bonito 
(Sarda chilensis), e por aves como cormorões, gaivotas e pelicanos. Estas 
últimas possuem bolsas na garganta, adaptadas para carregar as grandes 
quantidades de peixe. 95% da dieta dos cormorões e 80% da dos pelicanos 
consiste de anchoveta. A densidade da população de aves desta região está, 
portanto, diretamente ligada à densidade da anchoveta. Recentemente 
(década de 70), as populações de aves têm caído, devido em parte à 
competição humana. As aves consomem cerca de quatro milhões de 
toneladas métricas de anchoveta por ano, enquanto que a indústria 
pesqueira peruana consome 10,4 milhões de toneladas métricas. A atividade 
pesqueira no Peru tem sofrido um colapso, devido a sobrepesca e aos desvios 
da corrente fria de Humboldt e substituição pelas águas quentes e pobres 
em nutrientes da corrente equatorial (El Niño). 
 
 
Migrações: 
 
I. Migração vertical: Um dos mais intrigantes fenômenos do mar e a 
migração vertical de um grande número de organismos do zooplâncton, que 
consiste na descida destes para o fundo durante o dia, e na subida para a 
superfície, durante a noite. As causas desta movimentação diária do 
zooplâncton ainda não estão totalmente esclarecidas, mas sabe-se que a 
intensidade luminosa atua como estímulo principal. Várias hipóteses, no 
entanto, foram sugeridas por diversos autores para explicar este fenômeno. 
A migração seria uma forma de evitar a ação de predadores diurnos, que 
utilizam a visão como método de captura (peixes e cefalópodos). Esta 
hipótese tem sido, em parte, refutada, devido aos seguintes fatos: 
a) A profundidade atingida por algumas das espécies encontra-se ainda 
nos limites da zona fótica, não impedindo, desta forma, a predação. 
 b) Algumas espécies atingem profundidades superiores às necessárias 
para a fuga da predação por mecanismos visuais, o que implica em um gasto 
desnecessário de energia. 
c) Muitas das espécies migradoras são bioluminescentes. 
d) Muitos dos predadores em potencial também migram. 
 
 
II. Migração anádroma (Gr. ana = para cima + dromos = correr): tipos de 
migração na qual os peixes voltam para a água doce na época da 
reprodução. O sa1mão, por exemplo, volta ao ponto exato do riacho onde 
nasceu para o acasalamento e a desova. O salmão do Pacífico (Oncorhynchus 
sp) migra uma única vez na vida, morrendo após a desova. O salmão do 
Atlântico (Salmo salar) migra e acasala várias vezes durante seu ciclo de 
vida. 
 
 
III. Migração catádroma (Gr. kata = para baixo + dromos = correr): tipos de 
migração na qual os peixes retornam ao mar na época da reprodução. A 
enguia (Anguilla sp) sai dos rios da Europa ocidental e da costa oriental da 
América do Norte em direção a um ponto comum, no meio do At1ântico, no 
mar dos Sargaços. Os adultos nadam a profundidades de mais ou menos 
300 m por um período de 01 a 02 meses, para morrer logo após a desova. As 
larvas migram para as regiões de origem, utilizando as camadas de água 
 5 
superficial, em uma viagem que pode durar de 2 a 3 anos. Durante esta fase, 
atingem o estágio jovem, sendo que os machos permanecem nas águas 
costeiras salobras, da desembocadura dos rios e as fêmeas sobem as 
correntes de água doce. Após um período de 8 a 15 anos, elas retornam para 
realizar a viagem migratória, juntamente com os machos, terminando o ciclo 
de vida após a desova. 
Outros grupos de animais realizam migrações periódicas ao longo dos 
oceanos, em geral com o objetivo de encontrar condições favoráveis para a 
procriação. Baleias e focas migram para os pólos durante o verão para se 
alimentar dos ricos estoques de p1âncton das águas árticas, e voltam para 
as águas quentes durante o inverno para o nascimento dos filhotes. Desta 
forma, protegem as crias contra o frio das águas polares, nos primeiros 
meses de vida. 
As tartarugas marinhas da América do Sul (Chelonia mydas), migram 
até a ilha de Ascenção para a desova. Esta pequena ilha está situada no 
meio do Atlântico à cerca de 2.600 km da costa. 
Cardumes de atuns migram da costa da Califórnia para as ilhas do 
arquipélago do Japão, provavelmente para não exaurir os estoques de 
nutrientes dos habitats onde vivem, explorando assim, outros sítios e outros 
recursos. 
As aves marinhas realizam migrações a longas distâncias, exercendo 
suas pressões predatórias em diferentes locais do globo, conforme a estação 
do ano. 
 
ADAPTAÇÕES 
 
Flutuação: Um dos problemas básicos, tanto do plâncton como do nécton, 
consiste na manutenção dos organismos em determinadosníveis da coluna 
d’água, uma vez que a densidade dos tecidos vivos tende a ser maior do que 
a da água do mar. Desta forma, o fitoplâncton afundaria para regiões abaixo 
da zona fótica, e o zooplâncton seria incapaz de atingir os agregados de 
fitoplâncton. O mesmo se dá com os organismos do nécton. 
O plâncton apresenta algumas adaptações para manter uma certa 
flutuabilidade positiva, tais como: espinhos, cerdas e corpo achatado para 
aumentar a superfície (dinoflagelados, larvas de crustáceos, quetognatos, 
etc); vesículas de gás (radiolários) ou óleo (radiolários e larvas de poliquetos) 
para diminuir a densidade. 
Os organismos do nécton utilizam, para o mesmo fim, estruturas tais 
como a bexiga natatória da maioria dos peixes teleósteos que constitui cerca 
de 5 a 10% do volume do corpo. Aqueles que não possuem bexiga natatória 
depositam grandes quantidades de gordura no fígado (tubarão e bacalhau). 
A forma das nadadeiras e da cauda auxilia também nos mecanismos 
de flutuabilidade, aumentando as propriedades hidrodinâmicas do corpo, 
facilitando desta forma a natação e, como conseqüência, a manutenção do 
corpo do animal na coluna d’água. 
Mamíferos marinhos utilizam as camadas de gordura subcutânea e de 
órgãos específicos em adição ao ar acumulado nos pulmões e entre os pêlos 
que revestem o corpo, para auxiliar na flutuação. 
As formas mais evoluídas apresentam métodos passivos para manter a 
flutuabilidade, e que requerem um menor gasto de energia. Por outro lado, 
formas mais primitivas adotaram estratégias ativas com um maior gasto de 
energia, envolvendo, na maioria das vezes, a natação. 
 
Temperatura: A temperatura é um fator de grande importância na regulação 
dos processos vitais e na distribuição dos organismos. Assim, nas águas 
polares, o zooplâncton entra em dormência no inverno, retomando a 
atividade no verão, durante o “bloom” de diatomáceas. Nesta fase, a 
temperatura torna-se adequada para que se iniciem os processos 
reprodutivos, aumentando consideravelmente os estoques do plâncton 
 6 
nestas águas. Em contraposição, nas águas tropicais, onde a temperatura é 
praticamente constante, a reprodução ocorre o ano todo. 
A maioria dos mamíferos marinhos, como as focas, as baleias, as 
morsas, golfinhos, etc., possue uma grossa camada de gordura sob a pele 
que isola estes animais das baixas temperaturas da água que os circunda, 
impedindo uma perda drástica de calor. 
 
Pressão: De todos os fatores abióticos estudados, a pressão é o que 
apresenta as maiores amplitudes no ambiente marinho. Ela pode variar, no 
mar profundo, de 200 a 600 atm, chegando a 1.000 atm nas fossas do 
hadal. Este fato acarreta limitações drásticas na diversidade e densidade da 
biota nas grandes profundidades. As bactérias do abissal, por exemplo, 
param de crescer e de se reproduzir, quando sujeitas a pressões menores do 
que aquelas encontradas no ambiente de origem. 
Quanto aos metazoários, são poucos os dados disponíveis, pois estes, 
quando capturados e levados para a superfície, chegam já bastante 
danificados ou mortos devido à brutal mudança da pressão. Sabe-se, no 
entanto, que o complexo enzimático destes organismos funciona de modo 
diferente, evidenciando uma adaptação particular aos ambientes das águas 
profundas. A fim de evitar problemas fisiológicos, durante os mergulhos 
profundos, baleias e focas utilizam as seguintes estratégias: mergulham com 
os pulmões vazios; o fluxo sanguíneo diminui para evitar as trocas gasosas 
que poderiam originar bolhas de nitrogênio no sangue (embolia); o pouco ar 
remanescente ficaria retido nas vias respiratórias superiores onde não ocorre 
absorção de gases; os músculos possuem uma grande quantidade de 
mioglobina que se satura de oxigênio antes do mergulho. Este conjunto de 
fatores permite ainda mergulhos de longa duração, sem que seja necessária 
uma subida à superfície para a tornada de ar. 
 
Captura de alimento e fuga dos predadores: A ausência de refúgio e a 
baixa densidade de nutrientes nas águas do mar aberto, exigiram o 
desenvolvimento de adaptações especiais dos organismos, tanto para a 
captura de alimento, como para a fuga da ação predatória dos carnívoros 
marinhos. 
No caso do plâncton herbívoro, a eficiência da filtração foi otimizada 
pela aquisição de estruturas como cerdas (copépodos), redes de muco 
(tunicados como Oikopleura) e cílios (larvas de moluscos), entre outros. Estas 
estruturas, localizadas ao 1ongo do corpo, nas antenas, apêndices 
1ocomotores, etc, auxiliam na captação de algas, pequenos organismos e 
demais partículas alimentares, com um menor gasto de energia. 
A camuflagem constitui uma estratégia útil, tanto na fuga de 
predadores, como na captura de presas. Alguns organismos apresentam 
cores crípticas (Gr. kryptein = oculto) que assemelham o animal ao ambiente 
circundante (diversos teleósteos). Outros possuem corpos total ou 
parcialmente, transparentes, tornando-os quase invisíveis na coluna d’água 
(ctenóforos). Raias e orcas apresentam a parte ventral do corpo clara (para 
confundir com a luz vinda da superfície) e a dorsal escura (para confundir 
com o fundo). Dependendo do posicionamento do observador, estes animais 
se tornam difíceis de visualizar. 
Um tipo de golfinho apresenta a parte ventral branca com manchas 
escuras e a parte dorsal cinza com manchas claras. Estes animais são 
freqüentemente encontrados no meio de cardumes de atuns, tornando-se 
também bastante difíceis de localizar. 
O posicionamento da presa pode ser levado a efeito por outros métodos 
que não os envolvidos com o sentido da visão. Golfinhos e cachalotes 
utilizam a ecolocação à semelhança dos morcegos. É interessante notar que 
os atuais não possuem bexiga natatória e dificilmente são predados pelos 
golfinhos. Este órgão seria o responsável pela formação do eco denunciador 
da presença de uma presa em potencial. 
O olfato é utilizado principalmente pelos tubarões. Estes dispensam, 
 7 
de modo geral, qualquer estratégia de camuflagem, por constituírem os 
predadores de topo do ambiente onde vivem. 
A forma do corpo pode auxiliar também para tornar o animal menos 
visível. A forma abaulada do ventre dos peixes faz com que se projetem 
sombras para as camadas mais profundas. Já a forma em ponta ou quilha, 
possibilita à luz incidente uma maior reflexão e dispersão nas laterais do 
corpo, diminuindo o “efeito sombra”. 
As medusas adotaram métodos de ataque e defesa um pouco mais 
agressivos, com as células urticantes de seus tentáculos. 
Uma estratégia mais ativa consiste no desenvolvimento máximo das 
habilidades natatórias. Quanto mais veloz e ágil o animal, maior a chance de 
conseguir alimento e de evitar, ao mesmo tempo, que ele se transforme na 
presa do outro predador. As lulas e polvos desenvolveram ainda, em adição à 
velocidade, as nuvens de tinta que servem para confundir o perseguidor 
durante a fuga. O peixe voador, por outro lado, desenvolveu a habilidade de 
planar sobre a superfície da água, virtualmente desaparecendo das vistas do 
inimigo por vários segundos. 
 
 
Estratégias reprodutivas 
 Dependendo do tipo de habitat e das pressões sofridas pelos 
organismos do reino pelágico, dois tipos de estratégias podem ser 
encontrados: do tipo r onde uma grande quantidade de ovos é produzida, 
sendo quase nulo o cuidado com a prole, e a do tipo k, com poucos ovos, 
havendo, em geral, um certo cuidado com os jovens. 
 Peixes nectônicos como o atum, produzem uma grande quantidade de 
ovos (2,0 a 2,5 milhões/fêmea), sujeitos a pesadas perdas por predação por 
parte dos organismos planctófagos (Gr. planktos = errante + phagein = 
comer). O crescimento e o ciclo de vida são rápidos, levando de 5 a 10 anos. 
A grande maioria dos teleósteos apresenta esta estratégia. 
 Tubarões, por outro lado, produzem poucos ovos, sendo que a fêmea 
retém os embriõesaté a eclosão com um tamanho suficientemente grande 
para que seja possível ao jovem evitar a predação nos primeiros estádios de 
vida. 
 Os mamíferos marinhos possuem uma estratégia reprodutiva do tipo 
K, atingindo a maturidade sexual em idade mais avançada e apresentando 
um longo ciclo de vida. 
 As baleias têm seus filhotes nas águas quentes dos mares tropicais, 
sendo que estes nascem debaixo d’água, ligados ao cordão umbilical até a 
primeira vez que respiram o ar na superfície, ajudados pela fêmea. O 
cuidado é intensivo e o filhote não se afasta muito da mãe. Devido à grande 
quantidade de energia utilizada na produção do leite, extremamente rico em 
gorduras, as baleias podem gerar apenas um filhote de cada vez (a 
ocorrência de gêmeos é extremamente rara). 
 Os Pinnipedia (focas, morsas, leões-marinhos, etc), têm seus filhotes, 
em geral a cada ciclo, em terra firme, abandonando-os por longos períodos 
de tempo, enquanto a fêmea se afasta em busca de alimento. Quando 
sozinhos, os filhotes são ameaçados por aves predadoras, correndo inclusive 
o risco de esmagamento por outros membros do grupo, uma vez que estes 
animais são extremamente gregários na época da reprodução. O macho 
forma um harém e defende seu território e suas fêmeas, contra os demais 
machos do bando. 
 Tanto baleias como focas selecionam áreas particulares para a 
procriação, formando grandes grupos nestes períodos. Caso alguma 
alteração aconteça, seja devida a caça indiscriminada, destruição do habitat 
ou poluição das águas, o equilíbrio natural é quebrado levando estas 
populações a um sério risco de extinção. 
 
 
 8 
AMBIENTES ESPECIAIS 
As zonas profundas: Estas zonas serão consideradas, resumidamente, em 
separado, por apresentarem características diferentes das regiões mais 
superficiais. Devido à ausência total de luz, e conseqüentemente, ausência 
de fitoplâncton, as comunidades dos mares profundos são, na sua 
totalidade, de caráter heterotrófico. A fonte de energia é proveniente da 
chuva de detritos que cai por sedimentação, a partir das camadas 
superiores. A quantidade deste material chega a cerca de 0,5 g/m2/ano. 
Eventuais cadáveres de grandes animais, como focas e baleias, podem 
adicionar mais 3,0 a 4,0 g/m2/ano. Parte deste material, em decantação, 
chega ao fundo dos oceanos onde sedimentam. O restante fica retido em 
diversas profundidades, onde é capturado por organismos adaptados a viver 
sob pressões determinadas. Observa-se neste caso o fenômeno da “Migração 
em Escada”. Esta consiste na movimentação dos organismos entre os limites 
das camadas às quais estão adaptados, podendo exercer uma ação 
predatória, ou mesmo serem predados, ficando assim assegurada a 
manutenção de diversos elos de ciclagem de nutrientes, garantindo o fluxo 
de energia nestas cadeias alimentares especiais. 
 Nesta região encontra-se o plâncton, que se alimenta de matéria 
orgânica em decomposição, proveniente da chuva de detritos. 
 Os peixes que habitam estas águas estão adaptados a aproveitar toda 
e qualquer presa que esteja disponível, mesmo que estas apresentem 
grandes dimensões. Para tanto, possuem abdomens extensíveis, mandíbulas 
grandes e elásticas, dentes longos e pontiagudos, ausência de bexiga 
natatória para economizar espaço no abdômen, e órgãos bioluminescentes 
para atrair as presas (e, também, para o reconhecimento de organismos da 
mesma espécie). Outros organismos que apresentam bioluminescência são 
as lulas e eufausiáceos encontrados em grandes quantidades nestas águas. 
Uma vez que este ambiente apresenta condições praticamente 
constantes no que toca à temperatura, salinidade, oxigênio e pH, a 
reprodução das espécies de águas profundas é contínua. Chuvas de 
nutrientes mais densas podem incrementar a atividade reprodutiva em 
determinadas ocasiões. A maioria das espécies produz ovos grandes e em 
pequeno numero, predominando a viviparidade. São raros os que possuem 
estágios larvais, evidenciando uma clara tendência para uma estratégia 
reprodutiva do tipo k, que é típica de ambientes estressados. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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NJ, 526 p. 
 
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