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UNIDADE 2
GERAL
Farmacologia
Fármacos dos Sistemas 
Cardiovascular e Trato 
Gastrointestinal
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados 
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado 
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os 
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral 
Estudar os fármacos do sistema cardiovascular e do trato gastrointestinal.
unidade 
2
Parte 1
Fármacos Anti-hipertensivos
O conteúdo deste livro 
é disponibilizado 
por SAGAH.
unidade 
2
102 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 229
IV. ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO
O objetivo do tratamento anti-hipertensivo é reduzir a morbidade cardiovascu-
lar e renal e a mortalidade. A relação entre a pressão arterial e o risco de um 
evento cardiovascular é contínua e, assim, mesmo reduzindo a pressão arterial 
moderadamente elevada, reduz-se a doença cardiovascular significativamente. 
A nova classificação, “pré-hipertensão”, reconhece essa relação e enfatiza a 
necessidade de diminuir a pressão arterial na população geral com medidas 
educativas e adoção de condutas de redução da pressão. A hipertensão mode-
rada pode ser controlada algumas vezes com um único fármaco, mas a maioria 
dos pacientes requer mais de um fármaco para obter o controle. As recomen-
dações atuais são de iniciar o tratamento com um diurético tiazídico, a menos 
que haja razão que determine o emprego de outra classe de fármaco (Figura 
19.5). Se a pressão arterial não é controlada adequadamente, é acrescentado 
um segundo fármaco, selecionado com base nos efeitos adversos mínimos do 
regime combinado e procurando uma pressão arterial apropriada (Figura 19.6). 
Pode ser acrescentado um �-bloqueador, se o fármaco inicial foi um diurético, 
e vice-versa. Um vasodilatador pode ser acrescentado como terceiro fármaco 
para aqueles pacientes que continuam sem alcançar uma pressão arterial vi-
sada. Quando são usados inibidores da enzima conversora de angiotensina II 
ou bloqueadores de receptor AT1 da angiotensina II para iniciar o tratamento, o 
diurético é o segundo fármaco acrescentado mais comumente.
A. Cuidados individualizados
Certos subgrupos da população hipertensa respondem melhor a uma 
classe de fármacos do que à outra. Por exemplo, pacientes negros res-
pondem bem aos diuréticos e bloqueadores de canais de cálcio, mas 
o monotratamento com �-bloqueadores ou inibidores da ECA com fre-
quência é menos eficaz. De modo similar, bloqueadores de canais de 
Renina
Atividade 
simpática
 
 
Ativação dos
adrenorreceptores-�1
nos rins 
 
Aumento do
retorno venoso
Resposta mediada pelo sistema nervoso simpático
Resposta mediada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona
Resistência
periférica
Ativação de 
adrenorreceptores-�1
no coração
Ativação de 
adrenorreceptores-�1
nos músculos lisos
Débito 
cardíaco
Diminuição na 
pressão arterial
Aumento na 
pressão arterial
Fluxo 
sanguíneo renal
 Angiotensina II
Aldosterona
Retenção de
sódio e água
Volume 
sanguíneo
Velocidade de 
filtração glomerular
Figura 19.4
Resposta do sistema nervoso autônomo e do sistema renina-angiotensina-aldosterona à diminuição da pressão arterial.
Clark-5ed_19.indd 229Clark-5ed_19.indd 229 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-hipertensivos | PARTE 1 103
230 Clark, Finkel, Rey & Whalen
cálcio, inibidores da ECA e diuréticos são apropriados para o tratamento 
da hipertensão em pacientes idosos, ao passo que os �-bloqueadores e 
os �-antagonistas são menos tolerados. Além disso, a hipertensão pode 
coexistir com outras doenças que podem ser agravadas por alguns dos 
fármacos anti-hipertensivos. Nesses casos, é importante encontrar o me-
lhor fármaco anti-hipertensivo para cada paciente em particular. A Figura 
19.5 mostra o tratamento preferido em pacientes hipertensos com várias 
doenças concomitantes, e a Figura 19.6 mostra a frequência de doenças 
concomitantes na população de pacientes hipertensos.
B. Adesão do paciente ao tratamento anti-hipertensivo
A falta de adesão do paciente é a causa mais comum para a falha do 
tratamento anti-hipertensivo. O paciente hipertenso normalmente é assin-
tomático e é diagnosticado por triagem de rotina, antes da ocorrência de 
lesão óbvia sobre um órgão-alvo. Dessa forma, o tratamento em geral é 
direcionado para evitar as sequelas futuras da doença, em vez de aliviar 
algum desconforto atual no paciente. Os efeitos adversos associados ao 
tratamento anti-hipertensivo podem influenciar mais os pacientes do que 
as vantagens futuras. Por exemplo, os �-bloqueadores podem diminuir a 
libido e induzir disfunções eréteis em homens, particularmente os de meia-
-idade e idosos. Essa disfunção sexual induzida pelo fármaco pode levar 
o paciente a interromper o tratamento. Assim, é importante aumentar a 
adesão do paciente selecionando cuidadosamente o regime de fármacos 
que reduz os efeitos adversos e minimiza o número de dosificações neces-
sárias cada dia. A associação de dois ou três fármacos em um comprimido 
único, em associação dose-fixa, revelou melhorar a adesão ao tratamento 
e o número de pacientes que alcançaram a pressão arterial desejada. A 
Figura 19.7 mostra as normas do tratamento contra a hipertensão.
CLASSES DE FÁRMACOS INDICADOS NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO
DOENÇA 
CONCOMITANTE
ANGINA PECTORIS
DE ALTO RISCO
DIABETES
AVE RECORRENTE
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
INFARTO DO 
MIOCÁRDIO PRÉVIO
DOENÇA 
RENAL CRÔNICA
�-Bloqueadores
�-Bloqueadores
Bloqueadores 
de canais de Ca2
Inibidores da ECA
Inibidores da ECA
Inibidores da ECA
Inibidores da ECA BRAs
BRAs
BRAs
Inibidores da ECA�-Bloqueadores
Inibidores da ECA
Antagonistas de
receptor de
aldosterona
Diuréticos
Diuréticos
�-BloqueadoresDiuréticos
Diuréticos
Antagonistas de
receptor de
aldosterona
+
Bloqueadores 
de canais de Ca2+
Figura 19.5
Tratamento da hipertensão em pacientes com doenças concomitantes. As classes de fármacos em caixas azuis asse-
guram melhor resultado (p. ex., diabetes ou doença renal) independente da pressão arterial. (Nota: os bloqueadores 
de receptores de angiotensina [BRA] são uma alternativa aos inibidores da enzima conversora de angiotensina [ECA]. 
AVE = acidente vascular encefálico.
0 5 10 15
Insuficiência
cardíaca
Hiperlipidemia
Diabetes
Angina
Infarto do
miocárdio prévio
Alteração renal
Asma
Porcentagem de pacientes 
hipertensos com a doença
concomitante indicada
Figura 19.6
Frequência de doenças concomitantes 
entre a população de pacientes hiper-
tensos.
Clark-5ed_19.indd 230Clark-5ed_19.indd 230 21/11/12 09:0021/11/12 09:00
104 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 231
V. DIURÉTICOS
Os diuréticos podem ser usados como tratamento farmacológico de primeira 
escolha para hipertensão, a menos que alguma razão obrigue a escolha de 
outro fármaco. O tratamento com doses baixas de diuréticos é seguro, barato 
e eficaz na prevenção de derrame, infarto do miocárdio e insuficiência car-
díaca congestiva, todos os quais podem causar morte. Resultados recentes 
sugerem que os diuréticos são superiores aos bloqueadores para tratar a 
hipertensão em idosos.
A. Diuréticos tiazídicos
Todos os diuréticos orais são eficazes no tratamento da hipertensão, mas 
os tiazídicos têm sido os mais amplamente usados.
Hipertensão Estágio I
(PAS 140-159 mmHg) ou
PAD 90-99 mmHg)
• Diurético do tipo tiazida para
a maioria dos pacientes
Considere inibidores da ECA,
BRA, �-bloqueadores,
BCCa ou uma associação
• 
 
Hipertensão Estágio II
(PAS � 160 mmHg ou
PAD � 100 mmHg)
• Associação de dois fármacos
para a maioria dos pacientes
Considere um diurético tipo
tiazida mais inibidores da ECA,
BRA, �-bloqueadores ou BCCa
• 
Fármacos para condições
agravantes
(verassociados à presença de anticorpos antiestreptococos no pa-
ciente. A incidência de reações alérgicas é de cerca de 3%.
D. Anistreplase (complexo ativador plasminogênio 
estreptoquinase anisoilado)
O anistreplase é um complexo pré-formado de estreptoquinase e plas-
minogênio e é considerado um pró-fármaco. A estreptoquinase deve ser 
liberada e somente o plasminogênio ao qual estava associado será con-
vertido em plasmina.
E. Uroquinase
A uroquinase é produzida naturalmente no organismo pelos rins. A uro-
quinase terapêutica é isolada de células renais humanas e tem baixa 
antigenicidade.
a. Mecanismo de ação. A uroquinase hidrolisa diretamente a liga-
ção arginina-valina do plasminogênio, formando plasmina.
b. Uso terapêutico. A uroquinase só está aprovada para a lise de 
êmbolos pulmonares. Usos extra-bula incluem o tratamento de 
infartos agudos do miocárdio, tromboembolismo arterial, trom-
bose artéria coronária e trombose de veias profundas.
c. Farmacocinética. A uroquinase tem duração de ação curta e é 
rapidamente depurada pelo fígado (os rins são uma via de eli-
minação menor). Assim, a meia-vida da uroquinase no plasma é 
de 20 min aproximadamente. A meia-vida pode ser prolongada 
em pacientes com insuficiência hepática.
d. Efeitos adversos. O efeito adverso registrado com maior fre-
quência é a hemorragia. Reações alérgicas ou anafiláticas tam-
bém têm sido registradas raramente.
VIII. FÁRMACOS USADOS PARA TRATAR HEMORRAGIAS
Os problemas de sangramentos podem ter sua origem em condições patoló-
gicas de ocorrência natural, como a hemofilia, ou resultar de estados fibrino-
líticos que aparecem depois de cirurgia gastrintestinal ou prostatectomia. O 
uso de anticoagulantes também pode resultar em hemorragia. Certas proteí-
nas naturais e a vitamina K, bem como antagonistas sintéticos são eficazes 
Clark-5ed_20.indd 260Clark-5ed_20.indd 260 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
126 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 261
no controle desses sangramentos. Por exemplo, a hemofilia é a consequência 
de uma deficiência de fatores de coagulação plasmáticos, mais frequente-
mente os Fatores VIII e IX. Preparações concentradas desses fatores estão 
disponíveis a partir de doadores humanos. Contudo, essas preparações têm o 
risco de transferirem infecções virais. A transfusão de sangue também é uma 
opção para o tratamento das hemorragias graves.
A. Ácido aminocaproico e ácido tranexâmico
Os estados fibrinolíticos podem ser controlados pela administração do 
ácido aminocaproico ou ácido tranexâmico. Ambos são fármacos sinté-
ticos, ativos por via oral, são excretados na urina e inibem a ativação do 
plasminogênio. O ácido tranexâmico é dez vezes mais potente do que o 
ácido aminocaproico. O efeito adverso potencial é trombose intravascular.
B. Sulfato de protamina
O sulfato de protamina antagoniza o efeito anticoagulante da heparina. 
Essa proteína é derivada do esperma ou dos testículos de peixes e é rica 
em arginina, o que explica o caráter básico. A protamina de cargas po-
sitivas interage com a heparina de cargas negativas, formando um com-
plexo estável sem atividade anticoagulante. Os efeitos adversos da admi-
nistração da protamina incluem hipersensibilidade, bem como dispneia, 
rubor, bradicardia e hipotensão, quando injetada rapidamente.
C. Vitamina K
Que a administração de fitonadiona (vitamina K1) pode controlar sangra-
mentos decorrentes de anticoagulantes orais não causa surpresa, pois 
essas substâncias atuam interferindo com a ação da vitamina (ver Figura 
20.19). A resposta à vitamina K é lenta, requerendo cerca de 24 horas 
(tempo para sintetizar novos fatores de coagulação). Assim, se for neces-
sária hemostasia imediata, deve ser transfundido plasma congelado fresco.
D. Aprotinina
A aprotinina é um inibidor serina-protease que interrompe sangramen-
tos pelo bloqueio da plasmina. Ela pode inibir a estreptoquinase. A apro-
tina tem permissão de uso em investigação limitado em pacientes sob 
risco de perdas de sangue e transfusão durante colocação de pontes e 
implantes em artérias coronárias, se não houver outras alternativas. A 
aprotinina pode causar disfunção renal e reações de hipersensibilidade 
(anafiláticas). Além disso, a aprotinina não deve ser administrada a pa-
cientes que foram expostos a este fármaco nos 12 meses prévios, devido 
à possibilidade de reações anafiláticas.
IX. FÁRMACOS USADOS PARA TRATAR ANEMIA
A anemia é definida como a concentração plasmática de hemoglobina abaixo 
do normal, resultante de uma diminuição do número de eritrócitos circulantes 
ou de um conteúdo anormalmente baixo de hemoglobina total por unidade de 
volume de sangue. A anemia pode ser causada por perda crônica de sangue, 
anormalidades da medula óssea, aumento da hemólise, infecções, tumores, 
deficiências endócrinas, insuficiência renal e inúmeras outras doenças. A 
anemia pode ser corrigida, ao menos temporariamente, pela transfusão de 
sangue total. Um grande número de fármacos causa efeitos tóxicos nas célu-
las sanguíneas, na produção de hemoglobina ou nos órgãos eritropoiéticos, 
o que pode causar anemia. Além disso, anemias nutricionais são causadas 
por deficiências de substâncias como ferro, ácido fólico e cianocobalamina 
(vitamina B12) que são necessárias para a eritropoiese normal.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 127
ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA 
SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Sistema Cardiovascular: 
Angina, IC, Antiarrítimico
O conteúdo deste livro 
é disponibilizado 
por SAGAH.
unidade 
2
130 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 197
 2. Ativação do sistema renina-angiotensina. A queda no débito car-
díaco diminui o fluxo sanguíneo aos rins, induzindo a liberação de 
renina, com o resultante aumento na formação de angiotensina II 
e liberação de aldosterona. Isso resulta no aumento da resistência 
periférica e retenção de sódio e água. O volume de sangue aumen-
ta, e mais sangue retorna ao coração. Se o coração é incapaz de 
bombear esse volume extra, a pressão venosa aumenta e ocorre 
edema periférico e pulmonar (ver Figura 16.4). Essa resposta com-
pensatória aumenta o trabalho do coração e, dessa forma, pode 
contribuir para o declínio posterior na função cardíaca.
 3. Hipertrofia miocárdica. O coração aumenta em tamanho, e as 
câmaras dilatam e se tornam mais globulares. Inicialmente, o es-
tiramento do músculo cardíaco leva a uma contração mais forte do 
coração. Contudo, o alongamento excessivo das fibras resulta no 
enfraquecimento das contrações, e a geometria diminui a capacida-
de de ejetar o sangue. Esse tipo de insuficiência é denominado insu-
ficiência sistólica e resulta da incapacidade do ventrículo bombear 
de forma eficiente. Menos comumente, os pacientes com IC podem 
apresentar disfunção diastólica – um termo aplicado quando a ca-
pacidade do ventrículo em relaxar e receber sangue é prejudicada 
por mudanças estruturais, como a hipertrofia. O engrossamento da 
parede ventricular e a subsequente redução no volume ventricular 
diminuem a capacidade do músculo cardíaco relaxar. Nesse caso, 
o ventrículo não enche adequadamente, e a inadequação do débito 
cardíaco é denominada IC diastólica – uma condição particularmen-
te comum de IC em mulheres idosas. A disfunção diastólica na sua 
forma pura se caracteriza por sinais e sintomas de IC na presença 
de função normal do ventrículo esquerdo. Todavia, as disfunções 
sistólica e a diastólica comumente coexistem na IC.
D. IC descompensada
Se os mecanismos de adaptação restabelecem adequadamente o débito 
cardíaco, a IC é dita compensada. Contudo, essas compensações au-
mentam o trabalho do coração e contribuem para o seu posterior declínio 
na performance. Se os mecanismos adaptativos não conseguem manter 
o débito cardíaco, aIC é dita descompensada.
E. Estratégias terapêuticas na IC
A IC crônica é tratada normalmente com redução da atividade física, die-
ta com baixa ingestão de sódio (O losartana, o 
primeiro membro aprovado da classe, difere dos demais, pois so-
fre extensa biotransformação de primeira passagem pelo fígado, 
incluindo a conversão em seu metabólito ativo. Os demais fárma-
cos apresentam metabólitos inativos. A eliminação de metabólitos 
e compostos originais ocorre na urina e nas fezes; a proporção 
depende de cada fármaco individualmente. Todos sofrem elevada 
ligação com proteínas plasmáticas (mais de 90%) e, exceto o can-
desartana, apresentam grande volume de distribuição.
 3. Efeitos adversos. Os BRAs têm perfil de efeitos adversos seme-
lhante ao dos inibidores da ECA, mas não provocam tosse. Como 
com os inibidores da ECA, eles são contraindicados na gestação.
M
o
rt
al
id
ad
e 
cu
m
u
la
ti
va
 (
%
)
Tempo (meses)
Placebo
Enalapril
0
0
20
40
60
80
100
3 6 9 12
Figura 16.6
Efeitos do enalapril na mortalidade de 
pacientes com insuficiência cardíaca 
congestiva.
Clark-5ed_16.indd 199Clark-5ed_16.indd 199 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 133
200 Clark, Finkel, Rey & Whalen
IV. �-BLOQUEADORES
Embora pareça contraditório administrar fármaco com atividade inotrópica ne-
gativa ao paciente com IC, vários estudos clínicos têm claramente demonstrado 
a melhora do funcionamento sistólico e a reversão do remodelamento cardíaco 
em pacientes que recebem �-bloqueadores. Esses benefícios ocorrem apesar 
do eventual agravamento inicial dos sintomas. O benefício dos �-bloqueadores 
é atribuído, em parte, à sua propriedade de prevenir as mudanças que ocorrem 
em virtude da ativação crônica do sistema nervoso simpático, incluindo dimi-
nuição da frequência cardíaca e inibição da liberação de renina. Além disso, os 
�-bloqueadores previnem também os efeitos prejudiciais diretos da norepinefrina 
na fibra muscular cardíaca, diminuindo o remodelamento, a hipertrofia e a morte 
celular. Dois �-bloqueadores são aprovados para uso na IC: o carvedilol e o me-
toprolol de ação prolongada. O carvedilol é um antagonista de �-adrenorreceptor 
não seletivo que também bloqueia �-adrenorreceptores, o metoprolol é um anta-
gonista �1 seletivo. (Nota: a farmacologia dos �-bloqueadores está descrita em 
detalhes no Capítulo 7.) O bloqueio � é recomendado para todos os pacientes 
com doença cardíaca, exceto aqueles que apresentam alto risco, mas não apre-
sentam sintomas, ou aqueles com IC aguda. O carvedilol e o metoprolol dimi-
nuem a morbilidade e a mortalidade associada a IC. O tratamento deve iniciar 
com baixas dosagens e gradualmente ser titulada a dosagem eficaz com base 
na tolerância do paciente. Obviamente, o paciente que é também hipertenso terá 
um benefício adicional com �-bloqueadores. A Figura 16.7 mostra o efeito bené-
fico do tratamento com metoprolol em pacientes com IC.
V. DIURÉTICOS
Os diuréticos aliviam a congestão pulmonar e o edema periférico. Esses fár-
macos também são úteis na redução dos sintomas da sobrecarga de volume, 
incluindo ortopneia e dispneia paroxística noturna. Os diuréticos diminuem o 
volume plasmático e, subsequentemente, diminuem o retorno venoso ao cora-
ção (pré-carga). Isso diminui a carga de trabalho cardíaco e a demanda de oxi-
gênio. Os diuréticos podem diminuir também a pós-carga pela redução do vo-
lume plasmático, reduzindo, assim, a pressão arterial. Os diuréticos tiazídicos 
são relativamente fracos e perdem eficácia em pacientes com depuração de 
creatinina inferior a 50 mL/min. Os diuréticos de alça são usados em pacientes 
que necessitam diurese intensa e em pacientes com insuficiência renal. Os 
diuréticos de alça são os diuréticos mais comumente usados na IC. (Nota: a 
dosagem excessiva dos diuréticos de alça pode levar à hipovolemia profunda.)
VI. VASODILATADORES DIRETOS
A dilatação de vasos sanguíneos venosos leva a uma diminuição na pré-carga 
cardíaca pelo aumento da capacitância venosa; dilatadores arteriais reduzem 
a resistência arteriolar sistêmica e diminuem a pós-carga. Os nitratos são os 
dilatadores venosos comumente usados em pacientes com IC congestiva. Se 
o paciente é intolerante aos inibidores da ECA ou aos �-bloqueadores, ou 
se é necessária uma resposta vasodilatadora adicional, pode ser usada a 
associação de hidralazina e dinitrato de isossorbida. Esta associação é muito 
eficaz em pacientes negros com IC. A hidralazina diminui a pós-carga e o ni-
trato orgânico reduz a pré-carga. (Nota: os bloqueadores de canais de cálcio 
devem ser evitados em pacientes com IC.)
VII. FÁRMACOS INOTRÓPICOS
Fármacos inotrópicos positivos aumentam a contratilidade do músculo car-
díaco e, dessa forma, aumentam o débito cardíaco. Embora esses fármacos 
0
5
10
15
20
0 6 12 18
Acompanhamento (meses)
M
o
rt
al
id
ad
e 
cu
m
u
la
ti
va
 (%
)
Metoprolol
O metoprolol reduz a
mortalidade em pacientes
com insuficiência
cardíaca.
Placebo
Figura 16.7
Mortalidade cumulativa em pacientes 
com insuficiência cardíaca tratados 
com placebo ou metoprolol.
Clark-5ed_16.indd 200Clark-5ed_16.indd 200 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
134 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 201
atuem por diferentes mecanismos, em todos os casos a ação inotrópica é o 
resultado do aumento da concentração de cálcio citoplasmático, o qual au-
menta a contratilidade do músculo cardíaco.
A. Glicosídeos digitálicos
Os glicosídeos cardíacos são frequentemente chamados digitálicos ou 
glicosídeos digitálicos, pois a maioria dos fármacos é proveniente da 
planta digitalis (dedaleira). Eles são um grupo de compostos quimica-
mente similares que podem aumentar a contratilidade do músculo car-
díaco e, em vista disso, são amplamente usados no tratamento da IC. 
Como os fármacos antiarrítmicos descritos no Capítulo 17, os glicosídeos 
cardíacos influenciam os fluxos de íons sódio e cálcio no músculo car-
díaco e, dessa forma, aumentam a contração do miocárdio atrial e ven-
tricular (ação inotrópica positiva). Os glicosídeos digitálicos têm somente 
uma pequena margem entre a dosagem terapeuticamente eficaz e a que 
é tóxica ou mesmo fatal. Portanto, os fármacos têm um índice terapêutico 
reduzido. O digitálico mais amplamente usado é a digoxina.
 1. Mecanismo de ação
a. Regulação da concentração de cálcio citosólico. A concentra-
ção de cálcio livre no citosol no final da contração precisa diminuir 
para que o músculo cardíaco relaxe. O trocador Na+/Ca2+ desem-
penha um papel importante nesse processo, promovendo a saída 
de Ca2+ do miócito em troca de Na+ (Figura 16.8). O gradiente 
de concentração para ambos os íons é o principal determinante 
do movimento iônico geral. Inibindo a capacidade do miócito em 
bombear ativamente o Na+ da célula, os glicosídeos cardíacos 
diminuem o gradiente de concentração de Na+ e, consequente-
mente, a capacidade do trocador Na+/Ca2+ em promover a saída 
de cálcio da célula. Além disso, o nível celular elevado de Na+ é 
trocado por Ca2+ extracelular pela bomba Na+/Ca2+, aumentando o 
cálcio intracelular. Como mais Ca2+ fica retido no espaço intrace-
lular, ocorre um pequeno, mas importante, aumento fisiológico de 
Ca2+ livre, que fica disponível para o próximo ciclo de contração do 
músculo cardíaco, aumentando, dessa forma, a contratilidade car-
díaca. Como a Na+/K+ATPase troca 2 Na+ por 1 K+, ela restabele-
ce a concentração iônica e o potencial de repouso da membrana. 
Quando a Na+/K+ATPase é fortemente inibida pela digoxina (e por 
K+
Na+ K+Ca2+ Na+
Ca2+
Os digitálicos inibem
as trocas Na+/K+
pela Na+/K+-ATPase.
1
3
2
A concentração intracelular de Na+ aumenta, e 
TA P
Na+/Ca2+ trocador
Ca2+ Na+
O aumento do Na+ diminui a força motriz do trocador
de Na+/Ca2+. Então, há diminuição da exclusão de Ca2+
para o espaço extracelular.Miofibrilas
o gradiente de concentração, através da
membrana, diminui.
livre 
Na+
Figura 16.8
Mecanismo de ação da digoxina. ATPase = adenosina trifosfatase.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 135
210 Clark, Finkel, Rey & Whalen
somente um número limitado desses fármacos é benéfico clinicamente 
no tratamento de arritmias específicas. Por exemplo, a resolução imediata 
de taquicardia ventricular pela lidocaína ou de taquicardia supraventricu-
lar por adenosina ou verapamil são exemplos nos quais o tratamento an-
tiarrítmico resulta em diminuição da morbidade. Em contraste, vários dos 
fármacos antiarrítmicos apresentam ações pró-arrítmicas, ou seja, cau-
sam arritmias perigosas. A eficácia de muitos antiarrítmicos permanece 
sem comprovação em triagens randomizadas controladas com placebo. 
(Nota: o implante de desfibriladores cardioversores está se tornando mais 
usado no tratamento dessas condições.)
III. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE I
Os fármacos antiarrítmicos podem ser classificados de acordo com seu efeito 
predominante sobre o potencial de ação (Figura 17.4). Embora essa classifi-
cação seja conveniente, ela não é inteiramente definida, pois vários fármacos 
apresentam ações relacionadas com mais de uma classe ou podem apre-
sentar metabólitos ativos com ação em uma classe diferente. Os fármacos 
antiarrítmicos da classe I atuam bloqueando canais de sódio (Na+) sensíveis 
à voltagem, pelo mesmo mecanismo dos anestésicos locais. A diminuição da 
velocidade de entrada de sódio reduz a velocidade de elevação da Fase 0 do 
potencial de ação. (Nota: em doses terapêuticas, esses fármacos apresentam 
pouco efeito na membrana em repouso completamente polarizada devido à 
sua maior afinidade pelos canais ativos e inativos do que pelos canais em 
repouso.) Os antiarrítmicos da classe I, portanto, geralmente causam diminui-
ção da excitabilidade e da velocidade de condução. O uso dos bloqueadores 
de canais de sódio vem declinando continuamente devido aos seus possíveis 
efeitos pró-arritmogênicos, particularmente em pacientes com função ventri-
cular esquerda reduzida e doença cardíaca isquêmica.
A. Uso-dependência
Os fármacos da classe I ligam-se mais rapidamente aos canais de sódio 
abertos ou inativados do que os completamente repolarizados após a re-
cuperação do ciclo de despolarização prévio. Portanto, esses fármacos 
apresentam maior grau de bloqueio em tecidos que são frequentemente 
despolarizados (p. ex., durante a taquicardia, quando os canais de sódio 
abrem com frequência). Essa propriedade é denominada dependência-
-de-uso (ou dependência-de-estado), e ela possibilita que esses fármacos 
IA
IB
IC
II
III
IV
CLASSIFICAÇÃO 
DO FÁRMACO
MECANISMO DE AÇÃO COMENTÁRIO
Bloqueador de canais de Na+
Bloqueador de canais de Na+
Bloqueador de canais de Na+
Bloqueador de �-adrenorreceptor
Bloqueador de canais de K+
Bloqueador de canais de Ca2+
Torna lenta a despolarização de Fase 0 nas fibras
musculares dos ventrículos.
Encurta a repolarização de Fase 3 nas fibras
musculares dos ventrículos.
Torna muito lenta a despolarização de Fase 0 nas
fibras musculares dos ventrículos.
Inibe a despolarização de Fase 4 nos nós
SA e AV.
Prolonga a repolarização de Fase 3 nas fibras
musculares dos ventrículos.
Inibe o potencial de ação nos nós SA e AV.
Figura 17.4
Ações de fármacos antiarrítmicos. SA = sinoatrial; AV = atrioventricular.
Clark-5ed_17.indd 210Clark-5ed_17.indd 210 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
136 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 211
bloqueiem células que estão disparando em uma frequência anormalmen-
te elevada, sem interferir com a frequência normal baixa de batimentos 
cardíacos. Os fármacos da classe I são subdivididos em três grupos de 
acordo com seus efeitos na duração do potencial de ação. Os fármacos da 
classe IA reduzem a velocidade de despolarização do potencial de ação 
(reduzindo, assim, a velocidade de condução), prolongam o potencial de 
ação e aumentam o período refratário efetivo do ventrículo. Eles apre-
sentam uma velocidade intermediária de associação aos canais de sódio 
ativados/inativados e uma velocidade intermediária de dissociação dos 
canais em repouso. O prolongamento da duração do potencial de ação e o 
aumento no período eficaz ventricular são devidos à atividade de classe III 
simultânea. Os fármacos da classe IB apresentam poucos efeitos na velo-
cidade de despolarização; eles diminuem a duração do potencial de ação 
encurtando a repolarização. Eles interagem rapidamente com os canais 
de sódio. Os fármacos da classe IC deprimem acentuadamente a veloci-
dade de despolarização do potencial de ação da membrana. Dessa forma, 
eles causam redução acentuada na velocidade de condução, mas têm 
pouco efeito na duração do potencial de ação da membrana ou no período 
refratário efetivo ventricular. Eles se ligam lentamente aos canais de sódio.
B. Arritmias
A inibição dos canais de potássio (atividade de classe III) alarga o poten-
cial de ação, levando ao prolongamento do intervalo QT no ECG. Esse 
efeito aumenta o risco de desenvolver taquiarritmias ventriculares fatais 
(torsade de pointes). A causa mais comum do prolongamento QT é a 
indução por fármacos, embora também possa ser genética. O prolonga-
mento QT não é observado só com antiarrítmicos da classe III. Fármacos 
como cisaprida, grepafloxacino, terfenadina e astemizol foram retirados 
do mercado devido a arritmias graves e fatais. Eritromicina, claritromici-
na, pentamidina, moxifloxacino, levofloxacino, imipramina, desipramina, 
amitriptilina, doxepina, tioridazina, mesoridazina, haloperidol, risperido-
na, zoprasidona e quetiapina são alguns dos fármacos que prolongam o 
intervalo QT. Deve-se ter cautela ao associar diversos fármacos com efei-
to no intervalo QT (p. ex., quinidina com levofloxacino) ou usando esses 
fármacos associados com antifúngicos azóis (fluconazol e itraconazol). 
Esse último inibe a biotransformação de fármacos causando grande au-
mento nas concentrações plasmáticas.
C. Quinidina
A quinidina é o fármaco protótipo da classe IA. Devido à sua atividade de 
classe III simultânea, ela pode desencadear arritmias como a taquicardia 
ventricular polimórfica (torsade de pointes), que podem degenerar em 
fibrilação ventricular. Devido ao potencial tóxico da quinidina, os anta-
gonistas de canais de cálcio, como a amiodarona e o verapamil, estão 
substituindo de forma crescente a quinidina no uso clínico.
 1. Mecanismo de ação. A quinidina se liga aos canais de sódio aber-
tos e inativados, impedindo o influxo de sódio e reduzindo, dessa 
forma, a velocidade de entrada rápida durante a Fase 0 (Figura 
17.5). Ela também diminui a inclinação de despolarização espontâ-
nea da Fase 4 e inibe as trocas de potássio. Devido a essas razões, 
ela diminui a velocidade de condução e aumenta a refratariedade.
 2. Usos terapêuticos. A quinidina é usada no tratamento de uma 
grande variedade de arritmias, incluindo taquiarritmias atrial, jun-
cional AV e ventricular. A quinidina é usada para manter o ritmo 
sinusal após cardioversão com corrente direta da palpitação (flutter) 
ou fibrilação atrial e para evitar taquicardia ventricular frequente.
K+
K+ K+
K+
K+
Na+
Na+
–85 mV
 
 
Sem fármaco
0 mV
Fase 0
(INa)
Fase 3 (I
K)
Períodorefratárioefetivo 
Quinidina, procainamida e
disopiramida bloqueiam os
canais de sódio abertos ou
inativados. Esses fármacos
apresentam velocidade
intermediária de associação
com canais de sódio. 
Membrana
 Interior
 Exterior
Correntes
de potencial
de ação 
Correntes
diastólicas 
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Os fármacos da classe IA tornam
lenta a despolarização da Fase 0.
Além disso, eles prolongam o
potencial de ação devido à sua
atividadede classe III.
K+
Figura 17.5
Diagrama dos efeitos de fármacos da 
classe IA. INa e IK são correntes trans-
membrana decorrentes do movimento 
de Na+ e K+, respectivamente.
Clark-5ed_17.indd 211Clark-5ed_17.indd 211 31/10/12 15:1331/10/12 15:13Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 137
212 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 3. Farmacocinética. O sulfato de quinidina é rápido e quase comple-
tamente absorvido após administração via oral. Ele sofre extensa 
biotransformação por enzimas hepáticas citocromo P450, formando 
metabólitos ativos.
 4. Efeitos adversos. O efeito adverso potencial da quinidina (ou de 
qualquer fármaco antiarrítmico) é o desenvolvimento de arritmia 
(torsades de pointes). A quinidina pode causar bloqueio SA e AV 
ou assistolia. Em concentrações tóxicas, pode induzir taquicardia 
ventricular. Náusea, êmese e diarreia são observados comumente. 
Doses elevadas de quinidina podem induzir sintomas de cinchonis-
mo (p. ex., visão turva, zumbido, cefaleia, desorientação e psicose). 
O fármaco apresenta uma leve ação bloqueadora �-adrenérgica, 
bem como efeitos do tipo atropina. A quinidina pode aumentar a 
concentração de equilíbrio da digoxina deslocando-a dos sítios de 
ligação tecidual (efeito menor) e diminuindo sua depuração renal 
(efeito principal).
D. Procainamida
 1. Ações. Esse fármaco da classe IA é um derivado do anestésico 
local procaína e tem ações semelhantes às da quinidina.
 2. Farmacocinética. A procainamida é bem absorvida após a admi-
nistração via oral. (Nota: a via IV é usada raramente, pois causa 
hipotensão se a infusão for muito rápida.) A procainamida apresenta 
uma meia-vida relativamente curta, de 2 a 3 horas. Parte do fár-
maco é acetilada no fígado em N-acetilprocainamida (NAPA), que 
apresenta pouco efeito na polarização máxima das fibras de Purkin-
je, mas prolonga a duração do potencial de ação. Assim, a NAPA 
tem as propriedades e os efeitos adversos de um fármaco da classe 
III. A NAPA é eliminada pelos rins, e as dosagens de procainamida 
precisam ser ajustadas em pacientes com insuficiência renal.
 3. Efeitos adversos. Com o uso crônico, a procainamida causa uma 
elevada incidência de efeitos adversos, incluindo síndrome do tipo 
lúpus eritematoso reversível, que se desenvolve em 25 a 30% dos 
pacientes. As concentrações tóxicas de procainamida podem cau-
sar assistolia ou indução de arritmias ventriculares. Os efeitos ad-
versos no SNC incluem depressão, alucinação e psicose. Com esse 
fármaco, a intolerância gastrintestinal é menos frequente do que 
com quinidina.
E. Disopiramida
 1. Ações. Esse fármaco da classe IA apresenta ações similares às 
da quinidina. A disopiramida produz efeito inotrópico negativo maior 
do que o fraco efeito exercido por quinidina e procainamida, e, ao 
contrário desses dois, a disopiramida causa vasoconstrição pe-
riférica. Ela pode produzir diminuição clinicamente importante na 
contratilidade miocárdica em pacientes com comprometimento pre-
existente da função ventricular esquerda. A disopiramida é usada 
no tratamento de arritmias ventriculares, como uma alternativa à 
procainamida ou quinidina. Como a procainamida e a quinidina, ela 
apresenta atividade de classe III.
 2. Farmacocinética. Aproximadamente metade do fármaco ingerido 
por via oral é excretado inalterado pelos rins. Cerca de 30% do fár-
maco são convertidos no fígado ao metabólito mono-N-desalquilado 
menos ativo.
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138 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 213
 3. Efeitos adversos. A disopiramida mostra efeitos de atividade anti-
colinérgica (p. ex., xerostomia, retenção de urina, visão embaçada e 
constipação).
F. Lidocaína
A lidocaína é um fármaco da classe IB. Os fármacos da classe IB se 
associam e se dissociam rapidamente nos canais de sódio. Assim, as 
ações dos fármacos da classe IB se manifestam quando a célula car-
díaca está despolarizada ou disparando rapidamente. Os fármacos da 
classe IB são particularmente úteis no tratamento de arritmias ventricula-
res. A lidocaína foi o fármaco de escolha para o tratamento emergencial 
de arritmias cardíacas.
 1. Ações. A lidocaína, um anestésico local, encurta a repolarização de 
Fase 3 e diminui a duração do potencial de ação (Figura 17.6).
 2. Usos terapêuticos. A lidocaína é útil no tratamento de arritmias 
ventriculares que aparecem durante a isquemia miocárdica, como 
a vivenciada durante o infarto do miocárdio. Ela não reduz a velo-
cidade de condução de forma marcante e, dessa forma, apresenta 
poucos efeitos nas arritmias atrial ou juncional AV.
 3. Farmacocinética. A lidocaína é administrada por via IV devido à 
extensa biotransformação de primeira passagem no fígado, que im-
pede a administração oral. O fármaco é desalquilado e eliminado 
quase completamente pelo fígado; consequentemente, o ajuste de 
dosagem pode ser necessário em pacientes com disfunção hepá-
tica, ou em pacientes que estão usando fármacos que reduzem o 
fluxo sanguíneo hepático, como o propranolol.
 4. Efeitos adversos. A lidocaína apresenta uma ampla relação entre 
efeito tóxico e efeito terapêutico. Ela pouco interfere na função ven-
tricular esquerda e não tem efeito inotrópico negativo. Os efeitos so-
bre o SNC incluem sonolência, fala enrolada, parestesia, agitação, 
confusão e convulsões. Pode ocorrer também arritmia cardíaca.
G. Mexiletina e tocainida
Esses fármacos da classe IB têm ações semelhantes às da lidocaína e 
podem ser administrados por via oral. A mexiletina é usada no tratamento 
crônico de arritmias ventriculares associadas ao infarto do miocárdio pré-
vio. A tocainida é usada no tratamento de taquiarritmias ventriculares e 
apresenta toxicidade pulmonar, que pode levar à fibrose pulmonar.
H. Flecainida
A flecainida é um fármaco da classe IC. Esses fármacos se dissociam 
lentamente dos canais de sódio em repouso e têm efeitos proeminentes, 
mesmo em frequências cardíacas normais. Eles são aprovados nas ar-
ritmias ventriculares refratárias, na prevenção da fibrilação/flutter atrial 
paroxística associada com sintomas desabilitantes e na taquicardia su-
praventricular paroxística. Entretanto, resultados recentes lançaram sé-
rias dúvidas na segurança dos fármacos da classe IC.
 1. Ações. A flecainida suprime a ascensão da Fase 0 nas fibras de 
Purkinje e miocárdicas (Figura 17.7). Isso causa redução acentuada 
da velocidade de condução em todo o tecido cardíaco, com pouco 
efeito na duração do potencial de ação e no período refratário. A 
automaticidade é reduzida pelo aumento do potencial limiar, em vez 
da diminuição na inclinação da despolarização na Fase 4.
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
K+
K+
K+
K+
K+
K+
Na+
Na+
 
 
Lidocaína mexiletina e tocainida
bloqueiam os canais de sódio
abertos ou inativados. 
Esses fármacos apresentam
velocidade rápida de associação
com canais de sódio.
 Exterior
Membrana
 Interior
Correntes
de potencial
de ação 
Correntes
diastólicas 
–85 mV
Fase 3 (IK)
Fase 0
(INa)
0 mV
Sem fármaco
Período refratárioefetivo
Os fármacos da classe IB
encurtam a repolarização
de Fase 3 e diminuem a
duração do potencial
de ação. 
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Figura 17.6
Diagrama dos efeitos dos fármacos da 
Classe IB. INa e IK são correntes trans-
membranas decorrentes do movimento 
de Na+ e K+, respectivamente.
Clark-5ed_17.indd 213Clark-5ed_17.indd 213 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 139
214 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 2. Usos terapêuticos. A flecainida é útil no tratamento de arritmias 
ventriculares refratárias. Ela é particularmente útil na supressão de 
contração ventricular prematura. A flecainida apresenta efeito ino-
trópico negativo e pode agravar a insuficiência cardíaca congestiva.
 3. Farmacocinética. A flecainida é absorvida por via oral, sofre bio-
transformação mínima e tem meia-vida de 16 a 20 horas.
 4. Efeitos adversos. A flecainida pode causar tontura, visão emba-
çada, cefaleia e náusea. Como outros fármacosda classe IC, a fle-
cainida pode agravar arritmias preexistentes ou induzir taquicardia 
ventricular potencialmente fatal e é resistente ao tratamento.
I. Propafenona
Esse fármaco da classe IC tem ações semelhantes às da flecainida. A 
propafenona, como a flecainida, reduz a velocidade de condução em 
todos os tecidos cardíacos e é considerado um antiarrítmico de amplo 
espectro.
IV. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE II
Os fármacos da classe II são antagonistas adrenérgicos. Eles reduzem a des-
polarização de Fase 4, deprimem, assim, a automaticidade, prolongam a con-
dução AV e diminuem a frequência e a contratilidade cardíacas. Os fármacos 
da classe II são úteis no tratamento de taquiarritmias causadas por aumento 
da atividade simpática. Eles também são usados contra palpitação e fibrilação 
atrial e contra a taquicardia de reentrada no nó AV. (Nota: em contraste com 
os bloqueadores de canais de sódio, os bloqueadores e os compostos da 
classe III, como sotalol e amiodarona, têm uso crescente.)
A. Propranolol
O propranolol reduz a incidência de arritmias súbitas fatais depois do 
infarto do miocárdio (a causa mais comum de morte nesse grupo de pa-
cientes). Ele reduz a taxa de mortalidade no primeiro ano após um ata-
que cardíaco, significativamente, em parte devido à sua capacidade de 
prevenir arritmias ventriculares.
B. Metoprolol
O metoprolol é o antagonista �-adrenérgico mais amplamente usado no 
tratamento de arritmias cardíacas. Comparado ao propranolol, ele reduz 
o risco de broncoespasmo. Como o propranolol, é extensamente bio-
transformado e tem ampla penetração no SNC.
C. Esmolol
O esmolol é um �-bloqueador de ação muito curta usado por via IV no 
tratamento de arritmias agudas que ocorrem durante cirurgias ou situa-
ções emergenciais.
V. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE III
Os fármacos da classe III bloqueiam os canais de potássio (K+) e, assim, dimi-
nuem o efluxo de potássio durante a repolarização das células cardíacas. Es-
ses fármacos prolongam a duração do potencial de ação sem alterar a Fase 
0 de despolarização ou o potencial de repouso da membrana (Figura 17.8). 
2+
Ca2+
K+
K+ K+
K+
K+
Na+
Na+
 
 Exterior
 Interior
Membrana
Correntes
de potencial
de ação 
Correntes
diastólicas 
Flecainida e propafenona
bloqueiam os canais de sódio
abertos ou inativados. Esses
fármacos apresentam veloci-
dade baixa de associação aos
canais de sódio. 
Os fármacos da classe IC
tornam a despolarização de
Fase 0 marcadamente lenta.
Sem fármaco
0 mV
Fase 0
(INa)
Fase 3 (IK)
Período refratárioefetivo
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Ca2+
–85 mV
Figura 17.7
Diagrama dos efeitos dos fármacos da 
classe IC. INa e IK são correntes trans-
membranas decorrentes do movimento 
de Na+ e K+, respectivamente.
Clark-5ed_17.indd 214Clark-5ed_17.indd 214 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
140 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 215
Ao contrário, eles prolongam o período refratário efetivo aumentando a refra-
tariedade. Todos os fármacos da classe III têm potencial de induzir arritmias.
A. Amiodarona
 1. Ações. A amiodarona contém iodo e é estruturalmente relacionada 
com a tiroxina. Ela apresenta efeitos complexos, mostrando ações 
de fármacos das classes I, II, III e IV. Seu efeito dominante é o pro-
longamento da duração do potencial de ação e do período refratá-
rio. A amiodarona tem atividade antianginosa e antiarrítmica.
 2. Usos terapêuticos. A amiodarona é eficaz no tratamento de ta-
quiarritmias supraventriculares e ventriculares refratárias graves. A 
amiodarona tem sido a base do tratamento da fibrilação atrial (FA). 
A amiodarona revelou-se eficaz em manter o ritmo sinusal. Apesar 
do seu perfil de efeitos adversos, ela é o antiarrítmico mais comu-
mente empregado.
 3. Farmacocinética. A amiodarona é absorvida incompletamente 
após a administração oral. O fármaco é incomum por apresentar 
meia-vida de várias semanas e se distribui extensamente no tecido 
adiposo. Os efeitos clínicos completos podem não ser obtidos até 
seis semanas após o início do tratamento, a menos que sejam em-
pregadas doses de ataque.
 4. Efeitos adversos. A amiodarona apresenta uma variedade de efei-
tos tóxicos. Após o uso prolongado, mais da metade dos pacientes 
apresentam efeitos adversos que são suficientemente graves para 
suspender o uso. Todavia, o uso de dosagens baixas diminui a toxi-
cidade e mantém a eficácia clínica. Alguns dos efeitos adversos são 
fibrose intersticial pulmonar, intolerância gastrintestinal, tremores, 
ataxia, tontura, hiper ou hipotireoidismo, toxicidade hepática, fotos-
sensibilidade, neuropatia, fraqueza muscular e coloração azulada 
da pele causada pelo acúmulo cutâneo de iodeto.
B. Dronedarona
A dronedarona é um derivado benzofurano da amiodarona que é menos 
lipofílico, tem menor acúmulo tecidual e meia-vida sérica menor que a 
amiodarona. Não tem moléculas de iodo que são responsáveis pelas dis-
funções tireóideas associadas com a amiodarona. Como a amiodarona, 
a dronedarona tem ações das classes I, II, III e IV. A maioria dos efeitos 
adversos é de natureza GI e inclui náuseas, êmese e diarreia. Um recen-
te estudo de 7 meses em pacientes com fibrilação atrial revelou que a 
dronedarona é menos eficaz que a amiodarona em diminuir a recorrência 
de FA, mas tem perfil de segurança maior especificamente com relação a 
eventos tireóideos e neurológicos e não interage com os anticoagulantes 
orais. Entretanto, são necessários mais estudos comparativos de longa 
duração com a amiodarona para definir o papel da dronedarona no trata-
mento da fibrilação atrial.
C. Sotalol
O sotalol, embora sendo um fármaco da classe III de antiarrítmicos, 
também apresenta atividade �-bloqueadora não seletiva e potente. O 
sotalol tem dois estereoisômeros com diferentes atividades farmaco-
lógicas. O isômero levorotatório (isotalol) é responsável pela atividade 
�-bloqueadora, e o d-sotalol, pela ação antiarrítmica de classe III. Está 
bem estabelecido que os �-bloqueadores reduzem a mortalidade asso-
ciada ao infarto agudo do miocárdio.
Ca2+
Ca2+ Ca2+
Na+
Na+
 
 
Período refratárioefetivo
Amiodarona, dofetilida e
sotalol bloqueiam os
canais de potássio.
–85 mV
Sem 
fármaco
0 mV
Fase 0
(INa)
Fase 3 (IK)
Membrana
 Interior
 Exterior
Correntes
de potencial
de ação 
Correntes
diastólicas 
Os fármacos da classe III
prolongam a repolarização
de Fase 3, sem alterar 
a Fase 0.
+K
+K
+K
+K
Figura 17.8
Diagrama dos efeitos dos fármacos da 
classe III. INa e IK são correntes trans-
membranas decorrentes do movimento 
de Na+ e K+, respectivamente.
Clark-5ed_17.indd 215Clark-5ed_17.indd 215 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 141
216 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 1. Ações. O sotalol bloqueia a corrente de saída rápida de potássio, 
conhecida como retificação retardada. Esse bloqueio prolonga a 
despolarização e a duração do potencial de ação, prolongando, as-
sim, o período refratário efetivo.
 2. Usos terapêuticos. Os �-bloqueadores são usados no tratamento 
de longa duração para diminuir a taxa de morte súbita após infarto 
agudo do miocárdio. Os �-bloqueadores têm habilidade modesta 
em suprimir os batimentos ectópicos e reduzir a demanda miocár-
dica de oxigênio. Eles apresentam potente efeito antifibrilatório, par-
ticularmente no miocárdio isquêmico. O sotalol é mais eficaz em 
prevenir a recorrência de arritmia e em diminuir a mortalidade do 
que imipramina, mexiletina, procainamida, propafenona e quinidina 
em pacientes com taquicardia ventricular sustentada (Figura 17.9).
 3. Efeitos adversos. O sotalol apresenta a menor frequência de efei-
tos adversos agudos ou de longo prazo. Como todos os fármacos 
que prolongam o intervalo QT, a síndrome torsade de pointes é um 
potencial efeito adverso grave, observado em 3 a 4% dos pacientes.
D. Dofetilida
A dofetilida pode ser usadacomo fármaco antiarrítmico de primeira linha 
em pacientes com fibrilação atrial persistente e insuficiência cardíaca ou 
em pacientes com doença arterial coronariana com comprometimento 
da função ventricular esquerda. Devido ao risco de pró-arritmia, o início 
do uso de dofetilida é limitado ao paciente hospitalizado e restrito para 
prescritores que completaram a sessão de treinamento específica com o 
fabricante. Junto com amiodarona e �-bloqueadores, a dofetilida é o úni-
co antiarrítmico recomendado pelos especialistas para o tratamento da 
fibrilação atrial em ampla faixa de pacientes. A meia-vida é de 10 horas. 
Sua excreção é na urina, sendo 80% na forma inalterada e 20% na forma 
de metabólitos inativos ou minimamente ativos.
VI. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE IV
Os fármacos da classe IV são bloqueadores de canais de cálcio (ver p. 236). 
Eles diminuem a corrente de entrada do cálcio (Ca2+), resultando em diminui-
ção da velocidade de despolarização espontânea da Fase 4. Eles também 
diminuem a velocidade de condução em tecidos que dependem de correntes 
de cálcio, como o nó AV (Figura 17.10). Embora haja canais de cálcio volta-
gem-sensíveis em muitos tecidos diferentes, o principal efeito dos bloqueado-
res de canais de cálcio ocorre no músculo liso vascular e no coração.
A. Verapamil e diltiazem
O verapamil apresenta maior ação no coração do que no músculo liso 
vascular, ao passo que o nifedipino, um bloqueador de canal de cálcio 
usado no tratamento da hipertensão (ver p. 236), exerce um efeito mais 
intenso no músculo liso vascular do que no coração. O diltiazem tem uma 
ação intermediária.
 1. Ações. O cálcio entra nas células por canais voltagem-sensíveis e por 
canais operados por receptores que são controlados pela ligação de 
agonistas, como as catecolaminas, a receptores de membrana. Os 
Ano
0 1 2 3 4
0
100
50
Sotalol
Outros fármacos:
 Imipramina
 Mexiletina
 Procainamida
 Propafenona
 Quinidina
Ó
b
it
o
 c
u
m
u
la
ti
vo
d
ev
id
o
 a
 a
rr
it
m
ia
s 
(%
)
Figura 17.9
Comparação do sotalol com cinco ou-
tros fármacos com relação aos óbitos 
decorrentes de arritmias cardíacas.
Clark-5ed_17.indd 216Clark-5ed_17.indd 216 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
142 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 217
bloqueadores de canais de cálcio, como verapamil e diltiazem, são 
mais eficazes sobre os canais voltagem-sensíveis, causando diminui-
ção na corrente lenta para o interior da célula que dispara a contração 
cardíaca. Verapamil e diltiazem somente se ligam a canais abertos 
despolarizados, impedindo a repolarização até que o fármaco se dis-
socie do canal. Portanto, esses fármacos são “uso-dependentes”, ou 
seja, eles bloqueiam mais efetivamente quando o coração está baten-
do rapidamente, pois, no coração batendo normalmente, os canais de 
cálcio têm tempo para repolarizar, e o fármaco ligado se dissocia do 
canal antes do próximo pulso de condução. Diminuindo a corrente de 
cálcio para o interior, verapamil e diltiazem reduzem a velocidade de 
condução e prolongam o período refratário efetivo em tecidos depen-
dentes de correntes de cálcio, como o nó AV. Portanto, esses fármacos 
são eficazes no tratamento de arritmias que precisam passar por teci-
dos cardíacos dependentes de cálcio.
 2. Usos terapêuticos. O verapamil e o diltiazem são mais eficazes 
contra arritmias atriais do que contra as ventriculares. Eles são úteis 
no tratamento de taquicardia supraventricular de reentrada e na re-
dução da frequência ventricular na palpitação (flutter) e fibrilação 
atriais (redução da velocidade ventricular). Além disso, esses fárma-
cos são usados no tratamento de hipertensão e angina.
 3. Farmacocinética. O verapamil e o diltiazem são absorvidos após 
administração via oral. O verapamil é extensamente biotransforma-
do pelo fígado: portanto, deve-se ter cuidado quando esse fármaco 
é administrado em pacientes com disfunção hepática.
 4. Efeitos adversos. O verapamil e o diltiazem têm propriedade inotrópi-
ca negativa e, por isso, podem ser contraindicados em pacientes com 
função cardíaca deprimida preexistente. Ambos os fármacos também 
podem diminuir a pressão arterial devido à vasodilatação periférica – 
um efeito que é até benéfico no tratamento da hipertensão.
VII. OUTROS FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS
A. Digoxina
A digoxina diminui o período refratário nas células miocárdicas atriais 
e ventriculares ao mesmo tempo em que aumenta o período refratário 
efetivo e diminui a velocidade de condução no nódulo AV. A digoxina é 
usada no controle da velocidade de resposta ventricular na fibrilação e na 
palpitação atrial. Em concentrações tóxicas, a digoxina causa batimentos 
ventriculares ectópicos que podem resultar em taquicardia e fibrilação 
ventriculares. (Nota: essa arritmia normalmente é tratada com lidocaína 
ou fenitoína.)
B. Adenosina
A adenosina é um nucleosídeo de ocorrência natural que, em doses altas, 
diminui a velocidade de condução, prolonga o período refratário e diminui 
a automaticidade no nó AV. A adenosina por via IV é o fármaco de escolha 
para abolir taquicardia supraventricular aguda. Ela tem baixa toxicidade, 
mas causa rubor, dor torácica e hipotensão. A adenosina tem uma dura-
ção de ação extremamente curta (aproximadamente 15 segundos).
K
+
K
+ K
+
K
+
K
+
 
 
 
Os fármacos da classe IV tornam
lenta a despolarização de Fase 4 
espontânea e diminuem a
velocidade de condução em 
tecidos dependentes de correntes 
de cálcio, como o nó AV.
Verapamil, diltiazem e
nifedipino bloqueiam
os canais de cálcio
abertos ou inativados.
Ca2+
Ca2+
Ca2+
Sem 
fármaco
0 mV
Fase 0
ICa
Notar
–75mV
Período refratário efetivo
Ação do grupo IV
Fase 2 (ICa e IK)
Correntes 
de potencial 
de ação
Correntes 
diastólicas
 Exterior
Membrana
 Interior
Na+Na+
Figura 17.10
Diagrama dos efeitos dos fármacos da 
classe IV. ICa e IK são correntes trans-
membranas decorrentes do movimento 
de Ca+ e K+, respectivamente.
Clark-5ed_17.indd 217Clark-5ed_17.indd 217 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Sistema Cardiovascular: Angina, IC, Antiarrítimico | PARTE 3 143
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PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Laxantes e Antidiarréicos
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unidade 
2
146 FARMACOLOGIA GERAL 
Laxantes e antidiarreicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as classes de fármacos laxantes e antidiarreicos. 
  Explicar o mecanismo de ação, os usos terapêuticos e os efeitos ad-
versos dos laxantes.
  Descrever o mecanismo de ação, os usos terapêuticos e os efeitos 
adversos dos antidiarreicos.
Introdução
O trato gastrointestinal (TGI) é caracterizado por atividade absortiva, 
contrátil ou secretora, e, embora a principal funç ã o do intestino delgado 
seja a digestão e a absorção dos nutrientes provenientes dos alimentos, 
o intestino delgado e o colo, juntos, executam funç õ es importantes, que 
regulam a secreç ã o e a absorç ã o de á gua e eletrólitos (LONGO; FAUCI, 
2015).
O teor final de lí quidos nas fezes depende de um equilí brio entre a 
quantidade que entra no lúmen (ingestã o e secreç ã o de á gua e eletró litos) 
e o volume que sai (absorç ã o) ao longo de todo o TGI. Assim, o volume e 
a consistência das fezes é resultante da quantidade de líquidos, e a água 
representa em torno de 70% a 85% da massa fecal total. 
Condições que promovem a reduç ã o da motilidade e a remoç ã o 
excessiva de lí quidos tornam as fezes endurecidas e impactadas, le-
vando à constipaç ã o. Por outro lado, um aumento da capacidade de 
absorç ã o de lí quidos pelo cólon desencadeia um quadro de diarreia. 
Já as alteraç õ es nas funç õ es motoras e sensoriais do colo resultam em 
sí ndromes altamente prevalentes, como a do intestino irritável, além de 
diarreiae constipaç ã o (LONGO; FAUCI, 2015).
A constipaç ã o e a diarreia sã o patologias comuns e são responsá veis 
por um alto índice de mortalidade, morbidade, desconforto social, 
perda de produtividade no trabalho e custo com recursos médicos e 
medicamentos.
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 147
Em geral, apesar da diarreia e da constipaç ã o apresentarem-se apenas 
como simples sintomas incômodos, por outro lado, podem sinalizar 
patologias graves ou potencialmente fatais. No entanto, vale ressaltar 
que, mesmo os sintomas leves podem sinalizar uma lesã o gastrintestinal 
subjacente grave, como o câ ncer colorretal, ou um distú rbio sistê mico, 
como a doenç a tireoideana (LONGO; FAUCI, 2015). 
Nesse cenário, diante das inúmeras possibilidades de causas e gravida-
des dessas patologias, é muito importante que se conheçam os aspectos 
fisiopatológicos bem como os princípios terapê uticos da diarreia e da 
constipaç ã o, de modo a oferecer um tratamento racional aos pacientes 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 
2016).
Nesse capítulo vamos abordar os mecanismos de ação e efeitos ad-
versos das diferentes classes de fármacos laxantes e antidiarreicos.
Fármacos laxantes
Os fármacos laxantes são comumente usados para tratar a constipação, uma 
queixa comum na prá tica clí nica que em geral se refere à defecação difí cil, in-
frequente ou aparentemente incompleta e persistente (LONGO; FAUCI, 2015). 
Em geral, as definições científicas para a constipação baseiam-se principal-
mente no nú mero de evacuaç õ es por semana, e estudos têm demonstrado que, 
em indivíduos com a dieta ocidental, a frequê ncia normal das evacuaç õ es pode 
variar de 3 vezes ao dia até pelo menos 3 vezes/semana. No entanto, utiliza-se 
o termo constipaç ã o nã o somente para descrever a reduç ã o da frequê ncia, mas 
també m para expressar a dificuldade de iniciar ou evacuar, a eliminaç ã o de 
fezes duras ou pequenas, ou a sensaç ã o de evacuaç ã o incompleta (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016). Ou seja, apesar de comumente definida 
como frequência de evacuações inferior a 3 vezes/semana, constipação intesti-
nal também pode envolver outras queixas como esforço evacuatório aumentado 
e fezes muito endurecidas (FUCHS; WANNMACHER, 2017). 
A constipaç ã o, muito comum em mulheres e idosos, em geral está associada 
a muitas causas reversíveis ou secundá rias, incluindo uma baixa ingestã o 
de fibras dieté ticas, fá rmacos que interferem com a motilidade intestinal 
(analgésicos opioides; anti-hipertensivos, clonidina e propranolol; verapamil; 
antidepressivos tricíclicos; antiparkinsonianos; carbonato de cálcio), alterações 
hormonais, distú rbios neurogênicos e doenç as sistêmicas. Porém, na maioria 
dos casos de constipaç ã o crô nica, nã o é encontrada uma causa especí fica 
Laxantes e antidiarreicos2
148 FARMACOLOGIA GERAL 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016).
Exceto em casos passíveis de tratamentos específicos, recomenda-se o 
manejo sintomático de constipação intestinal através de medidas não farma-
cológicas, devido a custo e risco baixos, além de potencial benefício à saúde 
geral, são geralmente indicadas. Medidas não farmacológicas que incluem (a) 
dieta rica em fibras (25 a 30 g/dia) associada à ingestão adequada de líquidos; 
(b) atividade física e (c) desenvolvimento de reflexo condicionado, ou seja, 
condicionamento do mesmo horário diário para evacuação, preferencialmente 
pela manhã, após o desjejum. Entretanto, não há evidência de que a constipação 
intestinal melhore com aumento da ingestão hídrica, exceto em pacientes 
desidratados. Em relação à atividade física, há evidência de menos distensão 
abdominal por gases com atividade física leve. Aumento do consumo de fibras 
ou uso de suplemento de fibras e agentes formadores do bolo fecal constituem 
recomendação frequentemente utilizada (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Vale ressaltar que, para a maioria dos pacientes com constipação intesti-
nal leve, medidas não farmacológicas mostram-se eficazes. Quando não há 
resposta, indicam-se alguns laxativos com propriedade de acumular água e 
eletrólitos no lúmen intestinal (laxantes formadores de bolo fecal), favorecendo 
assim o peristaltismo. Devem ser evitados os laxativos com mecanismo de 
ação irritante da mucosa colônica (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Vejamos agora as características farmacológicas (mecanismo de ação, usos 
terapêuticos e efeitos adversos) das diferentes classes de fármacos laxantes.
Para informações mais detalhadas sobre a fisiopatologia da constipação, leia o livro 
Gastrenterologia e hepatologia de Harrison de D. Longo e A. Fauci.
3Laxantes e antidiarreicos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 149
Mecanismos de ação, usos terapeuticos e efeitos 
adversos de fármacos laxantes
Laxantes formadores de bolo fecal
Os laxantes formadores de bolo fecal, também denominados de laxativos 
formadores de massa ou expansores de bolo fecal, são coloides hidrofílicos 
não digeríveis que promovem a retenção de água nas fezes. Dentre os repre-
sentantes de tal classe, pode-se citar as fi bras solúveis (psyllium, metilcelulose, 
goma guar, goma guar parcialmente hidrolisada), fi bra sintética (policarbofi la 
cálcica) e fi bra insolúvel (farelo de trigo).
Esses agentes promovem a absorção da água, formando assim um gel 
emoliente e volumoso no intestino grosso, causando a distensã o intestinal, 
aumentando, assim, a atividade peristá ltica (KATZUNG; TREVOR, 2017).
O uso desses agentes pode facilitar a formação do bolo fecal e aumentar o 
número de evacuações semanais, sendo úteis em pacientes com constipação 
leve ou crônica devido à quantidade insuficiente de água no bolo fecal. 
Em geral, são bem tolerados e com baixos índices de efeitos adversos, 
porém pode ocorrer obstrução mecânica do esôfago e do cólon, particularmente 
com as fibras insolúveis. Devem ser usados com cautela em pacientes que se 
encontram imobilizados, pois apresentam potencial de causar obstruç ã o intes-
tinal (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016). Metilcelulose pode causar cólica abdominal, diarreia, 
náusea, vômito.
Laxantes irritantes ou estimulantes
Os laxantes irritantes ou estimulantes (catá rticos) induzem evacuaç ã o intes-
tinal por meio de vá rios mecanismos, apesar de que são pouco elucidados, 
que incluem a estimulaç ã o direta do sistema nervoso entérico e a secreç ã o 
colônica de eletró litos e lí quidos. O uso de tais laxantes pode ser necessá rio 
a longo prazo, sobretudo em pacientes com comprometimento neurológico e 
em pacientes acamados em instituiç õ es de cuidados prolongados.
Como exemplos, temos o óleo de rícino, derivados de difenilmetano (fenolf-
taleína e bisacodil) e derivados antracênicos (sene, cáscara-sagrada, ruibarbo, 
dantrona), sendo que bisacodil e sene são os mais utilizados (KATZUNG; 
TREVOR, 2017).
Com relação ao mecanismo de ação, esses fármacos estimulam termina-
ções nervosas sensitivas na mucosa colônica, afetando o transporte de água 
Laxantes e antidiarreicos4
150 FARMACOLOGIA GERAL 
e eletrólitos do epitélio intestinal, e, dessa forma, promovem a retenção de 
água no lúmen intestinal e aumento de motilidade, estimulação de secreção 
de água/eletrólitos para o lúmen intestinal.
Os derivados da antraquinona, aloe, sene e cá scara sagrada, ocorrem na-
turalmente em plantas. Esses laxantes sã o pouco absorvidos e, apó s hidró lise 
no có lon, produzem evacuaç ã o em 6 a 12 horas quando administrados por 
via oral, e dentro de duas horas quando administrados por via retal. Seu uso 
crô nico leva à uma coloração castanha, conhecida como melanose do có lon. Em 
produtos associados, contendo o amolecedor de fezes docusato, esse fá rmaco 
é ú til no tratamento das constipações causadas por opioides (SILVA,2010).
O bisacodil, derivado do difenilmetano, está disponí vel em comprimidos 
e supositó rios para o tratamento da constipaç ã o intestinal aguda e crô nica. 
Atua diretamente nas fibras nervosas na mucosa do colo do intestino e produz 
evacuaç ã o dentro de 6 a 10 horas quando administrado por via oral e em 30 
a 60 minutos quando administrado por via retal.
O óleo de rícino é hidrolisado no intestino delgado em á cido ricinoleico, que 
tende a irritar muito o intestino e, dessa forma, aumenta o peristaltismo. Deve 
ser evitado em gestantes, pois pode estimular contraç õ es do útero (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Laxantes amolecedores do bolo fecal
Os laxantes amolecedores do bolo fecal, também denominados de laxantes 
umectantes e emolientes fecais ou surfactantes, promovem o amolecimento 
do bolo fecal. Exemplos incluem o docusato, administrado por via oral ou 
enema, e os supositó rios de glicerina.
O docusato só dico (sulfossuccinato de dioctil só dico) e o docusato cá lcico 
(sulfossuccinato de dioctil cá lcico) sã o surfactantes aniô nicos que reduzem 
a tensã o superficial das fezes, com o objetivo de facilitar a mistura das 
substâ ncias aquosas e gordurosas, amolecer as fezes e permitir a evacuaç ã o 
mais fá cil (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Com relação ao mecanismo de ação, esses fá rmacos promovem o amole-
cimento do bolo fecal, possibilitando a penetraç ã o de á gua e lipí deos. 
O docusato age como um detergente, possibilitando maior interação entre 
a água e o conteúdo sólido das fezes, permitindo seu amolecimento. Pode ser 
utilizado na dose de 60 a 120 mg ao deitar. Tem eficácia bastante questionável, 
provavelmente inferior ao Psyllium, sem evidência suficiente para indicação no 
tratamento da constipação crônica. Praticamente não existem efeitos adversos 
5Laxantes e antidiarreicos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 151
relatados. É considerado seguro o uso na gravidez, porém recomenda-se não 
usar no primeiro trimestre de gestação.
Nesse grupo de laxantes também pode-se citar o ó leo mineral, agente que 
lubrifica o material fecal, retardando a absorç ã o de á gua das fezes. É utilizado 
na prevenç ã o e no tratamento da impactaç ã o fecal em crianç as de pouca idade 
e em adultos debilitados. Nã o é saboroso, mas pode ser misturado com sucos. 
A aspiraç ã o pode resultar em pneumonite grave por lipí deo. Portanto, o ó leo 
mineral nã o deve ser usado em pacientes acamados devido à possibilidade de 
aspiraç ã o. O uso em longo prazo pode comprometer a absorç ã o das vitaminas 
lipossolú veis (A, D, E, K) (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Laxantes salinos e osmóticos
Os laxantes salinos e osmóticos são também denominados agentes osmoti-
camente ativos. Os mais utilizados são o hidróxido de magnésio, o polietile-
noglicol (PEG), a lactulose e o sorbitol. Sã o compostos solú veis, poré m nã o 
absorví veis, que resultam em aumento da liquefaç ã o das fezes, devido a um 
aumento da á gua fecal (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Os laxantes que contê m cá tions de magné sio ou â nions de fosfato geral-
mente sã o conhecidos como laxantes salinos: sulfato de magné sio, hidró xido 
de magné sio, citrato de magné sio ou fosfato de só dio. A aç ã o catártica desses 
fá rmacos supostamente resulta da retenç ã o de á gua por via osmótica, que 
resulta em estimulo da peristalse. Outros mecanismos podem contribuir para 
seus efeitos, inclusive a produç ã o de mediadores inflamató rios. Os laxantes 
que contê m magné sio podem estimular a liberaç ã o de colecistocinina, que 
resulta no acú mulo intraluminar de lí quidos e eletró litos e aumenta a motilidade 
intestinal (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). São frequentes 
as queixas de dor ou desconforto abdominal durante o uso dessas medicações.
Soluções eletrolíticas contendo polietilenoglicol (PEG) sã o usadas como 
lavagens colô nicas para preparar o intestino para procedimentos endoscópicos 
ou radiológicos. Esse fá rmaco causa menos cólicas e gases do que outros 
laxantes (FUCHS; WANNMACHER, 2017). 
O sorbitol e a lactulose sã o aç ú cares nã o absorví veis, que podem ser uti-
lizados na prevenç ã o ou no tratamento da constipaç ã o intestinal crô nica. 
Esses aç ú cares sã o metabolizados por bacté rias colô nicas, produzindo intensa 
flatulê ncia e có licas. Os agentes osmoticamente ativos, quando administrados 
em altas doses, produzem evacuaç ã o imediata (purgaç ã o) dentro de 1 a 3 horas. 
O rá pido movimento de á gua na porç ã o distal do intestino delgado e do có lon 
resulta em grande volume de fezes lí quidas, seguido de evacuaç ã o intestinal. 
Laxantes e antidiarreicos6
152 FARMACOLOGIA GERAL 
Citrato de magné sio, uma soluç ã o de sulfato e uma associaç ã o de ó xido de 
magné sio, picossulfato de só dio e citrato podem ser usados no tratamento da 
constipaç ã o intestinal aguda ou para limpeza do intestino antes de procedimen-
tos mé dicos (colonoscopia) (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). 
É muito importante que os pacientes em uso desses fá rmacos mantenham uma 
hidrataç ã o adequada, ingerindo uma quantidade aumentada de lí quido para com-
pensar a perda de lí quido fecal.
Laxantes ativadores dos canais de cloreto
A lubiprostona é um derivado do á cido prostanoico indicado para uso na 
constipaç ã o intestinal crô nica e na sí ndrome do intestino irritável. 
O mecanismo de ação envolve a ativação local de canais de cloro em 
porção proximal do intestino, aumentando a secreção intestinal de fluidos e 
a motilidade intestinal (FUCHS; WANNMACHER, 2017). Assim, promove 
o aumento da secreç ã o de lí quido rico em cloreto no intestino, o que estimula 
a motilidade intestinal e diminui o tempo de trâ nsito intestinal.
A maioria dos pacientes apresenta evacuaç ã o dentro de 24 horas apó s a 
administraç ã o de uma dose, e parece nã o haver nenhuma perda da eficá cia 
do fá rmaco com o uso em tratamento em longo prazo. Apó s a interrupç ã o da 
lubiprostona, a constipaç ã o pode retornar aa sua gravidade antes do tratamento. 
Os efeitos adversos da lubiprostona incluem ná useas, cefaleia, diarreia, 
reaç õ es alé rgicas e dispneia. Atenção, a lubiprostona não deve ser usada 
na gestação, pois foi incluí da na categoria C para gravidez, devido a um 
aumento da perda fetal em cobaias. A lubiprostona pode causar ná useas em 
até 30% dos pacientes, devido ao esvaziamento gá strico tardio (KATZUNG; 
TREVOR, 2017).
Laxantes agonistas seletivos dos receptores 5-HT4
Os laxantes agonistas seletivos dos receptores 5-HT4 são tegaserode e pruca-
loprida. O tegaserode é um agonista parcial 5-HT4 da serotonina, foi aprovado 
7Laxantes e antidiarreicos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 153
para o tratamento de pacientes com constipaç ã o crô nica e síndrome do intestino 
irritável mas foi retirado do mercado nos EUA e Europa. No Brasil, seu uso 
é permitido para mulheres com menos de 55 anos com diagnóstico de sín-
drome do intestino irritável com predomínio de constipação e sem cardiopatia 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
A prucaloprida é um agonista serotoninérgico altamente seletivo do receptor 
5-HT4, disponí vel para o tratamento da constipaç ã o intestinal crô nica em 
mulheres, particularmente para aquelas que não responderam aos laxativos 
convencionais. É bem tolerada e tem boa eficácia e segurança.
Os efeitos adversos mais frequentes com o uso da medicação são cefaleia, 
dor abdominal, náusea e vômitos, nenhum com maior gravidade. Apesar de 
ter um mecanismo de ação bastante semelhante ao tegaserode, a prucaloprida 
apresenta menor risco de eventos cardiovasculares (FUCHS; WANNMA-
CHER, 2017). 
O medicamento Zelmac® (tegaserode) pode conti-
nuar a ser comercializado e utilizado no Brasil, porém, 
com restrições, ou seja, a indústria Novartis teve que 
alterar no texto de bula do medicamentoZelmac® 
(tegaserode) restringindo seu uso para “mulheres com 
diagnóstico de Síndrome do Intestino Irritável, com 
até 55 anos de idade, sem doenças cardiovasculares 
conhecidas ou fatores de risco para elas”. Delibera-
ção da Anvisa sobre medidas regulatórias a serem 
adotadas nesse momento no Brasil para o produto 
Zelmac® (tegaserode). Veja as informações no link.
https://goo.gl/g72efz
Laxantes agonistas de receptor da guanilato ciclase C
A linaclotida é um peptí deo que estimula a secreç ã o intestinal de cloreto e 
está aprovada para o tratamento da constipaç ã o intestinal crô nica e síndrome 
do intestino irritável.
Laxantes e antidiarreicos8
154 FARMACOLOGIA GERAL 
Quanto ao mecanismo de ação, a linaclotida se liga e ativa a guanililciclase 
C na superfí cie epitelial intestinal luminal, resultando em aumento do GMPc 
intracelular e extracelular, que leva a um aumento de secreç ã o rica em cloreto, 
e alteraç ã o do trâ nsito intestinal (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 
2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
No início do tratamento com a linaclotida, em geral na primeira semana de 
tratamento, observa-se aumento médio de 1 a 2 evacuaç õ es por semana. Com 
a interrupç ã o do uso do fá rmaco, a frequê ncia de evacuaç õ es normaliza-se 
dentro de 1 semana. 
O efeito colateral mais comum consiste em diarreia, que ocorre em até 20% 
dos pacientes, com diarreia grave em 2%, porém poucos pacientes necessitam 
descontinuar a medicação, além de ter resolução espontânea, sem intervenção 
médica, na maioria dos casos. Outras reações adversas descritas são flatulência, 
distensão abdominal, náusea e infecção de vias aéreas superiores. Não deve ser 
usada na gravidez e também é contraindicado o uso na pediatria (WHALEN; 
FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
A constipaç ã o pode ser decorrente do uso de medicamentos. Os analgésicos opioides 
sã o a principal classe de analgé sicos utilizados no manejo da dor em pacientes onco-
lógicos. Porém, os opioides causam constipaç ã o grave que reduz significativamente 
sua aceitaç ã o e a qualidade de vida do paciente. Tradicionalmente, laxantes clássicos e 
estraté gias na dieta sã o, com frequê ncia, ineficazes no controle da constipaç ã o pelos 
opioides; porém, uma estraté gia promissora é a prevenç ã o da constipaç ã o causada 
pelo opioide através do uso de antagonista de receptor opioide-μ, metilnaltrexona, 
que atua na origem especí fica da constipaç ã o, sem limitar a analgesia produzida por 
aç ã o central (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). 
Fármacos antidiarreicos
A diarreia é o resultado de uma passagem muito rá pida do conteúdo intesti-
nal, de modo que a reabsorção de á gua e eletró litos é insufi ciente; pode ser 
decorrente de inúmeras causas: (a) infecç õ es bacterianas ou virais que causam 
processos infl amató rios, pois determinados microrganismos produzem toxinas 
9Laxantes e antidiarreicos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 155
que inibem funç õ es do epité lio intestinal, como o co-transporte de Na+ e Cl–; 
(b) desregulação vegetativa com predomínio dos movimentos propulsivos que 
pode ser de origem psíquica, ou devido a efeito adverso de medicamentos; (c) 
distú rbio funcional do intestino, decorrente de defeitos gené ticos na defesa 
contra infecç õ es na doenç a de Crohn e na colite ulcerosa; e (d) distú rbios 
metabó licos como insufi ciê ncia pancreática e esteatorreia (LÜLLMANN; 
MOHR; HEIN, 2017). 
Por outro lado, vale ressaltar que a diarreia pode ser um distú rbio inócuo 
(diarreia de viagem) que ocorre ocasionalmente, mas pode contribuir para o 
aumento da incidência de morte, em especial nos países subdesenvolvidos, 
ao atingir crianç as subnutridas, ou pode ser um sintoma crônico (doenç a de 
Crohn e colite ulcerosa) (LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017). 
Quanto ao mecanismo subjacente, a diarreia pode ser causada pela sobre-
carga osmó tica presente no intestino (resultante da retenç ã o de á gua dentro 
do lúmen intestinal); pela secreç ã o excessiva de eletró litos e á gua no lú men 
do ó rgã o; pela exsudaç ã o de proteí nas e lí quidos presentes na mucosa; e pela 
alteraç ã o da motilidade intestinal, resultando em aceleraç ã o do trâ nsito (e 
reduç ã o da absorç ã o dos lí quidos). Na maioria dos casos, vá rios processos 
sã o envolvidos simultaneamente e resultam no aumento global do peso e do 
volume das fezes com elevaç ã o da porcentagem de á gua fecal (LÜLLMANN; 
MOHR; HEIN, 2017; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Portanto, no manejo de paciente com diarreia, é extremamente importante 
a investigaç ã o e o entendimento dos processos etioló gicos responsá veis pela 
diarreia para uma seleção de tratamento eficaz. 
Vejamos agora as características farmacológicas (mecanismo de ação, 
usos terapêuticos e efeitos adversos) das diferentes classes de fármacos 
antidiarreicos.
Mecanismo de ação, usos terapêuticos e efeitos 
adversos de fármacos antidiarreicos
O aumento da motilidade do TGI e a diminuiç ã o de absorç ã o de lí quidos sã o 
os principais fatores na diarreia. 
Os fá rmacos antidiarreicos podem ser usados com seguranç a em pacientes 
com diarreia aguda leve a moderada. També m sã o usados no controle da diarreia 
crô nica em caso de síndrome do intestino irritável ou doenç a inflamató ria 
intestinal. No entanto, nã o devem ser administrados a pacientes com diarreia 
sanguinolenta e pacientes com febre alta, devido ao risco de agravamento do 
Laxantes e antidiarreicos10
156 FARMACOLOGIA GERAL 
processo subjacente. Atenção: fá rmacos antidiarreicos devem ser suspensos em 
pacientes cuja diarreia esteja se agravando (FUCHS; WANNMACHER, 2017)
Os antidiarreicos incluem fá rmacos antimotilidade, racecadotrila, adsor-
ventes e fá rmacos que modificam o transporte de á gua e eletró litos.
Fá rmacos antimotilidade 
Difenoxilato e a loperamida são fármacos análogos a meperidina, com ação 
tipo opioide no intestino e são amplamente usados para controlar a diarreia 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Com relação ao mecanismo de ação, eles ativam receptores opioides pré -
siná pticos no sistema nervoso enté rico para inibir a liberaç ã o de acetilcolina 
e diminuir o peristaltismo. 
A loperamida é um agonista opioide de venda livre, que nã o atravessa a 
barreira hematoencefálica e que nã o exibe nenhuma propriedade analgé sica 
nem potencial de adiç ã o. A loperamida pode induzir sonolência, tontura, 
cansaço e boca seca. Suas reações de hipersensibilidade incluem erupções 
cutâneas. Nã o foi relatado o desenvolvimento de tolerâ ncia ou dependência 
física com o uso em longo prazo. 
O difenoxilato é adquirido somente com prescriç ã o médica, e o seu uso 
prolongado pode resultar em tolerância e dependê ncia de opioides; portanto, 
recomenda-se a utilização da loperamida. Dentre os efeitos adversos de dife-
noxilato, pode-se citar as cólicas, náuseas, vômitos e sonolência em pacientes 
sensíveis. A superdosagem condiciona depressão do SNC. 
Tais fá rmacos nã o devem ser usados em pacientes com diarreia sanguino-
lenta ou suspeita de diarreia por Shigella, com desidratação moderada a grave 
e, por prudência, em crianças (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Racecadotrila
Racecadotrila é um agente antissecretor intestinal puro, que demonstrou não 
ter qualquer efeito sobre a motilidade gastrintestinal. Reduz a hipersecreção 
intestinal de água e eletrólitos causada pela toxina do cólera ou infl amação, 
sem afetar a secreção basal. Portanto, não há qualquer efeito sobre o intestino 
normal (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Quando administrado por via oral, a inibição da encefalinase é puramente 
periférica, não afetando a atividade da encefalinase no SNC, e não induz 
dependência nem efeitos estimulantes ou sedativos no SNC.
11Laxantes e antidiarreicos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 157
Racecadotrila parece tão eficaz quantoFigura 19.5)
• Insuficiência cardíaca
Pós-infarto do miocárdio
Doença coronária de alto risco
Diabetes
Doença renal crônica
Prevenção de AVE recorrente
• 
• 
• 
• 
• 
‘Peso’ – manter a massa corporal normal (IMC 18,5-24,9)
Dieta – TCHD – rica em frutas, vegetais, grãos, produtos lácteos desnatados, sem gordura,
colesterol e sódio
Sais – reduzir o Na na dieta para menos de 2,4 g/dia ou 6 g/dia NaCl
Exercício – atividade aeróbia regular como caminhar (30 min/dia na maioria dos dias)
Álcool – limitar a menos de 2 drinques/dia para homens e 1 drinque/dia para mulheres
 
Alcançou o
valor pretendido
Monitorar
Escolha do fármaco inicial
Com condições agravantes
Não alcançou a pressão arterial pretendida (�140/90 mmHg)
(�130/80 mmHg para aqueles com diabetes ou doença renal crônica)
Alcançado o objetivo
Hipertensão recém-diagnosticada
Sem alcançar a pressão arterial desejada
Otimizar as dosagens e/ou acrescentar fármaco
adicional até alcançar a pressão arterial pretendida.
Monitorar
Alcançado o objetivo
Sem condições agravantes
Modificação do estilo de vida
Monitorar
Alcançado o objetivo
Monitorar
+
Figura 19.7
Normas para o tratamento da hipertensão. TCHD = tentativa de controlar a hipertensão por meio de uma dieta. BCCa = 
bloqueador de canais de cálcio; BRA = bloqueador de receptor de angiotensina; ECA = enzima conversora de angioten-
sina; PAD = pressão arterial diastólica; PAS = pressão arterial sistólica; AVE = acidente vascular encefálico.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-hipertensivos | PARTE 1 105
232 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 1. Ações. Os diuréticos tiazídicos, como a hidroclorotiazida e a clor-
talidona, diminuem a pressão arterial inicialmente por aumentar a 
excreção de sódio e água. Isso causa uma redução do volume ex-
tracelular, resultando em diminuição do débito cardíaco e do fluxo 
sanguíneo renal (Figura 19.8). Com tratamento prolongado, o volu-
me plasmático volta ao valor normal, mas a resistência periférica 
diminui. Os diuréticos poupadores de potássio são frequentemen-
te associados aos tiazídicos para reduzir a espoliação do potássio 
causada pelos tiazídicos.
 2. Usos terapêuticos. Os diuréticos tiazídicos diminuem a pressão ar-
terial tanto na posição supina quanto de pé, e raramente é observada 
hipotensão postural, exceto em pacientes idosos com redução de vo-
lemia. Esses fármacos neutralizam a retenção de sódio e água obser-
vada com os outros fármacos usados no tratamento da hipertensão 
(p. ex., hidralazina). Os tiazídicos são, portanto, úteis no tratamento 
combinado com uma variedade de outros fármacos anti-hipertensi-
vos, incluindo �-bloqueadores, inibidores da ECA, bloqueadores de 
receptor de angiotensina (BRA) e diuréticos poupadores de potássio. 
Os diuréticos tiazídicos são particularmente úteis no tratamento de 
pacientes negros ou idosos. Com exceção da metazolina, os diuréti-
cos tiazídicos não são eficazes em pacientes com função renal ina-
dequada (depuração de creatinina menor que 50 mL/min). Nesses 
pacientes, podem ser necessários diuréticos de alça.
 3. Farmacocinética. Os diuréticos tiazídicos são ativos por via oral. 
As velocidades de absorção e eliminação variam consideravelmente, 
embora nenhuma vantagem nítida exista entre eles. Todos os tiazídi-
cos são substrato para o sistema secretor de ácido orgânico do ne-
fron e, como tal, podem competir com o ácido úrico pela eliminação.
 4. Efeitos adversos. Os diuréticos tiazídicos induzem hipopotassemia 
e hiperuricemia em 70% dos pacientes e hiperglicemia em 10%. Po-
dem causar ataque agudo de gota. Hipomagnesemia pode ocorrer 
também. Os níveis séricos de potássio devem ser cuidadosamen-
te monitorados em pacientes predispostos a arritmias cardíacas 
(particularmente indivíduos com hipertrofia ventricular esquerda, 
doença cardíaca isquêmica ou insuficiência cardíaca crônica) e nos 
pacientes que estão sendo tratados concomitantemente com diuré-
ticos tiazídicos e digoxina. A incidência de efeitos adversos se reduz 
quando empregada dosagem baixa de diurético (6,25 a 25 mg/dia 
de hidroclortiazida).
B. Diuréticos de alça
Os diuréticos de alça (furosemida, bumetanida e torsemida) atuam rapi-
damente, mesmo em pacientes com função renal pobre ou naqueles que 
não responderam aos tiazídicos ou a outros diuréticos. Os diuréticos de 
alça causam diminuição da resistência vascular renal e aumento do fluxo 
sanguíneo renal. (Nota: os diuréticos de alça aumentam o conteúdo de 
Ca2+ na urina, os diuréticos tiazídicos o diminuem.)
C. Diuréticos poupadores de potássio
Amilorida e triantereno (inibidores do transporte de sódio epitelial nos 
ductos distais e coletores), bem como espironolactona e eplerenona (an-
tagonistas de receptor da aldosterona) reduzem a perda de potássio na 
urina. A espironolactona tem a vantagem adicional de diminuir a remode-
lação cardíaca que ocorre na insuficiência cardíaca. (A discussão com-
pleta dos diuréticos se encontra no Capítulo 22.)
Diuréticos 
tiazídicos
Débito 
cardíaco
Retenção de 
sódio e água
Volume 
sanguíneo
Resistência 
periférica
Diminuição na 
pressão sanguínea
Figura 19.8
Alguns efeitos adversos dos diuréticos 
tiazídicos.
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106 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 233
VI. AGENTES BLOQUEADORES DE 
�-ADRENORRECEPTORES
Atualmente os �-bloqueadores são recomendados como tratamento de 
primeira escolha contra a hipertensão quando está presente uma doença 
concomitante (ver Fig. 19.5), por exemplo, em pacientes com infarto do 
miocárdio ou com infarto prévio. Esses fármacos são eficazes, mas apre-
sentam algumas contraindicações.
A. Ações
Os �-bloqueadores reduzem a pressão arterial primariamente pela dimi-
nuição do débito cardíaco (Figura 19.9). Eles também podem diminuir o 
efluxo simpático do SNC e inibir a liberação de renina dos rins, reduzindo, 
assim, a formação de angiotensina II e a secreção de aldosterona. O pro-
tótipo dos �-bloqueadores é o propranolol, que atua em receptores-�1 e 
�2. Bloqueadores seletivos de receptores �1, como metoprolol e atenolol, 
estão entre os �-bloqueadores mais comumente prescritos. O nebivolol é 
um bloqueador seletivo de receptores �1 que aumenta também a produ-
ção de óxido nítrico, levando à vasodilatação. Os �-bloqueadores seleti-
vos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos 
que também têm asma. Os �-bloqueadores não seletivos, como propra-
nolol e nadolol, são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilata-
ção mediada por �2. (Ver p. 222 para a discussão sobre �-bloqueadores.) 
Os �-bloqueadores devem ser usados com cautela no tratamento de pa-
cientes com insuficiência cardíaca aguda ou doença vascular periférica.
B. Usos terapêuticos
 1. Subgrupos de população hipertensa. Os �-bloqueadores são mais 
eficazes no tratamento de pacientes brancos do que de negros, sen-
do também mais eficazes em pacientes jovens do que em idosos. 
(Nota: condições que desaconselham o uso de �-bloqueadores [p. ex., 
doença pulmonar obstrutiva crônica grave, insuficiência cardíaca con-
gestiva crônica e doença vascular periférica oclusiva sintomática grave] 
são mais comumente encontradas em pacientes idosos e diabéticos.)
 2. Pacientes hipertensos com doenças concomitantes. Os �-blo-
queadores são úteis no tratamento de condições que podem coexis-
 
 Bloqueadores de
�-adrenorreceptores
Diminuição da 
pressão arterial
Débito cardíaco
Angiotensina II
Aldosterona
Retenção de 
sódio e água
Volume 
sanguíneo
Resistência
periférica
Renina
Ativação de 
adrenorreceptores 
�1 no coração
Figura 19.9
Efeitos dos fármacos bloqueadores dos �-adrenorreceptores.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADEloperamida em reduzir a duração 
de diarreia e quantidade de fezes até a recuperação, entretanto está associada 
à menor incidência de constipação intestinal relacionada ao tratamento.
Os efeitos adversos incluem náusea e vômito, constipação, vertigem e 
cefaleia e raros casos de reação alérgica, incluindo rash cutâneo, urticária e 
angioedema (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Fá rmacos adsorventes
Os anticolinérgicos e adsorventes, como caolim coloidal, pectina, carvão 
ativado e atapulgita ativada, componentes de muitas associações medicamen-
tosas, não são tão efi cazes quanto os antidiarreicos opioides (loperamida). O 
carvão ativado tem uso restrito às intoxicações exógenas. Os anticolinérgicos 
são mais úteis no controle de cólica intestinal do que em diminuir o número de 
evacuações ou alterar consistência das fezes; diminuem tônus, contratilidade 
e secreção intestinais. Os adsorventes revestem a mucosa e se ligam a toxinas, 
bactérias e outros produtos do lúmen intestinal, aumentando a consistência 
das fezes. São menos efi cazes que opioides e antimuscarínicos (FUCHS; 
WANNMACHER, 2017; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
A hipótese é que esses fá rmacos atuam adsorvendo toxinas intestinais ou 
microrganismos e/ou revestindo e protegendo a mucosa intestinal. Eles sã o 
muito menos eficazes do que os fá rmacos antimotilidade e podem interferir 
na absorç ã o de outros fá rmacos.
Fá rmacos que modificam o transporte de lí quido e eletró litos
Fá rmacos que modifi cam o transporte de lí quidos e eletró litos, como o sali-
cilato de bismuto, diminuem a secreç ã o de lí quidos no intestino (WHALEN; 
FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Salicilato de bismuto estimula absorção de água e eletrólitos pela parede 
intestinal. Mostrou-se superior a placebo no controle de diarreia inespecífica, 
na diarreia de viagem e em algumas diarreias agudas infecciosas, entre-
tanto foi inferior à eficácia da loperamida nas situações já testadas (FUCHS; 
WANNMACHER, 2017).
O bismuto praticamente não é absorvido no TGI; portanto, os efeitos ad-
versos são extremamente raros. Podem ocorrer casos de hipercalcemia, obsti-
pação, diarreia, náuseas e vômitos. São bastante comuns o escurecimento da 
língua e das fezes, porém tais efeitos não têm relevância clínica significativa 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Laxantes e antidiarreicos12
158 FARMACOLOGIA GERAL 
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica 
de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica 
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 
2017. (Lange).
LONGO, D. L.; FAUCI, A. S. Gastrenterologia e hepatologia de Harrison. 18. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2015.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELLI, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 
Leituras recomendadas
CONNOR, B. A. Travelers' diarrhea. 2017. Disponível em: . Acesso em: 24 set. 
2018.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto 
Alegre: Artmed, 2010.
5. O fármaco antidiarreico racecadotrila 
é um agente antissecretor 
intestinal puro, que demonstrou 
não ter qualquer efeito sobre 
a motilidade gastrintestinal.
I. É um agonista serotoninérgico 
altamente seletivo do 
receptor 5-HT4.
II. Não induz dependência 
nem efeitos estimulantes 
ou sedativos no SNC.
III. Os efeitos adversos incluem 
náusea e vômito, constipação, 
vertigem, cefaleia e raros casos 
de reação alérgica, incluindo rash 
cutâneo, urticária e angioedema.
IV. Assinale a afirmativa correta, 
em relação a racecadotrila:
a) As afirmativas I, II e III 
estão corretas.
b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) As afirmativas II e III 
estão corretas.
e) Nenhuma das afirmativas 
estão corretas.
Laxantes e antidiarreicos14
ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA 
SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 5
Fármacos Anti-ulcerosos
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é disponibilizado 
por SAGAH.
unidade 
2
160 FARMACOLOGIA GERAL 
Fármacos anti-ulcerosos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Apontar as diferentes classes de fármacos usados no tratamento da
úlcera.
 Descrever o mecanismo de ação dos fármacos usados no tratamento 
da úlcera.
 Explicar os efeitos adversos dos fármacos usados no tratamento da
úlcera.
Introdução
Úlcera é definida como a ruptura da integridade da mucosa do estômago 
e/ou do duodeno, que resulta em um defeito local ou uma escavação 
decorrente de um processo inflamatório ativo. As úlceras podem ocorrer 
no interior do estômago e/ou do duodeno e, na maioria das vezes, são 
de natureza crônica (LONGO; FAUCI, 2015). 
As doenças ácido-pépticas incluem o refluxo gastresofágico e a 
doença ulcerosa péptica ou úlcera péptica, que inclui tanto as úlceras 
gástricas quanto as úlceras duodenais. Em todas essas doenças, há a 
produção de erosões ou ulceração da mucosa, quando os efeitos cáusti-
cos dos fatores agressivos (ácido, pepsina, bile) sobrepõem os fatores de 
defesa da mucosa gastrintestinal (secreção de muco e de bicarbonato, 
prostaglandinas, fluxo sanguíneo e processos de restauração e regene-
ração após lesão celular). Além disso, de forma geral, a ulcera duodenal, 
assim como a maioria dos casos de ulcera gástrica, pode ser atribuída à 
infecção por Helicobacter pylori, bem como ao dano à mucosa, induzido 
por anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). O aumento da secreção 
de ácido clorídrico (HCl) e a defesa inadequada da mucosa contra o HCl 
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 161
também são importantes no processo fisiopatológico das úlceras (LONGO; 
FAUCI, 2015; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
O tratamento da úlcera inclui a erradicação do H. pylori com agentes 
antimicrobianos, a diminuição da acidez gástrica com uso de agentes 
supressores do ácido (antiácidos, antagonistas do receptor H2 e inibi-
dores da bomba de prótons) e administração de fármacos que protejam 
a mucosa gástrica da lesão, como os agentes protetores da mucosa 
(sucralfato, análogo da prostaglandina e subsalicilato de bismuto) (WHA-
LEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Neste capítulo, vamos abordar os mecanismos de ação e efeitos 
adversos das diferentes classes de fármacos usados no tratamento das 
úlceras pépticas.
Para informações mais detalhadas sobre a fisiopatologia da doença ulcerosa péptica, 
sugerimos a leitura do Capitulo 14: Doença Ulcerosa Péptica e Distúrbios Relacionados 
da obra LONGO, D.L.; FAUCI, A.S. Gastrenterologia e hepatologia de Harrison. 18. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2015.
Fármacos usados no tratamento da úlcera 
O epitélio da mucosa gástrica é constantemente agredido por inúmeros fato-
res agressivos endógenos, incluindo ácido clorídrico (HCl), pepsinogê nio/
pepsina e sais biliares. Além disso, um fl uxo constante de fatores exógenos, 
como medicações (AINEs), álcool e bactérias (H. pylori) alcançam e podem 
agredir a mucosa gástrica (LONGO; FAUCI, 2015). 
Como mecanismo de defesa, existem os fatores protetores da mucosa, 
um sistema biológico altamente complexo que entra em funcionamento para 
proporcionar defesa contra uma possível lesão mucosa e para reparar qual-
quer lesão que possa ter ocorrido. A primeira linha de defesa é constituída 
por uma camada de muco e bicarbonato, que funciona como uma barreira 
físico-química. O muco é secretadopelas células epiteliais da superfície 
gastroduodenal e é composto de água (95%) e uma mistura de fosfolipídios e 
Fármacos anti-ulcerosos2
162 FARMACOLOGIA GERAL 
glicoproteínas (mucina). O bicarbonato, secretado pelas células da superfície 
epitelial da mucosa gastroduodenal e disponibilizado no gel mucoso, forma 
um gradiente de pH que varia de 1 a 2 na superfície gástrica luminal e alcança 
6 a 7 ao longo da superfície das células epiteliais. As prostaglandinas dis-
poníveis na mucosa gástrica também desempenham papel central na defesa/
reparo do epitélio gástrico, pois regulam a liberação de muco e bicarbonato 
pela mucosa, inibem a secreção de HCl das células parietais e são importantes 
na manutenção de um fluxo sanguíneo mucoso e na restituição das células 
epiteliais (LONGO; FAUCI, 2015). 
Postula-se que a deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na 
patogê nese das úlceras pépticas e, portanto, em algumas situações clínicas, em 
especial no caso de úlcera induzida por AINEs, indica-se o uso de análogos 
de prostaglandinas (misoprostrol) de forma profilática. Porém, vale ressaltar 
que tais fármacos são expressamente proibidos de serem usados na gestação, 
pois os mesmos podem estimular as contrações do útero e causar aborto 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Na prática clínica, observa-se que as duas principais causas de úlcera 
péptica são a infecção causada pelo microrganismo gram-negativo H. pylori e 
o uso crônico de AINEs. No entanto, o aumento da secreção de HCl e a defesa 
inadequada da mucosa contra o HCl também têm seu papel nesse processo 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016). 
Nesse cenário, de forma geral, o tratamento da úlcera péptica inclui (a) 
erradicação da H. pylori; (b) redução da acidez gástrica; e (c) aumento da 
proteção da mucosa gástrica. Nesse contexto, os fármacos anti-ulcerosos 
podem ser classificados em fármacos que reduzem a acidez intragástrica; 
fármacos protetores da mucosa e fármacos antimicrobianos (KATZUNG; 
TREVOR, 2017).
Vejamos agora as características farmacológicas, o mecanismo de ação e 
os efeitos adversos das diferentes classes de fármacos usados no tratamento 
da úlcera péptica.
Fármacos que reduzem a acidez intragástrica
A célula parietal da mucosa gástrica contém receptores de gastrina (CCK-B), 
receptores de histamina (H2) e receptores colinérgicos (muscarínicos, tipo M3) 
(Figura 1) que, quando ativados, promovem a secreção de ácido gástrico. Ou 
seja, quando a acetilcolina (proveniente dos nervos pós-ganglionares vagais) 
ou a gastrina (liberada das células G do antro no sangue) ligam-se aos seus 
3Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 163
respectivos receptores das células parietais, provocam um aumento do cálcio 
citosólico, que, por sua vez, estimula as proteínas-cinase que promovem 
a secreção de ácido a partir de uma bomba de prótons (H+/K+-ATPase) na 
superfície canalicular (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Muito próximas às células parietais, encontram-se as células endócrinas 
intestinais, denominadas células semelhantes às células enterocromafins (ECL), 
que também possuem receptores de gastrina e de acetilcolina, que estimulam 
a liberação de histamina (Figura 1). A histamina, então, liga-se ao receptor H2 
sobre a célula parietal, promovendo ativação da adenililciclase, que aumenta a 
concentração intracelular de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) e ativa 
proteínas-cinase, que por sua vez estimulam a secreção de ácido pela H+/K+ 
ATPase (PANUS et al., 2011; KATZUNG; TREVOR, 2017).
Veja na Figura 1 os sítios de ação de fármacos que reduzem a acidez 
intragástrica, incluindo os antiácidos e fármacos que atuam em receptores 
de mediadores envolvidos na secreção ácida gástrica, ou seja, os fármacos, 
incluindo os antagonistas de receptores histaminérgicos tipo H2, os inibidores 
de bomba de prótons e antagonistas muscarínicos (PANUS et al., 2011).
Figura 1. Sítios de ação de classes de fármacos usados no tratamento da úlcera péptica. 
Os tipos de receptores envolvidos consistem nos muscarínicos (M1 e M3), que se ligam à 
acetilcolina à histamina tipo 2 (H2) e aos receptores de peptídeos (somatostatina [ST] e 
gastrina [G]). O sítio de ação do misoprostol não é apresentado; o misoprostol reduz a 
secreção de ácido e aumenta os fatores de proteção, como o muco e o bicarbonato. ECL, 
semelhante a enterocromafin; CCK, colecistocinina.
Fonte: Panus et al. (2011, p. 503).
Fármacos anti-ulcerosos4
164 FARMACOLOGIA GERAL 
Antiácidos 
Os antiácidos são bases fracas que reagem com o HCl gástrico, formando 
sal e água, e foram a base do tratamento dos distúrbios ácido-pépticos até 
o advento dos antagonistas dos receptores H2 e dos inibidores da bomba de 
prótons (IBPs) (Figura 1). 
O principal mecanismo de ação consiste em reduzir a acidez intragástrica. 
Após uma refeição, são secretados cerca de 45 mEq/h de HCl, e uma dose única 
de 156 mEq de antiácido, administrada 1 hora depois da refeição, é suficiente 
para neutralizar de forma eficaz o ácido gástrico por um período de até 2 horas. 
Vale ressaltar que a capacidade de neutralização do HCl é bastante variável 
entre as diferentes formulações comerciais de antiácidos, sendo dependente 
de sua velocidade de dissolução, hidrosssolubilidade, taxa de reação com 
ácido e velocidade de esvaziamento gástrico (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Os antiácidos variam amplamente em composição química, capacidade de 
neutralizar o ácido, conteúdo de sódio, palatabilidade e preço. A eficácia de 
um antiácido depende da sua capacidade de neutralizar o HCl gástrico e do 
fato de o estômago estar repleto ou vazio (o alimento retarda o esvaziamento 
do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir) (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Antiácidos comumente usados são combinações de sais de alumínio e 
magnésio, como hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. Também 
estão disponíveis o carbonato de cálcio e bicarbonato de sódio. A absorção 
sistê mica do bicarbonato de sódio [NaHCO3] pode produzir alcalose metabólica 
transitória. Por isso, esse antiácido não é recomendado para uso prolongado.
Com relação aos usos terapê uticos, os antiácidos são usados para o alívio 
sintomático da úlcera péptica e da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). 
Também podem auxiliar na promoção da cicatrização de úlceras duodenais. 
Para maior eficácia, os antiácidos devem ser administrados após a refeição.
De forma geral, os antiácidos são bem tolerados, porém podem causar 
efeitos adversos. O hidróxido de alumínio tende a causar constipação, enquanto 
o hidróxido de magnésio tende a produzir diarreia. Ou seja, devido à não 
absorção dos sais de magnésio no trato gastrointestinal, os pacientes podem 
desenvolver diarreia osmótica, e os sais de alumínio podem provocar consti-
pação intestinal. Nesse cenário, tais fármacos costumam ser administrados 
juntos em formulações comerciais para minimizar o impacto sobre a função 
intestinal. Mas atenção, tanto o magnésio como o alumínio são absorvidos 
e excretados pelos rins. Portanto, os pacientes com insuficiê ncia renal não 
devem tomar esses fármacos por um longo período de tempo.
5Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 165
A absorção dos cátions dos antiácidos (Mg2+, Al3+, Ca2+), em geral, não 
é problema em pacientes com função renal normal; entretanto, pode ocorrer 
acúmulo e desencadear efeitos adversos em pacientes com comprometimento 
renal. O carbonato de cálcio (CaCO3) reage com o HCl formando cloreto de 
cálcio (CaCl2) e dióxido de carbono (CO2) e causa eructação. As formulações 
que contê m hidróxido de magnésio ou hidróxido de alumínio reagem lentamente 
com o HCl, formando cloreto de magnésio ou cloreto de alumínio e água. 
Como não há produçãode gás, não ocorre eructação. A alcalose metabólica 
também é incomum, devido à eficiência da reação de neutralização. Atenção, 
o uso de doses excessivas de bicarbonato de sódio ou de carbonato de cálcio 
com derivados do leite contendo cálcio pode levar ao desenvolvimento de 
hipercalcemia, insuficiê ncia renal e alcalose metabólica (síndrome do leite-
-álcali) (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Os antiácidos podem desencadear interações medicamentosas. Todos os 
antiácidos podem afetar a absorção de outros fármacos pois os mesmos formam 
complexos com as moléculas do fármaco, reduzindo assim sua absorção, ou 
devido ao aumento do pH intragástrico, com consequente alteração na disso-
lução ou solubilidade do fármaco (em especial os fármacos básicos ou ácidos 
fracos). Portanto, recomenda-se um intervalo de pelo menos 2 horas entre a 
administração do antiácido e outro medicamento. Por exemplo, não se devem 
administrar antiácidos dentro de 2 horas após a ingestão de doses de tetraci-
clinas, fluoroquinolonas, itraconazol e ferro (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas de receptor H2 
Como demonstrado na Figura 1, a secreção gástrica ácida é estimulada pela 
interação de acetilcolina, histamina e gastrina com seus respectivos recepto-
res. Assim, a ligação de histamina com os receptores H2 resulta na ativação 
de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+/
K+-adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogê nio em troca de K+ 
para o lúmen do estômago. Dessa forma, o mecanismo de ação pelos quais 
os fármacos antagonistas de receptor H2 reduzem a secreção ácida gástrica 
é através do bloqueio competitivo da ligação da histamina aos receptores H2 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Assim, os antagonistas dos receptores H2 atuam através da inibição com-
petitiva nos receptores H2 das células parietais e suprimem a secreção ácida 
tanto basal como estimulada por uma refeição.
Os quatro fármacos cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina inibem 
significativamente a secreção gástrica ácida noturna (mais de 90%), seja a 
Fármacos anti-ulcerosos6
166 FARMACOLOGIA GERAL 
secreção estimulada por alimento ou a secreção ácida basal. A cimetidina foi 
o primeiro antagonista do receptor H2 da histamina a ser utilizado na clínica; 
porém, devido aos seus efeitos adversos e suas interações medicamentosas, 
foi substituído por outros fármacos, em especial os IBPs. 
Quanto ao uso terapêutico, todos os fármacos dessa classe são igualmente 
eficazes em promover a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais. No 
entanto, é muito comum a recidiva da úlcera, principalmente quando há a 
presença de H. pylori, se o paciente for tratado somente com esses fármacos. 
Por outro lado, os anti-histamínicos H2 são usados por infusão intravenosa 
(IV) para prevenir o desenvolvimento de úlceras de estresse agudo associadas 
com pacientes de alto risco nas unidades de tratamento intensivo. No entanto, 
como pode ocorrer tolerâ ncia com esses fármacos, o uso dos IBPs também 
vem avançando nessa indicação.
Com relação aos efeitos adversos, em geral, os antagonistas H2 são bem 
tolerados. São observados efeitos colaterais em menos de 3% dos pacientes, 
que consistem em diarreia, cefaleia, fadiga, mialgias e constipação intestinal 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016).
A cimetidina apresenta efeitos endócrinos, pois atua como um 
antiandrogê nico não esteroidal, e os efeitos incluem ginecomastia, galactorreia 
(liberação ou ejeção contínua de leite) e impotê ncia nos homens e galactorreia 
nas mulheres. Os outros fármacos da classe não estão associados aos efeitos 
antiandrogê nicos. Outros efeitos podem ocorrer no sistema nervoso central 
(SNC), como confusão, agitação, alucinações e alterações mentais, em especial 
após a administração IV em pacientes na unidade de terapia intensiva, pa-
cientes idosos ou que apresentam disfunção renal ou hepática, principalmente 
com o uso da cimetidina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; 
WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Embora não tenha sido demonstrado que os antagonistas H2 exerçam 
algum efeito prejudicial conhecido sobre o feto, tais fármacos atravessam 
a placenta e, portanto, não devem ser administrados a gestantes, exceto em 
caso extremamente necessário. Tais fármacos também são secretados no leite 
materno podendo causar efeitos adversos no lactente, sendo o uso não reco-
mendado para mulheres que estejam amamentando (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Raramente os antagonistas dos receptores H2 podem causar discrasias 
sanguínea. A infusão intravenosa rápida pode causar bradicardia e hipotensão 
por meio do bloqueio dos receptores H2 cardíacos. Por esse motivo, as injeções 
intravenosas devem ser administradas durante 30 minutos.
7Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 167
Tais medicamentos também estão envolvidos em inúmeras interações 
medicamentosas. A cimetidina inibe várias isoenzimas do sistema citocromo 
P450 (CYP450) e pode interferir na biotransformação de vários outros fármacos, 
como varfarina, fenitoína e clopidogrel. Observa-se uma interação insignifi-
cante com a nizatidina e com a famotidina. Além disso, todos os antagonistas 
H2 podem reduzir a eficácia de fármacos que exigem um ambiente ácido para 
absorção, como o cetoconazol (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Inibidores de bomba de prótons
Desde a sua introdução, no fi nal da década de 1980, os fármacos inibidores 
de bomba de prótons (IBPs) que são efi cazes agentes inibidores da secreção 
de ácido gástrico, assumiram a principal função no tratamento dos distúrbios 
ácido-pépticos. Hoje em dia, os IBPs estão entre os fármacos mais amplamente 
prescritos no mundo inteiro, em virtude de sua notável efi cácia e segurança. Seis 
IBPs estão disponíveis para uso clínico: omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, 
dexlansoprazol, rabeprazol e pantoprazol. 
Quanto ao mecanismo de ação, os IBPs se ligam à enzima H+/K+-ATPase 
(bomba de prótons) e suprimem a secreção de íons hidrogê nio para o lúmen 
gástrico. A bomba de prótons ligada à membrana é a etapa final da secreção 
de ácido gástrico (Figura 1).
Diferentemente dos antagonistas dos receptores H2, os IBPs inibem a 
secreção, tanto em jejum, como a estimulada por uma refeição, pois eles 
bloqueiam a via comum final de secreção de ácido, a bomba de prótons. 
Quando administrados em doses convencionais, os IBP inibem 90 a 98% da 
secreção de ácido em 24 horas (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 
2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Fármacos anti-ulcerosos8
168 FARMACOLOGIA GERAL 
Os inibidores de bomba de prótons (IBPs) são sensíveis ao meio ácido e, portanto, tais 
fármacos são administrados como pró-fármacos inativos. Nesse contexto, para proteger 
o pró-fármaco ácido-lábil de sua rápida destruição no lúmen gástrico, os medicamentos 
administrados por via oral são formulados para liberação tardia, na forma de cápsulas 
ou comprimidos de revestimento entérico, resistentes a ácido. Assim, após passar pelo 
estômago e alcançar o lúmen intestinal alcalino, o revestimento entérico dissolve-se, 
e o pró-fármaco é então absorvido. Para crianças ou pacientes com disfagia ou com 
sondas de alimentação enteral, as formulações disponíveis em cápsulas (mas não os 
comprimidos) podem ser abertas, e os microgrâ nulos misturados com suco de maçã 
ou de laranja ou com alimentos moles. O esomeprazol, o omeprazol e o pantoprazol 
também estão disponíveis em suspensões orais. O lansoprazol está disponível na 
forma de comprimido que se desintegra na boca, já o rabeprazol está disponível em 
uma formulação que pode ser polvilhada no alimento (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Com relação ao uso terapêutico, os IBPs proporcionam alívio mais rápido 
dos sintomas e cicatrização também mais rápida das úlceras, no caso das 
úlceras duodenais e, em menor grau, das úlceras gástricas, quando compara-dos com os antagonistas dos receptores H2. Ou seja, os IBPs são superiores 
aos antagonistas H2 no bloqueio da produção de ácido e na cicatrização das 
úlceras. Todos os IBPs proporcionam uma cicatrização de mais de 90% das 
úlceras duodenais dentro de quatro semanas e cicatrização de uma porcentagem 
semelhante de úlceras gástricas em 6 a 8 semanas (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Os IBPs são os fármacos preferidos no tratamento e na profilaxia de úlceras 
de estresse e para o tratamento da doença de refluxo gastroesofágico (DRGE), 
esofagite erosiva, úlcera duodenal ativa e condições hipersecretoras patológicas 
(síndrome de Zollinger-Ellison, na qual um tumor produtor de gastrina causa 
hipersecreção de HCl). Os IBPs também diminuem o risco de sangramento 
das úlceras causadas por ácido acetilsalicílico e outros AINEs, e podem ser 
usados para prevenção ou tratamento das úlceras induzidas por AINEs.
Quanto aos efeitos adversos, os IBPs são extremamente seguros. Foi relatada 
a ocorrê ncia de diarreia, cefaleia e dor abdominal em 1 a 5% dos pacientes, 
embora a frequê ncia desses eventos esteja apenas um pouco aumentada em 
comparação com o placebo. 
Os IBPs não são teratogê nicos em modelos animais; entretanto, a sua 
segurança durante a gravidez ainda não foi estabelecida.
9Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 169
Os IBPs estão envolvidos em interações medicamentosas. A redução da 
acidez gástrica pode alterar a absorção dos fármacos cuja biodisponibilidade 
é afetada pela acidez intragástrica, como cetoconazol, itraconazol, digoxina 
e atazanavir. 
Todos os IBPs são metabolizados pelo citocromo P450, (CYP2C19 e 
CYP3A4). O omeprazol pode inibir o metabolismo da varfarina, do diaze-
pam e da fenitoína. O esomeprazol também pode diminuir o metabolismo 
do diazepam. O lansoprazol pode intensificar a depuração da teofilina. O 
rabeprazol e o pantoprazol não tê m interações medicamentosas significativas. 
Atenção, o Food and Drug Administration (FDA) divulgou um alerta sobre 
uma interação adversa potencialmente importante entre o clopidogrel e os 
IBPs, onde tais fármacos podem reduzir a ação antiplaquetária do clopidogrel 
em alguns pacientes. Ou seja, omeprazol e esomeprazol podem diminuir a 
eficácia do clopidogrel porque inibem a CYP2C19 e impedem a sua conversão 
no metabólito ativo, responsável pela atividade antiplaquetária (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Observa-se uma pequena redução na absorção oral de cianocobalamina 
durante a inibição da bomba de prótons, resultando, potencialmente, em 
níveis subnormais de vitamina B12 com tratamento prolongado, porque o 
ácido é necessário para a sua absorção, em complexo com o fator intrínseco. 
O pH gástrico elevado também pode prejudicar a absorção de carbonato de 
cálcio. Vários estudos de controle de casos sugeriram um aumento modesto 
no risco de fratura de quadril em pacientes em uso prolongado de IBP, em 
comparação com controles em condições equivalentes. Embora não se tenha 
comprovado uma relação causal, os IBPs podem reduzir a absorção de cálcio 
ou inibir a função dos osteoclastos. O citrato de cálcio é uma opção eficaz 
para suplementar cálcio em pacientes sob tratamento de supressão de ácido, 
pois sua absorção não é afetada pelo pH gástrico. Pode ocorrer diarreia e colite 
por Clostridium difficile em pacientes que recebem IBP. Os pacientes devem 
ser aconselhados a interromper o tratamento com IBP e contatar seu médico 
se tiverem diarreia por vários dias. Também são relatados casos de hipomag-
nesemia e maior incidê ncia de pneumonia (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas muscarínicos 
Os antagonistas dos receptores muscarínicos M1, a pirenzepina e a telenze-
pina, reduzem a produção basal de ácido em 40-50% e tê m sido utilizados 
há muito tempo no tratamento de pacientes com doença ulcerosa péptica. No 
entanto, devido a uma efi cácia relativamente precária, dos efeitos adversos 
Fármacos anti-ulcerosos10
170 FARMACOLOGIA GERAL 
anticolinérgicos signifi cativos e indesejáveis, e do risco de discrasias san-
guínea (pirenzepina), atualmente esses fármacos são raramente utilizados 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Fármacos protetores da mucosa
Os fármacos protetores da mucosa, também conhecidos como citoprotetores, 
apresentam várias ações que aumentam os mecanismos de proteção da mucosa, 
prevenindo lesões, reduzindo infl amação e cicatrizando úlceras existentes 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Sucralfato 
O sucralfato é um sal de sacarose complexado com hidróxido de alumínio sul-
fatado. Em água ou soluções ácidas, forma uma pasta viscosa e de consistê ncia 
fi rme, que se liga seletivamente às úlceras e erosões por um período de até 6 
horas. Ou seja, formando géis complexos com as células epiteliais, o sucralfato 
cria uma barreira física que protege a úlcera da pepsina e do ácido, permitindo 
a cicatrização da úlcera (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; 
WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Menos de 3% do fármaco intacto e alumínio são absorvidos pelo trato 
intestinal, ao passo que o restante é excretado nas fezes.
Apesar da atribuição de diversos efeitos benéficos ao sucralfato, ainda não 
está bem esclarecido o preciso mecanismo de ação. Acredita-se que o sulfato 
de sacarose, de carga negativa, liga-se a proteínas de carga positiva na base 
das úlceras ou das erosões, formando assim uma barreira física que restringe 
qualquer lesão cáustica adicional e que estimula a secreção de prostaglandinas 
e de bicarbonato pela mucosa. 
Como não é absorvido, o sucralfato é praticamente desprovido de efeitos 
adversos sistê micos. Devido ao alumínio, pode ocorrer constipação intestinal 
em 2% dos pacientes. Porém, o sucralfato não deve ser usado por períodos 
prolongados em pacientes com insuficiê ncia renal.
Embora o sucralfato seja eficaz no tratamento das úlceras duodenais e na 
prevenção das úlceras por estresse, seu uso é limitado devido à necessidade 
de dosificações diárias múltiplas e interações medicamentosas. Esse fármaco 
não previne as úlceras induzidas pelos AINEs e nem cicatriza úlceras gástricas 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016).
11Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 171
Sucralfato está sujeito a interações medicamentosas. Como requer um pH 
ácido para sua ativação, o sucralfato não deve ser administrado com IBPs, 
antagonistas H2 ou antiácidos (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Análogos de prostaglandinas 
A prostaglandina, produzida pela mucosa gástrica, inibe a secreção de ácido 
e estimula a secreção de muco e bicarbonato, o que caracteriza um efeito 
citoprotetor da mucosa gástrica.
Misoprostol, um análogo da prostaglandina E1, está aprovado para a pre-
venção de úlceras gástricas induzidas por AINEs. Com relação ao mecanismo 
de ação, o misoprostol possui propriedades inibidoras da secreção de ácido e 
protetoras da mucosa. Acredita-se que o fármaco estimule a secreção de muco 
e de bicarbonato, além de aumentar o fluxo sanguíneo da mucosa.
O misoprostol diminui a incidê ncia de úlceras induzidas por AINEs para 
menos de 3%, bem como a incidê ncia de complicações da úlcera em 50%. 
Assim, o uso profilático do misoprostol deve ser considerado em pacientes 
que estão em tratamento com AINEs e estão sob risco moderado ou alto de 
úlceras induzidas por tais fármacos, em especial em pacientes idosos ou com 
história prévia de úlceras.
Porém, apesar de aprovado para a prevenção de úlceras induzidas por AI-
NEs em pacientes de alto risco, o misoprostol nunca chegou a ser amplamente 
usado, em virtude de seu elevado perfil de efeitos colaterais e da necessidade 
de múltiplas doses diárias (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; 
WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Diarreiae náuseas dose-dependentes são os efeitos adversos mais comuns e 
limitam o seu uso. Assim, os IBPs são os fármacos preferidos para a prevenção 
de úlceras causadas por AINEs. Além disso, o misoprostol é contraindicado 
na gravidez, pois pode estimular as contrações uterinas e causar aborto (KAT-
ZUNG; TREVOR, 2017). 
Subsalicilato de bismuto 
Dispõe-se de dois compostos de bismuto: o subsalicilato de bismuto (formulação 
que contém bismuto e salicilato) e o subcitrato de bismuto potássico.
Os mecanismos precisos de ação do bismuto permanecem desconhecidos, 
mas postula-se que o bismuto recobre as úlceras e as erosões, criando uma 
camada protetora contra o ácido e contra a pepsina. Além disso, pode estimular 
a secreção de prostaglandinas, de muco e de bicarbonato. Também, o bismuto 
Fármacos anti-ulcerosos12
172 FARMACOLOGIA GERAL 
exerce efeitos antimicrobianos diretos e liga-se às enterotoxinas, explicando o 
seu benefício na prevenção e no tratamento da diarreia do viajante.
Os compostos de bismuto apresentam atividade antimicrobiana direta contra 
o H. pylori. Os compostos de bismuto são usados em esquemas de quatro 
fármacos para a erradicação da infecção por H. pylori. Um dos esquemas 
consiste em um IBP, duas vezes ao dia, associado ao subsalicilato de bismuto 
(2 comprimidos, 262 mg cada), tetraciclina (250-500 mg) e metronidazol 
(500 mg), quatro vezes ao dia, durante 10 a 14 dias. Outro esquema consiste 
em um IBP, duas vezes ao dia, associado a trê s cápsulas de uma formulação 
de combinação adquirida com prescrição (cada cápsula contém 140 mg de 
subcitrato de bismuto, 125 mg de metronidazol e 125 mg de tetraciclina), 
quatro vezes ao dia, durante 10 dias. 
Vale ressaltar que, embora esses esquemas sejam eficazes, os esquemas 
convencionais de terapia tríplice (IBP, claritromicina e amoxicilina ou metro-
nidazol, duas vezes ao dia, durante 14 dias) geralmente são preferidos como 
terapia de primeira linha, devido à sua administração duas vezes ao dia, e a 
melhor adesão do paciente ao tratamento. As terapias quádruplas baseadas 
em bismuto costumam ser usadas como terapia de segunda linha.
Quanto aos efeitos adversos, todas as formulações de bismuto apresentam 
um excelente perfil de segurança. Atenção, o bismuto provoca alteração da 
cor, provocando o enegrecimento das fezes, que pode ser confundido com 
sangramento gastrintestinal. As formulações líquidas também podem causar 
escurecimento da língua. 
Os fármacos que contê m bismuto só devem ser utilizados por um curto 
período de tempo e devem ser evitados em pacientes com insuficiê ncia renal. 
De forma rara, o uso prolongado de alguns compostos de bismuto pode provocar 
toxicidade, resultando em encefalopatia (ataxia, cefaleia, confusão e crises 
convulsivas). Todavia, essa toxicidade não é relatada com o uso do subsalicilato 
de bismuto ou do citrato de bismuto (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Fármacos antimicrobianos
Obrigatoriamente, todos os pacientes com úlcera péptica (úlceras gástricas ou 
duodenais) infectados com H. pylori precisam de tratamento antimicrobiano, 
pois a erradicação da H. pylori resulta na cicatrização rápida da úlcera ativa 
e na baixa da taxa de recidiva (menos de 15%, comparando-se com 60 a 
100% por ano, para úlceras iniciais tratadas somente com redução de ácido) 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
13Fármacos anti-ulcerosos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 173
A erradicação bem-sucedida da H. pylori (80-90%) é possível com várias 
associações a agentes antimicrobianos. Atualmente, o tratamento de escolha 
consiste em um IBP combinado com amoxicilina (metronidazol pode ser 
usado em pacientes alérgicos à penicilina) mais claritromicina. O tratamento 
quádruplo com subsalicilato de bismuto, metronidazol e tetraciclina combinada 
a um IBP é outra opção. O tratamento quádruplo deve ser considerado em 
casos em que identifica-se a elevada resistê ncia à claritromicina. 
Vale ressaltar que o tratamento com um único antibacteriano é muito 
menos eficaz, resultando em resistê ncia microbiana, e não é recomendado 
em absoluto. A substituição de antimicrobianos também não é recomendada 
(ou seja, não é recomendado trocar amoxicilina por ampicilina ou doxiciclina 
por tetraciclina) (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; 
FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
A úlcera péptica é uma lesão que ocorre na mucosa do trato gastrointestinal, sendo 
caracterizada por um desequilíbrio entre fatores agressores e protetores da mucosa 
gástrica. Postula-se que uma dieta equilibrada é fundamental no tratamento da úlcera 
péptica, uma vez que o alimento pode prevenir, tratar ou mesmo aliviar os sintomas 
que envolvem esta doença. Veja as informações no link:
https://goo.gl/2uFJpo
Fármacos anti-ulcerosos14
174 FARMACOLOGIA GERAL 
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica 
de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 
2017. (Lange).
LONGO, D. L.; FAUCI, A. S. Gastrenterologia e hepatologia de Harrison. 18. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2015.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELLI, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 
Leituras recomendadas
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica 
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto 
Alegre: Artmed, 2012.
15Fármacos anti-ulcerosos
ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA 
SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 6
Fármacos Antieméticos
O conteúdo deste livro 
é disponibilizado 
por SAGAH.
unidade 
2
176 FARMACOLOGIA GERAL 
Fármacos antieméticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a classificação dos fármacos antieméticos. 
  Explicar o mecanismo de ação e usos terapêuticos de fármacos 
antieméticos.
  Descrever os efeitos adversos dos fármacos antieméticos.
Introdução
A náusea costuma ser definida como a tendência a vomitar ou como uma 
sensação, na garganta ou na região epigástrica, que alerta o indivíduo 
de que o vômito está iminente, enquanto o vômito (êmese) representa 
a expulsã o do conteúdo gástrico, resultante da contraç ã o do intestino 
e da musculatura da parede toracoabdominal, que por sua vez difere 
da regurgitação, que consiste na passagem sem esforço do conteúdo 
gá strico para a boca (LONGO; FAUCI, 2015; WELLS et al., 2016). 
As ná useas e os vô mitos podem ser manifestações de uma ampla 
variedade de condiç õ es, seja devido a efeitos colaterais de medicaç õ es, 
distú rbios sistê micos ou infecç õ es, gravidez, disfunç ã o vestibular, infecç ã o 
do sistema nervoso central (SNC) ou elevaç ã o da pressã o, peritonite, 
distú rbios hepatobiliares, radioterapia ou quimioterapia e obstruç ã o ou 
infecç õ es gastrintestinais (KATZUNG; TREVOR, 2017). Diversos distú rbios 
metabó licos induzem a ná useas e vô mitos, incluindo uremia, cetoacidose 
e disfunç ã o suprarrenal, bem como doenç as da paratireoide e tireoide. 
A gravidez é a causa endocrinológica mais prevalente de ná useas, que 
afeta 70% das mulheres no primeiro trimestre de gravidez (LONGO; FAUCI, 
2015; SILVA, 2010). 
As opções de tratamento para as náuseas e vômitos incluem modali-
dades farmacológicas e não farmacológicas, dependendo da causa e das 
condições clínicas do paciente. Para pacientes com náuseas e vômitos 
decorrentes do consumo de alimentos ou de bebidas, pode ser prefe-
rível a prevenção ou moderação da ingestão da dieta.No entanto, em 
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Antieméticos | PARTE 6 177
pacientes com sintomas de doença sistêmica é necessário o tratamento 
da condição subjacente. Também há situações nas quais esses sintomas 
resultam de alterações do labirinto, produzidas por movimento, e os 
pacientes podem beneficiar-se da manutenção de uma posição física 
estável (WELLS et al., 2016).
Neste capítulo, vamos abordar os mecanismos de ação e efeitos 
adversos das diferentes classes de fármacos antieméticos.
Fá rmacos antiemé ticos
Os fármacos antieméticos atuam por diferentes mecanismos de ação. De 
fato, a identifi cação dos diferentes neurotransmissores envolvidos no vô mito 
possibilitou o desenvolvimento de um grupo de fá rmacos antiemé ticos, que 
possuem afi nidade por vá rios receptores. Nesse contexto, com frequê ncia, na 
prática clínica utiliza-se associações de fá rmacos antiemé ticos com diferentes 
mecanismos de aç ã o, em especial nos pacientes com vô mitos induzidos por 
agentes quimioterápicos antineoplásicos (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Em caso de desidratação grave decorrente de vômitos, deve-se considerar a hospi-
talização do paciente, especialmente se a reposiç ã o com lí quidos orais nã o puder 
ser mantida. Por outro lado, assim que o paciente consiga tolerar a ingestã o oral, os 
alimentos devem ser reiniciados com lí quidos com baixo teor de gorduras, pois os 
lipídios retardam o esvaziamento gá strico. Os alimentos com alto teor de resíduos 
nã o digeríveis devem ser evitados porque també m prolongam a retenç ã o gá strica 
(LONGO; FAUCI, 2015).
Para que possamos compreender os aspectos farmacológicos, em especial 
o modo de ação e indicações terapêuticas, vamos abordar de forma breve a 
fisiopatologia do vômito.
Os vômitos são desencadeados por impulsos aferentes até o centro do 
vômito, um núcleo de células no bulbo que coordena o complexo ato do vô mito 
por meio de interaç õ es com os nervos cranianos VIII e X e redes neurais no 
nú cleo do trato solitário, que controlam os centros respirató rio, da salivaç ã o 
e vasomotor. Os impulsos são recebidos de centros sensoriais, como a zona 
Fármacos antieméticos2
178 FARMACOLOGIA GERAL 
de gatilho quimiorreceptora (CTZ, do inglês chemoreceptor trigger zone), 
o córtex cerebral e os aferentes viscerais provenientes da faringe e do trato 
gastrintestinal (TGI). 
Quando estimulados, os impulsos aferentes são integrados pelo centro do 
vômito, resultando em impulsos eferentes para o centro da salivação, o centro 
respiratório e os músculos faríngeos, TGI e abdominal, resultando no ato do 
vômito (KATZUNG; TREVOR, 2017; WELLS et al., 2016).
Foram identificadas elevadas concentraç õ es de receptores colinérgicos 
muscarí nicos M1, receptores histaminérgicos H1, de neurocinina 1 (NK1) e 
serotonina 5-HT3 no centro do vô mito (Figura 1). 
Existem quatro fontes importantes de influxo aferente para o centro do 
vô mito (Figura 1):
  A zona de gatilho quimiorreceptora ou á rea póstrema que se encon-
tra fora da barreira hematoencefálica, poré m acessível aos estí mulos 
emetogê nicos no sangue ou no lí quido cerebrospinal. Nessa área 
encontram-se receptores dopaminérgicos D2 e receptores opioides e, 
possivelmente, receptores 5-HT3 de serotonina e receptores NK1. 
  O sistema vestibular está envolvido na cinetose e contém receptores 
muscarí nicos tipo M1 e histaminérgicos H1.
  Os nervos aferentes vagais e espinais do TGI contêm receptores seroto-
ninérgicos tipo 5-HT3. Importante ressaltar que a irritação da mucosa 
gastrintestinal causada pela quimioterapia antineoplásica, radioterapia 
ou gastrenterite infecciosa aguda determina a liberaç ã o de serotonina 
da mucosa e a ativaç ã o desses receptores, que por sua vez estimulam 
o influxo aferente vagal para o centro do vô mito e a zona de gatilho 
quimiorreceptora.
  O SNC também desempenha um papel na fisiopatologia do vô mito, seja 
devido a transtornos psiquiá tricos, estresse ou vô mito antecipatório 
antes da quimioterapia antineoplásica (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Veja na Figura 1 as vias neuroló gicas envolvidas na fisiopatologia das 
ná useas e dos vô mitos, com a identificação dos diferentes tipos de receptores. 
3Fármacos antieméticos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 179
Para informações mais detalhadas sobre a fisiopatologia da doença ulcerosa péptica, 
sugerimos a leitura do Capitulo 5: Ná useas, Vô mitos e Indigestão da obra Gastroente-
rologia e hepatologia de Harrison (LONGO; FAUCI, 2015).
Vejamos agora as características farmacológicas, mecanismos de ação e 
efeitos adversos das diferentes classes de fármacos antieméticos.
Antagonistas dos receptores 5-HT3 de serotonina
Os antagonistas de receptores serotoninérgicos tipo 5-HT3 incluem ondanse-
trona, granisetrona, palonosetrona, tropisetrona e dolasetrona e sã o úteis em 
Figura 1. Vias neuroló gicas envolvidas na fisiopatologia das ná useas e dos vô mitos. 
Fonte: Katzung e Trevor (2017, p. 1068).
Fármacos antieméticos4
180 FARMACOLOGIA GERAL 
casos de vô mitos pó s-operató rios, apó s a radioterapia e para prevenç ã o dos 
vô mitos induzidos pela quimioterapia do câ ncer. A utilidade dos antagonistas de 
5-HT3 para outras causas de ê mese nã o foi tã o bem estabelecida (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016). 
Com relação ao mecanismo de ação, os antagonistas seletivos dos recep-
tores 5-HT3 exercem atividades antiemé ticas potentes, que sã o mediadas, 
em parte, por meio do bloqueio dos receptores 5-HT3 centrais, presentes no 
centro do vô mito e na zona de gatilho quimiorreceptora, mas principalmente 
pelo bloqueio dos receptores 5-HT3 perifé ricos nos nervos aferentes espinais 
e vagais intestinais extrínsecos no TGI (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Os antagonistas dos receptores 5-HT3 constituem os principais agentes 
para a prevenç ã o das ná useas e dos vô mitos agudos induzidos pela quimio-
terapia. Essa classe de fármacos é extremamente importante no tratamento 
da ê mese induzida pela quimioterapia antineoplásica, principalmente devido 
ao prolongado tempo de ação e maior eficácia no controle da êmese. Vale 
ressaltar que tais fá rmacos tê m pouca ou nenhuma eficá cia na prevenç ã o das 
ná useas e dos vô mitos tardios (que ocorrem > 24 horas apó s a quimioterapia), 
porém são os fá rmacos mais efetivos quando administrados em dose ú nica por 
injeç ã o intravenosa (IV), 30 minutos antes da administraç ã o da quimioterapia. 
Uma dose oral ú nica, administrada uma hora antes da quimioterapia, 
também pode ser igualmente efetiva, porém requer ajustes de dosagens dos 
fármacos. Embora os antagonistas dos receptores 5-HT3 sejam efetivos como 
fá rmacos isolados para a prevenç ã o das ná useas e dos vô mitos induzidos por 
quimioterapia, sua eficá cia é potencializada pela terapia de combinaç ã o com 
um corticosteroide (dexametasona) e um antagonista dos receptores NK1. 
Mostram-se també m efetivos na prevenç ã o e no tratamento das ná useas e dos 
vô mitos em pacientes submetidos à radioterapia corporal total ou do abdome 
(KATZUNG; TREVOR, 2017; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Eles també m sã o ú teis no tratamento de ná useas e ê mese pó s-operató ria. 
Os antagonistas 5-HT3 sã o extensamente biotransformados pelo fí gado, mas 
somente a ondansetrona exige ajuste de dosagem na insuficiê ncia hepá tica 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016).
Quanto a efeitos adversos, os antagonistas dos receptores 5-HT3 sã o agentes 
bem tolerados, com excelente perfil de seguranç a. Os efeitos colaterais mais 
relatados consistem em cefaleia, tontura e constipaç ã o intestinal. Foram re-
gistradas alteraç õ es eletrocardiográficas, como o prolongamento do intervalo 
QT, em especial com dolasetrona e dosagens elevadas de ondansetrona. Por 
essa razão, a dolasetrona nã o está maisaprovada para a profilaxia de náuseas 
5Fármacos antieméticos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 181
induzidas pela quimioterapia antineoplásica (WHALEN; FINKEL; PANA-
VELLI, 2016). Nã o foi relatada nenhuma interaç ã o medicamentosa significativa 
com os antagonistas dos receptores 5-HT3 (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas dos receptores dopaminérgicos
Fenotiazí nicos 
As fenotiazinas sã o fá rmacos antipsicó ticos que podem ser utilizados pelas suas 
potentes propriedades antiemé ticas e sedativas. Os agentes mais comumente 
usados como antiemé ticos sã o proclorperazina, prometazina e tietilperazina 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
As propriedades antiemé ticas das fenotiazinas sã o mediadas por meio 
da inibiç ã o dos receptores dopaminérgicos e muscarí nicos. As propriedades 
sedativas devem-se aa sua atividade anti-histamínica. 
A proclorperazina é eficaz contra náuseas induzidas por agentes quimiote-
rápicos pouco ou moderadamente emetogê nicos (fluorouracil e doxorrubicina). 
No entanto, o uso é limitado, pois, embora o aumento da dosagem melhore a 
atividade antiemética, os efeitos adversos sã o dose-limitantes (KATZUNG; 
TREVOR, 2017).
Butirofenonas 
As butirofenonas antipsicó ticas (droperidol) també m possuem propriedades 
antiemé ticas moderadamente efi cazes devido ao bloqueio de receptores do-
paminérgicos em nível de SNC. O principal agente utilizado é o droperidol, 
que pode ser administrado por injeç ã o intramuscular ou intravenosa (IV) 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Droperidol atua bloqueando os receptores de dopamina do tipo D2. Em 
doses antiemé ticas, o droperidol é um sedativo extremamente forte e já foi 
muito usado para o controle de ná useas e para os vô mitos pó s-operató rios, 
em associaç ã o com fármacos opioides e benzodiazepí nicos, para a obtenção 
de sedaç ã o em procedimentos cirúrgicos e endoscópicos e para a induç ã o 
e manutenç ã o da anestesia geral. Contudo, ele pode prolongar o intervalo 
QT, resultando, raramente, em episó dios fatais de taquicardia ventricular, 
incluindo torsades de pointes (taquiarritmia), e, portanto, deve ser reservado 
para pacientes com resposta inadequada a outros fá rmacos (KATZUNG; 
TREVOR, 2017; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Fármacos antieméticos6
182 FARMACOLOGIA GERAL 
Benzamidas substituí das 
As benzamidas substituí das, com atividade antiemé tica, incluem a metoclopra-
mida e a trimetobenzamida. A metoclopramida é efi caz em doses altas contra 
a êmese induzida pela cisplatina (KATZUNG; TREVOR, 2017).
O mecanismo de ação das benzamidas é através do bloqueio de receptores 
dopaminérgicos na zona de gatilho quimiorreceptora. Para a prevenç ã o e o 
tratamento das ná useas e dos vô mitos, a metoclopramida pode ser administrada 
na dose relativamente alta de 10 a 20 mg, por via oral ou IV, a cada 6 horas. 
A dose habitual de trimetobenzamida é de 300 mg, por via oral, ou 200 mg, 
por injeç ã o intramuscular.
Os principais efeitos adversos desses fármacos decorrentes do bloqueio 
dopaminérgico e incluem os sintomas extrapiramidais (inquietação, distonia 
e sintomas parkinsonianos), o que limita o uso prolongado de doses elevadas 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; 
PANAVELLI, 2016).
Anti-histamí nicos H1 
Os antagonistas dos receptores histaminérgicos H1 sã o ú teis principalmente na 
cinetose e nos vô mitos pó s-operató rios, atuando nos nervos aferentes vestibu-
lares e no tronco cerebral. Ciclizina, hidroxizina, prometazina e difenidramina 
sã o alguns exemplos desse grupo de fá rmacos (BRUNTON; CHABNER; 
KNOLLMANN, 2016).
A difenidramina e o dimenidrinato atuam através da atividade antagonista 
dos receptores H1. Devido a suas propriedades sedativas, a difenidramina 
deve ser utilizada em associaç ã o com outros antiemé ticos para o tratamento 
dos vô mitos induzidos pela quimioterapia. A meclizina é um outro fá rmaco 
anti-histamínico H1, que produz menos sedaç ã o. É utilizada na prevenç ã o 
da cinetose e no tratamento da vertigem causada por disfunç ã o do labirinto 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Fá rmacos anticoliné rgicos 
Os fármacos anticoliné rgicos, especialmente o antagonista do receptor 
muscarí nico, hioscina (escopolamina), assim como os antagonistas de receptor 
histaminérgico tipo H1, como dimenidrinato, meclizina e ciclizina, sã o muito 
ú teis na cinetose (enjôo de movimento), e nos distú rbios da orelha interna, mas 
sã o inefi cazes contra substâ ncias que atuam diretamente na zona de gatilho 
7Fármacos antieméticos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 183
quimiorreceptora, como os quimioterápicos antineoplásicos (BRUNTON; 
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
A hioscina (escopolamina), um protótipo dos antagonistas dos receptores 
muscarí nicos, atua através do bloqueio de receptores M1, e é um dos melhores 
agentes para a prevenç ã o da cinetose. Entretanto, apresenta uma incidê ncia 
muito alta de efeitos anticoliné rgicos, quando administrada por via oral ou 
parenteral. É mais bem tolerada na forma de adesivo transdé rmico. Os efeitos 
adversos da escopolamina incluem tontura, sedaç ã o, confusã o, boca seca, 
cicloplegia e retenç ã o uriná ria, o que desencadeia a limitação de uso, sendo 
utilizado na cinetose (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Antagonistas dos receptores de neurocinina
Os antagonistas dos receptores de neurocinina 1 (NK1) apresentam proprieda-
des antiemé ticas que sã o mediadas através do bloqueio central na á rea postrema. 
O aprepitanto, administrado por via oral, é um antagonista altamente 
seletivo dos receptores NK1, que atravessa a barreira hematoencefálica e se 
liga aos receptores NK1 no SNC. Nã o tem nenhuma afinidade pelos receptores 
de serotonina, dopamina ou corticosteroides. Também há a disponibilidade 
do fosaprepitanto, administrado por via IV que é convertido em aprepitanto 
30 minutos apó s a sua infusã o.
Na clínica, o aprepitanto é utilizado em associaç ã o com antagonistas dos 
receptores serotoninérgicos 5-HT3 e corticosteroides na prevenç ã o das ná useas 
e dos vô mitos tardios e agudos, induzidos por esquemas quimioterápicos muito 
emetogê nicos. Ou seja, a terapia combinada com aprepitanto, um antagonista 
dos receptores 5-HT3, e dexametasona impede a ocorrê ncia de vô mitos agudos 
em até 80 a 90% dos pacientes, quando comparado com uma taxa menor, de 
70%, em pacientes com esquemas terapêuticos que não incluem aprepitanto. 
Ainda, há uma prevenç ã o dos vô mitos tardios em mais de 70% dos pacientes 
que recebem terapia combinada, versus 30 a 50% tratados sem aprepitanto. 
O aprepitanto pode causar fadiga, tontura e diarreia. O fá rmaco é metabo-
lizado pela CYP3A4 e pode inibir o metabolismo de outros fá rmacos antineo-
plásicos metabolizados pela via da CYP3A4 (docetaxel, paclitaxel, etoposí deo, 
irinotecano, imatinibe, vimblastina e a vincristina) assim como também pode 
afetar a biotransformaç ã o de outros fá rmacos por essa enzima, como varfarina 
e anticoncepcionais orais. Por outro lado, fá rmacos que inibem o metabolismo 
da CYP3A4 podem aumentar de forma significativa os ní veis plasmáticos de 
aprepitanto (cetoconazol, ciprofloxacino, claritromicina, nefazodona, ritonavir, 
nelfinavir, verapamil e quinidina) (KATZUNG; TREVOR, 2017). 
Fármacos antieméticos8
184 FARMACOLOGIA GERAL 
Corticosteroides 
Os glicocorticoides como a dexametasona podem ser coadjuvantes ú teis no 
tratamento das ná useas dos pacientes com câ ncer generalizado, possivelmente 
porque suprimem a infl amaç ã o peritumoral e a produç ã o das prostaglandinas 
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Os corticosteroides (dexametasona, metilprednisolona) apresentam proprie-
dades antiemé ticas, poré m ainda não se conhece o mecanismo desses efeitos. 
Postula-se que tais fá rmacos parecem aumentar a eficá cia dos antagonistasdos receptores 5-HT3 para a prevenç ã o das ná useas e dos vô mitos agudos e 
tardios, em pacientes submetidos a esquemas de quimioterapia moderada e 
muito emetogê nicos. 
Embora diversos corticosteroides tenham sido utilizados, costuma-se 
administrar dexametasona, em uma dose de 8 a 20 mg por via IV antes da 
quimioterapia, seguida de 8 mg por dia, por via oral, durante 2 a 4 dias 
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Benzodiazepí nicos
Os benzodiazepí nicos, como o lorazepam ou o diazepam, sã o utilizados 
antes do iní cio da quimioterapia para reduzir os vô mitos antecipatórios ou os 
vô mitos causados pela ansiedade.
A potê ncia antiemé tica do lorazepam e do alprazolam é baixa, porém seus 
efeitos bené ficos podem ser devido à s suas propriedades sedativas, ansiolíticas 
e amné sicas. 
O uso concomitante com á lcool deve ser evitado devido ao efeito depressor 
aditivo no SNC (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Canabinoides
O dronabinol é o Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC), a principal substâ ncia psico-
ativa da maconha. À semelhanç a da maconha nã o purifi cada, o dronabinol é 
um fá rmaco psicoativo utilizado clinicamente como estimulante do apetite e 
como antiemé tico; no entanto, os mecanismos envolvidos nesses efeitos ainda 
nã o estã o elucidados. Devido à disponibilidade de fá rmacos mais efetivos, 
o dronabinol, hoje, é pouco usado na prevenç ã o das ná useas e dos vô mitos 
induzidos por quimioterapia. A terapia de combinaç ã o com fenotiazinas pro-
porciona uma aç ã o antiemé tica sinérgica e parece atenuar os efeitos colaterais 
de ambos os agentes. 
9Fármacos antieméticos
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 185
Em geral, o dronabinol é administrado antes da quimioterapia, e a cada 
2 a 4 horas, quando necessá rio. Os efeitos adversos consistem em euforia, 
disforia, sedaç ã o, alucinaç õ es, boca seca e aumento do apetite. Também 
pode causar taquicardia, congestão da conjuntiva e hipotensã o ortostá tica. O 
dronabinol nã o apresenta interaç õ es medicamentosas significativas, mas pode 
potencializar os efeitos clí nicos de outros fá rmacos psicoativos (KATZUNG; 
TREVOR, 2017). 
A hiperemese gravídica é uma condição clínica que pode ocorrer em gestantes, e 
causam náuseas e vômitos intensos, podendo induzir uma perda de peso corporal, 
desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos e deficiência nutricional na gestante. Leia 
o artigo Hiperemese gravídica associada a fatores psicossociais: revisão sistemática. 
Alfenas et al. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais, v. 9, n. único, p. 63-68, 
2017, disponíveis no link abaixo.
https://goo.gl/WQfGcE
Fármacos antieméticos10
186 FARMACOLOGIA GERAL 
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica 
de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 
2017. (Lange).
LONGO, D. L.; FAUCI, A. S. Gastrenterologia e hepatologia de Harrison. 18. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2015.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELLI, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 
WELLS, B. G. et al. Manual de farmacoterapia. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
Leituras recomendadas
CONNOR, B. A. Travelers' diarrhea. 2017. Disponível em: . Acesso em: 
30 set. 2018.
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica 
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto 
Alegre: Artmed, 2010.
13Fármacos antieméticos
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Fármacos Anti-hipertensivos | PARTE 1 107
234 Clark, Finkel, Rey & Whalen
tir com hipertensão, como taquiarritmia supraventricular, infarto do 
miocárdio prévio, angina pectoris e insuficiência cardíaca crônica. 
Os �-bloqueadores são usados também para prevenir a enxaqueca 
e a cefaleia em salvas.
C. Farmacocinética
Os �-bloqueadores são ativos por via oral. O propranolol sofre biotransfor-
mação de primeira passagem extensa e altamente variável. Os bloqueado-
res podem demorar várias semanas até desenvolverem seu efeito pleno.
D. Efeitos adversos
 1. Efeitos comuns. Os �-bloqueadores podem causar bradicardia e 
efeitos colaterais no SNC, como fadiga, letargia, insônia e alucina-
ções. Esses fármacos também podem causar hipotensão (Figura 
19.10). Os �-bloqueadores podem diminuir a libido e causar impo-
tência. (Nota: a disfunção sexual provocada pode reduzir acentua-
damente a adesão do paciente ao tratamento.)
 2. Alterações nos padrões lipídicos séricos. Os �-bloqueadores po-
dem desregular o metabolismo lipídico, diminuindo a lipoproteína de 
alta densidade colesterol e aumentando os triglicérides plasmáticos.
 3. Retirada do fármaco. A retirada abrupta dos �-bloqueadores pode 
causar angina, infarto do miocárdio e mesmo a morte súbita de pa-
cientes com doença cardíaca isquêmica. Por isso, a dosagem desses 
fármacos deve ser reduzida gradualmente ao longo de duas a três se-
manas em pacientes com hipertensão e doença cardíaca isquêmica.
VII. INIBIDORES DA ECA
Os inibidores da ECA, como enalapril ou lisinopril, são recomendados quando 
os fármacos de primeira escolha (diuréticos e �-bloqueadores) estão con-
traindicados ou são ineficazes, ou se existem razões que os indicam como no 
diabetes melito.
A. Ações
Os inibidores da ECA diminuem a pressão arterial reduzindo a resistên-
cia vascular periférica sem aumentar reflexamente o débito, a frequência 
ou a contratilidade cardíaca. Esses fármacos bloqueiam a ECA que hidro-
lisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II 
(Figura 19.11). A enzima conversora também é responsável pela degra-
dação da bradicinina que aumenta a produção de óxido nítrico e pros-
taciclinas nos vasos sanguíneos. Ambos, óxido nítrico e prostaciclinas, 
são potentes vasodilatadores. Os inibidores da ECA diminuem os níveis 
de angiotensina II e aumentam os de bradicinina. Ocorre vasodilatação 
de arteríolas e veias como resultado da combinação de efeitos de vaso-
constrição diminuída causada pela redução dos níveis de angiotensina 
II e potente vasodilatação devido ao aumento da bradicinina. Reduzindo 
os níveis de angiotensina II circulante, os inibidores da ECA também di-
minuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de 
sódio e água. Os inibidores da ECA diminuem a pré-carga e a pós-carga 
cardíaca, reduzindo, assim, o trabalho cardíaco.
B. Usos terapêuticos
Como os �-bloqueadores, os inibidores da ECA são mais eficazes em 
pacientes hipertensos brancos e jovens. Todavia, quando associados com 
Bradicardia
Fadiga
Insônia
Disfunção 
sexual
Hipotensão
PA
Figura 19.10
Alguns efeitos adversos dos fármacos 
�-bloqueadores.
Clark-5ed_19.indd 234Clark-5ed_19.indd 234 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
108 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 235
um diurético, sua eficácia é semelhante em pacientes hipertensos brancos 
e negros. Junto com os BRA, os inibidores da ECA retardam a progressão 
da nefropatia diabética, diminuem a albuminúria e são, assim, indicação 
obrigatória para pacientes com nefropatia diabética. Os efeitos benéficos 
na função renal podem resultar da diminuição da pressão intraglomerular 
devido à vasodilatação da arteríola eferente. Os inibidores da ECA são pa-
drão no cuidado de pacientes após o infarto do miocárdio e são fármacos 
de primeira escolha no tratamento de pacientes com disfunções sistólicas. 
O tratamento é iniciado 24 horas após o fim do infarto. O tratamento crôni-
co com inibidores da ECA obtém redução sustentada da pressão arterial, 
regressão da hiperttrofia ventricular esquerda e prevenção do remodela-
mento ventricular, após infarto do miocárdio. Os inibidores da ECA são 
os fármacos de primeira escolha no tratamento da insuficiência cardíaca, 
para tratar pacientes hipertensos com doença renal crônica e para pacien-
tes com risco elevado de doença arterial coronariana.
C. Efeitos adversos
Os efeitos adversos comuns incluem tosse seca, exantema, febre, altera-
ção do paladar, hipotensão (em estados hipovolêmicos) e hiperpotassemia 
(Figura 19.12). A tosse seca, que ocorre em aproximadamente 10% dos 
pacientes, parece ser devida ao aumento dos níveis de bradicinina na ár-
vore pulmonar e ocorre mais frequentemente em mulheres e não fumantes 
e com inibidores da ECA de longa duração. A tosse desaparece poucos 
dias após a descontinuação do tratamento. Os níveis de potássio devem ser 
monitorados. São contraindicados a suplementação de potássio (ou dietas 
ricas em potássio) e o uso de diuréticos poupadores de potássio. O níveis 
de creatinina no soro devem ser monitorados, particularmente em pacientes 
com doença renal subjacente. O angioedema é raro, mas é potencialmente 
fatal e também pode ser atribuído ao aumento dos níveis de bradicinina. 
Pode ocorrer insuficiência renal reversível em pacientes com estenose bi-
lateral na artéria renal tratados com inibidor da ECA. Os inibidores da ECA 
podem induzir malformações fetais e não devem ser usados em gestantes.
VIII. BLOQUEADORES DE RECEPTORES 
DE ANGIOTENSINA II
Os BRA são alternativos aos inibidores da ECA. Esses fármacos bloqueiam 
os receptores AT1 diminuindo a ativação desses receptores pela angiotensina 
II. A losartana é o protótipo dos BRAs e, correntemente, há seis outros BRAs. 
Seus efeitos farmacológicos são similares aos dos inibidores da ECA por pro-
duzirem dilatação arteriolar e venosa e bloqueio da secreção de aldosterona, 
Inibição da degradação 
de bradicinina
Renina
(dos rins)
Angiotensina I
(inativa)
Angiotensina II 
diminuída
ECA
Angiotensinogênio
(globulina �2 no sangue)
Produção de 
aldosterona 
reduzida
Estimulação do 
sistema nervoso 
simpático
Retenção 
de sódio 
e água
Níveis de 
bradicinina
Vasodilatação 
do músculo 
liso vascular
Inibidores da ECA
Diminuição
da pressão
arterial
PA
Figura 19.11
Efeitos dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA).
Tosse seca
Erupção 
cutânea
Hipotensão
Febre
Hiperpotassemia
37oC
PA
K+
Figura 19.12
Alguns efeitos adversos comuns dos 
inibidores da enzima conversora de an-
giotensina.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-hipertensivos | PARTE 1 109
236 Clark, Finkel, Rey & Whalen
reduzindo, assim, a pressão arterial e diminuindo a retenção de sal e água. 
Os BRAs não aumentam os níveis de bradicinina. Eles diminuem a nefro-
toxicidade do diabetes, sendo, assim, um tratamento atraente a diabéticos 
hipertensos. Seus efeitos adversos são semelhantes aos dos inibidores da 
ECA, embora o risco de tosse e angioedema seja significativamente menor. 
Os BRAs também são fetotóxicos e não devem ser usados por mulheres ges-
tantes. (Nota: os BRAs são discutidos no Capítulo 16.)
IX. INIBIDORES DE RENINA
O inibidor seletivo de renina, alisquireno, está disponível para o tratamento da 
hipertensão. O alisquireno inibe diretamente a renina e, assim, atua mais pre-
cocemente no sistema renina-angiotensina-aldosterona do que os inibidores 
de ECA ou BRAs. Ele reduz a pressão arterial com eficácia similar aos BRAs, 
inibidores da ECA e tiazidas. O alisquireno pode ser associado com outros 
anti-hipertensivos, como diuréticos, inibidores da ECA, BRAs ou bloqueado-
res de canais de cálcio. O alisquireno pode causar diarreia, em especial em 
dosagens elevadas. Ele também pode causar tosse e angioedema, mas pro-
vavelmente com menos frequência do que os inibidoresda ECA. Como os ini-
bidores da ECA e os BRA, o aliquireno é contraindicado durante a gestação. 
O alisquireno está disponível em associação de doses fixas com valsartana, 
bem como com hidroclortiazida. A hiperpotassemia foi significativamente mais 
comum em pacientes que receberam alisquireno e valsartana. O aliquireno é 
biotransformado pela CIP3A4 e é sujeito a interações de fármacos.
X. BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO
Os bloqueadores de canais de cálcio são recomendados quando os fárma-
cos de primeira escolha estão contraindicados ou são ineficazes. Eles são 
eficazes no tratamento da hipertensão em pacientes com angina ou diabetes. 
Doses elevadas de bloqueadores de canais de cálcio de curta duração devem 
ser evitadas devido ao maior risco de infarto do miocárdio por vasodilatação 
excessiva e acentuada estimulação cardíaca reflexa.
A. Classes de bloqueadores de canais de cálcio
Os bloqueadores de canais de cálcio são divididos em três classes quími-
cas, cada uma com propriedades farmacocinéticas e indicações clínicas 
diferentes (Figura 19.13).
 1. Difenilalquilaminas. O verapamil é o único representante dessa 
classe aprovado nos Estados Unidos atualmente. O verapamil é o 
menos seletivo dos bloqueadores de canais de cálcio e apresenta 
efeitos significativos nas células cardíacas e do músculo liso vascu-
lar. Ele é usado também no tratamento da angina, das taquiarritmias 
supraventriculares e para prevenir a enxaqueca e a cefaleia em sal-
vas. Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são 
efeitos adversos dose-dependentes do verapamil.
 2. Benzotiazepina. O diltiazem é o único membro dessa classe que 
está aprovado nos Estados Unidos atualmente. Como o verapamil, 
o diltiazem afeta tanto as células cardíacas quanto do músculo liso 
vascular, mas apresenta efeito inotrópico cardíaco negativo menos 
pronunciado comparado ao efeito do verapamil. O diltiazem apre-
senta um perfil de efeitos adversos favorável.
 3. Di-hidropiridinas. Essa classe de bloqueadores de canais de cálcio 
em rápida expansão inclui o nifedipino de primeira geração e cinco 
18%
9%
2%
A
B
C
Diltiazem
Verapamil
Dilatação de vasos 
coronarianos
Nifedipino
Ação
forte
Ação
fraca
Diltiazem
Verapamil
Condução AV
Nifedipino
Diminuída Aumentada
 Diltiazem
Verapamil
Frequência de 
efeitos adversos
Nifedipino
FrequenteInfrequente
Pouco efeito
Figura 19.13
Ações dos bloqueadores de canais de 
cálcio. AV = atrioventricular.
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110 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 237
fármacos de segunda geração para o tratamento de doença cardio-
vascular: anlodipino, felodipino, isradipino, nicardipino e nisoldipi-
no. Esses bloqueadores de canais de cálcio de segunda geração 
diferem na farmacocinética, nos usos aprovados e nas interações 
farmacológicas. Todas as di-hidropiridinas apresentam muito maior 
afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de 
cálcio do coração. Elas são, por isso, particularmente atrativas no 
tratamento da hipertensão. As di-hidropiridinas têm a vantagem de 
interagir pouco com outros fármacos cardiovasculares, como a di-
goxina ou a varfarina, que são frequentemente usados em conjunto 
com bloqueadores de canais de cálcio.
B. Ações
A concentração intracelular de cálcio tem um papel importante na ma-
nutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. O 
cálcio entra nas células musculares através de canais de cálcio voltagem-
-sensíveis. Isso dispara a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático 
e da mitocôndria, que aumenta adicionalmente o nível de cálcio citosó-
lico. Os antagonistas de canais de cálcio bloqueiam a entrada de cálcio 
por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos 
lisos dos vasos arteriolares coronarianos e periféricos. Isso causa o rela-
xamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas. 
Os bloqueadores de canais de cálcio não dilatam veias.
C. Usos terapêuticos
Os bloqueadores de canais de cálcio apresentam um efeito natriurético 
intrínseco e, dessa forma, normalmente não requerem a adição de um 
diurético. Esses fármacos são úteis no tratamento de pacientes hiper-
tensos que tem também asma, diabetes, angina e/ou doença vascular 
periférica (Figura 19.14). Pessoas negras hipertensas respondem bem 
aos bloqueadores de canais de cálcio.
LEGENDA:
HIPERTENSÃO 
ANGINA
TAQUIARRITMIA
SUPRAVENTRICULAR
SEGURO NA IC
LEVE A MODERADA 
SEGURO COM
�-BLOQUEADORES
INDICAÇÕES
TERAPÊUTICAS
BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO APROVADOS
Diltiazem Felodipino Isradipino Anlodipino Nicardipino
FármacoFármaco
Indicação aprovada Uso com cautela
Nifedipino Verapamil 
Felodipino Isradipino Anlodipino NicardipinoNifedipino
Diltiazem Anlodipino NicardipinoNifedipino Verapamil 
Diltiazem Verapamil 
Diltiazem
Felodipino Isradipino Anlodipino
Figura 19.14
Algumas aplicações terapêuticas dos bloqueadores de canais de cálcio. IC = insuficiência cardíaca.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos Anti-hipertensivos | PARTE 1 111
238 Clark, Finkel, Rey & Whalen
D. Farmacocinética
A maioria desses fármacos apresenta meia-vida curta (3 a 8 horas) após 
a administração via oral. Preparações de liberação sustentada estão dis-
poníveis e permitem dosificação única por dia. O anlodipino tem meia-
-vida muito longa e não requer formulação de liberação estendida.
E. Efeitos adversos
Constipação ocorre em cerca de 10% dos pacientes tratados com vera-
pamil. Tontura, cefaleia e sensação de fadiga causada pela redução da 
pressão arterial ocorrem com di-hidropiridinas mais frequentemente (Fi-
gura 19.15). O verapamil deve ser evitado em pacientes com insuficiência 
cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular devido aos efeitos 
inotrópicos (força de contração do músculo cardíaco) e dromotrópicos (ve-
locidade de condução) negativos. A nifedipina causa crescimento gengival.
XI. AGENTES BLOQUEADORES 
DE ADRENORRECEPTORES �
Prazosina, doxazosina e terazosina produzem bloqueio competitivo de 
adrenorreceptores-�1. Eles diminuem a resistência vascular periférica e re-
duzem a pressão arterial por relaxarem os músculos lisos de artérias e veias. 
Esses fármacos causam mudanças mínimas no débito cardíaco, fluxo san-
guíneo renal e velocidade de filtração glomerular. Por isso, não ocorre taqui-
cardia no tratamento prolongado, mas retenção de sal e água. Pode ocorrer 
hipotensão postural em alguns indivíduos. Os �-bloqueadores podem ser 
usados para tratar hipertensão leve a moderada e são prescritos associados 
ao propranolol e/ou a um diurético para efeitos aditivos. Taquicardia reflexa 
e síncope na primeira dose são efeitos adversos praticamente universais. O 
uso concomitante de um �-bloqueador pode ser necessário para abrandar a 
taquicardia reflexa de curto prazo. Devido ao perfil de efeitos adversos, ao de-
senvolvimento de tolerância e ao advento de anti-hipertensivos mais seguros, 
os �-bloqueadores são usados raramente no tratamento da hipertensão. A 
tansulosina tem sido usada no tratamento da hiperplasia benigna de próstata 
por ser um bloqueador-�1 com maior seletividade pelo músculo prostático.
XII. FÁRMACOS BLOQUEADORES 
DE ADRENORRECEPTORES � E �
O labetalol e o carvedilol bloqueiam os receptores �1, �1 e �2. O carvedilol, 
embora eficaz como anti-hipertensivo é usado principalmente no tratamento 
da insuficiência cardíaca. O carvedilol, bem como o metoprolol, um antagonis-
ta �1 seletivo, revelaram ser capazes de reduzir a morbidade e a mortalidade 
associada à insuficiência cardíaca.
XIII. ADRENÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL
A. Clonidina
Esse agonista �2 diminui o efluxo adrenérgico central, reduzindo a taxa 
de disparos dos nervos simpáticos e a quantidade de norepinefrina libe-
rada. A clonidina é usada primariamenteno tratamento da hipertensão 
leve a moderada que não responde adequadamente ao tratamento com 
dois ou mais fármacos. A clonidina não reduz o fluxo sanguíneo renal 
ou a filtração glomerular e, portanto, é útil no tratamento da hipertensão 
complicada por doença renal. A clonidina é bem absorvida após admi-
Constipação
Vertigem
Cefaleia
Fadiga
HipotensãoPA
Rubor
Figura 19.15
Alguns efeitos adversos comuns dos 
bloqueadores de canais de cálcio.
Clark-5ed_19.indd 238Clark-5ed_19.indd 238 31/10/12 15:1331/10/12 15:13
112 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 239
nistração via oral e é excretada pelos rins. Como pode causar retenção 
de sódio e água, a clonidina pode ser administrada associada com um 
diurético. Os efeitos adversos geralmente são leves, mas pode produzir 
sedação, xerostomia e constipação. Ocorre hipertensão de rebote após 
interrupção súbita da clonidina. Ela deve ser retirada lentamente se o 
clínico deseja mudar o fármaco.
B. �-Metildopa
Esse agonista-�2 é convertido em metilnorepinefrina no SNC, causando 
diminuição do efluxo adrenérgico. Isso leva à redução da resistência peri-
férica total e à diminuição da pressão arterial. O débito cardíaco e o fluxo 
sanguíneo para os órgãos vitais não diminuem. Como o fluxo sanguíneo 
aos rins não diminui, a �-metildopa apresenta especial valor no tratamen-
to de pacientes hipertensos com insuficiência renal. Os efeitos adversos 
mais comuns do �-metildopa são sedação e sonolência. A �-metildopa 
tem sido usada em hipertensas grávidas.
XIV. VASODILATADORES
Os relaxantes de músculos lisos de ação direta, como a hidralazina e o mi-
noxidil, tradicionalmente não são usados como fármacos primários no tra-
tamento da hipertensão. Estes vasodilatadores produzem relaxamento do 
músculo liso vascular, o que diminui a resistência e, dessa forma, a pressão 
arterial. Parte significativa da ação hipotensora destes fármacos é devido à 
ativação de canais de potássio, aumentando o efluxo de potássio e induzindo 
hiperpolarização da membrana dos músculos lisos. Quando a membrana está 
hiperpolarizada, o influxo de cálcio é inibido e o músculo liso arteriolar rela-
xa. Esses fármacos produzem estimulação reflexa do coração, resultando em 
aumentos reflexos da contratilidade miocárdica, da frequência cardíaca e do 
consumo de oxigênio. Essas ações podem causar angina pectoris, infarto do 
miocárdio ou insuficiência cardíaca em indivíduos predispostos. Os vasodila-
tadores também aumentam a concentração plasmática de renina, causando 
retenção de sódio e água. Esses efeitos colaterais indesejados podem ser 
bloqueados pelo uso concomitante de um diurético e um �-bloqueador.
A. Hidralazina
Esse fármaco causa vasodilatação direta, agindo primariamente nas ar-
térias e arteríolas. Isso resulta na diminuição da resistência periférica, 
que, por sua vez, inicia a elevação reflexa da frequência cardíaca e do 
débito cardíaco. A hidralazina é usada no tratamento de hipertensão mo-
deradamente grave. Ela é administrada quase sempre em associação a 
um �-bloqueador, como o propranolol, metoprolol ou atenolol (para com-
pensar a taquicardia reflexa), e um diurético (para reduzir a retenção de 
sódio). Juntos, os três fármacos diminuem o débito cardíaco, o volume 
plasmático e a resistência vascular periférica. A monoterapia com hidrala-
zina é um método aceito no controle da hipertensão induzida pela gesta-
ção. Os efeitos adversos do tratamento com hidralazina incluem cefaleia, 
taquicardia, náusea, sudoração, arritmia e precipitação de angina. Uma 
síndrome semelhante ao lúpus pode ocorrer com doses elevadas, mas é 
reversível com a interrupção do uso do fármaco.
B. Minoxidil
Esse fármaco causa dilatação dos vasos de resistência (arteríolas), mas 
não nos vasos de capacitância (vênulas). O minoxidil é administrado 
por via oral para o tratamento de hipertensão grave à maligna, refratá-
ria a outros fármacos. A taquicardia reflexa e a retenção de líquidos po-
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ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO PELA 
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PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Fármacos que Afetam o Sangue
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unidade 
2
116 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 251
B. Papel das superfícies celulares
Cada reação envolvida com a cascata da coagulação ocorre em uma 
superfície celular ativada localizada, onde o complexo proteína-proteína 
com base em fosfolipídeo se formou. Este complexo consiste em super-
fícies de membranas providas de fosfolipídeos (primariamente fosfa-
tidil-serina) de plaquetas ativadas ou células endoteliais ativadas, uma 
enzima (um fator de coagulação ativado), um substrato (a pró-enzima 
do fator de coagulação seguinte na cadeia) e de um cofator. O cálcio é 
essencial nesse processo, unindo fosfolipídeos aniônicos a resíduos de 
ácido �-carboxiglutâmico dos fatores de coagulação. (Nota: a remoção do 
cálcio com quelantes, como o citrato ou ácido tetraetilenodiamina acético, 
é usado para evitar a coagulação em tubo de ensaio).
C. Inibidores de coagulação
É importante que a coagulação fique restrita ao local da lesão vascular. 
Endogenamente existem vários inibidores dos fatores de coagulação, in-
cluindo proteína C, proteína S, antitrombina III e inibidor da via do fator 
tissular. O mecanismo de ação dos vários fármacos anticoagulantes, in-
cluindo heparina e fármacos relacionados à heparina, envolve a ativação 
desses inibidores endógenos (primariamente antitrombina III).
VI. ANTICOAGULANTES
Os fármacos anticoagulantes inibem a ação dos fatores de coagulação (os 
inibidores de trombina, como a heparina e os fármacos heparina-relaciona-
dos) ou interferem na síntese dos fatores de coagulação (os antagonistas da 
vitamina K, como a varfarina).
A. Inibidores de trombina: heparina e heparinas de baixa 
massa molecular
A heparina é um anticoagulante injetável de ação rápida que é usado com 
frequência para interferir agudamente na formação de trombos. Ela nor-
malmente ocorre como uma macromolécula complexada com histamina 
nos mastócitos, onde sua função fisiológica é desconhecida. Para uso co-
mercial, a heparina é extraída da mucosa intestinal suína. A heparina não 
fracionada é uma mistura de cadeias retas, glicosaminoglicanos aniônicos 
com uma ampla faixa de massas moleculares (Figura 20.11). Ela é muito 
ácida devido à presença de sulfato e grupos de ácido carboxílico (Figura 
10.0000 20.000 30.000
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
Massa molecular
HBMMs Heparina
Figura 20.11
Distribuição das massas moleculares 
típicas das heparinas de baixa massa 
molecular (HBMM) e da heparina.
CH2
O
COO–
OH
OH
O
HN
H
H
H H
H H
H H
H H
OO OO
H
SO3
–
SO 3
–O
Ácido �-D-glicurônico Sulfato de glicosamina
Figura 20.12
Componente dissacarídeo da heparina 
mostrando as cargas negativas decor-
rentes dos grupos carboxila e sulfato.
Fatores de
coagulação
inativos 
Lento
Rápido
Antitrombina
Heparina Heparina
A heparina se dissocia 
do complexo ternário e 
pode ser reutilizada.
Fatores de
coagulação
inativos 
Figura 20.13
A heparina acelera a inativação dos fatores de coagulação pela antitrombina.
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 117
252 Clark, Finkel, Rey & Whalen
20.12). (Nota: nesta discussão, o termo heparina indica a forma não fracio-
nada do fármaco.) O conhecimento de que formas de heparina de baixa 
massa molecular (HBMM) também conseguem atuar como anticoagulantes 
levou ao isolamento da enoxaparina, a primeira HBMM (ao polímero, estão substituindo o uso 
da heparina em várias situações clínicas. A heparina é usada na prevenção 
de trombose venosa e no tratamento de uma variedade de doenças trom-
bóticas, como embolia pulmonar e infarto agudo do miocárdio.
 1. Mecanismo de ação. A heparina atua em inúmeros alvos molecula-
res, mas seu efeito anticoagulante é consequência da ligação à anti-
trombina III, com a rápida inativação subsequente dos fatores de coa-
gulação (Figura 20.13). A antitrombina III é uma �-globulina e inibe 
serina-proteases, incluindo vários dos fatores de coagulação – sendo 
os mais importantes a trombina (Fator IIa) e o Fator Xa (ver Figura 
20.10). Na ausência de heparina, a antitrombina III interage lentamen-
te com a trombina e o Fator Xa. As moléculas de heparina se ligam à 
antitrombina III, induzindo alteração conformacional que acelera sua 
velocidade de ação cerca de mil vezes. A heparina também serve de 
molde catalítico para a interação da antitrombina III e os fatores de 
coagulação ativados. Ela atua como verdadeiro catalisador, permitindo 
que a antitrombina III se combine rapidamente com a trombina circu-
lante e o Fator Xa e os iniba (Figura 20.14). Em contraste, as HBMMs 
complexam com a antitrombina III e inativam o Fator Xa (incluindo o 
localizado nas superfícies das plaquetas), mas não se ligam tão avida-
mente à trombina. Sem dúvida, a ativação das plaquetas em repouso 
é menos provável com as HBMMs do que com a heparina. (Nota: a 
sequência de pentassacarídeo presente na heparina e nas HBMMs 
permite sua ligação à antitrombina III [ver Figura 20.14].)
 2. Usos terapêuticos. A heparina e as HBMMs limitam a expansão 
dos trombos evitando a formação de fibrina. A heparina é o prin-
cipal fármaco antitrombótico para o tratamento da trombose aguda 
de veias profundas e do embolismo pulmonar. A incidência de epi-
A
B
Antitrombina
Fator XaFator Xa
Trombina
Heparina
HBMM
Antitrombina
Fator XaFator Xa
Heparina
não fracionada
HBMM
A heparina não 
fracionada acelera 
a interação da 
antitrombina com 
a trombina e o 
Fator Xa.
HBMM acelera 
seletivamente a 
interação da 
antitrombina 
com o Fator Xa.
A interação da antitrombina com a
heparina e a HBMM é mediada por
uma sequência de pentassacarídeos.
Figura 20.14
A heparina e a heparina de baixa massa molecular (HBMM) intermedeiam a inativação da trombina ou do Fator Xa.
Meia-vida 
intravenosa
Resposta 
anticoagulante
Biodisponibilidade
Principais efeitos 
adversos
Local de 
tratamento
2 horas
Variável
20%
Sangramentos 
frequentes
Hospital
4 horas
Previsível
90%
Sangramentos 
menos frequentes
Hospital e 
paciente externo
HEPARINA HBMMsCARACTERÍSTICAS 
DO FÁRMACO
Figura 20.15
Algumas propriedades da heparina e 
das heparinas de baixa massa molecu-
lar (HBMM).
Clark-5ed_20.indd 252Clark-5ed_20.indd 252 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
118 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 253
sódios tromboembólicos recorrentes também diminui. Clinicamente, 
a heparina é usada profilaticamente para prevenir trombos venosos 
pós-cirúrgicos em pacientes submetidos à cirurgia eletiva (p. ex., 
prótese de bacia) e naqueles que estão na fase aguda de um infarto 
do miocárdio. A retrotrombose arterial coronariana após o tratamen-
to trombolítico é reduzida com heparina. Esse fármaco também é 
usado nos aparelhos de circulação extracorpórea (p. ex., máquinas 
de diálise) para prevenir a trombose. A heparina e as HBMMs são 
os anticoagulantes de escolha para o tratamento da gestante com 
válvula cardíaca prostética ou tromboembolismo venoso, pois esses 
fármacos não atravessam a placenta (devido ao grande tamanho e 
carga negativa). A heparina tem a vantagem do rápido início de ação 
e que também termina rápido na suspensão do tratamento. Contu-
do, isso está sendo superado pelas HBMMs, como a enoxaparina 
e a dalteparina, pois esses fármacos podem ser convenientemente 
injetadas por via SC no paciente com base na sua massa corpórea, 
têm efeitos terapêuticos e perfil farmacocinético previsíveis (Figura 
20.15). Especificamente, a HBMM não requer a mesma monitoração 
intensa que a heparina, exige; em consequência, elas poupam tem-
po e custos laboratoriais e de enfermagem. Essas vantagens tornam 
as HBMM úteis para pacientes hospitalizados e ambulatoriais.
 3. Farmacocinética
a. Absorção. Enquanto o efeito anticoagulande da heparina ocorre 
minutos após a administração por via IV (ou em 1 a 2 horas após 
injeção SC), a atividade antifator Xa máxima das HBMMs ocorre 
em cerca de 4 horas após a injeção SC. (Nota: Isso é comparável 
aos anticoagulantes antagonistas da vitamina K, como a varfari-
na, cuja atividade exige de 8 a 12 horas.) A heparina precisa ser 
administrada por via parenteral, em locais SC profundos ou por 
via IV, pois ela não atravessa membranas com facilidade (Figura 
20.16). As HBMMs são administradas por via SC. (Nota: a ad-
ministração de ambos os fármacos por via IM é contraindicada 
devido à formação de hematoma.) A heparina com frequência 
é administrada por via IV em bolus para obter anticoagulação 
imediata. Isso é seguido de doses menores ou infusão contínua 
de heparina por 7 a 10 dias, titulando a dose de forma que o 
tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) seja 1,5 a 2,5 
vezes o valor controle normal. Normalmente não é preciso obter 
um índice desses com as HBMMs, pois os níveis plasmáticos e 
a farmacocinética desses fármacos são previsíveis. Todavia, aos 
pacientes com insuficiência renal, a dosagem deve ser reduzida 
para compensar a diminuição da função renal.
b. Distribuição. No sangue, a heparina se liga a várias proteínas 
que neutralizam sua atividade, causando, assim, resistência ao 
fármaco e farmacocinética imprevisível. A ligação da heparina 
às proteínas plasmáticas é variável em pacientes com doença 
tromboembólioca. Embora geralmente restrita à circulação, a 
heparina é captada pelo sistema monócitos/macrófagos e sofre 
despolimerização e dessulfatação a produtos inativos. (Nota: a 
heparina tem meia-vida mais longa em pacientes com cirrose 
hepática.) Os metabólitos inativos, bem como alguma hepari-
na e HBMMs são excretados na urina. Portanto, a insuficiência 
renal também prolonga a meia-vida. Nem a heparina nem as 
HBMMs atravessam a barreira placentária. A meia-vida da he-
parina é de cerca de 1,5 hora, ao passo que das HBMMs é duas 
a quatro vezes mais longa, variando de 3 a 7 horas.
Heparina e HBMM são na 
maior parte confinadas no 
sistema vascular
Heparina e HBMMs
A heparina 
e a HBMM 
parcialmente 
degradadas 
aparecem 
na urina.
Heparina: 
IV, SC 
profunda 
HBMMs: 
SC
Figura 20.16
Administração e destino da heparina e 
das heparinas de baixa massa molecu-
lar (HBMM).
A
A
A
Sangramento
Hipersensibilidade
Trombocitopenia
Figura 20.17
Efeitos adversos da heparina.
Clark-5ed_20.indd 253Clark-5ed_20.indd 253 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 119
254 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 4. Efeitos adversos. Apesar da expectativa de menos efeitos adver-
sos com as HBMM, verificou-se que as complicações são similares 
às observadas com a heparina. Todavia, os problemas tromboem-
bólicos são menos comuns.
a. Hemorragias. A principal complicação do tratamento com he-
parina é a hemorragia (Figura 20.17). A monitoração cuidadosa 
do tempo de sangramento é necessária para minimizar esse 
problema. O sangramento excessivo pode ser controlado pela 
interrupção do uso da heparina ou pela administração de sulfa-
to de protamina. Infundido lentamente, este último fármaco se 
combina ionicamente com a heparina para formar um complexo 
1:1 estável e inativo. É muito importante que a dosagem de pro-
tamina seja titulada cuidadosamente (1 mg para cada 100 uni-
dade de heparina administrada), porque o sulfato de heparina é 
um anticoagulante fraco e o excesso pode iniciar sangramento 
ou piorar o potencial hemorrágico.b. Reações de hipersensibilidade. As preparações de heparina 
são obtidas de suínos e, assim, podem ser antigênicas. Possí-
veis reações adversas incluem calafrios, febre, urticária e cho-
que anafilático.
c. Trombose. A administração crônica ou intermitente de heparina 
pode levar à redução da atividade da antitrombina III, diminuin-
do, assim, a inativação dos fatores de coagulação e aumentan-
do o risco de trombose. Para minimizar esse risco, são empre-
gados, em geral, tratamentos com doses baixas de heparina.
d. Trombocitopenia. Essa condição, na qual o sangue circulan-
te contém um número anormalmente pequeno de plaquetas, é 
uma anormalidade comum entre os pacientes hospitalizados 
que recebem heparina. O tratamento com heparina deve ser 
interrompido em pacientes que apresentam grave trombocito-
penia. A heparina pode ser substituída por outro anticoagulante, 
como dabigatrana, lepirudina ou argatrobana (ver a seguir).
e. Outros: a heparina pode produzir resultados anormais de tes-
tes de função hepática, bem como osteoporose, observada em 
pacientes tratados por longo período.
f. Contraindicações. A heparina é contraindicada para pacientes 
que são hipersensíveis a ela ou têm distúrbios de coagulação, 
são alcoólatras ou que tiveram recentemente ou terão cirurgia 
no cérebro, no olho ou na medula espinal.
B. Inibidores de trombina: etexilato de dabigatrana
O etexilato de dabigatrana é o pró-fármaco da molécula ativa dabiga-
trana que é um inibidor direto da trombina aprovado atualmente para 
prevenir derrames e embolismo sistêmico em pacientes com fibrilação 
atrial. A dabigatrana é o primeiro anticoagulante oral em 50 anos a ser 
aprovado após a descoberta da varfarina. A dabigatrana não requer 
monitoração de rotina (INR), e comparada com varfarina, tem poucas 
interações com outros fármacos. O principal efeito adverso é o sangra-
mento, como com outros anticoagulantes. Efeitos adversos GI também 
podem ocorrer com este fármaco. Devido à sua eficácia, à biodisponibi-
lidade oral e a propriedades farmacocinéticas previsíveis, a dabigatrana 
pode ser uma alternativa à enoxaparina para a profilaxia de trombos na 
cirurgia ortopédica.
IV
A lepirudina fica 
confinada no 
sistema vascular
Lepirudina
Figura 20.18
Administração de lepirudina. IV = intra-
venoso.
Clark-5ed_20.indd 254Clark-5ed_20.indd 254 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
120 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 255
C. Outros anticoagulantes parenterais
 1. Lepirudina. Um antagonista direto e altamente específico de trom-
bina, a lepirudina é um polipeptídeo intimamente relacionado com a 
hirudina – um inibidor de trombina presente na saliva da sanguessu-
ga. A lepirudina é produzida em células de fungos por tecnologia de 
DNA recombinante. Uma molécula de lepirudina se liga a uma molé-
cula de trombina, bloqueando a sua atividade trombogênica. Ela tem 
pouco efeito na aglutinação plaquetária. Administrada por via IV (Fi-
gura 20.18), a lepirudina é eficaz no tratamento da trombocitopenia 
induzida por heparina (TIH) e de outros distúrbios tromboembólicos 
e pode evitar complicações tromboembólicas adicionais. A lepirudina 
tem meia-vida de cerca de uma hora e sofre hidrólise. Ela e seus 
fragmentos são eliminados na urina. O sangramento é o principal 
efeito adverso do tratamento com lepirudina e pode ser agravado 
pelo tratamento trombolítico simultâneo, como com estreptoquinase 
ou alteplase. Cerca de metade dos pacientes que recebem lepirudi-
na desenvolve anticorpos. Contudo, o complexo fármaco-anticorpo 
mantém sua atividade anticoagulante. Como a eliminação renal do 
complexo é mais lenta do que a do fármaco livre, o efeito anticoagu-
lante pode ser maior. É importante monitorar o TTPa e a função renal 
quando o paciente está recebendo lepirudina.
 2. Argatrobana. Argatrobana é um anticoagulante oral. Ela é uma 
pequena molécula sintética que inibe diretamente a trombina. A 
argatrobana é usada preventivamente no tratamento da trombose 
em pacientes com TIH e aprovada para uso durante intervenções 
coronárias percutâneas em pacientes que apresentam ou estão 
sob risco de TIH. A argatrobana é biotransformada no fígado e tem 
meia-vida de 39 a 51 min. É monitorada pelo TTPa. A hemoglobina 
e o hematócrito também devem ser monitorados. Como a argatro-
bana é biotransformada no fígado, ela pode ser usada em pacien-
tes com disfunção renal, mas deve ser usada com cautela nos que 
apresentam insuficiência hepática. Como com os outros fármacos 
dessa classe, o principal efeito adverso é a hemorragia.
 3. Fondaparinux. Esse é o primeiro de uma nova classe de anticoa-
gulantes pentassacarídeos totalmente sintético sem variabilidade na 
atividade biológica. O fondaparinux foi aprovado pelo FDA recente-
mente para uso na profilaxia da trombose de veias profundas que 
podem levar à embolia pulmonar em pacientes submetidos a cirur-
gias de fratura de bacia, prótese de cabeça de fêmur ou de joelho. 
Também é usado junto com varfarina para o tratamento do embolis-
mo pulmonar agudo e trombose de veias profundas. Esse fármaco 
inibe seletivamente só o Fator Xa. Ligando-se seletivamente a anti-
trombina III, o foundaparinux potencializa (300 a 1.000 vezes) a neu-
tralização inata do Fator Xa pela antitrombina III. Ele é bem absorvi-
do da via SC com perfil farmacocinético previsível. O foundaparinux 
requer menos monitoração do que a heparina. É eliminado com a 
urina principalmente inalterado com meia-vida de eliminação de 17 a 
21 horas. Ele é contraindicado em pacientes com insuficiência renal 
grave (depuração de creatinina menor que 30 mL/min). Episódios 
de sangramento são o seu principal efeito adverso. Trombocitopenia, 
em particular a trombocitopenia Tipo II, não constitui problema e este 
fármaco pode ser usado em pacientes com TIH.
D. Antagonistas da vitamina K
Os anticoagulantes cumarínicos, que incluem a varfarina, comumente 
usada, e o dicumarol (antigamente bisidroxicumarina), raramente usa-
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Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 121
256 Clark, Finkel, Rey & Whalen
do. Ambos devem sua ação à sua capacidade de antagonizar a função 
de cofator da vitamina K. A única cumarina terapeuticamente relevante 
é a varfarina. Inicialmente usada como raticida, a varfarina hoje é mui-
to usada clinicamente como anticoagulante oral. Com a disponibilização 
das HBMMs e os inibidores da aglutinação das plaquetas, contudo, o uso 
dos antagonistas da vitamina K está diminuindo. A morbidade potencial 
associada ao uso da varfarina torna importante identificar os pacientes 
que realmente estão em risco de trombose. (Nota: na década de 1990, 
foi adotada a Relação Internacional Normalizada (INR na sigla em inglês) 
para monitorar a concentração de varfarina. O INR corrige as variações 
que ocorrerm com diferentes reagentes tromboplastinas entre diferentes 
hospitais ou quando o hospital recebe novos lotes de reagentes.) Mesmo 
a monitoração cuidadosa para manter o INR de 2 a 3 para a maioria dos 
pacientes não impede complicações de sangramento em vários pacientes.
 1. Mecanismo de ação. Vários dos fatores de coagulação proteicos 
(incluindo os Fatores II, VII, IX e X; ver Figura 20.10) precisam da 
vitamina K como um cofator para sua síntese pelo fígado. Esses 
fatores sofrem uma modificação pós-translacional dependente de 
vitamina K, na qual alguns de seus resíduos de ácido glutâmico são 
carboxilados para formar resíduos de ácido �-carboxiglutâmico (Fi-
gura 20.19). Os resíduos de �-carboxiglutamil ligam íons cálcio, que 
são essenciais para a interação entre os fatores de coagulação e as 
membranas plaquetárias. Nas reações de carboxilação, a carboxila-
se dependente de vitamina K fixa CO2 para formar os novos grupos 
COOH no ácido glutâmico. O cofator vitamina K reduzido é converti-
do em epóxido de vitamina K durante a reação. A vitaminaK é rege-
nerada do epóxido pela vitamina K epóxido-redutase – a enzima que 
é inibida pela varfarina. O tratamento com varfarina resulta na pro-
dução de fatores de coagulação menos ativos (de 10 a 40% do nor-
mal), pois lhes faltam suficientes cadeias laterais �-carboxiglutamil. 
Diferente da heparina, os efeitos anticoagulantes da varfarina não 
são observados até 8 a 12 horas depois da administração, mas o 
pico do efeito pode demorar até 72 a 96 horas, tempo necessário 
para esgotar o estoque de fatores de coagulação circulantes. O efei-
to anticoagulante da varfarina pode ser superado pela administração 
de vitamina K. Contudo, a reversão após a administração de vitami-
na K demora cerca de 24 horas (tempo necessário para degradação 
de todos os fatores de coagulação sintetizados).
 2. Usos terapêuticos. A varfarina é usada para prevenir a progres-
são ou a recorrência de trombose aguda de veias profundas ou de 
embolia pulmonar, após o tratamento inicial com heparina. Ela é 
também usada para a prevenção do tromboembolismo venoso du-
rante cirurgias ortopédicas ou ginecológicas. Profilaticamente, ela é 
usada em pacientes com infarto agudo do miocárdio, válvulas car-
díacas prostéticas e fibrilação atrial crônica.
 3. Farmacocinética
a. Absorção. A varfarina é rapidamente absorvida após adminis-
tração via oral (100% de biodisponibilidade com pouca variação 
individual). Embora alimentos possam retardar a sua absorção, 
eles não alteram a extensão da absorção. A varfarina liga-se 
99% à albumina plasmática, o que evita sua difusão para o líqui-
do cerebrospinal, para a urina e para o leite materno. Contudo, 
fármacos que tenham maior afinidade pelo local de ligação da 
albumina, como as sulfonamidas, podem deslocar os anticoagu-
lantes e levar a um aumento transitório da atividade. Fármacos 
que afetam a ligação da varfarina às proteínas plasmáticas pro-
C
O
CH NH
CH2
CH2
COO–
 
C
O
CH NH
O2
CO2
CH2
CH
COO– COO–
Precursores 
polipeptídicos 
dos Fatores de 
coagulação II, VII, 
IX e X
 NADPH 
 NADP+ 
Vitamina K
reduzida
Vitamina K
epóxido
oxidado
Resíduos 
�-carboxiglutamila
Fatores de 
coagulação 
ativos II, VII, IX e X
Varfarina
Figura 20.19
Mecanismos de ação da varfarina. 
NADP+ = forma oxidada do fosfato de 
nicotinamida-adenina dinucleotídeo; 
NADPH = forma reduzida do fosfato de 
nicotinamidaadenina dinucleotídeo.
Clark-5ed_20.indd 256Clark-5ed_20.indd 256 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
122 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 257
movem interações e variabilidade na resposta terapêutica à var-
farina. A varfarina atravessa facilmente a placenta. A meia-vida 
média é de cerca de 40 horas, mas este valor é muito variável 
entre indivíduos. O tempo de protrombina, uma medida da via 
extrínseca, pode ser usado para monitorar o tratamento com 
varfarina. O objetivo do tratamento com varfarina é um INR de 
2 ou 3 para a maioria das indicações e 2,5 a 3,5 em pacientes 
com válvulas cardíacas mecânicas. A varfarina tem índice tera-
pêutico estreito e, portanto é importante que o INR seja mantido 
na faixa ideal. Valores de INR acima ou abaixo da faixa aumen-
tam o risco de trombose e hemorragia respectivamente.
b. Destino. Os produtos da biotransformação da varfarina, catali-
sados pelo sistema CIP450, são inativos. Após conjugação ao 
ácido glicurônico, são excretados na urina e nas fezes. Os fár-
macos que afetam a biotranformação da varfarina podem alterar 
seus efeitos terapêuticos.
 4. Efeitos adversos
a. Hemorragias. A principal reação indesejada causada pelo trata-
mento com varfarina é a hemorragia, e a embalagem dos medica-
mentos que a contém tem advertência em tarja preta alertando 
para o risco. Por isso, é importante monitorar com frequência e 
ajustar o efeito do anticoagulante. Pequenos sangramentos po-
dem ser tratados com a retirada do fármaco e a administração de 
vitamina K1 oral, mas hemorragias exigem doses maiores de vita-
mina administradas por via IV. Sangue total, plasma congelado e 
concentrados plasmáticos dos fatores sanguíneos também podem 
ser usados para reverter a ação da varfarina rapidamente. Lesões 
de pele e necrose são complicações raras e observadas primaria-
mente em mulheres. Síndrome da língua púrpura, uma coloração 
violácea da língua muito dolorosa, causada por êmbolos de coles-
terol, também foi observada no tratamento com varfarina.
b. Interações com fármacos e outras. A varfarina tem numero-
sas interações que podem potencializar ou atenuar seu efeito 
anticoagulante. A relação de fármacos de interação é extensa. 
Um resumo das interações mais importantes é apresentado na 
Figura 20.20. Numerosos outros fatores influenciam a resposta 
terapêutica à varfarina. Estes fatores incluem alterações am-
bientais, dieta, estado físico e medicações. Pode ser necessário 
monitorar a resposta do paciente mais amiude com mensuração 
do tempo de protrombina/INR se um ou mais dos fatores lista-
dos estão presentes.
c. Doenças. Deficiência de vitamina K, doenças hepáticas que 
impedem a síntese dos fatores de coagulação ou afetam a bio-
transformação da varfarina e estados hipermetabólicos que au-
mentam o catabolismo dos fatores da coagulação dependentes 
de vitamina K podem influenciar o estado hipoprotrombinêmico 
do paciente e aumentar a resposta aos anticoagulantes orais. 
Outras doenças, como neoplasias, hiperlipidemia e hipotireoi-
dismo, também afetam a resposta do paciente à varfarina.
d. Contraindicações. A varfarina nunca deve ser usada durante 
a gestação, pois ela é teratogênica e pode causar aborto, bem 
como defeitos no parto (Classificação do FDA na gestação: X). 
Se o tratamento anticoagulante é necessário durante a gesta-
ção, deve-se administrar heparina ou HBMM.
Varfarina
Ácido acetilsalicílico
Inibição da 
biotransformação 
da varfarina
Inibição da 
aglutinação plaquetária
Consumo crônico 
 de álcool
Barbitúricos
Glutetimida
Griseofulvina
Rifampicina
Estimulação da 
biotransformação 
de varfarina
Potencialização dos
anticoagulantes
Atenuação da
anticoagulação
Intoxicação aguda
 por álcool
Cimetidina
Cloranfenicol
Cotrimoxazol
Dissulfiram
Metronidazol
Figura 20.20
Fármacos que afetam o efeito anticoa-
gulante da varfarina.
Plasminogênio
Plasmina
Fibrina
Produtos de
degradação
da fibrina
Estreptoquinase
Uroquinase
Alteplase
+
+
+
Figura 20.21
Ativação do plasminogênio pelos fár-
macos trombolíticos.
Clark-5ed_20.indd 257Clark-5ed_20.indd 257 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 123
258 Clark, Finkel, Rey & Whalen
VII. FÁRMACOS TROMBOLÍTICOS
A doença tromboembólica aguda em determinados pacientes pode ser tratada 
com a administração de fármacos que ativam a conversão de plasminogênio 
em plasmina – uma serina-protease que hidrolisa fibrina e, assim, dissolve coá-
gulos (Figura 20.21). A estreptoquinase, um dos primeiros desses fármacos 
aprovados, causa um estado fibrinolítico sistêmico que pode levar a problemas 
de sangramento. O alteplase atua mais localizadamente na fibrina trombótica 
para produzir fibrinólise. A uroquinase é produzida naturalmente nos rins huma-
nos e converte diretamente plasminogênio em plasmina ativa. A Figura 20.22 
compara os fármacos trombolíticos comumente usados. A experiência clínica 
mostrou eficácia similar entre estreptoquinase e alteplase. Infelizmente, o trata-
mento trombolítico é malsucedido em cerca de 20% das artérias infartadas, e 
cerca de 15% das artérias que são abertas tornam a fechar outra vez. No caso 
de infarto agudo do miocárdio, os fármacos trombolíticos são reservados para 
as situações nas quais a angioplastia não é uma opção ou até que o paciente 
possa ser levado ao local que tenha condições de realizar intervenções coroná-
rias percutâneas. Os fibrinolíticos podem lisar trombos patológicos e normais.
A. Características comuns dos fármacos trombolíticos
 1. Mecanismo de ação.Os trombolíticos apresentam algumas carac-
terísticas comuns. Todos atuam direta ou indiretamente convertendo 
plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, lisando, 
assim, os trombos (ver Figura 20.21). A dissolução do coágulo e 
a reperfusão ocorrem com maior frequência quando o tratamento 
é iniciado logo após a formação do trombo, pois ele se torna mais 
resistente à lise à medida que envelhece. Infelizmente, um maior 
número de trombos pode ocorrer enquanto o trombo se dissolve, 
levando a uma maior agregação das plaquetas e trombose. Estraté-
gias para evitar essa situação incluem a administração de fármacos 
antiplaquetários, como o AAS, ou antitrombóticos, como a heparina.
 2. Usos terapêuticos. Usados originalmente para o tratamento de 
trombose de veias profundas e embolismo pulmonar grave, os trom-
bolíticos hoje são usados menos frequentemente para essas condi-
ções. Sua tendência de causar hemorragias também comprometeu 
seu uso no tratamento do infarto agudo do miocárdio ou trombose 
arterial periférica. Contudo, os trombolíticos são úteis para restabe-
lecer a função de cateteres e anastomoses (shunts) lisando os coá-
gulos que causam a oclusão. Os trombolíticos também são usados 
para dissolver coágulos que resultam em acidente vascular encefá-
lico (AVE).
 3. Farmacocinética. Para o infarto do miocárdio, a aplicação intraco-
ronariana do fármaco é a forma mais confiável em termos de obter 
a recanalização. Contudo, a cateterização cardíaca pode não ser 
possível nas 2 a 6 horas de “janela terapêutica”, após as quais a re-
cuperação miocárdica significativa se torna menos provável. Assim, 
os trombolíticos, em geral, são administrados por via IV, pois essa 
via é rápida, barata e não tem os riscos da cateterização.
 4. Efeitos adversos. Os trombolíticos não diferenciam entre a fibri-
na de um trombo indesejado e a fibrina de um tampão hemostáti-
co benéfico. Assim, a hemorragia é o principal efeito adverso. Por 
exemplo, uma lesão prévia insuspeita, como a úlcera péptica, pode 
sangrar após a injeção de um trombolítico (Figura 20.23). Esses fár-
macos são contraindicados em pacientes com ferimentos em cica-
trização, gestação, história de AVE, tumor cerebral, traumatismo na 
cabeça, sangramento intracranial e câncer metastático. A presen-
0 10
Minutos
20 30
C. MEIA-VIDA
Baixa Alta
A. ANTIGENICIDADE
Baixa Alta
Alteplase
Estreptoquinase
Uroquinase
Uroquinase
Uroquinase
Alteplase
Estreptoquinase
Alteplase
Estreptoquinase
B. ESPECIFICIDADE DA FIBRINA
Figura 20.22
Comparação entre enzimas trombolíti-
cas.
A
B
Tampão 
hemostático
Sangue
Sangue
Sangramento
Paciente não tratado
Paciente tratado com 
ativador de plasminogênio
Trombo
Trombo 
diminuído
Figura 20.23
Degradação de um trombo indesejado 
e um tampão hemostático útil pelos ati-
vadores de plasminogênio.
Clark-5ed_20.indd 258Clark-5ed_20.indd 258 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
124 FARMACOLOGIA GERAL 
Farmacologia Ilustrada 259
ça contínua do estímulo trombogênico pode causar retrotrombose 
após a lise do coágulo inicial.
B. Alteplase
Alteplase (era conhecida como ativador do plasminogênio tipo tecidual ou 
APt) é uma serina-protease originalmente derivada de cultura de células 
de melanoma humano. Atualmente, ela é obtida como produto de tecno-
logia de DNA recombinante.
 1. Mecanismo de ação. A alteplase tem baixa afinidade pelo plasmi-
nogênio livre no plasma, mas ativa rapidamente o plasminogênio 
que está ligado à fibrina em um trombo ou um tampão hemostático. 
Assim, a alteplase é considerada “fibrina seletiva” e, em doses bai-
xas, tem a vantagem de lisar apenas a fibrina, sem a indesejada 
degradação de outras proteínas – notadamente fibrinogênio. Isso 
contrasta com a estreptoquinase, que atua no plasminogênio livre e 
induz um estado fibrinolítico geral. (Nota: na dosagem de alteplase 
usada atualmente na clínica, o plasminogênio circulante pode ser 
ativado, resultando em hemorragia.)
 2. Usos terapêuticos. A alteplase é aprovada para o tratamento de 
infarto do miocárdio, embolismo pulmonar massivo e choque isquê-
mico agudo. Ela parece superior à estreptoquinase em dissolver coá-
gulos antigos e pode ser aprovada para outras aplicações. A altepla-
se, administrada dentro de três horas do início do AVE isquêmico, 
melhora significativamente o resultado clínico – ou seja, a habilidade 
do paciente de realizar as tarefas diárias (Figura 20.24). Reteplase 
(Retavase®) é similar ao alteplase e pode ser usado como alternativa.
 3. Farmacocinética. A alteplase tem uma meia-vida muito curta (de 5 
a 30 minutos) e por isso é administrada como dose total de 0,9 mg/
kg, sendo 10% da dose total injetado por via IV como um bolus, e o 
restante do fármaco é administrado durante 60 minutos.
 4. Efeitos adversos. Podem ocorrer sangramentos, incluindo hemor-
ragias gastrintestinais e cerebrais.
C. Estreptoquinase
A estreptoquinase é uma proteína extracelular purificada de caldos de 
cultura de estreptococos �-hemolíticos do grupo C.
 1. Mecanismo de ação. A estreptoquinase não tem atividade enzi-
mática; ao contrário, ela forma um complexo um-a-um ativo com 
o plasminogênio. Esse complexo enzimaticamente ativo converte o 
plasminogênio não complexado na enzima ativa plasmina (Figura 
20.25). Além da hidrólise dos tampões de fibrina, o complexo tam-
bém catalisa a degradação do fibrinogênio, bem como dos Fatores 
V e VII de coagulação (Figura 20.26).
 2. Usos terapêuticos. A estreptoquinase é aprovada para uso em em-
bolia pulmonar aguda, trombose de veias profundas, infarto agudo do 
miocárdio, trombose arterial e oclusão de acesso de anastomoses.
 3. Farmacocinética. O tratamento com estreptoquinase é instituído 
dentro de quatro horas do infarto do miocárdio, sendo infundida du-
rante uma hora. Sua meia-vida é de menos de 30 minutos. O tempo 
de tromboplastina é monitorado e mantido entre 2 e 5 vezes o valor 
controle. Na interrupção do tratamento, heparina ou anticoagulantes 
orais podem ser administrados.
50%
38%
13%
16%
13%
28%
24%
17%
Incapacidade
moderada Incapacidade
grave
Morte
Mínima ou nenhuma
incapacidade
Porcentagem dos pacientes
Placebo
Alteplase
Figura 20.24
Resultado, após 12 meses, dos pacien-
tes de choque tratados com alteplase 
dentro de 3 horas do início dos sintomas 
comparados aos tratados com placebo.
+
+
Plasminogênio Plasmina
Fibrina
Produtos de 
degradação 
da fibrina
Estreptoquinase Plasminogênio
Complexo
plasminogênio-estreptoquinase
Figura 20.25
Mecanismo de ação da estreptoquinase.
 
+ +
FibrinaFibrinogênio
Produtos de 
degradação 
da fibrina
Produtos de 
degradação 
da fibrina
Estado lítico Dissolução do coágulo
Complexo 
plasminogênio-
-estreptoquinase
Figura 20.26
A estreptoquinase degrada a fibrina e o 
fibrinogênio.
Clark-5ed_20.indd 259Clark-5ed_20.indd 259 31/10/12 15:1231/10/12 15:12
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
Fármacos que Afetam o Sangue | PARTE 2 125
260 Clark, Finkel, Rey & Whalen
 4. Efeitos adversos
a. Hemorragias. A ativação do plasminogênio circulante pela es-
treptoquinase leva a níveis elevados de plasmina, o que pode 
desencadear sangramentos pela dissolução de tampões hemos-
táticos (ver Figura 20.23). Nos raros casos de hemorragias amea-
çadoras à vida, deve ser administrado ácido aminocaproico.
b. Hipersensibilidade. A estreptoquinase é uma proteína estra-
nha e é antigênica. Ocorre urticária, febre e raramente anafi-
laxia. Como a maioria dos indivíduos alguma vez teve infecção 
estreptocócica, anticorpos contra estreptoquinase provavelmen-
te estão presentes na maioria dos pacientes. Esses anticorpos 
podem combinar com a estreptoquinase e neutralizar suas 
propriedades fibrinolíticas. Portanto, quantidades suficientes 
de estreptoquinase devem ser administradas para superar os 
anticorpos e assegurar concentrações terapêuticas de plasmi-
na. Febre, reações alérgicas e fracasso terapêutico podem ser

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