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5920508 - Genética I I 2014 Regulação da expressão gênica em eucariotos Prof. Dr. Tiago Campos Pereira tiagocampospereira@ffclrp.usp.br 3602 3818 – sala 13, bloco 14 Snustad & Simons 6th Edition - Cap 20 Assuntos abordados nesta aula: • regulação em procariotos versus eucariotos • dimensões da regulação gênica • padrões de expressão gênica • indução da transcrição por fatores biológicos e ambientais • promotor e elementos próximos • enhancers e ativadores (Gal4) • expressão gênica e organização cromossômica (eu- e heterocromatina) • variegação por efeito de posição • amplificação gênica Procariotos: o estado fundamental dos genes é “ligado”. RNA polimerase tem livre acesso ao DNA para transcrição contínua. Eucariotos: o estado fundamental dos genes é “desligado”. O DNA está associado a nucleossomos, são necessárias proteínas regulatórias para que a transcrição ocorra. vb vb vb vb v b v b v b vb Compartimentalização permite níveis distintos de controle da expressão gênica. Nível 1: controle transcricional. A indução ou repressão gênica é mediada por interações DNA-proteína. Reguladores positivos ou negativos se ligam a regiões específicas do DNA e são denominados: fatores de transcrição Nível 2: splicing alternativo. As formas alternativas de recomposição dos transcritos de troponina de rato provavelmente agem de maneiras ligeiramente distintas, contribuindo para a variabilidade na ação muscular. Nível 3: controle citoplasmático da estabilidade do mRNA A longevidade do mRNA pode ser influenciada por diversos fatores: - a cauda poli-A parece estabilizar os mRNAs - a sequência 3’ UTR (antes da poli-A) também afeta a estabilidade: RNAs de pequena duração possuem diversas cópias da sequência “AUUUA” na 3’ UTR. Quando esta sequência é artificialmente transferida para a 3’ UTR de mRNAs mais estáveis eles se tornam instáveis. - compostos químicos (e.g., hormônios): Em Xenopus laevis, o gene da vitelogenina é transcricionalmente ativado pelo hormônio esteróide estrógeno, que também é capaz de aumentar a longevidade do mRNA correspondente. - microRNAs (miRNAs) regulam negativamente a estabilidade dos mRNAs (clivagem, decapping, deadenilação) assim como sua taxa de tradução (inibição da tradução). Marilena Realce - Transcrição mediada por cinco RNA polimerases diferentes. - RNAs são extensivamente processados durante a transcrição. - RNA polimerase II é muito maior e mais complexa que a sua contraparte procariótica. Eucariotos multicelulares precisam coordenar a expressão de dezenas de milhares de genes durante o desenvolvimento e nos diferentes tecidos. Neste sentido, a regulação gênica deve ser capaz de gerar milhares de padrões distintos de expressão. Genes de expressão constitutiva: expressos em todos as fases do desenvolvimento. Genes de expressão ubíqua: expressos em todos os tecidos. Genes regulados (indutíveis): controle de expressão espaço-temporal. Choque térmico: Heat-shock proteins (HSPs) Moléculas sinalizadoras: hormônios Este processo de transmissão do sinal hormonal através da célula até o núcleo é chamado transdução de sinal. Hormônio esteróide: liposolúvel. Moléculas sinalizadoras: hormônios Hormônio peptídico: não liposolúvel. A regulação gênica em eucariotos envolve a interação de vários conjuntos de proteínas com diversos elementos cis-regulatórios no DNA. O primeiro conjunto de proteínas engloba o complexo RNAP II e os fatores gerais de transcrição (maquinaria basal). O início da transcrição envolve a interação destas proteínas com o promotor e os elementos próximos. Tanto estas proteínas, quanto estes elementos regulatórios, são basais e comuns a diversos genes (inespecíficos). Enhancers (=UAS: sequências de ativação upstream) correspondem à segunda classe de elementos cis-regulatórios no DNA. Eles geralmente são particulares, distantes do promotor e são alvos de fatores de transcrição mais específicos, gerando padrões diferenciais de expressão gênica. Enhancers (=UAS: sequências de ativação upstream) correspondem à segunda classe de elementos cis-regulatórios no DNA. Eles geralmente são particulares, distantes do promotor e são alvos de fatores de transcrição mais específicos, gerando padrões diferenciais de expressão gênica. Características de fatores de transcrição (gerais e específicos): - um domínio que reconheça sequências regulatórias no DNA - um domínio que interaja com uma ou mais proteínas do aparato transcricional - um domínio que influencie a (des-)condensação da cromatina - um domínio que aja como um sensor de condições fisiológicas dentro da célula A célula humana apresenta aproximadamente 1500 diferentes fatores de transcrição, o que permite uma regulação gênica fina. Ativador é uma classe específica (não basal) de fatores de transcrição que se ligam aos enhancers. GAL4 é um ativador de S. cerevisiae que se liga a um UAS e em seguida recruta TFIID/TBP (TATA Box binding protein) e o “complexo mediador”, o qual interage diretamente com a RNAP II e a recruta para o promotor. A afinidade desta interação se correlaciona com a potência de GAL4 como um ativador. GAL4 irá coordenar a transcrição intensa de genes associados com a metabolização da galactose na presença deste composto. Cromossomos plumosos de oócitos de anfíbios. Pulso com 3H-uridina seguido de autorradiografia revela sinais localizados próximo às alças, não ao eixo condensado. 3H-uridina relaciona-se à taxa de transcrição, portanto DNA aberto estaria acessível ao aparato transcricional, DNA condensado seria transcricionalmente inativo. Cromossomos politênicos de drosófila: centenas de cópias de cromátides irmãs alinhadas lado a lado. CP apresentam bandas (cromômeros) mais ou menos intensamente coradas, que pareciam possuir algum significado funcional uma vez que, ao longo do desenvolvimento, certas bandas se expandiam em puffs difusos e bem menos corados. Os eventos de puffing são controlados, por exemplo, pelos pulsos do hormônio esteróide ecdisona ou pela alteração da temperatura de crescimento das larvas de drosófila. Estudos com autorradiografia e hibridização in situ demonstraram que puffs são regiões transcricionalmente ativas (i.e., locais onde há produção de mRNAs). Estudos com cromossomos politênicos e plumosos levantaram a questão: o DNA transcricionalmente ativo é de fato “mais aberto” do que o DNA não transcrito? Como testar esta hipótese? Tratamento com desoxiribonuclease I (DNase I). Em 1976, Mark Groudine e Harold Weintraub trataram DNA de células vermelhas de galinha com DNase I. Eles sabiam que estas células transcreviam -globina, mas não ovoalbumina. Após a sondagem do DNA residual, eles perceberam que o 50% do DNA do gene para - globina havia sido digerido, contra apenas 10% do DNA do gene de ovoalbumina. Harold Weintraub Mark Groudine Tratamento de cromatina isolada com pequenas quantidades de DNase I promove algumas poucas clivagens em pontos específicos, denominados sítios hipersensíveis a DNase I. Alguns destes sítios localizam-se upstream de genes transcricionalmente ativos, em regiões promotoras ou enhancers, sugerindo que estas regiões estão localmente abertas, talvez porque a transcrição tenha se iniciado. No caso dos genes para β-globina, diversos sítios hipersensíveis para DNase I estão localizados em um domínio de 15kbdenominada região controladora do locus (LCR). LCR é um conjunto de enhancers que controlam a transcrição diferencial dos diversos genes de -globina. A unidade básica da cromatina é o nucleossomo: um octâmero de histonas 2A, 2B, 3 e 4 envolvido por duas voltas de DNA (150 pb). Remodelamento da cromatina: alteração da posição do nucleossomo, permitindo assim o controle da expressão gênica. Como a RNAP transcreve o DNA que está empacotado em nucleossomos? O nucleossomo precisa ser desmontado antes do DNA ser transcrito? Surpreendentemente, a RNAPII é capaz de atravessar os nucleossomos com a ajuda do complexo proteico FACT (facilitates chromatin transcription). Nucleossomos são octâmeros de histonas. Este complexo remove dímeros H2A/H2B dos nucleossomos. O DNA fica “afrouxado” ao hexâmero restante, permitindo a passagem da RNAPII. Logo em seguida, FACT e outras proteínas ajudam a redepositar os dímeros de histona, restaurando a estrutura dos nucleossomos. direção da transcrição SWI-SNF: complexo de remodelamento da cromatina. (to nudge: empurrar, acotovelar) Complexo SWI/SNF regula a transcrição através do deslizamento dos octâmeros de histonas ao longo do DNA. Ele também pode transferir os octâmeros para outras locais no DNA. Código das histonas Código das histonas São conhecidas mais de 150 outras modificações possíveis além da metilação, acetilação, ubiquitinação e fosforilação. A acetilação de lisinas de histonas é reversível e é a modificação mais bem caracterizada. Com 44 resíduos de lisina disponíveis para modificação, a quantidade de informação no “código de histonas” é imenso. Histone acetyltransferase (HAT) Histone deacetylase (HDAC) Nucleossomos de regiões ativas – hiperacetilados. Nucleossomos de regiões inativas – hipoacetilados. Heterocromatina: cromatina altamente condensada, densamente corada. Eucromatina: cromatina levemente corada, pouco condensada. HDAC: deacetilases de histonas HAT: acetiltransferases de histonas Aproximadamente 30% do DNA de drosófila é heterocromático: - a maioria está localizada próxima ao centrômero (heterocromatina centromérica) - heterocromatina telomérica - heterocromatina intercalar (dispersa na eucromatina) A maioria das regiões heterocromáticas de drosófila é rica em elementos repetitivos, por exemplo, elementos transponíveis. Contudo, a heterocromatina possui também alguns genes expressos (rRNAs e outros 20 genes codificadores de proteínas). Portanto a heterocromatina não é sempre associada a completa inativação gênica. A maioria dos genes eucarióticos está localizada na eucromatina. O que acontece com a expressão de um gene que for natural ou artificialmente reposicionado no genoma, passando da eucromatina para heterocromatina (ou vice-versa)? Algumas vezes, a expressão gênica é facilitada pelo aumento do número de cópias do gene, processo denominado amplificação gênica. Quanto maior o número de cópias do gene, maior é o número de DNA molde para transcrição, portanto, maior a quantidade de RNA produzida. Provavelmente o exemplo mais dramático de amplificação gênica seja o de genes para rRNAs de oócitos de X. laevis. Há 4 tipos de rRNA: 5S 5,8S 18S e 28S (estes últimos três derivam de um RNA policistrônico). O oócito de X. laevis precisa de aproximadamente 1012 ribossomos, cada qual exige uma cópia de cada um dos 4 tipos de rRNA. Para que esta demanda seja suprida, os genes de rRNA sofreram intensos eventos de amplificação gênica. Amplificação gênica de rRNAs: - Há 24.000 cópias de rRNA 5S espalhadas por todo o genoma de X. laevis. - Há bem menos cópias de gene para 5,8-18-28S (800 - 1000 ). Os genes 5,8-18-28S são novamente amplificados nos oócitos, por meio da criação de mini-cromossomos circulares de replicação independente do genoma. O processo pelo qual este cromossomos supranumerários são criados ainda não é bem conhecido. DNA Transcription (Advanced) http://www.youtube.com/watch?v=SMtWvDbfHLo Regulated Transcription http://www.youtube.com/watch?v=vi-zWoobt_Q How Genes are Regulated: Transcription Factors http://www.youtube.com/watch?v=MkUgkDLp2iE Chromatin, Histones and Modifications, Rate My Science http://www.youtube.com/watch?v=eYrQ0EhVCYA http://www.youtube.com/watch?v=29doT6Hf2MI Maquinaria basal de transcrição Fatores de transcrição basais + promotor e elementos próximos ao promotor Regulação gênica Fatores de transcrição específicos + enhancers, silenciadores e isoladores
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