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Guia Prático de Cálculo (Baseado no Capítulo 9) 1 Seção 9.1: Sequências e Convergência Como Especificar uma Sequência: • (i) Listando os primeiros termos: Se o padrão for óbvio, você pode listar os primeiros termos seguidos por "...". Exemplo: A sequência dos números pares positivos pode ser especificada como 2, 4, 6, 8, ... • (ii) Fornecendo uma fórmula para o termo geral (an): Expresse o termo an como uma função de n. Exemplo: A sequência {an} = {n2} tem como termos 1, 4, 9, 16, ... • (iii) Fornecendo uma fórmula recursiva: Defina an em função dos ter- mos anteriores (a1, a2, ..., an−1) e especifique os termos iniciais necessários para iniciar o cálculo. Exemplo: A sequência de Fibonacci é definida re- cursivamente por a1 = 1, a2 = 1, e an = an−1+ an−2 para n ≥ 3, gerando a sequência 1, 1, 2, 3, 5, 8, ... Termos para Descrever Sequências: • (a) Limitada: – Limitada Inferiormente: an ≥ L para todo n. L é um limite inferior. Exemplo: A sequência {n2} é limitada inferiormente por 1 (ou qualquer número menor ou igual a 1). – Limitada Superiormente: an ≤ M para todo n. M é um limite superior. Exemplo: A sequência { 1 n} é limitada superiormente por 1 (ou qualquer número maior ou igual a 1). – Limitada: Se for limitada inferior e superiormente. Existe um K tal que |an| ≤ K para todo n. Exemplo: A sequência {sin(n)} é limitada, pois −1 ≤ sin(n) ≤ 1, então |an| ≤ 1. • (b) Positiva/Negativa: – Positiva: an ≥ 0 para todo n. Exemplo: A sequência {n + 1} é positiva, pois todos os seus termos são maiores ou iguais a 2. 1 – Negativa: an ≤ 0 para todo n. Exemplo: A sequência {−n2} é negativa, pois todos os seus termos são menores ou iguais a -1. • (c) Crescente/Decrescente/Monotônica: – Crescente: an+1 ≥ an para todo n. Exemplo: A sequência {2n} é crescente, pois 2(n+ 1) = 2n+ 2 ≥ 2n. – Decrescente: an+1 ≤ an para todo n. Exemplo: A sequência { 1 n} é decrescente, pois 1 n+1 ≤ 1 n . – Monotônica: Se for crescente ou decrescente. Exemplo: As se- quências {n3} (crescente) e {e−n} (decrescente) são monotônicas. • (d) Alternada: anan+1 0 para x ≥ 1, então a sequência é crescente. Sequências Ultimamente...: Uma sequência tem uma propriedade "ultimamente" se seus termos possuem essa propriedade a partir de algum ponto, mas não necessariamente no início. Exemplo: A sequência {10, 8, 6, 4, 2, 1, 1, 1, 1, ...} é ultimamente crescente (a partir do sexto termo). Convergência de Sequências: • Uma sequência {an} converge para um limite L (limn→∞ an = L) se, para todo ϵ > 0, existe um inteiro N tal que se n ≥ N , então |an − L| 0, podemos escolher N > 1 ϵ , e para n ≥ N , | 1n − 0| = 1 nn! = 0. Exemplo de Cálculo de Limite: Para encontrar limn→∞ 3n+4n+5n 5n , divida cada termo por 5n: lim n→∞ [( 3 5 )n + ( 4 5 )n + 1 ] = 0 + 0 + 1 = 1. 2 Seção 9.2: Séries Infinitas Definição de Série Infinita: Uma série infinita é uma soma formal de infinitos termos: a1 + a2 + a3 + ..., denotada por ∑∞ n=1 an. Exemplo: 1+ 1 2 + 1 3 + ... = ∑∞ n=1 1 n (Série Harmônica). Índice de Somação: O índice de somação pode começar em qualquer inteiro. É possível mudar o índice de somação por meio de uma substituição. Exemplo: ∑∞ n=1 1 n2 =∑∞ k=0 1 (k+1)2 (substituindo n = k + 1). Soma de uma Série Infinita: A soma de uma série infinita é definida como o limite da sequência de suas somas parciais {sn}, onde sn = ∑n j=1 aj . Exemplo: Para a série ∑∞ n=1 1 2n , as somas parciais são s1 = 1 2 , s2 = 1 2 + 1 4 = 3 4 , s3 = 3 4 + 1 8 = 7 8 , e assim por diante. Vemos que sn = 1− 1 2n . 5 Convergência de uma Série: Uma série ∑∞ n=1 an converge para uma soma s se limn→∞ sn = s. Uma série diverge se a sequência de suas somas parciais diverge. Exemplo de convergên- cia: A série ∑∞ n=1 1 2n converge para 1, pois limn→∞ sn = limn→∞(1− 1 2n ) = 1. Exemplo de divergência: A série ∑∞ n=1 1 = 1+ 1+ 1+ ... diverge, pois suas somas parciais sn = n tendem para ∞. Série Geométrica: Uma série geométrica tem a forma ∑∞ n=1 ar n−1 = a+ ar+ ar2 + .... A n-ésima soma parcial é sn = a(1−rn) 1−r para r ̸= 1. • Se |r| 1 e diverge se p ≤ 1. Demonstração (usando o Teste da Integral): Considere f(x) = 1 xp . Para p > 0, f(x) é contínua e positiva para x ≥ 1. Para p > 0, f ′(x) = −px−p−1 1) e diverge se 1− p > 0 (i.e., p 1 e converge, então ∑∞ n=1 1 n2+1 também converge pelo Teste de Comparação Direta. • Se ∑ bn diverge e an ≥ bn para n suficientemente grande, então ∑ an diverge. Exemplo: Teste a convergência de ∑∞ n=1 1√ n−1 para n ≥ 2. Para n ≥ 4, √ n − 1 ≤ √ n − 1 2 √ n = 1 2 √ n, então 1√ n−1 ≥ 2√ n . Como∑∞ n=1 1√ n = ∑∞ n=1 1 n1/2 é uma série-p com p = 1/2 ≤ 1 e diverge, então∑∞ n=2 1√ n−1 também diverge pelo Teste de Comparação Direta. Como Aplicar o Teste de Comparação Direta: 1. Escolha uma série de comparação ∑ bn com convergência conhecida. 2. Compare os termos an e bn. 3. Conclua sobre a convergência de ∑ an. 8 Teste de Comparação do Limite: Sejam ∑ an e ∑ bn com termos positivos. Se limn→∞ an bn = c com 0 1 (ou L = ∞), a série diverge. • Se L = 1, o teste é inconclusivo. Intuição: Se a razão dos termos consecutivos se aproxima de um valor menor que 1, os termos eventualmente diminuem geometricamente, leading to conver- gence. If the ratio is greater than 1, the terms grow, leading to divergence. 9 Como Aplicar o Teste da Razão: 1. Calcule a razão an+1 an . 2. Calcule o limite L. 3. Conclua sobre a convergência baseado no valor de L. Exemplo: Teste a convergência de ∑∞ n=1 n2 2n . lim n→∞ (n+ 1)2/2n+1 n2/2n = lim n→∞ (n+ 1)2 2n+1 ·2 n n2 = lim n→∞ (n+ 1)2 2n2 = lim n→∞ n2 + 2n+ 1 2n2 = lim n→∞1 + 2/n+ 1/n2 2 = 1 2 . Como L = 1/2 1 (ou L = ∞), a série diverge. • Se L = 1, o teste é inconclusivo. Intuição: If the n-th root of the n-th term approaches a value less than 1, it suggests that for large n, |an| ≈ Ln with L 1, a série diverge pelo Teste da Raiz. Dicas para Escolher o Teste Apropiado: Use o Teste da Razão para termos com fatoriais ou potências de n. Use o Teste da Raiz para termos elevados à potência de n. Use os Testes de Comparação quando puder comparar com séries-p ou geométricas conhecidas. Se o Teste da Razão ou da Raiz resultar em L = 1, outros testes devem ser usados. 10 6 Seção 9.6: Séries Alternadas Série Alternada:∑∞ n=1(−1)n−1bn ou ∑∞ n=1(−1)nbn, onde bn > 0. Exemplo: ∑∞ n=1(−1)n−1 1 n = 1− 1 2 + 1 3 − 1 4 + ... (Série Harmônica Alternada). Teste da Série Alternada: Se ∑∞ n=1(−1)n−1bn satisfaz: 1. bn+1 ≤ bn para todo n (a sequência {bn} é decrescente). 2. limn→∞ bn = 0. Então a série converge. Como Aplicar o Teste da Série Alternada: 1. Verifique se a série é alternada. 2. Verifique se bn+1 ≤ bn. 3. Verifique se limn→∞ bn = 0. 4. Se ambas as condições forem satisfeitas, a série converge. Exemplo: Teste a convergência da Série Harmônica Alternada ∑∞ n=1(−1)n−1 1 n . Aqui, bn = 1 n . 1. A série é alternada. 2. bn+1 = 1 n+1 ≤ 1 n = bn para todo n ≥ 1. 3. limn→∞ bn = limn→∞ 1 n = 0. Como ambas as condições são satisfeitas, a Série Harmônica Alternada converge pelo Teste da Série Alternada. Estimativa da Soma de uma Série Alternada: Se S = ∑∞ n=1(−1)n−1bn é a soma de uma série alternada que satisfaz as condições do teste, então |S − Sn| ≤ bn+1, onde Sn é a n-ésima soma par- cial. Exemplo: Para a Série Harmônica Alternada, a soma S satisfaz |S− (1− 1 2 + 1 3 − 1 4 )| = |S − 7 12 | ≤ 1 5 . 11 7 Seção 9.7: Convergência Absoluta e Condicional Convergência Absoluta:∑ an converge absolutamente se ∑ |an| converge. Se uma série converge abso- lutamente, então ela converge. Exemplo: A série ∑∞ n=1(−1)n−1 1 n2 converge absolutamente porque ∑∞ n=1 ∣∣(−1)n−1 1 n2 ∣∣ = ∑∞ n=1 1 n2 converge (série-p com p = 2 > 1). Convergência Condicional:∑ an converge condicionalmente se ela converge, mas ∑ |an| diverge. Exem- plo: A Série Harmônica Alternada ∑∞ n=1(−1)n−1 1 n converge (como mostrado antes), mas ∑∞ n=1 ∣∣(−1)n−1 1 n ∣∣ = ∑∞ n=1 1 n diverge (Série Harmônica). Portanto, a Série Harmônica Alternada converge condicionalmente. Como Determinar a Convergência Absoluta ou Condicional: 1. Teste a convergência absoluta de ∑ |an|. 2. Se ∑ |an| converge, então ∑ an converge absolutamente. 3. Se ∑ |an| diverge, teste a convergência de ∑ an usando o Teste da Série Alternada ou outros testes. Se ∑ an converge, então converge condicional- mente. 8 Seção 9.8: Séries de Potências Série de Potências Centrada em a:∑∞ n=0 cn(x − a)n = c0 + c1(x − a) + c2(x − a)2 + ... Exemplo: ∑∞ n=0 x n = 1 + x+ x2 + ... (série geométrica com a = 1 e razão x, centrada em a = 0). Raio de Convergência (R): A série converge absolutamente para |x− a| R. • Se R = 0, a série converge apenas para x = a. • Se R = ∞, a série converge para todo x. Intervalo de Convergência: O intervalo de todos os valores de x para os quais a série converge. Teste os pontos extremos x = a − R e x = a + R separadamente. O intervalo pode ser (a−R, a+R), [a−R, a+R), (a−R, a+R], ou [a−R, a+R]. 12 Como Encontrar o Raio de Convergência: Use o Teste da Razão ou da Raiz em ∑ |cn(x− a)n|. • Usando o Teste da Razão: R = 1 limn→∞ | cn+1 cn | , assumindo que o limite existe. Se o limite é 0, R = ∞. Se o limite é ∞, R = 0. • Usando o Teste da Raiz: R = 1 limn→∞ |cn|1/n , assumindo que o limite existe. Similarmente, se o limite é 0, R = ∞, e se é ∞, R = 0. Exemplo: Encontre o raio de convergência da série ∑∞ n=0 xn n! . Usando o Teste da Razão: lim n→∞ ∣∣∣∣xn+1/(n+ 1)! xn/n! ∣∣∣∣ = lim n→∞ ∣∣∣∣ xn+1 (n+ 1)! · n! xn ∣∣∣∣ = lim n→∞ ∣∣∣∣ x n+ 1 ∣∣∣∣ = |x| lim n→∞ 1 n+ 1 = |x|·0 = 0. Como o limite é 0 para todo x, que é menor que 1, a série converge para todo x. Portanto, o raio de convergência é R = ∞. Como Encontrar o Intervalo de Convergência: 1. Encontre o raio de convergência R. 2. Considere o intervalo (a−R, a+R). 3. Teste os pontos extremos x = a−R e x = a+R substituindo esses valores na série original e testando a convergência da série numérica resultante. 4. O intervalo de convergência é a união do intervalo aberto com os pontos extremos onde a série converge. Exemplo: Encontre o intervalo de convergência da série ∑∞ n=0 xn n! . Já encon- tramos R = ∞. O intervalo é (−∞,∞). Não há pontos extremos para testar. O intervalo de convergência é (−∞,∞). Exemplo: Encontre o intervalo de convergência da série ∑∞ n=1 (x−1)n n . Us- ando o Teste da Razão: lim n→∞ ∣∣∣∣ (x− 1)n+1/(n+ 1) (x− 1)n/n ∣∣∣∣ = lim n→∞ ∣∣∣∣ (x− 1)n+1 n+ 1 · n (x− 1)n ∣∣∣∣ = lim n→∞ |x−1| n n+ 1 = |x−1| lim n→∞ 1 1 + 1/n = |x−1|·1 = |x−1|. Para convergência, precisamos |x−1|raio e o intervalo de convergência (geralmente usando o Teste da Razão). Exemplo: Encontre a série de Maclaurin para f(x) = sinx. f(x) = sinx =⇒ f(0) = 0 f ′(x) = cosx =⇒ f ′(0) = 1 f ′′(x) = − sinx =⇒ f ′′(0) = 0 f ′′′(x) = − cosx =⇒ f ′′′(0) = −1 f (4)(x) = sinx =⇒ f (4)(0) = 0 O padrão se repete: 0, 1, 0, -1, ... sinx = 0 + 1 · x + 0 2!x 2 + −1 3! x 3 + 0 4!x 4 + 1 5!x 5 + ... = x − x3 3! + x5 5! − x7 7! + ... = ∑∞ n=0(−1)n x2n+1 (2n+1)! . O raio de convergência é R = ∞ (como pode ser mostrado usando o Teste da Razão). Séries de Maclaurin Comuns: • 1 1−x = ∑∞ n=0 x n, |x| 3 Então, (1 + x)3 = 1 + 3x + 3x2 + 1x3 = 1 + 3x + 3x2 + x3, que é o resultado esperado da expansão binomial. Fim do Capítulo 9 conforme o conteúdo fornecido. 19