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01 - Introdução aos custos

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Introdução aos custos
Ely Célia Corbari1
Joel de Jesus Macedo2
Custos e sua aplicação
Custos são gastos com bens ou serviços utilizados na produção de outros 
bens ou serviços. Ou seja, são gastos com fatores de produção (bens, servi-
ços e desgaste da estrutura fabril) utilizados na fabricação de um produto ou 
na prestação de um serviço.
São considerados custos os gastos relacionados ao processo produtivo, 
ou seja, ocorridos dentro da fábrica para produzir os bens ou serviços. Na 
fabricação do vinho, por exemplo, é necessário a utilização de uvas (matéria-
-prima), embalagens, rolhas e rótulos, serviços como a mão de obra, energia 
elétrica, fretes. Além dos materiais e serviços, é necessária ainda, uma estru-
tura física fabril (equipamentos, espaço físico, barril, vinhedos).
 
Figura 1 – Gastos necessários para a produção de vinho.
Materiais.
Custos gerais de fabricação.
Mão de obra.
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1Mestre em Contabilidade 
pela Universidade Federal 
do Paraná – UFPR. Pós-
graduada em Gestão Pú-
blica e, em Contabilidade 
e Gestão Estratégica pela 
Universidade Estadual do 
Oeste do Paraná – Unio-
este. Bacharel em Ciên-
cias Contábeis também 
pela Unioeste. Atua como 
professora de graduação 
e pós-graduação em ins-
tituições de nível superior. 
Possui diversos artigos 
publicados em revistas 
e congressos, é autora 
do livro Contabilidade 
Societária e do livro Con-
trole Interno e Externo na 
Administração Pública, 
ambos publicados pela 
Editora IBPEX.
2Mestre em Engenharia de 
Produção pela Pontifícia 
Universidade Católica do 
Paraná – PUC/PR, bacharel 
em Ciências Econômicas 
pela Universidade Federal 
do Paraná – UFPR. Atua 
como professor de gra-
duação e pós-graduação 
em instituições de nível 
superior. É consultor nas 
áreas de finanças públicas 
e de mercado de capitais. 
Possui artigos publicados, 
direcionados para a área 
pública e privada. Rece-
beu em dois anos conse-
cutivos o prêmio Sérgio 
Scorsin de melhor artigo 
científico na área de pes-
quisa operacional, no 
Congresso Internacional 
de Administração – ADM 
2010 e no Congresso In-
ternacional de Administra-
ção – ADM 2011. É autor 
do livro Controle Interno e 
Externo na Administração 
Pública editado pela Edi-
tora IBPEX.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
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Introdução aos custos
Os gastos com os fatores de produção utilizados na fabricação do vinho 
são classificados como custos. Assim, na fabricação de vinhos são conside-
rados custos todos os gastos com bens e serviços ocorridos dentro da área 
produtiva.
Sob esta perspectiva, a contabilidade de custos é o ramo da contabilida-
de que identifica, registra e mensura os gastos incorridos no processo produ-
tivo, não só na produção de bens como, também, na prestação de serviços.
A contabilidade de custos preocupa-se com os valores constantes em 
dois demonstrativos: Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado 
do Exercício. No Balanço Patrimonial a contabilidade de custos preocupa-se 
em registrar corretamente os itens constantes no grupo Estoque, pois nesse 
grupo ficam registrados todos os bens produzidos até que os mesmos sejam 
vendidos. Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) o foco está no 
grupo Custo dos Produtos Vendidos (CPV) ou Custo dos Serviços Prestados 
(CSP), pois nesse grupo são lançados os custos dos bens vendidos ou dos 
serviços prestados em confronto com as respectivas receitas da sua venda.
Além de preocupar-se com mensuração dos valores constantes nestas 
contas buscando um retrato fiel da situação patrimonial e de resultado em 
determinado momento, a contabilidade de custos visa prover informações 
gerenciais para a tomada de decisões.
Origem e evolução da contabilidade de custos
O marco inicial da contabilidade de custos foi a Revolução Industrial no 
século XVIII. Antes da Revolução Industrial a contabilidade era voltada para o 
segmento comercial, sendo utilizada para a apuração do resultado do exercí-
cio. Com a presença de maquinários no setor produtivo, a produção deixou 
de ser feita de forma artesanal e passou a ser produzida em larga escala com 
o uso de equipamento e maquinários.
Enquanto a produção era feita artesanalmente o custo do produto era 
fácil de ser identificado, a ausência de sofisticação permitia a identificação 
clara dos insumos utilizados no processo de transformação. Com a utilização 
dos maquinários no setor produtivo a produção deixou de contar apenas 
com a matéria-prima e a mão de obra, houve um incremento de diversos 
outros insumos, como a energia, a água, a depreciação dos equipamentos e 
dos barracões produtivos.
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Introdução aos custos
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Com a produção em larga escala utilizando maquinários e com vários in-
sumos sendo consumidos para a produção de um novo produto, o cálcu-
lo do custo por unidade apresentou maior complexidade, necessitando de 
uma especialidade da contabilidade voltada para este ramo: surge a conta-
bilidade de custos.
Martins (2010) relata que a contabilidade de custos nasceu da contabilida-
de financeira, quando da necessidade de avaliar estoques na indústria, mais 
especificamente com o início da Revolução Industrial, conforme falamos.
A contabilidade de custos surgiu com a finalidade de mensurar os esto-
ques e determinar o resultado do exercício. Voltou-se por muito tempo para 
a obediência aos princípios contábeis em atendimento às auditorias inde-
pendentes e ao fisco, fato que resultou na visão simplista da contabilidade de 
custos apenas como mensuração monetária dos estoques e do resultado.
Para Martins (2010, p. 21) “A preocupação primeira dos Contadores, Audi-
tores e Fiscais foi de fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resolver 
seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não 
a de fazer dela um instrumento de administração”.
A visão da contabilidade de custos iniciou sua trajetória no campo ge-
rencial quando o administrador passou a necessitar de informações ao dis-
tanciar-se do processo operacional da empresa em virtude do tamanho da 
organização. Porém, o marco gerencial para a contabilidade de custos alcan-
çou o seu ápice com a crescente competitividade no mercado. Foi quando 
os preços passaram a ser definidos pelo mercado, e não mais pelo custo in-
corrido na produção, é que a contabilidade de custos passou a ser encarada 
como uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão.
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Custos de produção
(+) Margem de lucro
(=) Preço de venda
ATUALMENTE
Preço de venda
(–) Margem de lucro
(=) Custos máximos
Figura 2 – Formas de precificação.
Antes do aumento da competitividade do mercado o preço de venda era 
definido considerando-se os custos de produção acrescidos de uma margem 
de lucro desejada pelo empresário. Porém, no ambiente competitivo 
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Introdução aos custos
os preços são dados pelo mercado, o quanto as pessoas estão dispostas a 
pagar considerando a existência de produtos substitutos. Neste cenário, os 
custos servem como estratégia de concorrência e devem ser controlados 
para não ultrapassar o patamar máximo obtido pela dedução da margem de 
lucro do preço de venda.
Com os preços definidos pelo mercado, conhecer os custos tornou-se vital 
para a sobrevivência da empresa, permitindo avaliar se o produto é ou não 
rentável e se existe possibilidade de redução dos seus custos de produção. 
Os custos passaram, assim, a ser um
importante instrumento de controle e 
de decisão gerencial.
Contabilidade financeira 
e contabilidade gerencial
A finalidade da contabilidade é prestar informações aos seus usuários. 
Porém, usuários internos e externos possuem necessidades distintas de in-
formações. Para atender aos diversos usuários, a contabilidade divide-se em 
dois ramos: a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial.
Quadro 1 – Contabilidade financeira e contabilidade gerencial
Elementos Contabilidade financeira Contabilidade gerencial
Usuários Externos e interno (principal-mente externos).
Basicamente internos (adminis-
tradores).
Relatórios
Balanço Patrimonial e Demons-
trações: de Resultados dos Exer-
cícios, das Origens e Aplicações 
de Recursos, de Mutações do 
Patrimônio Líquido e do Fluxo 
de Caixa.
Orçamentos, relatórios de de-
sempenho, informações sobre 
resultados previstos e realizados, 
informações de preços e custos 
para decisões especiais.
Objetivo dos relatórios
Análise da situação patrimonial 
e acompanhamento dos inves-
timentos feitos na entidade.
Tomada de decisões, acompanha-
mento de desempenho, relatórios 
para situações especiais e não ro-
tineiras.
Aplicação de normas 
(restrições e fundamen-
tação teórica)
Sob a observância dos princí-
pios e normas técnicas de con-
tabilidade.
Utilização de disciplinas como a 
Economia, Finanças, Matemática, 
Estatística, Marketing, a própria 
contabilidade e, principalmente, 
o uso do bom senso.
Temporalidade Custos históricos (mostram como aconteceram os resultados).
Custos futuros (mostram como 
são esperados os resultados).
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Elementos Contabilidade financeira Contabilidade gerencial
Tipo de informações Medidas financeiras somente.
Financeiras, operacionais e físi-
cas sobre processos, tecnologia, 
fornecedores, clientes e compe-
tidores.
Natureza da informação Objetiva, auditável, confiável, consistente, precisa.
Mais subjetiva e de juízo, válidas, 
relevantes, acuradas.
Frequência dos relató-
rios
Quando forem convenientes 
ou obrigatórios por dispositi-
vos legais.
Devem ser contínuos para os re-
latórios rotineiros e, sempre que 
houver necessidade, para deci-
sões especiais.
Base de mensuração de 
dados
Monetária sob a moeda cor-
rente.
Mensuração monetária em mo-
edas fortes, corrente e apuração 
física das quantidades, dos pro-
cesso etc.
Escopo Altamente agregado; relatório sobre a organização inteira.
Desagregado, de informação a 
ação e decisões locais.
A contabilidade financeira preocupa-se com os registros de fatos passa-
dos que afetaram o patrimônio, abrange a entidade como um todo e está 
condicionada às normas legais que regulamentam a matéria, entre elas os 
princípios contábeis e os requisitos fiscais.
A contabilidade gerencial volta-se para a gestão da entidade e, por ter 
como objetivo a geração de informações úteis para o processo decisório, não 
está vinculada apenas às informações financeiras, mas também às informa-
ções sobre dados operacionais e físicos. A contabilidade gerencial baseia-se 
nos dados passados para programar o futuro.
 
Passado Contabilidade financeira
HOJE
Futuro 
Contabilidade 
gerencial
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Figura 3 – Contabilidade financeira e gerencial.
A contabilidade de custos auxilia a contabilidade financeira por meio da 
mensuração monetária dos estoques e do resultado (receita menos custos e 
despesas). A contabilidade de custos volta-se para o foco gerencial quando 
presta informação ao processo de gestão, servindo como instrumento de 
controle dos gastos e de decisões gerenciais.
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Introdução aos custos
Crepaldi (2011) relata que a contabilidade de custos fornece informações 
para o estabelecimento de padrões, orçamentos ou previsões e, ainda, para 
acompanhamento da execução dos gastos no processo produtivo e con-
frontação com os valores previstos.
Martins (2010, p. 21) expõe que
[...] a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: no auxílio ao controle e na 
ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao controle, sua mais importante 
missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras 
formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente 
acontecido para a comparação com os valores anteriormente definidos. No que tange 
à decisão, seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de 
informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e 
longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preço 
de venda, opção de compra de produção etc.
Com a competitividade empresarial, os custos tornaram-se vitais, princi-
palmente para aquelas organizações que competem por meio dos custos, 
ou seja, custos menores para obtenção de preços menores.
Classificação dos gastos
É comum encontrar conceitos distintos entre os termos custos, despesas, 
investimentos, gastos e desembolsos. Com o objetivo de eliminar estas con-
fusões iremos, ao longo deste capítulo, apresentar esses conceitos de forma 
mais detalhada e sob a perspectiva da contabilidade.
Iniciaremos tratando do gasto que é um conceito amplo e envolve todos 
os sacrifícios financeiros da empresa, seja para obter um determinado 
produto ou serviço, seja para manter suas atividades administrativas e de 
vendas. Incorremos em gastos quando adquirimos matéria-prima, quando 
compramos equipamentos para a produção ou para o desenvolvimento das 
atividades administrativas e quando contratamos pessoal para a produção, 
administração e venda.
O conceito de gastos aplica-se a todas as saídas monetárias ocorridas na em-
presa, sendo aplicados inclusive às aquisições a prazo. Assim, o gasto pode ser 
classificado como um gasto de investimento ou um gasto de consumo. O gasto 
de investimento é aquele realizado na aquisição de bens imobilizados ou de ma-
teriais que serão utilizados em diversos processos produtivos e, por beneficiar 
diversos processos, são classificados como ativos até a sua aplicação na produ-
ção. O gasto de consumo, por sua vez, é aquele incorrido com a aquisição de 
bens e serviços que serão utilizados em um único processo produtivo.
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Introdução aos custos
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Dependendo da destinação do gasto ele pode ser convertido em custos 
ou despesas. Os gastos de consumo aplicadas no processo produtivo são 
convertidos em custos, já os gastos de consumo utilizados nas áreas admi-
nistrativas e de vendas são convertidos em despesas. Pode ocorrer o mesmo 
com um gasto de investimento, uma vez que na medida em que o equipa-
mento for sendo utilizado, seu desgaste pode ser convertido em custos ou 
despesas, dependendo de sua finalidade.
Sob esta perspectiva, o gasto de investimento relativo à aquisição de um equi-
pamento utilizado na produção deve ser lançado no ativo, uma vez que se refere 
a um bem que irá beneficiar diversos processos produtivos. A partir do momen-
to em que o equipamento for sofrendo desgaste pelo uso ou a obsolescência, o 
valor da depreciação deverá ser apropriado gradativamente como custo.
Não podemos esquecer que é no momento do desgaste que a parcela 
da depreciação do bem transforma-se em custo, pois foi a sua utilização no 
processo produtivo que gerou o seu desgaste.
Caso o equipamento esteja sendo utilizado
nas atividades administrati-
vas, ele irá gradativamente transformando-se em despesa conforme for re-
conhecida a depreciação do mesmo.
Para que as diferentes interpretações não causem confusão e conduzam 
a entendimentos diversos sobre a classificação dos gastos, a seguir iremos 
apresentar as definições adotadas por esta obra em relação aos gastos.
Investimentos 
(benefícios 
futuros)
Custos 
(gastos da 
fábrica)
Despesas
(gastos
administrativos)
Perdas
(gastos
involuntários)
Desperdícios 
(não agregam 
valor)
Gastos Desembolso
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Figura 4 – Classificação dos gastos.
Primeiramente destacamos que todo gasto requer, necessariamente, a 
existência de um desembolso que pode ocorrer antes, durante ou após a en-
trada de um bem ou serviço. O desembolso representa a retirada de dinheiro 
da empresa para pagamento de um gasto qualquer.
Dubois, Kulpa e Souza (2009, p.14) descrevem que todo “gasto é uma aqui-
sição de um bem ou de um serviço que vai originar um desembolso da em-
presa”. Nesta perspectiva o termo gasto fica muito abrangente, precisamos 
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Introdução aos custos
classificá-lo quanto a sua finalidade em: Investimento, Custos, Despesa, 
Perda e Desperdício.
Investimento
O investimento, como o próprio nome indica, representa gastos que irão 
beneficiar a empresa em períodos futuros, seja por meio de sua aplicação no 
processo produtivo, seja nas atividades administrativas e de vendas.
O conceito de investimento é amplo, refere-se a todos os itens lançados no 
ativo da empresa que posteriormente serão aplicados na produção ou nas ativi-
dades de gestão (administrativa, financeiras e de vendas), a exemplo da estrutu-
ra física necessária para que a empresa possa operar – equipamentos, maquiná-
rios, mobiliários, prédios – e da aquisição de matéria-prima para produção.
Os investimentos, por se constituírem em bens que irão beneficiar a em-
presa em períodos futuros, deverão ser lançados contra custos ou despesas 
no momento em que forem efetivamente utilizados na produção ou na área 
de gestão. A matéria-prima, por exemplo, ao ser adquirida será registrada no 
estoque de matéria-prima e posteriormente, conforme for sendo utilizada, 
será baixada do estoque e lançada contra os custos da produção. O equi-
pamento, por sua vez, conforme for sendo utilizado, sofre desgaste e perda 
de capacidade produtiva. A desvalorização do bem imobilizado pelo uso e 
obsolescência é reconhecida por meio da depreciação.
Como exemplo, a figura 5, indica um equipamento com vida útil de 5 
(cinco) períodos produtivos. No primeiro período teve um desgaste propor-
cional a 1/5 (um quinto) da sua capacidade de produção que deve ser baixa-
do a título de depreciação.
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1.º período
2.º período
3.º período
4.º período
5.º período
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ão CustosConsumo associado à elabora-ção do produto ou serviço.
DespesasConsumo associado à gestão da empresa.
Figura 5 – Destinação da depreciação.
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Todo investimento em ativos fixos sofre desvalorização em virtude do seu 
uso (desgaste), obsolescência ou defasagem tecnológica. Se o ativo fixo es-
tiver sendo utilizado para o desenvolvimento das atividades administrativas 
ou de vendas, a depreciação destes ativos será lançada como despesa do 
período. Caso o ativo fixo esteja sendo utilizado no processo produtivo, a 
depreciação irá ser lançada como custo de produção.
Custos
São classificados como custos todos os gastos incorridos no setor de pro-
dução, ou seja, todos os gastos com bens e serviços utilizados na elaboração 
de outros bens ou serviços. São exemplos de custos, o consumo de energia 
elétrica e de matéria-prima, a remuneração de pessoal da área produtiva, a 
depreciação de maquinários utilizados no processo produtivo, entre outros.
Os custos são lançados aos produtos que, por sua vez, são lançados no 
Ativo (Estoque) por representar benefícios futuros (fluxos de caixa futuro) 
gerados no momento da sua venda.
Despesas
Caracterizam-se como despesas os gastos incorridos para a manuten-
ção da estrutura organizacional. São classificados como despesas os bens 
e serviços consumidos na gestão da empresa, ou seja, para desenvolver as 
atividades administrativas e de vendas e, ainda, nas atividades financeiras. É 
exemplo de despesa administrativa a remuneração do pessoal administrati-
vo; de despesas de vendas a remuneração do pessoal de vendas; de despe-
sas financeiras os juros bancários.
As despesas representam sacrifícios no processo de obtenção de receitas 
(venda) e de manutenção das atividades de gestão da empresa, conforme 
demonstrado na figura a seguir:
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Gastos
Área
Produtiva
(Fábrica)
Custos Despesas
Área
Administrativa
(Gestão)
Despesas
Área
Comercial
(Venda)
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Figura 6 – Separação dos gastos em custos e despesas.
Martins (2010) expõe que embora teoricamente a separação entre custos 
e despesas pareça fácil, na prática a separação não é tão clara e objetiva 
assim. Muitas divisões acabam sendo feitas de forma arbitrária, proporcio-
nalmente entre o número de pessoas na fábrica e fora dela, ou com base nos 
demais gastos, ou simplesmente em porcentagens fixadas pela diretoria. 
Diante deste problema Martins (2010) apresenta as seguintes regras:
valores irrelevantes dentro dos gastos totais da empresa não devem �
ser rateados;
valores relevantes, porém repetitivos a cada período, que numa even- �
tual divisão teria sua parte maior considerada como despesa, não de-
vem também ser rateados, tornando-se despesa por seu montante 
integral;
valores cujo rateio é extremamente arbitrário devem ser evitados para �
apropriação aos custos.
A definição de onde inicia ou termina a apropriação dos gastos como 
custos de produção também é importante, pois geralmente onde começam 
os custos é fácil, porém onde terminam pode ficar um pouco confuso. O 
ponto de início dos custos é o momento da efetiva produção e o ponto final 
é o produto acabado. A partir do momento que o produto está pronto para 
venda cessa a apropriação dos gastos como custos e passam a ser conside-
rados despesas.
Perdas
Caracterizam-se como perdas os gastos anormais e involuntários incorri-
dos pela empresa, gastos decorrentes de situações excepcionais que fogem 
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Introdução aos custos
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à normalidade das operações da empresa. São exemplos de perdas o ma-
terial deteriorado, o estoque danificado, as perdas de ativos em função de 
incêndio, inundação ou roubo.
Desperdícios
São classificados como desperdícios os gastos incorridos de forma não 
eficiente no processo produtivo e administrativo, a exemplo da produção 
de itens defeituosos, a mão de obra ociosa e o material desperdiçado no 
processo de produção.
Os desperdícios são lançados no custo de produção ou em despesas, de-
pendendo da área onde ocorreu, por isso o não aproveitamento de todos os 
recursos e as atividades desenvolvidas que não agregam valor ao produto 
ou serviço, representam custos desnecessários ou despesas adicionais que 
servirão apenas para reduzir o lucro.
Princípios contábeis aplicados
a custos
Os princípios contábeis foram implementados com o objetivo de estabe-
lecer um padrão único de mensuração dos ativos e passivos que seja válido 
para todas as empresas, garantindo a credibilidade das informações. Por 
serem obrigatoriamente observados por todas as empresas, os princípios 
contábeis facilitam a comparação das informações de uma entidade entre 
diversos períodos ou a comparação entre empresas do mesmo ramo.
Martins (2010) destaca alguns princípios contábeis e sua aplicação à con-
tabilidade de custos:
Competência � : este princípio determina que os custos devem ser re-
conhecidos no momento em que ocorrerem, ou seja, no momento em 
que os fatores de produção são utilizados no processo produtivo. Ou-
tro aspecto do princípio da competência que deve ser considerado é 
a confrontação das receitas com as despesas, ou seja, no momento do 
reconhecimento da receita deduz-se dela todos os custos representa-
tivos dos esforços realizados para produzir o produto vendido.
Custo histórico como base de valor: � este princípio estabelece que a 
atribuição dos custos aos produtos é feita com base no valor pago pela 
aquisição dos insumos utilizados e agregados ao produto.
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Introdução aos custos
Uniformidade ou consistência � : este princípio dispõe que os critérios 
de mensuração dos custos não devem ser mudados constantemen-
te, ou seja, uma vez adotado determinado critério de apropriação dos 
custos aos produtos deve mantê-lo para permitir a comparabilidade 
ao longo dos períodos.
Conservadorismo ou prudência � : este princípio estabelece que na 
dúvida da classificação de um gasto como custo ou despesa deve pre-
valecer a hipótese mais pessimista, ou seja, lançar o gasto como des-
pesa, reduzindo imediatamente os resultados.
Materialidade ou relevância � : este princípio desobriga um tratamen-
to rigoroso daqueles itens cujo valor monetário é pequeno dentro dos 
gastos totais. É necessário lembrar, entretanto, que a soma de diversos 
itens irrelevantes pode ser relevante e, neste caso, precisa utilizar um 
tratamento mais rigoroso.
A preocupação dos contadores, auditores e fiscais com a mensuração dos 
estoques e do resultado acabou por dar ênfase demasiada aos princípios 
contábeis e reduziu a finalidade dos custos à avaliação de estoques. Apesar 
dos princípios contábeis fixarem padrões válidos para todas as entidades 
na mensuração dos estoques, permitindo a comparabilidade, a contabilida-
de de custos não deve voltar-se apenas à mensuração dos estoques, mas 
também, para a geração de informações úteis para o processo decisório.
Os custos ganharam relevância no processo gerencial das empresas no 
momento em que a competitividade entre elas aumentou e, com isso, a re-
dução de custos passou a ser uma estratégia de sobrevivência das entidades 
no mercado.
Contabilidade de custos como ferramenta 
da tomada de decisão
Para Martins (2010) a contabilidade de custos tem duas funções: o auxílio 
ao controle e à tomada de decisões.
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Introdução aos custos
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Contabilidade de custos
Controle
Fornece dados para estabeleci-
mento de padrões, orçamentos 
e previsões e, posteriormente, 
acompanha o efetivamente acon-
tecido para comparação com os 
valores anteriormente definidos.
Tomada de 
decisões
Fornece informações sobre valo-
res relevantes sobre medidas de 
introdução ou corte de produtos, 
administração de preço de venda, 
opção de compra de produção, 
etc.
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Figura 7 – Funções da contabilidade de custos.
As informações obtidas da contabilidade de custos permite:
decidir entre comprar ou fabricar; �
definir que produtos serão fabricados ou comercializados; �
definir o � mix de produção que traga a melhor rentabilidade para a em-
presa;
definir o volume de produção e venda que traga a melhor lucratividade. �
Toma-se decisão a respeito de cenários futuros considerando diversas al-
ternativas de produção e venda. Porém, nem todos os custos são relevantes 
para uma decisão futura.
Os custos que efetivamente importam para a tomada de decisão são 
aqueles que podem alterar-se com a decisão tomada. Devemos sempre lem-
brar que os custos muitas vezes começam a ser comprometidos bem antes 
da fase inicial dos processos produtivos, no momento do planejamento do 
tipo do produto e sua respectiva qualidade e na montagem da estrutura 
fabril. Assim, no momento do processo produtivo os custos já não podem 
ser alterados, apenas controlados.
Desta forma, os custos, quanto à tomada de decisão, podem ser classifica-
dos conforme a figura 8 em:
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Quanto à 
tomada de 
decisão
Relevante – quando alteram-se 
dependendo da decisão tomada
Não relevante – quando mantêm-se 
estável diante de decisões distintas
Figura 8 – Classificação dos custos quanto à decisão.
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Introdução aos custos
Os custos são considerados relevantes ou não em relação à alternativa 
futura, ou seja, podem ser mudados ou não. Ao selecionar duas alternativas 
distintas para produção, deve-se escolher a alternativa com menor custo. 
Desta forma, os custos precisam, necessariamente, ser diferentes para a al-
ternativa comprar ou fabricar, ou entre fabricar um produto ou outro, caso 
contrário torna-se irrelevante para a decisão. Custos irrelevantes são aqueles 
que se mantêm iguais independente da decisão que o gestor irá tomar.
Ampliando seus conhecimentos
Custos versus despesas
(BRUNI, 2010)
Possivelmente, a primeira polêmica na terminologia da contabilidade fi-
nanceira sobre o processo de registro e apuração dos custos se refere à dis-
tinção entre custos e despesas. De modo geral, empregando o exemplo da 
empresa industrial, os custos “vão para as prateleiras”, sendo armazenados nos 
estoques. São consumidos pelos produtos ou serviços durante o seu processo 
de elaboração. Já as despesas estão associadas ao período – não repercutem, 
diretamente, na elaboração dos produtos ou serviços prestados.
Custos podem ser diferenciados de despesas [...]. Gastos incorridos para a 
elaboração do produto são contabilmente classificados como custos. Gastos 
incorridos após a disponibilização do produto devem ser classificados como 
despesa.
Custos estão diretamente relacionados ao processo de produção de bens 
ou serviços. Diz-se que os custos vão para as prateleiras: enquanto os produtos 
ficam estocados, os custos são ativados, destacados na conta Estoque no Balan-
ço Patrimonial e não na Demonstração de Resultado. Somente farão parte do 
cálculo do lucro ou prejuízo quando da sua venda, sendo incorporados, então, à 
Demonstração do Resultado e confrontados com as receitas de vendas.
Despesas estão associadas a gastos administrativos ou com vendas e inci-
dência de juros (despesas financeiras). Possuem natureza não fabril, integran-
do a Demonstração do Resultado do período em que incorrem. Diz-se que as 
despesas estão associadas ao momento de seu consumo ou ocorrência, São, 
portanto, temporais.
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Introdução aos custos
27
[...] Gastos incorridos até o momento em que o produto esteja pronto para 
a venda são custos; a partir daí, devem ser considerados como despesas.
Em situações específicas, pode ocorrer alguma pequena confusão ou 
dúvida na separação clara entre custos e despesas. Nestas ocasiões, algumas 
regras podem ser seguidas:
a) valores irrelevantes devem ser considerados como despesas (princípio 
do conservadorismo e materialidade);
b) valores relevantes que têm sua maior parte considerada como despesa, 
com a característica de se repetirem a cada período, devem ser considerados 
na sua íntegra (princípio do conservadorismo);
c) valores com rateio extremamente arbitrário também devem ser conside-
rados como despesa do período.
Alguns exemplos, como gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos 
produtos, podem ter dois tratamentos: como despesas do período em que 
incorrerem, ou como investimento para amortização na forma de custo dos 
produtos a serem elaborados futuramente.
Atividades de aplicação
1. Classifique os eventos a seguir em Investimento (I), Custo (C), Despe-
sa (D) ou Perda (P), considerando uma indústria de macarrão e outras 
massas.
 C – D – I – P: Compra de farinha e ovos para compor o estoque.
 C – D – I – P: Consumo de energia elétrica na fabricação de macarrão.
 C – D – I – P: Utilização de mão de obra pela produção de macarrão.
 C – D – I – P: Consumo de combustível pelos veículos do comercial.
 C – D – I – P: Aquisição de máquinas para a fábrica.
 C – D – I – P: Pagamento de honorários da administração.
 C – D – I – P: Depreciação do prédio utilizado para o processo produtivo.
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Introdução aos custos
 C – D – I – P: Utilização de farinha e ovos pela produção.
 C – D – I – P: Aquisição de embalagens para estoque.
 C – D – I – P: Deterioração do estoque de farinha causado por uma 
enchente.
 C – D – I – P: Estrago acidental e imprevisível de lote de ovos.
 C – D – I – P: Comissões proporcionais às vendas.
 C – D – I – P: Reconhecimento de duplicata como não recebível.
 C – D – I – P: Consumo de combustível pelo gerador da fábrica.
 C – D – I – P: Consumo das embalagens para embalagem do macarrão.
 C – D – I – P: Gastos com o pessoal da produção de macarrão.
2. Analise os gastos ocorridos na indústria de massas Sabores do Campo 
Ltda. e identifique o montante dos custos do período.
Gastos Valor em R$
Matéria-prima 30.000,00
Mão de obra direta 23.000,00
Salário dos vendedores 9.000,00
Salário do pessoal administrativo 11.000,00
Energia elétrica consumida na fábrica 4.000,00
Aluguel do prédio industrial 2.000,00
Conta telefônica da administração 1.000,00
Depreciação das máquinas e equipamentos da fábrica 4.000,00
Aluguel do escritório de vendas 800,00
Despesas com frete de vendas 200,00
a) R$22.000,00
b) R$57.000,00
c) R$53.000,00
d) R$63.000,00
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Introdução aos custos
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3. São gastos identificados com a produção de vinho:
a) uvas, mão de obra, frete sobre a venda.
b) salário do coordenador de produção, telefone utilizado no RH, em-
balagens.
c) uvas, mão de obra e depreciação dos equipamentos fabris.
d) mão de obra, embalagens de presente, comissão sobre vendas.
Referências
BRUNI, Adriano Leal. A Administração de Custos, Preços e Lucros. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2010.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2011.
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e For-
mação de Preço: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de 
giro e da margem de competitividade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Métodos de Custeio Comparados: custos e 
margens analisados sob diferentes perspectivas. São Paulo: Atlas, 2010.
Gabarito
1. I; C; C; D; I; D; C; C; I; P; P; D; P; C; C; C.
2. D
3. C
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