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1 
 
 
A)Quatro a seis 
 
DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
 
 2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho 
de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de 
cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma 
entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. 
O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co-
nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na 
sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos 
científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, 
transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publi-
cações e/ou outras normas de comunicação. 
Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, 
de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, ex-
celência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar 
o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de quali-
dade. 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
Sumário 
DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL ............................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
1. CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO AMBIENTAL 
INTERNACIONAL .............................................................................................. 5 
1.1 Princípios do Dreito Ambiental Internacional ............................... 10 
1.2 Fontes de Direito Abiental Internacinal ........................................ 12 
2. INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS PARA A PROBLEMÁTICA 
AMBIENTAL ..................................................................................................... 13 
2.1 Relatórios internacionais sobre o meio ambiente e o futuro do uso 
dos recursos naturais ................................................................................... 13 
2.1.1 Relatório Brundtland .............................................................. 15 
2.2 Conferências mundiais sobre meio ambiente .............................. 18 
1.2.1 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano 
(Estocolmo, 1972) ..................................................................................... 18 
2.2.2 Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(Eco-92, Rio-92 ou Cúpula da Terra) ........................................................ 20 
3. ORGANIZAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS QUE ATUAM COM 
MEIO AMBIENTE ............................................................................................. 21 
3.1 Organização das Nações Unidas para a alimentação e a 
Agricultura (FAO) .......................................................................................... 22 
3.1.1 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e 
a Cultura (Unesco) .................................................................................... 22 
3.1.2 Patrimônio Mundial da Humanidade ...................................... 23 
4. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS EM 
PROTEÇÃO AMBIENTAL ................................................................................ 24 
4.1 União Internacional para a Conservação da Natureza ................. 24 
file://///192.168.0.2/v/Pedagogico/JURÍDICA/DIREITO%20AMBIENTAL/DIREITO%20AMBIENTAL%20INTERNACIONAL/APOST.%20DIREITO%20AMBIENTAL%20INTERNACIONAL.docx%23_Toc154046297
 4 
 
 
4.1.1 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
 .................................................................................................................. 24 
4.1.2 Fundo Mundial para o Meio Ambiente (Global Environment 
Facility – GEF) .......................................................................................... 25 
5. ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGS) ............... 25 
6. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
ATINENTES À ÁGUA ....................................................................................... 27 
6.1 Princípio da satisfação das necessidades humanas vitais ........... 27 
6.1.1 Princípio da utilização equitativa e razoável .......................... 28 
6.2 Regulação internacional sobre o tem o tema ............................... 29 
7. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS INTERNACIONAIS .............................. 32 
8. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
1. CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO 
DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
 
Inicialmente, vale apresentar o conceito de Direito Ambiental apresentado 
pelo professor Antunes (2021): 
É um direito que tem por finalidade regular a apropriação econômica dos 
bens ambientais, de forma que ela se faça levando em consideração a 
sustentabilidade dos recursos, o desenvolvimento econômico e social, 
assegurando aos interessados a participação nas diretrizes a serem 
adotadas, bem como padrões adequados de saúde e renda. Ele se 
desdobra em três vertentes fundamentais, que são constituídas pelo: (I) 
direito ao meio ambiente, (II) direito sobre o meio ambiente e (III) direito 
do meio ambiente. (ANTUNES, 2021, p. 7) 
Assim, ampliando o conceito para a esfera internacional, Mazzuolli (2021) 
apresenta como: 
O conjunto de regras e princípios criadores de direitos e deveres de 
natureza ambiental para os Estados, para as organizações 
internacionais intergovernamentais e, também, para os particulares 
(indivíduos e organizações privadas). (MAZZUOLI, 2021, p. 924). 
 
Portanto, sucintamente, pode-se destacar que o Direito Ambiental 
Internacional ou o Direito Internacional do Meio Ambiente corresponde ao 
compilado de normas, abarcando princípios, regras expressas e costumes, 
presentes no cenário internacional, destinados à proteção do meio ambiente, 
considerando todos os seus aspectos, ou seja, os recursos naturais, o ambiente 
ao seu redor, que articule com o desenvolvimento econômico e social além de 
seus habitantes, considerando pessoas humanas e toda a fauna. 
Importante destacar que o Direito Ambiental Internacional não é uma 
ciência autônoma, mas possui destaque diante da dimensão e preocupação de 
Estados e organizações internacionais, que os danos advindos dessa 
intervenção junto ao meio ambiente ocasionam para além das fronteiras dos 
Estados propriamente dito. 
 6 
 
 
É importante mencionar a evolução histórica do Direito Ambiental no 
cenário internacional e, para isso, é importante retornar ao ano de 1972, com a 
realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 
também denominado como Conferência de Estocolmo. 
Essa conferência tem uma relevância para o Direito Ambiental no cenário 
interno e internacional, justamente porque consiste no primeiro grande evento 
de defesa do meio ambiente de repercussão internacional, tratando da 
importância do debate da proteção do meio ambiente no plano internacional, 
contando com a presença de cento e treze estados e mais de quatrocentas 
organizações não governamentais (MAZZUOLI, 2021, p. 926). 
Esse evento ocorreu em razão de uma série de outras repercussões e 
manifestações solenes na seara ambiental, que ocorreram durante o período das 
grandes guerras mundiais, mas, um evento de destaque com grande 
repercussão no mundo, foi o caso da Fundição Trail, consistindo em uma 
arbitragem entre EstadosUnidos e Canadá sobre poluição atmosférica 
transfronteiriça, uma vez que as demandas internas, junto aos tribunais 
americanos e canadenses, apesar de favoráveis à não contaminação, não 
cessaram as emissões (MAZZUOLI, 2021, p. 925).Sobre os fatos, a Fundição 
Trail, localizada junto ao Canadá, realizava a emissão de fumaça tóxica de 
dióxido de enxofre, em razão do uso do cobre e zinco. Essa fumaça tóxica se 
destinava aos Estados Unidos, causando prejuízos à agricultura, animais e à 
saúde dos habitantes do entorno contaminado. Em 1941, foi encerrado o 
julgamento com a decisão favorável aos Estados Unidos e a expressão de um 
princípio até hoje utilizado e presente em diversos tratados ambientais, que 
corresponde a proibição de qualquer Estado em usar ou permitir o uso de seu 
território para a emissão de gases que gerem danos ao território alheio, bens ou 
pessoas quando apresentar consequências graves e o dano for comrpovado. 
Portanto, esse caso apresenta a inovação do uso e difusão de um 
princípio base do Direito Ambiental Internacional e questões ambientais de 
repercussão internacional ganham corpo à medida que outros casos acabam 
surgindo junto aos tribunais, versando sobre poluição atmosférica 
transfronteiriça, contaminação de mares e aguas internacionais e o uso de 
 7 
 
 
recursos naturais comuns, especialmente no período pós-guerra, fomentando o 
surgimento de tratados internacionais de cunho preservacionista do meio 
ambiente, de modo a evitar as contaminações do ar e das águas, bem como da 
limitação à caça e à pesca, junto à espécies determinadas, reconhecendo a 
impossibilidade de uso indiscriminado e insustentável dos recursos naturais. 
Da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 
surgem documentos importantes, como a Declaração da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, também conhecido como 
Declaração de Estocolmo, que apresenta os principais princípios ambientais de 
cunho político; o Plano de Ação para o Meio Ambiente, contemplando 
recomendações para o desenvolvimento de políticas ambientais alinhadas ao 
desenvolvimento sustentável; e a resolução que instituiu o programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente, que é um órgão subsidiário da Assembleia Geral, 
que tem o objetivo de fomentar ações e programas de proteção ao meio 
ambiente no cenário internacional e nacional junto aos Estados-membros. 
Desse modo, é evidente a relevância da Conferência de Estocolmo na 
seara jurídica ambiental internacional, trazendo repercussões junto à legislação 
internacional, como também interna dos Estados. 
Outro aspecto que merece menção é que a Declaração da Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano apresenta a ideia da 
necessidade de preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, de modo 
a propiciar o desenvolvimento econômico, assim, apresenta o conceito de 
desenvolvimento sustentável de modo muito embrionário, porém, sem o torná-lo 
expresso. 
Após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, 
apesar do fomento e ampliação das normas de Direito Ambiental Internacional, 
incidentes ambientais de proporção internacional continuaram a ocorreram nos 
anos subsequentes e em número cada vez maiores. Diante desse cenário, é 
possível citar alguns casos famosos, como o uso do agente laranja na Guerra 
do Vietnã, que é um agente tóxico desfoliante que auxiliava no combate junto às 
florestas vietnamitas e gerou a contaminação das águas superficiais e 
 8 
 
 
subterrâneas, acarretando uma série de doenças junto à população vietnamita. 
Ademais, em 1986, houve o incêndio de uma fábrica de inseticidas na Suíça, 
ocasionando a contaminação do Rio Reno pelas águas utilizadas para apagar o 
incêndio, poluindo as águas ao longo do rio Reno, ocasionando a mortandade 
de espécies fluviais e afetando todos os países cortados por ele. 
Por fim, em 1986, houve a contaminação radioativa pela Usina de 
Chernobyl, na Ucrânia, com o superaquecimento de um de seus quatro reatores, 
que culminou com a explosão do reator, gerando a emissão de gases radioativos 
na atmosfera e a exposição do núcleo radioativo deste reator, com efeitos fatais 
para a população do entorno da usina. Esse acidente trouxe efeitos globais de 
contaminação, já que houve a dispersão desses gases para diversos países 
europeus, como a Polônia, Alemanha, Áustria, Itália, França, Bélgica, Países 
Baixos e Turquia, além de países de outros continentes, como Japão, China, 
índia, Estados Unidos, Canadá, entre outros. 
Diante desse cenário nefasto, em 1987, a Assembleia Geral das Nações 
Unidas divulgou o relatório preparado pela Comissão Mundial sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, denominado como Nosso Futuro Comum. Esse 
relatório ficou conhecido mundialmente como Relatório Brundtland, sendo 
apresentadas propostas para implementação de políticas e programas para o 
fomento do desenvolvimento sustentável.O Relatório Brundtland inovou com a 
apresentação da ideia basilar para o conceito de desenvolvimento sustentável 
quando informa: 
A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento 
sustentável para garantir que ele atenda às necessidades do presente 
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem 
as suas próprias precisa. O conceito de desenvolvimento sustentável 
implica limites não limites absolutos, mas limitações impostas pelo 
estado atual da tecnologia e organização social sobre recursos 
ambientais e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos das 
Atividades. Mas a tecnologia e a organização social podem ser 
gerenciadas e melhoradas para tornar caminho para uma nova era de 
crescimento econômico. (ONU, 1987, p. 16). 
 
Outro aspecto de destaque do relatório, é que apresentou a tese sobre 
responsabilidade coletiva em relação à proteção de recursos naturais universais, 
 9 
 
 
como clima e biodiversidade, expressando a necessidade de assistência dos 
países desenvolvidos para com os países em desenvolvimento. 
Este trabalho foi importante porque acarretou influências para a realização 
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
em 1992, que ocorreu no Rio de Janeiro e contou com a participação de cento e 
setenta e oito estados. Essa Conferência ficou popularmente conhecida como 
Cúpula da Terra ou ECO-92. 
Do mesmo modo que a conferência realizada, em 1972, a Conferência 
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento resultaram em 
documentos importantes, como a Agenda 21, que é um documento com 
proposição de políticas públicas junto à área social, econômica e ambiental pelos 
países membros; a Declaração de Princípios sobre as Florestas, que 
correlaciona princípios para a exploração econômica de florestas, especialmente 
as tropicais; e a Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, que é um compilado de princípios não vinculantes que 
imperam no Direito Ambiental com a apresentação de temas como 
responsabilidade, proteção de interesses futuros e o combate à pobreza e 
desigualdades sociais. 
A Cúpula da Terra ainda trouxe outro legado relevante, que foi a criação 
da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que era 
um órgão do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, com o objetivo 
de acompanhar a implementação da Agenda 21 e avanços das políticas de 
promoção do desenvolvimento sustentável. Em 2013, a Comissão foi substituída 
pelo Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, sendo um 
órgão vinculado à Assembleia Geral. 
Portanto, é claro que o Direito Ambiental Internacional merece destaque, 
especialmente na análise e implementação das normas já apresentadas, como 
de toda sua evolução histórica, quedemonstra com exemplos graves a 
importância da proteção do meio ambiente em um cenário globalizado, alterando 
algumas concepções sobre responsabilidade e uso de recursos naturais. 
 10 
 
 
1.1 Princípios do Dreito Ambiental Internacional 
Após a apresentação da evolução histórica e consolidação do Direito 
Ambiental Internacional, mediante a análise dos documentos internacionais de 
maior destaque, merece atenção o estudo acerca dos princípios expressos e 
utilizados no Direito Ambiental Internacional. 
No âmbito do Direito Ambiental Internacional, alguns documentos já 
mencionados apresentam alguns fundamentos importantes, como Declaração 
de Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e Declaração da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. É também 
necessário analisar outros documentos importantes, como a Convenção-Quadro 
sobre Mudança Climática e a Convenção sobre Biodiversidade, que apresentam 
conceitos e fundamentos de princípios que serão apresentados. 
Assim, os princípios que serão tratados são: 
 
Figura: 1 
Princípios de Direito Abiental Internacional 
 
 
Assim, o princípio do desenvolvimento sustentável se destaca após o 
surgimento da Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e 
 11 
 
 
Desenvolvimento e tem como principal ideia a atribuição do elemento meio 
ambiente às políticas de desenvolvimento, seja no campo econômico, social e 
cultural, de modo a alcançar as gerações presentes e futuras. Esse princípio 
ainda vislumbra o uso de modo equitativo dos recursos naturais considerados 
comuns. Por fim, se extrai a concepção de melhoria junto aos aspectos 
procedimentais administrativos, porém, isso se efetiva especialmente no âmbito 
interno, permitindo maior participação da sociedade em questões de 
desenvolvimento econômico articulados às intervenções junto ao meio 
ambiente. 
O princípio da precaução está presente na Declaração de Princípios sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, se fundamentando no conceito de que, em 
caso de perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta 
não deverá ser utilizada como razão para que seja adiada a adoção de medidas 
eficazes em função dos custos para impedir a degradação ambiental. 
Já o princípio do poluído-pagador, também está expresso junto à 
Declaração de Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e tem como 
premissa a determinação acerca da internalização no ordenamento interno de 
mecanismos e instrumentos de responsabilidade e de medidas preventivas, que 
tornem o poluidor o único a arcar com os custos ambientais advindos do seu 
negócio, fortalecendo não a ideia de indenização, mas o não incentivo ao 
estabelecimento de padrões de qualidade baixos, incentivando a atenção e o 
cuidado com o exercício de atividades/ ações de alto impacto. 
Por fim, o princípio da responsabilidade comum, porém, diferenciada, 
apresenta três pontos de reflexão: a) necessidade de cooperação mundial entre 
os Estados na preservação do meio ambiente; b) todos os Estados possuem a 
responsabilidade comum na implementação de artifícios para a preservação 
ambiental; c) gradação diferenciada de responsabilidade entre os Estados, tendo 
como pressuposto o desenvolvimento econômico ao longo da história, assim, 
países desenvolvidos possuem uma responsabilidade maior no esforço de 
preservar o meio ambiente junto aos países em desenvolvimento. 
 12 
 
 
Portanto, os princípios apresentados estão presentes no Direito Ambiental 
Internacional e devem ser observados e aplicados em temáticas e controvérsias 
que possam ser suscitadas especialmente nas Cortes Internacionais. 
1.2 Fontes de Direito Abiental Internacinal 
As fontes do Direito Ambiental Internacional são idênticas às fontes 
presentes no Direito Internacional, lembrando que o Direito Ambiental 
Internacional não é uma ciência autônoma, mas que apenas se destaca ante sua 
relevância no cenário internacional. 
Importante esclarecer que existem as fontes formais, que são os locais 
de onde provém, emana, nasce a norma jurídica, sendo reconhecidos os 
tratados internacionais, costumes internacionais e princípios gerais. A doutrina e 
a jurisprudência internacionais são meios auxiliares para a determinação da 
regra de Direito a ser aplicada, conforme estabelece o Estatuto da Corte 
internacional de justiça, junto a seu artigo 38. 
Portanto, pode-se estabelecer que as fontes do Direito Ambiental 
Internacional são: 
 
Figura: 2 
Fontes do Direito Ambiental Internacional 
 
 13 
 
 
Sucintamente, as fontes do Direito Ambiental Internacional são idênticas 
às fontes do direito internacional, com a diferenciação em relação à sua 
aplicação específica junto às questões ambientais e estão segmentadas em 
fontes formais e meios auxiliares de interpretação, conforme estabelece o 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça, sendo mecanismos de indicação de 
normas a serem aplicadas. 
Portanto, é possível verificar a relevância e importância do Direito 
Ambiental Internacional no cenário global, especialmente nas últimas décadas; 
compreender e identificar as fontes formais de Direito Internacional, replicáveis 
ao Direito Ambiental Internacional e seus meios auxiliares de interpretação; e, 
ainda, identificar os principais princípios aplicáveis ao Direito Ambiental no plano 
internacional, que acabam sendo utilizados pelas cortes internacionais. 
 
2. INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS PARA A 
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL 
 Neste capítulo vamos estudar os primeiros instrumentos internacionais 
que dão conta da problemática ambiental. Veremos o que foram os famosos 
Relatório Meadows (Meadows; Meadows; Randers, 1972) e Relatório Brundtland 
Brundtland (Brundtland et al. 1991) e o que eles apontaram em termos de 
degradação ao meio ambiente e suas possíveis soluções. Veremos ainda as 
principais conferências mundiais sobre meio ambiente, a conferência de 
Estocolmo e a Eco 92, bem como os princípios do direito internacional delas 
decorrentes. 
2.1 Relatórios internacionais sobre o meio ambiente e o futuro 
do uso dos recursos naturais 
Em 1968, o empresário italiano Aurélio Peccei criou o Clube de Roma, 
que reunia intelectuais, cientistas, humanistas, industriais, funcionários públicos, 
entre outros, da Europa e América do Norte. O seu objetivo era debater a crise 
do presente e do futuro da humanidade. O Clube, que foi fundado na cidade de 
 14 
 
 
Roma, na velha academia de Galileu (Academia dei Lincei), elaborou, para o 
Massachusetts Institute of Technology (MIT), um relatório sobre os limites do 
crescimento, que foi concluído em julho de 1971 e publicado em 1972, sob a 
direção de Donella Meadows, com o título Limits to growth (Os limites do 
crescimento) (Meadows; Meadows; Randers, 1972). 
Para a elaboração do relatório, foi utilizado um sistema computacional 
(chamado World3) para simular as consequências da interação entre os 
sistemas do planeta Terra com os sistemas humanos. O documento assinala o 
tempo necessário para o esgotamento dos recursos naturais, caso fossem 
mantidas as tendências de crescimento até então prevalecentes (Meadows; 
Meadows; Randers, 1972). 
Versa ainda sobre os danos irreversiveis causados ao meio ambiente, em 
consequência da má utilização dos recursos naturais no planeta, objetivando 
atender de forma descontrolada às demandas da crescente população. O 
relatório Os limites do crescimento foi publicado em forma de livro e vendeu mais 
de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tomando-se um dos livros sobre meio 
ambiente mais vendidos da história (Meadows; Meadows; Randers, 1972). 
A sua análise é dividida em cinco itens(Meadows; Meadows, Randers, 
1972). 
1. Crescimento populacional: 
2. Produção agrícola: 
3. Produção industrial 
4. Poluição, 
5. Consumo de recursos naturais. 
A tese central do livro é de que o crescimento continuo da economia global 
com um uso cada vez maior de recursos naturais para sustentar um número 
cada vez maior de pessoas, levania a um colapso da economia e das condições 
de vida no século XXI. O estudo alertava de que apenas uma mudança no 
 15 
 
 
comportamento, nas políticas e na tecnologia poderia evitar esse colapso 
(Meadows; Meadows; Randers, 1972). 
O relatório não tinha a intenção de ser uma previsão futuristica, mas sim 
prover meios de se entender a dinâmica e o comportamento do sistema 
econômico mundial, suas tendências e as relações desse sistema com a 
presença humana, bem como seus impactos sobre a vida no planeta (Meadows, 
Meadows, Randers. 1972). 
Em 1993, os mesmos autores do Relatório Meadows publicaram uma 
revisão do estudo chamada Beyond the limits: confronting global collapse, 
envisioning a sustainable future (Meadows; Meadows; Randers, 1993). Nela, os 
autores rebatem boa parte das críticas que o relatório recebera e reafirmam as 
conclusões iniciais. Em 2004, nova recisão é publicada, dessa vez intitulada 
Limits to growth: the 30 years update ( Meadows; Meadws; Randers, 2004). 
Já em 2008, em artigo intitulado A comparison of the limits to growth with 
30 years of reality, o pesquisador australiano Graham M. Turner (2008, tradução 
nossa) compara as preevisões estatísticas do Relatório Meadwos com 30 anos 
de dados (de 1970 a 2000) e chega à seguinte conclusão: 
De acordo com os dados disponíveis, como previu o estudo de 1972, o 
sistema global está em uma trajetória insustentável rumo a um colapso 
antes da metade do século XXI, a menos que haja uma rápida e 
substancial redução no comportamento consumista, em combinação 
com um adequado progresso tecnológico. 
2.1.1 Relatório Brundtland 
Em 1983, a Assembleia Geral da ONU estabeleceu a Comissão Mundial 
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para a qual foi designada como 
presidente a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Em 1987, 
a comissão publicou seu relatório intitulado Our common future (Nosso futuro 
comum), que ficou conhecido como Relatório Brundtland (Brundtland et al., 
1991). 
O relatório demorou anos para ficar pronto, pois a comissão realizou um 
esforço incomum para ouvir cientistas, institutos de pesquisa, ONGs e 
 16 
 
 
movimentos sociais, lideres, industriais e analistas do mundo inteiro. Os seus 
objetivos eram (Brundtland et al., 1991): 
• Reexaminar os principals problemas relativos a meio ambiente e 
desenvolvimento e formular propostas inovadoras, concretas e realistas para 
solucioná-los; 
• Reforçar a cooperação internacional, quebrando a fraca solidariedade 
global na questão ambiental, de modo a que houvesse uma efetiva influência 
nas políticas, em direção às mudanças necessárias; 
• Aumentar o nivel de compreensão e, principalmente, de 
comprometimento dos diversos atores envolvidos. 
As áreas de análise do relatório foram (Brundtland et al., 1991): 
1. Crescimento populacional; 
2. Segurança alimentar 
3. Patrimônio genético 
4. Energia: 
5. Industria: 
6. Assentamento humanos. 
O Relatório Brundtland ficou famoso principalmente por ter criado o 
conceito de desenvolvimento sustentável, que seria “aquele que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações 
Suturas atenderem às suas necessidades (Brundtland et al, 1991). O conceito 
de desenvolvimento sustentável abragindo pelo relatório traz uma ideia do que 
a ser chamado de equidade ou justiça intergeracional (Brundtland et al., 1991). 
O report ainda falou da necessidade de ação para a redução da probleza, 
a igualdade de gêneros e uma melhor distribuição das riquezas, já que esses 
fatores estão intimamente ligados ao desenvolvimento sustentável. A 
elasticidade do discurso contido no report fez com que suas ideias pudessem 
ser adotadas por organizações dos mais diversos tipos, tanto no mundo 
 17 
 
 
desenvolvido quanto naquele em desenvolvimento, tanto por governos como 
ONGs, organizações internacionais e empresas (Brundtland et al., 1991). 
Algumas das medidas sugeridas pelo relatório foram (Brundtland et 
1991): 
• Limitação do crescimento populacional; 
•Garantia de recursos elementares no longo prazo principalmente água, 
alimentos e energia; 
•Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; 
• Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias 
limpas; 
•Aumento da produção industrial dos países pobres com uso de 
tecnologias menos potentes (soluções ecológicas) 
•Controle da urbanização exagerata, integração entre campo e cidade e 
planejamento urbano responsável e eficiente. 
•Atendimento das necessidades básicas da população (morada, saúde, 
educação etc.) 
E, no âmbito internacional, o relatório recomendou: a adoção de critérios 
e estratégias de desenvolvimento sustentável por parte das organizações 
internacionais que trabalham com desenvolvimento e finaciamentos (ex.: 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial 
etc.); a proteção dos ecossistemas supranacionais, patrimônio comum da 
humanidade, como a antértica e os oceanos: o fim das guerras, que são um 
absoluto contrassenso num mundo tão necessitado: a implantação de um 
programa de desenvolvimento sustentável no âmbito da ONU ( o que 
estabeleceu as bases para a realização da Eco-92) (Brundtand et al., 1991). 
 
 18 
 
 
2.2 Conferências mundiais sobre meio ambiente 
 
1.2.1 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano 
(Estocolmo, 1972) 
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano foi 
convocada por uma resolução da Assembleia Geral da ONU (Resolução nº 
2.398/1968), por recomendação do Conselho Económico e Social das Nações 
Unidas (Ecosoc/ONU) (ONU, 1968). A organização da conferência gerou 
intensos trabalhos preparatórios. Houve uma importante participação de ONGs 
em eventos paralelos, durante a conferência, uma novidade para a época. 
O encontro, que teve a presença de grandes lideres e chefes de Estado 
de todo o planeta, revelou uma cara oposição entre os interesses dos paises 
desenvolvidos e os dos paises subdesenvolvidos e em desenvolvimento. As 
perguntas eram quem paga a conta? O esforço deve ser uniforme para todos? 
E possivel proteger o meio ambiente sem combater a miséria e a desigualdade 
mundial? 
Portanto, a questão ambiental foi fortemente atrelada ao debate sobre 
desenvolvimento económico. Como resultado da Conferéncia de Estocolmo, foi 
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pruma). 
O relatório sobre a Conferéncia foi publicado como o livro Only one Earth: 
The care and maintenance of a small planet (Uma Terra somente o cuidado e 
manutenção de um pequeno planeta) tendo como autores Barbara Ward e René 
Dubos (1983). 
Outros resultados da conferència 
• Adoção do princípio da subsidiariedade em materia de meio ambiente 
no ordenamento jurídico da Comunidade Econômica Europeia. A Comunidade 
estabeleceria os padrões mínimos de proteção ambiental a serem seguidos 
pelos Estados-membros, eles prevalecendo sobre as legislações nacionais. 
 19 
 
 
• No Brasil, na volta da conferência foi criada uma Secretaria especial do 
Meio ambiente, a nível federal (não havia Ministério do Meio ambiental). 
• Marcou definitivamente o surgimento de uma diplomacia ambiental com 
os debates sobre meio ambiente ganhando prioridade na agenda global, desde 
então. 
• Declaraçãode Estocolmo (ONU, 1972), que contém 26 princípios de 
direito ambiental internacional. A importância para o direito internacional do meio 
ambiente é tão grande quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
para os direitos humanos. 
Os 26 princípios da Declaração de Estocolmo (ONU, 1972), segundo 
clarke e Timberlake (1982, citados por Panachão). 
1. Os direitos humanos devem ser defendidos; apartheido e o colonismo 
devem ser condenados. 
2. Os recursos naturais devem ser preservados. 
3. A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser 
mantida. 
4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas. 
5. Os recursos não renováveis devem ser compartilhados, não 
esgotados. 
6. A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambinete de 
neutralizá-la. 
7. A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada. 
8. O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente. 
9. Os países em desenvolvimento requerem ajuda. 
10. Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para suas 
exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente. 
11. As politícas ambientais não devem comprometer o desenvolvimento. 
12. Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para 
desenvolver medidas de proteção ambiental. 
13. É necessário estabelecer um planejamento integrado para o 
desenvolvimento. 
 20 
 
 
14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente 
e desenvolvimento. 
15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar 
problemas ambientais. 
16. Os governos devem planejar suas próprias politícas populacionais de 
maneira adequada. 
17. As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos 
recursos naturais dos Estados. 
18. A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio 
ambiente. 
19. E educação ambiental é essencial. 
20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em países 
em desenvolvimento. 
21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que 
não causem danos a outros. 
22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados. 
23. Cada país deve estabelecer suas próprias normas. 
24. Deve haver cooperação em questões internacionais. 
25. Organizadores internacionais devem ajudar a melhorar o meio 
ambiente. 
26. Armas de destruição em massa devem ser eliminadas. 
2.2.2 Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-
92, Rio-92 ou Cúpula da Terra) 
A Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contou 
com a participação de 178 Estados, 114 chefes de Estado, 10 mil delegados e 
representantes de mais de 1,4 mil ONGs. 
Resultados: 
• Declaração do Rio de Janeiro; 
• Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB); 
• Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas; 
• Declaração de Princípios sobre as Florestas; 
 21 
 
 
• Agenda 21. 
A declaração do Rio de Janeiro (ONU, 1992) estabeleceu nove princípios 
que reafirmaram e ampliam os princípios de Estocolmo. Portanto, passam ser os 
seguintes os princípios do direito ambiental internacional: 
1. Responsabilidade intergeracional; 
2. Teoria do poluidor-pagador. 
3. Precaução; 
4. Supremacia do interesse público sobre interesse privados; 
5. Intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente; 
6. Cooperação internacional; 
7. Avaliação prévia dos impactos ambientais; 
8. Avaliação prévia dos imapctos ambientais; 
9. Respeito à identidade, cultura e interesses das comunidades 
tradicionais. 
 
3. ORGANIZAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS 
QUE ATUAM COM MEIO AMBIENTE 
A partir da Segunda Guerra ocorre uma mudança profunda em direção ao 
internacionalismo (de valores, atitudes). Ocorre toda uma mobilização para a 
reconstrução e se aposta, com a criação da ONU, na cooperação intercional 
multilateral. 
Franklin Roosevelt, então presidente dos EUA, diz que “o acesso justo de 
todos aos recursos naturais e portanto, a conservação, são as bases para a paz 
permanente”. 
Roosevelt é quase convencido, pelo ambientalista Gifford Pinchot, a 
incluir nas negociações do pós-guerra, com as demais poptências, a criação de 
uma organização internacional para o meio ambiente, pela sua ligação com a 
preservação da paz. Mas, desiste da ideia, sob influência do Departamento de 
 22 
 
 
Estado norte-americano, que alega que já se criara o Ecosoc/ONU, a 
Organização das Nações Unidas para a alimentação e a Agricultura (FAO) e o 
Banco Mundial, os quais, de um modo ou de outro, acabariam lidando com a 
temática. 
3.1 Organização das Nações Unidas para a alimentação e a 
Agricultura (FAO) 
A FAO foi fundada em 1945, na cidade do Quebec, Canadá. A sede da 
organização foi transferida em 1951 para Roma, na Itália. O objetivo da FAO é 
aumentar a capacidade da comunidade interncional para, de forma eficaz e 
coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a segurança 
alimentar e a nutrição global. O foco é o combate à fome, à desnutrição e à 
insegurança alimentar (ONU.). 
A FAO promove investimentos, conhecimento e informação na agricultura 
e áreas relacionadas, além de contribuir para o aperfeiçoamento da produção 
agrícola e da criação de gado e a transferência de tecnologia aos países em 
desenvolvimento. Também fomenta a conservação dos recursos naturais, 
estimulando o desenvolvimento da pesca, da piscicultura, a proteção dos 
ecossistemas florestais e das fontes de energia renováveis (ONU). 
Suas principas atividades são: 
Desenvolver assistência para países subdesenvolvidos e 
desenvolvidos; promover o conhecimento e a infomação sobre a 
nutrição, alimentação, agricultura, silvicultura e pesca e assuntos 
correlatos; aconselhamento a governos; servir como um fórum neutro 
para discutir e formular politícas nos principais assuntos relacionados 
com a agricultura e a alimentação. (FAO, 2016). 
 
3.1.1 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (Unesco) 
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (Unesco) foi criada em 1945 com o objetivo de “construir a paz na mente 
do homem”. Atua em cinco grandes áreas: educação, ciências naturais, ciências 
 23 
 
 
humanas e sociais, comunicação e informação, cultura. A sede da organização 
fica em Paris, possuindo diversos escritórios no mundo, inclusive em Brasília. 
Entre seus objetivos estão: 
• Fomentar uma educação de qualidade e para todos; 
• Estimular o diálogo intercultural e promover a diversidade cultural; 
• Buscar a cooperação científica em temas relevantes para a humanidade; 
• Proteger a liberdade de expressão como condição para a demogracia. 
 
3.1.2 Patrimônio Mundial da Humanidade 
Em 1972, foi assinada a Convenção para a Proteção do Patrimônio 
Mundial, Cultural e Natural (Unesco, 1972), que estabelece os deveres dos 
Estados-partes na identificação de potenciais locais que preencham os 
requisitos desse tipo de patrimônio e o papel desses Estados na sua proteção e 
preservação. 
A Unesco possui uma lista de locais, que podem ser culturais ou naturais, 
que são considerados Patrimônio Mundial da Humanidade. A lista é administrada 
pelo Comitê do Patrimônio Mundial e recursos para a preservação desses locais 
podem ser obtidos por meio do Fundo para o Patrimônio Mundial, que 
disponibiliza cerca de 4 milhões de dólares, por ano, a título de assistência 
internacional. Os locais pertencem e são administrados pelos próprios países e 
autoridades locais. 
São 1.031 locais: 802 culturais, 197 naturais, 32 mistos, em 163 países; 
48 desses locais compõem a lista do Patrimônio Mundial em risco. 
Exemplos de locais naturais protegidos no Brasil: 
• Parque Nacional do Iguaçu (onde ficam as Cataratas doiguaçu); 
• Reservas da Mata Atlântica; 
• Pantanal Mato-grossense; 
• Reservas da amazônia; 
• Fernando de Noronha. 
 24 
 
 
4. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
ESPECIALIZADAS EM PROTEÇÃO AMBIENTAL 
 
4.1 União Internacional para a Conservação da Natureza 
Em 1948, é criada a União Interncional para aConservação da Natureza 
(IUCN), com sede em Gland, na Suiça. A IUCN tem como membros mais de 84 
países, 700 ONGs e milhares de especialistas e cientistas do mundo todo, 
estando entre as principais organizações ambientais do mundo. A missão da 
IUCN é influenciar, encorajar e assistir sociedades, em todo o mundo, na 
conservação da integridade e biodiversidade da natureza, e assegurar que todo 
e qualquer uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente 
sustentável (IUCN). 
4.1.1 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) 
Criado em 1972 na Conferência de Estocolmo, o Pnuma tem sua sede 
em Nairóbi, no Quênia. 
Faz parte do seu trabalho publicar estudos científicos nas suas 
diferentes áreas de concentração, que oferecem panoramas 
aprofundados sobre os problemas ambientais do mundo e sua relação 
com a sociedade, ao mesmo tempo que dá instrumentos a alternativas 
para que a realidade atual se modifique em direção a um modelo de vida 
sustentável (Programa, 2019). 
 O principal objetivo do Pnuma é coordenar as ações internacionais de 
proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, nos seguintes âmbitos: 
• Mudanças climáticas; 
• Desastres naturais; 
• Governança ambiental; 
• Proteção dos ecossistemas: 
• Lixo e produtos químicos; 
• Eficiência na gestão dos recursos; 
• Planejamento e monitoramento ambiental. 
 
 25 
 
 
4.1.2 Fundo Mundial para o Meio Ambiente (Global Environment Facility 
– GEF) 
O Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) foi criado em 1991 pelo 
banco Mundial, com o objetivo de auxiliar os países em desenvolvimento na 
implementação de projetos que buscassem soluções para as preocupações 
globais em relação à proteção dos ecossistemas e da diversidade biológica 
(GEF.). Na Eco-92, o GEF é transformado em instituição independente. 
O GEF financia proetos ambientais no mundo todo. Os projetos são 
implementados em parceria entre o Pnuma, o Pnudo e o Banco Mundial, nas 
áreas de biodiversidade, mudanças climáticas, proteção das águas 
internacionais, proteção da camada de ozônio, combate à poluição, entre outras. 
O GEF também serve como mecanismo financiador de alguns tratados 
internacionais ambientais: 
• Convenção sobre Diversidade Biológica; 
• Convenção sobre Mudanças Climáticas; 
• Convenção de Combate à Desertificação; 
• Convenção sobre Poluentes Orgânicos Persistentes. 
 
5. ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS 
(ONGS) 
A origem do termo Organizações Não Governamentais (ONG) remonta 
ao sistema de representações das Nações Unidas, que denominava 
assim as organizações internacionais que, embora não representassem 
seus países, tinham presença e atuação significativas para justificar sua 
presença oficial na Organização das Nações Unidas (ONU) e em suas 
agências e programas (Albuquerque, 2006). 
 
 Nos anos 1960 e 1970, surgem diversas ONGs de cooperação 
internacional, no contexto da descolonização e do surgimento de um direito ao 
desenvolvimento. A origem de muitas ONGs, no Brasil e no mundo, está ligada 
 26 
 
 
à proteção e defesa dos direitos humanos, muitas vezes como resposta a 
situações de extremas violências e discriminações. 
 Vem da economia a ideia de terceiro setor, que quebra a dicotomia que 
havia entre Estado x não Estado, para originar uma ideia tripartite das atividades 
humanas – Estado x mercado x sociedade. 
 Na década de 1990, surge a ideia de sociedade civil global, que seria 
compreendida como um sistema não governamental dinâmico de intituições 
socioeconômicos interconectadas. Na verdade, com a chamada crise de 
sobrevivência alardeada pelo Relatório Meadows (Meadows; Meadows; 
Randers, 1972) e outros, desde a década de 1970 já se desenvolvia uma visão 
mais ecocêntrica, agregando aos recursos naturais um valor em si mesmo, ou 
seja: eles passam a ser valorados pelo que são e não pela utilidade que podem 
ter para o homem. 
 Sendo os problemas ambientais de natureza transnacional, não há como 
a sua solução estar adstrita à esfera dos Estados nacionais. Portanto, o próprio 
sistema ONU passa a contar com o envolvimento das instituições de mercado e 
da sociedade civil. 
É neste cenário de globalização das problemáticas ambientais, da busca 
por uma sustentabilidade e da fluidez de fronteiras entre os agentes 
sociais, é que as organizações da sociedade civil se organizam de forma 
mais intensa, para atuar nos mais diversos âmbitos. Contribui para isto 
o crescente sentimento de frustação da sociedade frente aos modos 
tradicionais de representatividade, em especial o sistema político-
partidário. [...] [Há] um público sedento por uma participação política 
nova, que possa realmente refletir seus novos interesses e 
preocupações. (Alburquerque, 2006). 
 
 Na América Latina, a situação de pobreza e a alta concentração de renda, 
somadas e uma grande biodiversidade no continente, levaram 
muitasorganizações a pensarem e a atuarem de uma forma interligada sobre os 
aspectos sociais e ambientais. Assim, o surgimento do chamdo 
socioambientalismo, no Brasil, está ligado à redemocratização do país (no final 
da década de 1980), pois esta permitiu à sociedade civil organizada desenvolver 
uma grande capacidade de mobilização e articulação. 
 27 
 
 
 Por outro lado, com a globalização, a partir da década de 1990, surgem 
redes, eventos e forús de discussão entre ONGs de diferentes países. Maior 
exemplo disso é o fórun Social Mundial, orrganizado em 2001, em Porto Alegre, 
que de um evento anual que congregava ONGs e movimentos sociais de todo 
os mundo se transformou em processo de integração permanente entre os 
atores da sociedade civil organizada a nível global. 
 Existem milhares de organizações ambientais não governamentais, em 
nível local. Regional e global. Alguns exemplos de ONGs atuantes em vários 
países são: Greenpeace; WWF; The Nature conservancy (TNC); e World 
Resources Institute. No Brasil, algumas importantes ONGs ambientais são o 
Instituto Socioambiental (ISA), o SOS Mata Atlântica, a sociedade de Pesquisa 
em Vida Selvagem e Educação ambiental (SPVS), o Instituto Akatu etc. 
 Essas organizações possuem: 
 • Importante papel de conscientização; 
 • Participação em fórus de decisões nacionais e internacionais; 
 • Função de gerar denúncias, protestos e pressão de autoridades 
(advocacy). 
 
6. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 
INTERNACIONAL ATINENTES À ÁGUA 
 
 6.1 Princípio da satisfação das necessidades humanas vitais 
 O princípio em tela reconhece que a expressão “necessidades humanas 
vitais”, previstas no art. 10 da Convenção da ONU sobre o Direito de Uso de 
Águas internacionais para fins distintos da navegação (2014), deve ser 
interpretada de maneira extensiva, não contemplando tão somente o uso da 
água para beber, preparar alimentos e para fazer higiene pessoal, mas todas as 
 28 
 
 
atividades intermédiarias para alcançar aquele fim, por exemplo, a água 
necessária para as plantações e até mesmo para a manutenção de uma horta. 
 Naturalmente, todos têm o direito de acesso à água, constituindo-se hoje 
em dia em um direito humano fundamental, “significando que qualquer pessoa, 
em qualquer lugar do planeta, pode captar, usar ou apropriar da água para o fim 
específico de sobreviver” (Machado, 2009). 
 Assim, em caso de racionamento de água, as necessidades humanas 
vitais são classificadaspor ordem de prioridade, ou seja, a primeira das 
necessidades é a sede, a segunda o alimento e a terceira a higienização. 
 O direito de acesso à água não pressupõe que ela seja gratuita ou 
custosa, pois aqueles que possuem capacidade para custear assim o farão; 
contudo, aqueles que não possuem condições, deles não poderá ser tolhido tal 
direito. 
 Também cumpre notar que esse direito, geograficamente, é mais 
acessível para aqueles que ocupam propriedades limítrofes com cursos de água, 
se comparado áqueles afastados do recurso, o que demanda políticas de 
adequada distribuição de água potável à população. 
6.1.1 Princípio da utilização equitativa e razoável 
 O art. 5º da Convenção da ONU/1997 prevê que 
1- Os estudos ribeirinhos devem, nos seus respectivos territórios, 
utilizar um curso de água internacional de forma equitativa e 
razoável. Um curso de água será, em especial, utilizado e 
desenvolvido por Estados ribeirinhos com vista à obtenção da sua 
utilização otimizada e sustentável e dos benefícios daí resultantes, 
tendo em conta interesses dos Estados ribeirinhos envolvidos, 
compatíveis com uma proteção adequada do curso de água. 
O conceito de desenvolvimento sustentável enquadra-se aqui, tendo 
surgido no âmbito do embate entre “tecnocêntricos” e “ecocêntricos” (Limiro, 
2009, p.60), sendo que os primeiros priorizam o desenvolvimento econômico e, 
os segundos, enfatizam que o meio ambiente precisava ser protegido. Desse 
modo, esse princípio possui como conteúdo harmonizar a economia e o meio 
 29 
 
 
ambiente, isto é, busca fazer com que o desenvolvimento seja feito de modo 
planejado, garantindo que a exploração dos recursos renováveis aconteça na 
mesma proporção que sua reposição. 
Observa-se que o desenvolvimento desmedido dos países e a excessiva 
produção de poluição está em descompasso com a capacidade de 
recomposição do meio ambiente. Todavia, deveriam coexistir de forma 
satisfatória, visando não impedir o crescimento econômico, mas sim explorar de 
maneira racional os recursos, nesse caso, os cursos de água, atendendo às 
necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações (Fiorillo, 2013). 
Por fim, esse princípio procura salvaguardar os recursos hidrícos para 
consumo humano. Já uma vez gerado o desequilíbrio é difícil retornar ao estado 
anterior. Infelizmente, a mentalidade predominante, especialmente no Brasil, 
ainda não possui consciência ecológica suficiente para se evitar o abuso, a 
poluição e o combate às causas dos danos ambientais no que tange à água. 
6.2 Regulação internacional sobre o tem o tema 
A água, devido à sua importância, sempre foi motivo de guerras, conflitos 
e cooperação entre os povos. Diante da preocupação da comunidade 
interncional em promover e mitigar conflitos interncionais pelas àguas 
compertilhadas, surgiram diversos diplomas internacionais que produziram 
fontes de proteção jurídica para as àguas internacionais (Quadros; silva Filho, 
2019, p.6) 
Na década de 1960, os interesses dos países em relação às águas 
transfronteiriças se limitavam a regular aas relações da navegação e da 
produção de energia hidroelétrica. A Declaração de Estocolmo, de 1972, foi o 
primeiro diploma internacional a tratar das relações de soberanias dos Estados 
com o meio ambiente. De lá para cá, o direito à água foi considerado um direito 
humano universal, estando intimamente ligado ao princípio da dignidade da 
pessoa humana (Quadros; Silva filho, 2019). 
 30 
 
 
No que tange a oceano e mares, uma importante fonte de normas sobre 
a proteção do meio ambiente marinho é o que trata a Convenção da ONU sobre 
Direito do Mar, assinada em 1982, em Montego Bay (Jamaica). Seu art. 192 
introduz uma obrigação geral dos Estados em "proteger e preservar o meio 
ambiente marinho". Já o art. 194 aprofunda-se dizendo que os Estados (não 
apenas os Estados-parte da Convenção) tem a obrigação de prevenir, reduzir e 
controlar todas as formas de poluição do meio ambiente marinho. Segundo a 
Convenção, isso se dá principalmente por meio do controle, por parte dos 
Estados, das embarcações que arvorem a sua bandeira. 
A Convenção de Montego Bay coloca um quadro-geral de normas sobre 
direito do mar, reconhecendo que questões mais especificas seriam reguladas 
por outros tratados, tais como a poluição decorrente dos navios, o despejo de 
lixo no mar, e a poluição no mar proveniente da terra. Ademais, existem mais de 
40 tratados regionais sobre proteção de mares regionais, agrupados no 
Programa Mares Regionais da ONU Meio Ambiente. 
Já quanto à regulação internacional da água doce, é importante notar que 
apenas 2,5% da água do mundo é doce (97,5% é água salgada). Desses 2,5%, 
68,5% está presa nas calotas polares, e o restante está nos aquiferos 
subterrâneas (30.1%). Ou seja, apenas 0,3% da água doce do mundo está na 
superfície , em rios e lagos ( Banco Mundial, 2010). 
Cabe destacar a Convenção-Quadro de Nova Iorque que tratou do Direito 
dos cursos de àgua Interncional para fins Diversos da Navegação, assinada em 
1997, e que estabeleceu as bases principiológicas do direito interncional de 
águas. A convenção considera que cursos de água são compostos pelas bacias 
hidrográficas adjacentes, e a principal obrigação é a de que um Estado não pode 
causar dano a outro em relação às águas compartilhadas. Outra obrigaçao 
importante que decorre desse tratado é o dever do Estado de notificar com 
razoável antecedência a respeito do desenvolvimento de atividades 
potencialmente danosas para o outro Estado. Baseado no princípio geral da boa-
fé, exige-se que consultas prévias entre os Estados ocorram antes da execução 
de qualquer medida, para evitar danos transfronteiriços e potenciais conflitos. 
 31 
 
 
O direito internacional de águas, para a consecução de seus objetivos, 
resgata princípios que são os vértices da governança hídrica (Quadros; Silva 
Filho, 2019, p.7). 
Princípio da proteção: estabelece limites à soberania dos Estados, 
orientando a adoção de medidas preventicas para evitarem a repercussão dos 
efeitos nocivos das suas atividades sobre territórios de Estados vizinhos. 
Princípio da cooperação internacional: tem como objetivo o 
desenvolvimento de estratégias conjuntas entre os Estados, por meio da 
transferência de recursos materiais, tecnológicos e humanos de um Estado para 
proteger o meio ambiente e a saúde humana de outro Estado mais vulnerável – 
responsabilidade do próprio Estado em evitar danos ambientais, com a 
transferência de recursos de países mais ricos para a solução de probemas em 
relação à gestão dos cursos de água internacional. 
Princípio da participação: oferece oportunidade aos cidadãos de 
criticarem e participarem nos processos de decisões sobre as políticas públicas, 
que demandam publicidade, informação e transparência em relação à gestão da 
coisa pública. 
Por fim, cumpre salinetar que vêm se desenvolvendo esforços para 
regular internacionalmente o uso da água de aquíferos transfronteiriços, de 
modo a garantir o seu uso sustentável e evitar conflitos entre Estados que os 
compartilham. Em 2008, a Comissão de Direito Internacional da ONU adotou 
Proposta de Artigos sobre Direito dos Aquíferos Transfronteiriços, que além de 
reafirmar os princípios elencados anteriormente, dispõe que os Estados têm o 
dever de prevenir danos a esses vitais recursos naturais, bem como implementar 
procedimentos técnicos para a gestão compartilhada desses aquíferos. O foco 
na cooperação interncional visa não apenas proteger essas valiosas fontes de 
água doce para o consumo humano, como também evitar conflitos 
internacionais, já que grande parte dos países do mundo possuem aquíferos 
compartilhados com seus vizinhos.32 
 
 
Considerando que esses aquíferos cruzam fronteiras internacionais por 
debaixo da terra, é assegurado a cada país a soberania sobre os recursos 
hídricos provenientes dos aquíferos, até os limites territoriais com os demais. No 
entanto, justamente considerando o potencial dano transfronteiriço é que se faz 
mister realizar o uso sustentável e razoável desses recursos, evitando 
desavenças que possam se tornar conflitos entre dois ou mais Estados. 
 
7. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS INTERNACIONAIS 
 
A poluição das águas internacionais é uma preocupação global, uma vez 
que os corpos de água muitas vezes atravessam fronteiras nacionais. Esta forma 
de poluição pode resultar de várias fontes e atividades, incluindo descargas 
industriais, despejo de resíduos químicos, derramamentos de petróleo, 
agricultura intensiva, lixo plástico e poluição atmosférica. 
A poluição das águas internacionais pode ocorrer em oceanos, mares, 
rios e lagos compartilhados por diferentes países. As consequências desse tipo 
de poluição são vastas e incluem impactos ambientais, econômicos e sociais. 
Algumas das principais preocupações associadas à poluição das águas 
internacionais incluem: 
Efeitos na Vida Marinha: A poluição afeta a vida marinha, levando à 
morte de organismos aquáticos, danificando ecossistemas marinhos e 
prejudicando a biodiversidade. 
Impactos Econômicos: Muitos países dependem dos recursos marinhos 
para subsistência e economia. A poluição pode prejudicar setores como a pesca 
e o turismo, resultando em perdas econômicas significativas. 
Saúde Humana: A contaminação da água pode afetar a qualidade da 
água potável, ameaçando a saúde humana. Doenças transmitidas pela água 
podem se espalhar facilmente em áreas afetadas pela poluição. 
 33 
 
 
Migração de Poluentes: Os poluentes podem se deslocar por correntes 
oceânicas e afetar áreas distantes da fonte original. Isso torna a gestão da 
poluição mais desafiadora, pois requer cooperação internacional. 
Comprometimento da Segurança Alimentar: A poluição das águas 
pode contaminar os alimentos marinhos, comprometendo a segurança alimentar 
de comunidades que dependem desses recursos. 
A abordagem para lidar com a poluição das águas internacionais 
geralmente requer cooperação entre países vizinhos. Acordos internacionais e 
organizações ambientais desempenham um papel crucial na promoção de 
práticas sustentáveis, na prevenção da poluição e na mitigação de seus efeitos. 
Alguns exemplos de acordos internacionais incluem a Convenção sobre o 
Controle de Sistemas de Águas Residuais Marítimas e a Convenção sobre a 
Prevenção da Poluição Marinha por Petróleo (MARPOL). 
A conscientização pública, o desenvolvimento de tecnologias mais limpas 
e a implementação de regulamentações ambientais rigorosas são essenciais 
para lidar eficazmente com a poluição das águas internacionais e garantir a 
sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos. 
Alguns dos materiais mais comuns que contaminam e prejudicam as 
águas internacionais incluem: 
Petróleo e Derivados: Derramamentos de petróleo, seja devido a 
acidentes com navios petroleiros ou vazamentos de instalações offshore, 
representam uma ameaça significativa para os ecossistemas marinhos. O 
petróleo pode formar manchas na superfície da água, afetando a fauna marinha 
e as aves aquáticas. 
Produtos Químicos Tóxicos: Efluentes industriais e descargas 
inadequadas de produtos químicos tóxicos podem contaminar as águas 
internacionais. Substâncias como metais pesados, pesticidas, herbicidas e 
produtos químicos industriais podem ter efeitos prejudiciais na vida aquática e 
na qualidade da água. 
 34 
 
 
Nutrientes em Excesso: O excesso de nutrientes, como nitrogênio e 
fósforo, provenientes da agricultura intensiva, esgoto e escorrimento de águas 
pluviais, pode resultar em proliferação excessiva de algas. Esse fenômeno, 
conhecido como eutrofização, pode levar à formação de "zonas mortas" com 
baixos níveis de oxigênio, prejudicando a vida marinha. 
Plásticos: O lixo plástico, especialmente microplásticos, é uma 
preocupação crescente nos oceanos. Estes materiais podem ser ingeridos por 
organismos marinhos, afetando a cadeia alimentar e causando danos à vida 
selvagem. A decomposição lenta do plástico contribui para a poluição a longo 
prazo. 
Resíduos Agrícolas: O escorrimento de resíduos agrícolas, como 
fertilizantes e pesticidas, pode carregar poluentes para os cursos d'água, 
impactando negativamente a qualidade da água e a vida aquática. 
Resíduos de Navios: Além do petróleo, os resíduos de navios, incluindo 
produtos químicos, esgoto e lixo, podem contribuir para a poluição marinha. 
Medidas inadequadas de gerenciamento de resíduos de navios podem resultar 
em impactos negativos nas águas internacionais. 
Para combater a poluição das águas internacionais, é fundamental adotar 
práticas sustentáveis, implementar regulamentações ambientais rigorosas, 
promover a reciclagem e a gestão adequada de resíduos, além de fomentar a 
cooperação internacional para abordar questões transfronteiriças. 
 
 
 
 
 
 35 
 
 
8. REFERÊNCIAS: 
 
 
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