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OBJETIVO E METODOLOGIA
O objetivo geral deste trabalho foi o de con-
trolar a dinâmica do arremesso do basquetebolista
de alto nível (masculino adulto) durante a etapa
concentrada de treinamento de força especial.
Há opiniões, de que os exercícios de força in-
fluam negativamente na velocidade de movimento
dos desportistas, na precisão do arremesso, e na
qualidade de execução das ações motoras específi-
cas (passe, manejo de bola, etc.).
Utilizamo-nos de uma concepção metodológi-
ca de treinamento, segundo a qual, a planificação é
realizada através de um sistema conjugado e conse-
qüente de planificação de cargas de diferentes obje-
tivos e efeitos diferenciados e sucessivos, nas res-
pectivas e distintas etapas de treinamento.
Na etapa concentrada de força especial foram
utilizados meios e métodos que se elevavam gradu-
almente em intensidade com finalidades predomi-
nantes sucessivas e concatenadas. Em um primeiro
momento, priorizamos o trabalho de força dirigido
para o desenvolvimento das manifestações da força
máxima e explosiva, sucessivamente, dirigimos o
processo de treino no sentido do desenvolvimento
da força rápida e resistência de força.
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“CONTROLE DA DINÂMICA DO ARREMESSO
DOS BASQUETEBOLISTAS DURANTE A ETAPA
CONCENTRADA DE FORÇA”
Alexandre Moreira
Marcel Ramon Ponikwar de Souza
M&V - Centro de Preparação Física Individualizada e E.C. Pinheiros
Durante os blocos de concentração de cargas
de força, utilizamo-nos de diferentes exercícios e
métodos para cargas unilaterais nas sessões e micro-
ciclos de treinamento.
O trabalho foi realizado utilizando-se dos equi-
pamentos de musculação disponível e exercícios es-
peciais realizados também em campo (quadra).
Foram realizadas 50 sessões de treino de força
e 50 sessões de treino de arremessos, onde eram
realizados 200 arremessos por sessão. As sessões de
arremesso eram realizadas no período da manhã e as
sessões com objetivos de treino de força especial,
eram realizadas no período da tarde.
Nestas sessões de arremessos, os atletas reali-
zavam diariamente sessões específicas de arremes-
sos distintos. Os arremessos eram registrados e ana-
lisados para em seguida serem correlacionados às
cargas de força treinadas paralelamente.
Participaram do estudo, 9 (nove) atletas da
categoria adulta masculina em fase de preparação
para o campeonato paulista da categoria, série A1
(PRINCIPAL).
Abordamos nesta publicação, somente os mé-
todos relativos ao treinamento de força para
M.M.S.S., e os resultados dos arremessos, indicador
central deste estudo.
REVISTA TREINAMENTO DESPORTIVO 75
Os resultados mostraram uma dinâmica de evo-
lução positiva no tocante aos arremessos, conforme
podemos analisar segundo a análise dos gráficos.
Ressaltamos a seguir, uma breve abordagem
sobre os mecanismos de força e contração muscular,
assim como alguns aspectos fisiológicos e metodo-
lógicos importantes na discussão e na elaboração do
treinamento de força.
Os aspectos analisados são importantes na com-
preensão da adaptação inerente ao treinamento de
força, tanto no âmbito estrutural, quanto no meta-
bólico, pois se faz mister que as alterações neurorre-
guladoras, morfológicas e metabólicas, dar-se-ão
durante o processo, e consequentemente o nível de
força do desportista se elevará; cabe então, enten-
der que o basquetebolista necessita manter o trei-
namento específico e de fundamentos, a fim de adap-
tar-se ao novo nível de força adquirido.
Lembramos abaixo, os níveis de intervenção
dos fenômenos de ordem nervosa, a existência do
heterocronismo, e sua conseqüente utilização na
distribuição ideal das cargas de treinamento ao lon-
go da planificação, e revisamos conceitos sobre a
hipertrofia muscular e adaptação metabólica e es-
trutural, no sentido de subsidiarmos a idéia que
norteia o estudo em questão, no tocante a distri-
buição das cargas de diferentes finalidades e o seu
conseqüente controle, a fim de possibilitar o al-
cance de resultados cada vez mais expressivos no
contexto desportivo.
ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
DE TREINO DO BASQUETEBOLISTA
A organização do processo de treino do bas-
quetebolista se faz mediante a análise de inúmeros
aspectos, desde a classificação do basquetebol sob o
ponto de vista metabólico, metodológico, conteúdo
de treinamento, capacidades motoras a serem aper-
feiçoadas nas distintas etapas da planificação, com-
petição alvo, nível dos atletas, entre outros.
No basquetebol brasileiro encontramos um
número escasso de material teórico que demonstre a
evolução da dinâmica de performance dos atletas
durante as diferentes etapas de treinamento, e fun-
damentalmente, dos efeitos sucessivos de treino nes-
tas distintas etapas com finalidades diferenciadas.
As opiniões com relação ao treinamento de
força do basquetebolista vem normalmente sendo
elaboradas sem nenhum subsídio teórico que for-
neça material necessário para estudo, análise e
conclusão.
A adoção de metodologias inadequadas e in-
corretas para o desporto, com a utilização prioritá-
ria de métodos de body building, e a aplicação desta
concepção metodológica em momentos inoportunos,
ajudam a reforçar a idéia de uma situação desfavorá-
vel ao nível de coordenação intra e intermuscular,
que prejudicaria a velocidade de movimento, preci-
são dos arremessos e outras ações específicas da
modalidade.
Segundo VERKHOSHANSKY (1995), os exercí-
cios de força não são somente um meio para desen-
volver força muscular, mas servem para o desenvol-
vimento da velocidade e coordenação dos movimen-
tos, assim como para a rapidez de reações motoras e
capacidade de relaxamento.
VERKHOSHANSKY cita ainda que os exercícios
de força só podem ser eficazes quando selecionados
e distribuídos no processo de planificação de manei-
ra adequada.
O aumento do potencial de força dos múscu-
los esta determinado pela melhora do mecanismo
de regulação intramuscular, pelo incremento de
unidades motoras implicadas na tensão, pelo au-
mento da freqüência de estímulos a que são expos-
tos os motoneurônios e seu sincronismo
(VERKHOSHANSKY 1990).
Durante o processo de contração muscular,
ZATSIORSKY (1966), citado por MANSO et all (1996),
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distingue três níveis de intervenção de fenômenos
de ordem nervosa:
• Recrutamento de unidades motoras: O fator que
determina a quantidade e o tipo de UM que coloca
em funcionamento em uma contração muscular é a
resistência que deve ser vencida. Em cada caso
concreto, serão recrutadas apenas as UM que se
necessita para uma determinada ação muscular,
havendo uma alternância a fim de evitar a fadiga.
Quando a resistência é baixa (20-30% da máxima)
se recrutam as fibras de contração lenta ST, se a
resistência é moderada (30-50%) se utilizam além
das ST, as fibras intermediárias rápidas (Fta), em
caso de resistência superiores, se recrutam todos
os tipos de fibras (Ley de Henneman, 1965). Em
caso de resistência baixa e duração elevada, o can-
saço induz a utilização das FT, e mediante a estí-
mulos ligeiros executados a alta velocidade (ex.:
arremesso do basquetebol) , são as FT, que serão
recrutadas (GRIMBY e HANNERZ, 1977 - citados por
MANSO et all 1996).
• Sincronização de unidades motoras: No treinamento
com emprego de cargas em torno de 80% se incre-
menta a coordenação intramuscular. Os grandes in-
crementos iniciais de força se devem as adaptações
neuromusculares, que não vem acompanhadas de
uma correspondente hipertrofia muscular (DONS et
all – 1979; THORSTENSSON et all – 1976; MORITANI
& DE VRIES - 1979; HAKKINEN & KOMI - 1983).
• Coordenação intermuscular: Este é mais um as-
pecto importante relacionado às adaptações neu-
romusculares que possibilitam o alcance de uma
nível de força mais elevado, conseguindo uma mai-
or interação entre os músculos agonistas e antago-
nistas. As ações sincronizadas de ações de contra-
ção e relaxamento muscular permitem uma maior
eficácia dos diferentes grupos que intervém no
movimento independentemente das funções que
desenvolvem nas ações. HOWARD et all (1987), ci-
tado porMANSO et all (1996), explica que a força
gerada por uma contração muscular coordenada
entre vários músculos é maior do que a força da
soma das forças desenvolvidas separadamente.
Heterocronismo:
VERKHOSHANSKY (2000) descreve tal proces-
so, como aquele onde não se produzem sucessos es-
pecíficos de forma simultânea ou sincrônica, mas sim
em uma seqüência complexa de ações diferentes, cada
uma delas nas quais se estabelece a base da seguin-
te (posterior; ulterior).
Estudos detalhados, citados por
VERKHOSHANSKY (2000), envolvendo a especializa-
ção funcional, demonstram o fenômeno do hetero-
cronismo, apresentado-os de duas formas:
• Falta de coincidência do ritmo inicial de incre-
mento dos fatores de força específica entre os
músculos chaves das ações específicas; e uma se-
qüência característica de especialização funcio-
nal dos grupamentos chaves.
Assim, estes estudos demonstram que a força
máxima e a força absoluta aumentam desde o início
do treinamento, logo é a força explosiva que começa
a incrementar-se e somente mais tarde aumenta de
forma significativa a força inicial. VERKHOSHANSKY
(2000) ressalta ainda que o incremento de força ab-
soluta e máxima é típico dos desportos em que os
desportistas superam resistência pequenas, onde o
mais importante é a velocidade de produção de força
de trabalho, do que propriamente a magnitude.
Adaptação Metabólica e Estrutural:
Além destes mecanismos de adaptação, deve-
mos nos ater ao conjunto de outras variáveis impor-
tante no processo de alcance da maestria esportiva,
como as limitações de rendimento durante uma car-
ga competitiva. No caso específico, as cargas de curta
duração dirigidas ao desenvolvimento da velocidade
e força, cuja potência se determina principalmente
em função das probabilidades dos mecanismos alac-
tato-aneróbicos de abastecimento energético.
Com o objetivo de desenvolver a força rápida,
as contrações musculares se desenvolvem através da
MOREIRA & SOUZA
REVISTA TREINAMENTO DESPORTIVO 77
via alactácida-anaeróbica de transformação de ener-
gia. Este trabalho produz um intercâmbio mais alto
de combinações energéticas de fosfato de alta ener-
gia por unidade de tempo (MISHENKO & MONOGA-
ROV, 1995).
Do ponto de vista metabólico e estrutural,
podemos afirmar que a profundidade de alterações
provocadas pelas cargas é o estímulo principal dos
posteriores processos de adaptação. A base estrutu-
ral das cargas que desenvolvem a velocidade e força,
são o incremento do conteúdo de uniões protéicas e
o acúmulo do potencial energético das estruturas
para ao tipo de atividade muscular concreta (MI-
SHENKO & MONOGAROV, 1995).
MISHENKO & MONOGAROV (1995), afirmam que
a influência do treinamento nos processo de adapta-
ção ao trabalho de velocidade e força, se refletem
não tanto no incremento do conteúdo de ATP nas
células musculares, mas sim no crescimento da ativi-
dade metabólica determinada com a elevação do
conteúdo de enzimas transformadoras de ATP, como
também na eficácia dos sistemas que controlam a
sua decomposição e síntese.
Hipertrofia Muscular:
Em relação ao que se pressupõem de uma me-
lhora de rendimento desportivo em disciplinas de
velocidade, devemos destacar que grandes hipertro-
fias podem levar a uma diminuição de velocidade
máxima de contração muscular. Esta diminuição de
velocidade de contração dos músculos hipertrofia-
dos parece estar ligada com o mecanismo de libera-
ção e recaptação do cálcio por parte do retículo sar-
coplasmático (ROY et all, 1982, citado por MANSO
et all, 1996).
Um outro fator ligado com a relação inversa
entre a hipertrofia muscular e a velocidade de con-
tração parece ser a modificação do ângulo de atua-
ção das fibras musculares (TESCH & LARSON, 1982,
citado por MANSO et all, 1996). O maior tamanho
individual de cada uma das fibras para um mesmo
espaço de inserção, modifica o ângulo de inclinação
das fibras e transforma os aspectos mecânicos da
contração.
Em função dos conceitos e estudos citados
acima, podemos entender que o processo de treina-
mento de força especial do basquetebolista, deve
ser elaborado de maneira cuidadosa e dirigida, e fun-
damentalmente controlada, a fim de otimizar o novo
nível de força adquirido durante o treinamento, e
evitar os aspectos negativos de uma transferencia
aos movimentos característicos da modalidades.
No estudo realizados por nós, o indicador mais
importante era a eficiência do arremesso durante todo
o desenvolvimento da preparação de força, alem de
outros índices e que foram alvo de estudos e que
não fizeram parte desta publicação.
Nosso objetivo era de minimizar as eventuais
correlações negativas advindas de uma novo nível
de força e uma conseqüente piora da efetividade do
arremesso, em função de uma modificação na coor-
denação intra e intermuscular, resultante das adap-
tações induzidas pelo treinamento.
Analisando todos estes fatores revisados até o
momento, podemos considerar as seguintes situa-
ções de organização do treino de força, no tocante
aos métodos e controle do treinamento:
Métodos Utilizados e
Distribuição das Orientações de Carga
Distribuímos as cargas de treinamento conju-
gadas e conseqüentes entre si, com as seguintes fi-
nalidades predominantes:
1. Força máxima
2. Força rápida
3. Resistência de força
As formas de treinamento, seguiram a seguin-
te ordem cronológica:
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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:
Alexandre Moreira
Marcel Ramon Ponikwar de Souza
Rua República do Iraque, 1263
Campo Belo – São Paulo – SP – CEP 04611-002
e-mail: mv-cpfi@originet.com.br
1. Treinamento em pirâmide:
• INTENSIDADE: 70 a 100%
• NÚMERO DE REPETIÇÕES: 3 a 8
• NÚMERO DE EXERCÍCIOS : 4 a 6
• NÚMERO DE SÉRIES: 3
• PAUSA ENTRE SÉRIES: 2 a 3 MINUTOS
2. Superséries de agonistas e antagonistas:
• INTENSIDADE 70 a 90%
• NÚMERO DE REPETIÇÒES: 8 a 12
• NÚMERO DE EXERCÍCIOS 5 a 8
• NÚMERO DE SÉRIES: 3 a 4
• PAUSA ENTRE SÉRIES: MÁXIMO 1min.
3. Séries de queimação (WEINECK, 1999):
• INTESIDADE 70 a 80%
• NÚMERO DE REPETIÇÕES: 10 COMPLETAS + 06 PAR-
CIAIS
MANSO. J.M.G.; VALDIVIELSO.M.N.; CABALLERO.J.A.R.;
Bases teóricas del
Entrenamiento Deportivo. Ed. Gymnos, Madrid-Espanha,
1996.
MISHECHENKO V.S.; MONOGAROV.V.D.; Fisiologia del
Deportista; Ed. Paidotribo, Barcelona – Espanha, 1995.
WEINECK.J.; Treinamento Ideal; Ed. Manole, São Paulo,
1999.
VERKOSHANSK Y.Y.; OLIVEIRA. P. Preparação de Força
Especial. Rio de Janeiro. Ed. Grupo Palestra Sport,
1995.
BIBLIOGRAFIA:
• NÚMERO DE SÉRIES: 3
• PAUSA ENTRE SÉRIES : MÁXIMO 1min
4. Método de contrastes:
• INTENSIDADE: 80 a 30%
• NÚMERO DE REPETIÇÕES: 6 a 10
• NÚMERO DE SÉRIES: 5 SRS P/ 80% E 3 P/ 30%
• PAUSA ENTRE SÉRIES: COMPLETAS
5. Método de força explosivo
• INTENSIDADE: 30 a 60%
• NÚMERO DE REPETIÇÕES: 6 a 15
• NÚMERO DE SÉRIES: 2 BLOCOS DE 3 SÉRIES
• PAUSA ENTRE SÉRIES: COMPLETAS
6. Métodos Híbridos (combinados):
• INTENSIDADE 30 a 60%; 10 a 20 Repetições; 4 a
5 séries ; pausas incompletas
VERKOSHANSK Y.Y; Entrenamiento Deportivo -
Planificacion y Programacion. Ediciones Martinez
Roca, S.A, 1990.
VERKHOSHANSKY.Y.Y. & SIFF.M.; Super Entrenamiento;
Ed. Paidotribo, Barcelona – Espanha, 2000.
ZATSIORSKY.V.M.; Ciência e Prática do Treinamento de
Força; Ed. Phorte. São Paulo, 1999.
MOREIRA & SOUZA

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