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Concurso de crimes
Fundamentos, conceitos e teorias acerca da teoria geral do delito e do conceito analítico de crime.
Prof. Rodrigo Amaral
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender os detalhes do diploma do concurso de delitos no Direito brasileiro é uma questão fundamental
para um entendimento mais amplo de todas as nuances que compõem o concurso de crimes, o qual acarreta
diversas consequências para a dosimetria da pena.
Preparação
Antes de iniciar este estudo, tenha em mãos o Código Penal.
Objetivos
Identificar os objetos e as concepções gerais e específicas do concurso de crimes.
 
Analisar as teorias e espécies de concurso de crimes.
 
Distinguir o cálculo de pena para cada modalidade do concurso de crimes, bem como a questão da
prescrição nessas hipóteses
Introdução
O Direito Penal é o ramo do Direito Público que tem como atribuição principal proteger os bens jurídicos
relevantes à sociedade. Além disso, possui um caráter sancionatório para aqueles que violarem a norma penal,
ligada ao cometimento de alguma infração penal.
 
O concurso de crimes está relacionado a casos em que há uma pluralidade de resultados previstos em um ou
mais tipos penais, que podem decorrer de uma ou mais condutas humanas. Para esses casos, há diferentes
tratamentos jurídico-dogmáticos, que acarretarão diversas consequências para a dosimetria da pena. Tais
detalhes serão estudados nos módulos a seguir.
• 
• 
• 
1. Objetos e as concepções gerais e específicas do concurso de crimes
Conceito
No vídeo a seguir, veremos o que é o concurso de crimes e quais as suas espécies. Vamos assistir!
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
O concurso de crimes é definido pela hipótese em que o agente, com uma ou diversas condutas, realiza uma 
pluralidade de delitos. Nessa perspectiva, o concurso de crimes surge quando um sujeito, através de uma
unidade ou pluralidade de comportamentos, pratica dois ou mais crimes (BITENCOURT, 2017, p. 822).
 
O concurso de crimes pode ocorrer ainda entre crimes e contravenções penais, bem como entre delitos de
diversas espécies, podendo esses ser:
 
Omissivos ou comissivos
Dolosos ou culposos
Consumados ou na modalidade tentada
Simples ou qualificados
 
Assim sendo, considerando que não deverá ser aplicada a mesma pena para o agente que pratica mais de um
crime e para outro que pratica apenas um, foram criados critérios para aplicação da pena às diversas espécies
de crimes.
Teorias e sistemas do concurso de crimes
Quanto aos sistemas penais de aplicação de pena, utilizados como critérios de aferição da conduta atinentes
ao concurso de crimes, a doutrina majoritária trabalha com quatro (BITENCOURT, 2017, p. 822-823), sendo
eles:
Cúmulo material
São somadas as penas aplicadas aos crimes isoladamente.
• 
• 
• 
• 
Cúmulo jurídico
A pena a ser aplicada deverá ser maior do que a pena cominada a cada um dos crimes sem, contudo,
chegar à soma delas. Aqui aplica-se uma pena não tão grave como no caso do cúmulo material.
Absorção
Aplica-se apenas a pena do delito mais grave, restando desprezada a pena dos crimes menos graves.
Aqui, o delito mais grave “absorve” o delito menos grave.
Exasperação
É aplicada a pena do crime mais grave, podendo ser aumentada conforme a quantidade e prática de
outros crimes.
Comentário
Destaca-se que o Direito brasileiro adota apenas os sistemas de cúmulo material (concurso material e
concurso formal impróprio) e a exasperação (concurso formal próprio e crime continuado). 
Espécies de concurso de crimes
A doutrina majoritária trabalha com três espécies de concursos de crimes, sendo elas:
 
Concurso material
Concurso formal
Crime continuado
 
Vamos estudar cada uma dessas espécies a seguir.
Concurso material
O concurso material, também chamado de concurso real, é compreendido a partir da prática de duas ou mais
condutas praticadas dolosa ou culposamente, que produzam dois ou mais resultados idênticos ou não e que
estão vinculadas pela identidade do agente, sendo irrelevante se os fatos delituosos foram praticados no
mesmo instante ou em dias diferentes (CAPEZ, 2012, p. 533). Tem como base legal o art. 69 do Código Penal,
que diz:
• 
• 
• 
Art. 69 - Quando o agente, MEDIANTE MAIS DE UMA ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
(Código Penal, grifo nosso)
Assim sendo, observam-se dois requisitos imprescindíveis para sua constatação:
 
Pluralidade de condutas & Pluralidade de resultados contidos em diversos tipos penais
 
Além disso, o concurso real é subdivido em duas espécies (CAPEZ, 2012, p. 533), quais sejam:
Homogênea
A espécie homogênea é constada na hipótese
em que, diante da conduta delituosa,
desencadeiam-se resultados idênticos (ex.:
dois furtos fora do mesmo contexto fático).
Heterogênea
No caso da espécie heterogênea, os resultados
podem ser diversos (ex.: ocorrência de roubo e
estupro).
Concurso formal
O concurso formal, também conhecido como concurso ideal, ocorre quando o agente, mediante apenas uma
conduta delitiva (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes que podem ser idênticos ou não. Tem seu
embasamento legal no art. 70 do Código Penal, que perfaz:
Art. 70 - Quando o agente, mediante UMA só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
(Código Penal, grifo nosso)
Diante disso, o concurso formal tem como requisitos (CAPEZ, 2012, p. 534-535) a conduta única, que poderá
ser fracionada ou não, e a pluralidade de crimes. Além disso, diz-se que possui quatro espécies (CAPEZ, 2012,
p. 535-536):
Modalidade homogênea
Ocorre quando se pratica mais de um crime da mesma espécie com resultados idênticos (ex.: lesões
corporais em várias vítimas em acidente automobilístico).
Concurso formal heterogêneo
Ocorre quando uma única ação dá causa a vários crimes, havendo, assim, resultados diversos (ex.:
durante um acidente automobilístico em que o agente lesiona duas pessoas e mata outra pessoa,
ocorre concurso entre lesões corporais e homicídio).
Concurso formal perfeito ou próprio
Dá-se quando o fato típico resulta de um único desígnio, ou seja, uma conduta dá causa a dois ou
mais resultados (ex.: o sujeito dirige em alta velocidade e atropela e mata diversas pessoas).
Modalidade imperfeita ou imprópria
É o resultado de desígnios autônomos, na medida em que o agente, a priori, executa uma só ação,
mas intimamente deseja que sua única conduta atinja outros resultados ou aceita o risco de produzi-
los (ex.: o sujeito incendeia uma casa de madrugada para matar seu desafeto, sabendo que a família
deste encontra-se dormindo no mesmo local, morrendo todos ao final).
Sobre os desígnios autônomos, entende-se que estão presentes quando o agente tem conhecimento e
vontade de realizar mais de um resultado típico, isto é, quando há dolo diferenciado para cada um dos
resultados (SOUZA; JAPIASSÚ, 2018, p. 385). A jurisprudência inclusive considera que há concurso formal na
modalidade imprópria não só no dolo direto, mas também quando presente dolo eventual. Nesse sentido, o
seguinte foi julgado do Supremo Tribunal Federal:
HABEAS CORPUS. JÚRI POPULAR. ABERRATIO ICTUS. DOLO EVENTUAL. ALEGADA NULIDADE DO
ACÓRDÃO CONFIRMATÓRIO DO JULGAMENTO. Nulidade não configurada. Ocorrendo a figura da
aberratio ictus, mas com dolo eventual, em face da previsibilidade do risco de lesão com relação a
terceiros, conquanto se tenha concurso formal de crimes dolosos, as penas são aplicadas
cumulativamente, de conformidade com a norma do art. 70, parte final, do CódigoPenal.
Constrangimento ilegal não caracterizado. Habeas Corpus conhecido, mas indeferido.
(STF. HC 73548/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 17/05/1996)
Crime continuado
A doutrina majoritária brasileira entende que o Código Penal determina que crime continuado tem natureza
jurídica como unidade ou ficção jurídica (BITENCOURT, 2017, p. 824), fundamentando a figura em fins de
política criminal, dado que, com a figura, vários crimes distintos são punidos de maneira mais branda. Assim
sendo, ocorre quando o sujeito, por meio de mais de uma conduta delitiva (ação ou omissão), pratica dois ou
mais crimes de mesma espécie, e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (BITENCOURT, 2017, p.
824).
 
Sua base legal é o art. 71 do Código Penal, que diz:
"Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições
de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro, aplica-
se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a
dois terços (perceber que no concurso formal a
exasperação é de 1/6 até metade).
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra
vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 (cúmulo material benéfico) e do art. 75 (pena
não pode passar de 30 anos) deste Código.” (Código Penal, grifo nosso)
 
O concurso material e o formal não se confundem com o crime continuado. Vejamos:
Concurso material
Ocorrerá se o agente pratica diversas condutas
delitivas (ações ou omissões), em locais
diferentes, executando-os de maneira também
diversa e com considerável intervalo temporal.
Concurso formal
Há apenas uma ação que poderá se desdobrar
em vários atos, não condutas variadas.
Resumindo
O que diferencia fundamentalmente os institutos, além da exigência de duas ou mais condutas, são os
critérios trazidos pelo art. 71 do CP, como crimes da mesma espécie, condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outros semelhantes. 
Crimes da mesma espécie, segundo doutrina e jurisprudência majoritárias, são aqueles que violam o mesmo
bem jurídico (SOUZA, 2017, p. 224). Há antigo e superado entendimento de que crimes da mesma espécie
seriam somente aqueles descritos no mesmo tipo penal. Entretanto, conforme dito, a teoria hodiernamente
dominante determina que crimes da mesma espécie não precisam ser os do mesmo tipo penal, bastando que
violem o mesmo bem jurídico. Leia com atenção o seguinte precedente:
“1. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça compreende que, para a caracterização
da continuidade delitiva, é imprescindível o
preenchimento de requisitos de ordem objetiva
(mesmas condições de tempo, lugar e forma de
execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou
vínculo subjetivo entre os eventos), nos termos
do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que
os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto,
não é necessário que os fatos sejam
capitulados no mesmo tipo penal, sendo
suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e
sejam perpetrados pelo mesmo modo de
execução.
2. Para fins da aplicação do instituto do crime continuado, art. 71 do Código Penal, pode-se afirmar que os
delitos de estupro de vulnerável e estupro, descritos nos arts. 217-A e 213 do CP, respectivamente, são
crimes da mesma espécie.” (STJ. REsp 1.767.902/RJ, Sexta Turma, Min. Rel. Sebastião Reis Júnior, DJ
04/02/2019).
 
Ainda sobre o tema, o informativo 493 do Superior Tribunal de Justiça expôs o entendimento da Sexta Turma
do STJ, segundo o qual é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os delitos de apropriação indébita
previdenciária (art. 168-A, CP) e os de sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A, CP). O
informativo diz o seguinte:
Crime continuado. Previdência social
A Turma entendeu que é possível o
reconhecimento da continuidade delitiva entre
o crime de sonegação previdenciária (art. 337-
A do CP) e o crime de apropriação indébita
previdenciária (art. 168-A do CP) praticados na
administração de empresas de um mesmo
grupo econômico. Entendeu-se que, apesar de
os crimes estarem tipificados em dispositivos
distintos, são da mesma espécie, pois violam o
mesmo bem jurídico, a previdência social. No
caso, os crimes foram praticados na
administração de pessoas jurídicas diversas,
mas de idêntico grupo empresarial, havendo
entre eles vínculos em relação ao tempo, ao
lugar e à maneira de execução, evidenciando
ser uma continuação do outro. Precedente citado do STF: AP 516-DF, DJe 6/12/2010; do STJ: HC 86.507-SP,
DJe 1º/7/2011, e CC 105.637-SP, DJe 29/3/2010.” (STJ. REsp 1.212.911-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 20/3/2012).
 
Veja agora a ementa do seguinte julgado da Sexta Turma:
“RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA
PREVIDENCIÁRIA - ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL.
SONEGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA - ART. 337-A DO CÓDIGO
PENAL. CONTINUIDADE DELITIVA. POSSIBILIDADE.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA PRATICADA EM
EMPRESAS DIVERSAS PERTENCENTES AO MESMO GRUPO
EMPRESARIAL. CRIME CONTINUADO. POSSIBILIDADE.
1. É possível o reconhecimento de crime continuado em
relação aos delitos tipificados nos artigos 168-A e 337-A do
Código Penal, porque se assemelham quanto aos elementos
objetivos e subjetivos e ofendem o mesmo bem jurídico
tutelado, qual seja, a arrecadação previdenciária.
2. A prática de crimes de apropriação indébita
previdenciária em que o agente estiver à frente de
empresas distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo empresarial, não afasta o reconhecimento da
continuidade delitiva.
3. Recurso especial a que se nega provimento.” (STJ. REsp 859.050/RS, Sexta Turma, Min. Rel. Rogério Schietti
Cruz, DJ 13/12/2013).
 
Entretanto, o tema não está devidamente pacificado. Isso porque há entendimento contrário no próprio STJ,
vindo da Quinta Turma, no sentido de não ser possível o reconhecimento da continuidade delitiva entre as
figuras:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
E SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DELITOS DE ESPÉCIES DIVERSAS. DESCRIÇÃO DE
CONDUTAS DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE CRIME CONTINUADO.I - Os delitos
de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, previsto nos arts.
168-A e 337-A, ambos do Código Penal, embora sejam do mesmo gênero, são de espécies diversas,
porquanto os tipos penais descrevem condutas absolutamente distintas.II - Esta Corte Superior tem
entendimento consolidado no sentido de que é impossível o reconhecimento da continuidade delitiva
entre crimes de espécies distintas. Precedentes.Agravo regimental desprovido.
(STJ. AgRg no AREsp 1.172.428/SP, Quinta Turma, Min. Rel. Felix Fischer, DJ 20/06/2018)
Ainda com relação aos crimes da mesma espécie, o STJ firmou entendimento que não é possível o
reconhecimento de crime continuado entre roubo e latrocínio porque:
Leia com atenção o importante excerto do voto do ministro Ribeiro Dantas, relator do HC 189.134/RJ,
acompanhado unanimemente pelos demais ministros da Quinta Turma do STJ, in verbis:
 
“No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar o requisito subjetivo
supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram as instâncias ordinárias, porquanto não há
adimplemento do requisito objetivo da pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados
aqueles crimes tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples, privilegiada
ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos,tendo, pois, a mesma estrutura jurídica.
Roubo 
Tutela o patrimônio e a integridade física
Latrocínio 
Tutela o patrimônio e a vida
Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade
individual (grave ameaça); por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.” (STJ. HC 189.134/RJ, Quinta
Turma, Min. Rel. Ribeiro Dantas, DJ 12/08/2016).
Já sobre o chamado nexo de continuidade delitiva, isto é, as “condições de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes” exigidas pelo art. 71, do CP, não há entendimento pacífico. As condições de tempo, por
exemplo, não possuem marcos precisos, limitando-se a exigir certa periodicidade entre condutas.
 
O STJ compreende que, em regra, esse lapso temporal não pode ultrapassar 30 (trinta) dias, porém esse
prazo não é absoluto, devendo-se analisar outras circunstâncias do caso concreto, in verbis:
"3. Não há determinação expressa no art. 71,
caput, do Código Penal, sobre o lapso temporal
limite para o reconhecimento do crime
continuado. Sem especificação legal sobre o
prazo máximo para configurar a continuidade
delitiva, e sendo o entendimento majoritário da
jurisprudência dos Tribunais Superiores no
mesmo sentido da decisão ora impugnada (de
que as infrações devem ser praticadas no prazo
de trinta dias), não prospera a revisão criminal
fundada no art. 621, inciso I, do Código de
Processo Penal.
4. Ad argumentandum tantum, é razoável que
se afaste a continuidade delitiva nos casos em
que o crime pode ser cometido a qualquer
tempo - como a figura típica praticada pelo Requerente -, mas o agente entende por bem praticá-lo mais de
uma vez em ocasiões distintas, em intervalos superiores a trinta dias, porquanto é possível aferir do
procedimento do agente a habitualidade criminosa."
(STJ. RvCr 4.890/DF, Terceira Seção, Min. Rel. Laurita Vaz, DJ 02/06/2021).
Ademais, não é necessário que os atos sejam realizados no mesmo lugar, mas que tais lugares sejam
compatíveis com a noção de continuidade. Se os fatos forem cometidos em comarcas distantes, o STJ tem
entendimento de que não é possível reconhecer a continuidade delitiva. Leia a seguinte ementa:
“RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO. COMARCAS
DIVERSAS. REITERAÇÃO DELITIVA. CONTINUIDADE
DELITIVA. AFASTAMENTO. CONCURSO MATERIAL.
RECURSO PROVIDO.
1. Conforme entendimento consolidado neste Superior
Tribunal, para a caracterização da continuidade delitiva (art.
71 do Código Penal), é necessário que estejam preenchidos,
cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva
(pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lugar e
modo de execução) e o de ordem subjetiva, assim
entendido como a unidade de desígnios ou o vínculo
subjetivo havido entre os eventos delituosos.
2. Nos termos da reiterada jurisprudência desta Corte, os
delitos de roubo cometidos em comarcas diversas (Belo
Horizonte - MG e Matipó - MG, distantes 249 km uma da outra) configuram a prática de atos independentes,
característicos da reiteração criminosa, em que deve incidir a regra do concurso material, e não a da
continuidade delitiva.
3. Recurso especial conhecido e provido, a fim de majorar a pena para 11 anos e 2 meses de reclusão mais 21
dias-multa.” (STJ. REsp 1.588.832/MG, Sexta Turma, Min. Rel. Rogério Schietti Cruz, DJ 09/05/2016).
 
Quanto ao modo de execução, exige-se o mesmo modus operandi na prática dos delitos. Por fim, entende-se
que a cláusula aberta de outras condições semelhantes outorga certa discricionariedade ao intérprete,
facultando-o à análise de outras circunstâncias que possam denotar a ideia de continuidade (SOUZA, 2017, p.
224).
 
O STF sumulou o entendimento de que, nos casos de crime continuado ou habitual e de lei posterior mais
grave, esta será aplicada se a sua vigência for anterior ao fim da continuidade ou habitualidade (Súmula 711).
 
Ademais, vale observar que a Reforma de 1984 da Parte Geral do Código Penal superou o antigo
entendimento do STF (Súmula 605), segundo o qual não era possível a continuidade delitiva em crimes
dolosos contra a vida. Com o advento da Lei de 1984, o novo art. 71, parágrafo único, do CP, passou a prever a
continuidade delitiva para crimes dolosos com violência ou grave ameaça a diversas vítimas:
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.
(Código Penal, grifo nosso)
Verificando o aprendizado
Questão 1
(VUNESP – 2018) O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas
no interior de um automóvel e ateou fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as
vítimas. A hipótese narrada é denominada
A
concurso material homogêneo.
B
concurso formal próprio.
C
concurso material heterogêneo.
D
concurso formal impróprio.
E
crime continuado.
A alternativa D está correta.
Havendo uma só conduta que produz múltiplos resultados típicos, trata-se de concurso formal, faltando
determinar se é a hipótese do concurso formal próprio ou impróprio. A narrativa fática do enunciado
explicita tratar-se de homicídio praticado na modalidade dolosa em relação a todas as vítimas. Portanto,
tratando-se de múltiplos resultados produzidos na modalidade dolosa, há desígnios autônomos, ocorrendo
a figura do concurso formal impróprio.
Questão 2
(CESPE/CEBRASPE – 2004) Paulo, utilizando-se de arma de fogo, disparou um tiro contra
Antônio, matando-o e ferindo gravemente Tadeu, que passava pelo local. Nesse caso
hipotético, diz-se que ocorreu
A
concurso material.
B
concurso formal.
C
crime continuado.
D
aberratio ictus.
E
aberratio criminis.
A alternativa B está correta.
Paulo, mediante somente uma conduta (disparo de arma de fogo), produziu dois resultados típicos (morte
de Antônio — art. 121, CP — e lesão grave de Tadeu — art. 155, CP). Portanto, ocorre o concurso formal,
regulado pelo art. 70, CP (“Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não”).
2. Teorias e espécies de concurso de crimes
Regras na fixação da pena
Tendo em vista que os institutos que compõem o concurso de crimes formam critérios para a aferição das
condutas no momento de compreender a aplicação da pena, abordaremos a partir de agora as regras de
fixação da pena, considerando as circunstâncias especiais de cada caso.
Regras aplicáveis ao concurso material
Conforme já aprendido no módulo anterior, o sistema que se aplica ao concurso material é o cúmulo material,
que se caracteriza pelo somatório individualizado das penas relativas aos crimes imputados.
 
No cúmulo material, o magistrado deverá fixar, separadamente, a pena correspondente a cada um dos
crimes.
Em seguida, na sentença condenatória, deverá somar uma a uma (CAPEZ, 2012, p. 533).
 
Nesse caso, o fato de o juiz fixar individualmente cada pena alinha-se com o princípio constitucional da
individualização da pena, o que não gera ilegalidade na formação da sentença (CAPEZ, 2012, p. 533).
Exemplo
Considere um caso de roubo seguido de estupro em concurso material. Aqui, em primeiro lugar, fixa-se a
pena de roubo e, em seguida, seu regime inicial de cumprimento de pena para, assim, termos a pena “X”.
Em segundo lugar, tem-se a fixação da pena de estupro e do regime inicial, gerando a pena “Y”. Por fim,
para a configuração do concurso material, somamos as penas para termos a pena final (X + Y = Z). 
Quanto ao somatório das penas, segundo o art. 66, inciso III, alínea a da Lei de Execução Penal, cabe ao juiz
da execução o somatório/unificação das penas relativas aos delitos julgados em concurso material em
processos diferentes. O diploma legal preceitua:
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:[...]III - decidir sobre:a) soma ouunificação de penas; [...].
(LEI Nº 7.210/1984)
Todavia, o Código Penal faz algumas ressalvas quanto ao cumprimento de pena referente a processos
distintos. O art. 69 do Código Penal traz a hipótese em que existam dois ou mais crimes, cuja pena se fixou
em detenção e reclusão. Nesse caso, deverá ser executada a primeira pena e, após finda, a segunda. Nestes
termos:
• 
• 
“Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela.”
(Código Penal, grifo nosso)
 
Além disso, o mesmo artigo, no §1º, trabalha a
hipótese de concurso de crimes, para cujo
primeiro delito cabe pena privativa de liberdade
(PPL) e para o outro crime cabe pena restritiva
de direitos (PRD). Caso o réu seja condenado primeiro pela PPL, sem aplicação do sursis, não poderá ser
aplicada PRD para os outros crimes. Assim dispõe:
Art. 69, §1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade,
não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44
deste Código.
(Código Penal, grifo nosso)
Ao final do art. 69, o §2º vem trazer o caso do réu condenado por diversas penas restritivas de direitos. Aqui,
a aplicação da pena se dará simultaneamente para as penas que forem compatíveis, e sucessivamente para as
incompatíveis. Nestes termos: “§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais”.
 
Além disso, cabe mencionar a relação entre o concurso material e a suspensão condicional do processo. A Lei
nº 9.099 de 1995 (Lei dos Juizados Especiais) veio com o objetivo de simplificar algumas questões antes
trazidas pelo Código Penal. Segundo a lei, nos crimes cuja pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, o Ministério Público poderá propor a suspensão condicional do processo por determinado período, a fim
de que o acusado não seja processado, ficando obrigado a cumprir determinados requisitos.
 
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
Penal).” (LEI Nº 9.099/1995)
Nesse caso, quanto ao concurso de crimes, a Súmula 243 do Superior Tribunal de Justiça estabeleceu limites
na hipótese de concurso material. Nestes termos:
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
(SÚMULA Nº 243, STJ)
Só será aplicável a suspensão condicional do processo, na hipótese de concurso material, quando a
soma das penas mínimas cominadas resultar em pena não superior a um ano.
Regras aplicáveis ao concurso formal
O concurso formal de crimes poderá sofrer incidência direta de dois sistemas de aplicação de pena, quais
sejam:
 
Exasperação (concurso formal próprio)
 &
Cúmulo material (concurso formal impróprio)
 
O primeiro que trabalharemos é o concurso formal próprio, presente no art. 70, caput, 1ª parte do Código
Penal, que serve como critério que incide na terceira fase de aplicação da pena. Considerando que para esse
caso não há desígnios autônomos, haverá a exasperação de uma das penas que, por ser um sistema menos
rigoroso que o cúmulo material, não admite que se ultrapasse os limites aplicáveis a esta, por expressa
vedação do art. 70, parágrafo único, do CP (ZAFFARONI; PIERANGELI, p. 727).
 
Nesse sentido, quanto às espécies, o concurso formal próprio pode ser (CAPEZ, 2012, p. 535):
Homogêneo
Será aplicada qualquer uma das penas, dado
que os resultados e a figura típica são idênticos,
pois a norma em que se enquadra a conduta
típica é a mesma.
Heterogêneo
Aplica-se a pena mais grave, em razão dos
resultados serem diversos, e os bens jurídicos
serem atingidos com intensidades diferentes.
Não se pode deixar de destacar que nos dois casos aumenta-se a pena de 1/6 até a metade de acordo com o
número de infrações penais realizadas. Segundo apontam a doutrina e a jurisprudência, o percentual de
aumento segue a seguinte ordem:
 
2 crimes Aumenta-se 1/6
3 crimes Aumenta-se 1/5
4 crimes Aumenta-se 1/4
5 crimes Aumenta-se 1/3
6 crimes ou mais Aumenta-se 1/2
Exemplo
No caso de triplo homicídio culposo (concurso formal homogêneo), na terceira fase de fixação da pena
(análise das majorantes e minorantes), o magistrado majora a pena de um dos crimes, de 1/5, para se
chegar à reprimenda final. 
Já no caso do concurso formal impróprio (art. 70, caput, 2ª parte do CP), tem-se a aplicação do sistema do
cúmulo material, que segue a mesma linha do concurso material de crimes. Ou seja, para a sua configuração,
deverá o agente prosseguir com sua conduta alinhada com desígnios autônomos, fazendo jus ao somatório
individual das penas.
 
É importante mencionar a possibilidade de incidência do concurso material benéfico, que surge para trazer
proporcionalidade na fixação das penas a partir da regra geral da exasperação.
Assim, o concurso material benéfico ocorre se, da aplicação da regra do concurso formal, a pena
tornar-se superior à que resultaria da aplicação do concurso material (soma de penas), deve-se
seguir este último critério (art. 70, parágrafo único, CP). Impede-se, dessa forma, que, numa
hipótese de aberratio ictus (homicídio doloso mais lesões culposas), se aplique ao agente pena mais
severa, em razão do concurso formal, do que a aplicável, no mesmo exemplo, pelo concurso
material. Quem comete mais de um crime, com uma única ação, não pode sofrer pena mais grave do
que a imposta ao agente que reiteradamente, com mais de uma ação, comete os mesmos crimes.
Caso se aplique a exasperação da pena e ela fique superior ao resultado do concurso material, dado que a
regra da exasperação veio como critério menos rigoroso de aplicação da pena, em razão da ausência de
desígnios autônomos, principalmente no caso de aberratio ictus (erro na execução), deverá seguir-se o critério
do somatório das penas.
Exemplo
“X” atira em “Y” para matar. A munição atravessou o corpo de “Y”, que morreu na hora, e foi parar no
braço de “Z”, que estava atrás de “Y”, ocasionando lesão corporal culposa. Esse é um caso de concurso
formal heterogêneo que advém da prática de homicídio doloso (art. 121 do CP — pena de 6 a 20 anos)
em concurso formal com lesão corporal culposa (art. 129 do CP — pena de 3 meses a 1 ano). Aqui, se
fosse utilizado o critério da exasperação no caso de aplicação da pena mínima de ambos, o somatório
ficaria em 6 anos e 3 meses, sendo inferior ao resultado da exasperação, que seria 1/6 de 6 anos = 1 ano
(pena mais grave) mais 6 anos (pena mais grave), o que resultaria em 7 anos de reprimenda. Desse
modo, considerando que o somatório das penas seria mais favorável ao réu, aplica-se o concurso
material benéfico (cúmulo material benéfico). A base legal para tal feito é o art. 70, parágrafo único do
CP, que dispõe: “Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 (concurso material)
deste Código”. 
Regras aplicáveis ao crime continuado
O sistema aplicado no caso do crime continuado (simples) é o mesmo do concurso formal próprio, qual seja, a
exasperação. Assim, a pena aplicada poderá ser majorada de 1/6 até 2/3 a depender do número de crimes.
Desse modo, a doutrina majoritária e a jurisprudência têm adotado os seguintes critérios para a fixação da
pena noscasos de crime continuado (CAPEZ, 2012, p. 538):
 
2 crimes Aumenta-se 1/6
3 crimes Aumenta-se 1/5
4 crimes Aumenta-se 1/4
5 crimes Aumenta-se 1/3
6 crimes Aumenta-se 1/2
7 crimes ou mais Aumenta-se 2/3
 
No caso de crime continuado específico (crime doloso praticado com violência ou grave ameaça contra
vítimas diferentes), aplica-se a pena do crime mais grave aumentada até o triplo (2012, p. 538). No crime
continuado, também se aplica o critério do concurso material benéfico, na hipótese em que a pena for
superior à resultante do cúmulo material (concurso material benéfico).
 
Além disso, há a possibilidade de incidência de aumento de pena no crime continuado, dado que, diante do
critério trifásico da pena, deverá o aumento incidir não sobre a pena-base, mas sobre o resultado da pena
(ultrapassada a análise das circunstâncias agravantes e atenuantes).
 
Por fim, destaca-se que o momento da unificação da pena poderá se dar por dois caminhos diferentes:
Há que se analisar a situação do crime continuado específico contido no art. 71, parágrafo único, do CP. Para
essa figura, segundo a jurisprudência, não se deve apenas analisar o critério objetivo do número de delitos,
mas também os requisitos subjetivos, consubstanciados na análise dos seguintes pontos:
 
Culpabilidade
Antecedentes
Conduta social
Personalidade do agente
Motivos
Circunstâncias do crime
 
Veja a seguir a ementa de um julgado do STJ que exemplifica esse entendimento:
“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.
INSURGÊNCIA MINISTERIAL. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. FRAÇÃO APLICADA PELA
CONTINUIDADE DELITIVA. PENA-BASE ACIMA
DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS NEGATIVAS. PROPORCIONALIDADE.
DOIS CRIMES. FRAÇÃO DE 3⁄4 APLICADA PELAS
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REDUÇÃO AO
PATAMAR DE 1⁄6. DECISÃO MONOCRÁTICA
REFORMADA. RESTABELECIMENTO DO
ACÓRDÃO. ORDEM DENEGADA. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO.
1. Tendo em vista as razões trazidas pelo
Ministério Público Federal, a decisão
monocrática agravada deve ser reformada.
2. A fração de aumento pela continuidade delitiva específica descrita no art. 71, parágrafo único, do Código
Penal, pressupõe a análise de requisitos objetivos (quantidade de crimes praticados) e subjetivos, estes
consistentes na análise da culpabilidade, dos antecedentes, da conduta social, da personalidade do agente,
dos motivos e das circunstâncias do crime. Ponderadas as circunstâncias judiciais negativas – elevado grau
de culpabilidade – e a ocorrência de dois delitos, não há falar em ilegalidade na fixação do aumento de 3/4
decorrente da continuidade delitiva.
Primeira hipótese 
Quando todos os delitos que compõem a
série continuada forem objetos de um
mesmo processo, o magistrado deverá
unificar as penas, aplicando a regra do art. 71
do CP.
Segunda hipótese 
Caso os delitos tramitem processos
diversos, a unificação das penas ficará a
cargo do juiz da execução, que na
oportunidade aplicará os critérios do
art. 71 do CP.
• 
• 
• 
• 
• 
• 
3. Agravo regimental provido para denegar o habeas corpus.” (STJ. AgRg no HC 512.498/SP, Sexta Turma, Min.
Rel. Nefi Cordeiro, DJ 23/09/2019).
Fixação da pena no concurso de crimes
No vídeo a seguir, entenderemos mais sobre a fixação da pena no concurso material, formal e no crime
continuado. Vamos assistir!
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Pena de multa
O art. 72 do Código Penal determina que, no concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente. Esse entendimento é pacífico no que tange aos concursos material e formal.
 
Todavia, não é aplicável em relação ao crime continuado, considerado crime único para fins de aplicação de
pena. Assim, em caso de crime continuado, o entendimento mais recente do STJ é no sentido em que também
se aplica a exasperação do art. 71, CP, para a pena de multa, in verbis:
A jurisprudência desta Corte assentou compreensão no sentido de que o art. 72 do Código Penal é
restrito às hipóteses de concursos formal ou material, não sendo aplicável aos casos em que há
reconhecimento da continuidade delitiva. Desse modo, a pena pecuniária deve ser aplicada conforme o
regramento estabelecido para o crime continuado, e não cumulativamente, como procedeu a Corte de
origem.
(STJ. AgRg no AREsp 484.057/SP, Quinta Turma, Min. Rel. Jorge Mussi, DJ 09/03/2018).
Extinção de punibilidade no concurso de crimes
A extinção da punibilidade no concurso de crimes se dará de forma individualizada, independentemente de
qual espécie de crime for analisada no caso concreto.
Seguindo o disposto no art. 119 do Código Penal: “No caso de concurso de crimes, a extinção da
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”. Além disso, a mesma regra incidirá na
hipótese de prescrição, prescrevendo cada crime isoladamente.
Mesmo para o caso de crime continuado, no qual a jurisprudência entende ser crime único para fins de
dosimetria da pena, aplica-se o art. 119, do CP. Dessa forma, na prática, para fins de prescrição, entende-se
que também o crime continuado é um caso de concurso de crimes. Isso ocorre em decorrência da Súmula 497
do Supremo Tribunal Federal, que dispõe: “Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”.
 
Exemplificativamente, o ministro Gilmar Mendes reforça o aqui exposto:
“Conforme o Direito brasileiro, a prescrição
executória é examinada considerando-se a
pena concreta prevista para cada um dos
crimes isoladamente, como estabelece o art.
119 do Código Penal.
A Súmula 497/ STF, por sua vez, determina que
‘quando se tratar de crime continuado, a
prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, não se computando o acréscimo
decorrente da continuação’.” (STF. Ext 1.488,
Segunda Turma, Min. Rel. Gilmar Mendes, DJe
143, de 30/06/2017).
Exemplo
Suponha que um agente praticou cinco homicídios dolosos em continuidade delitiva. No momento da
dosimetria da pena, o magistrado decidiu por manter todos os homicídios no mínimo legal de seis anos.
Por serem delitos dolosos contra a vida de diferentes vítimas, o magistrado decidiu aplicar a
exasperação nos termos do art. 71, parágrafo único, do CP, aumentando a pena em dobro, totalizando o
patamar de doze anos.Nesse caso, a contagem do prazo prescricional não terá como base o patamar
final de doze anos da pena aplicada, mas cada delito terá seu prazo prescricional contado
autonomamente. Como todos os homicídios tiveram a pena fixada em seis anos, conta-se o prazo
prescricional de cada um tendo-se como parâmetro o art. 109, III, CP (“em doze anos, se o máximo da
pena é superior a quatro e não excede a oito”). 
Verificando o aprendizado
Questão 1
(ESMARN - 2014) Acerca do concurso de crimes, assinale a alternativa correta.
A
O concurso formal próprio é causa de aumento de pena e incide na terceira fase de aplicação da pena.
B
A sentença, quando aplica a pena em concurso material de crimes, não precisa especificar qual a forma de
concurso que está reconhecendo.
C
É caso de concurso material de crimes quando o agente, mediante uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicando-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido.
D
No concurso material, a suspensão condicional do processo somente é admissível quando a somatória das
penas impostas ao acusado preencha os pressupostos do art. 89 da Lei nº 9.099/05, de modo que o total das
penas mínimas deve ser igual ou inferior a dois anos.
E
Imperfeito ou impróprio corresponde à modalidade de concurso formal que se verifica quando a conduta
culposa do agente e os crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos.
A alternativa A está correta.
O concurso formal próprio segue a regra prevista no art. 70, que ocorre “quando o agente, mediante uma só
ação ou omissão, pratica 2 ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de1/6 até 1/2”. Assim, aplica-se a regra
da exasperação (majoração) na terceira fase da dosimetria da pena.
Questão 2
(FEPESE - 2010) Com relação ao concurso de crimes, assinale a alternativa correta.
A
No crime continuado simples, aplicar-se-á a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
B
O agente que, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, sem
violência ou grave ameaça à pessoa, pratica crime continuado qualificado.
C
O concurso material, que pode ser homogêneo ou heterogêneo, ocorre quando o agente, mediante uma só
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, as penas correspondentes aos
crimes devem ser somadas.
D
Verifica-se o fenômeno do concurso material quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.
E
No concurso formal imperfeito, aplicar-se-á a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
A alternativa A está correta.
Crime continuado simples é aquele cujas penas dos delitos são idênticas. Por exemplo, para três furtos
simples de acordo com requisitos do crime continuado, aplica-se a pena de um só dos crimes, aumentada
de um sexto a dois terços.
3. Cálculo de pena
Tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
Desde a redação original do Código Penal, datada de 1940, o limite temporal do cumprimento da pena
privativa de liberdade no Brasil era o marco de 30 anos (antigo art. 55). A reforma da parte geral do Código
Penal, ocorrida em 1984, por meio da Lei nº 7.209, manteve esse marco temporal no então novo art. 75, CP.
 
Entretanto, a Lei nº 13.964 de 2019, popularmente conhecida como Pacote Anticrime, alterou o art. 75, do CP,
ampliando o tempo máximo de cumprimento para 40 anos, in verbis:
 
“Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta)
anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta)
anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação,
desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.” (Código Penal, grifo nosso).
Caso o cálculo de penas no concurso de crimes ultrapasse o marco-limite de 40 anos, as penas
devem ser unificadas de modo a respeitar esse limite, conforme versa o §1º do art. 75, CP.
Além disso, o §2º do art. 75, CP, estabelece uma exceção à regra limitadora do tempo de prisão: se houver
condenação por fato posterior ao início do cumprimento de pena, haverá nova unificação, desconsiderando
aquele tempo de pena já cumprido. Em outras palavras, um indivíduo poderá ficar mais tempo no cárcere do
que aquele determinado no caput do art. 75, CP na hipótese de cometimento de novo delito na prisão
(SOUZA, 2017, p. 231).
Atenção
É importante observar que, por força do princípio da legalidade penal, em seu vetor lex previa - a própria
anterioridade da lei penal (art. 5º, XL, CRFB/88 e art. 2º, CP), o marco temporal de 40 anos só será
aplicável a fatos posteriores à vigência da Lei nº 13.964/2019. Os fatos anteriores continuarão regulados
pelo antigo art. 75, CP, que previa o marco máximo de 30 anos de privação de liberdade. 
Veja a antiga redação do art. 75, caput e §1º, do Código Penal:
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta)
anos.§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
(Código Penal, grifo nosso)
Os exemplos a seguir podem ajudá-lo a compreender melhor essa questão.
 
Hipótese 1:
 
O agente foi condenado por três homicídios qualificados em concurso material, todos no patamar mínimo
estabelecido pelo art. 121, §2º, CP, de doze anos. Assim, pelo critério do cúmulo material, chegou-se ao
patamar de 36 anos de reclusão.
Variação 1
O fato ocorreu antes da vigência da Lei nº
13.964/2019.
Solução: como a antiga redação do art. 75 do
CP determinava que o limite de cumprimento de
pena era o patamar de 30 anos, apesar de o
cálculo da pena ter chegado aos 36 anos de
reclusão, o agente somente cumprirá 30 anos.
Variação 2
O fato ocorreu após a vigência da Lei nº
13.964/2019
 
Solução: com a vigência da Lei nº 13.964/2019,
aumentou-se o limite de cumprimento de pena
para 40 anos, de modo que o agente cumprirá
os 36 anos de reclusão.
Hipótese 2:
 
O agente foi condenado por quatro homicídios qualificados em concurso material, todos no patamar mínimo
estabelecido pelo art. 121, §2º, CP, de doze anos. Assim, pelo critério do cúmulo material, chegou-se ao
patamar de 48 anos de reclusão.
Variação 1
O fato ocorreu antes da vigência da Lei nº
13.964/2019.
Solução: como a antiga redação do art. 75 do
CP determinava que o limite de cumprimento de
pena era o patamar de 30 anos, apesar de o
cálculo da pena ter chegado aos 48 anos de
reclusão, o agente somente cumprirá 30 anos.
Variação 2
O fato ocorreu após a vigência da Lei nº
13.964/2019.
 
Solução: com a vigência da Lei nº 13.964/2019,
aumentou-se o limite de cumprimento de pena
para 40 anos, de modo que o agente cumprirá
40 anos de reclusão, em vez dos 48 que
resultaram do sistema de cúmulo material.
Concurso material benéfico
O instituto do concurso material benéfico também representa um limite de pena no concurso de crimes, de
modo que convém reanalisá-lo.
 
No caso do concurso formal, que é calculado pelo sistema de exasperação quando na modalidade própria, o
parágrafo único do art. 70, CP, determina que a sua pena não pode exceder aquela que seria alcançada pelo
método de soma de penas do concurso material.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra
do art. 69 deste Código.
(Código Penal, grifo nosso)
A doutrina costuma chamar esse fenômeno de concurso material benéfico (MARTINELLI; DE BEM, 2018, p.
838). A ideia fundamental aqui é que, como o sistema de exasperação de pena foi pensado para ser aplicado 
in bonam partem, o instituto perderia seu sentido caso o cálculo ultrapassasse o que seria alcançado com o
sistema de acúmulo material. Dessa forma, o legislador decidiu por deixar positivada a limitação segundo a
qual a pena do concurso formal jamais poderá ultrapassar o marco daquela que seria alcançada no concurso
material.
 
Há ampla gama de precedentes sobre o tema. A conferir:
 
“3. O concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, primeira parte), cuja regra para a aplicação da pena é a
da exasperação, foi criado com intuito de favorecer o réu nas hipóteses de pluralidade de resultados não
derivados de desígnios autônomos, afastando-se, pois, os rigores do concurso material (CP, art. 69). Por esse
motivo, o parágrafo único do art. 70 do Código Penal impõe o afastamento da regra da exasperação, se esta
se mostrar prejudicial ao réu, em comparação com o cúmulo material. Trata-se, portanto, da regra do
concurso material benéfico como teto do produto da exasperação da pena.” (STJ. HC 526.809, Quinta Turma,
Min. Rel. Ribeiro Dantas, DJ 19/11/2019).
 
“Inexiste interesse de agir em relação ao reconhecimento do concurso formal entre asinfrações, na medida
em que a eventual aplicação deste instituto ensejaria o aumento da pena do paciente, o que é legalmente
vedado, consoante a regra do parágrafo único do art. 70 do Código Penal (concurso material benéfico).” (STJ.
HC 377.073, Quinta Turma, Min. Rel. Reynaldo Soares da Fonseca, DJ 21/02/2017).
 
“5. Na hipótese, constatado que o aumento decorrente da continuidade delitiva levaria a uma pena superior
àquela que seria aplicada no caso de cúmulo material, necessária a aplicação do concurso material benéfico.”
(STJ. HC 228.151, Quinta Turma, Min. Rel. Laurita Vaz, DJ 10/10/2013).
 
Por fim, vale lembrar que no crime continuado também se aplica o critério do concurso material benéfico, na
hipótese em que a pena for superior àquela resultante do cúmulo material.
 
Isso ocorre por uma questão de coerência: se o critério da exasperação foi pensado como alternativa mais
benéfica ao agente em relação ao cúmulo material, não há sentido em aplicá-lo nos casos em que o cúmulo
material resulta, ao final, em uma pena mais branda. Logo, aplica-se o concurso material benéfico também no
caso do crime continuado.
 
A aplicação da figura também ao crime continuado resulta de uma leitura extensiva in bonam partem do
parágrafo único do art. 71, CP, que dispõe, in verbis:
“Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra
vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o
triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.” (Código
Penal, grifo nosso)
 
Se fosse feita uma leitura restritiva desse
dispositivo legal, ter-se-ia uma estranha situação em que a figura do concurso material benéfico só seria
aplicável à modalidade mais grave do crime continuado, contida no art. 71, parágrafo único, CP. Entretanto,
por uma questão de justiça material, se um benefício legal é previsto para a modalidade mais grave de uma
figura jurídica, deve-se presumir que se aplica também à menos grave. Assim, a todo crime continuado é
aplicável o concurso material benéfico, nos termos do já citado art. 71, parágrafo único, CP.
Exemplo
Um indivíduo é condenado por dois homicídios qualificados em continuidade delitiva, em que o
magistrado fixou a pena de cada um no patamar de 18 anos. Como no crime continuado específico o
cálculo da fração de aumento de pena depende também de requisitos subjetivos, entendeu o magistrado
que deveria ser aplicado o aumento máximo, que resulta no aumento da pena pelo triplo. Assim, chegou-
se à pena de 54 anos de reclusão. Solução: como o art. 71, parágrafo único, do CP, manda observar o
disposto no parágrafo único do artigo anterior, a pena do crime continuado não pode ultrapassar o
patamar que seria obtido com o sistema de cúmulo material. Desse modo, deve-se aplicar a soma das
penas, resultando na pena de reclusão pelo período de 36 anos. 
Limites das penas e o concurso de crimes
No vídeo a seguir, aprenderemos mais sobre os limites das penas no concurso de crimes. Vamos assistir!
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Se um indivíduo é condenado à pena de 37 anos de reclusão por crimes cometidos em
concurso material no ano de 2018, ele deve
A
cumprir os 37 anos de reclusão, tendo em vista que o art. 75, caput, CP limita o cumprimento de pena a 40
anos.
B
cumprir 30 anos de reclusão, tendo em vista que a mudança do art. 75, caput, CP, ocorreu posteriormente ao
fato, sendo a aplicação da lei posterior mais grave vedada pelo princípio da legalidade penal, vetor
anterioridade da lei penal (lege praevia).
C
cumprir 30 anos de reclusão, tendo em vista que a mudança do art. 75, caput, CP ocorreu posteriormente ao
fato, sendo a aplicação da lei posterior mais grave vedada pelo princípio da culpabilidade.
D
cumprir 30 anos de reclusão, tendo em vista que a mudança do art. 75, caput, CP ocorreu posteriormente ao
fato, sendo a aplicação da lei posterior mais grave vedada pelo princípio da lesividade.
E
cumprir os 37 anos de reclusão, tendo em vista que o art. 75, caput, CP limita o cumprimento de pena a 40
anos e é possível aplicar a lei posterior mais gravosa nos casos de concurso material.
A alternativa B está correta.
Em 2018, o art. 75, caput, do CP, ainda limitava o tempo máximo de cumprimento de pena a 30 (trinta)
anos, e lei posterior mais grave jamais retroage no Direito Penal.
Questão 2
Um indivíduo é condenado pelo cometimento de um homicídio qualificado e uma lesão
corporal grave em concurso formal. Ficando ambas as penas individuais aplicadas no mínimo
legal após a dosimetria (12 anos e 1 ano, respectivamente), deverá o magistrado
A
aplicar a pena do homicídio qualificado aumentada de um sexto (14 anos).
B
aplicar a pena da lesão corporal grave aumentada de um sexto (1 ano e 2 meses).
C
aplicar a soma de penas (13 anos), visto que a exasperação da pena mais grave levaria a uma pena maior do
que a mera soma.
D
aplicar a pena do homicídio qualificado aumentada de metade (18 anos).
E
aplicar a pena da lesão corporal grave aumentada de metade (1 ano e 6 meses).
A alternativa C está correta.
O art. 70, parágrafo único, do CP, determina que a exasperação do concurso formal não poderá exceder a
soma de penas contida no art. 69.
4. Conclusão
Considerações finais
Ao longo deste estudo, analisamos as espécies de concurso de crimes contidas no Código Penal. Recordando:
 
Concurso
material Concurso formal Crime continuado
Múltiplas
condutas com
múltiplos
resultados
Múltiplos
resultados
decorrentes de
uma só conduta
Múltiplas condutas que resultam em crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro
 
Vimos, ademais, as questões inerentes à aplicação de pena a depender da modalidade de concurso em
questão:
 
Concurso
material Sempre será aplicado o sistema de cúmulo material de penas
Concurso formal
próprio Aplica-se o sistema de exasperação
Concurso formal
impróprio Aplica-se o cúmulo material
Crime
continuado
A medida é a exasperação da pena, que será mais grave quando se
tratar de crimes dolosos contra vítimas diferentes e que envolvam
violência ou grave ameaça
 
Observamos, além disso, que as penas de multa são aplicadas no sistema de cúmulo material quando se tratar
de concurso material ou formal, e no sistema de exasperação quando ocorrer crime continuado. Quanto à
prescrição, vimos que o seu prazo corre para cada crime do concurso separadamente, tendo como base as
respectivas penas antes da unificação.
 
Vimos que, tratando-se de fatos anteriores à vigência do Pacote Anticrime, um indivíduo não pode cumprir
pena superior a 30 anos. Após a vigência da citada lei, o limite passa a ser de 40 anos.
 
Por fim, analisamos o instituto do concurso material benéfico, que é a aplicação do sistema de cúmulo material
quando o sistema de exasperação da pena superar a pena que seria alcançada com aquele.
Podcast
No podcast a seguir, vamos relembrar o que é o concurso de crimes, suas principais características e o
impacto na fixação das penas.
Conteúdo interativo
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Para aprimorar os seus conhecimentos no assunto estudado, recomendamos as seguintes leituras:
 
O livro Do concurso de crimes ao "concurso de Ilícitos" em Direito Penal, escrito pela professora
Cristina Libano Monteiro e publicado pela Editora Almedina.
O livro Novas tendências do concurso formal e crime continuado, escrito pela professora Patrícia
Mothé Glioche Bezé e publicado pela Editora Renovar. Trata-se de uma obra com linguagem clara e
objetiva e que traz um amplo panorama histórico do desenvolvimento da doutrina do concurso de
crimes.
O livro Daspenas e seus critérios de aplicação, escrito pelo professor José Antonio Paganella Boschi,
publicado pela Livraria do Advogado Editora.
Referências
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal: parte geral 1. São Paulo: Saraiva, 2017.
 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de
Janeiro, 31 dez. 1940.
 
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2012.
 
MARTINELLI, J. P. O.; BEM, L. S. de. Lições fundamentais de Direito Penal: parte geral. São Paulo: Saraiva,
2018.
 
SOUZA, A. de B. G.; JAPIASSÚ, C. E. A. Direito Penal: volume único. São Paulo: Atlas, 2018.
 
SOUZA, L. A. de. Art. 59 a 82. In: REALE JÚNIOR, M. (coord.). Código penal comentado. São Paulo: Saraiva,
2017.
 
ZAFFARONI, E. R.; PIERANGELI, J. H. Manual de Direito Penal: parte geral. 4. ed. rev. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.
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	Concurso de crimes
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Preparação
	Objetivos
	Introdução
	1. Objetos e as concepções gerais e específicas do concurso de crimes
	Conceito
	Conteúdo interativo
	Teorias e sistemas do concurso de crimes
	Cúmulo material
	Cúmulo jurídico
	Absorção
	Exasperação
	Comentário
	Espécies de concurso de crimes
	Concurso material
	Homogênea
	Heterogênea
	Concurso formal
	Modalidade homogênea
	Concurso formal heterogêneo
	Concurso formal perfeito ou próprio
	Modalidade imperfeita ou imprópria
	Crime continuado
	Concurso material
	Concurso formal
	Resumindo
	Crime continuado. Previdência social
	Verificando o aprendizado
	(VUNESP – 2018) O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas no interior de um automóvel e ateou fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as vítimas. A hipótese narrada é denominada
	(CESPE/CEBRASPE – 2004) Paulo, utilizando-se de arma de fogo, disparou um tiro contra Antônio, matando-o e ferindo gravemente Tadeu, que passava pelo local. Nesse caso hipotético, diz-se que ocorreu
	2. Teorias e espécies de concurso de crimes
	Regras na fixação da pena
	Regras aplicáveis ao concurso material
	Exemplo
	Regras aplicáveis ao concurso formal
	Homogêneo
	Heterogêneo
	Exemplo
	Exemplo
	Regras aplicáveis ao crime continuado
	Fixação da pena no concurso de crimes
	Conteúdo interativo
	Pena de multa
	Extinção de punibilidade no concurso de crimes
	Exemplo
	Verificando o aprendizado
	(ESMARN - 2014) Acerca do concurso de crimes, assinale a alternativa correta.
	(FEPESE - 2010) Com relação ao concurso de crimes, assinale a alternativa correta.
	3. Cálculo de pena
	Tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
	Atenção
	Hipótese 1:
	Variação 1
	Variação 2
	Hipótese 2:
	Variação 1
	Variação 2
	Concurso material benéfico
	Exemplo
	Limites das penas e o concurso de crimes
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Se um indivíduo é condenado à pena de 37 anos de reclusão por crimes cometidos em concurso material no ano de 2018, ele deve
	Um indivíduo é condenado pelo cometimento de um homicídio qualificado e uma lesão corporal grave em concurso formal. Ficando ambas as penas individuais aplicadas no mínimo legal após a dosimetria (12 anos e 1 ano, respectivamente), deverá o magistrado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referências

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