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PTE - CEZAR SALDANHA

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TRIBUNAL CONSTITUCIONAL COMO PODER
Cezar Saldanha Jr.
Introdução
Especialização crescente dos poderes políticos que não cessará enquanto houver o Estado, e que hoje se encontra na sexta fase, a hexapartição dos poderes. Os seis grandes passos não ocorreram de forma homogênea nem integral em nenhum país.
Reino Unido: esteve na linha de frente desse processo, mas não ingressou ainda na sexta fase por não possuir um Tribunal Constitucional não possuem constituição escrita, e isso bloqueou o avanço
Brasil: pulou direito da primeira fase para a quarta, regredindo para a terceira.
Política envolve todas as atividades que se referem ao poder institucionalizado no Estado. O termo poderes podem possuir 3 significados distintos:
Funcional-Material: com fins políticos = funções jurídicas do Estado.
Funcional-Formal: competências.
Sentido Orgânico: são órgãos institucionalizados diretamente na esfera do direito constitucional = desempenhar atividades de soberania estatal = executivo, legislativo e judiciário.
Poderes Políticos: órgãos constitucionais estritos = entidades políticas formadoras do próprio Estado.
Capítulo 1
A Solução Originária do Poder no Social
1. As origens do Estado Ocidental: O Reino Medieval Feudal
A unidade política ocidental nasceu da queda do Império Romano = na fusão dos elementos culturais dos romanos com elementos culturais germânicos, sob uma nova forma infundida por dentro pela Igreja. Surgiram ao mesmo tempo os Estados bizantinos/ortodoxo, e o islâmico.
2. As Características do Reino Medieval Feudal
Fragmentação territorial e social do poder político = feudos. 
-Surgem os Senhores Feudais que passam a exercer funções administrativas e judiciárias. Alguns senhores passaram a ter mais poder que o próprio rei, adquirindo grande independência e até mesmo possuindo cada feudo uma unidade estatal particular.
Hierarquização da sociedade = estrutura escalonada.
-Sociedade tecida a partir de uma imensa rede de contratos e pactos, escritos e costumeiros = todos estabelecendo relações de cunho pessoal (relações não territoriais). Suseranos e vassalos = atados por direitos e deveres recíprocos.
			 Reconheciam as auctoritas do ReiConfirmava a eminência das posições da suserania
-Um pacto de quarto grau aproximava o rei dos servos - a nobreza tendia a se conflitar com os servos, que encontravam no rei um último recurso a ser fortificado contra as opressões senhoriais. Enquanto o Rei encontrava nos servos um pilar para a expansão de sua autoridade.
O papado sonhava com um pacto de quinto grau = todos os reis aceitariam uma autoridade temporal universal à cristandade – mas foi politicamente impossível.
3. As Funções Administrativa, Judicial e Legislativa
A função administrativa cabia ao senhor feudal = dirigia o seu feudo a vida coletiva para o bem comum = não existia uma administração unificada em um centro político na medida que iam surgindo comunidades urbanas, esses vão se auto-administrando pelas câmaras municipais. 
-O senhor feudal arbitrava os conflitos do feudo = não havia parcialidade.
-Nenhum órgão exercia uma função legislativa = tecnicamente não havia lei.
-O direito formava-se pelos costumes que refletiam e reforçavam as diferenças hierárquicas existentes.
4. As Funções do Rei Medieval Feudal
Não administrava nem julgava em primeiro grau. O rei estava abaixo do direito como todos os outros = encontrava-se subordinado ao consentimento da sociedade, que se encontrava influenciada pela Igreja – a moral tornava-se essencial.
-Ao Rei cabia a guerra e a justiça = fator de unificação nacional.
-Possuía a função de convocar os nobres e os representantes das comunas em um parlamento para pedir a aprovação de despesas ou tributos. Parlamentos com funções orçamentária, financeira e tributária.
Rei como fecho da abóbada da ordem sociopolítica = sem ele toda a estrutura da sociedade ruiria = sustentado pelas auctoritas.
-Na eminência de sua posição moral ele era destituído de potestas.
5. O Poder Político Solvido na Sociedade e a Divisão do Poder
A esfera política não se separava da esfera estritamente social = grande dependência das relações privadas. As pessoas cuidavam do bem comum da coletividade.
-A política e público se efetivam na vida natural das instituições sociais e por meio do direito privado.
-Nesse contexto de poder político solvido na sociedade não há propriamente falar em divisão de poderes.
Capítulo 2
A Concentração do Poder
1. Processo de Nacionalização: Institucionalização do Público
Foi produzido um distanciamento crescente entre os que tomavam as decisões que diziam respeito ao todo e os que sofriam seus efeitos. O impacto tecnológico, a aproximação das populações, a acumulação de capitais e a revolução empirista nas ciências e racionalistas na filosofia forçaram a abertura de uma nova ordem territorialmente maior, politicamente mais centralizada no denominado processo de nacionalização.
-Foi necessário oferecer uma garantia minimamente razoável de que as decisões políticas centralizadas não seriam dominadas por uma parcialidade ou dirigidas a interesses seccionais sem essa segurança seria impossível um modus vivendi aceito por todos, legal, pacífico e civilizado.
-Ainda estavam longe do que hoje o Estado de Direito exige da esfera do público, mas foi sendo assegurado um mínimo de isenção para a tomada de decisões políticas = espaço institucional público.
Ocorre a institucionalização da esfera pública.
-Centrada no rei, agregam-se todas as funções políticas então existentes.
2. Estado Nacional Moderno
Estado Burocrático Centrado Territorial Nacional Moderno, com 5 características principais:
Burocrático: tinha o rei começado a organizar um corpo de funcionários suportados para desempenharem, em nome dele, funções administrativas que, até então, eram exercidas por meios privados (senhores feudais). Iniciou-se com a elaboração de um direito escrito e deste brotou o direito público a ser executado pela burocracia profissional.
Concentrado:
Por ter o poder político se tornado soberano/absoluto = o poder separou-se da vida social, constituindo uma esfera pública autônoma da esfera privada e com poder de última instância.
Por ter o Rei instituição maior da esfera pública, cumulado a totalidade das funções políticas.
A função de administrar, adquirido um cunho centralizado com a invenção da administração das partes pelo centro.
Territorial: de uma relação bilateral entre pessoas independente de um território determinado, para uma relação objetiva e unilateral e coercitiva sobre um território, alcançando tudo o que sobre ele se encontre.
Nacional: por ter o poder político moderno, ao unificar-se frente aos habitantes até então dispersos nos seus feudos. A unificação desses habitantes frente ao poder. A população do Estado passou a formar uma unidade (nação) em sentido puramente político = um coletivo moral, homogêneo e abstrato.
Moderno: sentido temporal.
3. Poder Absoluto ou Poder Concentrado na Esfera Pública?
O tipo de poder político passou a ser separado da situação de mistura em que se encontrava no feudalismo, com a vida social.
-Concentrado envolvendo: a Absolutização numa mesma instituição pública e autônoma, do poder político em sua essência una e soberana: a cumulação de todas as funções de exercício da soberania, no rei (potencialmente dividida em órgãos); e a centralização, numa capital, da função política de administração.
-O poder absoluto do Estado-Nação estava contido por muitas barreiras.
-O poder da esfera pública absolve-se da sociedade para concentrar-se em uma instituição jurídica separa-se o patrimônio pessoal do Rei do da Coroa.
Rei = administrador, não senhor ou proprietário da coroa.
4. Doutrinadores:
A ideias e doutrinas políticas são importantes por compor a causa formal da História = realimentam-se cumulativamente.
-A ideia de soberania vem para se fazer a unificação.
 Na fundamentação filosófica
Bodin:
Soberania era o traço essencial que distingueo Estado das demais formas de associação humana = supremo poder sobre os cidadãos e súditos não limitado pelas leis perpétua, absoluta e concentrada.
Aceitava como fato consumado a ruptura da unidade cristã Punha o rei acima da luta religiosa.
Guarda a tradição estoica, cristã e medieval = limita o poder ao direito natural.
Hobbes:
Soberania absoluta, indivisível, concentrada, com poder de promulgar e de abolir as leis.
Acolhe os modernos modos de pensar: ruptura explícita com a tradição, nominalismo e voluntarismo radicais, materialismo científico e um positivismo jurídico cruel.
5. O Poder do Rei Nacional Moderno e suas Funções
Bodin criou uma distinção entre a soberania em sua essência – absoluta e indivisível - e a soberania em seu exercício – o governo, que pode ser delegado e temporário.
A partir dele, o direito público passa a admitir, como dogma universal inquestionável, a compossibilidade jurídica entre a unidade e indivisibilidade de um poder soberano nacional do Estado. A pluralidade e divisibilidade do exercício das funções políticas contidas na soberania, partilháveis entre órgãos institucionalmente separados, denominados de poderes políticos.
-Podemos afirmar que no Estado Nacional Moderno típico o poder político é um poder soberano, uno absoluto e indivisível, conformando a esfera pública e concentrando, no mesmo órgão, pelo menos 5 funções:
Autoridade de última instância = a unidade e a indivisibilidade do Estado.
Executiva (administrativa).
Direção governamental.
Judiciária.
Deliberativa (legislativa moderna) = tomada de decisões sobre assuntos de interesse coletivo.
-Primeiro sistema de governo de nossa história: sistema absolutista de cumulação máxima = executivismo absoluto.
Capítulo 3 
A Bipartição dos Poderes
1. Esfera Pública, Representação e Divisão dos Poderes
Concentração 		Divisão de Poderes duas consequências:
Institucionalização de uma esfera autônoma e abstrata de relações, domínio direto de atuação do poder político – o público – em oposição instrumental à esfera da vida em sociedade – o privado.
Técnica de representação, pela qual as delegações da sociedade medieval convertem-se em órgãos dessa esfera, cuidando agora de interesses publicizados.
2. A Separação da Função Legislativa: O Poder Legislativo
A Revolução Gloriosa de 1688 sacramentou a vitória do Parlamento, que conquistou do Rei, definitivamente, a função deliberativa legislativa, a primeira função política a sair das mãos da Coroa e a passar ao órgão coletivo autônomo de representação da sociedade.Poder Legislativo:
Órgão institucional exercendo função deliberativa
Poder da Coroa:
Funções de Última Instância;
Administrar;
Governar;
Julgar.
Esfera
Pública
				
3. A Gênese da Bipartição dos Poderes
Classifica-se o Estado Nacional Moderno em 3 subtipos:
Britânico: as forças sociais mantiveram-se, ao logo de todo o processo unificador, com seus poderes sociopolíticos intactos. O Parlamento veio a ganhar a condição de: canal consolidado e autônomo da participação dessas forças nas decisões centrais; e de instrumento das mesmas – apoiando e controlando a Coroa. O processo de nacionalização, centralização e institucionalização do público se fez em torno do Rei em Parlamento.
EQUILÍBRIO
PARLAMENTO
							 Função Legislativa REI
Por essa razão, a revolução liberal na Inglaterra ocorreu sem guerra, mediando um amplo consenso político alcançado no Parlamento, pela via das instituições legais e legítimas. Assim o regime foi fundado em uma autoridade racional-legal. (Bill of Rights = pacto entre forças sociais no Parlamento e novos titulares na Coroa).
França: as forças sociais foram banidas da esfera do poder político. O Rei acabou impondo sua vontade sobre os Estados Gerais. A nacionalização e a centralização política tiveram a continuidade sem a participação formalizada das forças sociais = uma Revolução Ruptura = eliminou na prática o funcionamento das instituições tradicionais.
-Quando a sobrevivência do absolutismo se evidenciou totalmente impossível, faleciam meios institucionais que viabilizassem as mudanças necessárias, de uma forma legal, pacífica e civilizada. Uma revolução que também não dispunha de meios legais de autoridade conduzida pelo carisma.
Portugal: “um feudo erigido em reino”, sequer houve feudalismo. As forças sociais careciam de força para afirmarem-se diante do Rei. Continuidade de uma autoridade tradicional patrimonialista. 
-Fraqueza congênita da sociedade civil.
-Falta de substância social.
-Representação parlamentar com certa artificialidade.
-A Bipartição dos poderes deu-se exclusivamente no Reino Unido. Enquanto no resto do Continente:
Concentração		 Tripartição
5. Doutrinador: John Locke – teorizador da bipartição
Poder Legislativo:
Uma função – direito de elaborar leis na preservação da comunidade.
Deve ser posto nas mãos de pessoas reunidas em Assembleia – a função de elaboração das leis não exige (nem é politicamente conveniente) que o órgão dela encarregado fique permanentemente reunido.
Poder Executivo (do Rei):
Atribuído – a um órgão unipessoal.
Cumulando as funções: Executiva – acompanhamento da aplicação de leis vigentes. Federativa – tratar de política e das relações internacionais. Prerrogativa – decidir em última instância.
-Afirma a supremacia do Poder Legislativo sobre o Poder do Rei.Subordinado ao povo = poder supremo de se prevenir dos propósitos de quem quer que seja
-Comunidade tem direito à revolução.
-A Justiça de Primeiro Grau era exercida diretamente
na própria sociedade.
-Não fala do judiciário estava no âmbito do poder executivo arcaico.
6. A Supremacia do Direito e o Sistema de Governo
Na concentração absoluta das funções, o poder unificado era, nas teorias absolutista, em princípio, livre de limitações jurídicas. A cumulação de todas as funções em um órgão unipessoal gerava uma função mal definida chamada de executivismo absoluto.
-O sistema de governo mantém uma forte cumulação de funções, todas com caráter de execução que o próprio Locke reconhece = um poder executivo arcaico.
Capítulo 4
A Tripartição dos Poderes
1. A Separação da Função Judiciária: O Poder Judiciário
Até o século XVIII, a função judicial na Inglaterra estava inserida no Poder do Rei, mas o Ato de Estabelecimento determinou que os magistrados conservar-se-iam em seus cargos enquanto cumprissem seus deveres de forma correta.
-Nascia o Judiciário como poder independente. Está modificação constitucional produziu a tripartição dos poderes.
PODER REAL:						b. OS TRÊS PODERES:
	
-Partilham o mesmo espaço público no Parlamento. O rei continua sentado no Parlamento. 
-Os poderes políticos não estão propriamente separados.
c. O Poder do Rei – embora não sendo mais a sede da soberania, conserva uma posição pelo menos simbólica no fecho da organização política os poderes políticos não ocupam, exatamente, o mesmo plano.
2. Doutrinador: Montesquieu - teorizador da tripartição.
Liberdade, para Montesquieu, não é fazer o que se quer, mas sim “fazer tudo aquilo que as leis permitem”.
-Propõe um modelo institucional que viabilizasse, pela constituição, o modelo inglês de liberdade:
Dividir o poder estatal entre os três órgãos existentes (Rei, Parlamento e Juízes); atribui-se a cada um deles uma das três funções – executiva, legislativa e judicial – da forma mais separada possível; colocar os três órgãos em um plano de igualdade e hierarquia.
-Objetiva criar um “governo moderado” = regime misto. Capaz de combinar o governo de um (monarquia), o governo de alguns (aristocracia) e o governo de muitos (democracia).
-Queria uma alocação a mais separada possível para cada órgão social transformando-as em poderes políticos:Travamento Recíproco dos Poderes
“O poder possa deter o poder”
Rei = Poder Executivo.
Parlamento = Poder Legislativo.
Juízes = Poder Judiciário.
3. A Realidade Inglesa e a Doutrina de MontesquieuOs poderes deveriam estar separados funcionalmente: cada função seria atribuída a cada órgão de forma a mais especializada possível criação de um círculo de causação circular.
-Inexistência de uma hierarquização entre os poderes.
-Na realidade inglesa os órgãos políticos estavam separados, mas operavam juntos no mesmo e unificado espaço institucional: O Parlamento = Compartilhavam da mesma soberania.
-A soberania seria desnecessária, pois haveria um movimento natural das coisas = uma mão invisível.
4. A Difusão da Tripartição dos Poderes
Os americanos levaram, para o novo continente, as instituições inglesas, à exceção do rei que não tinham. Em seu lugar inventaram o presidente – influência direta de Montesquieu.
5. A Supremacia do Direito e o Sistema de Governo
A condição que viabilizou a supremacia do Direito sobre o público foi a tripartição dos poderes. Contudo, a efetivação do Estado de Direito necessitou de mais duas invenções:
Do direito constitucional
Do controle jurisdicional da administração, e do controle da constitucionalidade das leis.
-A estrutura que vingou para a estrutura de Montesquieu foi o presidencialismo. O maior inconveniente desse termo está em que o titular do Poder Executivo poderia ser – e o foi – um monarca: 
República Presidencial + Monarquia Presidencial
-A tripartição nos legou o Poder Executivo Clássico, que cumula, no mesmo órgão, as funções de Estado, Governo e Administração.
Executivismo Absoluto: sistema de concentração de funções.
Executivismo Arcaico: bipartição (Locke).
Executivismo Clássico: tripartição (Montesquieu).
6. A Crise da Tripartição dos Poderes
A Revolução Industrial trouxe necessidades sociais nunca antes sentidas. As ações políticas vão ganhando maior alcance sobre os interesses pessoais e da sociedade.
-Surge uma nova função política = Função Governamental.
Governar é desgastar-se, contrariar interesses, corromper-se. Por isso, mais do que qualquer outra função do governo, vem onerada com a necessidade de responsabilização política.
-Coube ao Poder Executivo exercer, juntamente com a chefia de Estado e com a chefia da Administração, a função “governamental” em transformação. Com o governo moderno, a cumulação tornou-se, em prática, impossível.
7. A Resposta Republicana à Crise da Tripartição
A primeira resposta à crise foi tornar eletiva e temporária a função de Estado.
-Territorialmente, a função “governamental” estritamente pública é atribuída, primeiro, em nível local, depois ao nível estadual: pouco chega ao nível nacional.
-Funcionalmente, o que nós chamamos de serviço público, a tradição norte-americana deixa à própria iniciativa privada, por meio de uma rede de órgãos reguladores, sem necessitar sobrecarregar o poder Executivo com mais encargos do governo.
Capítulo 5
A Tetrapartição dos Poderes
1. A Separação da Função “Governamental”: A Via Inglesa
Para preservar a instituição monárquica frente à nova realidade sociopolítica da função “governamental” moderna transferiu-se a função de governo para uma instituição política nova.
Primeiramente institucionalizou-se um novo órgão = o gabinete. A esse novo órgão passou-se, integralmente, a função de governo moderna = nasce o quarto poder político: o poder “governamental” moderno.
2. Datando o Gabinete Independente: O Poder Ministerial
Atribuiu-se essa separação à subida ao trono inglês do Rei Jorge I, que deixou os assuntos públicos nas mãos de seus ministros.
A existência de um governo institucionalmente independente do Rei consolidou-se apenas a partir da primeira reforma eleitoral – o Reform Act de 1832.
Propiciava-se um meio realmente efetivo para forçar o Governo de seguir uma política aceitável pelo Parlamento. Isso só começou a acontecer quando um sistema de partidos desenvolveu-se e o Rei admitiu que, em escolhendo seus ministros, ele deveria aceitar os líderes do partido majoritário na Casa dos Comuns e seguir a política pública que a maioria lhe aconselhasse.
-Não havia sistema de partidos no sentido moderno do termo.
-O soberano mudava seus conselheiros quando a necessidade determinasse.
-Entretanto, os Comuns começaram a exercer mais autoridade no controle do governo.
Foi somente o Reform Act, de 1832, que desferiu o golpe final no poder do Rei e desencadeou as forças que fizeram do Gabinete o instrumento pelo qual o povo poderia assumir o controle da política. O desenvolvimento dos partidos significou que a escolha do Primeiro Ministro e do Governo dependeria do eleitorado e não mais do soberano.
-O Reform Act alterou a concepção fundamental da constituição – naquele ano, a ascensão do governo conservador marcou a aceitação dos princípios do governo democrático.
3. Benjamin Constant (1767-1830) – formulou a teoria da tetrapartição.
Propôs que se destingisse um poder novo – o poder ministerial.
Poder Real 		 Poder Ministerial
-A função política se tornou o feixe da atividade de mando relativas à governação da sociedade. Enquanto a função governamental expressão o campo das iniciativas que visam a realização ativa do bem comum específico da sociedade visando ordená-las ao bem comum.
-O poder político é o novo órgão que passa a exercer a função ministerial.
-A função política redefine-se pelas incumbências restantes:
 a. De última instância = de chefia de Estado
De chefia de Administração Pública = exigem do titular uma posição de neutralidade e de imparcialidade. Enquanto poder político = é o órgão que exerce as funções restantes.
-Assim para Benjamin Constant, os poderes políticos chegariam a quatro: o poder real (ou neutro/moderador), o poder ministerial (legislativo), o poder representativo (governamental) e o poder judiciário.
-Constant teve importantes contribuições no plano doutrinário da França:
Surgimento autônomo do poder ministerial = originalidade.
Separação funcional e orgânica do poder ministerial e governamental = recuperou a percepção da natureza neutra do poder público moderador de última instância = fecho da abóbada medieval.
Rejeição do mecanismo de Montesquieu = pode real e neutro revela todo seu alcance de última instância e de fecho da organização política.
-Pretendia a institucionalização definitiva de um regime liberal = mostrar a perfeita compatibilidade entre monarquia e liberalismo.
4. A Difusão da Tetrapartição dos Poderes
A tetrapartição dos poderes fecha com correções e melhoramentos o ciclo da afirmação de liberdade.
-Constant distinguiu, dentro do poder executivo clássico, o poder ministerial abrindo as portas para um outro plano de desdobramentos, por onde trafegariam o poder da Administração. 
-O Estado Social Contemporâneo, institucionalizado no século XX pela Constituição de Weimar, muito deve à tetrapartição dos poderes.
-A ordem vai abrindo gradualmente a arena política às teses progressistas e aos partidos socialistas que começam a ser organizados.
Nossa primeira Constituição é também a primeira do mundo a adotar a doutrina de Benjamin Constant.
BRASIL:
Concentração 				Tetrapartição
-No país, a tetrapartição dó veio a funcionar a partir de
1840, no reinado de Dom Pedro II. O poder ministerial e o de chefe de Estado roam unificados na figura de um Regente eleito pelos eleitores de segundo grau.
5. A Supremacia do Direito e o Sistema de Governo
A tetrapartição abriu espações institucionais novos para outras garantias à supremacia do direito. A ideia chave era acrescentar, às funções do chefe de Estado, uma atribuição expressa de defender a própria ordem institucional.
-Cristalizou-se a denominação de parlamentarismo.
PARLAMENTARISMO: Tetrapartição < Tripartição
-Cria-se o governamentalismo = sistema político que criou uma instituição específica para o exercício da função governamental moderna.
Os partidos ainda são parlamentares, e não de massas, e a separação ideológica ainda é relativamente baixa. Daí porque completamos o substantivo proposto, governamentalismo, com o genitivo de elites.
Capítulo 6
A Pentapartição dos Poderes1. O Estado Social e o Avanço da Especialização de Funções
O Estado Liberal sobreviveu até a primeira guerra mundial. As conquistas liberais clássicas haviam estruturado um quadro institucional que permitiu a aceleração técnico-científica, geração de riqueza e prosperidade econômica até então nunca vistas. 
Junto, ocorria a ascensão das massas que aspiravam por condições de vida digna. Grandes desigualdades sociais abriram espaço às doutrinas socialistas e ao ensino social cristão. Nessa realidade pré-revolucionária vão ganhando força movimentos e partidos populares que lutam por transformações socais e políticas.
-A grande guerra de 1914 precipitou os fatos políticos e as rupturas institucionais, pondo abaixo as estruturas esclerosadas. Prevaleceu-se o pensamento de que o Estado deveria atender a 3 grandes objetivos:
Preservar as conquistas do Estado Liberal: os direitos de liberdade e a supremacia do Direito.
Harmonizar essa herança liberal com as novas e prementes exigências da igualdade de condições econômicas mínimas e de justiça social.
Compatibilizar essa constelação harmonizada de valores com um processo político legitimamente democrático, ou seja, aberto, pluralista e universal.RACIONALIZAÇÃO DO PODER
-É na Alemanha, na Constituição de Weimar, de 1919, que se modelou a nova unidade política ocidental, consagrada com a denominação do Estado Social.
			 Governo 	 Estado (vinha das monarquias do séc. XIX)
Legitimidade do Chefe de EstadoContexto republicano
Atribuição de poderes de arbitragem do jogo político
-Assegurava-se uma instância neutra e suprapartidária, devotada a moderar e arbitrar uma convivência democrática na instancia governamental das divergências ideológicas que opunha forças e partidos.
-Diante das divergências ideológicas no plano governamental, ratificou-se a necessidade de uma área neura de chefia de Estado, que estivesse comprometida exclusivamente com a garantia do processo democrático.
-Institucionalizou-se a imparcialidade da Administração Pública, formando, em seu conjunto, um órgão constitucional. Dessa forma os órgãos administrativos puderam guardar a autonomia frente ao endereço ideológico dos governos.
-A técnica adotada foi erigir o conjunto de órgãos da Administração em poder político novo: o Poder Administrativo, o quinto poder político.
2. A Função Governamental e a Função Administrativa
“Ao governo, como poder governamental ou político, compete indicar a direção, inspirar o pensamento geral e imprimir o impulso a todo funcionalismo administrativo, tanto nas relações internacionais quanto internas”. 
“A missão da administração, pelo contrário, é por assim dizer toda material ou mecânica; compete-lhe organizar os meios práticos, e pô-los em ação, para realização do pensamento governamental” – Conselheiro Ribas, em 1860.
-Não deve imprimir nos serviços públicos um impulso contrário ou diverso daquele que o governo lhe quer dar; não pode ter um pensamento que não seja o do governo Serviços Públicos = pensamento do governo.
-Deve parar a subordinação e começar a independência.
O sistema de absoluta subordinação da administração à política, entre outros males, traz o de tornar necessária a completa inversão no país oficial, todas as vezes que a mudança de pensamento se faz sentir nas altas regiões do poder.
Essa inversão acaba com os princípios de estabilidade.
-Administrar é função de serviço É cuidar de um interesse de que não se é propriamente dono “Atividade de quem não é senhor” serve, antes de tudo, pelo direito, o interesse público mais elevado.
Envolve o acompanhamento da execução das leis; o apoio para o andamento normal da justiça e a concretização das políticas públicas por ele formuladas e determinadas se subordina aos poderes políticos que serve.
Dotada de: permanência, profissionalidade, tecnicidade, imparcialidade e apartidariedade.
3. A Separação Política da Função Administrativa: O Poder Político Administrativo. Foram os reis nacionais modernos que de fato estruturaram corpos burocráticos para, sob estrito comando, empreenderem a centralização administrativa dos Estados nascentes.
	 
-No Estado Liberal, as burocracias não só herdaram o poder administrativo dos reis ditos absolutos, como lograram maior soma de autoridade e atribuições mais amplas.
-Sujeitas agora claramente ao Direito – igual para todos – elas continuavam subordinadas ao rei, o qual, dentro de um regime constitucional liberal, como poder executivo clássico, seguia cumulando, à última instância política e à função de governo, a função administrativa.
-Quando na Inglaterra, França e Brasil império:
	Foi adquirindo independência
Órgãos Administrativos
Poder Executivo Clássico
Poder Ministerial
Ainda subordinados ao que restou do poder executivo
-A Administração soube cultivas as características de profissionalismo e de imparcialidade, que lhes possibilitaram, no século XX, exceção feita ao Brasil, chegas à condição de quinto poder político, com a autonomização de seus órgãos frente à própria chefia de Estado.
-Na Alemanha, uma burocracia hipertrofiada tinha dominado e abafado a função de condução política e a própria função de Estado. A constituição de Weimar reagiu a essa situação estabelecia o parlamentarismo e determinava expressamente a independência formal da Administração Weimar saltou direto de uma monarquia (pseudo)constitucional para a Pentapartição sem ter passado por um governo de gabinete (tetrapartição).
-É a primeira constituição escrita a aceitar a pentapartição.
-Contexto socioeconômico cultural:
Forte tradição burocrática
Pressão de tarefas administrativas crescentes do Estado Social que se instituía.
Uma aspiração por um Estado democrático e pluralista de Direito.
No Estado Social, a função administrativa, exercida por um conjunto de órgãos, sob o comando do chefe de Estado, fecho da abóbada pública, torna-se formalmente independente do governo e do próprio chefe de Estado; eis a Administração como quinto poder político.
4. Fundamento Doutrinário do Poder Político Administrativo: A Legitimidade Legal Burocrática de Max Weber
Legitimidade como aceitabilidade da ordem juspolítica por toda sociedade.
-Weber propõe-se a investigar os motivos sociológicos que geram a crença de que o poder deve ser espontaneamente obedecido. Três seriam os motivos:
Opera no plano da vontade: na força do hábito social que, com o tempo, se cristaliza em costume – a Legitimidade Tradicional – Irracional.
Opera no plano da sensibilidade: a crença da sociedade vem em “dons” especiais que não se transmitem nem se adquirem – Legitimidade Carismática – Irracional e capaz de romper estruturas históricas e fazer revoluções.
Opera no plano da racionalidade: próprio da modernidade e que sustenta o regime democrático – A sociedade obedece porque eles assumiram e exercem o poder em conformidade com as regras estabelecidas na Constituição (que decorre da sociedade) – Legalidade Sociológica coroada por um consentimento efetivo da sociedade = Burocrática.
-A legitimidade racional legal = a democracia, para subsistir passa a depender da preservação da objetividade, da imparcialidade e da impessoalidade do ordenamento jurídico, da preservação da fidelidade da ordem jurídica ao consenso da sociedade.
-Weber afirma: BUROCRATIZAÇÃO
DEMOCRATIZAÇÃO
SOCIALIZAÇÃO
Há que consolidar a burocracia como poder independente na sua função de execução do direito e das políticas públicas. O poder administrativo encarregado de execução deve ser independente das interferências político-partidárias. Necessita de autonomia do poder político.
Não cabe à burocracia substituir os governos, na direção de meios e fins políticos na linha ampla do endereço político deliberativo parlamentarmente.
Nada do que foi referido diminuiu a importância do poder judiciário, na defesa da ordem jurídica, nos casos concretos de conflito.
5. Ideia do Poder Político Administrativo em Schumpeter
Sua visão sobre a teoria clássicada democracia, fundada no pressuposto de que o povo tem uma opinião definida e racional sobre cada questão política.
O povo, ao votar, apenas se compõe um corpo intermediário que, na forma regulamentada, produz um governo.
-A democracia, pois, deveria ser vista como um método de tomada de decisões pelo qual, lideranças políticas, competindo pelo voto popular, adquirem poder de governar.
6. Tese da Pentapartição dos Poderes: Zafra Valverde
“A cada trilogia (poderes legislativo, executivo e judiciário) seve ser pelo menos substituída por uma serie quinaria mais adequada para descrever a realidade de nosso tempo”.
Poder de Autoridade: órgão de chefia do Estado, normalmente um presidente ou um rei, com a função de primeira magistratura, irradiando uma influência persuasiva sobre os governados e demais poderes do Estado.
Poder Deliberativo: órgão denominado Parlamento, com a função de reconhecida deliberação, significando a resolução coletiva sobre grandes questões de interesse coletivo, tomada segundo um processo de argumentação público.
Poder Judicial: é o conjunto de Tribunais e Juízes, com a função jurisdicional, ou seja, de resolver, com força terminativa, conflitos de interesse social.
Poder de Direção: órgão, ou conjunto de órgãos chamado de Governo, com a função de determinar e de dirigir a política geral do país.
Poder de Execução: conjunto de órgãos civis e militares da Administração, com funções diversificadas como:
Conservação e operação do aparelho burocrático;
Aplicação concreta da ordem jurídica;
Execução de políticas públicas;
Assessoramento do governo.
7. Pentapartição de Poderes, Supremacia do Direito e Sistema de Governo
Ocorreu um aprimoramento das garantias do direito, em pelo menos 2 aspectos:
No plano teórico, a racionalização formal da organização constitucional e da estruturação política, com sua componente lógico-formal, produziu a Teoria Contemporânea da Constituição, que se deve principalmente a Kelsen – um verdadeiro direito constitucional baseado na metáfora de uma pirâmide.
No plano concreto, a separação que melhor define entre Administração, Governo e chefia de Estado, ampliou a finalidade do controle jurídico dos atos administrativo, ao facilitar a distinção entre eles e os atos políticos estrito senso, menos suscetíveis ao exame do Direito.
8. Deficiência Filosófica da Pentapartição dos Poderes: O Uso Totalitário do Direito no Constitucionalismo Axioaspirado
Para fundar filosoficamente o edifício político-constitucional do Estado democrático e social, era necessário repensar a ciência, a política e o direito.
-De um lado, um positivismo naturalista, que cancelava a especificidade do humano e, portanto, das ciências da cultura; 
-De outro, o hegelianismo, fundado na dialética e na identidade do sujeito-objeto, dissolvendo as ciências empíricas do social nos delírios idealistas do historicismo.
-O Kantismo, porém, trazia uma dificuldade para nossa área: a sua incapacidade de admitir valores com alguma base objetiva, que legitimasse um consenso em torno de uma ordem prática de convivência. Os valores seriam sempre juízos exclusivamente subjetivos, portanto, imprestáveis para embasar objetivamente uma ordem juspolítica aceitável para todos.
-Essa “axio-aspiração” absoluta da ordem juspolítica acarretou uma séria consequência colateral: oferecer oportunidades às ideologias inimigas da democracia constitucional e pluralista para se valerem do instrumental juspolítico do Estado social, de uma forma intencionalmente alternativa, com o objetivo último de derrubá-la, visando a implantação de um regime totalitário.
Ideologias inimigas
Instrumental juspolítico do Estado social
Democracia Constitucional e Pluralista
	
-O nacional socialismo foi o primeiro movimento a ter um uso alternativo do direito para impor seus objetivos ideológicos e antidemocráticos.
A geração do segundo pós-guerra: abertura de um núcleo de valores mínimos, reconhecidos e institucionalizados por consenso.
Revisão dos fundamentos filosóficos do regime
Reconstrução da ordem política democrática
 -Iria nascer assim, um constitucionalismo de valores mínimos.
Capítulo 7
A Hexapartição dos Poderes
1. As Três Fases da Percepção do Fenômeno Constitucional
Nessa primeira fase, a constituição é o entrançamento de pactos, costumes e modos de acomodação a conflitos e denominações, esparsamente formalizados, envolvendo na comunidade, os que detêm autoridade e os que a obedecem.
Não chega a formar um direito próprio, específico, distinto do direito comum ao conjunto das relações privadas.
-As Revoluções Liberais do século XVIII é que invocaram a aptidão do direito, para reger, de forma autônoma, também o Estado e a vida política. O cerne liberal das revoluções seria a crença na capacidade do direito para regular e limitar o Estado e a política, por meio de uma lei = a constituição, que provenha autonomamente a representação nacional.
Nesta segunda fase, a Constituição já é direito, mas ainda é um direito público. A Constituição, embora direito, carece de forma normativa própria, de instrumentação e de jurisdição que assegure sua eficácia jurídica.
Constituição = lei da vida política
Nesta terceira fase, surge uma concepção nova de ordenamento jurídico, piramidal e escalonado, estruturado em bases rigorosamente lógicas, cujo ápice é ocupado pela Constituição, com pressuposto em um postulado da razão teórica.Constituição deveria aspirar à elevada condição de:
Repositório das normas jurídicas supremas;
Fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico;
Cabeça de capítulo de todos os ramos do direito;
Paradigma para a conformação de todas as normas infraconstitucionais, sob pena de invalidade.
Acabou-se encontrando os meios institucionais para conferir ao direito constitucional força normativa = Tribunal Constitucional.
Desde aí, o controle de constitucionalidade e seus instrumentos, ou seja, a jurisdição constitucional vai deixando de ser vista como um exagero estadunidense. E, numa das maiores revoluções da história do direito continental, torna-se o centro vivo da nova concepção do sistema constitucional.
2. Cinco Desafios do Constitucionalismo da Terceira Fase
Introduziu-se importantes alterações para se enfrentar grandes desafios:
Imperativo de colocar, antes e acima de qualquer outra exigência da ordem jurídica, a proteção da dignidade existencial da pessoa humana 
Reforçou-se o compromisso da Constituição com os direitos fundamentais, mormente os direitos-liberdades; reconciliou a distribuição territorial do poder com o princípio da subsidiariedade; e abriu a Constituição para uma ordem objetiva e transcendente de valores.
Como compatibilizar a assunção expressa dos valores ligados à dignidade da pessoa humana como princípio fundamental do respeito ao pluralismo ideológico e político?
O constitucionalismo contemporâneo vai processar essa tensão articulando os três planos de fins da sociedade política e de seus correspondentes planos de direção política:
Plano abstrato, genérico e imediato das instituições que cuidam dos objetivos do Estado.
Plano concreto, específico e imediato dos órgãos que tocam o funcionamento ordinário dos serviços públicos (profissionalismo, imparcialidade, apartiriedade).
Plano ideológico intermédio, em que operam partidos políticos, governo e oposição. Cumprem a tarefa de mediação.
Adequada, razoável e equilibrada composição das duas perenes funções do direito constitucional: de um lado, instrumentar o eficaz funcionamento dos poderes públicos na realização de seus fins (governabilidade); e de outro, limitar os poderes públicos frente à sociedade e aos indivíduos, para que não abusem do poder de mando, menos ainda, violem os direitos fundamentais (limitação de poder).
Tensão entre direitos-liberdades e direitos sociais: conflito entre o princípio da livre iniciativa privada e o princípio da subsidiariedade da ação do Estado em sua projeção econômicae social.
Difícil também é discernir os limites da lei quando, em nome de alguma necessidade ditada pelo bem comum, há que limitar o âmbito de exercício de alguma liberdade.
Grande densidade política. É impossível ao direito constitucional conciliar a preservação dos valores fundamentais da democracia com o decorrer da história, que traz junto a evolução dos próprios valores ou, pelo menos, de sua compreensão?
A supremacia da Constituição importa uma prevalência última dos valores supremos da razoabilidade jurídica, radicados na dignidade da pessoa, suscetíveis a um processo de descoberta e concretização ao longo da História dos povos.
3. O Tribunal Constitucional como Resposta aos Desafios
O Tribunal Constitucional foi a instituição inventada no século XX para justamente atender aos desafios da nova fase do constitucionalismo que esboçava seus passos em Weimar.
É ao mesmo tempo causa e consequência do diálogo entre o direito constitucional e os valores éticos do convívio sócio-político.
-Sem Constituição escrita, rígida e com técnicas de controle de constitucionalidade, não há como proteger, jurídica e eficazmente, a dignidade da pessoa humana.
-Só um Tribunal Constitucional, como órgão de poder independente, tem condições de jurisdicionalmente garantir o pluralismo político e, ao mesmo tempo, delinear seus limites legítimos diante dos valores do regime democrático = único órgão apto a velar pelas autonomias legítimas e arbitrar os conflitos.-O equilíbrio entre governabilidade e separação de poderes é uma das questões centrais do constitucionalismo desde as revoluções liberais e está ligada às relações entre o poder deliberante e o poder governamental.
-A mais visível das necessidades que o Tribunal satisfaz é a proteção dos direitos fundamentais existentes, a sintonia final do equilíbrio prudencial que devem guardar entre si, bem assim a revelação de novos aspectos do direito genérico à liberdade ou de novas exigências sociais da existência humana digna.
4. A Origem da Doutrina do Tribunal Constitucional
Hans Kelsen é o idealizador e o primeiro doutrinador da instituição do Tribunal.
Principais corolários de sua visão piramidal: 
Constituição: concebida como o conjunto normativo supremo, no ápice da estrutura jurídica à qual todas as demais normas devem conformar-se, formal e materialmente.
Tribunal Constitucional: para garantir essa supremacia.
-A genialidade de Kelsen foi ter inventado, no projeto da Constituição Austríaca um modelo de controle de constitucionalidade compatível com a cultura jurídica romano-germânica, em que um Tribunal especializado, concentrava, a fiscalização constitucional às lutas intrafederativas = sua arquitetura constitucional.
-Além de fundar a supremacia jurídica da Constituição, o Tribunal objetivava, em prol da federação, garantir a autonomia das entidades membros e a harmonia de suas relações recíprocas; e, em prol da democracia, à “proteção eficaz da minoria contra a maioria avassaladora, cujo domínio só é suportável na medida em que se exerce juridicamente”.
Schimitt X Kelsen:
Kelsen não discordava que, de alguma forma, o chefe de Estado pudesse agir como defensor da Constituição, mas não concordava que ele fosse o único.
O Tribunal Constitucional não deve integrar o poder judiciário, mas constituir-se em um poder político independente de todos os demais poderes – este ponto derruba as objeções de Schimitt.
Kelsen não vê diferença de natureza entre legislação e a aplicação do direito.
5. O Tribunal Constitucional como Poder Político
É visto hoje como um poder político do Estado, o poder corretor.
Dificuldade em determinar a natureza de suas funções:
Alguns dizem que desempenha função jurisdicional, em nível distinto daquela cumprida pelo poder judiciário, mas de qualquer modo jurisdicional.
Para outros (incluso Kelsen), o Tribunal é um legislador negativo. Novas ideias vêm sugerindo uma função também positiva.
As competências do Tribunal integram-se em funções em três perspectivas: a material, a instrumental e a formal.
6. Natureza Material das Funções do Tribunal Constitucional
Quanto a materialidade, a atuação dele se insere na função política de última instância, ou de nível fundamental, na qual se incluem, em primeiro lugar, as competências de chefe de Estado.
O Parlamento e o Governo respondem às divisões partidárias e ideológicas no plano dos fins de endereço político “governamental”. Já o Poder Judicial, no sistema romano germânico, cumpre fielmente o direito posto pelo Parlamento. E a Administração executa a legislação, bem assim as políticas públicas determinadas pelo Governo. Os dois últimos, em nível “concreto”, lidam com os fins urgentes e imediatos da política diante da sociedade, e devem primar pela imparcialidade.
Parlamento e Governo operam com os difíceis fins de ‘nível intermediário’: articulam, conjugam e movimentam os objetivos urgentes e imediatos, tendo em vista os objetivos últimos do Estado e da política.
-Na área política de dissenso (jurídica), as ideologias políticas têm, de um lado, a virtude de forjar maiorias, à custa dialeticamente de divisões e conflitos com as minorias.
Função de última instância: um órgão colegiado, exclusivamente voltado para a tarefa, formado por pessoas cuidadosamente selecionadas (formação jurídica e legitimidade social de valores), dominando técnicas jurídicas adequadas.
-Na perspectiva funcional material, o poder constituinte originário, comissionou o Tribunal Constitucional da função política de última instância. Nessa natureza funcional podemos destacar atuações como:
Renovar, continuamente, o consenso político que sustenta a ordem democrática instituída na Constituição
Atualizar, incessantemente, o poder constituinte originário, tanto na concreção dos valores supremos do ordenamento, quanto na necessária evolução diante das novas exigências da história e da consciência da civilização.
Arbitrar, quando envolvida questão constitucional, conflitos entre poderes, tanto na distribuição funcional quanto na distribuição territorial.
Proteger os direitos fundamentais da pessoa, frente ao poder público e a sociedade em geral.
7. Natureza Instrumental e Natureza Formal de suas Funções
Instrumentalmente, a função por ele desempenhada é de natureza jurisdicional. Assim, o Tribunal carece de iniciativa própria, só se pronunciando por instâncias de legitimados.
	O Tribunal Constitucional cria direito
Possui função legislativa. Suas decisões não penetram na matéria concreta.
Entendemos que o Tribunal Constitucional, enquanto poder político, desenvolve uma função materialmente política (de última instância), instrumentalmente jurisdicional e formalmente legislativa.
8. Hexapartição. A Nova Divisão dos Poderes
O Tribunal Constitucional entra na história da evolução da divisão dos poderes como o sexto poder. Isso viria a afetar, também, as relações entre os órgãos políticos.
Chefe de Estado e o Tribunal Constitucional: atuam no domínio dos fins últimos do Estado.
Parlamento e Governo (domínio intermediário, que ordena, articula e conjuga os fins concretos e urgentes em si e em relação aos fins últimos do Estado), Judiciário e Administrativo: movimentam-se em domínios teleológicos que, embora fundados nos fins últimos do Estado, são propostos, formulados e executados em nível infraconstitucional.
Poder Judicial e a Administração: atuam no domínio dos fins próximos e urgentes do público, em suas relações diretas com a sociedade.
A esfera de atuação governamental carrega um caráter-político-partidário-ideológico, que não deveria contagiar os dois outros domínios.
O domínio fundamental há de ter neutralidade (imparcialidade na ação + suprapartidariedade dos fins). Ao domínio concreto basta a imparcialidade na ação, pois as leis e as políticas públicas que aplica e executam necessariamente, veiculam as inclinações ideológicas da maioria parlamentar e do governo.
-A hexapartição dos poderes era defendida como o agenciamento mais adequado àluz de três critérios: legitimidade democrática, especialização das funções políticas e salvaguarda dos direitos fundamentais. Ackerman sustenta que a especialização dos poderes deve continuar, indicando mais quatro órgãos que deveriam receber institucionalização constitucional e independência:
Um poder para supervisionar a moralidade ou a probidade administrativa.
Um poder para cuidar da ação regulatória dos interesses que, no país, adjetivamos de difusos.
Um poder para presidir o jogo político-eleitoral, que entre nós e competência da Justiça Eleitoral.
Um poder para formular e executar, com imparcialidade partidária, políticas sociais básicas.
9. Tribunal Constitucional e Sistema de Governo
O Tribunal se mostra incompatível com o sistema de governo executivista.
-Há uma razão óbvia: o Tribunal Constitucional é, essencialmente, um poder político distinto dos demais poderes. Sua adoção implicaria no fim do executivismo.
O papel mais importante do Tribunal é, justamente, o de defender e renovar uma área neutra de consenso. A abertura dessa área depende necessariamente da separação entre Estado e Governo, da distribuição entre os fins últimos mais genéricos do Estado e os fins intermédios partidários e ideológicos do Governo.
Onde não haja uma arraigada cultura de consenso se pergunta como superar a dificuldade de uma escolha legitimamente aceita dos integrantes desse Tribunal por toda sociedade.
Um Governo, cumulando a chefia do Estado, não poderá evitar colisões com o Tribunal Constitucional, pois esse também atua na área de última instância.
Na verdade, o Tribunal coroa uma longa revolução da divisão dos poderes. 
Atua, em relação aos órgãos políticos e independentes, como fecho da abóbada, mediante técnica jurisdicional, para a proteção e concreção da Constituição, instrumento jurídico fundamental que sustenta todo o sistema político e o regime democrático.
Conclusão
1. Da Concentração Inicial à Especialização
Ao longo de mais de 300 anos, em fases sucessivas que podem ser caracterizadas, as instituições políticas ocidentais partiram-se em seis grandes blocos exercentes de soberania:
Abriu-se um diálogo de causação circular cumulativa que tem varado séculos
Os Estados e a humanidade alcançaram o bem, embora difícil, Jellinek profeticamente já contemplava à frente: a Ordem Jurídica Inviolável, exprimindo um direito corporificador de um conteúdo ético mínimo. 
Governo
Tribunal
Constitucional
Administração
2. Os Grandes Marcos da Evolução
Bodin: criou a futura solução do problema jurídico da divisão, em poderes autônomos, de todo o público unificado. Sem essa distinção não seria possível compatibilizar, mesmo hoje, a pluralidade de órgãos de poder, com a unidade exigida pela essência mesma da soberania.
Locke e Montesquieu: bipartição e tripartição dos poderes.
Benjamin Constant: separação do Estado e Governo. Sem essa separação institucionalizada entre os fins do Estado e fins do Governo, não teria sido construída a unidade nacional.
Max Weber: sendo o primeiro dos pensadores reconhecidos a reivindicar a autonomia forma da Administração Pública como condição de ordem democrática, merece destaque como teorizador da pentapartição.
Kelsen: estudioso da Teoria do Estado, como arquiteto de instituições, idealizador do Tribunal Constitucional = Montesquieu no século XX.
3. Buscando uma Nova Classificação das Funções Políticas
A construção mais celebre sobre o assunto foi de Montesquieu. A tripartição dos poderes políticos foi estruturada sobre uma classificação implícita, também tríplice, das funções políticas: a legislativa, a executiva e a judiciária.
Chefe de Estado: função vinculada aos fins últimos do Estado e a de guarda da Constituição.
Administração e Judiciária: funções vinculadas aos fins próximos do Estado.
Governo e Deliberação Política: funções vinculadas aos fins intermediários.
4. Buscando uma Nova Categoria de Morfologia Política
Sustentamos que, a cada fase da divisão dos poderes (vinculada a uma fase de evolução do Estado), corresponder um tipo ideal de sistema de poderes, apto a embasar especificações adicionais. 
Na formação do Estado Moderno, tivemos a concentração das funções num único órgão, o poder do Rei, gerando o tipo ideal de sistema de poderes que poderíamos denominar de executivismo absoluto.
2) Na primeira fase – revolucionária – do Estado Liberal, fase de consolidação das casas legislativas do Parlamento, na realidade inglesa da bipartição, conformou-se o segundo tipo de sistema de poderes: o executivismo arcaico.
3) Na segunda fase do Estado Inglês, no qual se consolida a independência do poder Judiciário, surgiu o terceiro tipo de sistema: o da tripartição, trabalhado por Montesquieu: o executivismo clássico.
4) Na fase de maturidade ou consolidação do Estado Liberal, em que aumenta o pluralismo ideológico ao nível da sociedade, a estabilidade exigiu a separação do Estado e Governo, a tetrapartição, configurando o quarto tipo de sistema: o governamentalismo de elites.
5) O Estado Social emergente após a segunda guerra, com a ascensão das massas, com o crescimento da administração pública e com o embate entre ideologias de partidos políticos radicalmente opostos, impôs a separação de Estado e de Governo, cobrando também a separação da Administração Pública. Daí resultou a pentapartição: governamentalismo pelos partidos.
6) O Estado Social do pós-guerra nasceu de um consenso político-constitucional sobre valores éticos mínimos. Para defendê-los dos totalitarismos e dos autoritarismos a Constituição instituiu o Tribunal Constitucional, provocando a hexapartição: governamentalismo de Tribunal Constitucional.
Cada fase corresponde a uma forma adequada de sistema.
5. Da Constituição de 1824 à Constituição de 1891
Proclamada a Independência, o país adotou a tetrapartição, praticou-a durante o segundo reinado, mas com a República, a Constituição importou, dos Estados Unidos, a tripartição clássica montesquiana. 
7. Controle de Constitucionalidade e Divisão dos Poderes
Até o constitucionalismo do segundo pós-guerra, os países de tradição romano-germânica não haviam conseguido construir um sistema de controle de constitucionalidade para garantir a supremacia da Constituição. A grande polêmica Schmitt-Kelsen desvendou a razão: insuficiência institucional.
A defesa da Constituição, nessa tradição, requer uma instância independente e superior à da legislação, e a de governação e da administração. Providenciaram um poder independente de todos: o Tribunal Constitucional.
Diferentemente dos Estados Unidos, a adoção da tripartição dos poderes não foi um obstáculo ao surgimento de uma jurisdição constitucional, assumida pelo poder judiciário.
Na Inglaterra houve o casamento perfeito da tradição de common law com a Constituição escrita, nesse sistema, a legislação formal é fonte secundaria de direito, que é, antes de tudo, produto do costume e do precedente judicial. O direito legislado formal funciona como um instrumento para ajudar o Judiciário a resolver conflitos.
O Judiciário assume o controle da constitucionalidade, na medida em que a Constituição une-se a common law, como mais um instrumento.
O controle em abstrato da Constituição da República torna-se competência exclusiva do Supremo Tribunal

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