Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula III – 09/03/2015 Unidade I (Parte Final) – limites da Arbitragem 3.2 Arbitragem e Contratos de Adesão Conceito Contrato de Adesão: (par. 4, Art. 54, lei 8078/90); é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pelas autoridades competentes ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Diferença entre Contrato de Adesão e Contrato por Adesão: Segundo Arruda Alvim, o Contrato de Adesão se caracteriza pela inexistência da fase das tratativas preliminares, e conseguintemente, pela imposição de condições contratuais rígidas, normalmente em favor do fornecedor. Para Nelson Nery Jr, o Contrato de Adesão é aquele que não há escolha, ou seja, o consumidor não pode optar por outro fornecedor, devendo aceitar o contrato caso deseje obter o produto ou serviço, como por exemplo, nos contratos de serviços públicos essenciais (água, energia elétrica, gás, telefonia). Já no contrato por adesão existe escolha, ou seja, com efeito, apesar do contrato ter sido redigido pelo fornecedor com apresentação de cláusulas prontas, o consumidor poderá optar por outro fornecedor, caso não concorde com o negócio imposto pelo fornecedor, ou ainda ter a possibilidade de negociar algumas cláusulas. Para a Lei 8078/90 os conceitos se fundiram denominando ambos como contrato de adesão. Princípios Correlacionados: a) Princípio da Transparência - Art. 54, Lei 8078/90; b) Principio da Boa-Fé Objetiva; c) Principio da Probidade e Eticidade; Vide Art. 422 e segs, CC/2002. Com efeito a lei 9307/96, determina que nos Contratos de Adesão a Arbitragem somente será admitida quando: (Art. 4, par. 2) a) Tratar-se de compromisso arbitral, sendo convencionado após surgir o conflito entre as Partes – Resp. 1.169.841/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi; b) Tratando-se de cláusula de arbitral contemporânea ao contrato ou em ato posterior, mas anterior a existência de qualquer conflito entre as partes, mediante a qual se obrigam a submeter futuros conflitos a arbitragem, se; (b.1) não se tratar de contrato de consumo, pois a cláusula arbitral em regra é vista como nula; (b.2) for por escrito, mesmo que por correspondência digital no bojo do contrato ou em documento apartado (aditivo contratual); (b.3) a cláusula esteja em destaque, referindo-se a lei em negrito haja assinatura específica para a cláusula arbitral no bojo do contrato ou em anexo. Vide: 1 TACSP, AP. com revisão 638.682-0/9, Relator Juiz Sebastião Flavio em 19.11.2002. OBS.: Nem todo contrato de consumo se faz na forma de contrato de adesão, bem como nem todo contrato de adesão é relação de consumo. Assim tem-se que na Relação de Consumo independentemente da forma do contrato (adesão ou livre) não cabe arbitragem, em regra. Porém, nos contratos de adesão que não dispõem sobre relação de consumo, caberá a arbitragem. A incompatibilidade da lei 8078/90 com a Lei 9307/96 está respectivamente nos art.51, VII e Art. 4, par. 2. Para acorrente majoritária atualmente há harmonia entre três regramentos distintos, sendo: (i) A regra geral, que obriga a observância da Arbitragem quando pactuada pelas Partes; (ii) A regra específica, aplicável a contratos de adesão genéricos, que restringe a eficácia da cláusula compromissória; (iii) A regra ainda mais específica, incidente sobre contratos sujeitos ao CDC, sejam eles de adesão ou não, impondo a nulidade da clausula arbitral ainda que satisfeitos os requisitos do Art. 4, par. 2 da Lei 9307/96. 3.3 Arbitragem e Direito do Trabalho Vide: Art. 444 e 468, CLT. a) Conflitos Coletivos – Art. 114, par. 1 da CRFB/88, permite a utilização da Arbitragem nos conflitos coletivos, por exemplo, nos casos de greves – Arts. 3 e 7 da lei 7783/89, e participação nos lucros – Art 4 da lei 10.101/2000. b) Conflitos Individuais – Corrente Doutrinária majoritária afasta a aplicação da Arbitragem, face a irrenunciabilidade e indisponibilidade dos direitos assegurados pela CLT. A corrente que defende a Arbitragem, entende que finda a relação de trabalho, os direitos nela adquiridos passam a ter caráter patrimonial e disponível de natureza indenizatória. Neste sentido, a arbitragem não poderia ser utilizada para compor a relação de trabalho, mais especificamente o contrato celebrado entre as Partes, pois lá sim estão inseridos os direitos irrenunciáveis e indisponíveis. Mas, poderia, após cessar o contrato de trabalho utilizar a arbitragem para discutir os direitos patrimoniais adquiridos com o fim da relação de trabalho. Para esta corrente o que geraria a impossibilidade de cláusula arbitral seria a vulnerabilidade do trabalhador e não a irrenunciabilidade e indisponibilidade de seus direitos. Já existem julgados favoráveis a aplicação da Arbitragem na Relação de Trabalho, conforme os julgados: a) REsp. 707.043/BA; REsp 676.352/BA; REsp 675.094/BA; e TST – airr – 1475/2000-193- 05-00.7. 3.4 Arbitragem e Locação de Imóveis urbanos Ë cabível a utilização da Arbitragem nas relações locatícias, pois não atentam contra os dispositivos dos Art. 45 e 47 da lei 8.245/91 – Lei do Inqulinato. Após a sentença arbitral será possível executá-la através do Poder Judiciário, a exemplo de um despejo. Já nas sentenças renovatórias ou revisionais não haverá tal necessidade, já que a própria sentença arbitral determinará a renovação compulsória e o valor do novo aluguel. Apelação 1066629-0/9, 26 Camara, Des. Rel Renato Satorrelli 3.5 Arbitragem e Condomínios Edilícios Condomínio edilício Convenção Condominial -Art. 1332, 1333 e 1334, CC/2002 Tendo em vista que a Convenção Condominial nasce da vontade dos condôminos representadas através de seu voto, é plenamente cabível a Arbitragem para solução dos conflitos. Assim, tem- se que a Arbitragem será aplicada: a) Nas relações entre Condomínio e Condôminos; b) Nas relações entre Condôminos Não ocorrerá a aplicação da Arbitragem no que diz respeito as relações entre o Condomínio e Fornecedores, bem como no caso de existência de Administradora Autônoma, salvo se existente clausula arbitral nestes contratos.
Compartilhar