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Perfil do advogado - resumo

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PERFIL DO ADVOGADO NA CONTEMPORANEIDADE
Vários perfis podem ser traçados de um advogado contemporâneo. Pegaremos um jurista: Roberto Aguiar. O perfil traçado por Aguiar é pessimista e iconoclasta, mas não podemos nos deter aí. As propostas apresentadas permitem muitas reflexões. O perfil proposto, deve ater-se aos seguintes aspectos:
* técnicos - a técnica não se confunde com o dogma. Ela é, por sua essência, mutável. O advogado não deve ser apenas um repetidor, mas um incentivador e agente da transformação técnica. E na medida em que é agente essencial da aplicação e criação do Direito, precisa trabalhar no sentido de que a sociedade não fique ã mercê dos autoritarismos, do abuso de poder, da ilegalidade. Tendência comum onde as práticas ancestrais ficam imunes a uma ação transformadora.
A técnica deve também acompanhar a história, pois a cada época emergem novos sujeitos do Direito (Mercosul, direitos globais - de um mundo globalizado, direitos espaciais...) Agora vejamos onde isso tem que ser praticado: dentro do Poder Judiciário, que por ser público não tem condições materiais e conceituais para demarcar os complexos problemas e situações novos. Esse problema é agravado quando temos um advogado treinado para pedir, argumentar para um suposto superior que é o juiz e que não sabe negociar, com as partes de uma lide jurídica. Não está preparado para estabelecer estratégias a fim de garantir por meios extrajudiciais, quando for o caso, os direitos de seus representados.
* consciência - se a consciência participa do processo judicial, como ignorá-la? Como descuidar-se dela? Aqui se propõe, a cada um, por em questão os próprios valores e não converter-se a uma determinada causa. Ampliar a abrangência de nossa consciência, torná-la apta para ouvir.
Ou seja, não podemos ignorar nosso interior - como se não existisse. Não é possível ignorar o exterior (alter = nosso semelhante) como se não existisse. 
Além disso, podemos falar de outros modos de consciência, como a consciência histórica pois não é possível ignorar o mundo e a história, como se não existissem. A alienação não torna a vida mais fácil, mas sim mais falsa.
* ética - Não se trata apenas da ética profissional. Não trata apenas do decoro. É preciso ir além do significado de honestidade e posse de princípios morais, também é preciso superar a redução à ética profissional.
 O profissional pode pensar assim: eu assumo a causa que pego! Ou seja, pagando-me, trabalho e Sou um profissional, logo preciso ser aético. 
Ora, notemos o seguinte: isso já é uma posição ética (minha ética é não ter ética), além disso, dificilmente alguém ficará livre de envolver eticamente sua atuação, seja por que sua orientação ética selecionará o segmento de clientes aos quais destinará seus serviços, seja por que sua postura ética estará limitada pelo objetivo que pretende atingir, ...
Mas a postura ética tende a melhorar o desempenho do direito no que tange a servir a sociedade. A postura ética do advogado tende a questionar os modelos jurídicos, sua atuação problematiza, provoca questionamentos e tendências, espantam o legalismo - uma das mais perversas formas de insipiência.
* Filosóficos - Aquele que não tem conhecimentos dos princípios filosóficos aos quais serve, que desconhece critérios e orientações filosóficas para o pensar bem, que não possui instrumentos para orientar sua vida, deixa escapar a chance de utilizar o que há de melhor em sua capacidade. Se essa ignorância é opcional, trata-se, então, de alguém incapaz de perceber qualquer significado na existência, diferente daquele que lhe colocaram na mente há muito e que acredita ser seu.
 Como o advogado pode advogar para o homem se ele não tem a mínima consciência do que significa o ser humano? Como pode trabalhar para a cidadania dos seus semelhantes, se trabalha intelectualmente com o mais raso senso comum? (para esse caso, o cliente é apenas uma coisa portadoras de problemas a serem resolvidos)
A solução para a falta de filosofia é a sobra de autoritarismo, aí é o lugar onde o ignorante esconde-se.
* Instrumentais - o advogado não pode mais viver de saliva, lápis e livros ultrapassados. A sociedade atual é mais complexa e a sua dinâmica exige domínio de computadores, domínio de outros idiomas, atualização permanente, conhecimentos novos (muitos se opõe à modernização por isso dar "trabalho"). O bom instrumental disponível hoje deve ser utilizado.
O local de trabalho do advogado está se tornando um laboratório: fax, computador, Internet, jornais, revistas, etc.
* psicológico - conhecer o próprio perfil psicológico (consciência), conhecer limites e qualidades psicológicas. Conhecer um pouco do assunto para não ser enrolado pelas situações de trabalho (sobretudo nos julgamentos). O desconhecimento cria sérias distorções: Hierarquias que se criam apenas do ponto de vista psicológico, incapacidade para entender perfis psicológicos diferentes do próprio, falta de aproveitamento do seu próprio perfil psicológico - no sentido de extrair dele o máximo proveito para sua atuação; não se escandalizando da própria diferença, mas utilizando-a. 
* Formação multidisciplinar - Direito não é saber puro. Grande parte dos cientistas atuais se deram conta de que um objeto puro de ciência não existe. Dessa forma os campos do saber tendem a se entrelaçar. O direito, da mesma forma, não se constitui num saber puro, totalmente isolado dos outros. Ele aliás, nasce dos conflitos de toda espécie de saber. A formação multidisciplinar visa evitar o destino de um advogado monodisciplinar: ser mero burocrata das normas. A formação multidisciplinar dá sensibilidade, capacidade e atenção para o caráter multifacetado do conflitos e negócios jurídicos.
* Político - o direito é um fenômeno político, pois é uma prática da pólis. Uma prática de poder, de dominação, de luta contra a dominação. Os embates jurídicos são embates políticos na sua essência (não meramente técnicos). Isso justifica o cuidado com isso: conhecer cada vez mais o próprio perfil político, estudar a Ciência Política, estar a par dos jogos políticos que se desenvolvem na arena social em que vivem.
Fonte: AGUIAR, Roberto. OAB - Ensino Jurídico. 1996 
O PODER DOS JUÍZES – Dalmo de Abreu Dallari
Os juízes exercem poder político em dois sentidos: são integrantes de um poder político e aplicam normas de direito, que são políticas.
Além disso é cidadão de uma pólis 
- muitos juízes definem-se apolíticos  um equívoco, pois confumde-se política com política partidária.
_ Ele propõem um juíz não comprometido com posições partidárias.
2. O poder político dos juízes:
- O juiz recebe do povo, através da Constituição, a legitimação formal de suas decisões.
 Funciona independente do Executivo, sustentado pelo povo.
3. O Judiciário na organização do Estado
Nas democracias contemporâneas, o poder político não pertence aos governos, mas ao Estado. Uma das parcelas desse poder cabe ao Judiciário.
Vários sistemas políticos modernos, não dão exatamente um poder político ao Judiciário
4. O caso dos Estados Unidos – lá o judiciário é muito forte, a ponto de alguns falarem em "governo dos juizes".
5. Sociabilidade do Direito e politicidade de seu uso
A sociabilidade do Direito já nos informa antecipadamente o caráter político da função juridiscional.
- Onde há sociedade há direito e vice e versa. O ser humano é associativo por natureza (veja aqui a questão da naturalização dos seres humanos]
- O juiz, ainda que procure ser justo, estará influenciado pelas circuntâncias de sua vida. Terá sempre de fazer escolhas entre normas, argumentos, interpretações e até mesmo entre interesses igualmente atendidos pelo direito – onde a decisão só poderá ser política
- a neutralidade política é uma quimera, precisa ser banida. Pois o próprio Direito brota de uma ideologia política.
Há que se reconhecer a politicidade do Direito.

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