Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Márcio Luís de Souza (coord.) Elton Santos Simões Éderson Lopes Diego de Souza Almeida Genício Malta de F. Júnior. André Pereira CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EM UNIDADES CONSUMIDORAS Instituto Tecnológico de Caratinga Caratinga 2015 2 Márcio Luís de Souza (coord.) Elton Santos Simões Éderson Lopes Diego de Souza Almeida Genício Malta de F. Júnior. André Pereira CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA EM UNIDADES CONSUMIDORAS Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Elétrica como requisito parcial à obtenção de créditos nas disciplinas de Laboratório de Eletrônica e Instalações Elétricas Industriais. Orientador: Joildo Fernandes Costa Júnior. Instituto Tecnológico de Caratinga Caratinga 2015 3 INTRODUÇÃO Neste trabalho será apresentada uma alternativa para a correção do fator de potência (FP) apresentando propostas de equipamentos como os bancos de capacitores, filtros e microprocessadores, uma vez que este último método mostra-se inovador e permite o melhor controle reativo de forma mais segura, eliminando as perdas técnicas apresentadas pelos métodos analógicos citados anteriormente. O trabalho irá abordar a correção de fator de potência em unidades consumidoras residenciais e industriais visto que se tratando desse assunto não há diferença quando se fala da espécie de unidade consumidora, o que poderá fazer a diferença serão o porte dessa unidade e a potência a qual está instalada, onde se sabe que esses consumidores também são responsáveis pela inserção de energia reativa no sistema de energia elétrica. Este trabalho tratará de explicar as definições e as consequências de ser feita a correção do FP. Segundo Rios et al (2014), é importante que se apresente aos consumidores as vantagens trazidas pela correção local do fator de potência. 4 1. O CONCEITO DE FATOR DE POTÊNCIA Sabe-se que a correção do fator de potência é fundamental em qualquer instalação elétrica industrial, visto que, a legislação brasileira através de decretos determina que o FP esteja o mais próximo possível da unidade, sendo que essa responsabilidade está dividida entre as concessionárias e aos consumidores, neste caso cabe a esses setores a instalação de métodos e mecanismos capazes de fazer essa correção do FP. De acordo com Souza (2000) 1 , o baixo valor do FP provoca perturbações para o sistema de distribuição e transmissão, como baixa eficiência, sobredimensionamento dos sistemas de distribuição, circulação de corrente pelo neutro em sistemas trifásicos provocando uma queda de tensão neste condutor, entre outros problemas. É necessário, pois, voltar ao conceito de fator de potência para que o leitor possa situar-se nessa área de sistemas de potência, verificando a importância desse estudo relacionado à necessidade da correção desse fenômeno elétrico. Grosso modo, o fator de potência é representado pela razão entre a potência média e a potência aparente, essa razão pode ser dada pela expressão matemática representada abaixo. )cos( QzlQv VxI P fp Equação 1 Sendo Qzl o ângulo de fase da impedância de carga e os valores de V e I dados em rms. Ainda segundo Souza (2000), por definição, o fator de potência é um número adimensional variando de 0 a 1, de acordo com essa convenção, quando o fator de potência for nulo (zero), o fluxo de energia será inteiramente reativa, isso implica a dizer que a energia 1 SOUZA, Fabiana Pöttker de. Correção do Fator de Potência para instalações de baixa potência empregando filtros ativos. Tese de Doutorado. Universidade de Santa Catarina, Florianópolis: UFSC, 2000. Disponível em: <http://ivobarbi.com/PDF/Teses/Tese_Fabiana%20Pottker.pdf> . Acesso em 03 de abr 2015. 5 armazenada será totalmente devolvida à unidade geradora a cada ciclo. Entretanto, quando o FP é unitário, o valor de energia fornecida é toda consumida pela carga. Um baixo fator de potência é causado pela forte presença de cargas indutivas à rede, cargas não-lineares, isto é, relação não linear entre tensão e corrente da rede. Uma carga é dita não-linear sempre que a corrente que ela absorve não possui a mesma forma da tensão que a está alimentando. Como exemplos de cargas não-lineares podem-se citar os equipamentos industriais (máquinas de solda, no-breaks, os inversores de frequência para motores assíncronos e motores CC); equipamentos de escritório (microcomputadores, fotocopiadoras, etc.); aparelhos domésticos (TVs, micro-ondas, lâmpadas fluorescentes, etc.). Uma vez que, Santos; Santos Neto (2010) 2 vêm ao encontro ao dizer que, entendem-se como cargas não lineares, as cargas em que a relação entre os valores de tensão e de corrente não é linear, ou seja, não obedecem à lei de Ohm. É necessário, pois, ressaltar que a energia reativa não produz trabalho, entretanto ela é necessária para produzir o fluxo magnético para o funcionamento dos equipamentos. Contudo, é possível fazer a correção desse valor de FP aproximando-o ao valor unitário através do acoplamento de bancos de capacitores ou indutores com uma potência reativa contrária ao da carga. Quando o FP de um circuito está desequilibrado, ou seja, valor abaixo de 1, mais corrente é requerida para suprir a mesma quantidade de potência que realiza trabalho (potência ativa). Dessa forma, a Aneel 3 e as concessionárias de energia estabelecem que o FP esteja dentro de um limite mínimo, principalmente para os grandes portadores de carga. A legislação atual estabelece que o fator de potência esteja acima de 0.92 seja ele indutivo ou capacitivo. 4 Visto que, como a energia reativa ocupa espaço no sistema (que 2 SANTOS, Jéssica Pereira R. dos; SANTOS NETO, José Ferreira dos. Influência das harmônicas nas instalações elétricas residenciais: Uma análise do uso das lâmpadas fluorescentes compactas. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica). Instituto Tecnológico de Caratinga. Caratinga, 2010. 3 Agência Nacional de Energia Elétrica. 4 O Decreto nº479, de 20 de março de 1992, reiterou a obrigatoriedade de se manter o fator de potência o mais próximo possível da unidade (1,00), tanto pelas concessionárias quanto pelos consumidores, onde esse decreto aumentou o fator de 0.85 para 0.92 e estabeleceu patamares de faturamento de energia reativa excedente. 6 poderia ser usado pela energia ativa), as concessionárias adquiriram o direito de cobrar essa “má utilização” pelos consumidores. Souza (2000) afirma que a correção do fator de potência pode ser feita através da instalação de bancos de capacitores e/ou filtros, pré-reguladores de alto fator de potência e as conexões especiais de transformadores. A CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA É de conhecimento de pouca parte da população que todos os meses as concessionárias de energia do país cobram uma taxa de uma faixa de consumidores, uma multa para dizer melhor, referente à "produção" de energia reativa. Sendo que a maioria dos consumidores não compreendem, ou mesmo não tiveram a oportunidade de uma explicação simples de conceitos como de energia ativa, reativa e aparente entre outros conceitos de eletrotécnica. Devido a isso, muitos pensam que essa é uma área muito complexa da engenharia, cheia de gráficos, números e conceitos complicados.Vieira (2011) 5 vem de encontro a esse pensamento ao dissertar sobre a energia reativa que o consumidor paga e não tem o conhecimento disso, dessa forma será apresentado abaixo o problema de como que o FP afeta o valor da conta de luz de alguns consumidores e tentará trazer soluções a respeito. Conforme afirma Vieira (2011), nem todos os consumidores pagam essa taxa extra pela energia reativa, essa cobrança será conforme os protocolos da concessionária, sendo que geralmente uma grande parte da população residencial estão livres desta cobrança quando se trata de unidades consumidoras residenciais. No entanto, quando se trata de condomínios, sejam elas comerciais, residenciais ou indústrias de diversos portes, estes estabelecimentos estão sujeitos à cobrança mensal desse consumo. É preciso dizer que a cobrança da energia reativa apenas será cobrada nas situações que exista o medidor com capacidade de medir tal energia reativa, fato que ocorre em empresas com faturamento em alta tensão. No entanto, hoje as concessionárias já estão ficando atentas à instalação de medidores eletrônicos em residências, o que vai proporcionar a medição da energia reativa. Até que isso ocorra em 100% das unidades consumidoras o fator 5 VIEIRA, Sérgio. Energia reativa: o que o consumidor paga e não sabe. [s. l.] WGR, 2011. Disponível em: <http://blog.wgr.com.br/2011/06/energia-reativa-o-que-o-consumidor-paga.html>. Acesso em 15 abr. 2015. 7 de potência calculado pela concessionária para as unidades consumidoras sem medidores está em 0.92. Até certo limite, as concessionárias não são autorizadas a cobrar essa energia e até recentemente não a cobravam dos consumidores do Grupo B mesmo quando o limite era excedido. Esse panorama pode mudar em breve, mas o fato é que a cobrança, em geral, é encontrada apenas nos consumidores do Grupo A (ELETROBRÁS, 2001, p. 12). 6 No entanto, se houver a instalação de medidor para a cobrança da energia reativa, a correção do fator de potência é um dos meios mais baratos para a redução de gastos com energia elétrica. Por enquanto a cobrança da energia reativa está sendo efetuada nos casos em que o consumidor apresenta o fator de potência abaixo dos 92% e isso vem mostrado no medidor de energia elétrica. Para saber o valor do fator de potência de uma unidade consumidora é necessário saber como o fator de potência se comporta durante as diferentes horas do dia, nos diferentes momentos e níveis de consumo. Através desses métodos pode ser calculado o FP da instalação para cada intervalo de tempo. 7 A partir desse levantamento, será possível fazer a análise em gráficos e planilhas mostrando um comparativo ente a potência ativa e a potência reativa da instalação, sendo que com esses valores medidos a cada 15 minutos, será possível fazer um levantamento horário desse fator de potência. Um dos meios mais diretos de economia está relacionado a essa correção do FP, esse trabalho apresenta uma alternativa de controle utilizando um microcontrolador em tempo real para unidades residenciais. O sistema será baseado na aquisição de sinais de tensão e corrente através da placa de som de um microcomputador que pode calcular o atraso de fase originados nas cargas indutivas e a partir daí determinar o valor da capacitância necessária para estabelecer o FP em 92%. Sendo que esse controlador somente é viável para as unidades consumidoras residenciais. A correção do FP deverá mostrar a situação real do sistema e ser capaz de acionar o banco de capacitores de forma automática, conectados ao software via porta paralela. 8 6 ELETROBRÁS. Manual de tarifação da energia elétrica. [s. l.] Procel, 2001. Disponível em: <http://www.sef.sc.gov.br/sites/default/files/manual_de_tarifação.pdf>. Acesso em 15 abr. 2015. 7 Como mostra Rios et al (2014), essa medição pode ser feita utilizando um medidor de potência Fluke modelo 41B, para obter os valores de potência ativa e de potência reativa a cada 15 minutos. 8 Onuki et al (2006) diz que uma das grandes dificuldades em iniciar a construção desse protótipo está na inexistência de indutores comerciais para laboratório capazes de atrasarem de forma significativa o FP. Sendo 8 O 9 projeto descrito acima poderá ser encontrado em Onuki et al (2006) 10 cuja base bibliográfica foi utilizada como referência base para a descrição do projeto. A correção de unidades maiores como indústrias de porte maior poderá ser realizadas através da instalação de bancos de capacitores ou filtros de correção de fator de potências industriais. De acordo com Nascimento et al (2010), 11 vários métodos têm sido estudados em busca de minimizar e/ou controlar os harmônicos produzidos ou gerados na fonte em unidades consumidoras de grande porte, sendo citados alguns abaixo: Filtros Ativos; Filtros Passivos; Filtros Híbridos. que o mesmo orienta a adotar-se um circuito equivalente conhecido como gyrator, que possui a característica de conseguir, mesmo em baixa potência, simular indutores com alta indutância, apenas utilizando amplificadores operacionais, resistores e capacitores. 10 ONUKI, Eric Kenzo. et al Correção automática de fator de potência em ambiente residencial. [s. l]. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2006. Disponível em: <http://legacy.afonsomiguel.com/Graduação/ProjetosIntegrados/2006-2/Cafap/>. Acesso em 14 abr. 2015. 11 NASCIMENTO, Vinícius C. do. et al Filtros Harmônicos. Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2010. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/19716224/2067600740/name/Artigo_Filtros_Harmonicos.pdf> 9 CONCLUSÃO K Mesmo que esse tema seja amplamente difundido no meio industrial, a crescente preocupação quanto ao fator de potência a nível residencial requer estudos de viabilidade e aplicação. Onde diante dos fatos vividos pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), uma redução a nível nacional do FP seria de grande importância para a melhoria na capacidade de condução do sistema e seria obtida uma redução significativa das perdas joulicas no sistema. Essa será uma área cada vez mais atraente para empresas de tecnologias em bancos de capacitores e microcontroladores, no entanto a elaboração de um sistema viável de correção de FP residencial revela-se uma tarefa inovadora e complexa para os profissionais do setor elétrico. Esse projeto tentará trazer um novo conceito prático de correção para o FP residencial e industrial, da mesma forma estará auxiliando no aprendizado dentro do ambiente da faculdade a preparar o grupo discente para as novas tendências do setor elétrico e suas novas tecnologias. 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELETROBRÁS. Manual de tarifação da energia elétrica. [s. l.] Procel, 2001. Disponível em: <http://www.sef.sc.gov.br/sites/default/files/manual_de_tarifação.pdf>. Acesso em 15 abr. 2015. NASCIMENTO, Vinícius C. do. et al Filtros harmônicos. Itajubá: Universidade Federal de Itajubá, 2010. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/19716224/2067600740/name/Artigo_Filtros_Harmnicos.pdf>. Acesso em 24 de abr 2015. ONUKI, Eric Kenzo. et al Correção automatizada de fator de potência em ambiente residencial. [s. l.]. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2006. Disponível em: < http://legacy.afonsomiguel.com/Graduacao/ProjetosIntegrados/2006-2/Cafap/>. Acesso em 14 abr. 2015.RIOS, Frederico S. R. et al O fator de potência em unidades consumidoras residenciais. Revista e-xacta.v. 7, n. 1, p. 01-11. ISSN: 1984-3151. Belo Horizonte: UniBH, 2014. Disponível em: < www.unibh.br/revistas/exacta/>. Acesso em 13 abr. 2015. SANTOS, Jéssica Pereira R. dos; SANTOS NETO, José Ferreira dos. Influência das harmônicas nas instalações elétricas residenciais: Uma análise do uso das lâmpadas fluorescentes compactas. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica). Instituto Tecnológico de Caratinga. Caratinga, 2010. SOUZA, Fabiana Pöttker de. Correção do Fator de Potência para instalações de baixa potência empregando filtros ativos. Tese de Doutorado. Universidade de Santa Catarina, Florianópolis: UFSC, 2000. Disponível em: <http://ivobarbi.com/PDF/Teses/Tese_Fabiana%20Pottker.pdf> . Acesso em 03 de abr 2015. 11 VIEIRA, Sérgio. Energia reativa: o que o consumidor paga e não sabe. [s. l.] WGR, 2011. Disponível em: <http://blog.wgr.com.br/2011/06/energia-reativa-o-que-o-consumidor- paga.html>. Acesso em 15 abr. 2015.
Compartilhar