Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO ARTES VISUAIS - LICENCIATURA EDEILSON ALVES FERNANDES AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: Concepções de Educação no Ensino Brasileiro Campos dos Goytacazes - RJ 2015 EDEILSON ALVES FERNANDES AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: Concepções de Educação no Ensino Brasileiro Trabalho apresentado aos Semestres 1º Flex e 2° do Curso Artes Visuais - Licenciatura, da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas Filosofia da Educação e Pensamento Pedagógico, Organização do Trabalho Pedagógico, Psicologia da Educação e Aprendizagem, seminário da Prática II. Profs.: Mari Clair Moro Nascimento, Adriana de Araújo, Carla Mancebo Esteves, Reinaldo Nishikawa e Taíse Nishikawa. Tutora de Sala: Valéria Peçanha Palhares. Tutora Eletrônica: Amanda Almeida Sacoman. Campos dos Goytacazes - RJ 2015 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 04 2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 05 3. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 08 4. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 09 4 1. INTRODUÇÃO A prática educacional pode ser estritamente pedagógica? Não. A prática educacional é uma prática pedagógica por excelência, mas ela não é estritamente pedagógica porque é influenciada, também, por elementos sociopolíticos presentes numa determinada sociedade. Então, a prática educacional também é uma prática política. O termo projeto político pedagógico deriva dessa influência de leis, características sociais, culturais entre outros, que atuam sobre os sistemas educacionais e sobre as práticas pedagógicas. As atividades que ocorrem dentro de uma unidade escolar são influenciadas pelos elementos sociopolíticos e a escola moderna requer uma aproximação muito grande com esses elementos para que possa se desenvolver com resultados positivos dentro de suas propostas. Ao contrário do passado, hoje sabemos que não há propostas e práticas pedagógicas “inocentes” ou neutras; todas elas são portadoras de visões de mundo e de ideologias presentes nas representações coletivas e no imaginário social, cabendo aos educadores e as escolas, fazerem as escolhas que possam contribuir para uma educação transformadora das realidades individuais e coletivas. As Tendências Pedagógicas se identificam com os períodos nos quais o ensino brasileiro adotou novas concepções de educação e estão diretamente ligados aos processos de mudança. O estudo dessas Tendências Pedagógicas foi apresentado por Libâneo (1989), e é sobre as características de cada uma delas, que faremos uma análise a seguir. 5 2. DESENVOLVIMENTO As Tendências Pedagógicas, segundo Libânio (1989), são divididas em Liberais e Progressistas. A Tendência Pedagógica Liberal acredita que a escola tem, entre outras, a função de preparar os indivíduos para desempenhar papéis e funções sociais, baseadas nas aptidões individuais. Dessa forma, o indivíduo deve adaptar-se aos valores e normas da sociedade de classe, desenvolvendo sua cultura individual. Com isso, desconsidera-se as diferenças entre as classes sociais, já que a escola não leva em consideração as desigualdades sociais (Libânio, 1989). Existem quatro Tendências Pedagógicas Liberais: Tendência Liberal Tradicional, Tendência Liberal Renovada Progressista, Tendência Liberal Renovada não-diretiva e Tendência Liberal Tecnicista. Já a Tendência Pedagógica Progressista faz uma análise critica sobre as realidades sociais, cuja educação abre possibilidades para a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser responsável por construir sua realidade. Ela assume um caráter pedagógico e político ao mesmo tempo (Libânio, 1989). É divida em três tendências: Tendência Progressista Libertadora, Tendência Progressista Libertária e Tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos. Para que possamos ter um melhor entendimento sobre cada uma delas, vejamos as divisões separadamente: 2.1 - TENDÊNCIA PEDAGÓGICA LIBERAL 2.1.1 - Tendência Liberal Tradicional: caracteriza-se por ressaltar o ensino humanístico, de cultura geral e tem como objetivo a transmissão dos padrões, normas e modelos dominantes. De acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu próprio esforço. A realidade social e a capacidade cognitiva dos alunos, são separados dos conteúdos escolares, sendo estes, impostos como verdades absolutas nas quais apenas o professor tem razão. Sua metodologia é baseada na memorização, o que contribui para uma aprendizagem mecânica, engessada, passiva e repetitiva (Libânio, 1989). Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o ensino da matéria pela matéria, com ênfase nos exercícios repetitivos e de recapitulação dos conteúdos das disciplinas, exigindo uma atitude receptiva e mecânica do aluno. Os conteúdos são organizados pelo professor, numa seqüência lógica, e a avaliação é realizada através de provas escritas, arguições orais e exercícios de casa. 6 2.1.2 - Tendência Liberal Renovada Progressista: ressalta o sentido cultural como desenvolvimento das metas e aptidões individuais. A educação escolar assume o propósito de levar o aluno a assimilar e edificar conhecimento, considerando as fases de aprendizado do seu desenvolvimento. Os conteúdos escolares adequam-se aos interesses, ritmos e fases de raciocínio do aluno. Sua proposta metodológica tem como características, as experimentações e as pesquisas. O professor deixa de ser um mero reprodutor e assume o papel de elaborar desafios de aprendizagem, fazendo com que esta aprendizagem seja construída através de planejamentos e testes. O professor passa a respeitar e a atender as necessidades individuais dos alunos (Libânio, 1989). Dessa forma, a escola continua a preparar o aluno para assumir seu papel na sociedade, adequando as necessidades do educando ao meio social, e para isso, ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a atividade pedagógica estava centrada no professor, na escola renovada progressista, a idéia de “aprender fazendo” passa a ser mais defendida, portanto centrada no aluno, valorizando as ações experimentais, a curiosidade do aprendizado, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, etc, levando em conta os interesses do aluno. 2.1.3 - Tendência Liberal Renovada não-diretiva: Evidencia-se, nesta tendência, a função da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todas as tentativas de esforços devem mirar para uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. Acentua-se uma maior preocupação com o desenvolvimento da personalidade do aluno, com o autoconhecimento crítico e com a realização pessoal. Os conteúdos escolares passam a ter significados pessoais, que possam ir de encontro aos interesses e motivações do aluno. São incluídasatividades de sensibilidade, expressão e comunicação interpessoal, acentuando-se a importância dos trabalhos em grupos. Aprender torna-se um ato interno e intransferível (Libânio, 1989), centrando um ensino no aluno, transformando o professor em um facilitador. A relação professor-aluno passa a ser marcada pela afetividade e principalmente pelo bom senso. 2.1.4 - Tendência Liberal Tecnicista: com atuação no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), a escola liberal tecnicista articula-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a tecnologia comportamental, ou seja, a ciência da mudança de comportamento. Seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para o 7 mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças sociais. Para isso, enfatiza a profissionalização e modela o individuo para integrá-lo ao modelo social vigente, tecnicista. Os conteúdos que ganham destaque são os objetivos e neutros. O professor administra os procedimentos didáticos, enquanto o aluno recebe as informações. O educador tem uma relação profissional e interpessoal com o aluno (Libânio, 1989). 2.2 - TENDÊNCIA PEDAGÓGICA PROGRESSISTA 2.2.1 - Tendência Progressista Libertadora: nesta tendência, o papel da educação é conscientizar o aluno para transformar a realidade e os conteúdos são extraídos da pratica social e cotidiana à qual ele pertence. Os conteúdos pré-selecionados são vistos como uma invasão cultural e a metodologia é caracterizada pela problematização da experiência social em grupos de discussão. A relação do professor com o aluno é tida como horizontal, na qual ambos passam a fazer parte do ato de educar. 2.2.2 - Tendência Progressista Libertária: A escola progressista libertária parte da premissa de que apenas a experiência vivenciada pelo educando é incorporada e utilizada em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático. A ênfase na aprendizagem informal via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. A escola propicia praticas democráticas, pois acredita que a consciência política resulta em conquistas integradas. Os conteúdos dão ênfase aos embates sociais, cuja metodologia está relacionada com a vivência coletiva. O professor torna-se um orientador do grupo sem impor suas idéias e convicções, mas colhendo as práticas resultantes da observação. 2.2.3 - Tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos: Na visão desta pedagogia, o princípio da aprendizagem significativa é admitido, partindo do que o aluno já sabe. A escola tem a tarefa de garantir a apropriação crítica do conhecimento cientifico e universal, tornando-se uma arma de luta importante. A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, quando o aluno supera sua visão parcialmente confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora. Adota-se o método dialético, que é visto como o responsável pelo confronto entre as experiências pessoais e o conteúdo transmitido na escola. O educando participa com suas experiências e o professor com sua visão da realidade. 8 5. CONCLUSÃO A partir da análise do quadro teórico traçado por Libâneo (1989), é possível compreender que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por apresentarem-se neutras, nunca assumiram compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista. Essas tendências, valorizam a produção do aluno, a partir do seu conhecimento do mundo, assim como a possibilidade de negociação de sentido do conhecimento. Por muito tempo, o chamado ensino tradicional foi a prática dominante na educação brasileira. Tal ensino, como vimos no desenvolvimento, baseava-se unicamente na transmissão de conhecimentos que, ao invés de serem assimilados pelos alunos, deveriam ser memorizados e postos à prática através de provas avaliativas dessa memorização. Mesmo com as tendências progressivas, tal prática pouco mudou. A tendência liberal tradicional ainda acontece nos sistemas de ensino atuais, principalmente na verificação do aprendizado. Poucas unidades de ensino escapam desses resquícios tradicionais. As tendências modernas deveriam unificar as práticas de ensino desde a educação básica até a superior. Enquanto isso não acontece, as teorias continuam superando as práticas. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítica-social dos conteúdos. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1989. SANTOS, Nilva de Oliveira Brito; GASPARIN, João Luiz. O trabalho educativo: contribuições da teoria histórico-cultural e da pedagogia histórico-cultural. In.: Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul - ANPED SUL, 2012.
Compartilhar