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DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Disciplina Análise Regional
Prof. Heitor Soares de Farias
A rede de localidades centrais nos países subdesenvolvidos
Rede de localidades centrais – diferenciação entre os núcleos de povoamento segundo a sua importância enquanto lugares de distribuição de produtos industrializados.
Região homogênea – hierarquizada pelo conjunto de bens e serviços oferecidos, e pela atuação espacial dos mesmos.
Há diferentes níveis de localidades centrais – centros de um mesmo nível oferecem bens e serviços semelhantes – dimensão e volume.
A partir de Christaller, muitos estudos foram desenvolvidos sobre as localidades centrais, preocupados com a relação entre o subdesenvolvimento e a rede de centros.
Nos países subdesenvolvidos a rede de localidades centrais apresenta-se em três modos principais de organização:
Rede dendrítica de localidades centrais;
Mercados periódicos;
Desdobramento da rede em dois circuitos.
Tais modos de organização não são mutuamente excludentes, podendo coexistir em uma mesma rede regional.
Esses modos citados também não esgotam a rica variedade de aspectos que caracterizam as redes centrais dos países subdesenvolvidos, no entanto são os mais importantes.
As redes dendríticas
1° Se caracterizam pelo passado colonial – no âmbito da valorização dos territórios conquistados pelo europeu que nasce esta estrutura.
No início está uma cidade estrategicamente fundada – junto ao mar servindo de porta de entrada para o interior do território.
Desde o início concentra as principais funções econômicas e políticas – transforma-se em um núcleo dos demais centros desta hinterlândia.
Muitos denominam o núcleo principal de cidade primaz – em alguns casos pode levar à macrocefalia urbana.
A cidade primaz concentra a maior parte do comércio exportador e importador – concentra a renda, a elite regional, o mercado de trabalho...
2° Excessivo número de pequenos centros – consequência da pouca demanda, baixa mobilidade espacial da população, precariedade das vias e do transporte.
3° Ausência de centros intermediários intersticialmente localizados – característica do padrão de interações comerciais atacadistas.
A medida que se afastam das cidades primaz, os centros urbanos diminuem gradativamente de tamanho populacional, de vendas e expressão política.
No extremo da rede dendrítica localizam-se os mercados periódicos – ponto extremo da hinterlândia – são muito importantes nos países subdesenvolvidos, constituindo-se outra categoria de análise.
Além desses pontos extremos, o território transforma-se no campo de ação preferencial dos mascates – vendedores itinerantes sem localização definida – que promovem a integração de áreas de fronteira econômica.
Na Amazônia a rede dendrítica é bem simples e configura-se em estratos:
No topo os comerciantes dos centros exportadores – Belém e Manaus.
Comerciantes de entros menores – povoados.
Seringalistas - proprietário dos barracões.
Repassam aos extratores da borracha.
Esta rede dendrítica pode evoluir passando de uma rede imatura – com dois níveis hierárquicos (centro e povoados) – para uma rede madura com estratificação funcional com mais centros de rede.
A passagem de um padrão para outro se dá com uma maior diversificação da produção, circulação e consumo, ampliando o próprio mercado consumidor regional.
Mercados periódicos
São núcleos de povoamento pequenos que periodicamente se transformam em localidades centrais – cada uma com a sua periodicidade.
Fora dos períodos de intenso movimento comercial estes núcleos voltam a ser pacatos núcleos rurais, com a maior parte da população ocupada em atividades primárias.
Nos dias de mercado, o pequeno núcleo transforma-se em um centro. Atraem pequenos produtores (vários pequenos núcleos) que transformam-se em comerciantes e consumidores somente nos dias de ”feira”. Esse dias também são de atualização, encontros – cultural, social e político.
Esses mercados itinerantes articulam-se no tempo e no espaço, reunindo-se cada dia em determinado núcleo de povoamento.
Não deve haver necessidades de relações diárias entre o comerciante e o mercado.
Deve ser muito grande o número de famílias para justificar um mercado.
Os mercados periódicos são hierarquizados e mais importantes em níveis inferiores – elementar e intermediário.
Nos níveis hierárquicos superiores a importância dos itinerantes diminui, pois são mais importantes os comerciantes
O centro elementar atende às necessidades do campesinato.
Centros elementares vizinhos podem fixos.ter mercado no mesmo dia, mas nunca no dia do mercado do centro intermediário (conflito na hinterlândia).
O centro intermediário é o local de residência dos comerciantes itinerantes, onde eles renovam os seus estoques.
O centro intermediário é o ponto de encontro das elites residentes na área de mercado do centro – muito têm comércio neste tipo de centro.
Essa hierarquia pode ser explicada pela passagem da economia de mercado, havendo especialização produtiva das áreas rurais.
Assim, as trocas são viabilizadas pelo conjunto de centros – as localidades centrais.
Essa lógica é regida por dois conceitos – alcance espacial máximo e alcance espacial mínimo.
Alcance espacial máximo
Define a área determinada por um raio a partir de uma dada localidade central.
Dentro dessa área os consumidores deslocam-se para a localidade central visando a obtenção de bens e serviços.
Para além desse raio existem outros centros que exercem essa atração pela proximidade – menor custo e menos tempo.
Alcance espacial mínimo
Define a área em torno de uma localidade central que engloba o mínimo de consumidores suficientes para que um dado comerciante se instale.
Os alcances espaciais máximo e mínimo variam de acordo com os diferentes serviços.
Variam também de acordo com a demanda da população – densidade demográfica, renda e padrão cultural.
O alcance espacial máximo é muito dependente do custo dos transportes.
Nas áreas onde o transporte é barato e a demanda é elevada, o alcance espacial máximo é amplo e o mínimo é reduzido.
É possível que o alcance espacial máximo seja inferior ao mínimo?
Isso acontece em dois casos: custo dos transportes é alto e a renda é baixa.
O alto custo do transporte diminui a possibilidade de deslocamento da população – reduz o alcance espacial máximo.
A renda limitada tende a ampliar alcance espacial mínimo, em alguns casos fazendo com que seja maior que o alcance espacial máximo.
Em razão da baixa renda, é preciso ampliar o número de consumidores para justificar a instalação de comerciantes em um pequeno centro.
Parte do número de consumidores necessários para a instalação de comerciantes encontra-se em uma área além daquela onde é possível deslocar-se para a localidade central - um paradoxo.
Nesta situação a única possibilidade para os comerciantes é deslocar-se de centro a centro – mercados periódicos. (figura pag 60)
Esta visão econômica foi formulada por Stine e se tornou consagrada. Ela é básica para entender a distribuição de bens e serviços nos países subdesenvolvidos.
No entanto, há críticas para a forte explicação econômica para entender os mercados periódicos.
Bromley, Symanski e Good, afirmam que se deve levar em consideração o contexto social e histórico da atividade comercial nesses países.
Os sistemas de trocas estão fundamentados em sistemas de valores modelados por processos culturais.
Os dois circuitos da economia
O terceiro modo como está organizada a rede de localidades centrais é o desdobramento da rede em dois circuitos econômicos.
A industrialização relativa após a 2 Guerra Mundial dividiu a vida econômica desses países em dois circuitos de produção, distribuição e consumo.
O circuito superior é resultante direto da modernização tecnológica, enquanto que o circuito inferior é resultante indireto, pois destina-se aos indivíduos que pouco ou nada se beneficiaram com o progresso.
Os dois circuitos, no entanto, não causam uma dicotomia urbana, mas uma bipolarização – mesma origem, mesmas causas, coexistem.
Os dois circuitos não estão isolados, mas coexistem interligados na medida que a classe média utiliza um e outro circuito.
Características
Circuito Superior
Circuito Inferior
Tecnologia
Capital intensivo
Trabalho intensivo
Organização
Burocrática
Primitiva
Capitais
Importantes
Reduzido
Emprego
Reduzido
Volumoso
Assalariado
Dominante
Não obrigatório
Estoques
Grande quantidade
pequena quantidade
Alta qualidade
qualidade inferior
Preços
Fixos
Submetidos à discussão
Crédito
Institucional
Não institucional
Lucro
Pouco por unidade
Elevada por unidade
Relação com a clientela
Impessoal
Personalizada
Custos fixos
Importantes
Desprezíveis
Publicidade
Necessária
Nula
Reutilização dos bens
Nula
Frequente
Ajuda governamental
Importante
Nula
Dependência Externa
Importante
Nula
Os dois circuitos são facilmente revelados na paisagem.
As localidades centrais são estruturadas de modo a atender aos dois circuitos da economia – duas áreas de influência.
A influência dos circuitos pode ser observada através do alcance espacial máximo e mínimo, se diferenciando de acordo com o nível hierárquico da localidade central – metrópole, cidade intermediária ou cidade local.
Alcance espacial mínimo do circuito inferior é reduzido nos três níveis. Mas o alcance espacial máximo é maior na cidade intermediária que na local. Na metrópole confunde-se com os limites da urbanização.
No circuito superior o alcance espacial mínimo é expressivo na metrópole e na cidade intermediária – inexiste na cidade local (baixa renda).
O alcance espacial máximo inexiste na cidade local, e expressivo nas cidades intermediárias e metrópoles. 
É através do circuito superior que o centro metropolitano estabelece relações com sua área de influência, podendo não ser contínua.
Como o circuito superior está voltado para a população com nível de renda elevado, e esta encontra-se concentrada em alguns pontos do território, verifica-se a descontinuidade.
A cidade local atua através do circuito inferior e a metrópole através do superior.
As cidades intermediárias desfrutam uma centralidade fornecida pelos dois circuitos.
Para parte da população, esta hierarquia urbana não existe, principalmente àqueles de mais baixa renda que residem em centros locais.
Esses têm mobilidade reduzida pela baixa renda, utilizando somente o comércio e os serviços da própria localidade central em que residem.
Para as camadas da população com nível de renda médio e alto, os deslocamentos variam de acordo com o serviço e as características dos bens que procuram.
Por exemplo, para comprar um bem durável, essas pessoas são capazes de se deslocarem para centros maiores em busca de variedade da oferta e preços mais baixos.

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