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Apresentação segunda aula - práticas jurídicas e perícia

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O psicólogo e as práticas jurídicas
Psicologia é considerada ciência recente. Em 1879 foi a criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental na Alemanha. Investigava-se os processos psicológicos relacionados à análise do comportamento, ao desenvolvimento psicológico, à aprendizagem, percepção, memória, motivação, emoção, inteligência, etc.
Psicologia aproxima-se do Direito no final do século XIX com a Psicologia do Testemunho que tinha por finalidade avaliar, por meio dos testes psicológicos, a veracidade dos testemunhos dos indivíduos envolvidos em processos judiciais.
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Psicologia do anormal (Manual de Psicologia Jurídica) – acreditava-se na patologia individual ou anormalidade de quem cometia o delito. Tal teoria trouxe sérias conseqüências, já que culpabilizava-se individualmente a pessoa pelo delito, acreditando que esta o praticava pelo fato de possuir uma anomalia. Descartavam-se conexões e fatores externos para o entendimento da criminalidade e da relação das pessoas com o crime.
A psicologia começou sua atuação nas instituições jurídicas totalmente identificada com a prática do psicodiagnóstico, Nessa época, os médicos psiquiatras eram os responsáveis pelas perícias e os psicólogos eram seus auxiliares, realizando apenas a testagem (aplicação de testes psicológicos).
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No início, a prática da Psicologia Jurídica poderia ser definida como “Psicologia aplicada ao Direito”, como uma disciplina auxiliar. No entanto, o que se objetiva é afastar das funções exclusivamente psicotécnicas (psicodiagnóstico) e orientar-se cada vez mais para o bem-estar do homem e suas potencialidades, trazendo uma preocupação ética com o seu fazer. Busca-se com o Direito uma relação de complementaridade, criando um terreno propício ao diálogo transdisciplinar.
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Perícia Psicológica
A prática da perícia estabeleceu o campo de atuação da Psicologia Jurídica na busca da verdade, por meio da prova pericial. O exame pericial visava averiguar a sanidade mental, a capacidade de discernimento e a periculosidade dos indivíduos.
Os exames periciais ainda hoje são, freqüentemente, realizados para avaliar se um detento pode sair da cadeia, se ele pode retornar ao chamado convívio social, se ele merece uma progressão de regime. Também são freqüentes solicitação de psicodiagnósticos em torno de pedidos de interdição, incapacidade para os atos da vida civil, guarda de filhos, indenização, dentre outros.
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“A perícia visa assessorar os órgãos judiciários, dando subsídios através de conhecimentos técnico-científicos especializados, no intuito de levar para os autos de um processos, informações as quais muitas vezes escapam ao saber jurídico, servindo, dessa forma, para orientar a tomada de decisão por parte da autoridade judicante”. (p.35)
Os peritos, como profissional de confiança do juiz, assumem o compromisso da imparcialidade na avaliação dos casos, comprometendo-se a apresentar um parecer técnico psicológico sobre as questões formuladas pelo magistrado e de responder aos quesitos formulados pelos advogados das partes e pelo ministério público. Ao psicólogo perito cabe fornecer um laudo psicológico com informações pertinentes ao processo judicial e à problemática diagnosticada, visando auxiliar o magistrado na formação de seu convencimento sobre a decisão judicial a ser tomada.
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Laudo – consiste no resultado de uma perícia, cujo objetivo é apresentar resultados conclusivos (diagnóstico) acerca da análise, servindo de prova processual ou de consulta sobre determinado ponto. A natureza do laudo é de subsidiar e contribuir com a tomada de decisão Judicial. Mas o Juiz, que se baseia no princípio do Livre Convencimento, pode criticar, acolher ou rejeitar o laudo, de acordo com seu convencimento.
Ressalta-se que o compromisso do psicólogo jurídico não deve ficar restrito ao fornecimento de informações, por meios de processo de avaliação psicológica e perícia, ao magistrado para fins de decisão do processo judicial, devendo realizar também um processo de intervenção, com entrevistas devolutivas e encaminhamentos terapêuticos e sociais pertinentes à realidade dos implicados.
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Em um mesmo processo judicial podem ocorrer laudos psicológicos conflitantes do perito e dos assistentes técnicos.
“Representações sociais sobre família, infância e outros conceitos podem ser fortalecidos ou modificados pelo conhecimento transmitido nos laudos psicológicos, cujo conteúdo revela as concepções de sociedade, ciência e de homem que dão suporte a ação profissional.”
O processo de avaliação psicológica utiliza-se dos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, estudos de campo, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito das pessoas ou grupos atendidos.
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Perito
Cabe ao perito enviar ao juiz um relatório sobre a perícia realizada, com as devidas conclusões. Este relatório deve ser claro, evitando-se termos técnicos que possam induzir a interpretações errôneas. Assim, o perito não possui poder decisório, sua tarefa limita-se a informar ao juiz sobre assuntos específicos: a decisão final cabe ao juiz.
Os peritos são vistos como auxiliares da Justiça. O magistrado, porém, não é obrigado a concordar com as conclusões do laudo técnico, podendo dar encaminhamento adverso ao que foi sugerido pelo profissional.
A nomeação do perito é realizada normalmente pelo juiz (que tem poderes de nomear a partir do Código de Processo Civil), que em geral atende à solicitação dos advogados ou do curador. Ao mesmo tempo, as partes poderão nomear outro profissional, denominado assistente técnico, que deverá elaborar laudo em separado, concordante ou divergente do laudo oficial.
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Assistente Técnico
O assistente técnico é um psicólogo autônomo contratado pela parte para reforçar sua argumentação no processo e complementar o estudo psicológico feito pelo perito. É como um consultor da parte, mas seu trabalho deve sempre atender aos princípios da ética profissional à qual está sujeito, e não deve limitar a uma visão parcial. Precisa, para resguardar a qualidade de seu trabalho, obter informações acerca da dinâmica familiar completa, e assim fornecer subsídios à decisão judicial que, a principio são favoráveis ao seu cliente, mas servem também para compreender o contexto familiar integral e identificar as reais necessidades dos membros da família. 
O assistente técnico é, portanto, um assessor da parte, devendo estar habilitado para orientar e esclarecer sobre as questões psicológicas que dizem respeito ao conflito.
Cabe esclarecer que a função do Assistente Técnico é a de assistir as partes, não cabendo fiscalização ou hierarquia entre os diversos profissionais que atuam no processo judicial.
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A interação do trabalho dos psicólogos, perito e assistente com o dos juristas objetiva evitar que o confronto familiar se agrave ou se perpetue, minimizando os danos que por ventura venham sofrer seus envolvidos, especialmente crianças e adolescentes.
Não se pressupõe que psicólogos jurídicos e assistentes técnicos devam necessariamente concordar. Divergências de análise de uma mesma questão fazem parte da ciência Psicológica, que permite a descrição e a compreensão dos fenômenos a partir de diferentes pontos de vista. Não existe uma verdade única e exclusiva a determinado referencial teórico. O que nos leva a considerar que a relação entre o Assistente Técnico e o Psicólogo Judiciário deva ser de colaboração e complementaridade, pautada na ética e no conhecimento técnico.

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