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Psicologia-Forense

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PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO 10 
O PSICÓLOGO FORENSE 19 
ÉTICA EM PSICOLOGIA FORENSE 22 
PERÍCIA PSICOLÓGICA FORENSE 24 
PERÍCIA CIVIL 31 
PSICOLOGIA DA POLÍCIA 36 
A PSICOLOGIA E O DIREITO 55 
ASSISTENTE TÉCNICO 59 
0 PROCESSO DA PSICOLOGIA FORENSE 65 
ESTRATÉGIAS DA PSICOLOGIA FORENSE 67 
PSICOPATAS, SOCIOPATAS E SERIAL KILLERS 90 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA FORENSE EM SITUAÇÕES DE SUSPEITA DE ABUSO 
SEXUAL EM CRIANÇAS E ADOLECENTES. 110 
REFERÊNCIAS 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA FORENSE 
 
 
 
 
 
● Psicopatologia: Psiquê + Pathos + Logos 
● Estudo das “doenças” mentais. 
● Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser 
humano. Esforça-se por ser sistemático, descritivo, elucidativo e 
desmistificante. Visa ser científico, não incluindo critérios de valor, nem 
dogmas ou verdades a priori. (Dalgalarrondo, 2008) 
 
Psicologia Jurídica é o campo da psicologia que agrega os profissionais que 
se dedicam à interação entre a psicologia e o direito. A principal função dos 
psicólogos no âmbito da justiça é auxiliar em questões relativas à saúde mental dos 
envolvidos em um processo, com importantes colaborações nas áreas da cidadania, 
violência e direitos humanos. A psicologia vive obcecada pela compreensão das 
chaves do comportamento humano. 
O direito é o conjunto de regras que busca regular esse comportamento, 
prescrevendo formas de soluções de conflitos, colaborando nas áreas da cidadania, 
prevenção da violência e Direitos humanos, plasmando o contrato social que 
sustenta a vida em sociedade. 
O que entra em jogo agora é a capacidade de entender as situações jurídicas 
que o indivíduo é incorporado, como processos, testamentos, decisões variadas, 
acatar sentenças e assumi-las ou cumpri-las. Para que sejam justos os 
procedimentos, a pessoa deve ter uma capacidade minimamente básica para poder 
participar em qualquer dos polos processuais. 
Existem muitas formas de 
abordagens para realizar a avaliação de 
capacidade, que consistem em testes 
cognitivos, psicológicos e os instrumentos 
concebidos para ocorrer o julgamento. 
Falamos aqui da submissão a um 
julgamento, porém existem as capacidades 
criminais e civis ainda, que serão 
abordadas mais profundamente 
juntamente com os aspectos vitais para o 
direito, de forma justa. 
 
 
 
 
A psicologia forense surgiu da necessidade do Direito em compreender o 
comportamento humano e aplicar esses ensinamentos no auxílio ao sistema legal, 
desde a interpretação de leis até a sua aplicação das penas. 
Desde o século XVIII os pareceres psicológicos já eram utilizados nos 
tribunais norteamericanos. Essas consultas jurídicas aos profissionais de outras 
áreas buscavam aprofundar análises testemunhais, exames de evidências delitivas 
e análise do grau de veracidade em suas confissões, motivações para a prática dos 
crimes, orientações psíquicas e morais do infrator, dentre outras questões que 
isoladamente o Direito não conseguiria compreender. 
No estudo de Huss , em 1962 a psicologia forense conseguiu o evento que 
marcou seu ingresso ao campo jurídico. No caso Jenkins nos Estados Unidos: a 
Corte determinou que fosse reconhecido o testemunho psicológico para determinar 
a responsabilidade criminal dos agentes (Inimputabilidade). 
Após isso os psicólogos forenses passaram a testemunhar frequentemente 
casos de inimputabilidade. A decisão Jenkins levou a uma explosão da psicologia 
forense nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1970. A psicologia 
Jurídica (gênero que abrange a psicologia forense) se consolidou nos anos 
seguintes, contudo, depois das experiências de psicologia criminal, desenvolvidas 
por agentes do FBI que entrevistaram assassinos em séries presos, com o intuito de 
entender como os criminosos pensavam, e aplicar esse conhecimento da psicologia 
e da ciência comportamental ao comportamento criminoso violento de maneira 
abrangente (HUSS, 2011, p. 24). 
Já no Brasil, a psicologia Forense já era utilizada no país antes mesmo da 
regulação da profissão de psicólogo, em 1962. O trabalho não oficial dos psicólogos 
jurídicos foi feito de início de maneira informal. Direcionada aos estudos de 
questões criminais, como por exemplo, o perfil psicológico dos criminosos, da 
criança e dos adolescentes que eram ligados a atos ilícitos. Os psicodiagnósticos 
eram vistos como instrumentos que forneciam dados matematicamente 
comprováveis para orientação dos operadores do Direito. 
O auxílio dos psicólogos dentro do sistema penitenciário também data antes 
da década de 1960, mas foi com a Lei de Execução Penal (Lei n° 7210 de 1984) 
que o psicólogo Brasileiro passou a ser reconhecido legalmente pela instituição 
penitenciária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação. 
 
Delimitar o início da Psicologia Jurídica no Brasil é uma tarefa complexa, em 
razão de não existir um único marco histórico que define esse momento. Assim, na 
história brasileira. A seguir, serão apresentados os principais campos de atuação do 
psicólogo jurídico, com uma sucinta descrição das tarefas desempenhadas em cada 
setor. 
Objetiva-se, ainda, que o artigo possa ser utilizado como referência 
bibliográfica para disciplinas de Psicologia Jurídica, pois seu caráter introdutório foi 
delineado com esse propósito. A história da atuação de psicólogos brasileiros na 
área da Psicologia Jurídica tem seu início no reconhecimento da profissão, na 
década de 1960. Tal inserção deu-se de forma gradual e lenta, muitas vezes de 
maneira informal, por meio de trabalhos voluntários. 
Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos acerca 
de adultos criminosos e adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002). O trabalho 
do psicólogo junto ao sistema penitenciário existe, ainda que não oficialmente, em 
alguns estados brasileiros há pelo menos 40 anos. Contudo, foi a partir da 
promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84) Brasil (1984), que 
o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária 
(Fernandes, 1998). 
Entretanto, a história revela que essa preocupação com a avaliação do 
criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental delinquente, é bem 
anterior à década de 1960 do século XX. Durante a Antiguidade e a Idade Média a 
loucura era um fenômeno bastante privado. 
Ao “louco” era permitido circular com certa liberdade, e os atendimentos 
médicos restringiam- -se a uns poucos abastados. A partir de meados do século 
XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma necessidade de exclusão dos 
doentes mentais. 
Criam-se estabelecimentos para internação em toda a Europa, nos quais 
eram encerrados indivíduos que ameaçassem a ordem da razão e da moral da 
sociedade (Rovinski, 1998). A partir do século XVIII, na França, Pinel realizou a 
revolução institucional, liberando os doentes de suas cadeias e dando assistência 
médica a esses seres segregados da vida em sociedade (Pavon, 1997). 
Após esse período, os psicólogos clínicos começaram a colaborar com os 
psiquiatras nos exames psicológicos legais e em sistemas de justiça juvenil (Jesus, 
2001). Com o advento da Psicanálise,a abordagem frente à doença mental passou 
a valorizar o sujeito de forma mais compreensiva e com um enfoque dinâmico. 
 
 
 
 
Como consequência, o psicodiagnóstico ganhou força, deixando de lado um 
enfoque eminentemente médico para 
incluir aspectos psicológicos (Cunha, 
1993). Os pacientes passaram a ser 
classificados em duas grandes categorias: 
de maior ou de menor severidade, ficando 
o psicodiagnóstico a serviço do último 
grupo, inicialmente. Desta forma, os 
pacientes menos severos eram 
encaminhados aos psicólogos, para que 
esses profissionais buscassem uma 
compreensão mais descritiva de sua 
personalidade. 
Os pacientes de maior severidade, 
com possibilidade de internação, eram 
encaminhados aos psiquiatras (Rovinski, 
1998). Balu (1984) demonstrou, a partir de 
estudos comparativos e representativos, 
que os diagnósticos de Psicologia Forense 
podiam ser melhores que os dos 
psiquiatras (Souza, 1998). 
De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vistos como 
instrumentos que forneciam dados matematicamente comprováveis para a 
orientação dos operadores do Direito. 
Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prática voltada para a 
realização de exames e avaliações, buscando identificações por meio de 
diagnósticos. Essa época, marcada pela inauguração do uso dos testes 
psicológicos, fez com que o psicólogo fosse visto como um testólogo, como na 
verdade o foi na primeira metade do século XX (GromthMarnat, 1999). 
Psicólogos da Alemanha e França desenvolveram trabalhos 
empírico-experimentais sobre o testemunho e sua participação nos processos 
judiciais. Estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a 
detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de 
crianças impulsionaram a ascensão da então denominada Psicologia do 
Testemunho (Garrido, 1994). 
Atualmente, o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com 
objetivos bem definidos, para encontrar respostas para solução de problemas. A 
testagem pode ser um passo importante do processo, mas constitui apenas um dos 
recursos de avaliação (Cunha, 2000). 
 
 
Esse histórico inicial reforça a aproximação da Psicologia e do Direito através 
da área criminal e a importância dada à avaliação psicológica. Porém, não era 
apenas no campo do Direito Penal que existia a demanda pelo trabalho dos 
psicólogos. Outro campo em ascensão até os dias atuais é a participação do 
psicólogo nos processos de Direito Civil. 
No estado de São Paulo, o psicólogo fez sua entrada informal no Tribunal de 
Justiça por meio de trabalhos voluntários com famílias carentes em 1979. A entrada 
oficial se deu em 1985, quando ocorreu o primeiro concurso público para admissão 
de psicólogos dentro de seus quadros (Shine, 1998). 
Ainda dentro do Direito Civil, destaca-se o Direito da Infância e Juventude, 
área em que o psicólogo iniciou sua atuação no então denominado Juizado de 
Menores. Apesar das particularidades de cada estado brasileiro, a tarefa dos 
setores de psicologia era, basicamente, a perícia psicológica nos processos cíveis, 
de crime e, eventualmente, nos processos de adoção. 
Com a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Brasil 
(1990), em 1990, o Juizado de Menores passou a ser denominado Juizado da 
Infância e Juventude. O trabalho do psicólogo foi ampliado, envolvendo atividades 
na área pericial, acompanhamentos e aplicação das medidas de proteção ou 
medidas socioeducativas (Tabajaski, Gaiger & Rodrigues, 1998). 
Essa expansão do campo de atuação do psicólogo gerou um aumento do 
número de profissionais em instituições judiciárias mediante a legalização dos 
cargos pelos concursos públicos. São exemplos a criação do cargo de psicólogo 
nos Tribunais de Justiça dos estados de Minas Gerais (1992), Rio Grande do Sul 
(1993) e Rio de Janeiro (1998) (Rovinski, 2002). 
Outro dado histórico importante foi a criação do Núcleo de Atendimento à 
Família (NAF), em outubro de 1997, implantado no Foro Central de Porto Alegre e 
pioneiro na justiça brasileira. O trabalho objetiva oferecer a casais e famílias com 
dificuldades de resolver seus conflitos um espaço terapêutico que os auxilie a 
assumir o controle sobre suas vidas, colaborando, assim, para a celeridade do 
Sistema Judiciário (Silva & Polanczyk, 1998). 
Vale observar ainda que, com o propósito de acompanhar as mudanças 
legais e adequar as instituições de atendimento a crianças e adolescentes às 
diretrizes presentes no ECA, fez-se necessário o reordenamento institucional 
dessas entidades em todo o país. A extinta Fundação Estadual do Bem-Estar do 
Menor (FEBEM) mesclava, em uma mesma instituição, crianças e adolescentes 
vítimas de violência, maus tratos, negligência, abuso sexual e abandono com jovens 
autores de atos infracionais (http://www.sjds.rs.gov.br). 
 
 
 
 
Pela Lei 11.800/02 foram criadas duas fundações: a Fundação de 
Atendimento Socioeducativo (FASE), responsável pela execução das medidas 
socioeducativas, e a Fundação de Proteção Especial (FPE), responsável pela 
execução das medidas de proteção. 
O surgimento dessas fundações se deu inicialmente no estado do Rio 
Grande do Sul. Elas são a consolidação do processo de adaptação aos preceitos 
regidos pelo ECA, iniciado nos anos 1990. 
Diante do exposto, percebe-se um histórico inicial da aproximação da 
Psicologia e do Direito atrelado a questões envolvendo crime e os direitos da 
criança e do adolescente. Contudo, nos últimos dez anos a demanda pelo trabalho 
do psicólogo em áreas como Direito da Família e Direito do Trabalho vem tomando 
força. Além desses campos, outras possibilidades de participação do psicólogo em 
questões judiciais vêm surgindo, as quais serão apresentadas e discutidas na 
segunda parte deste artigo. 
Em relação à área acadêmica, cabe citar que a Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro foi pioneira em relação à Psicologia Jurídica. Foi criada, em 1980, 
uma área de concentração dentro do curso de especialização em Psicologia Clínica, 
denominada “Psicodiagnóstico para Fins Jurídicos”. 
Seis anos mais tarde, passou por uma reformulação e tornou-se um curso 
independente do Departamento de Clínica, fazendo parte do Departamento de 
Psicologia Social (Altoé, 2001). Atualmente, não são todos os cursos de Psicologia 
que oferecem a disciplina de Psicologia Jurídica. E, quando o fazem, normalmente é 
uma matéria opcional e com uma carga horária pequena. Já nos cursos de Direito, 
ainda que a carga horária também seja reduzida, a disciplina já se tornou de caráter 
compulsório. 
Esses dados acarretam uma deficiência na formação acadêmica dos 
profissionais, o que exige o oferecimento, por parte das instituições judiciárias, de 
cursos de capacitação, treinamento e reciclagem. 
Os psicólogos sentem estar sempre “correndo atrás do prejuízo”, uma vez 
que as discussões sempre giram ao redor de noções básicas com as quais o 
psicólogo deveria ter tomado contato antes de chegar à instituição (Anaf, 2000). 
Porém, essa realidade tem se modificado. Atualmente, são oferecidos cursos de 
pós-graduação em Psicologia Jurídica em universidades de estadosbrasileiros 
como Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de 
Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, o que revela a expansão da área no País. 
Como pode ser evidenciado, o Direito e a Psicologia se aproximaram em 
razão da preocupação com a conduta humana. O momento histórico pelo qual a 
Psicologia passou fez com que, inicialmente, essa aproximação se desse por meio 
da realização de psicodiagnósticos, dos quais as instituições judiciárias passaram a 
se ocupar. 
 
Contudo, outras formas de atuação além da avaliação psicológica ganharam 
força, entre elas a implantação de medidas de proteção e socioeducativas e o 
encaminhamento e acompanhamento de crianças e/ou adolescentes. Observa-se 
que a avaliação psicológica ainda é a principal demanda dos operadores do Direito. 
Porém, outras atividades de intervenção, como acompanhamento e orientação, são 
igualmente importantes, como se verá na seção seguinte deste artigo. São áreas de 
atuação que devem coexistir, uma vez que seus objetivos são distintos, buscando 
atender a propósitos diferenciados, mas também complementares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO 
 
● Psicologia do Crime 
● Avaliação Forense 
● Clínico Forense 
● Psicologia no sistema correcional 
● Psicologia aplicada aos Programas de Prevenção 
● Psicologia da Polícia 
● Assessoria 
● Pesquisa 
 
Na Psicologia Jurídica há uma predominância 
das atividades de confecções de laudos, pareceres e 
relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia 
uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos 
magistrados. Cabe ressaltar que o psicólogo, ao 
concluir o processo da avaliação, pode recomendar 
soluções para os conflitos apresentados, mas jamais 
determinar os procedimentos jurídicos que deverão 
ser tomados. 
Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete 
ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. É preciso 
deixar clara esta distinção, reforçando a ideia de que 
o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos 
dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar 
possibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial. Contudo, nem 
sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à questão da avaliação e 
consequente elaboração de documentos, conforme se apresenta a seguir. 
Os ramos do Direito que frequentemente demandam a participação do 
psicólogo são: Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente, Direito Civil, 
Direito Penal e Direito do Trabalho. Cabe observar que o Direito de Família e o 
Direito da Criança e do Adolescente fazem parte do Direito Civil. Porém, como na 
prática as ações são ajuizadas em varas diferenciadas, optou-se por fazer essa 
divisão, por ser também didaticamente coerente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
● Psicólogo jurídico e o direito de família: destaca- -se a participação dos 
psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e 
regulamentação de visitas. 
● Separação e divórcio: os processos de separação e divórcio que envolvem a 
participação do psicólogo são na sua maioria litigiosos, ou seja, são 
processos em que as partes não conseguiram acordar em relação às 
questões que um processo desse cunho envolve. Não são muito comuns os 
casos em que os cônjuges conseguem, de maneira racional, atingir o 
consenso para a separação. Isso implica resolver o conflito que está ou que 
ficou nas entrelinhas, nos meandros dos relacionamentos humanos, ou seja, 
romper com o vínculo afetivo- -emocional (Silveira, 2006). 
 
Portanto, o psicólogo pode atuar como mediador, nos casos em que os 
litigantes se disponham a tentar um acordo ou, quando o juiz não considerar viável a 
mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes ou do 
casal. Processos de separação e divórcio englobam partilha de bens, guarda de 
filhos, estabelecimento de pensão alimentícia e direito à visitação. 
Desta forma, seja como avaliador ou mediador, o psicólogo buscará os 
motivos que levaram o casal ao litígio e os conflitos subjacentes que impedem um 
acordo em relação aos aspectos citados. Nos casos em que julgar necessário, o 
psicólogo poderá, inclusive, sugerir encaminhamento para tratamento psicológico ou 
psiquiátrico da(s) parte(s). 
 
● Regulamentação de visitas: conforme exposto acima, o direito à visitação é 
uma das questões a ser definida a partir do processo de separação ou 
divórcio. Contudo, após a decisão judicial podem surgir questões de ordem 
prática ou até mesmo novos conflitos que tornem necessário recorrer mais 
uma vez ao Judiciário, solicitando uma revisão nos dias e horários ou forma 
de visitas. Nesses casos, o psicólogo jurídico contribui por meio de 
avaliações com a família, objetivando esclarecer os conflitos e informar ao 
juiz a dinâmica presente nesta família, com sugestões das medidas que 
poderiam ser tomadas. O psicólogo pode, ainda, atuar como mediador, 
procurando apontar a interferência de conflitos intrapessoais na dinâmica 
interpessoal dos cônjuges, com o objetivo de produzir um acordo pautado na 
colaboração, de forma que a autonomia da vontade das partes seja 
preservada (Schabbel, 2005). 
○ 
○ 
○ 
○ 
○ 
● Disputa de guarda: nos processos de separação ou divórcio é preciso definir 
qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Em casos mais graves, 
podem ocorrer disputas judiciais pela guarda (Silva, 2006). Nesses casos, o 
juiz pode solicitar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos 
genitores tem melhores condições de exercer esse direito. Além dos 
conhecimentos sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do 15 
desenvolvimento e psicodinâmica do casal, assuntos atuais como a guarda 
compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação 
parental podem estar envolvidos nesses processos. Portanto, é necessário 
que os psicólogos que atuam nessa área estudem esses temas, saibam seu 
funcionamento e busquem a melhor forma de investigá-los, de modo a 
realizar uma avaliação psicológica de qualidade. 
● 
 
Pais que colocam os interesses e vaidade pessoal acima do sofrimento que 
uma disputa judicial pode acarretar aos filhos, na tentativa de atingir ou magoar o ex 
companheiro, revelam-se com problemas para exercer a parentalidade de forma 
madura e responsável (Castro, 2005). Portanto, nesses casos, a mediação não é 
uma prática comum, dado o alto nível de conflitos existentes entre os ex cônjuges e 
que os fazem disputar seus filhos judicialmente. 
Psicólogo jurídico e o direito da 
criança e do adolescente: destaca-se o 
trabalho dos psicólogos junto aos 
processos de adoção e destituição de 
poder familiar e o desenvolvimento e 
aplicação de medidas socioeducativas dos 
adolescentes autores de ato infracional. 
● Adoção: os psicólogos participam do 
processo de adoção por meio de 
uma assessoria constante para as famílias adotivas, tanto antes quanto 
depois da colocação da criança. A equipe técnica dos Juizados da Infância e 
da Juventude deve saber recrutar candidatos para as crianças que precisam 
de uma família e ajudar os postulantes a se tornarem pais capazes de 
satisfazer às necessidadesde um filho adotivo (Weber, 2004). A primeira 
tarefa de uma equipe de adoção é garantir que os candidatos estejam dentro 
dos limites das disposições legais e a segunda é iniciar um programa de 
trabalho com os postulantes aceitos, elaborado especialmente para 
assessorar, informar e avaliar os interessados, e não apenas “selecionar” os 
mais aptos (Weber, 1997). Como a adoção é um vínculo irrevogável, o 
estudo psicossocial torna-se primordial para garantir o cumprimento da lei, 
prevenindo assim a negligência, o abuso, a rejeição ou a devolução. 
 
 
 
 
Além do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da Infância e Juventude, 
existe também o dos psicólogos que trabalham nas Fundações de Proteção 
Especial. Essas instituições têm como objetivo oferecer um cuidado especial capaz 
de minorar os efeitos da institucionalização, proporcionando às crianças e aos 
adolescentes abrigados uma vivência que se aproxima à realidade familiar. 
Os vínculos estabelecidos com os monitores que cuidam delas são 
facilitadores do vínculo posterior na adoção, uma vez que se estabelece e se 
mantém-nos a capacidade de vincular-se afetivamente. As relações substitutas 
provisórias, representadas pelo acolhimento institucional que abriga os que 
aguardam uma possibilidade de inclusão em família substituta, são decisivas para o 
desenlace do processo de adoção (Albornoz, 2001). 
 
● Destituição do poder familiar: o poder familiar é um direito concedido a ambos 
os pais, sem nenhuma distinção ou preferência, para que eles determinem a 
assistência, criação e educação dos filhos. Esse direito é assistido aos 
genitores, ainda que separados e a guarda conferida a apenas um dos dois. 
Porém, a legislação brasileira prevê casos em que esse direito pode ser 
suspenso, ou até mesmo destituído, de forma irrevogável. A partir desta 
determinação judicial, os pais perdem todos os direitos sobre o filho, que 
poderá ficar sob a tutela de uma família até a maioridade civil. 
 
O papel do psicólogo nesses casos é fundamental. É preciso considerar que 
a decisão de separar uma criança de sua família é muito séria, pois desencadeia 
uma série de acontecimentos que afetaram, em maior ou menor grau, toda a sua 
vida futura. Independentemente da causa da remoção - doença, negligência, 
abandono, maus-tratos, abuso sexual, ineficiência ou morte dos pais - a 
transferência da responsabilidade para estranhos jamais deve ser feita sem muita 
reflexão (Cesca, 2004). 
Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do 
Adolescente prevê medidas socioeducativas que comportam aspectos de natureza 
coercitiva. São medidas punitivas no sentido de que responsabilizam socialmente os 
infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no sentido da proteção 
integral, com oportunidade de acesso à formação e à informação. 
Os psicólogos que desenvolvem seu trabalho junto aos adolescentes 
infratores devem lhes propiciar a superação de sua condição de exclusão, bem 
como a formação de valores positivos de participação na vida social. Sua 
operacionalização deve, prioritariamente, envolver a família e a comunidade com 
atividades que respeitem o princípio da não discriminação e não estigmatização, 
evitando rótulos que marquem os adolescentes e os exponham a situações 
vexatórias, além de impedi-los de superar as dificuldades na inclusão social. 
 
Na Fundação de Apoio Socioeducativo de 
Porto Alegre (RS), colocou-se em prática um projeto 
pioneiro que utiliza soluções mais eficazes para 
responsabilizar e corrigir comportamentos 
considerados transgressores: a Justiça Restaurativa. 
Essa medida tem por objetivo tratar e julgar melhor 
as questões que levaram os jovens a cometerem um 
ato infracional, e tem como foco a reparação dos 
danos causados às pessoas e relacionamentos, ao 
invés de punir os transgressores. Através de um 
mediador, as vítimas e os jovens procuram dialogar 
para que eles se conscientizem dos erros que 
cometeram. Esse tipo de projeto tem o intuito de 
evitar que o adolescente volte a cometer crimes e que os danos causados às 
vítimas sejam minimizados (Jesus, 2005). 
 
Psicólogo jurídico e o direito civil: o psicólogo atua nos processos em que são 
requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e nos casos de interdição 
judicial. 
 
● Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera 
emocional ou psicológica, de um fato particular traumatizante (Evangelista & 
Menezes, 2000). Pode-se dizer que o dano está presente quando são 
gerados efeitos traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório 
comportamental da vítima. Cabe ao psicólogo, de posse de seu referencial 
teórico e instrumental técnico, avaliar a real presença desse dano. Entretanto, 
o psicólogo deve estar atento a possíveis manipulações dos sintomas, já que 
está em suas mãos recomendação, ou não, de um ressarcimento financeiro 
(Rovinski, 2005). 
● Interdição: a interdição refere-se à incapacidade de exercício por si mesmo 
dos atos da vida civil. Uma das possibilidades de interdição previstas pelo 
código civil são os casos em que, por enfermidade ou deficiência mental, os 
sujeitos de direito não tenham o necessário discernimento para a prática dos 
atos da vida civil. Nesses casos, compete ao psicólogo nomeado perito pelo 
juiz realizar avaliação que comprove ou não tal enfermidade mental. À justiça 
interessa saber se a doença mental de que o paciente é portador o torna 
incapaz de reger sua pessoa e seus bens (Monteiro, 1999). 
 
 
 
 
As questões levantadas em um processo de interdição incluem a validade, 
nulidade ou anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos e casamentos. Além 
dessas, ficam prejudicadas a contração de deveres e aquisição de direitos, a 
aptidão para o trabalho, a capacidade de testemunhar e a possibilidade de ele 
próprio assumir tutela ou curatela de incapaz e exercer o poder familiar (Taborda, 
Chalub & Abdalla-Filho, 2004). 
Psicólogo jurídico e o direito penal: o psicólogo pode ser solicitado a atuar 
como perito para averiguação de periculosidade, das condições de discernimento ou 
sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento (Arantes, 2004). Portanto, 
destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Sistema Penitenciário e aos Institutos 
Psiquiátricos Forenses. 
A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, foi um marco no 
trabalho dos psicólogos no sistema prisional, pois a partir dela o cargo de psicólogo 
passou a existir oficialmente (Carvalho, 2004). A Lei 10.792/2003 trouxe mudanças 
à LEP, uma vez que extinguiu o exame criminológico feito para instruir pedidos de 
benefícios e o parecer da Comissão Técnica de Classificação Brasil (2003). 
Para a concessão de benefícios legais, as únicas exigências previstas são o 
lapso de tempo já cumprido e a boa conduta. No entanto, há uma pressão por parte 
do Ministério Público e Poder Judiciário pela continuidade das avaliações técnicas. 
No estado de São Paulo, após as rebeliões ocorridas no sistema penitenciário, as 
avaliações técnicas estão voltando a ser uma exigência para a concessão dos 
benefícioslegais (Sá, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As ​avaliações psicológicas 
individualizadas​, previstas em lei, são 
inviáveis nos presídios brasileiros sem razão 
das superpopulações existentes. Pelo mesmo 
motivo, proporcionar um “tratamento penal” 
aos apenados ou estabelecer outro tipo de 
relações institucionais com os demais 
funcionários, internos e/ou seus familiares são 
tarefas difíceis para os psicólogos que 
trabalham junto ao sistema carcerário (Kolker, 
2004). Existe ainda o trabalho dos psicólogos 
junto aos doentes mentais que cometeram 
algum delito. Esses sujeitos recebem medida 
de segurança, decretada pelo juiz, e são encaminhados para Institutos Psiquiátricos 
Forenses (IPF). 
]Além de abrigar esses doentes mentais, os IPF são responsáveis pela 
realização de perícias oficiais na área criminal e pelo atendimento psiquiátrico à 
rede penitenciária. Atualmente existem no Brasil 28 instituições psiquiátricas 
forenses e cerca de 4 mil internos (Piccinini, 2006). No Rio Grande do Sul, o 
Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso (IPFMC) foi o segundo fundado no 
País, em 1924. 
O trabalho do psicólogo nesse instituto teve início em 1966, através do 
estágio curricular de psicopatologia. Inicialmente as atividades da Psicologia eram 
subordinadas à Medicina, pois havia a necessidade de prescrição médica para os 
pacientes psicóticos. Além disso, os laudos psiquiátricos elaborados não eram 
assinados pelos psicólogos, devido a um dispositivo legal que atribuía a 
competência e a responsabilidade desses laudos ao psiquiatra forense (Modena, 
2007). Com o passar dos anos houve ampliação do atendimento multidisciplinar, 
que passou a reunir as diferentes habilidades técnicas em prol de uma prestação de 
serviço com maior qualidade aos pacientes. 
Assim, o Setor de Psicologia foi alcançando sua independência e autonomia 
dentro dos IPF. Psicólogo jurídico e o direito do trabalho: o psicólogo pode atuar 
como perito em processos trabalhistas. A perícia a ser realizada nesses casos serve 
como uma vistoria para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e a 
repercussão na saúde mental do indivíduo. 
Na maioria das vezes, são solicitadas verificações de possíveis danos 
psicológicos supostamente causados por acidentes e doenças relacionadas ao 
trabalho, casos de afastamento e aposentadoria por sofrimento psicológico. Cabe 
ao psicólogo a elaboração de um laudo, no qual irá traduzir, com suas habilidades e 
conhecimento, a natureza dos processos psicológicos sob investigação (Cruz & 
Maciel, 2005). 
 
Vitimologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe 
ao psicólogo atuante nessa área traçar o perfil e compreender as reações das 
vítimas perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática do crime foi 
estimulada pela atitude da vítima, o que pode denotar uma cumplicidade passiva ou 
ativa para com o criminoso. Para tanto, a análise é feita desde a ocorrência até as 
consequências do crime (Brega Filho, 2004). Além disso, a vitimologia dedica-se 
também à aplicação de medidas preventivas e à prestação de assistência às 
vítimas, visando, assim, à reparação de danos causados pelo delito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicologia do testemunho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os psicólogos podem ser solicitados a avaliar a veracidade dos depoimentos 
de testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justiça. O 
chamado fenômeno das falsas memórias tem assumido um papel muito importante 
na área da Psicologia do Testemunho. Hoje, sabe- -se que o ser humano é capaz 
de armazenar e recordar informações que não ocorreram. As falsas memórias 
podem resultar da repetição de informações consistentes e inconsistentes no 
depoimento de testemunhas sobre o mesmo evento. 
É preciso desenvolver pesquisas na área que possam contribuir para a 
elucidação dos mecanismos responsáveis pelas falsas memórias e, assim, auxiliar o 
aprimoramento de técnicas para avaliação de testemunhos (Stein, 2000). Uma área 
recente e relacionada à Psicologia do Testemunho que vem ganhando espaço é o 
Depoimento sem Dano, que objetiva proteger psicologicamente crianças e 
adolescentes vítimas de abusos sexuais e outras infrações penais que deixam 
graves sequelas no âmbito da estrutura da personalidade. 
Esse projeto foi criado no Segundo Juizado da Infância e Juventude de Porto 
Alegre, em razão das dificuldades enfrentadas pela justiça na tomada de 
depoimentos de crianças e adolescentes (Cezar, 2007). 
A fim de atingir tais objetivos, é importante que o técnico entrevistador - 
assistente social ou psicólogo - possua habilidade em ouvir, demonstre paciência, 
empatia, disposição para o acolhimento e capacidade de deixar o depoente à 
vontade durante a audiência. 
O técnico deve, ainda, conhecer acerca da dinâmica doabuso e, 
preferencialmente, possuir experiência em situações de perícia, o que facilita a 
compreensão e interação de todos os envolvidos no ato judicial (Cezar, 2007). 
Desta forma, a inserção de uma equipe psicossocial no âmbito da justiça respeita e 
preserva o estado emocional da vítima, permitindo, assim, um processo menos 
oneroso e mais justo para o caso. 
 
 
O PSICÓLOGO FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O psicólogo forense participa dos diferentes processos judiciais nos quais 
sua presença é solicitada. Ele será responsável por reunir a informação necessária, 
examinar o indivíduo, elaborar inquéritos etc. e, por fim, apresentar as provas e os 
resultados obtidos. Tudo isso com a finalidade de responder às perguntas feitas 
pelo juiz. 
A função principal é tentar sanar as dúvidas dos profissionais da justiça. 
Todos os atores que participam de um processo judicial não possuem 
conhecimentos de todas as áreas sociais, relacionais, científicas, etc. Por isso, 
precisam de especialistas em cada uma dessas áreas que os ajudem a esclarecer 
elementos importantes para uma correta resolução do caso. Não podemos nos 
esquecer de que vivemos em uma sociedade orgânica: existe uma grande divisão 
do trabalho. Os indivíduos se especializam em um determinado âmbito, mas 
precisam de conhecimentos do resto da sociedade. Assim, é estabelecido um 
sistema de relações funcionais entre os diferentes profissionais. 
A cooperação de cada um se baseia nas capacidades com as quais pode 
contribuir para ajudar a suprir as necessidades do outro. 
Âmbitos dos quais participa 
 
O psicólogo forense, como já anunciamos, colabora no sistema judiciário. 
Geralmente, é um profissional associado a processos penais, focalizando sua 
atuação no âmbito criminal. No entanto, há muitas outras áreas nas quais ele é 
necessário: 
● Direito da família. Determinar se os pais estão capacitados para o cuidado 
do(s) filho(s) no processo de divórcio; orientar o regime de visitas; analisar as 
disfuncionalidades existentes que possam afetar a criança devido à 
separação etc. 
● Direito civil. Incapacidades legais em relação à livre disposição de bens 
patrimoniais, principalmente. 
● Direito penal. Imputabilidade penal (se o indivíduo sabia o que estavafazendo e agiu voluntariamente com base nesse conhecimento); efeitos da 
violência na vítima; existência de algum possível transtorno etc. 
● Direito do trabalho. Incapacitação laboral; situações de assédio no trabalho 
(possível comprometimento nas atividades cotidianas); etc. 
● Crianças. Credibilidade do depoimento; sequelas psicológicas etc. 
 
 
Elaboração de relatórios 
Os relatórios são os documentos elaborados pelos peritos nos quais são 
respondidas as perguntas formuladas pelo juiz. Elas servem como prova pericial. O 
psicólogo forense deverá realizar um relatório quando sua opinião for requisitada em 
relação a um assunto judicial. 
O conteúdo do relatório deve ser preciso e específico, omitindo qualquer 
detalhe que for supérfluo. Ou seja, deve se voltar diretamente à questão do assunto. 
Da mesma forma, sua redação deve ser clara, tentando evitar a utilização de uma 
linguagem muito específica. 
Não podemos nos esquecer de que esse tipo de documento será entregue a 
pessoas não especializadas no mundo da psicologia, nem no campo científico. 
Devido a isso, não devemos ser extremamente técnicos, pois o que queremos 
transmitir poderia não ser compreendido. 
Ao mesmo tempo, não podemos fugir dos parâmetros da objetividade e do 
rigor científico. Qualquer teste psicológico que tenha sido realizado deve ser 
devidamente informado. Deve-se apontar sua utilidade, a forma como foi realizado, 
os resultados obtidos, a fiabilidade dele etc. 
 
 
 
Perfil profissional 
Como é evidente, será necessário que o psicólogo forense conte com 
formação universitária em Psicologia. Além disso, deve ter se especializado nessa 
área do conhecimento. 
E isso não é suficiente. Deverá ter aperfeiçoamento profissional e ter 
conhecimento das novidades que surgem nesse campo em diferentes artigos 
científicos. Por outro lado, não é requerido apenas o conhecimento na área da 
psicologia, também é preciso ter conhecimentos de Direito. 
Portanto, é um profissional que deverá saber como o processo é realizado, 
assim como as diferentes leis que o amparam e que, da mesma forma, determinam 
sanções que podem ser aplicadas por uma má práxis. Mas nem tudo se resume aos 
conhecimentos acadêmicos. O psicólogo forense não pode se deixar envolver 
emocionalmente no caso que está analisando, pois macularia a missão para a qual 
foi designado como perito. 
A empatia também é uma característica que deve ser avaliada, assim como a 
tolerância à frustração. A assertividade e uma boa oratória são características que 
contam pontos nesse âmbito de trabalho. 
Por fim, o psicólogo forense rompe com a ideia que se tem da profissão 
estereotipada do psicólogo que as séries e os filmes podem mostrar. A psicologia 
jurídica e forense é um campo, por vezes, desconhecido, mas necessário para 
resolver questões que exigem um ponto de vista mais científico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ÉTICA EM PSICOLOGIA FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://satepsi.cfp.org.br/docs/codigode-etica-psicologia.pdf 
 
 
Ao longo dos últimos anos delitos exacerbados advindos da nossa sociedade 
tem se tornado um verdadeiro caos na história da violência no país. Diante de tal 
premissa se faz necessário conhecer o perfil psicológico desses criminosos, 
ressaltando a função probatória e ética das conclusões periciais. 
Contudo para que possamos validar tais conclusões é indispensável uma 
reflexão ética do profissional perito na excelência desses documentos, uma vez que 
eles delimitam não só o perfil dos criminosos, bem como dirigem a medida cautelar 
que reforça ou conclui a pena desses indivíduos, como também subsidiam demais 
decisões judiciais. 
O exercício ético da psicologia forense começa pela alteridade, que só é 
possível se o profissional assume uma postura rigorosamente neutra, ou seja, sem 
qualquer preconceito moral, religioso, rácico de uma situação ou comportamento. 
Outro aspecto preponderante ao exercício ético do psicólogo passa pela 
responsabilidade e experiência do profissional ao conduzir tais avaliações, uma vez 
que sem as devidas provas periciais podem ocorrer situações onde o assassino é 
solto e o inocente é preso, provocando assim malefícios a sociedade e impedindo a 
reinserção no convívio social ao réu que tem direito a esse benefício. 
Em se tratando do conteúdo dos laudos periciais é importante atentarmos 
para a questão do sigilo profissional, ou seja, o psicólogo só deve passar à justiça 
os dados que são importantes para a solução da causa. Ele não pode estar 
revelando coisas que não dizem respeito à demanda judiciária em particular. 
O laudo deve ser bem conduzido e bem trabalhado, de forma objetiva e 
sistematizada, usando-se de terminologia psicológica, numa linguagem simples de 
uma maneira que os juízes entendam. 
Perpassando pelos recônditos psi, se faz importante conhecer a fundo os 
distúrbios de personalidade que podem acometer esses indivíduos, bem como os 
caminhos elementares que conduzem o mesmo ao crime. 
Conhecendo os fatores que o levam a esse desajustamento social, é possível 
inferir se o réu em questão é imputável ou inimputável, fator imprescindível para 
construção fidedigna de um laudo. 
Como vimos é importante mencionar que o conhecimento é a base de tudo. 
Cabe ao Direito controlar e regular o social e o real, baseado no princípio de Bem e 
Mal, porém, cabe a psicologia forense o embasamento adequado, subjetivo e 
multidisciplinar, para que a justiça seja feita, e isso só é possível se o profissional 
psicólogo perito, se adequar ao exercício ético e moral dessa profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA PSICOLÓGICA FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
● Busca a diferenciação, o diagnóstico diferencial, entre “comportamentos 
normais” e os “comportamentos patológicos”. 
● Objetivo de investigação sobre a pessoa enferma. (Jaspers, 1913). 
● Uso de manuais para classificação (CID e DSM) visando unificar linguagem, 
facilitar a comunicação entre diferentes áreas e profissões. 
● Atuação de profissionais da Psicologia e Psiquiatria (em geral) peritos oficiais 
ou judiciais. 
● Diversas áreas de atuação: sem consenso nas nomenclaturas e na tipificação 
das áreas de atuação 
 
A avaliação psicológica, processo pelo qual através de instrumentos 
apropriados (entrevistas, técnicas e testes psicológicos, observações etc.) chega-se 
a conclusões a respeito de aspectos do funcionamento psicológico de um indivíduo, 
encontra-se presente em diferentes campos de atuação do psicólogo. 
Assim sendo, insere-se também no campo da Psicologia Forense, sendo 
conhecida como avaliação psicológica pericial ou, mais comumente, perícia 
psicológica forense. A perícia psicológica se diferencia de outros tipos de avaliação 
psicológica pelo fato do seu objetivo ser subsidiar decisões judiciais. 
A perícia psicológica insere-se no campo interdisciplinar da psicologia 
forense e da psicologia clínica. Ibañez e Ávila definem a psicología forense como 
sendo toda psicologia “orientada para a produção de investigações psicológicas e 
para a comunicação de seus resultados, assim como a realização de avaliações e 
valorações psicológicas, para sua aplicação no contexto legal”(1990, apud 
ROVINSKI, 2003, p. 183). 
 
 
 
A perícia psicológica forense pode ser definida como o exame ou avaliação 
do estado psíquico de um indivíduo com o objetivo de elucidar determinados 
aspectos psicológicos deste; este objetivo se presta à finalidade de fornecer ao juiz 
ou a outro agente judicial que solicitou a perícia, informações técnicas que escapam 
ao senso comum e ultrapassam o conhecimento jurídico. Na perícia psicológica, 
todo o processo de avaliação (a obtenção dos dados através de instrumentos 
adequados, a análise dos dados e a comunicação dos resultados) deve ser 
direcionado aos objetivos judiciais. 
Segundo Silva (2003), recorre-se à prova pericial quando os argumentos ou 
demais provas de que se dispõe não são suficientes para o convencimento do juiz 
em seu poder decisório, portanto, esta tem como finalidade última auxiliar o juiz em 
sua decisão acerca dos fatos que estão sendo julgados. A perícia psicológica é 
considerada um meio de prova no âmbito forense e sua materialização se dá 
através da elaboração do chamado laudo pericial. 
O laudo pericial, que será apreciado pelo agente jurídico que o solicitou, deve 
ser redigido em linguagem clara e objetiva para que possa efetivamente fornecer 
elementos que auxiliem a decisão judicial, devendo responder aos quesitos 
(perguntas) solicitados, quando presentes. 
Segundo a autora, embora o Direito exija respostas imediatas e definitivas, o 
laudo psicológico poderá somente apontar tendências e indícios. Segundo Rovinski 
(2003; 2004) as técnicas e os métodos de investigação utilizados na avaliação 
psicológica forense não diferem de forma substancial do processo de avaliação 
psicológica clínica, necessitando apenas de uma adaptação aos objetivos forenses. 
A eleição da metodologia que será utilizada na perícia dependerá das 
especificidades de cada caso. A coleta dos dados deve direcionar-se ao que deve 
ser investigado, assim, para que o psicólogo selecione os instrumentos psicológicos 
mais adequados para cada caso, ele deverá se basear na própria natureza do 
exame em questão e na prévia leitura dos autos do processo (com especial atenção 
ao que demandou a perícia psicológica e aos quesitos formulados). 
Não existem metodologias fixas para a realização de avaliações psicológicas 
periciais, sendo estas construídas de acordo com as características do caso e do 
sujeito (nível de escolaridade, idade, presença de limitações físicas ou mentais etc.). 
A leitura dos autos do processo propicia o levantamento de hipóteses prévias antes 
do primeiro contato com o indivíduo e permite que a entrevista seja direcionada para 
a investigação de tais hipóteses. 
Em uma perícia psicológica frequentemente se faz necessário entrevistar 
outras pessoas além do próprio examinando (como, por exemplo, algum familiar 
próximo) para que possam ser colhidas mais informações a respeito das suas 
características e funcionamento psicológico. 
 
 
Segundo Rovinski (2003) isso acontece porque a avaliação pericial busca 
entender e responder, de modo imparcial e neutro, as questões colocadas pela 
justiça, diferentemente da avaliação clínica, que busca compreender a realidade 
psíquica do paciente e sua visão particular sobre seus problemas. 
A entrevista com terceiros também é de suma importância nos casos em que 
a psicopatologia do sujeito impede que ele forneça dados confiáveis e precisos 
acerca de si próprio. Taborda (2004) afirma que em uma avaliação pericial é comum 
que a simulação se faça presente, pois o examinando poderá omitir informações 
que possam prejudicá-lo e potencializar as que acredita que possam auxiliá-lo. 
Deste modo, o “perito deverá estar atento a essa possibilidade e buscar 
confirmar por fontes colaterais (entrevista com terceiros, exame de documentos e 
prova técnica carreada aos autos) a fidedignidade do que é afirmado” pelo 
examinando em sua entrevista (p. 63). 
O perito, ao conduzir uma entrevista, jamais deverá perder de vista os 
objetivos dela, que estarão atrelados aos objetivos da própria perícia (quais 
aspectos psíquicos específicos deverão ser investigados?). 
A entrevista psicológica sempre fará parte de um processo de avaliação 
psicológica pericial, já os testes psicológicos não são utilizados por todos os 
psicólogos peritos; para Rovinski (2009), os testes, sejam psicométricos ou 
projetivos, funcionam como instrumentos auxiliares. 
Pesquisa realizada por Rovinski e Elgues (1999, citada por ROVINSKI, 2003; 
2004) no Rio Grande do Sul encontrou que 87% dos psicólogos forenses 
pesquisados utilizavam outros instrumentos de avaliação além da entrevista, dando 
preferência para os testes de personalidade projetivos e gráficos. A prévia leitura 
dos autos processuais e a(s) entrevista(s) direcionarão a escolha dos testes 
psicológicos que serão utilizados para responder à demanda do judiciário. 
O uso dos testes psicológicos nas perícias psicológicas apresenta algumas 
vantagens em relação a uma avaliação realizada somente através de entrevistas: os 
testes aprofundam a compreensão do sujeito, pois medem características não 
passíveis de serem percebidas ou mensuradas apenas através das entrevistas e 
observações; dão ao profissional a possibilidade de observar o comportamento de 
forma padronizada e julgar se o mesmo encontra-se dentro das condições 
observadas na população normal; auxiliam a eliminar boa parte da “contaminação” 
subjetiva da percepção e do julgamento do psicólogo; diminuem a possibilidade do 
sujeito manipular a avaliação psicológica; possibilitam acessar regiões profundas do 
sujeito, muitas das quais são inacessíveis a ele próprio, por não ter consciência de 
certas características que existem em si mesmo. 
 
 
 
 
Os testes psicológicos auxiliam no conhecimento do estado mental dos 
indivíduos e segundo Ávila e Rodriguez-Sutil (1995, apud ROVINSKI, 2003) estes 
seriam responsáveis pela crescente solicitação dos laudos psicológicos periciais. 
Rovinski (2004) afirma que a avaliação forense dirige-se a eventos definidos 
de forma restrita, relacionadas a um foco circunscrito (o quesito solicitado), 
entretanto, a avaliação psicológica pericial é demandada pelo sistema jurídico 
geralmente através de assertivas gerais, tais como se o réu era capaz de entender o 
caráter criminoso do seu ato à época do fato. 
Dependendo do caso em questão, o psicólogo deverá investigar se há 
alguma doença do espectro psicótico ou rebaixamento intelectual que poderia ter 
diminuído ou anulado a capacidade de entendimento da natureza criminosa de um 
ato; se o sujeito padece de depressão como alega no seu pedido de aposentadoria; 
se há um transtorno no controle dos impulsos que predispõe o sujeito a cometer 
determinado delito; se existe alguma lesão ou disfunção neurológica que tenha de 
alguma forma relação com o comportamento criminoso ou que incapacite o sujeito a 
gerir a própria vida; quais as condições afetivas e relacionais apresentadas pelos 
genitores que pleiteiam a guarda do filho, dentre outras várias demandas. 
Deste modo, a demanda jurídica deverá ser transportada para a linguagem 
psicológica para que se identifique as característicasque serão alvo de 
investigação. Assim, para se avaliar a capacidade de entendimento de um sujeito o 
psicólogo necessitará, por exemplo, avaliar sua inteligência, sua capacidade de 
perceber a realidade de modo adequado e objetivo e o grau de coerência e lógica 
dos seus pensamentos. 
No momento da escolha dos testes psicológicos que irão compor a avaliação 
pericial, há de se considerar as limitações e os alcances deles, no sentido de saber 
se as informações que poderão ser extraídas destes auxiliarão na investigação das 
questões psicológicas demandadas no processo judicial. Vamos considerar os 
seguintes exemplos para gerar uma reflexão sobre o assunto: qual instrumento 
psicológico é capaz de predizer qual genitor tem melhor capacidade para cuidar 
adequadamente de uma criança para obter sua guarda? De esclarecer se há 
indícios de que uma criança foi vítima de abuso sexual? De predizer o potencial de 
reincidência criminal de um sujeito? 
O psicólogo perito, diante destas demandas, deverá decompô-las em 
construtos que poderão ser analisados através de testes psicológicos (lembrando 
que deverá utilizar testes que estejam aprovados pelo SATEPSI) e escolher aqueles 
que poderão responder a tais demandas. 
 
 
 
 
 
Como forma de ilustração em relação aos exemplos acima, o psicólogo 
poderá optar por avaliar grau de controle emocional, impulsividade, presença de 
traços antissociais, qualidade do relacionamento interpessoal, capacidade de 
empatia, presença de autoestima rebaixada, entre outros e, para isso, deverá ter um 
bom conhecimento dos testes psicológicos disponíveis para uso e do que é possível 
se avaliar através dos mesmos. 
Deste modo, dependendo da demanda específica de cada caso, alguns 
instrumentos psicológicos serão escolhidos em detrimento de outros. Como outro 
exemplo, nos casos em que é necessário aferir de modo específico o nível de 
inteligência de um adulto para saber se está se encontra dentro da normalidade ou 
se há a presença de algum grau de Retardo Mental, pode-se utilizar a Escala 
Wechsler de Inteligência para Adultos (WAIS-III). 
Se for necessário investigar funções neuropsicológicas, pode-se utilizar as 
Figuras Complexas de Rey, Teste de Atenção Dividida, WISCONSIN, etc. De modo 
geral, a avaliação neuropsicológica no âmbito forense terá como objetivo 
diagnosticar os efeitos cognitivos, emocionais e comportamentais de uma desordem 
neurológica e sua possível correlação com a esfera criminal ou cível (SERAFIM, 
2006). 
A capacidade de compreensão do caráter delituoso de uma ação ou a 
capacidade de um sujeito para gerir a si próprio e os próprios bens são exemplos de 
competências que podem ser diretamente afetadas por um rebaixamento na 
capacidade intelectual do sujeito ou pela presença de disfunções cerebrais. Em 
algumas perícias poderá ser necessário realizar um diagnóstico diferencial entre 
uma síndrome psiquiátrica ou neurológica, e alguns aspectos não cognitivos da 
conduta (desinibição, irritabilidade, impulsividade etc.) podem ser expressão de 
alguma alteração no sistema nervoso central. 
A avaliação da personalidade constitui-se na maior demanda relacionada às 
perícias psicológicas: busca-se investigar o grau de controle dos impulsos, 
características do relacionamento interpessoal, o controle emocional, recursos da 
personalidade, agressividade, presença de psicopatologias, dentre outros. 
No contexto pericial, os testes de personalidade projetivos apresentam uma 
grande vantagem em relação aos testes de personalidade objetivos ou 
psicométricos. Isto ocorre porque a avaliação psicológica pericial, diferentemente da 
clínica, constitui-se num embate de interesses advindos dos sujeitos envolvidos no 
processo judicial; busca-se demonstrar que se é um genitor capaz de prover as 
necessidades do filho; que se é portador de Esquizofrenia que o incapacita ao 
trabalho; que não apresenta tendência a comportamentos violentos, etc. 
O psicólogo perito deve estar sempre muito atento a estas características do 
trabalho pericial e buscar cercar-se de estratégias avaliativas que sejam adequadas 
a este contexto, a fim de diminuir a possibilidade de que o examinado distorça 
intencionalmente a apresentação dos dados. 
Os testes de personalidade objetivos geralmente oferecem poucas 
informações úteis em contextos forenses (GACONO; EVANS; VIGLIONE, 2008). 
As assertivas objetivas dos testes de personalidade psicométricos facilitam, 
por parte do examinando, a produção ou simulação de 
traços/sintomas/características que ele não possui. Por exemplo, se a avaliação 
pericial for para analisar um pedido de indenização por danos psíquicos onde o 
requerente alega sofrer de Depressão, o Inventário de Depressão de Beck (BDI) 
poderia facilitar um resultado do tipo falso positivo, pois ao responder o teste o 
examinando, sem dificuldade, consegue escolher as assertivas que melhor 
caracterizam uma personalidade que se encontra em um estado depressivo. 
O mesmo acontece com as tentativas de encobrimento ou dissimulação de 
traços/sintomas/características que se possui; em um exame de cessação de 
periculosidade, o uso do Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço 
(STAXI) facilitaria ao sujeito manipular os resultados favoravelmente aos seus 
interesses. Deste modo, os testes projetivos constituem-se como um método 
bastante apropriado para se obter dados a respeito das características de 
personalidade de um periciando, pois as possibilidades de simulação ou 
dissimulação de características apresentam-se mais reduzidas quando comparadas 
às entrevistas ou aos testes de personalidades objetivos. 
Serão as coerências ou incoerências entre os fatos relatados nos autos do 
processo, nas entrevistas, no comportamento não verbal do examinando e nos 
resultados dos testes psicológicos que nortearão o psicólogo na análise de questões 
relacionadas à simulação ou dissimulação. 
​Base Legal da Perícia Psicológica - Diferenças entre a avaliação 
psicológica e perícia (avaliação psicológica em contexto forense): 
 
 
I) Em relação ao seu objeto: é a questão pertinente que a avaliação trata de 
investigar, ou posto de outra forma, trata-se de um problema a resolver (Maloney 
and Ward (apud Grisso, 1986, p. 105; Cunha, J. A., 2000, p. 19), uma questão a 
responder. Lembremos que a Psicologia funciona por meio da busca de uma 
resposta a uma pergunta específica (Qual é a inteligência do fulano? por exemplo). 
II) Em relação ao objetivo: será dado pela demanda que é feita ao psicólogo 
em sua avaliação. Por exemplo, em casos de disputa de guarda em Vara de 
Família, recorrese ao perito psicólogo no intuito de buscar respostas a 
questõesproblemas de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é 
definir o guardião legal da criança: Quem tem as melhores condições psicológicas 
para o exercício da guarda? 
A resolução do problema que a avaliação psicológica visa sempre recairá 
sobre um sujeito (Shine, 2003). A abordagem da Psicologia se caracteriza, então, 
pela dimensão intersubjetiva; em última instância o objeto da Psicologia é sempre 
pertinente ao sujeito. Portanto, toda a questão técnicaimplica, necessariamente, em 
uma posição ética em relação ao sujeito-objeto da avaliação e ao demandante dela. 
Sujeito-objeto:​ quem vai ser avaliado. 
Demandante:​ quem solicita a avaliação. 
 
A partir das distinções acima, apresenta exemplos em que se configuram as 
diferenças entre a atuação do Psicólogo no enquadre clínico e no enquadre jurídico 
e os tipos de problemas que tendem a surgir neste campo. 
● Resolução CFP Nº 008/10 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito 
e assistente técnico no Poder Judiciário. 
● Resolução CFP Nº 010/10 - Institui a regulamentação da Escuta Psicológica 
de Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de violência, na Rede de 
Proteção. [SUSPENSA] • Resolução CFP nº 017/12 - Dispõe sobre a atuação 
do psicólogo como Perito nos diversos contextos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PERÍCIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Especificamente, no caso da atuação dos psicólogos na área da justiça, o 
Código de Processo Civil traz importantes questões que, felizmente, têm mobilizado 
discussões nos órgãos da classe. 
Como inovação temos o artigo 156 que diz que o juiz será, e enfatizo — será 
—, assistido por perito quando a prova ou fato depender de conhecimento técnico 
ou científico. Uma devida valorização do conhecimento próprio ao psicólogo nas 
demandas que envolvem questões de família. 
Podem ser nomeados peritos os profissionais legalmente habilitados e, como 
inovação, os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro 
mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Caberá aos tribunais a avaliação 
para manutenção do cadastro. 
Avaliação cujos critérios, acredito, devam necessariamente ser objeto de 
discussão com as respectivas categorias profissionais. O artigo 464 define a prova 
pericial como exame, vistoria ou avaliação. Ademais desta função, é preciso dizer 
que o trabalho realizado pelos psicólogos muitas vezes tem, além da perícia, um 
caráter de intervenção. 
Está guarda uma relação, mas que não se confunde, com a mediação e a 
conciliação. Institutos que têm enquadramentos específicos e profissionais não 
necessariamente formados em psicologia. 
Assim, no âmbito das perícias podem ocorrer intervenções com o uso de 
técnicas próprias à psicologia, e que em muito contribuem para a elaboração dos 
conflitos e solução dos litígios. 
Para citar algumas: a conscientização do significado e das consequências 
das disputas, sobretudo, para os filhos; mediação das relações com o fortalecimento 
dos vínculos; a prevenção de transtornos psíquicos ou de seu agravamento; 
acompanhamento da situação objeto do litígio; recomendação de psicoterapias 
específicas às situações analisadas. 
No parágrafo 2º consta que o juiz poderá determinar a produção de prova 
técnica simplificada, com a inquirição de especialista, quando o ponto controvertido 
for de menor complexidade. Uma inovação cuja definição a priori é um tanto difícil 
quando se trata de questões inerentes à avaliação psicológica, uma vez que, em 
geral, é no curso da perícia que a complexidade pode ser avaliada. Mas a prática o 
dirá. Como também a experiência indicará, acredito, a necessidade da presença de 
assistente técnico na inquirição de especialista. 
Mas é o artigo 466 que traz importante controvérsia quanto ao concurso do 
assistente técnico no campo da psicologia. Diz o parágrafo 2º: “O perito deve 
assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das 
diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos 
autos, com antecedência mínima de cinco dias”. 
Já a resolução 008/2010 do Conselho Federal de Psicologia que trata a 
respeito da atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder 
Judiciário, aponta que os assistentes técnicos são de confiança da parte para 
assessorá-lá e, sublinho, garantir o direito ao contraditório. No entanto, observo que 
no Capítulo I – Realização da Perícia, o artigo 1º diz que “o psicólogo perito e o 
psicólogo assistente técnico devem evitar qualquer tipo de interferência durante a 
avaliação que possa prejudicar o princípio da autonomia teórico-técnica e 
ético-profissional, e que possa constranger o periciando durante o atendimento”. 
E diz o artigo 2º: “O psicólogo assistente técnico não deve estar presente 
durante a realização dos procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento 
do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja interferência na dinâmica e 
qualidade do serviço realizado” (grifos meus). 
Certo é que não há de se questionar a hierarquia das normas. No entanto, 
cabem algumas considerações e, quiçá, a ponderação de princípios para que a 
diferença entre o CPC e a referida resolução seja devidamente sopesada. Minha 
experiência como perita e como assistente técnica recomendam cautela e 
amadurecimento quanto a esta questão, e que deve ser considerada caso a caso. 
 
E com este caráter faço as considerações a seguir. Há uma característica da 
avaliação psicológica que implica na exploração de questões da intimidade, e a 
exposição de aspectos muitas vezes desconhecidos e mesmo negados, inclusive 
inconscientemente. Cuida-se aqui da preservação da intimidade e mesmo de 
questões de dignidade. 
O vínculo com o perito, sem a presença de assistentes técnicos, poderia 
gerar uma relação de maior confiança, menor constrangimento e terreno fértil para 
uma possível intervenção do perito e resolução do litígio. E é certo que pode ser 
mais constrangedor que a avaliação se dê na presença de assistentes técnicos. 
Estas são algumas razões pelas quais as perícias psicológicas não deveriam ser 
acompanhadas pelos assistentes técnicos. 
Mas, por outro lado, a presença dos assistentes também poderia, por 
exemplo, trazer maior segurança pessoal aos assistidos, inibir a tentativa de 
manipulação do perito, efetivamente colaborar com este na avaliação de questões 
prenhes de subjetividade, além de possibilidade de acompanhar e, se for o caso, 
criticar a produção da prova. 
Pondero que, neste último aspecto, o novo código traz algumas 
salvaguardas, especificando no artigo 473 o que o laudo pericial deverá conter, 
garantindo-lhes melhor qualidade e possibilidade de crítica (exposição do objeto da 
perícia; análise técnica ou científica realizada pelo perito; indicação do método 
utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos 
especialistas da área do conhecimento da qual se originou; resposta conclusiva a 
todos os quesitos). 
Mas é certo que sem o acesso às entrevistas, o trabalho do assistente 
técnico é dificultado e muitas vezes chega a ser cerceado pela falta de acesso às 
partes, ficando muitas vezes sua credibilidade diminuída. Do meu ponto de vista, tal 
situação corrobora para que, muitas vezes, os laudos críticos se assemelham mais 
a uma defesa das partes, com considerações indevidas e coibidas pela ética dos 
psicólogos, em vez de serem trabalhos de compreensão da dinâmica psicológica 
que se encontra em jogo no litígio em exame. 
O resultado pode ser, então, uma descabida parcialidade, do ponto de vista 
da psicologia. Apontoa indevida parcialidade porque no campo de análise da 
psicologia as relações devem ser vistas como necessariamente complementares, 
envolvendo aspectos conscientes e inconscientes. 
Ou seja, não cabe uma visão maniqueísta e excludente de certo ou errado, 
ou mesmo de são ou doente, assim como não cabe a mera defesa de uma parte em 
detrimento da outra. Tal postura de assistentes técnicos pode trazer sérios prejuízos 
à dinâmica familiar e resolução dos litígios. 
 
 
 
E, finalmente, quanto ao acompanhamento das entrevistas, quase 
desnecessário seria dizer que todo o cuidado é pouco quando se cuidam de 
avaliações que envolvam crianças e adolescentes, vulneráveis que são aos traumas 
e sua repetição que pode se dar com as avaliações. Finalmente, como inovações 
expressas, temos ainda, o artigo 471 parágrafo 3º, segundo o qual “a perícia 
consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito 
nomeado pelo juiz”. 
E no artigo 472 consta que: “O juiz poderá dispensar prova pericial quando as 
partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato, 
pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes”. Assim, 
ganham valor a escolha consensual e os pareceres e laudos prévios. 
As questões, confusões e discussões estão apenas em seu início, mas 
acredito ser um cenário promissor, com a valorização e o reconhecimento da 
importância do operador da saúde, caminhando ao lado da eficácia que deve pautar 
sua atuação, segundo a ética profissional, e em consonância com o novo Código de 
Processo Civil. De fato, as atividades da Perícia Criminal são definidas em norma 
que altera a Lei Orgânica da Polícia Civil,Lei Complementar de nº 113/2010, no seu 
Anexo V, da seguinte maneira: 
“IV.3 - ​Perito Criminal: 
a) a realização de exames e análises, no âmbito da criminalística, 
relacionados à física, química, biologia legal e demais áreas do conhecimento 
científico e tecnológico; 
 
b) a análise de documentos, objetos e locais de crime de qualquer natureza 
para apurar evidências ou colher vestígios, ou em laboratórios, visando a fornecer 
elementos esclarecedores para a instrução de inquérito policial, procedimentos 
administrativos ou processos judiciais criminais; 
 
c) ​a emissão de laudos periciais para determinação da identificação criminal 
por meio da datiloscopia, quiroscopia, podoscopia ou outras técnicas, com a 
finalidade de instruir procedimentos e formar elementos indicativos de autoria de 
infrações penais; 
 
d) o cumprimento de requisições periciais pertinentes às investigações 
criminais e ao exercício da polícia judiciária, no que se refere à aplicação de 
conhecimentos oriundos da criminalística, com a elaboração e a sistematização dos 
correspondentes laudos periciais para a viabilização de provas objetivas que 
subsidiem a apuração de infrações penais e administrativas; 
 
e) o exame de elementos materiais existentes em locais de crime, com 
prioridade de análise, a orientação para abordagem física correspondente e a 
interação com os demais integrantes da equipe investigativa; 
f) a constatação da idoneidade e da inviolabilidade de local, bens e objetos 
submetidos a exame pericial, sob a garantia da autonomia funcional, técnica e 
científica a ser assegurada pelo Delegado de Polícia.” 
 
Como se pode facilmente 
perceber, todas as alíneas acima, 
constitutivas da finalidade da 
Polícia Técnica, se referem a 
investigação policial, infrações 
penais e processos criminais, não 
lhes incumbindo por lei, nada que 
extrapole essa específica seara. 
Além disso, a regra do artigo 434 
do CPC, que possibilita ao 
magistrado requisitar técnicos de 
estabelecimentos oficiais, não pode 
ser entendida como de validade 
absoluta, posto que relativizada no 
seu próprio texto com a expressão 
“de preferência” e também tem que 
ser interpretada de forma 
sistemática, considerando-se o 
universo administrativo onde 
deve/pode ser aplicada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DA POLÍCIA 
 
● Psicologia aplicada à investigação criminal – nome 
corrente nas instâncias policiais para o uso da 
psicologia, psiquiatria e ciências afins para o auxílio 
às forças policiais na persecução penal. 
● Em geral está na Polícia Científica ou Civil 
● Incipiente no Brasil 
 
No caso dos estudos em Psicologia sobre o 
processo investigativo, vale lembrar que o saber psicológico clássico esteve 
relacionado a uma concepção patologizante, individualizante e causal dos 
processos interacionais (Martins, 2008). 
Torna-se preocupante a reprodução da lógica positivista no campo de 
estudos em Psicologia, visto que fornece subsídios ao campo jurídico e policial para 
validar práticas do Estado que costumam desconsiderar aspectos sociais, contextos 
culturais e atravessamentos nos modos de subjetivação de pessoas que se 
encontram inseridas num processo de violência (Brizola, & Zanella, 2015). 
Percebem-se práticas hegemônicas em Psicologia a compartilhar interesses e 
finalidades semelhantes com as do Direito Penal, a exercer uma variada gama de 
opressões junto a sociedade. 
Desta correlação surgem dificuldades teórico-metodológicas sobre o campo 
da Psicologia em interface com a justiça. Torna-se notória a existência de uma 
ampla relação entre Psicologia e Segurança Pública, principalmente quando a 
intersecção entre ambas as áreas se debruça sobre a assistência aos processos de 
violência. Assim, um olhar ampliado sobre esse tema torna-se fundamental, de 
forma que a ciência psicológica não naturaliza a violência e venha a superar a 
relação dicotômica de vítima e agressor e contribuindo com um viés sistêmico à 
análise do fenômeno (Nobrega, Gerlach, Oliveira, Bortoluci, & Beiras, 2017). 
 
 
Mesmo considerando que o processo de investigação policial demanda um 
trabalho sob olhar de diferentes profissionais, este artigo aprofundará o âmbito do 
cargo de psicólogo policial, buscando identificar as potencialidades de atuação da 
Psicologia na polícia civil especificamente, atrelado a um paradigma social crítico 
jurídico. 
Busca-se diretamente identificar quais seriam as possíveis formas de realizar 
um atendimento sócio jurídico crítico pela Psicologia no contexto destas delegacias, 
tendo por norteadores os conceitos de violência e feminismos. 
Em outras palavras, este relato de experiência atrelada à DPCAMI possui a 
proposta de identificar formas de atuação da psicologia policial em consonância com 
os pressupostos de uma Psicologia Social Jurídica, enquanto promove justiça e 
cidadania sob o enfoque do compromisso social e dos direitos humanos, em 
realidades permeadas por violências e machismos. 
Foi para garantir a sobrevivência que o homem se organizou em grupos. 
Essa necessidade de segurança, de acordo com Marcineiro e Pacheco (2005), 
representou uma das causas mais importantes para o agrupamento social 
apresentado nos diversos momentos pelos quais a humanidade já vivenciou. 
“Ao longo dos anos, com a evolução dos valores morais da sociedade, é 
possível constatar que houve também a evolução da ideologia que norteia as ações 
das Polícias.” (MARCINEIRO; PACHECO, 2005, p. 58)

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