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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS
CAMPUS XVIII – EUNÁPOLIS
Letras VI semestre
IELITA PEREIRA DE CARVALHO
IVONETE GONÇALVES DE SOUZA
TACIANE ALMEIDA PASSOS
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
“Poesias eróticas”
Este trabalho da disciplina de Língua e Literaturas Latinas, exigido como requisito avaliativo pela profª Lícia Sobral tem como objetivo o estudo das poesias eróticas na obra “O amor Natural” de Carlos Drummond de Andrade.
EUNÁPOLIS
2012
Carlos Drummond de Andrade e Suas obras Eróticas
O escritor da literatura moderna do século XX, nasceu em Itabira interior de Minas Gerais, o dia 31 de outubro de 1902. De uma origem de família humilde de Fazendeiros em decadência, estudou em Belo Horizonte e no colégio de Jesuítas no Rio de Janeiro, de onde foi expulso e voltou para Belo Horizonte, seguir a carreira de escritor em Diário da cidade. Em 1925, diplomou-se em farmácia, profissão pela qual demonstrou pouco interesse. Nessa época, já redator do Diário de Minas, tinha contato com os modernistas de São Paulo. Na Revista de Antropofagia publicou, em 1928, o poema "No meio do caminho", que provocaria muito comentário. Ingressou-se no funcionalismo publico e em 1934 mudou-se para o Rio de Janeiro.
O surgimento da crítica literária no Brasil foi concomitante ao período em que a grande imprensa começou a se desenvolver no país. Este formato consagrado do gênero opinativo foi incorporado pelos jornais no final do século XIX e início do século XX, período em que se formava a comunidade intelectual brasileira. Também era uma época em que não havia ainda uma distinção clara entre literatura e jornalismo, entre intelectuais, cronistas, romancistas e jornalistas. Todos compartilhavam do espaço dos jornais e divulgavam neles suas produções. Por isso, os periódicos da época eram a instância na qual esses intelectuais conquistavam a consagração junto ao público e conseguiam divulgar seus pensamentos e obras. 
O modernismo não chega a ser dominante nem nas primeiras obras de Drummond. No entanto o individualismo é dominante, considerado poeta da ordem e da consolidação. Ele lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se socialmente e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo.
Muitos poemas do nosso poeta funcionam como denúncia da opressão que marcou o período da Segunda Grande Guerra. A temática social, resultante de uma visão dolorosa e penetrante da realidade. Sua consciência do tenso momento histórico produz a indagação filosófica sobre o sentido da vida, pergunta para a qual o poeta só encontra uma resposta pessimista sempre.
Toda a trajetória do poeta qualquer que seja o assunto tratado marca-se por uma tentativa de conhecer-se a si mesmo e aos outros homens, através da volta ao passado, da adesão ao presente e da projeção num futuro possível, questiona-se até mesmo a existência de Deus.
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
O poeta Drummond criou varias obras poéticas, no entanto antes de sua morte ele escreveu um livro erótico chamado “O Amor Natural” que só foi lançado após a sua morte, que havia em seu conteúdo apenas poemas eróticos. 
O livro "O Amor Natural" não nasceu de um desvario momentâneo. O livro com poemas pornográficos, lançado em 1992, choque entre as mocinhas e senhores desavisado, expôs contornos radicais do poeta, mas o assunto já costumava aparecer em um ou outro poema, insinuadamente, fosse no embalo da união amorosa, fosse nos tons de poesia-piada, usuais no Modernismo. 
Mario de Andrade costumava dizer que a culpa do surgimento dessa obra era por causa da grande timidez que o autor tinha, e por meio da obra o autor procurou explicitar seus pensamentos eróticos que estavam escondidos dentro de si. É assim que no livro, escrito em meado dos anos setenta, Drummond rende-se a produção de poemas que vão do erótico ao pornográfico, passando pelo completo despudor; versos onde ato sexual não eleva nem rebaixa, mas sim, aceita exultante a condição simples, o exposto cru, bastante cru, de ser humano. Animal sem meias palavras: ato, suor, lugar, sémen, gemido, mamilos, modo. Uma pequena amostra dessas poéticas paixões carnais estão contidas nessa obra.
Diante dessa representação literária, podemos afirmar que a literatura, enquanto memória apresenta-se como um retrato, uma amostra de imagens construídas e plasmadas na cultura e no imaginário de uma sociedade no que concerne à concepção e a internalização de seus valores sócio-culturais. 
Na literatura, todavia, o erotismo surgiu para louvar Eros, deus da paixão, do amor, da força vital. O erotismo está presente desde os tempos remotos, como bem o comprova o texto bíblico, Cântico dos Cânticos (MOREIRA, Marilza, p.95). Portanto podemos perceber que o erotismo está presente em nossa literatura desde a era grega, e até em nossos escritos bíblicos há passagens de escritos eróticos. O erotismo não é algo que surgiu na literatura por meio do poeta Carlos Drummond de Andrade, era algo que já havia só que camufladamente, pois nessa época não se era permitido se falar nesse assunto. Contudo esse poeta sem medo de expor seus desejos, e os atos praticados durante o momento sexual deixa explicito em suas poesias o prazer sentido durante a relação entre dois indivíduos.
O autor em seu livro “O Amor Natural” compôs vários poemas, como “No corpo feminino, esse retiro” e “ A língua lambe”.
No corpo feminino, esse retiro
No corpo feminino, esse retiro
a doce bunda – é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro,
pois tanto mais a apalpo quanto a miro.
Que tanto mais a quero, se me firo
em unhas protestantes, e respiro
a brisa dos planetas, no seu giro
lento, violento ...Então, se ponho e tiro
a mão em concha – a mão, sábio papiro,
iluminando o gozo, qual lampiro,
ou se, dessedentado, já me estiro,
me penso, me restauro, me confiro,
o sentimento da morte eis que adquiro:
de rola, a bunda torna-se vampiro.
No primeiro poema O corpo Feminino, esse retiro, em seu titulo o poeta já faz uma denuncia ao que há no corpo feminino, mostra esse corpo como um lugar solitário, destinado ao descanso, e ao gozo. Já no primeiro verso o autor repete seu titulo confirmando o seu lugar de repouso.
Na segunda estrofe “a doce bunda”, exprime no corpo da mulher uma sensação de prazer. A repetição do fonema i exprime sons agudos dando um entendimento de erótico pela construção de ajustes dos sons, Intimo, suspiro, mais a miro, me firo. A vibrante r com a vogal O da ideia de morte, pois imita sons profundos. No entanto na terceira estrofe ele cita “a doce bunda – é ainda o que prefiro,” diante dessa contextualização o autor expõe as nádegas femininas como doces, e apresenta como o lugar da anatomia feminina de sua preferencia, ele ainda no decorrer do poema rende homenagens a ela (a bunda).
“Então, se ponho e tiro, a mão em concha, a mão, sábio papiro, iluminando o gozo, qual lampiro,” exprime uma sonora sensual, desencadeando uma sinestesia que possibilita a representação sexual das nádegas, sinalizando a presença marcante de uma atmosfera erótica-sexual construída a partir de uma linguagem semiótica. “A mão em concha – a mão, sábio papiro, iluminando o gozo, qual lampiro, ou se, dessedentado, já me estiro, me penso, me restauro, me confiro, o sentimento da morte eis que adquiro: de rola, a bunda torna-se vampiro” a expressão “mão em concha” e “tira e põe” expressa nos versos a crescente e interminante sensualidade do ato sexual. A plenitude do gozo, e sensação de saciado se manifesta através da expressão de “o sentimento da morte eis que adquiro” e o termo “a bunda torna-se vampiro” aparece como o símbolo da realização amorosa. Podemos fechar a leitura desse poema a partirda conclusão de esse poema Drummondiano erotiza o corpo feminino, diante de uma perspectiva masculina erótica centrada na “bunda”, partindo do pressuposto de que essa parte do corpo feminino, como símbolo de sedução do imaginário cultural masculino.
Não se sabe se no mundo, ou no momento, há uma onda que não é de erotismo. É de pornografia. E que eu não gostaria que os meus poemas fossem rotulados de pornográficos. Pelo contrário, eles procuram dignificar, cantar o amor físico, porém sem nenhuma palavra grosseira, sem nenhum palavrão, sem nada que choque a sensibilidade do leitor. É uma coisa de certa elevação. BARBOSA, (1987, p.8). Ao explicar o título “O amor natural”, Drummond também demonstrava apreço por valores como pureza e espontaneidade, como se natural fosse sinônimo de animal, instintivo, isento de problemas. Mas o erotismo como sabe, não se confunde com a simples prática sexual, envolvendo todas as complicações psicológicas do gênero humano. E a natureza do amor, como tudo neste poeta, é essencialmente contraditória.
O segundo poema a ser analisado é o “A língua lambe”, onde o eu lírico representa a língua, não só como um órgão da fala, mas também como um instrumento do prazer sexual.
A língua lambe
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
Podemos perceber que esse é um poema recheado de metáforas que fazem uma alusão ao órgão sexual feminino. De qualquer forma, a língua é o termo central deste poema e a sua função, no mesmo, é exposta logo no primeiro verso (a saber: lamber). Todavia, não é lamber qualquer coisa e de qualquer maneira, é lamber a vagina, apresentada por meio de metáforas, da forma em que o eu lírico constrói o poema. A língua não só lambe, mas lavra, tece; não é algo simples, precisa de ser feito de forma singular. 
Para o poeta o titulo, “a língua lambe” é forma variada; isto é, numa maneira em que enlouqueça e resulte num prazer delirante. Essas “lépidas variações” são feitas com leveza de ritmo.
“As pétalas vermelhas” é colocada como uma função importante para a língua nessa prática, uma função que cultiva essa rosa (vagina) e que a explora, gradualmente, com delicadeza e leveza para que, por fim, o prazer seja atingido. As expressões “lambilonga” e “lambilenta”, visualiza-se um ato que não é rápido e, sim, longo e lento. Outro verbete que se destaca é “lambente” usada no terceiro verso da segunda estrofe, fazendo uma alusão às lépidas variações que provoca uma sensação de movimento no ato. Esse movimento é de inda e vinda da língua, de tocar de leve, de roçar a vagina. Outra sensação que tem é de molhado na boca, de gozo, de prazer. Isso relaciona a parte significante ao significado para exprimir o que se objetiva.
O poema mostra um sujeito que trata do sexo oral, mas, particularmente, da língua. Que é um órgão que provoca prazer nesse ato, é o termo central do eu poético para descrever esse ato. O eu lírico se concentra em expor a mensagem, que é aclarar como a língua é relevante no ato sexual. Além disso, a língua é descrita de forma peculiar em que há uso de jogo de palavras. Pode-se observar que o eu lírico não apresenta uma linguagem obscena, apesar de tratar de um assunto relacionado ao sexo oral. Nesse sentido, a imagem desse eu pode ser entendida como um sujeito que expõe a sensação prazerosa que o sexo oral pode proporcionar. Além disso, ele explicita a língua como o órgão (instrumento) fundamental para que esse ato se torne tão gostoso, tão prazeroso.
Diante dos poemas analisados podemos perceber que o autor se preocupa com a mensagem, com o seu efeito de causar. Por tanto, para aqueles acostumados a uma literatura mais direta e que cresceram numa sociedade moderna essas obras não soaram como uma banalidade, e sim como um meio de descrição de cenas eróticas numa linguagem desnuda. Para outros o livro poderá parecer pornográfico. 
Referencias
BARBOSA, Rita de Cássia. Poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Ática,1987.
MOREIRA, Nadilza M. de B. Revista da Pós-Graduação em Letras – UFPB, João Pessoa, Vol 7., N. 2/1, 2005 – p. 93-98
http://obviousmag.org/archives/2008/04/o_amor_natural.html
http://www.nepp.com.br/index.asp?c=paginas&modulo=informativo_exibe&url=281

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