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Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 69 6 – CONVERSORES CC-CC (Choppers) 6.1 – Introdução Os choppers são conversores CC-CC que podem convertem uma fonte de tensão CC fixa em uma fonte de tensão CC variável, ou ainda, converter uma fonte de tensão CC variável em uma fonte de tensão CC fixa. Sua larga aplicação industrial se concentra no acionamento de máquinas CC para tração elétrica, frenagem regenerativa de máquinas de corrente contínua, fontes chaveadas, sistemas de energia ininterrupta (UPS – Uninterruptible Power Supply), dentre outras. O circuito de potência dos conversores CC-CC é construído, basicamente, através da combinação de elementos passivos, como indutores e capacitores, juntamente com dispositivos semicondutores de potência como transistores (BJT’s, MOSFET’s, IGBT´s, etc.), tiristores (SCR’s, GTO’s, etc.), operando em alta frequência no modo chaveado. Duas técnicas de controle são empregadas nos conversores CC-CC, as quais controlam o fluxo de potência entre a entrada e a saída do conversor, sendo elas: • Controle em frequência constante: Nesta técnica de controle a frequência de operação é mantida constante e controle é feito apenas pela variação do tempo em que a fonte de entrada fornece energia para a carga. Sendo assim, a largura do pulso é controlada e esta técnica de controle é conhecida como modulação por largura de pulsos (PWM – Pulse Width Modulation); • Controle em frequência variável: Nesta técnica de operação o tempo em que a fonte de entrada fornece energia para a carga pode ser mantido constante, mas a frequência de operação do conversor é variada. O inconveniente desta técnica é que pelo fato da frequência ser variável dificulta o projeto de filtros. Uma forma de controle PWM está mostrada na Fig. 6.1. A tensão de saída a ser controlada oV é medida e comparada com um sinal de referência refoV . O sinal de erro de saída eV passa por um controlador que gera um sinal de controle cV . O sinal de controle é comparado com um sinal de referência rV (dente de serra) de forma a gerar um sinal PWM gV , adequado para controlar o chopper. Fig.6.1 – Geração do sinal de controle PWM de um conversor CC-CC (chopper) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 70 6.2 – Topologias de conversores CC-CC Alguns choppers serão estudados em aplicações como as fontes chaveadas, onde a tensão de entrada CC pode ser variável, enquanto a tensão de saída é sempre fixa. Também serão discutidas formas de se controlar a velocidade de máquinas CC utilizando os choppers. Existem dois tipos de topologias fundamentais de conversores CC-CC, os quais são chamados de conversor abaixador (conversor Buck) e conversor elevador (conversor Boost). No conversor Buck a tensão média de saída é sempre menor ou igual à tensão de entrada e no conversor Boost a tensão média de saída é sempre maior ou igual à tensão de entrada. Neste capítulo, além dos conversores Buck e Boost serão estudados os conversores CC-CC chamados Buck-Boost e Cúk, nos quais a tensão média de saída poderá ser maior, igual ou menor que a tensão de entrada. 6.2.1 – Conversores CC-CC para o controle de velocidade de Máquinas CC. Um conversor CC-CC abaixador de tensão, destinado para o acionamento de máquinas CC está representado na Fig. 6.2. Como dito anteriormente, sua característica principal é a que a tensão média de saída é menor que a tensão de alimentação de entrada do conversor. Os conversores elevadores também são usados para o acionamento de máquinas CC, em aplicações onde se deseja frear a máquina com o envio da energia para a fonte. Este tipo de frenagem é chamado de frenagem regenerativa. Percebe-se através da Fig. 6.2 (a) e (b) que a tensão de saída aplicada à carga não precisa ser filtrada. Já a corrente de carga é naturalmente filtrada pela ação da indutância de armadura aL . (a) (b) Fig.6.2 – Conversor classe A: operação no I quadrante. O conversor da Fig. 6.2 (a) é usado quando a máquina CC opera em apenas um quadrante. Neste caso, a velocidade da máquina é unidirecional e a frenagem regenerativa não é requerida. Este conversor é também chamado de conversor classe A. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 71 Desconsiderando as quedas de tensão nos semicondutores, quando a chave T1 é fechada, a tensão Vs é aplicada toda sobre os terminais da carga. No momento que T1 é aberta, dada a característica da carga ser indutiva, a corrente circula através do diodo de circulação D1. Desse modo, percebe-se que a corrente de armadura pode circular em apenas um sentido e jamais existirá nos terminais da carga tensões negativas devido à presença do diodo de circulação D1. As formas de onda correspondente às grandezas do circuito são mostradas na Fig. 6.2 (b). Caso a velocidade deva manter um sentido de rotação único, mas a operação de frenagem é requerida, então um conversor de dois quadrantes dever ser usado, como o mostrado na Fig. 6.3 (b). Este conversor que também chamado de conversor classe C, é formado pela junção do conversor classe B da Fig. 6.3 (a) com o conversor classe A da Fig. 6.2 (a). A presença do conversor classe B na composição do conversor classe C, possibilita que o sentido da corrente de armadura possa ser invertido, mesmo considerando que a tensão nos terminais da máquina, apesar de poder ser controlada, seja sempre positiva. Uma corrente de armadura positiva no conversor classe C caracteriza uma operação de tração. Já uma corrente negativa, coloca-o em operação de frenagem regenerativa sem alteração no sentido de rotação da máquina. O esquema da Fig. 6.3 (c) é usado quando se deseja fazer uma frenagem dinâmica, ou seja, uma frenagem dissipativa. Neste caso, ao invés da energia ser devolvida para a fonte de entrada, esta é toda dissipada na resistência Rd. É bom lembrar que nem sempre a fonte de entrada é receptora de energia. Fig.6.3 – (a) Conversor classe B: operação no II quadrante; (b) Conversor classe C: operação no I e II quadrantes; (c) Conversor classe C para frenagem dinâmica (dissipativa). Na Fig. 6.4, está representado o conversor classe D. Quando T1 e T4 encontram-se em condução, é aplicada aos terminais da carga uma tensão positiva Vs. Quando estes são desligados, a corrente de armadura circula através dos diodos D1 e D4, de forma que a tensão nos terminais da carga se inverta. Apesar da inversão de tensão na carga, a corrente de armadura não se inverte, portanto não caracteriza uma operação de frenagem. Neste intervalo o que ocorre é apenas a transferência da energia acumulada na indutância de armadura para a fonte de alimentação, ou seja, a energia presente na massa girante acoplada ao eixo da máquina permanece inalterada. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 72 Fig. 6.4 - Conversor classe D: operação no I e IV quadrantes. O conversor classe E está mostrado na Fig. 6.5. Quando as chaves T1 e T4 são comandadas, o sistema funciona no I e IV quadrantes, ou seja, com torque positivo. Já se as chaves comandadas são T2 e T3 o conversor opera no II e III quadrantes, ou seja, com torque negativo. A Fig. 6.6 (a) e (b) mostra os dispositivos em condução na operação do conversor em seus respectivos quadrantes. Os quatro quadrantes de operação do conversorsão mostrados em dois planos diferentes. A Fig. 6.6 (a) do plano indicado é representado pelos valores médios da tensão nos terminais da carga aV e pela corrente média de armadura aI , e a Fig. 6.6 (b) mostra o plano representado pela velocidade angular mω e pelo torque da máquina aT . Desta forma, pode-se resumir o comportamento da máquina operando nos quatro quadrantes conforme a Tabela 6.1. Admite-se que a máquina girando no sentido horário possui a força contra-eletromotriz positiva, ou seja 0>aE , e no sentido anti-horário 0<aE . Fig.6.5 – Conversor classe E. (a) (b) Fig.6.6 – Dispositivos em condução no conversor classe E. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 73 Tabela 6.1 – Características de Operação da Máquina CC. Quadrante de Operação Velocidade ( aE ) Torque ( aI ) Sentido de Rotação Variação de Velocidade Classe do Conversor I 0>aE 0>aI Horário aceleração A, C, D e E II 0>aE 0<aI Horário frenagem B, E III 0<aE 0<aI Anti-horário aceleração E IV 0<aE 0>aI Anti-horário frenagem D e E Os valores médios da tensão nos terminais carga aV , considerando condução contínua, para as diversas classes de conversores é mostrado na tabela 2. Tabela 6.2 – Valores médios da tensão nos terminais da carga aV . Classe do conversor Tensão média da carga aV A sa DVV = B sa VDV )1( −= C sa DVV = (tração) e sa VDV )1( −= (frenagem) D sa VDV )12( −= E sa VDV )12( −= ou sa VDV )21( −= 6.2.2 – Conversores CC-CC em fontes chaveadas. 6.2.2.1 – Conversor Buck O diagrama do circuito do conversor Buck está mostrado na Fig. 6.7. Como pode ser observado neste diagrama um filtro LC é colocado no estágio de saída de forma que a tensão de saída seja contínua e com baixa ondulação. Fig.6.7 – Diagrama do conversor Buck. 6.2.2.1.1 – Princípio de funcionamento do conversor Buck Admitindo condução contínua, a primeira etapa de funcionamento inicia-se em t = 0, quando a chave S é fechada. Neste instante a corrente de entrada cresce e flui através do indutor L, do capacitor C e da carga. Neste intervalo ocorre a transferência de energia para a carga. A segunda etapa de funcionamento inicia-se quando em t = 1t , quando a chave S é aberta. Neste instante a o diodo de circulação 1D conduz devido a energia armazenada no indutor e a corrente permanece circulando de forma decrescente através do indutor L, do capacitor C e da carga, até que a chave S seja novamente fechada. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 74 Considerando a condução contínua, as formas de onda de tensão e corrente, baseado no circuito da Fig. 6.7, são mostradas na Fig. 6.9. Para efeito de análise o circuito da Fig. 6.7 pode ser substituído pelo circuito da Fig. 6.8 onde a tensão da carga é substituída por uma fonte de tensão oV . Fig.6.8 – Diagrama equivalente do conversor Buck. Fig.6.9 – Formas de onda do conversor Buck (condução contínua). Para a primeira etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por dt di LVVV LosL =−= (6.1) No intervalo de tempo 1t∆ = 1t - 0, a variação de corrente no indutor será minLmaxLL III −=∆ , assim (6.1) torna-se ( ) 1 minLmaxL 1 L os t II L t I LVV −==− ∆ ∆ (6.2) Desse modo, o tempo 1t pode ser calculado por ( ) ( ) ( )os minLmaxL os L 1 VV II L VV I Lt − − = − = ∆ (6.3) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 75 Para a segunda etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por 2 L o t I LV ∆−=− (6.4) Desse modo, o tempo 2t pode ser calculado por o L 2 V ILt ∆= (6.5) Através das expressões (6.2) e (6.5) tem-se que L tV L t)VV( I 2o1osL = − =∆ (6.6) Pela expressão (6.6) e sabendo que 12 tTt −= , obtêm-se T tVV 1so = (6.7) Definindo razão cíclica D como a relação entre o período que a chave S permanece fechada ( 1t ) e o período de chaveamento T encontra-se so DVV = (6.8) Onde T t D 1= (6.9) Desse modo, percebe-se através de (6.8) que a tensão de saída pode ser variada através da variação da razão cíclica D. Como D é sempre menor ou igual a 1, conclui-se que a tensão de saída oV será sempre menor ou igual a tensão de entrada sV . Para um circuito sem perdas onde a potência de entrada é igual à potência de saída encontra-se: os DII = (6.10) Onde sI é a corrente média da fonte de entrada; oI é a corrente média da carga. 6.2.2.1.2 – Ondulação da corrente de saída Pelas equações (6.3) e (6.5) e sabendo-se que 21 ttT += encontra-se a ondulação da corrente de saída como fL )D1(DV fLV )VV(V I s s oso L − = − ≅∆ (6.11) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 76 Por (6.11) observa-se que a ondulação máxima da corrente no indutor de filtragem L ocorre quando D = 0,5. Desse modo: fL4 V I smaxL ≅∆ (6.12) 6.2.2.1.3 – Ondulação da tensão de saída Para o cálculo da ondulação de tensão no capacitor C admite-se que a componente alternada da corrente do indutor L circule todo por ele, ou seja, CL ii ∆∆ = . Sendo assim, considerando que a corrente média do capacitor que flui no período de pico a pico da ondulação do capacitor, 4 I I Lc ∆ = , tem-se que fC8 IV LC ∆∆ ≅ (6.13) Desse modo por (6.13) e (6.11) encontra-se a ondulação de tensão no capacitor, ou seja: LCf8 )D1(DVV 2sC − ≅∆ (6.14) Por (6.14) observa-se que a ondulação máxima de tensão no capacitor de filtragem C ocorre quando D = 0,5. Desse modo: LCf32 VV 2 s maxC ≅∆ (6.15) Através das expressões (6.11) e (6.14) pode-se dimensionar o filtro de saída. Deve-se considerar no dimensionamento do filtro LC, o valor da sua frequência de ressonância que é dada pela expressão (6.16). LC2 1fo pi = (6.16) Para evitar que a tensão de saída possa atingir valores excessivos, deve-se escolher um filtro cuja frequência de ressonância seja muito menor que a frequência de chaveamento do conversor, ou seja: f > of (6.17) 6.2.2.2 – Conversor Boost O diagrama do circuito do conversor Boost está mostrado na Fig. 6.10. Como pode ser observado neste diagrama um filtro L é colocado na entrada e um filtro C é colocado no estágio de saída de forma que a tensão de saída seja contínua e com baixa ondulação. Fig.6.10 – Diagrama do conversor Boost. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 77 6.2.2.2.1 – Princípio de funcionamento do conversor Boost Admitindo condução contínua, a primeira etapa de funcionamento inicia-se em t = 0, quando a chave S é fechada. Neste instante a corrente de entrada cresce e flui através do indutor L e através da chave S. A segunda etapa de funcionamento inicia-se quando em t = 1t , quando a chave S é aberta. Neste instante a energia armazenada no indutor L é transferida para a carga e a corrente no indutor permanece circulando de forma decrescente através do indutor L, do diodo 1D , do capacitor C e da carga, até que a chave S seja novamente fechada. Observa-se que isto apenas é possível se a tensão de saída oV for superiorà tensão de entrada sV . Considerando a condução contínua, as formas de onda de tensão e corrente baseado no circuito da Fig. 6.10 são mostradas na Fig. 6.12. Para efeito de análise o circuito da Fig. 6.10 pode ser substituído pelo circuito da Fig. 6.11 onde a tensão da carga é substituída por uma fonte de tensão oV . Fig.6.11 – Diagrama equivalente do conversor Boost. Fig.6.12 – Formas de onda do conversor Boost (condução contínua). Para a primeira etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por dt di LVV LsL == (6.18) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 78 No intervalo de tempo 1t∆ = 1t - 0, a variação de corrente no indutor será minLmaxLL III −=∆ , assim (6.18) torna-se ( ) 1 minLmaxL 1 L s t II L t I LV −== ∆ ∆ (6.19) Desse modo, o tempo 1t pode ser calculado por ( ) s minLmaxL s L 1 V II L V I Lt − == ∆ (6.20) Para a segunda etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por 2 L os t I LVV ∆−=− (6.21) Desse modo, o tempo 2t pode ser calculado por ( )so L 2 VV I Lt − = ∆ (6.22) Através das expressões (6.19) e (6.22) tem-se que L tV L t)VV( I 1s2soL = − =∆ (6.23) Pela expressão (6.23) e sabendo que 21 tTt −= , obtêm-se 2 s o t TVV = (6.24) Pela definição da razão cíclica D dada por (6.9), a expressão (6.24) torna-se: )D1( V V so − = (6.25) Desse modo, percebe-se através de (6.24) que a tensão de saída pode ser variada através da variação da razão cíclica D. Como D é sempre menor ou igual a 1, conclui-se que a tensão de saída oV será sempre maior ou igual a tensão de entrada sV . Para um circuito sem perdas onde a potência de entrada é igual a potência de saída, a corrente média de entrada sI é dada por )D1( I I os − = (6.26) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 79 6.2.2.2.2 – Ondulação da corrente de entrada Pelas equações (6.20) e (6.22) e sabendo-se que 21 ttT += encontra-se a ondulação da corrente de entrada como fL DV fLV )VV(V I s o sos L = − ≅∆ (6.27) 6.2.2.2.3 – Ondulação da tensão de saída Para o cálculo da ondulação de tensão no capacitor C admite-se, no intervalo de tempo 1t∆ , que a corrente média do capacitor CI é igual a corrente média da carga oI . Desse modo tem-se que: C tIV 1oC ≅∆ (6.28) Pelas expressões (6.20), (6.27) e (6.28) encontra-se (6.29), ou seja: fC DI fCV )VV(IV o o soo C = − ≅∆ (6.29) Através das expressões (6.27) e (6.39) pode-se dimensionar os filtros de entrada e saída do conversor Boost. 6.2.2.3 – Conversor Buck-Boost O diagrama do circuito do conversor Book-Boost está mostrado na Fig. 6.13. Através deste circuito a tensão de saída poderá ser maior, igual ou menor que a tensão de entrada. Este circuito tem a característica de possuir a tensão de saída com polaridade invertida da tensão de entrada. Como nos dois conversores apresentados anteriormente dois elementos armazenadores de energia, um indutor L e um capacitor C compõem a formação deste conversor que também é chamado de conversor CC a acumulação indutiva. Fig.6.13 – Diagrama do conversor Buck-Boost. 6.2.2.3.1 – Princípio de funcionamento do conversor Buck-Boost Admitindo condução contínua, a primeira etapa de funcionamento inicia-se em t = 0, quando a chave S é fechada. Neste instante a corrente de entrada cresce e flui através do indutor L e da chave S. A segunda etapa de funcionamento inicia-se em t = 1t , quando a chave S é aberta. Neste instante a energia armazenada no indutor L é transferida para a carga e a corrente no indutor permanece circulando de forma decrescente através do diodo 1D , do capacitor C e da carga, até que a chave S seja novamente fechada. Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 80 Considerando a condução contínua, as formas de onda de tensão e corrente baseado no circuito da Fig. 6.13 são mostradas na Fig. 6.15. Para efeito de análise o circuito da Fig. 6.13 pode ser substituído pelo circuito da Fig. 6.14 onde a tensão da carga é substituída por uma fonte de tensão oV . Fig.6.14 – Diagrama equivalente do conversor Buck-Boost. Fig.6.15 – Formas de onda do conversor Buck-Boost (condução contínua). Para a primeira etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por dt di LVV LsL == (6.30) No intervalo de tempo 1t∆ = 1t - 0, a variação de corrente no indutor será minLmaxLL III −=∆ , assim (6.30) torna-se ( ) 1 minLmaxL 1 L s t II L t I LV − == ∆ ∆ (6.31) Desse modo, o tempo 1t pode ser calculado por Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 81 ( ) s minLmaxL s L 1 V II L V I Lt − == ∆ (6.32) Para a segunda etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por 2t I LV Lo ∆ −=− (6.33) Desse modo, o tempo 2t pode ser calculado por o L V I Lt ∆ =2 (6.34) Através das expressões (6.31) e (6.33) tem-se que L tV L tV I osL 21 ==∆ (6.35) Pela expressão (6.35) e sabendo que 12 tTt −= , obtêm-se 1 1 tT tVV so − = (6.36) Pela definição da razão cíclica D dada por (6.9), a expressão (6.36) torna-se: )1( D DVV so − = (6.37) Desse modo, percebe-se através de (6.37) que a tensão de saída pode ser variada através da variação da razão cíclica D. Como D é sempre menor ou igual a 1, conclui-se que a tensão de saída oV poderá ser maior, menor ou igual a tensão de entrada sV . Para um circuito sem perdas onde a potência de entrada é igual a potência de saída, a corrente média de entrada sI é dada por )D1( DI I os − = (6.38) Onde oI é a corrente média da carga. 6.2.2.3.2 – Ondulação da corrente de entrada Pelas equações (6.32) e (6.34) e sabendo-se que 21 ttT += encontra-se a ondulação da corrente de entrada como fL DV )VV(fL VV I s so os L = − ≅∆ (6.39) Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 82 6.2.2.3.3 – Ondulação da tensão de saída Para o cálculo da ondulação de tensão no capacitor C admite-se que, no intervalo de tempo 1t∆ , a corrente média do capacitor CI é igual a corrente média da carga oI . Desse modo tem-se que: C tIV 1oC ≅∆ (6.40) Pelas expressões (6.36) e (6.40) encontra-se (6.41) fC DI fC)VV( VIV o so oo C = − ≅∆ (6.41) Através das expressões (6.39) e (6.41) pode-se dimensionar os elementos de filtragem do conversor Buck-Boost. 6.2.2.4 – Conversor Cúk O diagrama do circuito do conversor Cúk está mostrado na Fig. 6.16. Como no conversor Buck- Boost a tensão de saída poderá ser maior, igual ou menor que a tensão de entrada. Este circuito também tem a característica de possuir a tensão de saída com polaridade invertida da tensão de entrada. O conversor Cúk também é chamado de conversor CC a acumulação capacitiva. Fig.6.16 – Diagrama do conversor Cúk. 6.2.2.4.1 – Princípio de funcionamento do conversor Cúk Admitindo condução contínua, a primeira etapa de funcionamento inicia-se em t = 0, quando a chave S está fechada. A correnteatravés do indutor 1L cresce e o capacitor 1C que anteriormente estava carregado polariza reversamente o diodo 1D que é bloqueado. A energia proveniente da fonte de entrada que havia sido acumulada no capacitor 1C é transferida para a carga, capacitor 2C e indutor 2L . Nesta etapa, a chave “S” conduz tanto a corrente do indutor 1L como de 2L . A segunda etapa de funcionamento inicia-se em t = 1t , quando a chave S é aberta. A energia acumulada em 2L , na primeira etapa, é transferida para a carga. Nesta etapa o diodo 1D também conduz tanto a corrente do indutor 1L como de 2L . Portanto, neste intervalo a corrente de entrada (indutor 1L ) decresce e flui através do capacitor 1C e diodo 1D . Percebe-se que nesta etapa o capacitor 1C volta a se carregar. Considerando a condução contínua, as formas de onda de tensão e corrente baseado no circuito da Fig. 6.16 são mostradas na Fig. 6.18. Para efeito de análise o circuito da Fig. 6.16 pode ser substituído pelo circuito da Fig. 6.17 onde a tensão da carga é substituída por uma fonte de tensão oV . Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 83 Fig.6.17 – Diagrama equivalente do conversor Cúk. Fig.6.18 – Formas de onda do conversor Cúk (condução contínua). Para a primeira etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor é dada por dt di LVV 1L1s1L == (6.42) No intervalo de tempo 1t∆ = 1t - 0, a variação de corrente no indutor será min1Lmax1L1L III −=∆ , assim (6.42) torna-se: ( ) 1 min1Lmax1L 1 1 1L 1s t II L t I LV − == ∆ ∆ (6.43) Desse modo, o tempo 1t pode ser calculado por ( ) s min1Lmax1L 1 s 1L 11 V II L V I Lt − == ∆ (6.44) Para a segunda etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor 1L é dada por 2 1L 11Cs t I LVV ∆−=− (6.45) Desse modo, o tempo 2t pode ser calculado por Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 84 ( )1Cs 1L 12 VV I Lt − −= ∆ (6.46) Através das expressões (6.44) e (6.46) tem-se que ( ) 1 21Cs 1 1s 1L L tVV L tV I −− ==∆ (6.47) Pela expressão (6.47) e sabendo que 12 tTt −= , obtêm-se 1 s 1C tT TVV − = (6.48) Pela expressão (6.9) e (6.48) a tensão média no capacitor 1C torna-se )D1( V V s1C − = (6.49) Já a corrente no indutor 2L no intervalo de tempo 1t∆ = 1t - 0 será min2Lmax2L2L III −=∆ . Desse modo, ( ) 1 min2max2 2 1 2 21 t II L t I LVV LLLoC − = ∆ ∆ =− (6.50) Assim, o tempo 1t também pode ser calculado por ( ) ( ) ( )oC LL oC L VV II L VV I Lt − − = − ∆ = 1 min2max2 2 1 2 21 (6.51) Para a segunda etapa de funcionamento da estrutura a tensão no indutor 2L é dada por 2 2 2 t I LV Lo ∆ −=− (6.52) Desse modo, o tempo 2t pode ser calculado por o L V I Lt 222 ∆ = (6.53) Através das expressões (6.51) e (6.52) tem-se que ( ) 2 s 2 2o 2 1o1C 2L fL DV L tV L tVV I == − =∆ = (6.54) Assim pelas expressões (6.49), (6.54) e sabendo que 12 tTt −= , obtêm-se a tensão média no capacitor 1C . Eletrônica de Potência. Cap. 6 Prof. Sérgio Augusto Oliveira da Silva Engenharia Elétrica UTFPR/Campus Cornélio Procópio 85 D VV o C = 1 (6.55) Portanto, igualando as equações (6.49) e (6.55) encontra-se a tensão média de saída. )1( D DVV so − = (6.56) Desse modo, percebe-se através de (6.56) que a tensão de saída pode ser variada através da variação da razão cíclica D. Como D é sempre menor ou igual a 1, conclui-se que a tensão de saída oV poderá ser maior, menor ou igual a tensão de entrada sV . Para um circuito sem perdas onde a potência de entrada é igual a potência de saída, a corrente média de entrada sI é dada por )D1( DI I os − = (6.57) 6.2.2.4.2 – Ondulação das correntes nos indutores Pelas equações (6.44) e (6.46) e sabendo-se que 21 ttT += encontra-se a ondulação da corrente no indutor 1L como ( ) 1 s 1C1 1Css 1L fL DV VfL VVV I = −− ≅∆ (6.58) A ondulação no indutor 2L considerando as expressões (6.51) e (6.53) será dada por ( ) 2 s 1C2 o1Co 2L fL DV VfL VVV I = − ≅∆ (6.59) 6.2.2.4.3 – Ondulações das tensões nos capacitores As ondulações nos capacitores 1C e 2C são dadas, respectivamente por (6.60) e (6.61). 1 s 1C fC )D1(I V − ≅∆ (6.60) 2 22 S 2C fLC8 DVV ≅∆ (6.61) Bibliografia: MOHAN Ned; UNDELAND Tore M.; ROBBINS William P. Power Electronics – Converters, Applications and Design. 2 ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1995. RASHID, Muhammad H. Eletrônica de Potência. São Paulo: Makron Books, 1999. AHMED, Ashfaq. Eletrônica de Potência. São Paulo: Makron Book, 2000; MELLO, Luiz Fernando P. de. Projetos de Fontes Chaveadas. São Paulo: Érica, 1996.
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