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Idioma Instrumental – Direito Inglês. Professor Jonathan. Tirado do Livro Direito Inglês de René David e anotações da aula. Organização : Gabriel José (Esqueleto). A tradição jurídica inglesa: O direito inglês afirma-se como um direito essencialmente costumeiro, baseado em precedentes e, por excelência, processual. Ele é um conjunto de regras processuais e materiais que as Cortes Reais (Curia Regis) elaboraram e consolidaram, tendo em vista a solução de litígios. As Cortes reais buscavam gradualmente substituir as jurisdições tradicionais que existiam na Inglaterra. As Curia Regis tratavam de direito publico relacionado à coroa, esse direito era válido para todo o reino, por isso recebeu o nome de Common Law. Como as cortes buscavam ampliar seus poderes, elas passaram a aceitar qualquer caso que fossem apresentados a elas julgando-os por ficção, ou seja, tratando-os como casos de interesse da coroa. Os juízes foram capazes de ampliarem sua competência caso a caso, fazendo com que o sistema de precedentes se estabelecesse. Como as cortes trabalhavam em jurisdição de exceção, era necessário, em todo caso, convencê-las a julgar o caso apresentado. Esses procedimentos processuais limitavam a ação jurídica, sem ser possível adotar conceitos racionais e do direito romano para o Common Law As normas processuais deram ao direito inglês um caráter em artificial. Ele não possuía regras materiais, somente processuais que eram utilizadas para se resolver os litígios. Devido ao entrave decorrido do formalismo processual, se as partes não alcançassem justiça pelas cortes elas poderiam recorrer ao Rei, que em alguns casos poderia julgar causas em nome da consciência e equidade. Devido a um aumento no número de casos enviados ao Rei, o Lord Chanceler passou a julgá-los. Lord Chanceler estabeleceu Rules of Equity (regras de equidade) para procedimentalizar a equidade. A Court of Chancery baseava-se no direito canônico e possuía um método inquisidor e nunca comportava júri. A Equity (equidade) não negava o Common Law, só o complementava fornecendo novos meios de se chegar a justiça plena em um caso. O direito inglês é formado de um lado pelo Common Law que utiliza as regras das cortes reais e de outro pela Equity que consiste em “remédios” aplicados pela corte da Chancery. O século XIX foi marcado por mudanças no direito inglês. As reformas aboliram alguns ritos e procedimentos e tornaram as cortes reais “de jure”. As reformas modernizaram e simplificaram os procedimentos, permitindo que juristas se preocupassem mais com o mérito do direito. Foi criado também a Supreme Court of Judicature. As cortes foram reunidas sob a suprema corte, em todas sendo possível a aplicação do common Law e equity. No final do século XIX e início do XX, instaurou-se na Inglaterra o Statute Law, uma nova fonte do direito inglês de conteúdo material que garante direitos subjetivos. O sistema inglês encontrou soluções para os casos novos, reconhecendo valor em casos passados e utilizando esses precedentes para buscar uma solução justa ao novo caso. Não havendo autoridade reconhecida nos precedentes ou Statute Law, o Juiz julgará por Overrule. As fontes do direito inglês são: Rule of Equity: Baseia-se em princípios de equidade, ou seja, em princípios mais ligados a moral e justiça para resolver litígios. Rule of Law: Conjunto jurisprudencial que estabelece regras para se alcançar o direito material. Statute Law: Fonte do direito complementar, de caráter material e escrito que garante direitos subjetivos. A organização judiciária inglesa: O poder judiciário: A organização judiciária inglesa divide-se em duas esferas, a das cortes inferiores e a das cortes superiores. As cortes superiores, além de resolver litígios, estão encarregadas de dizer o que é direito e representam assim, o poder judiciário na Inglaterra. A common Law é obra de personalidades importantes encarregadas de velar pela justiça e desenvolvimento do direito. Essas personalidades são os juízes das cortes superiores. Somente as decisões das cortes superiores são consideradas como precedentes. As cortes superiores devem controlar a legalidade de atos de administração por ordens como Mandamus ou o Prohibition. Caso alguém não respeite a decisão da corte, esta pode-se valer do instituto Comtempt of Court e pode, como sanção, prender a pessoa. As cortes superiores: As reformas dos Judicature Acts do século XIX reuniram todas as cortes superiores em uma só, a Supreme Court of Judicature (S.C.J.), acima da qual conservou-se a jurisdição da Lords’ Chamber. A S.C.J. comporta dois níveis : Em primeira instância: -A High Court na esfera cível que, por sua vez, é dividida em três : Queens’ Bench, Chancery e Family. -A Crown Court na esfera penal. Em segunda instância temos: -A Court of Appeal. Os juízes da High Court podem , ocasionalmente, exercer no interior. Já a Crown court é bem descentralizada. Pode-se recorrer na Court of Appeal das decisões da High Court e Crown Court. E contra os acórdãos da Court of Appeal, recorre-se à Lords’ Chamber. Composição das Cortes: A High court of Justice reúne no máximo 72 juízes, chamados Justices, além dos dignatários que presidem suas três divisões : Lord Chief Justice, Chanceler e President. A Crown court não possui membros próprios, em casos graves ministra-se nela um juiz da High Court. De modo geral, a justiça ministrada nesta corte é feita por juízes de circuito (que também ministram a justiça civil nas cortes inferiores) ou por Recorders, que são advogados nomeados temporariamente para essa função. A court of Appeal conta com 14 Lords Justices, sob a presidência do Master of Rolls. ----------------- Embora a maioria dos processos sejam julgados em Londres, é possível instaurar ações perante a SCJ na interior , nas District Resgistry. A High Court tem possibilidade de julgar casos no interior. A jurisdição cível da cortes inferiores : A Inglaterra e País de Gales são divididos em distritos com cada um encontra-se uma County Court. A maioria dos juízes das County Court são itinerantes e realizam com periodicidade audiências em certas cidades do interior. Em cada County Court encontra-se um Registrar, que na maioria dos casos é um Solicitor que não exerce essa função em tempo integral. Os Registrars preparam a audiência pública e julgam causas de importância mínima. County Courts não estão habilitadas a formar precedentes. Jurisdições Criminais: As infrações penais inglesas são classificadas em menores (petty offences ou non- indictable offences) e infrações maiores (indictable offences). Infrações menores são julgadas nas Magistrates’ Courts. Antes das reformas de 1971, existiam os Juízes de Paz (Justices of Peace) que compunham as Magistrate’s Courts. Nenhuma qualificação ou conhecimento jurídico era necessário para tornar-se um Justice of Peace. De modo geral, para o julgamento de uma infração eram necessários dois Juízes de Paz, mas em muitos casos era julgado por um só. Esse sistema funcionava bem nos distritos rurais, mas era inadequado para aglomerações urbanas. Portanto, foi instituído outro sistema que substituiu os Justices of Peace por profissionais remunerados. As Magistrates’ Courts passaram a ser conduzidas por um único juiz, chamado de Metropolitan Magistrate, em Londres e Stipendiary Magistrate, no interior. As infrações menores são inicialmente levadas às Magistrates Courts, onde a polícia serve, geralmente, como acusação. As cortes julgam se cabe submeter o réu a uma jurisdição superior que seria a Crown Court. Se a infração for capaz de gerar pena de prisão perpétua, remeter à Crown Court torna-se obrigatório. (A pena de morte foi abolida em 1965, salvo em alta traição, pirataria e incêndio de navio de guerra). Os profissionais do direito: Osprofissionais do direito inglês são agrupados em duas categorias : Os Barristers e os Solicitors. Os Barristers são os advogados, eles devem ser necessariamente membros da Inns of Court, uma espécie de clube de advogados que forma juristas ingleses. Os Solicitors estão espalhados por todo o país e são eles que se relacionam com os clientes (os Barristers não estão permitidos a entrar em contato com seus clientes, tudo é feito por intermédio dos solicitors.). Eles cuidam do andamento dos processos e entram em contato com as testemunhas. Para se tornar em Solicitor deve-se estudar nas Inns of Court ou realizar uma prova aplicada, no interior, pelas Inns. O processo civil: O processo civil trata-se de um acordo entre vontades. Ele inicia-se quando alguém, lesado, busca a High Court que, por sua vez, indica um solicitor para auxiliar o lesado. O problema é enviado ao Registrar. Caso o problema seja simples, o próprio Registrar emite um Writ ao acusado, caso contrário, o problema é enviado ao juiz. O Writ convida o acusado a Enter an Appearance nem certo prazo, ou seja, ele deve manifestar seu inconformismo com a acusação. Caso o acusado não se manifeste, é considerado revelia e é, a partir desse momento, obrigado a satisfazer a pretensão do acusador. A maioria dos processos termina pela revelia, pois se a defesa não possui bons argumentos, procura evitar um processo que é extremamente caro na Inglaterra. Caso o acusado manifeste-se, inicia-se um processo e o acusado irá buscar um solicitor para si. O processo é confiado ao Master (auxiliar do Juiz), que será o único que terá contato com os litigantes até o dia em que o processo será julgado em audiência pública. O master é um juiz para questões concernentes ao andamento do processo e preparação da audiência. O processo em audiência pública é totalmente oral. É necessário estabelecer os fatos sobre os quais há conflito e se for necessário ocorrerá debates públicos onde os pleadings são trocados pelas partes. Depois que os pleadings foram trocados, o Master faz com que a causa seja arrolada (feito rol, inventário) Quando os autos são concluídos, parte-se para a audiência pública (Day in Court) Antigamente era comum a existência de um júri, atualmente só é prescrito para ações de indenização por difamação, seqüestro e fraude. O juiz nada sabe sobre o litígio quando se inicia os debates, nem os Barristers nunca viram as testemunhas. Iniciam-se os debates: O advogado do acusado apresenta as suas testemunhas (geralmente, a primeira testemunha é o próprio acusador) e as interroga. Essa é a Examination in Chief. Essas mesmas testemunhas são depois interrogadas pelo advogado do réu. Essa é a Cross-examination. O advogado do autor pode interrogar as testemunhas novamente. É a Re-examination. O advogado não pode fazer perguntas capciosas as suas próprias testemunhas. Após esse processo de interrogação das testemunhas do autor, o mesmo ocorre com as testemunhas do réu. Na conclusão é feito um discurso final por cada advogado. Caso haja um júri, será seguido o veredito deste, caso contrário o veredito partirá do juiz que também dirá a sentença. O Processo Penal: Distinguem-se na Inglaterra dois tipos de infrações, as pequenas (Petty ou non- indictable offences) e as maiores (indictable offences). As infrações maiores são julgadas pela Crown Court, já as infrações menores pelas Magistrates’ Court. Porém, essa distinção deixou de corresponder com a realidade. Magistrates’ Courts podem efetivamente julgar indictable offences. Oprocesso penal compreende duas fases, uma na Magistrate Court e a outra na Crown Court. Primeira Fase: A polícia ou outra pessoa faz uma queixa à Magistrate Court, acusando um indivíduo de ter cometido uma indictable offense. Esse procedimento é necessário para iniciar o andamento do processo e para que a polícia, se necessário, mantenha detida a pessoa. Ocorre, então, uma audiência pública preliminar que vai decidir sobre a formalização da admissão da acusação. O acusado deve comparecer a essa audiência e é assistido por um solicitor ou um barrister. Após a audiência, a corte pode escolher remeter o processo a julgamento na Crown Court e decidirá perante qual Crown Court o acusado comparecerá. A Imprensa não está autorizada a falar sobre processos em andamento, para que a pressão popular não afete o julgamento. A polícia é a autoridade que geralmente toma a iniciativa da ação penal. Ela conservou um caráter local e vínculo com a população. A polícia não representa um braço do poder executivo. Quando o policial desencadeia uma ação penal, ele o faz em nome de bom cidadão e não em nome do Estado. O processo desenrola-se entre particulares, portanto, não há ministério público. Segunda Fase: Ela desenrola-se perante a Crown Court. Na audiência, pergunta-se se o acusado declara-se “culpado” ou “inocente”. Se o acusado declarar-se inocente, forma-se um júri que possui a função de emitir um veredito sobre a questão de culpabilidade. O julgamento perante o júri é muito similar ao da esfera cível. Não se admite a apresentação de certas provas, como a vida anterior do acusado. Os modos de Recurso: Os julgamentos da High Court of Justice ou Crown Court estão sujeitos a um recurso, chamado Appeal. Os processos podem ser remetidos, pelo indivíduo, a Court of Appeal ou até mesmo à Lords’ Chamber. Deve-se explicar e fundamentar o que quer que seja revisado no processo. É preciso estabelecer o motivo do inconformismo (o porquê, e com o quê). Deve-se também mostrar qual grau de mudança é desejado. O recurso à Court of Appeal é oferecido “de jure” à parte que nãoobteve ganho de causa na primeira instância. O recurso à Lords’ Chamber é muito limitado, a Court of Appeal de permitir o recurso e a Câmara dos Lordes deve aceitar. O Julgamento nas Cortes inferiores: Antes das reformas judiciárias, existia o “Review” que alterava o caráter processual do processo. Esse recurso poderia anular a sentença e formar um novo julgamento. Atualmente, o Review limita-se ao direito administrativo. As County Courts apelam às Divisions Courts que são divisões dentro das cortes superiores. Os juízes das cortes inferiores são geralmente sem qualificações jurídicas. É possível enviar às cortes superiores toda a lide, desde que as partes banquem com os custos, ou pode-se enviar às cortes superiores a questão de mérito delicada de um processo e aquela indicará às cortes inferiores a direção a ser seguida no seu julgamento, de acordo com o direito. As cortes apelativas possuem uma jurisdição que não se restringem a Inglaterra, mas a todo o Reino Unido. Direito Constitucional Inglês: A principal função de uma “constituição” é constituir um Estado e organizá-lo para que seja possível, portanto, saber exatamente o que esse Estado fará e qual será seu grau de jurisdição. A Constituição despersonifica o Poder e o entrega ao povo e, desta maneira, limita-o. A idéia de “poder” relaciona-se a idéia de escolha, ou seja, quanto mais o poder de alguém, mais escolhas lhe serão possíveis. E a lei surge para que, ao pôr o poder por escrito, limite-o e, assim, evite um arbítrio desmesurado daquele que possui diversas escolhas. A Inglaterra nunca teve uma Constituição que enunciasse solenemente os princípios sobre os quais estava fundado seu governo. Na falta de um critério formal os ingleses só descobrem o conteúdo de seu direito constitucional pela comparação, considerando as matérias que, nos outros países são regidas pela constituição. A Inglaterra não tem uma Constituição nem os ingleses querem uma, pois para eles essa matéria do direito deve ser resolvida por métodos flexíveis na busca de uma harmonia, já que a vida do povo britânico é governada por práticas e “convenções”, em vez de regras. O Direito Constitucional inglês foiconstruído ao longo do tempo, através de Bills e Acts que garantiram valores “constitucionais” ao direito inglês. O Direito Constitucional funda-se nas bases processuais jurídicas inglesas, portanto, o direito constitucional na Inglaterra dá garantias para que seja possível assegurar valores individuais. O direito constitucional inglês estuda os meios pelos quais é possível impor aos governantes e à administração, por vias judiciárias, o respeito ao direito. Ou seja, ele estuda meios e regras de como proteger as liberdades e como controlar a legalidade dos atos administrativos. Existem ritos e regras processuais que assegurem direitos e liberdades, preceitos jurídicos que prescrevem garantias fundamentais. O direito constitucional inglês consiste na descrição dos procedimentos que servem para garantir as liberdades do cidadão inglês. Em 2008, houve uma mudança no sistema judiciário inglês. Foi criada a Supreme Court of the United Kingdom que age em todo o Reino Unido e a qual cabe a fiscalização dos direitos constitucionais. A partir desse momento, os Law Lords deixaram de trabalhar no judiciário, já que foram substituídos pela SCUK O brocardo “Remedies precedes Rights” é essencial ao direito constitucional, pois representa essa qualidade processual, onde o ato de buscar meios para garantir liberdades adquire mais importância que as liberdades em si. Os ingleses orgulham-se de terem protegido com eficácia a freedom from arrest , ou seja, a garantia de não ser detido arbitrariamente. Sendo esse direito importantíssimo, pois figura como a condição para todas as outras liberdades. O Direito Constitucional inglês desenvolveu-se através de leis espetaculares como a Magna Carta, Bill of Rights e o Habeas Corpus Act que de um modo asseguram ao indivíduo proteção contra a detenção arbitrária. Esses atos garantem os “Remedies” processuais para a garantia dos direitos e liberdades individuais. Cabe perceber que a Bill of Rights diferencia-se dos outros “acts”, pois ela garante direitos materiais. O Habeas Corpus é um instrumento, um writ, pelo qual o soberano ordenava que uma pessoa se apresentasse e justificasse, na justiça, a detenção aparentemente injusta de alguém. O Habeas Corpus é um procedimento pelo qual se tenta conseguir a libertação de alguém preso injustamente. Uma pessoa será libertada se em um processo de Habeas Corpus, o detentor não conseguir justificar que seu prisioneiro está encarcerado regularmente conforme a lei. Esse princípio que nenhum indivíduo deveria ser preso ilegal ou arbitrariamente, que já fora proclamado na Magna Carta, é reafirmado no Habeas Corpus que o garante como uma sanção. O Habeas Corpus existia na Inglaterra há um tempo razoável quando ele veio a ser regulado por um ato formal, o Habeas Corpus Act em 1679. Qualquer um pode, em nome de uma pessoa detida, agir e pedir a expedição de um Writ de Habeas Corpus. E a solicitação de expedição pode ser feita perante qualquer juiz da High Court of Justice. O pedido de habeas Corpus, envolvendo-se a liberdade de alguém, tem a prioridade sobre outras causas. Comete um Comtempt of Court: aquele que não levar seu prisioneiro perante o juiz, aquele que não libertar imediatamente seu prisioneiro mediante ordem do juiz e aquele que prender de novo ser prisioneiro após tê-lo libertado. O Habeas Corpus só pode ser utilizado em prisões arbitrárias. Uma prisão deixa de ser arbitrária se for autorizada pelo Parlamento. O Direito Administrativo: A Inglaterra não pode ser chamada de Estado, já que não foi constituída formalmente por uma Constituição. Ela é chamada de “The Crown” (A Coroa). A Coroa constitui o poder executivo inglês, da mesma maneira que as Cortes Superiores representam o poder judiciário. Uma Constituição despersonifica o poder, como a Inglaterra não possui constituição, seu poder permanece personificado na figura da Coroa que se identifica com o poder central. Com relação à organização administrativa inglesa, considera-se constituindo a administração na Inglaterra, só a administração central. Os funcionários de coletividades locais e corporações não são considerados servidores da coroa (Crown Servants). O funcionalismo público inglês chama-se Civil Servants e ele distingui-se em duas classes: Administrative Class: É o alto escalão, que está à frente da administração. É um grupo restrito que constitui a administração. Esses cargos exigem uma rede de relacionamentos forte para que alguém seja indicado a eles. Civil Servant: É o baixo escalão e é constituído pelos demais funcionários. Eles são considerados muito mais como empregados da Coroa que membros da administração. Estes empregos funcionam como empregos quaisquer, eles não possuem as regalias de um servidor público brasileiro. A responsabilidade dos empregados da Coroa é regida pelo direito comum e é apreciada pelas jurisdições ordinárias. Não se distinguem, na Inglaterra, o erro pessoal do erro de serviço. Na Inglaterra, durante séculos, afirmou-se que “o rei não pode agir mal”. Não é possível que o soberano tivesse agido juridicamente contrário ao direito: The King can do no Wrong. Portanto, ações individuais erradas não representam a Coroa. A Coroa não é responsabilizada pelos erros dos civil servants, mas poderia haver alguma forma de reparação. Nenhuma pessoa lesada possui direitos que lhe permitam mover ação contra a Coroa, mas é possível pedir que a Coroa se deixe julgar como um particular. Outra maneira de resolver problemas com a parte lesada através de uma reparação é pela indicação de um “testa de ferro” por parte da Coroa que será julgado no lugar desta. Em 1947, o princípio The King can do no Wrong foi abrogado e a partir desse momento é possível processar a coroa diretamente e a possibilidade de julgar a Coroa como um particular também desapareceu. O Soberano Inglês desfruta de imunidade de jurisdição, mesmo após 1947. Pode-se mover uma ação contra a Coroa que será esta representada pelo Attorney General. Não se pode comprometer a responsabilidade de Sua Majestade A Rainha.
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