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Seminário
Aula 8
Os novos movimentos sociais: por uma nova cidadania
Os Novos Movimentos Sociais e a Abordagem Culturalista-Weberiana
Já sabemos que os movimentos sociais revelam a capacidade da ação coletiva da sociedade civil na defesa de seus interesses e na construção do meio social. Precisamos agora, a partir da abordagem culturalista, compreender como os novos movimentos sociais surgem para contemplar as novas demandas por cidadania.
Segundo a abordagem histórico-estruturalista ou marxista, os movimentos sociais constituem respostas da sociedade civil às contradições de uma estrutura social opressora dividida em classes. Por isso, são chamados de ações coletivas de classe. Tais movimentos eclodem dentro do contexto da sociedade industrial e suas demandas de cidadania moderna. Aparecem como formas legítimas de luta, nas quais o movimento operário constitui o seu melhor emblema.
Por sua vez, de acordo com a abordagem culturalista, de fundamentação weberiana, os Novos Movimentos Sociais transcendem à clássica dicotomia da luta de classes. Eles não estão reduzidos à lógica marxista em que a consciência de classe se sobrepõe à consciência do indivíduo, como ocorre na definição dos movimentos sociais clássicos. Os Novos Movimentos Sociais se desenvolvem a partir das subjetividades dos indivíduos em suas visões de mundo. Por isso, eles são identificados como forma de ação coletiva dos indivíduos.
EXEMPLO
É o caso, por exemplo, dos movimentos ambientalistas em que não se está lutando contra uma classe dominante nem seus participantes pertencem a uma classe dominada. A questão ambiental é de interesse difuso, pois atinge a todos indeterminadamente e a mobilização social depende da identificação subjetiva de cada sujeito com a causa.
Enfim, enquanto para a teoria marxista o conflito é o fundamento de todo movimento social, para a teoria culturalista a presença de conflito não é suficiente. É preciso a proposição de um sentido de vida social dos sujeitos envolvidos, que seja capaz de motivá-los reciprocamente à ação. É a partir de sua identificação com um sentido subjetivo que o sujeito se engaja em uma ação social coletiva. Enfim, o movimento social é compreendido como a ação social coletiva recíproca e subjetivamente significada pelos membros do movimento.
O Conceito Moderno de Cidadania para as Ciências Sociais
O estudo da abordagem histórico-estruturalista sobre os movimentos sociais revelou sua íntima relação com o desenvolvimento da sociedade industrial capitalista. As diversas formas de opressão, presentes na estrutura social, justificaram a luta dos movimentos operários pela transformação do status quo de desigualdade. Neste sentido, os movimentos sociais clássicos representaram a própria evolução do conceito moderno de cidadania. Avance para a próxima tela e veja mais detalhes sobre o assunto.
Cidadania Moderna: Uma Breve Reconstrução Histórica e Teórica.
Segundo T. H. Marshall, em sua obra Cidadania, classe social e status, a cidadania moderna pode ser definida como um padrão geral de igualdade social, em que direitos e deveres são constituídos para todos os membros de uma sociedade. Ao contrário da concepção grega que admitia uma segregação formal entre cidadãos e não cidadãos, o conceito moderno é amplamente inclusivo.
Para termos uma ideia, na Grécia antiga o status de cidadão somente era atribuído ao indivíduo de gênero masculino, grego, livre e adulto. Assim, mulheres, crianças, escravos e estrangeiros eram excluídos dessa condição. Porém, de acordo com o conceito moderno, todos são considerados cidadãos.
Marshall considerou o processo de evolução da cidadania na Inglaterra como parâmetro de seus estudos. Ele observou que o conceito moderno está baseado em um tripé de direitos civis, políticos e sociais. Vejamos como se deu essa evolução da cidadania inglesa.
Tripé de Direitos da Cidadania Moderna: o caso inglês
Século XVIII – Direitos Civis: são direitos individuais, como a igualdade/liberdade formais, a vida e a propriedade.
Século XIX – Direitos Políticos: são direitos relacionados aos tipos de democracia representativa e participativa, como os direitos de votar, ser votado e participar das decisões políticas.
Século XX – Direitos Sociais: são direitos de caráter substancial, que tem como objetivo promover a igualdade material ou compensar a desigualdade de fato. Podemos citar como exemplos a isonomia constitucional (igualdade e liberdade material), os direitos trabalhistas, os direitos à educação, à saúde, à moradia etc.
Cidadania e Capitalismo: Padrão de Igualdade Versus Padrão de Desigualdade
A transição do Antigo Regime para a democracia moderna esteve relacionada ao fortalecimento da burguesia liberal como a nova classe dominante e o proletariado como a classe dominada. Por isso, em um primeiro momento, a evolução da cidadania esteve restrita aos valores liberais burgueses: “Laissez-faire! Laissez-passer!” (Deixe fazer! Deixe passar!). A democracia burguesa constituiu um Estado liberal em que as dimensões civis e políticas caracterizavam uma cidadania liberal burguesa.
Nesse sentido, os Direitos Trabalhistas visam limitar a exploração da força-trabalho pelo capital no sistema produtivo ou de serviço, como por exemplo: o salário mínimo, a jornada de trabalho diária, as férias, a folga semanal remunerada etc. Por sua vez, os Direitos Sociais típicos visam compensar a desigualdade material de quem não dispõe de recursos econômicos suficientes, como por exemplo: o direito à educação, à saúde, à assistência jurídica e à moradia.
Leitura
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
"Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Enfim, podemos concluir que o desenvolvimento moderno da cidadania foi bastante turbulento e contraditório. Nesse sentido, as lutas dos movimentos operários foram fundamentais para os avanços e conquistas de uma cidadania plena (civil, política e social) na sociedade moderna.
Cidadania Pós-Moderna e os Novos Movimentos Sociais
O final do século XX nos apresentou uma nova dinâmica das relações sociais, na qual as novas tecnologias da informação e o processo de globalização aparecem como seus principais emblemas. O projeto moderno de construção do Estado e cidadania nacional vem sendo superado pela realidade de interdependência político-econômica e pela emergência de uma espécie de cidadania supranacional.
A relação moderna entre os governos e os governados passa por uma reorganização e dá origem ao desenvolvimento de um conceito pós-moderno de cidadania, em que novas perspectivas e práticas inspiram os Novos Movimentos Sociais.
Nesse sentido, sem renegar suas conquistas anteriores, a cidadania pós-moderna apresenta novas demandas e formas de ação da sociedade civil organizada. Os direitos modernos são equacionados aos novos direitos de cidadania por meio dos Novos Movimentos Sociais e suas novas estratégias de organização.
Assim, tais movimentos representam formas legítimas de pressão popular sobre as práticas de poder públicas e privadas nos âmbitos nacional e global.
Direito de ser diferente: de modo geral, a concepção moderna de cidadania proclama a inclusão de todos os membros de uma sociedade em um mesmo padrão social. Assim, de acordo com a ideia de igualdade geral, devem ser assegurados às mulheres os mesmos direitos assegurados aos homens; aos negros, os mesmos direitos assegurados aos brancos etc. Por sua vez, a concepção pós-moderna da cidadania apresenta o Direito à Diferença. A ideia de inclusão de todos em um padrão único torna-se insuficiente e atentatória diante do reconhecimento da pluralidade contemporânea. Basta um olhar superficial para observar a complexa diversidade humana.
No Brasil, por exemplo, podemos
observar a coexistência entre brancos, negros, indígenas, homens, mulheres, crianças, idosos, cristãos, candomblecistas, homoafetivos etc. Todas essas categorias sociais possuem particularidades que precisam ser respeitadas e não simplesmente incluídas em um padrão absoluto.
Exemplo
O movimento negro, por exemplo, além de defender a igualdade material de direitos comuns de cidadania, reivindica também o Direito de Ser Negro, com suas crenças, valores e estéticas próprios. O mesmo pode se aplicar aos movimentos feministas, gays, indígenas etc. É o direito de ser o que é sem perder direitos comuns a todos ou ser discriminado negativamente por isso. Ao contrário, a discriminação positiva deve ser realizada por meio de políticas afirmativas e compensatórias peculiares a cada categoria social.
Novos Direitos e Perspectivas da Cidadania Pós-Moderna
Portanto, a cidadania pós-moderna sinaliza para o direito de as minorias não serem sufocadas pela maioria, sob pena de transformar a democracia em outra forma de opressão. É o caso ainda do movimento “Ser Diferente é Normal” difundido pela Internet, em que artistas defendem a diferença contra o preconceito. Assim, o direito de ser diferente é uma das novas demandas de cidadania que vem caracterizando os Novos Movimentos Sociais.
Responsabilidade Social Integrativa
Outra característica do conceito moderno é o fato das reivindicações serem direcionadas ao Estado, visto como o único provedor social. Daí os movimentos sociais clássicos terem defendido a tomada do poder para implementação de seus projetos políticos e ideológicos.
Para os Novos Movimentos Sociais o Estado não é mais o único alvo, nem a tomada do poder é o objetivo. a cidadania pós-moderna propõe uma ação participativa e integrativa de toda sociedade comprometida com a construção de um mundo melhor. 
Sem renegar as conquistas modernas, a nova cidadania reclama a responsabilidade social de todos os segmentos da sociedade, sejam públicos ou privados. 
Assim, os Estados, os cidadãos, os grupos econômicos e os organismos não governamentais nacionais e internacionais etc. - todos - são considerados responsáveis por essa nova perspectiva.
Direitos de Terceira Geração ou Direitos Difusos: a evolução dos direitos de cidadania pode ser classifica em três gerações:
O Movimento Ambiental
Os direitos difusos ou transindividuais não pertencem a um indivíduo ou grupo específico, mas sim a toda sociedade. É o caso do direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, previsto no artigo 225 da CRFB/88. Esse direito constitucional é assegurado a todos os cidadãos da presente e das futuras gerações, por isso também está fundamentado na chamada solidariedade transgeracional ou intergeracional, ou seja, na solidariedade entre as gerações humanas. 
 Assim, a questão ambiental é percebida como responsabilidade de todos os segmentos da sociedade. Por isso os novos movimentos sociais atuam pressionando não apenas as autoridades públicas, mas principalmente os setores privados. Um bom exemplo é o grupo GreenPeace conhecido mundialmente por suas ações em defesa do ambiente.
A responsabilidade ambiental não é uma faculdade, mas sim um dever das gerações presente para com as gerações futuras, que ainda não nasceram, mas que têm direito à vida, à liberdade, à igualdade e ao ambiente ecologicamente equilibrado. Enfim, as gerações presentes não têm o direito de degradarem ou esgotarem os recursos naturais.
O art. 225, da CF/88, dispõe que: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Podemos observar que as duas primeiras gerações de direitos corresponderam ao desenvolvimento da cidadania moderna, enquanto a terceira geração de direitos corresponde ao momento atual da Nova Cidadania e serve de fundamento para os Novos Movimentos Sociais, como os ambientalistas e a antiglobalização neoliberal.
Mobilização Virtual
As novas tecnologias de informação também tem contribuído com a caracterização dos novos movimentos sociais em suas formas de articulação e luta. As redes sociais no ciberespaço tem constituído importantes formas de organização da sociedade civil e difusão da informação contra-hegemônica.
O caráter horizontal e democrático de produção e reprodução da informação tem sido capaz de difundir bandeiras de luta e engajar aqueles que compartilham da mesma visão de mundo. Assim, sem dispensar a mobilização presencial, os Novos Movimentos Sociais encontram na rede mundial de computadores uma ferramenta eficaz para a construção da Nova Cidadania.
Movimentos Sociais e a Rede Mundial de Computadores
Em janeiro de 1994 o Exército Zapatista de Libertação Nacional publicou na rede mundial de computadores sua Primeira Declaração da Selva Lacondona. Este fato é considerado o marco de um novo espaço público de ação coletiva: o ciberespaço.
Em 1999 foi a vez da Batalha de Seattle, em que manifestantes se posicionaram contra o modelo de globalização econômica neoliberal. O evento ocorreu durante a cúpula da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Seattle, cidade dos Estados Unidos da América. Os protestos foram organizados e difundidos pela Internet e repercutiram no mundo todo. Foi nessa ocasião que surgiu o Indymedia (Centro de Mídia Independente), um site destinado à publicação livre e colaborativa de fatos e temas que não seriam tratados pela mídia comercial.
Por fim, o Fórum Social Mundial (FSM) é outro movimento que conta com a instrumentalização da Internet. O primeiro FSM ocorreu em janeiro de 2001 no Brasil, na cidade de Porto Alegre, RS, e mobilizou mais de 20 mil participantes e 117 países. O objetivo do movimento não é negar o processo de globalização, mas sim questionar a hegemonia do viés econômico neoliberal sobre ela. Sob o lema de que Um outro mundo é possível, os participantes do fórum discutem alternativas ao modelo hegemônico e defendem um viés social para a globalização.
Tantos outros movimentos utilizaram a Internet como forma de articulação e contestação do status quo. Avance a tela e conheça mais alguns deles.
O Movimento “Ocuppy Wall Street” (OWS)
O Ocuppy Wall Street deu origem a uma série de ocupações em 2011 e também se articulou pela rede mundial de computadores.
As ocupações de 2011 tiveram início no centro nevrálgico do capitalismo norte-americano em setembro daquele ano, quando milhares de pessoas ocuparam o Parque Zuccotti (Liberty Plazza) em Manhattan, próximo a Wall Street.  A partir daí uma série de ocupações foi desencadeada pelos EUA e pelo mundo, inclusive no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro). A principal crítica do movimento foi contra a política neoliberal do capitalismo globalizante.
As ocupações de 2011 confirmaram a importância das novas tecnologias da informação para os Novos Movimentos Sociais. Por meio delas a sociedade civil encontra novas possibilidades de mobilização e difusão da informação. Assim, cresce uma nova perspectiva de cidadania em que as demandas sociais transcendem ao espaço nacional e as cobranças não ficam restritas ao Estado. A responsabilidade social é de todos.
O Movimento Indígnate ou 15 M da Espanha
Os protestos nas praças espanholas em Madri e Barcelona tiveram início no dia 15 de maio de 2011 e teriam como inspiração o livro Indignez vous, de Stéphane Hessel, daí os nomes Indignate ou 15 M. O movimento foi organizado e difundido pela rede mundial de computadores e levou milhares de pessoas às ruas contra o modelo político e o conservadorismo da mídia. Assim como em Wall Street, as redes sociais desempenharam um papel importante na difusão e articulação desse movimento.
Primavera Árabe
Atualmente, o chamado mundo árabe vive um período de intensos protestos populares, devido às péssimas condições de vida impostas à população.
A falta de emprego, a repressão política e a concentração da riqueza são alguns dos problemas históricos da sociedade árabe que sempre foram sufocados pelos regimes autoritários. Clique na imagem  ao lado e saiba mais sobre o assunto.
Seminário
Aula 8
A crise social e econômica brasileira em meados do século XX nunca foi exclusividade dos centros urbanos. Desde o período colonial a produção agrária sempre foi importante para a economia do Brasil. Entretanto, os trabalhadores rurais jamais receberam amparo das autoridades públicas. Na transição da Monarquia para República, o poder das oligarquias rurais contaminou a estrutura moderna do Estado brasileiro com:
o coronelismo e a política dos governadores.
Para a abordagem Teórica-Culturalista a presença de conflito não é suficiente para justificar ou caracterizar o Movimento Social. Para esta abordagem os novos movimentos sociais espelham uma subjetividade latente em todos os integrantes. Neste sentido, é preciso a proposição de um sentido de vida social dos sujeitos envolvidos, que seja capaz de motivá-los reciprocamente à ação. O movimento social é compreendido como a ação social coletiva recíproca e subjetivamente significada pelos membros do movimento. Portanto, é a partir de sua identificação com um sentido subjetivo que o sujeito se engaja em uma ação social coletiva. Neste sentido, podemos citar como exemplo dos novos movimentos sociais:
o movimento ambientalista.
Podemos compreender a importância dos movimentos sociais para a dinâmica história da humanidade. Eles revelam a capacidade da ação coletiva da sociedade civil na defesa de seus interesses e na construção do meio social. Assim, podemos citar como exemplo dos Novos Movimentos Sociais, conforme a abordagem culturalista:
Movimento ambientalista
As novas tecnologias de informação também tem contribuído na caracterização dos novos movimentos sociais em suas formas de articulação e luta. As redes sociais no ciberespaço tem constituído importantes formas de organização da sociedade civil e difusão da informação contra-hegemônica. O caráter horizontal e democrático de produção e reprodução da informação tem sido capaz de difundir bandeiras de luta e engajar aqueles que compartilham da mesma visão de mundo. Assim, sem dispensar a mobilização presencial, os Novos Movimentos Sociais encontram na rede mundial de computadores uma ferramenta eficaz para construção da Nova Cidadania. A este respeito, podemos afirmar que são exemplos desses novos movimentos:
o Ocuppy Wall Street e Indignate.
¿É preciso a proposição de um sentido de vida social dos sujeitos envolvidos, que seja capaz de motivá-los reciprocamente à ação. É a partir de sua identificação com um sentido subjetivo que o sujeito se engaja em uma ação social coletiva.¿ Essa afirmativa se compatibiliza com a seguinte abordagem teórica sobre os movimentos sociais:
Teórica Culturalista de fundamentação Weberiana.
Os movimentos sociais revelam a capacidade da ação coletiva da sociedade civil na defesa de seus interesses e na construção do meio social. Por sua vez, de acordo com a abordagem culturalista, de fundamentação weberiana, os Novos Movimentos Sociais:
Transcendem à clássica dicotomia da luta de classes.

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