Buscar

RESUMO CAPITULO 8 CYRO REZENDE

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

CENTRO UNIVERSTÁRIO UNA
HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL
RESUMO DO LIVRO DE CYRO REZENDE - CAPÍTULO VIII
POR : HADELLY
LORRANA SILVA
BELO HORIZONTE / MG
CAP.8: O TESTE DO CAPITALISMO 
“No período que se estende de 1914 a meados da década de 1950, o sistema econômico capitalista passou por uma série de eventos conjunturais que, somados, refletem uma crise de crescimento [...]” (p.187). -
	A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 
Apesar de usada como desculpa durante anos para o início da Primeira Guerra Mundial, a morte do arquiduque do Império Austro-Húngaro não foi a principal e único motivo para o estopim da guerra. Esta foi gerada da instabilidade política e muito mais da instabilidade econômica, já que as potências divergiam quanto à divisão dos territórios periféricos da economiamundo, os quais acabaram envolvendo-se e participando de uma forma ou outra para o desenvolvimento do conflito. Em uma economia de guerra, os países procuram, majoritariamente, a eficiência plena em um sistema autossuficiente voltado à produção de produtos bélicos, com o Estado no controle da produção. Na Alemanha, por exemplo, “Já em 1914 é criado o Kriegs-Rohstoff-Abteilung (Departamento de matérias-primas para a guerra), que efetua uma política de direcionamento das matérias-primas para a indústria de armamentos, organiza a exploração nos territórios ocupados, incentiva a descoberta de novos métodos produtivos e, principalmente, desenvolve a utilização de substitutivos para as matérias-primas mais raras, apoiando a enorme indústria química alemã”. Mas toda essa necessidade de trabalho adicional é rapidamente impedida por um problema bem simples: quantos indivíduos vão trabalhar no setor produtivo e quantos estarão nas linhas de batalha? É um trade-off bastante delicado, se analisado com os respectivos jargões econômicos; há custos de oportunidade incalculáveis entre garantir o sucesso na produção e garantir o sucesso na guerra. De maneira ainda mais direta, analisando economicamente a situação: o esforço econômico da guerra impeliu o aumento dos impostos aliado ao aumento da emissão e circulação de moeda em praticamente todas as potências mais envolvidas na guerra. Nesse jogo econômico tudo era válido: da formação de carteis à formação de alianças entre as nações no setor aduaneiro. - 
	OS EFEITOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 
É natural que se comece citando o Tratado de Versalhescomo principal consequência da primeira grande guerra e esquecendo-se, portanto, de consequências muito mais latentes e menos explícitas, como: 
I. A Europa perde sua posição como centro político-econômico no cenário mundial para os EUA que se vê agora como credor da soma de mais de 4 bilhões de dólares de todas as – antigas – potências europeias. Em outras palavras, toda a Europa se via em uma situação econômica desfavorável, mesmo os países neutros, como Holanda, Suíça e Suécia. “A tarefa primordial da Europa em 1918, era a da sua reconstrução econômica” (p. 193). 
II. O Japão foi um grande beneficiário da guerra: apoderou-se de territórios alemães, conquistou mercados como China, Indochina Francesa, Rússia e até mesmo espaços na costa oeste americana em 1917, além de Chile e Peru. 
III. Graças à desordem da marinha mercante, diversos países (como o Brasil) se viram na necessidade de industrializar-se como alternativa às importações que não mais tinham acesso. Outra consequência foi que justamente esses mesmo países podiam agora servir de exportadores de produtos primários para uma Europa destruída e fragilizada pela guerra; ou seja: esses mesmo países investiram, eles mesmos, em suas próprias marinhas mercantes.
IV. O auxílio das colônias às suas respectivas capitais (a Índia, por exemplo, levou mais de um milhão de homens como soldados das forças britânicas) fomentou um espírito libertário por parte de suas elites, o que levou diversos países à luta pela liberdade e independência política. 
V. A Rússia perdera mais de 1 milhão de mortes de militares e 2 milhões de civis. 
VI. “[...] havia uma convicção geral [...] de que as Potências Centrais – particularmente a Alemanha –, pagariam pelos colossais danos que a guerra causara [...]. Nesse sentido, parecia perfeitamente natural, a tomada definitiva das colônias alemãs, e a apropriação de suas patentes industriais, além da divisão dos territórios do Império Otomano que se desagregara, entre os países vencedores, como uma forma de ‘justa recompensa’” (p.194). 
Nesse cenário, mais do que nunca, a presença do Estado regulador se fez necessária. Uma das soluções encontradas foi (agora sim) o Tratado de Versalhes, que impôs à Alemanha a cessão de navios, equipamentos, recursos naturais e propriedades no exterior, além da estratosférica dívida de 132 bilhões de marcos em reparações. Toda essa negativa conjuntura negativa mundial levou à obscura década que vai de 1920 a 1930, marcada por óbice atrás de óbice. 
	A DÉCADA DE 20 
“[..] os Estados Unidos, atravessando um período de notável prosperidade, devido mais aos créditos acumulados no período da guerra junto aos países aliados, que a um alargamento real de seu mercado consumidor interno, tentaram manter sua produção industrial nos mesmo níveis do período bélico, se não mesmo aumentá-la, mesmo que para tal, tivessem que financiar seus consumos interno e externo, com os capitais que acumularam em nível de se tornarem ociosos. “[...]. Quando os Estados Unidos viram-se impossibilitados de continuar a sustentar seus níveis de consumo interno, por uma absoluta escassez de capitais que se haviam transformado em estoque ou em investimentos externos, a economia-mundo mergulhou em sua crise mais grave, para a qual a solução ultrapassava os mecanismos “clássicos” de controle” (p.197). Apesar de se parecer como a década de recuperação do mundo depois de uma guerra mundial e uma epidemia, os anos de 1920 a 1930 foram, na verdade, os prenúncios de uma das piores depressões econômicas que o mundo já presenciou. 
	A EUROPA E OS ANOS 20 
A preocupação principal da Europa no início da década de 20 era reestabelecer o padrão-ouro uma vez que títulos e depósitos bancários eram baseados nesse padrão. Além disso, a grande dívida da Alemanha forçava o cenário econômico mundial a adotar alguma garantia de que o país seria capaz de pagar a dívida. Durante muito tempo, a Alemanha emitiu moeda sem lastro provocando sua desvalorização a níveis calamitosos 
“O marco é abandonado por não valer mais nada, o que diminui mais ainda seu valor e obriga o governo a emitir mais, formando-se um círculo vicioso de efeitos catastróficos” (p.199). Em 1924 é criado o Plano Dawes: reescalona a dívida, faz as grandes indústrias comprometerem-se com partes da dívida, cria uma nova moeda (Deutschmark) lastreada ao padrão-ouro. Só aí que a economia alemã retorna ao crescimento. Isso não quer dizer, porém, que a economia da Europa como um todo estava nos caminhos da restituição da felicidade; ao invés disso, os números disponíveis nos mostram um claro retrocesso em comparação com as demais partes do globo (Canadá, Estados Unidos e Japão representavam 300%, em média, de suas participações nas exportações-mundo, ao passo que o maior exportador da Europa não apresentava um volume de 50%). 
	OS ESTADOS UNIDOS DURANTE A DÉCADA DE 1920 
No início da década de 1920 (1920 a 1922), os EUA passaram por um período de reconversão pós-guerra, um momento um tanto quanto delicado para todos os países do globo. Após esse período, os Estados Unidos passaram por um período de liberalismo que trouxe a concentração de capital, fato que auxiliou a prosperidade, longe, entretanto, de ser uma prosperidade partilhada equitativamente. Outro problema válido a ser pontuado é a formação de estoques que levou à contração das taxas de lucro. “[...]. Já no verão de 1929, percebendo que no setor configurava-se uma crise de superprodução, a indústria automobilística cortou suas compras de
matérias-primas (borracha, aço, vidro, etc.). Isso iniciou uma reação em cadeia, uma vez que a indústria de base era dominada pela de consumo de bens, respondendo o setor automobilístico pelo consumo de 15% da produção total de aço norteamericano” (p.204). Concomitantemente, o cenário conjuntural da Europa continuava em um lento reajuste. 
	A CRISE DE 1929 
“As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norte-americana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa, que de 1923 a 1926 fez as transações na Bolsa de Nova York subirem de 236 para 451 milhões de títulos, enquanto o preço médio de 25 títulos representativos subiu 54%” (p.207). A crise de 1929 que partiu dos EUA teve seu fundamento em: 
	No excesso de mercadorias paradas (formação de estoque)
	Na especulação das ações, o que levou ao efeito manada 
	A utilização dos débitos como créditos por parte dos EUA 
	A GRANDE DEPRESSÃO 
A grande depressão de 29, como dito, foi causada por alguns fatores. Explicando-os e destrinchando-os ponto a ponto: 
	No excesso de mercadorias paradas (formação de estoque): a formação de estoque leva ao aumento do desemprego. Isso leva à retração da demanda de mercado, diminuindo os lucros (como aconteceu na época da Revolução Industrial). Uma das causas da formação de estoques foi a reestruturação dos mercados europeus, que, anteriormente, consumiam os produtos estadunidenses.
	II. Na especulação das ações, o que levou ao efeito manada: o aumento dos investimentos em ações sem que elas efetivamente tivessem se valorizado (especulação) levou, em certa hora, a retirada em massa dos investidores – o chamado “efeito manada”.
	A utilização dos débitos como créditos por parte dos EUA: a redução das dívidas externas em função da utilização dos créditos que os EUA tinham no mercado internacional fez com que os Estados Unidos não acumulassem capital internamente, reduzindo a taxa de crescimento. 
	REAÇÃO À GRANDE DEPRESSÃO: O NEOLIBERALISMO
“O termo neoliberalismo foi usado para designar a prática econômica que privilegia o intervencionismo estatal, para corrigir distorções impossíveis de serem superadas pelos mecanismos de mercado” (p.211). O principal programa de reestruturação do mercado norte-americano como resposta à Depressão de 29 foi o plano econômico New Deal. O plano fundamentou-se, basicamente, no aumento das dívidas públicas como incentivo do mercado: construção e aprimoramento da infraestrutura, como rodovias, escolas, hospitais, etc., o que gerou empregos e estimulou a roda da economia. 
	REAÇÃO À GRANDE DEPRESSÃO: AUTORITARISMO E INDUSTRIALIZAÇÃO
No periodo pós guerra consolidou se uma aliança entre as elites latino-americanas(grandes proprietários de terras) e o empresariado norte-americano. A grande demanda por matérias-primas e de alimentos nos EUA e na Europa Ocidental contribuiru para uma rapida expansão das relações economicas entre a América Latina e os países industrializados vencedores da Primeira Guerra Mundial. A repatriação de capitais norte-americanos, associada à brusca redução das importações pelos Estados Unidos, repercutiu fortemente na Europa, gerando uma crise industrial e financeira sem precedentes e o crescimento vertiginoso do desemprego. A crise também teve severos efeitos na América Latina, cuja economia agroexportadora foi altamente afetada pela retração nos investimentos estrangeiros e a redução das exportações de matérias-primas. 
A politica industrial da América Latina nos anos que se seguiram à Depressão, consolidou uma aliança de setores militares, burocratas estatais e burguesia industrial apoiados por um Estado Autoritário e centralizado. 
	REAÇÃO Á DEPRESSÃO: OS ESTADOS AUTORITARIOS
Os Estados Unidos experimentou um reforço no peso do Estado mas preservando os principios básicos do regime democratico, já os países da América Latina enveredaram por formulas autoritário-nacionalista de cunho populista, em alguns países europeus e no Japão desenvolveu se um umaforma de Estado autoritario no limite, que se denominava facismo.
Podemos listar 4 raizes principais do fascismo:
	A crise de reconversão do pós-guerra gerou enorme massa de desempregados em 1930, fazendo com que ideologias políticas radicais tivessem enorme difusão culpando a democracia pela existencia das crises.
	A proletarização das classes médias, que passam a desejar um Estado forte de tendencias militaristas-nacionalistas;
	A ascensão dos partidos de esquerda, principalmente após a revolução bolchevique de 1917 na União Soviética, pondo em risco a existencia do sistema capitalista, fazendo com que a luta de classes atingisse um ponto insuportável, pela ótica da burguesia e a classe média.
	A redução dos lucros da burguesia financeiro-industrial, que quis se compensar aumentando a exploração dos trabalhadores.
“[...]o fascimo pode ser visto meramente como uma solução capitalista para uma crise do sistema econômico capitalista.”(p.220)
	REAÇÃO Á DEPRESSÃO: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
“A política nacionalista-expansionista dos Estados autoritários mais o “preço da paz” de 1918, desembocaram um curso que fatalmente desencadearia um novo conflito de grandes proporções. A segunda guerra Mundial deve ser vista como a ultima tentativa de certos países da area central da economia-mundo em recuperar suas economias com o reestabelecimento de relações imperialista, com a “solução definitiva” para tirar o capitalista da Grande Depressão. (p.223)”
Desta forma, a Segunda Guerra é considerada como uma verdadeira guerra mundial, sendo uma consequência de um conjunto de continuidades e questões mal resolvidas pelos tratados de paz estabelecidos após a Primeira Guerra Mundial. Os confrontos foram divididos entre duas grandes coalizões militares: os Aliados, liderados por Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética; e o Eixo, composto pela Itália, Alemanha e Japão. Em consequência de suas maiores dimensões, os conflitos foram desenvolvidos na Europa, Norte da África e países do Oceano Pacífico. 
	OS PROBLEMAS DA RECONSTRUÇÃO
A Segunda Guerra Mundial levou a Europa e parcelas da Ásia a exaustão e à destruição. A capacidade de destruição sem precedentes não a encurtou, mas para pagar a destruição governos gastaram poupanças e contrairam emprestimos para atender as necessidades basícas da população. Paradoxalmente aumentou a eficiência econômica: a concentração de esforços na produção da guerra fez surgir novas fontes de mão-de-obra e de capital, e a tecnologia desenvolveu-se mais rapidamente que nas décadas precedentes.
Fora criado em 1944 o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). O primeiro responsavel por regular o cambio entre as diversas moedas, e viabilizar emprestimos aos países-membros em deficit para financiar a emigração de capitais. O segundo apoiaria a recuperação da economia européia e japonesa.
	PLANO MARSHALL
Foi criado nos Estados Unidos pelo então secretário de Estado George Marshall, um plano econômico cujo principal objetivo era possibilitar a reconstrução dos países capitalistas. A ajuda foi feita, principalmente, através de empréstimos financeiros. O Plano Marshall deve ser entendido dentro do contexto histórico da Guerra Fria, pois foi uma forma de fortalecer o capitalismo e a hegemonia dos Estados Unidos. O Plano foi colocado em operação em 1947.
	A RECUPERAÇÃO DO JAPÃO
“Paralelamente ao esforço de construção européia,a perda da China para o socialismo, em 1949, e a eclosão da Guerra da Coréia em 1950, levaram os EUA a rever sua política com o Japão. Este que se encontrava desde o final da guerra sob o controle efetivo do Comando Supremo das Potências Aliadas, submetido a um programa estrito que visava destruir para sempre sua capacidade bélica e democratizar suas estruturas sócio-políticas. (p.234)A partir de 1949, a política de “castigo e reforma” foi abandonada e o Japão foi encarado
como um “país aliado cuja economia necessitava de ajuda consistente.”. Essa mudança, motivada pela ideia de que o Japão poderia funcionar como uma estratégia contra os países socialistas, forneceu os meios para transforma-lo em um dos sete países mais ricos do mundo, no início da década de 1980.”(p.235)
	OS EFEITOS DA RECONSTRUÇÃO PARA O SISTEMA CAPITALISTA
Para não repetir os erros da paz de 1918, países centrais da economia-mundo tentaram se organizar para resolver, em definitivo, os problemas gerados pela Grande Depressão, marcando uma nova fase para o capitalismo mundial.
Em primeiro lugar, não houve crise de reconversão econômica, pela emergência da Guerra Fria, já em 1946/47. Com isso a pesquisa e os gastos com armamentos foram mantidos pelos EUA em tempos de paz, permitindo que os níveis de emprego e produção se mantivessem iguais aos do período de guerra.
Em segundo lugar, a descolonização fez com que os EUA e seus aliados não precisassem despender recursos para tentar recuperar suas colônias, a não ser nas regiões em que o comunismo pudesse triunfar, como na Indochina Francesa. 
O imperialismo formal foi substituído por ajuda econômico-militar a governos “confiáveis” de alguns novos países independentes (como Filipinas) ou pelo patrocínio à formação de novas nações capitalistas em áreas altamente instáveis, como Israel.
Em terceiro lugar, o crescimento tecnológico incentivou um aumento brutal da capacidade produtiva, superior à capacidade de consumo. 
Novas técnicas de marketing precisaram ser criadas para aumentar a elasticidade da curva de consumo, com predominância do setor de bens e serviços. 
Isso levou à criação de sociedades de Bem Estar Social, em todos os países capitalistas da Europa. 
Além de pagamento de aposentadorias e seguro desemprego, os Estados europeus subsidiaram os serviços de saúde, educação e transporte para toda a sua população. 
Mais recursos nas mãos dos trabalhadores liberava uma margem maior para o aumento do consumo

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais