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Trabalho de Direito Penal- Penas Privativas de Liberdade

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Faculdade Curitibana
FAC
Penas Privativas de Liberdade, Reclusão e Detenção, Regras do Regime Fechado, Regras do Regime Semi-Aberto, Regras do Regime Aberto,
Regime Especial e Regime Disciplinar Diferenciado.
Maiara Cunha
Priscila Guedes da Luz
Scheila Andretta
Seminário de Direito Penal
Professor: Ariosto Teixeira Neto
Agosto - 2015
Curitiba Paraná
Reclusão e Detenção (Qualidade da pena)
Desde a Reforma Penal alemã de 1975, que adotou ‘’pena unitária privativa de liberdade’’, passou-se a defender mais enfaticamente a unificação de reclusão e detenção. A Reforma Penal brasileira de 1984, no entanto, adotou ‘’ penas privativas de liberdade’’, como gênero, e manteve a reclusão e a detenção como espécies, sucumbindo à divisão histórica do direito pátrio.
 Tem-se insistido que não há diferenças na execução das penas de reclusão e de detenção. Diríamos, felizmente não. O preso não é condenado para ser castigado, a condenação é o próprio castigo. As diferenças existem e são muitas, ao contrário do que se afirma, mas localizam-se fundamentalmente nas conseqüências, diretas ou indiretas, de uma e outra espécie de pena privativa de liberdade. Eliminaram-se, é verdade, algumas diferenças formais, que dificilmente ganhavam aplicação, tais como isolamento inicial na reclusão; direito de escolher o trabalho obrigatório, na detenção; separação física entre reclusos e detentos; impossibilidade de sursis em crimes punidos com relação. Contudo, as conseqüências que decorrem de umas e outras espécies de sanção privativa de liberdade são inconfundíveis.
 Permanecem profundas diferenças entre reclusão e detenção. A começar pelo fato de que somente os chamados crimes mais graves são puníveis com pena de reclusão, reservando-se a detenção para os delitos de menor gravidade. Como conseqüência natural do anteriormente afirmado, a pena de reclusão pode iniciar o seu cumprimento em regime fechado, o mais rigoroso de nosso sistema penal, algo que jamais poderá ocorrer com a pena de detenção. Somente o cumprimento insatisfatório da pena de detenção poderá levá-la ao regime fechado, através da regressão. Essa é uma das diferenças mais marcantes entre as duas modalidades de panas de prisão. Afora esses dois aspectos ontológicos que distinguem as referidas modalidades, há ainda a flagrante diferença nas conseqüências decorrentes de uma e outra, além da maior dificuldade dos apenados com reclusão em obter os denominados ‘’ benefícios penitenciários’’.
 Algumas das mais importantes conseqüências que ainda justificam todo um sistema tradicional duplo de pena de prisão:
Limitação na concessão de fiança:
A autoridade policial somente poderá conceder fiança nas infrações punidas com pena privativa de liberdade não superior a quatro anos ( art. 322 do CPP), independentemente de tratar-se de reclusão ou detenção. Quando a pena for superior a quatro anos de fiança deverá ser requerida ao juiz.
Espécies de medidas de segurança:
Para infração penal punida com reclusão a medida de segurança será sempre detentiva; já para autor de crime punido com detenção, a medida de segurança poderá ser convertida em tratamento ambulatorial. (art. 97 do CP).
Prioridade na ordem de execução:
Executa-se primeiro a reclusão e depois a detenção ou a prisão simples. (arts. 69, caput, e 76 do CP).
Influência decisiva nos pressupostos da prisão preventiva (art. 313, I, do CPP).
Como se vê, a manutenção dicotômica da pena privativa de liberdade obedece a toda uma estrutura do nosso ordenamento jurídico-penal, que não se resume a uma simples divisão terminológica. 
Sistemas Penitenciários
O sistema penitenciário tem diferentes distinções, primeiro veio o sistema pensilvânico, sistema este que tinha como característica fundamental o isolamento do preso em uma cela e a obrigação deste preso em fazer oração a Deus. Depois veio o sistema auburniano, que trata os presos de forma diferenciada a depender do seu potencial de recuperação. Os que tivessem maior potencial poderiam realizar trabalhos em conjunto durante o dia, ficando isolados apenas no período noturno. Depois veio o sistema progressivo, que se começou a trabalhar com a progressão da pena. Existem três fases, que são isolamento celular diurno e noturno, o trabalho silencioso diurno concomitantemente ao isolamento noturno e a liberdade condicional. Por fim, foi criado o sistema progressivo irlandês, que baseado no sistema progressivo inglês, criou uma fase intermediária entre o período de trabalho do condenado e o período de liberdade condicional. Nesta fase intermediária o detento trabalha em prisões agrícolas ao ar livre, sem usar uniforme de presidiário.
A pena de prisão foi originada nos mosteiros da Idade Média. Esse tipo de pena surgiu para castigar os clérigos e monges que cometessem irregularidades. Nesses mosteiros, estes clérigos e monges condenados se recolhiam às suas celas para destinarem seu pensamento à meditação, sempre de forma silenciosa. Assim, o objetivo era que eles se arrependessem da infração praticada e, finalmente se harmonizassem com Deus.
 A primeira ocorrência de prisão estava conectada já à teoria da prevenção especial positiva e de ressocialização, porque induzia o aprisionado a refletir sobre aquela sua conduta considerada errada e a não errar novamente. A idéia de empregar a prisão como modalidade de pena passou a ser mundialmente propagada apenas a partir do século XVIII.
 Porém, apesar da primeira ocorrência de prisão estar conectada às finalidades da ressocialização, este ideal passou por muito tempo a ser usado apenas daqueles mosteiros da Idade Média.
 Sobre a idéia de aprisionamento criada nos mosteiros, Julio Fabbrini Mirabete comenta em seu ‘’ Manual de Direito Penal’’:
‘’Essa idéia inspirou a construção da primeira prisão destinada ao 
recolhimento de criminosos, a House of Correction, construída em 
Londres entre 1552, difundindo-se de modo marcante no século XVIII.’’
(Mirabete,2004,p.249)
Até a primeira metade do século XIX, as prisões estabelecidas pelos Estados eram utilizadas somente como locais de contenção de delinqüentes. Até então não havia programas de tratamento dos presos que visassem à requalificação deles. O trabalho e a educação ainda não eram usados pelos estabelecimentos prisionais com a finalidade de se evitar a reincidência por parte desses presidiários. Isso aconteceria pelo fato de que se pensava que apenas a detenção proporcionaria a transformação dos presidiários. Acredita-se que os presidiários poderiam refletir acerca das suas atitudes criminosas dentro dos estabelecimentos prisionais. Essa reflexão permitiria que depois eles pudessem voltar à vida em sociedade.
 No Brasil, o sistema penitenciário utilizado assume a progressividade pelo Código Penal de 1940, juntamente com suas consideráveis modificações, sendo essa maneira verificada através de critérios subjetivos e objetivos. Essa progessividade faz com que o presidiário comece o cumprimento de sua pena privativa de liberdade e um estabelecimento regramento prisional, progredindo do mais severo ao mais suave. Essa regressão vai passando pelos regimes fechado, semi-aberto e aberto. Desta maneira, o presidiário que adentra em um presídio para o começo do cumprimento da sua pena, normalmente o realiza no regime fechado. Caso comece o cumprimento de sua pena em colônia industrial ou agrícola, ele estará introduzindo no regime semi-aberto. Depois desse regime ele se transferirá para o regime aberto, mudando-se, assim para a casa do albergado.
São os sistemas prisionais:
Sistema Pensilvânico, Sistemas Auburniano, Sistema Progressivo e Sistemas Progressivos Irlandês.
Sistemas Pensilvânico
 O primeiro sistema penitenciário que mais se destacou foi o pensilvânico, que foi criado na Pensilvânia, mais exatamente na Colônia da Pensilvânia em 1861. Essa colônia penitenciária tinha como finalidade abrandar a rigidez da legislação penal da Inglaterra. O sistema
pensilvânico tinha como propriedades substanciais a segregação dos prisioneiros em uma cela, a obrigatoriedade de realizar orações e a abstinência absoluta de bebidas alcoólicas. Possuía uma grande base teológica. Porém já mostrava a influência dos ideais iluministas de indivíduos como Beccaria e Howard. A religião era considerada como instrumento singular propicio para recuperar e reinserir o presidiário à sociedade, ao prisioneiro não era oferecido o direito de se comunicar com os outros. A ele só era permitido ficar em silencio e rezando. 
 O sistema pensilvânico era conhecido por ser bastante severo, esse sistema não conseguia ajudar para a ressocialização do presidiário, o sistema pensilvânico somente dá à pena privativa de liberdade um caráter expiatório e retributivo.
 Então, diante de um sistema tão severo e que não conseguia reabilitar os detentos, foram criados novas alternativas a esse modelo.
Sistema Auburniano
 Este sistema foi desenvolvido justamente pela urgência de se suplementar as carências e as imperfeições do regime pensilvânico. Entretanto, o porquê do aparecimento do sistema auburniano transcorreu não apenas de uma inquietude em se reestruturar o sistema pensilvânico que estava em vigor até o momento, mas também de algo que precisava ser feito circunstancialmente em conseqüência ao âmbito econômico-político-histórico daquele tempo.
 O sistema auburniano apareceu como uma solução para adaptar a mão de obra carcerária às vontades do sistema capitalista. Este sistema soube aproveitar o detento como força produtiva, ao aproveitar os frutos do seu trabalho. Este sistema penitenciário criado na prisão de Auburn tinha, como diretriz, a crença de que trabalho dignifica o ser humano. O trabalho seria então uma forma de ressocializar o detento, pois, através deste, o condenado iria recuperar a sua dignidade perdida. Desse jeito, em breve ele estaria apto para o retorno à sociedade. 
 Entretanto, este sistema não vingou para sempre, com o decorrer do tempo, o sistema foi ficando ultrapassado.
 A distinção basilar entre o sistema criado na Pensilvânia e o sistema criado em Auburn foi que, no criado na Pensilvânia, os detentos permaneciam isolados durante o dia todo. Enquanto que no sistema de Auburn, os detentos só eram segregados à noite, enquanto durante o dia eles podiam interagir entre eles.
 Este sistema auburniano, apesar de receber todas as críticas acerca da sua incompetência para reintegrar os detentos à sociedade e de aumentar os níveis de reincidência, acabou virando uma base importante para o sistema que veio a seguir. Estamos falando do sistema progressivo, que até na atualidade ainda é aplicado em vários países.
Sistema Progressivo
 
 A criação do regime progressivo correspondeu com o ideal do fortalecimento da pena privativa de liberdade como norma do Direito Penal e de ter sido preciso se almejar a reabilitação social do prisioneiro. O progresso importante obtido pelo sistema progressivo fundamenta-se pela consideração dada pelo sistema ao arbítrio e à vontade do condenado. Mediante esse pensamento, esse sistema diminuiu o rigor na aplicação da pena privativa de liberdade aos condenados. Por causa dessa ideologia, foi que o sistema progressivo começou a almejar a ressocialização dos detentos sem aplicar castigos severos a eles. No sistema progressivo apareceram diversas ramificações e especialidades em outros sistemas. Mas na verdade, essas ramificações e especialidades formaram um melhoramento do próprio sistema progressivo.
 Sobre essas modificações no sistema, Rafael Damaceno de Assis disse:
‘’As primeiras mudanças decorreram do surgimento do sistema 
Progressivo inglês, desenvolvido pelo capitão Alexandre Maconochie,
No ano de 1840, na Ilha de Norfolk, na Austrália. Esse sistema consistia
em medir a duração da pena através de uma soma do trabalho e da boa
conduta imposta ao condenado, de forma que na medida em que o condenado,
satisfazia essas condições ele computava um certo número de marcas( Mark system),
de tal forma que a quantidade de marcas que o condenado necessitava obter antes
antes de sua liberação deveria ser proporcional à gravidade do delito por ele praticado.’’(2007)
Apesar desse sucesso obtido através dessa mudança de conceitos, o sistema progressivo foi substituído por uma das suas ramificações, o sistema progressivo irlandês.
Sistema Progressivo Irlandês
 Não obstante de ter alcançado o grande êxito de ter sido propagado por todo o continente europeu, o sistema progressivo convencional, criada na Inglaterra, foi ulteriormente trocado pelo sistema progressivo irlandês. Esse novo sistema possuía princípios e ideologia iguais ao do sistema progressivo anterior. A distinção exclusiva entre os sistemas foi que o progressivo irlandês adicionou uma etapa intermediária entre a referente ao período de trabalho do delinqüente e a referente à liberdade condicional deste. Nesta nova etapa intermediária, o prisioneiro labutava ao ar livre e em penitenciárias especiais, de preferência em penitenciárias agrícolas. Ele não utilizava uniformes de presidiário e nem sequer suportava punições físicas. O prisioneiro também tinha a liberdade de conversar com os cidadãos livre e ainda recebia uma parcela da remuneração proveniente do seu trabalho.
 O sistema progressivo irlandês é o que mais se assemelha aos ideais da ressocialização e da reintegração social do detento. Isso pelo fato de que o detento vai paulatinamente evolucionando para se chegar à tão sonhada regeneração. Essa progressão simboliza a melhora do caráter do detento. 
 
 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Juarez Cirino dos Santos (2008) considera a pena privativa de liberdade a espinha dorsal do sistema penal e para tanto afirma que esta existente em duas formas: a pena de reclusão e a pena de detenção. A principal diferença entre as duas refere-se aos regimes de execução: a pena de reclusão determinada pelo legislador em crimes mais graves, é executada nos regimes fechado, semi-aberto e aberto, já a pena de detenção, determinada pelo legislador em crimes menos graves, é executada nos regimes semi-aberto e aberto. 
Também existem diferenças secundárias significativas entre ambas as modalidades de privação de liberdade, por exemplo: a) a medida de segurança aplicada em crimes de reclusão é a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, em crimes de detenção, é a de tratamento ambulatorial, b) a fiança em crimes de reclusão somente pode ser concedida pelo juiz, em crimes de detenção, pode ser concedida também pela autoridade policial, etc.
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
A execução da pena privativa de liberdade, sob a forma de reclusão ou de detenção, nos regimes fechado, semi-aberto ou aberto, exige definição dos regimes de execução e das formas de progressão e de regressão entre os regimes por onde transitam o condenado.
Art. 33§1°. Considera-se:
regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Transitada em julgado a sentença criminal condenatória e expedida a competente guia de recolhimento (art.105-7, LEP), o condenado é submetido ao regime inicial de execução fixado na sentença judicial (art.33§3°. CP e art.110 LEP). Na hipótese de dois ou mais crimes o respectivo regime é determinado pela soma ou unificação das penas, observada a detração e a remição penal, se for o caso; na superveniência de condenação no curso da execução, prevalece o critério da soma da nova pena com a pena restante (art.111 e parágrafo único LEP).
Regimes de execução das penas privativas de liberdade
Como ensina Juarez Cirino dos Santos (2008), os regimes de execução da
pena privativa de liberdade são estruturados conforme critérios de progressividade (regra), ou de regressividade (exceção), instituídos com o objetivo explícito de “humanizar a pena” privativa de liberdade, segundo duas variáveis: o mérito do condenado e o tempo de execução da pena (art.33§§2°, 3° e 4°, CP).
É importante salientar que o regime inicial é determinado na sentença criminal condenatória (art.59, III, CP): o regime fechado depende exclusivamente da quantidade de pena aplicada; o regime semi-aberto e o regime aberto dependem da quantidade da pena aplicada e da primariedade do condenado.
Art. 33, §2°. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso.
a) o condenado a pena superiora 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto;
§3°. A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art.59 deste Código.
O movimento de progressão ou de regressão do preso através dos regimes depende de condições específicas e também de decisão judicial, precedida do Ministério Público e da Defesa. 
A progressão significa a transferência do preso de regime de maior rigor para o regime de menor rigor punitivo, após cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e bom comportamento comprovado pelo Diretor do estabelecimento (art. 112, LEP), mediante decisão judicial motivada precedida de manifestação do Ministério Público e da Defesa (art. 112, §1°, LEP).
Art 112, LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso,a ser determinado pelo juiz quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,respeitadas as normas que vedam a progressão.
§1°. A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.
No entanto, a regra da progressividade baseada no tempo de execução e no comportamento do condenado contém restrições e exceções definidas em lei. 
As restrições legais referem-se aos condenados por crimes contra a administração publica (art. 33, §4°, CP), em que a progressão de regime depende da condição complementar de reparação do dano ou de devolução do produto do crime realizado.
Art. 33, §4°. O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
As exceções legais tratam dos condenados por crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo, que cumprem pena em regime fechado integral (art. 2o §1°, da Lei 8.072/90) — uma violação do princípio constitucional da igualdade perante a lei (art. 5o I, CR) —,mas com direito ao livramento condicional.
A regressão significa transferência ou retorno do preso para regime de maior rigor punitivo, e pode ocorrer nas seguintes hipóteses (a) de pratica de fato definido como crime doloso ou de falta grave e (b) de nova pena por crime anterior, cuja soma determine incompatibilidade com o regime atual (art. 118,1 e II, §§1° e 2o, LEP).
Art. 118, LEP. A. execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I—praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II — sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada aorestante da pena em execução, tome incabível o regime (art. 111).
§1°. O condenado será transferido do regime aberto se, além das
hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execuçãoou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
§2°. Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido, previamente, o condenado.
As penas privativas de liberdade foram concebidas para cumprir várias funções: a) condicionam a recuperação de cotas de liberdade suprimida, segundo duas variáveis: o tempo de prisão como variável quantitativa e o esforço do condenado como variável qualitativa (art. 33, §2°, CP); b) reforçam a justificação da privação de liberdade sob o argumento de maior adequação aos objetivos preventivos da pena criminal; c) finalmente, revalorizam a atividade judicial, vinculando o regime inicial de execução a sentença criminal condenatória, erigida em prognóstico de ressocialização (art.33, §3°, CP).
a) Regime fechado. O regime fechado e o modo mais rigoroso de execução da pena privativa de liberdade: cumprido em estabelecimento de segurança máxima ou média, destina-se aos condenados a penas superiores a 8 (oito) anos (art. 33, §2°, a, CP), e tem como característica o trabalho comum interno (regra) ou em obras publicas externas (exceção) durante o dia, e pelo isolamento durante o repouso noturno (art. 34, §§1°, 2o e 3o, CP).
Art. 34. 0 condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§1°. O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
§2°. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento,na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§3°. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
b) Regime semi-aberto. O regime semi-aberto possui rigor intermediário entre os regimes fechado e aberto, cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar destina-se, imediatamente, aos condenados primários a penas privativas de liberdade superiores a 4 (quatro) e inferiores a 8 (oito) anos, e mediatamente aos condenados submetidos ao regime fechado (art. 33, §2°, b, CP), pelo critério de progressividade dos regimes de execução. O regime semi-aberto caracteriza-se pelo trabalho comum interno ou externo durante o dia e pelo recolhimento noturno, permitindo a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior (art. 35, §§1° e 2o, CP).
Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput,
ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime
semi-aberto.
§1°. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante
o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§2°. O trabalho externo é admissível,bem como a freqüência
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo
grau ou superior.
c) Regime aberto. O regime aberto é o modo menos rigoroso de execução da pena privativa de liberdade, deve ser cumprido em casa de albergado e destina-se, imediatamente, aos condenados primários a penas iguais ou inferiores a 4 (quatro) anos, e mediatamente, aos condenados submetidos a outros regimes (art. 33, §2°, e, CP), segundo o critério da progressividade. O regime aberto tem por fundamento a autodisciplina e o senso de responsabilidade do condenado (art. 36,CP) e se caracteriza pela liberdade sem restrições para o trabalho externo, frequência a cursos e outras atividades autorizadas durante o dia e pela liberdade restringida durante a noite e dias de folga, mediante recolhimento em casa de albergado—ou na própria residência do condenado (art. 36, §1°, CP). Segundo Juarez Cirino dos Santos (2008) a permissão de recolhimento noturno e nos dias de folga na própria casa do condenado aparece como alternativa prática, necessária e justa para evitar os efeitos nocivos da prisão sobre a personalidade do preso, em face da ausência generalizada de casas
de albergado no Brasil.
Art. 36. 0 regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso
de responsabilidade do condenado.
§1°. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância,
trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno
e nos dias de folga.
§2°. O condenado será tranferido do regime aberto, se praticar
fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução
ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
O ingresso no regime aberto pressupõe (a) condenado trabalhando (ou em condições de trabalho imediato), (b) possibilidade de ajustamento ao regime e (c) aceitação do programa e das condições impostas pelo juiz (arts. 113-114, LEP). As condições do regime aberto podem ser especiais (determinadas pelo juiz) e gerais (obrigatorias), que são as seguintes: a) permanência no local designado, durante o repouso noturno e dias de folga; b) observância dos horários de saída e de retorno ao estabelecimento; c) não se ausentar da cidade sem autorização judicial; d) comparecimento em Juizo para informar e justificar atividades (art. 115, LEP). Finalmente, o condenado poderá ser transferido do regime aberto para regime mais rigoroso se (a) praticar fato definido como crime doloso, ou (b) frustrar os fins da execução (art. 36, §2°, CP) - excluída a hipótese de não pagamento da pena de multa cumulativa a privação de liberdade aplicada por condenado solvente, que agora se converte em divida de valor e não em privação de liberdade (art. 51, CP, modificado pela Lei 9.268/96).
d) Regime especial para mulheres. As mulheres cumprem pena privativa de liberdade em estabelecimento próprio, com direitos e deveres adequados a sua condição pessoal, aplicando-se as regras gerais dos regimes de execução, na medida de sua compatibilidade (art 37, CP).
Art. 37. A.s mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio,
observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. 3 ed. Curitiba: ICPC; Lumen Juris, 2008.
Código penal / Ricardo Vergueiro Figueiredo, organização. – 20 ed. – São Paulo: Rideel, 2014.

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