Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria Geral da Pena 1Teoria Geral da Pena 1 Considerações introdutórias. 1.1 Conceito de pena. A pena é uma consequência natural imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal (crime ou contravenção). Desta forma, quando alguém comete um fato típico, ilícito e culpável, surge a possibilidade de o Estado fazer valer o seu direito de punir (ius puniendi) através da aplicação de uma pena. Vale ressaltar que a pena pode ser conceituada com uma espécie de sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade. Entretanto, não se deve confundir sanção penal com pena. Isto porque, a pena é uma das espécies de sanção penal. A outra espécie é a medida de segurança que é aplicada aos inimputáveis e aos semi- imputáveis. Desta forma, pode-se concluir que a sanção penal é um gênero, dos quais são espécies as penas e as medidas de segurança. 1.2 Evolução histórica. Verifica-se que desde a Antiguidade até, basicamente, o século XVII as penas tinham uma característica extremamente aflitiva, uma vez que o corpo do agente é que pagava pelo mal praticado. Existem relatos de que pessoas eram torturadas, crucificadas, esquartejadas, etc. período iluminista principalmente no século XVIII, foi um marco inicial para uma mudança de mentalidade no que dizia respeito à cominação das penas. Por intermédio das ideias de Beccaria, em sua obra intitulada Dos Delitos e das Penas, publicada em 1764, começou-se a ecoar a voz da indignação com relação a como os seres humanos estavam sendo tratados pelos seus próprios semelhantes, sob a falsa bandeira da legalidade. Atualmente, percebe-se haver, pelo menos nos países ocidentais, uma preocupação maior com a integridade física e mental, bem como a vida dos seres humanos. Vários pactos são levados a efeito por entre as nações, visando à preservação da dignidade da pessoa humana, buscando afastar de todos os ordenamentos jurídicos tratamentos degradantes e cruéis. No Brasil, depois de uma longa e lenta evolução, a Constituição Federal, visando proteger os direitos de todos aqueles que, temporariamente ou não, estão em território nacional, proibiu a cominação de uma série de penas, por entender que todas elas, em sentido amplo, ofendiam a dignidade da pessoa humana, além de fugir à sua função preventiva em algumas hipóteses. Neste sentido o Art. 5º, XLVII, da CF/88, preceitua o seguinte: “Art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;” 1.3 Sistemas prisionais Podemos dizer que a pena de prisão, ou seja, a privação da liberdade como pena principal, foi um avanço na triste história das penas. Segundo o autor Manoel Pedro Pimentel, em seu livro “O crime e a pena na atualidade”, a pena de prisão “teve sua origem nos mosteiros da Idade Média, como punição imposta aos monges e clérigos faltosos, fazendo com que se recolhessem às suas celas para se dedicarem em silêncio, à meditação e se arrependerem da falta cometida, reconceliando- @direitonosso_ se assim com Deus”. Dentre os sistemas penitenciários que mais se destacaram durante sua evolução podemos apontar seguintes: a) Sistema Pensilvânico. No sistema pensilvânico ou de Filadélfia, também conhecido como celular, o preso era recolhido à sua cela, isolado dos demais, não podendo trabalhar ou mesmo receber visitas, sendo estimulado ao arrependimento pela leitura da Bíblia. Este sistema recebeu inúmeras críticas, uma vez que, além de extremamente severo, impossibilitava a readaptação social do condenado, em face do seu completo isolamento. b) Sistema Auburniano. O sistema auburniano possui este nome em virtude de ter sido adotado na penitenciária construída na cidade de Auburn, no Estado de Nova York, em 1818. Menos rigoroso que o sistema anterior, este permitia o trabalho dos presos, inicialmente dentro de suas próprias celas e, posteriormente, em grupos. O isolamento noturno foi mantido. Umas das características principais do sistema auburniano diz respeito ao silêncio que era imposto aos presos, razão pela qual também ficou conhecido como silent system. Entretanto, os críticos afirmam que este era um ponto vulnerável do sistema, já que a regra do silêncio é extremamente desumana, o que deu origem, inclusive, a comunicação entre os presos através de sinais, como fazer batidas na parede ou nos canos. Além disso, falhava também o sistema pela proibição de visitas, mesmo de familiares, com a abolição do lazer e exercícios físicos, bem como uma notória indiferença quanto à instrução e ao aprendizado ministrado aos presos. c) Sistema Progressivo. No decurso do século XIX impõe-se definitivamente a pena privativa de liberdade, que continua a espinha dorsal do sistema penal atual. O predomínio da pena privativa de liberdade coincide com o progressivo abandono da pena de morte. O apogeu da pena privativa de liberdade coincide igualmente com o abandono dos regimes celular e auburniano e a adoção do regime progressivo. A essência deste regime consiste em distribuir o tempo de duração da condenação em períodos, aplicando- se em cada um os privilégios que o recluso pode desfrutar de acordo com a sua boa conduta e o aproveitamento demonstrado do tratamento reformador. Outro aspecto importante é o fato de possibilitar ao recluso reincorporar-se à sociedade antes do término da condenação. Este sistema representou um grande avanço em relação aos anteriores, pois deu importância à própria vontade do recluso, além de diminuir significativamente o rigor na aplicação da pena privativa de liberdade. O sistema progressivo surgiu na Inglaterra, sendo posteriormente adotado na Irlanda. Pelo sistema progressivo inglês, que surgiu no início do século XIX, Alexander Maconochie, capitão da Marinha Real, impressionado com o tratamento desumano que era destinado aos presos degradados na Austrália, resolveu modificar o sistema penal. Na qualidade de diretor do presídio do condado de Narwich, na ilha Norfolk, na Austrália, Maconochie cria o sistema progressivo de cumprimento das penas, a ser realizado em três estágios: 1º) Isolamento celular diurno e noturno – chamado de período de provas, tinha a finalidade de fazer o apenado refletir sobre o seu delito. 2º) Trabalho em comum sob a regra do silêncio – durante este período o apenado era recolhido em um estabelecimento denominado public workhouse, sob o regime de trabalho comum, com a regra do silêncio absoluto, durante o dia, mantendo-se a segregação noturna. 3º) Liberdade condicional – neste período o condenado obtinha uma liberdade limitada, uma vez que a recebia com restrições, às quais devia obedecer, e tinha vigência por um período determinado. Passado este período sem ter havido a revogação, o condenado obtinha sua liberdade definitiva. Porteriromente, surgiu o sistema progressivo Irlandês, criado por Walter Crofton, diretor das prisões na Irlanda, que acrescentou mais uma fase, sendo composto de quatro fases: 1ª) Reclusão celular diurna e noturna (mesmas considerações do sistema inglês) 2ª) Reclusão celular noturna e trabalho diurno em @direitonosso_ comum. (mesmas considerações do sistema inglês) 3ª) Período intermediário – ocorria entre a prisão comum em local fechado e a liberdade condicional. Este período era executado em prisões especiais, onde o preso trabalhava ao ar livre, no exterior do estabelecimento, em trabalhos preferencialmente agrícolas. Nesse período a disciplina era mais suave. 4ª) Liberdade condicional (mesmas considerações do sistema inglês) Finalidades das penas Teorias absolutas e relativas. Muito se tem discutido ultimamente a respeito das funçõesque devem ser atribuídas a pena. Surgiram então as teorias absolutas que advogam a tese da retribuição e as teorias relativas que apregoam a prevenção Que serão analisadas a seguir. A) Teoria absoluta (retributiva). Para esta teoria a pena é concebida com uma forma de retribuição justa pela prática de um delito. Concebe-se que o mal não deve estar impune, de sorte que o delinquente deve receber um castigo como forma de retribuição do mal causado para que seja realizada a justiça. Para esta concepção, a pena não possuir nenhum fim socialmente útil, como, por exemplo, a prevenção dos delitos, mas sim de castigar o criminoso pela prática do crime, sendo Kant e Hegel os dois grandes expoentes desta teoria. B) Teoria relativa (preventiva). Para esta concepção, a pena possui a finalidade de prevenir delitos como meio de proteção aos bens jurídicos. Assim, ao contrário das teorias absolutas, a finalidade da pena não é a retribuição, mas sim a prevenção. Este critério da prevenção se biparte e: → a) Prevenção Geral – negativa e positiva. A prevenção geral pode ser estudada sob dois aspectos. Pela prevenção geral negativa, também conhecida pela expressão prevenção por intimidação, a pena aplicada ao autor da infração penal tende a refletir junto à sociedade, evitando-se, assim, que as demais pessoas, que se encontram com os olhos voltados na condenação de um de seus pares, reflitam antes de praticar qualquer infração penal. Por sua vez, pela pela prevenção geral positiva ou integradora, a pena presta-se não à prevenção negativa de delitos, demovendo aqueles que já tenham incorrido na prática do delito; seu propósito vai além disso, tendo a pena a finalidade de infundir, na consciência geral, a necessidade de respeito a determinados valores. exercitando a fidelidade ao direito, promovendo, em última análise, a integração social. → b) Prevenção Especial – negativa e positiva. A prevenção especial, por sua vez, também pode ser concebida em seus dois sentidos. Pela prevenção especial negativa existe uma neutralização daquele que praticou a infração penal, neutralização que existe com a sua segregação no cárcere. A retirada momentânea do agente do convívio social o impede de praticar novas infrações penais, pelo mesmo junto à sociedade da qual foi retirado. Esta neutralização ocorreria com uma pena privativa de liberdade. Pela prevenção especial positiva, segundo Roxin, a missão da pena consiste unicamente em fazer com que o autor desista de cometer futuros delitos. Denota-se aqui o caráter ressocializador da pena, fazendo com que o agente medite sobre o crime, sopesando suas consequências, inibindo-se ao cometimento de outros. Ou seja, a prevenção especial não busca a intimidação do grupo social, a retribuição do fato praticado, visando apenas àquele indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a transgredir as normas jurídico-penais. → C) Teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro. O art. 59, caput, do Código Penal possui a seguinte redação: “Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme @direitonosso_ seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime(...)” Em razão da redação contida neste artigo, podemos concluir que o Código Penal adotou a teoria mista ou unificadora da pena. Isto porque a parte final do caput do Art. 59 do Código Penal conjuga a necessidade de reprovação com a prevenção do crime, fazendo com que se unifiquem as teorias absoluta e relativa, que se pautam, respectivamente, pelos critérios da retribuição e da prevenção. 1.5 Princípios da pena. a) Princípio da legalidade A pena deve estar prevista em lei vigente, não se admitindo seja cominada em regulamento ou ato normativo infralegal, nos termos do Art. 1º, CP e Art. 5º, XXXIX. b) Princípio da humanidade. O princípio da humanidade no Direito Penal é o maior entrave para a adoção da pena capital e da pena de prisão perpétua. Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. Por este princípio há a proibição de penas bárbaras, cruéis e infamantes. A pena deve respeitar a integridade física e a dignidade moral. Ele está expressamente previsto no Art.5º, XLVII, da Constituição Federal, sendo expressamente vedada pela Constituição Federal a instituição de penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; Também pode-se contatar que o princípio da humanidade das penas está presente nos Art.5º, XLVIII (a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado) e XLIX (é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral), da Constituição Federal. c) Princípio da personalidade ou intranscendência. Ele está expressamente previsto no Art. 5º, XLV, da Constituição Federal, e prevê que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ou seja, somente quem comete uma infração penal é que poderá ser punido com a aplicação de uma pena, não podendo esta consequência ser transferida a terceiros. OBS: Existem 2 exceções: a decretação de perdimento de bens e as obrigações civis de reparar o dano podem passar da pessoa do réu, até o limite do valor do patrimônio transferido, conforme Art. 5º, Inc. XLV, da Constituição Federal (“ nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.) d) Princípio da individualização da pena. Ele está expressamente indicado no Art. 5º, XLVI, da Constituição Federal (“a lei regulará a individualização da pena”) e desenvolve- se em três planos: legislativo, judicial e administrativo. No plano legislativo, é respeitado quando o legislador descreve o tipo penal e estabelece as sanções adequadas, indicando precisamente seus limites, mínimo e máximo, e também as circunstâncias aptas a aumentar ou diminuir as reprimendas cabíveis. A individualização judicial é efetivada pelo juiz quando aplica a pena utilizando-se de todos os instrumentos pelos autos da ação penal, em obediência ao sistema trifásico delineado pelo Art. 68 do Código Penal. Por fim, a individualização administrativa é efetuada durante a execução da pena, quando o Estado deve zelar por cada condenado de forma singular, mediante tratamento penitenciário condigno com as finalidades da pena de punição, prevenção geral e especial, bem como de ressocialização. e) princípio da proporcionalidade. Segundo este princípio a pena deve ser proporcional ao crime praticado, neste sentido os Art. 5º, XLVI e XLVII, da CF/88. @direitonosso_ f) Princípio da inderrogabilidade. Conforme esclarece a doutrina, salvo as exceções legais, a apena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum aspecto. Assim, por exemplo, o juiz não pode extinguir a pena de multa levando em conta seu valor irrisório. Espécies de penas De acordo com o Art. 32 do Código Penal, as penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. As penas privativas de liberdade previstas pelo Código Penal para os crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. As penas restritivas de direitos, de acordo com a redação do Art. 43 do Código Penal são as seguintes: I – prestação pecuniária; II – perda de bens e valores; IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V – interdição temporária de direitos; VI – limitação de fim de semana. A pena de multa, por sua vez, é de natureza pecuniária e o seu cálculo é elaborado considerando-se o sistema de dias-multa, que poderá variar entre um mínimo de 10 (dez)ao máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, sendo que o valor correspondente a cada dia será de 1/30 do valor do salário mínimo vigente à época dos fatos até 5 (cinco) vezes esse valor. 2. A pena privativa de liberdade. Espécies. (Art. 33, caput, CP). O Código Penal prevê duas espécies de penas privativas de liberdade: Pena de reclusão - deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. Pena de detenção - deve ser cumprida em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. pena privativa de liberdade vem prevista no preceito secundário de cada tipo penal incriminador, servindo à sua individualização, que permitirá a aferição da proporcionalidade entre a sanção que é cominada em comparação com o bem jurídico por ele protegido. Fixação do regime inicial de cumprimento de pena. O Art. 33, § 2º, do Código Penal determina que as penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: → a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; (+ 8 anos) → b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; (+ 4 até 8 anos) → c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. (igual ou – 4 anos) OBS 1: Como fica a situação do condenado reincidente com pena igual ou inferior a quatro anos ? Súmula 269 STJ - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. - Segundo o § 3º do Art. 33 do Código Penal a determinação do @direitonosso_ regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. - A escolha do regime inicial deverá ser uma conjugação: 1º) Quantidade de pena aplicada. 2º) Análise das circunstâncias judiciais. 3º) A pena deverá ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. OBS 2: Pode o juiz determinar um regime inicial mais gravoso do que o previsto em lei segundo a sua opinião acerca da gravidade do crime ? Súmula 718 STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 STF – A imposição do regime de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Súmula 440 STJ - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. OBS 3: Qual é o regime inicial de cumprimento de pena nos crimes hediondos e equiparados? A lei de crimes hediondos (Lei 8072/90) estabelece no Art. 2º § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. O art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, que prevê a obrigatoriedade do regime prisional fechado para o início do cumprimento da pena em razão da prática de crimes hediondos e equiparados, foi declarado inconstitucional pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento do HC 111.840, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 17/12/2013 (HC 138.621 SP – 1ª Turma STF – DJE 05.12.2017) Regimes de cumprimento de pena. (Art. 33, § 1º, CP). Após o julgador ter concluído, em sentença, pela prática do delito, afirmando que o fato praticado pelo réu era típico, ilícito e culpável, a etapa seguinte será a aplicação da pena. A dosimetria da pena ainda será estuda, mais precisamente a 1ª fase, que está prevista no Art. 59 do Código Penal com o seguinte teor: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Como se percebe pelo inciso III do Art. 59 do Código Penal, deverá o juiz, ao aplicar a pena ao sentenciado, determinar o regime inicial de seu cumprimento, a saber: Regime fechado – cumprido em penitenciária de segurança máxima ou média (Art. 33, § 1º, a), CP). O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno (Art. 34, § 1º, CP). O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena (Art. 34, § 2º, CP). O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas (Art. 34, § 3º, CP). Regime semiaberto – e cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar (Art. 33, § 1º, b), CP). O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (Art. 35, § 1º, CP). O trabalho @direitonosso_ externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior(Art. 35, § 2º, CP). Regime aberto – e baseado na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado (Art. 36, caput, CP) e é cumprido em casa de albergado ou estabelecimento adequado (Art. 33, § 1º, c), CP). O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (Art. 36, § 1º, CP). O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada (Art. 36, § 2º, CP). OBS: Como ficam os casos de falta de vaga no estabelecimento prisional decorrente do regime inicial de cumprimento de pena ? Súmula Vinculante nº 56 STF - A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. @direitonosso_
Compartilhar