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Apostila de Alaor - março

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DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS 
 
1 – INTRODUÇÃO 
Uma vez que a domesticação é considerada a operação de tornar domésticos animais selvagens, a análise etimológica 
simples da expressão (latim, domus = casa)nos leva a imaginar que domésticos são animais que convivem com o homem na 
sua casa ou sob dependência, o que nem sempre corresponde à realidade. 
Convém chamar a atenção com destaque que, o fato de conviver ou mesmo depender do homem, não cria condições de dar a 
este ou àquele animal a posição de doméstico. 
Alguns animais que ―moram‖ com o homem jamais adquiriram a domesticidade,como aves cantoras e outros de caráter 
adornativo. Sem dúvida, os ratos que vivem nas habitações humanas, causando, inclusive, consideráveis prejuízos 
econômicos e constituindo perigo sanitário, e em tempo algum poderiam ser levados em conta como domésticos, sobretudo 
pela a não prestação de utilidades e serviços ao homem. Por outro lado, bois, carneiros e búfalos, criados extensivamente, 
sem que nunca tenham penetração em habitação humana, são considerados domésticos. 
Os animais para serem propostos como domésticos, antes de tudo, devem manter com o homem uma perfeita simbiose, 
através de gerações; o homem proporciona aos animais, ditos domésticos, cuidados e alimentação, recebendo em troca 
utilidades ou serviços. 
 
2 – CONCEITO DE ANIMAL DOMÉSTICO 
É o animal que, criado e reproduzido pelo homem, perpetua tais condições através de gerações por hereditariedade, 
oferecendo utilidades e prestando serviços em mansidão. 
Frequentemente faz-se confusão entre uma espécie doméstica e um simples animal amansado ou adestrado, vivendo sob o 
domínio do homem. A característica,pois, do animal doméstico, ou diferença entre este e o animal não doméstico ―é a 
perpetuidade de sua condição, através de gerações, hereditariamente‖. 
2.1 – Surgimento dos animais domésticos 
Desde os tempos pré-históricos, os animais domésticos acompanham o homem,na sua vida e no estabelecimento de sua 
civilização. A domesticação foi uma conseqüência da própria criação dos animais, realizada pelo homem primitivo, para 
satisfazer uma necessidade religiosa ou de companhia, de alimento ou de agasalho. O homem primitivo, agindo mais por 
instinto do que por experiência (resultado do desenvolvimento da inteligência), estava mais próximo dos animais e por isso 
foi muito fácil conviver com eles, e amansá-los, introduzindo-os na domesticidade. 
Data da época da ―pedra polida‖ a vida em comum do homem com o cão, depois com a cabra, carneiro, boi, e, a seguir, com 
o porco. E da ―idade do bronze‖, com o cavalo. É o que ensinaram os estudiosos paleontológicos. Aqui e ali foram 
encontrados fósseis humanos ao lado de fósseis desses animais. Além disso, os fósseis animais apresentavam, sempre, íntima 
relação, mais ou menos, fácil de ser verificada entre os animais atuais e aqueles. 
O homem domesticou essas espécies, na verdade, quando deixou de ser nômade. 
Nas habitações lacustres da Suíça, foi onde encontraram vestígios mais numerosos dos animais primitivos. 
Segundo a hipótese de Duerst (1886), a domesticação das espécies animais deve ter ocorrido 7.000 anos antes da era cristã. 
Os babilônios há 5.000 anos a.C. possuíam animais já vivendo em domesticidade. Pode-se dizer, portanto, que eles vivem e 
sempre hão vivido em simbiose com o homem. Sem este, as espécies domesticáveis estariam já extintas, com algumas 
exceções talvez, em certos e determinados casos de ambiente ideal para algumas delas. A prova disso é que enquanto cresce 
a população dos animais domésticos, cada vez mais numerosos, decresce a dos selvagens. E as próprias espécies selvagens, 
que originaram as domésticas, desapareceram em sua quase totalidade, por haverem sido eliminadas quando as 
circunstâncias do ambiente, em que viviam, se tornaram impróprias para elas; ou foram destruídas pelo homem caçador. 
 
3 – A IMPORTÂNCIA DO ANIMAL DOMÉSTICO 
Isto tudo demonstra que o homem não pode prescindir do concurso do animal doméstico, qualquer que seja o seu grau de 
civilização ou progresso. ―Em nenhuma época - escreveu Sanson – conceber-se ia a possibilidade de um estado social, 
fundada no trabalho e na previdência, sem animais domésticos.‖―Muitas vezes chega-se a dizer – escreve o prof. Anderson – 
que seria duvidoso o homem ter saído da barbaria, se não tivesse animais em servidão.‖Pode-se afirmar, escreveu Guilherme 
Ferrero, ―que a intervenção da máquina a vapor não foi, na história dos povos civilizados, um acontecimento tão importante 
quanto a domesticação dos animais, na vida dos povos primitivos; pois, graças a ela, foi 
possível ao homem triplicar a velocidade de seus movimentos e a resistência de seus músculos nos trabalhos; de ter 
produtores de matérias nutritivas; de se auxiliar de colaboradores inteligentes e adestrados para duas principais ocupações – a 
caça e a guerra.‖ 
―A obtenção do fogo, a aquisição das plantas cultivadas e a dos animais domésticos – disse Kronacher – são os três pilares 
fundamentais, sobre que repousa a civilização humana e seu progresso.‖ 
E, para citar autores modernos, ouçamos V. A. Rice: ―não há exemplo de uma raça ou tribo humana, que tenha alcançado um 
grau elevado de civilização, sem a ajuda de animais domésticos; e as nações dianteiras e vitoriosas sempre foram mais 
acentuadamente adiantadas na arte de criá-los‖. E. F. H. Shoosmith: ―a domesticação dos animais levou ao aumento da 
população e ao fortalecimento dos hábitos tribais, e provocou a divisão do trabalho, sem a qual a vida civilizada seria 
impossível‖. É com o animal doméstico que o homem mata sua fome. É ainda com ele que se 
transportam suas mercadorias e lavra a sua terra. Dele o homem obtém os meios para agasalhar-se. Além disso, é ele motivo 
de afetividade e divertimento. 
 
4 – ATRIBUTOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
Não é possível deixar de aceitar-se como verdade existirem certas qualidades,nos animais, que facilitaram e permitiram a 
domesticação de algumas espécies animais,e outras não, e sem as quais ela teria, forçosamente, falhado. São o que 
chamamos, em Zootecnia, os atributos do animal que se tornou doméstico, isto é, que pôde ou pode ser domesticado. Logo, 
para que haja domesticidade, exige-se que os animais transmitam hereditariamente seus atributos, enquanto vivem sob a 
custódia do homem. 
Está fora de dúvida, porém, que estes atributos não surgiram no processo de domesticação, como pode parecer à primeira 
vista, mas foram atributos pré-existentes nos animais quando ainda em estado selvagem e salientados na domesticidade. Se 
assim não fosse, poderíamos afirmar que todas as espécies potencialmente poderiam se tornar 
domésticas, não havendo, então, um número tão limitado delas. 
4.1 – Sociabilidade 
É a conduta associativa nata que leva os animais a procurarem viver em conjunto. Praticamente todas as espécies domésticas 
vivem em grupos e são sociáveis,sendo este comportamento uma condição que permitiu sua aproximação ao homem e seu 
amansamento (exceto o gato).Os animais de hábitos isolacionistas dificilmente deixam-se amansar, tornandoproblemática a 
sua domesticação. 
4.2 – Mansidão 
A mansidão, ou dizendo melhor, a tendência à mansidão, é atributo, também, que essas espécies apresentam, mas quando 
hereditárias, pois há animais que se tornam individualmente mansos, mas não transmitem essa qualidade à descendência; isto 
é, sua descendência não mostra essa tendência, por isso não são inteiramente domesticáveis. 
Tal é o caso da galinhola, búfalo, etc, que são consideradas espécies semi domésticas.Aliás, a mansidão, sendo resultado 
dessa tendência hereditária, é um atributo que participa da condição de ser, em parte, ―adquirido‖, no processo de criação do 
animal, e que pode, por isso, deixar de se manifestar em certas circunstâncias. 
Temos que considerar ainda o caso da Abelha que, sendo considerada espécie doméstica, no entanto lhe falta mansidão, visto 
como é capaz de ferroar os que dela se aproximam.Finalmente,é preciso dizer que a mansidão é o regulador do grau de 
domesticidade da espécie. 
4.3 – Fertilidade em cativeiro 
A fertilidade nem sempre se conserva nos animais amansados, quando em cativeiro. Para êxito da domesticação foi preciso 
que as espécies domésticas conservassem sua qualidade reprodutiva. Sem isso, é óbvio, não teria havido nem 
haveria o aumento da população dos animais em domesticidade (perpetuação da espécie). 
4.4 – Funções especializadas 
Caso os animais não oferecessem funções mais ou menos especializadas, mesmo quando em estado selvagem, não haveria 
motivação para sua domesticação. Tal afirmativa pode ser bem observada, como exemplo, pelo fato da abelha e do bicho da 
seda serem considerados domésticos. Sendo a domesticação um processo que implica no aproveitamento dos produtos e 
trabalhos dos animais em função do homem, houve,portanto, tal pré-condição neles para alcançar a domesticidade 
4.5 – Facilidade de adaptação ambiental 
A necessidade de fácil adaptação tem sido ultimamente uma questão levantada com muita importância entre os atributos dos 
animais domésticos. Vale salientar que os animais de origem múltipla geralmente apresentam melhor poder de adaptação do 
que aqueles de origem monofilética. 
 
5 – PROCESSOS DE DOMESTICAÇÃO 
Os animais, para atingirem a domesticidade, estágio final do processo de domesticação, passam por três fases distintas, sob o 
domínio do homem. 
5.1 – Cativeiro 
É a fase inicial da domesticação, quando o homem mantém o animal preso,eventualmente utilizando-o para abate. Todavia, 
em princípio, não aferindo dele lucro ou serviço, com aquelas vantagens que só a terceira fase (domesticidade) pode 
oferecer.É o caso dos animais selvagens mantidos engaiolados como material de estudo ou de 
embelezamento: aves e mamíferos dos parques e jardins zoológicos. 
5.2 – Amansamento 
Esta segunda fase é a de amansamento, mansidão ou domação, em que o animal convive pacificamente com o homem, 
prestando utilidade ou alguma forma de serviço.Podemos exemplificar aqui alguns animais em pré-domesticação, como a 
grande maioria dos animais de laboratório, animais produtores de pele, peixes, moluscos e crustáceos produtivos. 
5.3 – Domesticidade propriamente dita 
Última e definitiva fase, que constituindo o estado pleno de domesticidade, vem a ser o estado de simbiose na qual se acham 
os animais domésticos e o homem. E domesticação é o ato de tornar domésticos os animais selvagens. No estado de 
domesticação os animais vivem voluntariamente presos ou quase, são naturalmente mansos e prestam serviços de tal modo 
que sem eles, impossível seria a vida do homem civilizado. 
 
6 – MOTIVOS DA DOMESTICAÇÃO 
Vários motivos contribuíram para a necessidade de domesticação dos animais,além do evidente interrelacionamento. Todos 
surgiram da necessidade de sobrevivência do homem. 
6.1 – Alimentação 
A domesticação, por necessidade de utilizar os animais na alimentação, está perfeitamente indicada como um passo 
determinado pela forma de manter reserva de alimentos nos períodos de escassez. O primeiro passo foi a captura de 
espécimes vivos que se tornou possível com a utilização do laço e pela invenção de armadilhas, quando alguns animais 
apreendidos foram mantidos vivos para serem abatidos quando fosse necessário. O parto de fêmeas em cativeiro, muito 
provavelmente, foi o primeiro grande avanço para a domesticação. Nesta mesma oportunidade, é muito provável que 
uma―cria humana‖, carente de aleitamento, tivesse no leite de uma fêmea aprisionada seu substituto, e aí o início do 
aproveitamento do leite produzido pelos animais. 
6.2 – Sobrevivência ambiental 
Uma das afirmações mais substanciais sobre a imperatividade da presença dos animais dá-se em função das difíceis 
condições de sobrevivência que o homem enfrentou na época glacial, quando, por necessidade de adaptação ambiental, 
passou a utilizar como agasalhos as peles e os pêlos dos animais caçados ou criados. Além desta proteção contra as 
intempéries e auxílio à própria arte de caçar como camuflagem, não existe dúvida que cultos religiosos tiveram bastante 
influência no seu uso, bem como para demonstração de gradação hierárquica dentro da comunidade humana tribal. 
6.3 – Aproveitamento da força motriz 
A utilização da força motriz dos animais foi ―descoberta‖ quando foram colocadas cargas sobre o dorso de alguns mais 
dóceis, ou foi tentada sua ajuda na remoção de objetos pesados. Só posteriormente a força motriz foi utilizada na tração de 
carros e na montaria. A tração se desenvolveu com a evolução da roda e do eixo móvel,enquanto que a montaria só 
posteriormente foi aperfeiçoada com o advento dos arreios e da sela. Os animais de aproveitamento da força motriz são 
tipicamente o jumento, o cavalo, o boi e o búfalo. 
6.4 – Inspiração religiosa 
Alguns autores crêem que a companhia de animais cativos junto ao homem poderia ter sido também motivada por motivos 
religiosos ou até mesmo por lazer. A presença de animais sem utilidade aparente foi sempre constatada em sociedades 
humanas atrasadas, como foi verificado pelos europeus quando, ao chegarem às Américas, encontraram animais selvagens 
em cativeiro, simplesmente por companhia;são os xerimbabos, até hoje comuns entre os nossos indígenas. O próprio homem 
civilizado ainda mantém este hábito quando cria animais ornamentais sem maior finalidade econômica (aparente).Em todas 
as partes do mundo, as culturas mais primitivas praticavam o toteísmo, 
baseado no culto aos animais. Mamíferos, aves, peixes e répteis e insetos têm sido divinizados ou a eles atribuída o origem 
do próprio homem. Sacrifícios e a oferenda de animais a deuses ainda são comuns nas sociedades humanas contemporâneas. 
É muito provável que o culto a animais tenha sua própria origem nos cerimoniais preparatórios 
para a caça. Atualmente, na Índia, o zebu continua a ser divinizado, sendo proibido, o consumo de sua carne. Partindo dessas 
premissas, provavelmente, pode ter o homem sentido a necessidade de manter animais em sua companhia como 
representante dos deuses. 
 
7 – MÉTODOS EMPREGADOS DURANTE A DOMESTICAÇÃO 
Inúmeras têm sido as teorias levantadas sobre os métodos empregados para alcançar a domesticidade, partindo dos animais 
que se encontravam em estado selvagem. Os estudiosos têm levado em conta que deveriam ter sido os seguintes métodos: 
violentos, pacíficos e intermediários. 
7.1 – Violentos 
No método em que se emprega a violência, a força e a fome têm sido responsabilizadas pelo uso em maior escala, seguindo-
se a prisão, paralelamente aos castigos corporais. Fora de dúvida, estes foram os métodos mais largamente 
empregados, sobretudo em animais como o cavalo e o jumento. 
7.2 – Pacíficos 
Pelo método pacífico, no qual não teria sido utilizada a força, os próprios animais, por instinto de sociabilidade, ofereceram 
condições de conviver junto ao homem. Em favor desta hipótese, são relatados episódios de animais selvagens que se 
aproximam do homem em busca de alimentação e proteção contra intempéries ou outras situações de dificuldade. 
Atualmente, coiotes solitários e famintos por falta de caça têm sido encontrados na periferia de cidades norte americanas à 
procura de alimentos. Este método muito provavelmente teria ocorrido com o cão, o gato e o porco. 
7.3 – Intermediários 
De forma intermediária, a maioria das espécies foi domesticada, quando a prisão era efetuada em animais que mais 
facilmente teriam permitido a aproximação do homem. Os animais que tinham por hábito viver em rebanhos teriam 
facilitado o aprisionamento em lotes, os quais poderiam ter sido manejados e removidos de acordo com a vontade do homem. 
A grande maioria dos animais domésticos como o boi, a cabra, o carneiro, o zebu, o búfalo e, sobretudo as aves, fora, assim 
submetidas à domesticação. 
8 – MODIFICAÇÕES APRESENTADAS PELOS ANIMAIS EM DOMESTICIDADE 
As modificações que os animais em domesticidade têm apresentado, se comparadas aos seuscongêneres selvagens, são 
bastante significativas. Essas modificações são conseqüências de processos evolutivos dinâmicos que tendem, inclusive, a 
acelerar-se cada vez mais em virtude da ampliação dos conhecimentos da genética e das inesgotáveis possibilidades da 
Biotecnologia.São bastante evidentes tais modificações, atingindo as formas, as funções e o 
comportamento dos animais. 
8.1 – Morfológicas 
Atingem a estrutura do organismo dos animais com conseqüências sobre suas atividades fisiológicas. 
a) Qualidade dos pêlos: nos animais silvestres, em regra geral, são grosseiros, mal distribuídos e às vezes apresentando uma 
maior concentração em torno da cintura escapular, enquanto nos animais de criação são geralmente mais finos e 
sedosos,distribuídos uniformemente sobre o corpo, às vezes com características próprias, como nos carneiros e algumas raças 
de caprinos e coelhos, formando a lã. 
b) Coloração da pelagem: nos animais selvagens, é geralmente uniforme, discreta, parda e curta, podendo mudar com a 
estação do ano, ou mesmo apresentar fenômenos de mimetismo. Nos animais mantidos em domesticidade, ela apresenta 
combinações das mais variadas, formando pelagens compostas e conjugadas, facilitando, muitas vezes, a identificação das 
raças pelas suas colorações características; raramente pode ocorrer muda sazonal e, quando isto ocorre, é pouco acentuada. 
c) Tamanho e dimensões corporais: são mais ou menos uniformes nos animais que vivem em liberdade, ocorrendo muitas 
vezes o maior desenvolvimento da cintura escapular. Nos animais domésticos, o tamanho varia com a raça, havendo um 
equilíbrio entre a cintura pélvica e a cintura escapular, podendo ser a primeira, desenvolvida nos 
animais produtores de leite. 
d) Defesas: presentes nos animais selvagens e bastante desenvolvidas devido ao processo seletivo natural. Assim, há 
necessidade de chifres, garras e dentes fortes em posição contrária aos animais domésticos que os têm de menor tamanho ou 
mesmo estão ausentes, como os chifres em algumas raças de bois, zebus e carneiros. 
8.2 – Fisiológicas 
Estas modificações são, sem dúvida, as mais notáveis, exatamente pelo fato da exploração animal depender de maior 
intensidade fisiológica. 
a) Fertilidade: não é muito acentuada nos animais selvagens, pois estes tendem a apresentar cios estacionais, inclusive com 
anestro, o que não ocorre com os animais de criação, que são mais férteis e repetem sucessivamente seus ciclos estrais. 
b) Prolificidade: ocorre da mesma forma, pois os animais que vivem em liberdade, pela necessidade de proteger os seus 
filhos, os têm um número limitado, posicionando-se os animais domésticos como mais prolíferos, contando com a ajuda do 
homem para atender as suas crias; devido ao incentivo da seleção, apresentam uma atividade gonadal bastante aumentada, 
como a postura nas galinhas, codornas e marrecos. 
c) Lactação: nos mamíferos selvagens, está restrita às necessidades das crias, tendo sido bastante aumentada nos animais de 
criação, quer na sua quantidade diária, quer no número de dias de atividade das glândulas mamárias. 
d) Velocidade de crescimento: é muito lenta ou mesmo retardada nos animais que vivem em condições de liberdade, 
enquanto é bastante acelerada nos animais criados pelo homem, sobretudo os destinados à produção de carne, que 
apresentam altos índices de conversão alimentar. 
8.3 - Etológicas 
Diz respeito ao comportamento individual e social dos animais e sua conseqüência nas condições sob estudo. 
a) Instinto de defesa: nos animais selvagens, é bastante aguçado; audição, visão e olfato muito evoluídos e adaptados, por 
necessidade de auto-proteção. O inverso acontece nos animais domésticos que reduziram bastante seus instintos de defesa, 
sendo que algumas espécies ou raças são totalmente incapazes de sobreviverem em ambientes selvagens. 
b) Comportamento sexual: ao contrário dos domésticos, nos animais de hábitos selvagens a monogamia ocorre na grande 
maioria das espécies, mantendo o instinto reprodutivo limitado à temporada da reprodução, quando as fêmeas entram em 
estro coletivamente e os machos passam a competir acirradamente pela posse das mesmas, o que se dá, portanto, por 
liberdade de iniciativa. Nos animais criados sob a orientação do homem, este orienta, por mais empírico que sejam os seus 
métodos de criação, a forma da população e, conseqüentemente, sua composição étnica. Nos animais domésticos a hierarquia 
social nem sempre é bem estabelecida o que decorre, muito provavelmente, da ausência de predadores. 
 
9 – FATORES RESPONSÁVEIS PELAS MODIFICAÇÕES APRESENTADAS PELOS ANIMAIS EM 
DOMESTICIDADE 
Quase todos os animais, ao sofrerem as mais diversas modificações durante o processo de domesticação, tiveram como 
responsáveis a seleção, o regime de criação e a alimentação. 
9.1 – Seleção 
Alterando a atividade da seleção natural, substituindo-a pela seleção artificial, o trabalho do homem foi no sentido de fazer 
reproduzir, em separado, formas com características próprias. Em conseqüência, muitas espécies hoje em domesticidade não 
apresentam nenhuma ou quase nenhuma semelhança com seus ancestrais selagens. Convém salientar que no processo 
seletivo inicial, muito provavelmente, o homem deve ter separado para a reprodução indivíduos mais mansos e dóceis, tendo 
só posteriormente enveredado pelo processo de escolha daqueles que mais vantagens produtivas apresentavam para 
exploração, devido à presença de atributos especiais mais destacáveis. Com exceção, algumas espécies ainda mantêm 
semelhanças notáveis com seus similares selvagens, como búfalo, jumento, que conserva a faixa escura, que desce da 
cernelha às espáduas, herdada da forma primitiva, selvagem, originária da África Oriental. 
9.2 – Regime de Criação 
As transformações radicais surgidas pelas modificações introduzidas nos regimes de criação, quando os animais se afastaram 
do seu meio ecológico original e se disseminaram pelas várias partes do mundo (com exceção de algumas 
espécies),contribuíram, por um princípio de adaptação ambiental, para que aparecessem novas formas de vida que, por sua 
vez, apresentaram condições adaptativas aos ambientes novos a que foram levadas. 
9.3 – Alimentação 
Sem sombra de dúvida, a alimentação que o homem direcionou aos seus animais em domesticidade constituiu um dos mais 
fortes fatores responsáveis pelas modificações que hoje estes animais apresentam comparativamente aos seus semelhantes 
que continuaram em vida silvestre. São exemplos as pastagens artificiais perenes e abundantes, bem como as grandes 
aguadas distribuídas racionalmente, oferecidas aos herbívoros domésticos. As criações em confinamento de suínos e aves 
representam exemplos de como a tecnologia humana passou a referendar as necessidades mínimas exigidas, ao tempo em 
que foram descobertas novas opções de fontes de alimento, cuja presença, ou não, era aproveitada, ou era inacessível em 
outras épocas e circunstâncias. 
 
10 – CONSEQUÊNCIAS GENÉTICAS DA DOMESTICAÇÃO 
Em condições naturais de vida (selvagem), a população animal reproduz ao acaso, sem direcionamento e sem escolha dos 
pares. Ao considerarmos as populações nessas condições, deduzimos que as suas freqüências gênicas permanecerão 
inalteradas e, portanto, constantes. Esta afirmativa é comprovada pelo teorema das populações ou de Hardy-Weimberg. 
A domesticação dos animais não modificou em nada o conteúdo das leis da genética. Os princípios da hereditariedade são os 
mesmos, tanto para os animais selvagens como para os domésticos. A domesticação promoveu, em muitos casos, a troca do 
meio ambiente em que viviam na natureza para outros de interesse do homem.Estas modificações permitiram que muitas 
alterações genéticas nesses animais se manifestassem mais claramente do que nas condições de origem.A seleção artificial 
facilitou, na verdade, o direcionamento de exteriorizações genéticas, como, por exemplo, o aparecimento de vacas de maior 
produtividadeleiteira em rebanhos em que essa era a intenção da seleção imposta pelo homem. Que seja evidente que as 
melhores condições de trato, alimentação, saúde, meio, não criaram novos genes, mas possibilitaram rearrumação gênica na 
estrutura cromossômica dos indivíduos e conseqüentes manifestações quando existiam em potencial. Do ponto de vista 
puramente genético, a domesticação dos animais deu lugar às \seguintes conseqüências. 
10.1 – Intensificação da endogamia (consangüinidade) 
A endogamia, ou melhor ainda, a consangüinidade, é o resultado do acasalamento de indivíduos parentes entre si e é 
utilizada quando se acha necessário conservar uma característica desejável.Durante o processo de domesticação, os animais 
foram forçados a permanecerem juntos e, em conseqüência, a reproduzirem-se dentro dos rebanhos. Em pouco tempo, os 
animais de uma comunidade, tribo ou povoado passaram a ser aparentados. É até relativamente provável que nos primórdios 
da domesticação o homem tivesse evitado a consangüinidade, porém em pouco tempo notou-se que a 
abstenção do seu uso tornava bastante lento o processo de fixação das características desejáveis, sobretudo pelo fato de que a 
busca pela uniformidade dos rebanhos foi sempre procurada pelo homem entre seus animais de criação. Independente do fato 
dos homens das civilizações mais antigas desejarem manter seus animais ―em família‖ sempre houve a possibilidade de 
introdução de novos indivíduos no rebanho, em conseqüência de guerras ou mesmo trocas, sendo, entretanto, essas 
possibilidades muito mais prováveis de terem ocorrido entre vizinhos, cujos animais, por sua vez, devido a intercâmbios 
anteriores, já eram aparentados.A diminuição da variabilidade, como conseqüência dessa consangüinidade, gerou problemas 
de falta de adaptação, pelo fato do homem conseguir algumas variantes que normalmente não conseguiram sobreviver em 
condições plenamente naturais de criação. As situações de isolamento geográfico que deram margem ao surgimento de 
grupos e subgrupos diferenciados nas condições de selvagens são da mesma ordem do isolamento biológico, aqui, entretanto 
determinado pelo homem nos primórdios da domesticação, ao evitar que seus ―bons animais‖ passassem às mãos dos 
inimigos potenciais. Em conseqüência, apareceram tipos cada vez mais assemelhados entre si pelo uso de endogamia, daí a 
multiplicidade de raças domésticas. O êxito da consangüinidade fluiu, no entanto, da sanidade dos genótipos. 
10.2 – Predomínio da seleção artificial 
A seleção natural, em virtude da domesticação, não foi substituída pela artificial nem muito menos desapareceu. O que teve 
lugar foi a supremacia da seleção efetuada pelo homem, pois sendo muito exigente nas características que pretendia 
selecionar, eliminou a possibilidade de procriar os animais indesejáveis, ou seja, favoreceu, para fins de reprodução os 
indivíduos que considerou mais desejáveis, resultando na proliferação e acúmulo da freqüência dos genes desses favorecidos. 
Por esses fatos, observa-se que a seleção artificial é mais intensa e direcionada do que a seleção natural. Enquanto no 
processo natural de seleção os mais fracos (ou indesejáveis pelo meio) são impedidos de reproduzir plenamente, sendo 
substituídos pelos mais aptos, a seleção praticada pelo homem afasta definitivamente os indesejáveis da reprodução (pelo 
menos os machos) pela prática de castração. A castração é de uso muito antigo, sendo uma das práticas cirúrgicas mais 
remotas. Os eunucos são citados na Bíblia, assim como no código de Hamurabi. Em bovinos, a citação mais antiga está a 
cargo da civilização Hindu, sendo relatada nos Purunas como existente a mais de 2.000 anos a.C., prática comum em cavalos 
nas civilizações dos hititas e dos assírios.Nos animais domésticos, pelo predomínio da seleção artificial, há uma diminuição 
das ações da seleção natural, assim substituída pelo que hoje e se costumou chamar de seleção natural em cativeiro. Esta age 
primordialmente, eliminando os indivíduos que apresentam características biológicas de incapacidade para a reprodução.Esta 
ação pode ser muito bem sentida pela diminuição da eficiência reprodutiva de certos rebanhos, ou mesmo mais 
genericamente em populações, pelo aumento da freqüência dos casos de infecundidade. 
10.3 – Maior possibilidade de exogamia 
Trata-se de conseqüência inversa à da consangüinidade. Esta possibilidade foi aumentada a partir da época em que os 
animais puderam ser transportados mais facilmente para pontos mais distantes daqueles em que nasceram. Então passaram a 
ser acasalados com tipos diferentes daqueles que normalmente teriam oportunidade, caso continuassem permanecido em 
estado selvagem. Estas possibilidades ampliaram-se de forma expressiva com os mercadores fenícios que comercializavam 
animais em toda a bacia do Mediterrâneo, continuando com as conquistas dos macedônios de Alexandre Magno, dos persas e 
dos romanos. O intercâmbio de animais por comercialização ou saque, tornou-se mais comum a partir da época das 
Cruzadas, quando bovinos oriundos das mais variadas partes da Europa foram levados para todo o Oriente Médio, enquanto 
para a Europa foram trazidos cavalos árabes das melhores procedências. Com a descoberta dos caminhos e com a expansão 
do colonialismo europeu, a introdução dos animais domésticos em novas fronteiras torna-se uma atividade rotineira.As raças 
bovinas inglesas de corte invadiram as pastagens de clima temperado da América, Austrália e Sul da África, enquanto os 
zebus, originários da Índia, penetravam nas terras tropicais do Brasil, ocupando toda a faixa intertropical das 
Américas,encontrando-se e misturando-se com os bovinos de proveniência européia. Carneiros ingleses e espanhóis foram 
distribuídos por toda a Terra. Cabras do Ocidente foram levadas ao Oriente e vice-versa. Os cavalos ibéricos originados dos 
árabes retornaram às Américas onde tinham sido extintos na sua forma primitiva. Entretanto, quem viria a aumentar as 
possibilidades da exogamia foram as técnicas instrumentais de reprodução pelo congelamento de sêmen. Material fecundante 
tem sido transportado de todas as partes do mundo, facilitando os trabalhos de seleção, tendo culminado com a aplicação da 
técnica de transferência de embriões.Todos estes resultados tiveram como mérito intensificar surpreendentemente o processo 
evolutivo dos animais domésticos, comparativamente aos seus similares selvagens, sem que tenham sido esgotadas as 
possibilidades de maior aceleração quando se objetiva ultrapassar recordes de produção hoje existentes entre os animais de 
criação. 
 
O QUE É ZOOTECNIA ? 
É uma profissão que tem por objetivo principal o aperfeiçoamento da produção dos animais de interesse econômico, 
garantindo qualidade ao produto final, rentabilidade aos investidores e respeito ao equilíbrio ambiental. 
• O zootecnista desenvolve e aplica técnicas especiais para criar animais como bovinos, búfalos, suínos, eqüinos, ovelhas, 
cabras, aves, abelhas, coelhos, animais de companhia, peixes, rãs e demais organismos aquáticos. 
Sua formação também garante a atuação em empresas de pesquisa e extensão, desenvolvendo e disseminando tecnologia de 
ponta, de forma a garantir maior produtividade e qualidade aos produtos a serem comercializados, fortalecendo o 
agronegócio brasileiro. 
• Ao planejar qualquer atividade agropecuária, este profissional realiza a análise da viabilidade econômica do 
empreendimento, administra o trabalho diário aplicado aos rebanhos, controla custos e garante o melhoramento genético das 
espécies e raças envolvidas. 
•Na indústria, o mesmo acompanha e gerencia a fabricação de suplementos minerais e vitamínicos, rações e outros 
produtos destinados ao consumo animal, assim como também a produção de laticínios, frios e embutidos. 
• Por fim, destaca-se a possibilidade da gestão estratégica de empresas e atividades que visam o desenvolvimento de 
novos conceitos ou produtos, os quais passam a apresentar maiorvalor agregado e fácil aceitação no mercado. Como 
exemplo, podem ser citadas as atividades que visam a obtenção de produtos orgânicos, o desenvolvimento de selos de 
garantia e a organização logística das cadeias produtivas dentro dos elos que integram o agronegócio. 
• Segundo registros históricos, a arte de criar animais iniciou a 6 mil anos A.C. com a domesticação de algumas espécies 
animais. 
• Durante muito tempo as práticas de criação se desenvolveram empiricamente até que o Conde De Gasparin, em 1843, 
introduziu no vocabulário científico o termo ZOOTECNIA, registrado na língua francesa como " zootechnie ", sendo a 
palavra formada a partir dos radicais gregos " zoon " e " tecnê ", cuja composição resultou numa definição prévia como o 
conjunto de conhecimentos já existentes relativos à criação dos animais domésticos. 
• No Brasil, o seu reconhecimento efetivou-se em 1966 com a criação do primeiro curso superior de Zootecnia em 
Uruguaiana – RS (Faculdade Católica de Uruguaiana - PUCRS), através de estímulos e iniciativas de alguns profissionais 
(maior destaque ao agrônomo Octávio Domingues – pai da Zootecnia no Brasil), os quais perceberam a necessidade de 
separar o estudo dos animais domésticos da agricultura, dando condições de estudos mais dirigidos a esta área das ciências 
agrárias. 
 
ATRIBUTOS PARA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES 
 
• Fecundidade em cativeiro, de modo que os indivíduos não precisem ser continuamente capturados/ aprisionados para serem 
utilizados pelo homem. 
• Ter tendência hereditária a mansidão, atributo pelo qual os animais que nascem no cativeiro aceitam facilmente o convívio 
com o homem e com outras espécies, 
• Apresentar sociabilidade, característica das espécies dotadas de hábitos gregários, que permite a vida em bando, próprias 
dos animais em domesticidade.As espécies que não possuem estes atributos permanecem selvagens, mesmo aquelas cuja 
domesticação foi tentada pelo homem, ou seria resultado do seu convívio com o homem, como é o caso da zebra, do chacal, 
do leão, do bisão americano, do falcão e etc. 
 
 
ÁREA DE ATUAÇÃO DO ZOOTECNISTA 
 
O graduado em Zootecnia poderá desempenhar as seguintes funções: 
• Prestar assistência técnica, assessoria e consultoria nas áreas de melhoramento, nutrição, reprodução, instalações e manejo 
dos animais explorados economicamente; 
• Elaborar, avaliar e executar projetos pecuários de interesse zootécnico; 
• Planejar, conduzir e realizar pesquisas zootécnicas e divulgar seus resultados; 
• Realizar atividades de ensino e extensão zootécnica; 
• Realizar análises químicas e físicas das matérias-primas e rações utilizadas na alimentação animal 
• Supervisionar o organizar exposições oficiais de animais; 
• Atuar como jurado nas exposições oficiais de animais; 
• Participar dos exames dos animais para efeito de suas inscrições na Sociedade de Registro Genealógico; 
• identificar o valor formativo dos alimentos, através de ensaios biológicos de digestibilidade; 
• realizar ensaios alimentares visando propor alternativas econômicas na alimentação animal; 
• Formular e balancear rações para diferentes espécies de animais explorados zootecnicamente; 
• Desenvolver atividades que visem a preservação do meioambiente, através da defesa da fauna e do controle da 
exploração das espécies de animais silvestres; 
• Orientar e estimular a higiene e profilaxia nos animais domésticos; 
• Implantar, utilizar e manejar corretamente as principais pastagens naturais e cultivadas utilizadas na alimentação animal; 
• Detectar e identificar problemas comportamentais dos animais explorados economicamente; 
• Identificar e realizar a tipificação e classificação de carcaças e avaliar as características organolépticas da carne e dos 
fatores que alteram sua qualidade; 
• Promover a adaptação de animais em climas diferentes da sua origem; 
• Atuar na conservação e transformação de derivados de origem animal; 
• Promover e aplicar medidas de fomento à produção animal; 
• Desenvolver atividades na área de Biotecnologia Animal; 
• Atuar na reprodução dos animais domésticos em práticas nãocirúrgicas; 
• Conhecer e aplicar conceitos em Bioclimatologia. 
• Fomentar, planejar, coordenar e administrar programas de criação, de melhoramento genético e de reprodução das 
diferentes espécies animais de interesse econômico e de preservação, visando maior produtividade, equilíbrio ambiental e 
respeitando as biodiversidades no desenvolvimento de novas biotecnologias agropecuárias. 
• Atuar na área de nutrição e alimentação animal, utilizando seus conhecimentos do funcionamento do organismo 
animal, visando aumentar sua produtividade e o bem-estar, suprindo suas exigências com equilíbrio fisiológico. 
• Responder pela formulação, fabricação e controle de qualidade das dietas e rações para animais, responsabilizando-se pela 
eficiência nutricional das fórmulas. 
• Planejar e executar projetos de construções rurais, formação e/ou produção de pastos e forrageiras e controle ambiental. 
• Pesquisar e propor formas mais adequadas de utilização dos animais silvestres e exóticos, adotando conhecimentos de 
biologia, fisiologia, etologia, bioclimatologia, nutrição, reprodução e genética, visando seu aproveitamento econômico ou sua 
preservação. 
• Administrar propriedades rurais, estabelecimentos industriais e comerciais ligados à produção, melhoramento e tecnologias 
animais. 
• Avaliar e realizar perícia em animais, identificando taras e vícios, com fins administrativos, de crédito, seguro e judiciais e 
elaborar laudos técnicos e científicos no seu campo de atuação. 
• Planejar, pesquisar e supervisionar a criação de animais de companhia, esporte ou lazer, buscando seu bem-estar, equilíbrio 
nutricional e controle genealógico. 
• Desenvolver, processar, avaliar, rastrear, classificar e tipificar animais, produtos, co-produtos e derivados de origem 
animal, em todos os seus estágios de produção. 
• Responder técnica e administrativamente pela implantação e execução de rodeios, exposições, torneios e feiras 
agropecuárias.Executar o julgamento, supervisionar e assessorar inscrição de animais em sociedades de registro genealógico, 
exposições,provas e avaliações funcionais e zootécnicas. 
• Realizar estudos de impacto ambiental, por ocasião da implantação de sistemas de produções de animais, adotando 
tecnologias adequadas ao controle, aproveitamento e reciclagem dos resíduos e dejetos. 
• Atuar nas técnicas de criação, transporte, manipulação e abate, e na obtenção de produtos de origem animal, buscando 
qualidade, segurança alimentar e do alimento eeconomia. 
• Atuar nas áreas de difusão, informação e comunicação especializada em Zootecnia. 
• O Zootecnista teve sua profissão regulamentada através da Lei no 5.550, de 04 de dezembro de 1968 e está a cargo dos 
Conselhos Federal e regionais de Medicina Veterinária a fiscalização do exercício profissional. 
• Em 1984, através da Resolução no 09/84 do MEC, foram fixados o currículo mínimo e a duração (do currículo) para o 
Curso de Zootecnia, ficando estabelecida a carga horária mínima de 3.600 horas. 
• O campo de atividades do Zootecnista ficou mais especificado através da Resolução n° 619 de 14/12/94 do 
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). 
 
SURGIMENTO DA ZOOTECNIA 
1 – INTRODUÇÃO 
 
A criação dos animais domésticos só começou a ser considerada um ramo de estudos à parte com a instalação do Instituto 
Agronômico de Versailles, em 1848, graças à distinção estabelecida pelo Conde de Gasparin entre técnica agrícola e criação. 
Desligou-se da agricultura, individualizando-se, constituindo um corpo independente de doutrinas, ao qual o próprio 
Gasparin batizava com o nome de Zootecnia, tirando-o do grego zoon-animal, e technê – arte, e pela primeira vez aplicando-
o no seu célebre livro cours d’Agriculture (Paris, 1844).Peso morto, inutilidade ou mal necessário era o conceito que se tinha 
do animal doméstico, até 1848, ano em que foi criado o Instituto Nacional Agronômico,em Versailles. Com a criação desse 
instituto, desligou-se, sob a inspiração de Gasparin, o estudo dos animais domésticos do curso de Agricultura, e constituiu-se 
em cátedra que recebeu o nome anteriormente proposto por ele (1844), para designar o novo conjunto de conhecimentos, 
referentes à produção animal. Segundo o regulamento do Instituto, os candidatos às cadeiras de professor deviam expor, 
numa tese, o plano de ensino da matéria que desejavam lecionar. O programa de um dos candidatos, um jovem naturalista 
chamado Emile Baudement, identificava-se tão perfeitamente com o pensamento que presidira à função do Instituto 
Agronômico, que todas as simpatias se voltaram para ele. Esse concurso, realizado em fins de 1849, foi brilhante, e 
Baudement ganhou por isso a aprovação unânime dos membros do júri, cujo presidente era o Conde Gasparin.Com 
Baudement, podemos admitir que nasceu em fim a Zootecnia como um corpo de doutrinas carentes de uma base científica. 
Mas sua glória indiscutivelmente está no fato de haver, por primeiro determinado, e com precisão, o papel do animal 
doméstico na exploração rural, que até então era considerado uma inutilidade, um peso morto, um ―mal necessário‖.Com sua 
tese, Baudement estabeleceu o princípio teórico que consiste em considerar o animal doméstico como uma máquina viva 
transformadora e valorizadora de alimentos. Este é o fundamento de todos os conhecimentos zootécnicos.Como visto, a arte 
de criar animais é remota e a ciência relativamente nova. Até antes de Baudement reinava o empirismo. Mas no seu início, a 
Zootecnia como ciência 
não passava de uma sistematização do empirismo mesmo. É que toda a ciência começou sendo empirismo. O que a 
experiência prática faz é fornecer dados, desordenadamente. 
A ciência observava as condições dessas experiências, repete-as e deduz as leis, tudo com ordem, com método. Daí muitas 
vezes os equívocos do prático nas suas afirmações, que não podem ser generalizadas; daí também o caráter geral da ciência e 
a maleabilidade de sua doutrinação, que encara particularmente cada conjunto de 
condições para orientar a prática. Entregando-se, portanto, o animal doméstico à ciência, a zootecnia desde então 
(1848 - 1850) deixou de ser apenas uma arte que se aprende na ―lida‖ com o gado, para ser também uma ciência aplicada, 
que se há de aprender, não só no campo, mas nos livros, nos laboratórios, nas fazendas experimentais, enfim, em todo lugar 
onde o animal doméstico possa ser observado e submetido a experiências do domínio da Biologia. No Brasil a zootecnia foi 
ensinada como disciplina especial nos cursos de agronomia até 1966 quando foi criado, na PUC de Uruguaiana, RS, o 
primeiro curso de graduação em Zootecnia. A profissão foi regulamentada em 4 de dezembro de 1968 pela lei federal nº 
5.550. 
 
2 – DEFINIÇÃO DE ZOOTECNIA 
Vimos que o objeto da arte ou da ciência de criar é o animal doméstico. Animal esse considerado como ―máquina viva‖, de 
cujo funcionamento depende o lucro do criador. Quanto mais aperfeiçoada em seu funcionamento, mas lucrativa.Baudement 
imaginou, inicialmente, que o animal doméstico, para ser mais perfeito, de maior rendimento, mais lucrativo – seria o que 
realizasse uma única função produtiva elevada ao grau de especialização. De certo modo assim deverá ser, pois, a produção 
de mais de uma utilidade tem como conseqüência um rendimento menor em cada uma das atividades produtivas do animal. 
As raças chamadas mistas, de dupla utilidade (carne e leite, carne e ovos, carne e lã, etc...) na são aquelas capazes de maiores 
rendimentos. Estes só são conseguidos com o desenvolvimento de uma função produtiva: carne ou leite, carne ou ovos, carne 
ou lã. Daí, bovinos de corte ou leiteiros,galinhas para ovos, ovinos para lã, especializadamente, com os mais altos 
rendimentos. Essa doutrina chamada de especialização estará certa desde que: 
1 – Não se eleve ao máximo a especialização, a ponto de se determinar no animal um desequilíbrio fisiológico; 
2 – Não deixe de ser encarada a vitória da raça sobre o meio no qual é ou deve ser explorada. 
Surge então um segundo problema, o da adaptação vitoriosa dos animais ao ambiente criatório. Problema que não tardou a 
ser posto em evidência primeiramente por Barin (1888) e depois por Dechambre (1923). A afirmativa do primeiro é incisiva: 
―os melhores animais não são necessariamente os mais aperfeiçoados e sim aqueles que mais bem se adaptam às condições 
da exploração a que são submetidos.‖ E Dechambre demonstrou desde logo ter bem aprendido a questão ao declarar: ―O 
melhor animal é aquele que, em determinada situação, se apresenta adaptado às exigências locais.‖ E então: ―O termo 
adaptação deve ser preferido ao de especialização.‖ Podendo-se ser mais radical, afirmando-se que o termo especialização 
deverá ser sempre substituído por adaptação, biologicamente e zootecnicamente muito 
mais acertado. O aperfeiçoamento zootécnico está, portanto, na adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e na 
adaptação econômica do meio criatório ao animal. Repare-se que diz-se ―adaptação econômica‖, pois a adaptação que não 
for econômica está fora da zootecnia – arte de criar gados com produção de renda lucrativa. Mesmo porque a 
adaptação pode ser conseguida, com prejuízo da renda. E então o animal estará ajustado às condições do meio onde vive, 
mas seu rendimento zootécnico não seria lucrativo, e, pois, não econômico. Isto acontece, mas não deve ser o ideal para o 
criador.Chegando a este ponto, tornou-se possível formular, agora, uma definição da Zootecnia, na qual se tenha presente e 
resolvido o problema da perfeição das máquinas vivas, exploradas pelo homem. Diremos então: Zootecnia é a ciência 
aplicada, que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao 
ambiente criatório, e deste àquele. Nesta mútua adaptação econômica é que resume toda a tarefa do criador, e este 
não ambiciona realizar mais do que isto: animais fáceis de criar, cujo rendimento zootécnico dá lucro. Para isso seu trabalho 
é o de ajustar o animal ao ambiente, pela aplicação inteligente da genética animal, e também ajustar o meio ao animal, que 
deve criar, pondo em prática os ensinamentos da zootecnia, da bromatologia aplicada ao gado, da higiene veterinária, seja na 
construção das instalações de que aqueles carecem,seja nos meios de ambientá-los, seja na defesa e conservação da sua 
saúde.Tanto é assim que uma máquina viva (uma cabra, um carneiro, uma galinha) de alta capacidade produtiva, produzirá 
mal ou nem chegará a produzir se posta em ambiente de condições diferentes daquelas nas quais foi produzida. Sua carga 
genética,para um rendimento alto, não se pode expressar, porque sua fisiologia, desajustada ao novo meio, será um embaraço 
sério às atividades produtivas. 
 
3 – O OBJETIVO DA ZOOTECNIA 
O animal doméstico é o objetivo da Zootecnia. Estudar zootecnia é realizar o perfeito conhecimento desse grupo especial e 
muito limitado de animais, que o homem, através dos tempos, tirou vitoriosamente da vida selvagem. 
Quanto mais perfeito esse conhecimento, maiores serão as probabilidades de êxito na exploração desses animais. A criação, 
sem esse conhecimento, será empiricamente feira, e ficará muito sujeita a descaminhos, ao primeiro desajuste entre animais e 
ambiente. 
O conhecimento do animal doméstico é feito sob os seguintes aspectos: 
- Domesticação – origem e entrada em domesticidade; 
- Individualmente – características étnicas ou raciais, e produtivas; 
- Bioclimatologia – ação do meio natural, clima, etc; 
- Melhoramento individual – ação das condições reguladas pelo homem: manejo,alimentação e higiene; 
- Estatística – sua variabilidade; 
- Genética – reprodução e hereditariedade; 
- Métodos de reprodução – seu melhoramento genético: do indivíduo e da raça. 
Como se vê, o conhecimento perfeito do animal doméstico é tarefa por demais complexa, que exige penetrar-se em vários 
campos científicos.O objetivo da zootecnia é realizar o perfeito conhecimento dos animais domésticos, melhorando sua 
nutrição, sua sanidade, seu manejo e sua genética, para,desta forma, obter desse grupo de animais uma maior produtividade 
econômica possível de seus produtos (carne, leite, ovos, lã, pêlos, esterco, etc). Retira-se destes animais,alimentos 
indispensáveis à vida humana; objetos como pele, lã, pêlos; produtos farmacêuticos; esterco; gera empregos; promove 
avanço no desenvolvimento socioeconômico de um povo; serve como terapia para deficientes físicos e mentais, etc. 
 
4 – CORRELAÇÃO DA ZOOTECNIA COM A AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E OUTRAS 
CIÊNCIAS 
Estabelecido que a Zootecnia é uma ciência, pois constitui-se num conjunto organizado de conhecimentos sobre a criação 
econômica de animais, é evidente seu intercâmbio com as demais, inclusive com outras que não só aquelas da área biológica 
onde está inserida. Inicialmente, consideramos a anatomia que, descrevendo as formas e a estrutura 
do corpo animal, fornece à fisiologia toda a fundamentação para o estudo dos processos funcionais do organismo; levando 
em conta que toda a produtividade animal é fruto das funções orgânicas, o conhecimento profundo da fisiologia é condição 
primordial para a exploração racional dos animais. A genética, por intermédio do melhoramento animal,com o avanço 
gigantesco na sua área de conhecimento, oferece um horizonte quase infinito através de combinações e fórmulas genéticas 
capazes de alcançar índices de produção ainda não imaginados. A bioquímica, fornecendo subsídios à nutrição animal para 
aumentar a conversibilidade de alimentos em produtos, por seu lado oferece elementos preciosos à zootecnia. Seu 
relacionamento com a ecologia, pelos estudos da etologia e da bioclimatologia, vem se estreitando cada vez mais, pois 
pesquisas realizadas ultimamente têm revelado que o meio ambiente tem que ser considerado seriamente como fator 
desfavorável no comportamento e na adaptação dos animais aos vários meios, com possíveis prejuízos na produtividade. 
Com a agronomia, ciência responsável pela produtividade do solo, há um interrelacionamento bastante estreito, pois direta ou 
indiretamente todos os alimentos dos animais provêm da agricultura, sendo a agrostologia o segmento da ciência agrícola 
encarregado da produção e melhoramento das pastagens e das plantas forrageiras, ponto inicial da cadeia alimentar dos 
animais. Na área de medicina veterinária, alicerçada nas ciências biológicas fundamentais, vamos encontrar contribuições 
altamente valiosas. A patologia, juntamente com a microbiologia e parasitologia, colaborando para a saúde e integridade do 
organismo animal, são de valor inigualável para o êxito da produção, devendo-se dar destaque à importância da medicina 
veterinária preventiva, ou seja, a sanidade animal,cuja atuação é indispensável para qualquer trabalho zootécnico. A 
medicina veterinária curativa não pode deixar de ser considerada, pois o acervo genético dos rebanhos em muitas situações 
só pode ser resguardado por sua atuação eficiente. Convém dar um destaque muito especial aos estudos da reprodução 
animal, cujas participações na manutenção da eficiência reprodutiva em altos índices e na disseminação de genes desejáveis 
em grande escala, pela utilização dos bancos de sêmen têm sido pilares importantíssimos para o êxito da zootécnica 
moderna.Fora das ciências biológicas, a matemática é utilíssima para o melhoramento animal, pois é o elemento instrumental 
para o manuseio dos conhecimentos da genética. É ainda a matemática que fornece meios à estatística para os levantamentos 
dos rebanhos, e, sobretudo para subsidiar a bioestatística na atuação das pesquisas e experimentações tão importantes no 
desenvolvimento da ciência zootécnica.Finalmente, a economia é a parceira inseparável da zootecnia. Qualquer 
empreendimento que seja economicamente viável não pode ser considerado (independente da exploração animal), vez que a 
zootecnia é antes de tudo uma―indústria animal‖ como bem definiu Baudement. 
Vale destacar o relacionamento final e indireto da zootecnia com a tecnologia dos alimentos, especificamente aqueles de 
origem animal, como da carne e do leite,cujos produtos sujeitos à rigorosa inspeção dão destinados à alimentação humana, 
nomesmo direcionamento do homem primitivo ao procurar a caça para suprir suas necessidades de alimentos, sobretudo das 
proteínas nobres encontradas nos produtos originários dos animais. 
 
CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DAS ESPÉCIES ANIMAIS 
 
- Nomenclatura X Taxonomia X Classificação X Sistemática 
 - Sistemática – relação de parentesco entre organismos 
 - Taxonomia – trata das regras de nomenclatura 
 - Classificação – relacionada à taxonomia – categorias hierárquicas 
- Importância da nomenclatura – unificação - universal 
 - interdisciplinar 
- Aristóteles – nomenclatura binomial 
- John Ray (1627 - 1705) - conceito moderno de espécie 
- Karl Von Linné (1707-1778) – bases da classificação biológica 
 - Código Internacional de Nomenclatura Zoológica 
 - objetivo - "promover a estabilidade e a universalidade dos nomes científicos dos animais, e assegurar que o nome 
de cada táxon seja único e distinto". 
 
- Categorias taxonômicas - obrigatórias – reino, filo, classe, ordem, família gênero e espécie 
 
 - facultativas – subfilo, superclasse, subclasse, infraclasse, coorte, superordem, subordem, infraordem, superfamília, 
tribo, subtribo, subgênero e subespécie 
- Até séc. XVIII – textos – Latim (obrigatório) 
- Nacionalismo (Europa) – ≠ idiomas – nomes técnicos internacionais 
Algumas das principais regras de nomenclatura zoológica: 
Os nomes científicos devem ser escritos com raízes gregas ou latinas (ou, na falta delas, com palavras latinizadas). 
 
* Anthropoidea (gr.: anthropus → homem) 
* Marsupialia (lat.: marsupium → bolsa) 
* Homo (lat.: homo → homem) 
Nomes geográficos são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação neutra 
(―us‖ ou ―is‖). 
 
* Mesosaurus brasiliensis 
* Australopithecus africanus 
Nomes patronímios são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação masculina 
(―i‖) ou na feminina (―ae‖). 
 
* Latimeria chulmanae → Chulmann 
* Carodinia vieirai → Vieira 
* Ramapithecus nyanzae → Nyanz 
A nomenclatura estrutura-se a partir do nome da espécie, formado pelo nome ―genérico‖ e ―específico‖. 
 
* Homo habilis 
Numa publicação científica, deve-se acrescentar o nome do autor, uma vírgula e o ano da publicação. 
 
* Parapanochthus jaguaribensis Moreira, 1971 
A nomenclatura da subespécie é trinomial (nome genérico + nome específico + nome subespecífico). 
* Homo sapiens neanderthalensis 
A nomenclatura do subgênero é tri nominal (nome genérico + nome subgenérico + nome específico). 
* Australopithecus (Plesianthropus) transvalensis 
Nomes de subespécie, espécies, subgêneros e gêneros devem aparecer sempre grifados (destacados) no texto 
Os nomes empregados para denominar as categorias taxonômicas de gênero para cima são sempre uninominais (escritas com 
inicial maiúscula). 
 
Alguns nomes devem ser escritos com terminações fixas: 
* Subordem → ina/dina (Hominina) 
* Superfamília → oidea (Hominoidea) 
* Familia → idae (Hominidae) 
* Subfamília → inae (Homininae) 
* Tribo → ini (Hominini) 
 
CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DE ALGUMAS ESPÉCIES DE INTERESSE ZOOTÉCNICO 
FILO Annelida (anelídeos) 
 CLASSE Clitellata 
 ORDEM Haplotaxida 
 FAMÍLIA Lumbricidae 
 GÊNERO Eisenia 
 ESPÉCIE Eisenia foetida (minhoca) 
FILO Arthropoda (Artrópodes) 
SUBFILO Hexapoda 
CLASSE Insecta 
ORDEM Hymenoptera 
FAMÍLIA Apidae 
 GÊNERO – Apis 
 ESPÉCIE – Apis mellifera (abelha) 
ORDEM Lepidoptera 
FAMÍLIA Bombycidae 
 GÊNERO – Bombyx 
 ESPÉCIE – Bombyx mori (bicho da seda) 
 SUBFILO Crustacea 
 CLASSE Malacostraca 
 ORDEM Decapoda 
 FAMÍLIA Penaeidae 
 GÊNERO – Penaeus 
 ESPÉCIE – Penaeus vannamei (camarão)FILO Mollusca (Moluscos) 
 CLASSE Bivalvia 
 ORDEM Mytiloida 
 FAMÍLIA Mytilidae 
GÊNERO – Mytilus 
ESPÉCIES – Mytilus edulis (mexilhão) 
 Mytilus galloprovincialis 
 ORDEM Ostreoida 
 FAMÍLIA Ostreidae 
 GÊNERO – Crassostrea, Ostrea, outros 
 ESPÉCIE – Crassostrea gigas (ostra) 
 
 
CLASSE Gastropoda (gastrópodes) 
 ORDEM Stylommatophora 
 FAMÍLIA Helicidae 
 GÊNERO Helix 
 ESPÉCIE Helix aspersa (escargot, caracol) 
 Helix pomatia 
FILO Chordata (Cordados) 
SUBFILO Vertebrata 
SUPERCLASSE Osteichthyes (peixes ósseos) 
 CLASSE Actinopterygii 
 INFRACLASSE Teleostei (44 ordens) 
ORDEM Cypriniformes (± 3.268 spp.em 5 famílias) 
FAMÍLIA Cyprinidae 
GÊNERO – Cyprinus 
ESPÉCIE – Cyprinus carpio (carpa) 
 ORDEM Characiformes (± 1.674 spp. 20 fam.) 
 FAMÍLIA Characidae (± 56 gêneros BR) 
 GÊNERO - Piaractus 
 ESPÉCIE – P. mesopotamicus (pacu) 
 ORDEM Siluriformes (± 32 famílias) 
 FAMÍLIA Pimelodidae (± 300 spp.) 
 GÊNERO – Pseudoplatystoma 
 ESPÉCIE – P. corruscans (surubim) 
 ORDEM Gymnotiformes (6 famílias) 
 FAMÍLIA Gymnotidae (enguias e sarapós) 
 GÊNERO Gymnotus 
 ESPÉCIE Gymnotus carapo (sarapó) 
 SUPERCLASSE Tetrapoda 
 CLASSE Amphibia 
 SUBCLASSE Lissamphibia (3 ordens) 
 ORDEM Anura 
 FAMÍLIA Ranidae 
 GÊNERO – Rana (240 spp.) 
 ESPÉCIE – R. catesbeiana (rã touro) 
 CLASSE Reptilia 
 ORDEM Crocodylia 
 FAMÍLIA Alligatoridae 
 GÊNERO – Alligator, Caiman, outros 
 ESPÉCIE – A. mississipiensis (jacaré) 
 C. latirostris (jacaré) 
 
 
 CLASSE Aves (31 ordens) 
 ORDEM Galliformes 
 FAMÍLIA Numidae 
 GÊNERO – Numida, agelastes, outros 
 ESPÉCIE – N. meleagris (D’angola) 
 ORDEM Galliformes 
 FAMÍLIA Phasianidae 
 GÊNERO – Gallus 
 ESPÉCIE – Gallus gallus (galinha) 
 GÊNERO – Phasianus 
 ESPÉCIE – Phasianus colchicus (faisão) 
 GÊNERO – Perdix, Alectoris, outros 
 ESPÉCIE – Perdix perdix (perdiz) 
 GÊNERO – Coturnix 
 ESPÉCIE – Coturnix coturnix (codorna) 
 GÊNERO – Meleagris 
 ESPÉCIE – M. gallopavo (peru) 
 ORDEM Anseriformes (161 spp.) 
 FAMÍLIA Anatidae 
 GÊNERO – Anas, Cairina, outros 
 ESPÉCIE – Anas platyrhynchos (pato) 
 GÊNERO – Anser 
 ESPÉCIE – Anser anser (ganso) 
 ORDEM Struthioniformes 
 FAMÍLIA Struthionidae 
 GÊNERO – Struthio 
 ESPÉCIE – Struthio camelus (avestruz) 
 FAMÍLIA Rheidae 
 GÊNERO – Rhea 
 ESPÉCIE – Rhea americana (ema) 
 Rhea pennata 
 ORDEM Psittaciformes (± 360 spp.) 
 FAMÍLIA Psittacidae 
 GÊNERO – Amazona, Psittacus, outros 
 ESPÉCIE – Amazona aestiva (papagaio) 
 GÊNERO – Melopsittacus, Brotoregis 
 ESPÉCIE – M. undulatus (periquito austr.) 
 ORDEM Passeriformes (± 5400 spp.) – pássaros 
 SUBORDEM Passeri (31 famílias) 
 CLASSE Mammalia (mamíferos) (57 ordens; ± 5.550 spp.) 
 ORDEM Artiodactyla (ungulados, 1 par de dedos) 
 FAMÍLIA Suidae 
 GÊNERO – Sus 
 ESPÉCIE – Sus domesticus (porco) 
 FAMÍLIA Tayassuidae 
 GÊNERO – Tayassu 
 ESPÉCIE – T. tajacu (cateto) 
 GÊNERO – Pecari 
 ESPÉCIE – T. tajacu (queixada) 
 FAMÍLIA Bovidae 
 SUBFAMÍLIA Bovinae 
 GÊNERO – Bos 
 ESPÉCIE – Bos taurus (Boi doméstico) 
 SUBESPÉCIE – B. taurus indicus (zebu) 
 GÊNERO – Bubalus 
 ESPÉCIE – B. bubalis (búfalo d’água) 
 SUBFAMÍLIA Caprinae 
 GÊNERO – Capra 
 ESPÉCIE – Capra aegagrus 
 SUBESPÉCIE – C. aegagrus hircus (cabra) 
 GÊNERO – Ovis 
 ESPÉCIE – Ovis aries (ovelha doméstica) 
 ORDEM Rodentia 
 FAMÍLIA Caviidae 
 GÊNERO – Hydrochoerus 
 ESPÉCIE – H. hydrochaeris (capivara) 
 GÊNERO – Cavia 
 ESPÉCIE – C. porcellus (Porquinho da Índia) 
 FAMÍLIA Chinchillidae 
 GÊNERO – Chinchilla 
 ESPÉCIE – C.lanigera (Chinchila) 
 FAMÍLIA Cricetidae 
 GÊNERO – Cricetus, Mesocricetus, outros 
 ESPÉCIE – M. auratus (Hamster) 
 
 
 ORDEM Lagomorpha 
 FAMÍLIA Leporidae 
 GÊNERO Oryctolagus 
 ESPÉCIE Oryctolagus cuniculus (coelho) 
 ORDEM Carnivora (126 gêneros; 286 spp.) 
 SUBORDEM Feliformia 
 FAMÍLIA Felidae 
 GÊNERO – Felis 
 ESPÉCIE – F. silvestris (gato selvagem) 
 SUBESPÉCIE – F. silvestris cattus (gato) 
 SUBORDEM Caniformia 
 FAMÍLIA Canidae 
 GÊNERO – Canis 
 ESPÉCIE – Canis lupus (lobo) 
 SUBESPÉCIE - C. lupus familiaris (cão) 
 FAMÍLIA Mustelidae 
 GÊNERO – Mustela 
 ESPÉCIE – Mustela putorius 
 SUBESPÉCIE – M. putorius furo (ferret) 
 ORDEM Perissodactyla 
 FAMÍLIA Equidae 
 GÊNERO – Equus 
 ESPÉCIE – Equus caballus (cavalo) 
 ESPÉCIE – Equus asinus (jumento) 
 
Obs. EQUIDEOS cavalo (E. caballus) 
 jumento, jegue (E. asinus) 
 Burro (híbrido) E. asinus ♂ X ♀ E. caballus 
 ↓ 
 ♂ burro 
 ♀ mula 
 
A DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS 
 
- Atualmente – comum (consumo de carne, leite e derivados, transporte, companhia) 
- Primórdios da civilizações – alimento (carne) 
- + tarde – outras utilidades (tração, transporte, vestuário, etc.) 
- Presença humana – animais mais dóceis (contato) - submissão 
 - interação 
 - dependência 
- Budiansky (1999) – animais ―escolhem‖ a domesticação – vantagens mútuas 
 Muitas espécies extintas estariam salvas (?) 
- Espécie selvagem → → → → espécie mansa – processos semelhantes 
- Bases científicas – Genética (seleção) e Evolução – herdabilidade 
 - Seleção natural – adaptação a ambientes desafiadores – sobrevivência 
 - Seleção induzida (artificial) – características desejáveis ao homem 
 - Desempenho (crescimento, ganho de peso, precocidade, etc.) 
 - Aparência/ estética (cor de pelagem, porte físico, andamento, etc.) 
 - Resistência (clima, sanidade, etc.) 
- Todo animal pode ser domesticado? Depende da finalidade 
- Diamond (2002) – de +/- 150 spp. → apenas 14 com sucesso 
 – CRITÉRIOS: 
 - Alimentação – preferencialmente onívoros/ herbívoros (+ barato); 
 - Velocidade de crescimento – retorno do investimento mais rápido; 
 - Docilidade – domesticação + fácil; 
 - Fecundidade – estabilidade do plantel; 
 - Hierarquia social – homem como líder; 
 - Temperamento – animais muito agressivos não aceitam o cativeiro; 
 
HISTÓRIA DA DOMESTICAÇÃO 
 
- 1as evidências do homem – ligado aos animais (pinturas rupestres) 
- Necessidade – alimento, companhia, vestuário, etc. 
- Domesticação animal → domesticação humana (caçadores → produtores) 
- Povos que dominavam a domesticação de animais e plantas – PODER 
 - espalhar suas culturas e línguas (Diamond, 2002) 
 - riqueza (moeda de troca) 
- Domesticação – mundo todo (vários motivos) – espécies locais (+ adaptadas) 
- Sudoeste da Ásia - primeiros cães, ovelhas, bodes e porcos domésticos. 
- Ásia Central - camelos bactrianos (transporte de cargas). 
- Arábia - camelo árabe (dromedário). 
- China - domesticação do búfalo, dos porcos e dos cães. 
- Ucrânia - os cavalos selvagens tarpan, que os historiadores acreditam ser os ancestrais dos cavalos modernos (Rudick, 
2003). 
- Egito - o burro foi muito útil, pois ele pode trabalhar duro sem precisar de muita água e alimento. 
- América do Sul - Há indícios de que a domesticação da lhama e da alpaca salvaram essas espécies da extinção. 
- Domesticação – modificações cerebrais (redução das habilidades sensoriais) 
 ausência de desafios 
 - alteração camada pilosa/ plumagem (mais sedosos/ longos) 
 - mudança no tamanho do animal 
 - mudanças no comportamento reprodutivo 
 - mudança na aparência geral 
 
A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA 
 
- Cão – registros de +/- 14 mil anos (+ antigo) – organização hierárquica 
- Gatos – origem imprecisa (9.500 a.C. no Egito) – domesticação + difícil 
 
A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS DE “CRIAÇÃO” 
- Bovinos – carne, leite, tração, esterco e couro (vestimentas) – 7.000 a.C. 
- Ovelhas – tão antigas quanto os cães – lã e carne 
- Cabras – grande rusticidade – regiões áridas (carne, leite e couro) 
- Suínos – a partir de porcos selvagens(5.000 a.C.) – onívoros 
 
A DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS DE TRANSPORTE 
- Antes da Revolução Industrial (Séc. XVIII e XIX) – tração animal 
- importância – expansões territoriais, migrações, transporte, comércio 
- Cavalos – cerca de 5.600 a.C. – transporte (cargas e de humanos) 
 – esportes (corridas) – Roma Antiga 
- Burros – domesticados por egípcios (grande importância) 
- Camelos – regiões áridas/ desérticas 
 – camelos bactrianos (espessa camada pilosa) – regiões frias 
 – inicialmente – pelos, carne e leite 
 – depois - transporte de cargas e pessoas por longas distâncias 
substituiu a roda para longas distâncias 
- Animais de criação e de carga constituíram (e ainda constituem) grande parte do 
desenvolvimento das civilizações. 
 
 
 
OS PEQUENOS ANIMAIS 
 
- Galináceos – inicialmente para brigas em rinhas 
 – a taxa de postura era muito baixa 
- Peru – um dos poucos animais domesticados na América (México) 
 – a Europa desconhecia até o séc. XVI 
- Abelhas – antes do Séc. XIX – mel – única forma de adoçar alimentos e bebidas 
extração silvestre 
 - Séc. XIX - Lorenzo Lorraine Langstroth – colméia artificial 
– atual 
 
- Bicho-da-seda – tecem casulo de seda para metamorfose (mariposa) 
 - Chineses – uso da seda (3.000 a.C.) – domesticação 
- Coelhos – séc. 1 a.C. até Idade Média – caça esportiva 
 - Monges franceses (Idade Média) – domesticação (carne e pele) 
- Chinchilas – séc. XX (1.934) – região andina (América do Sul) 
 - a domesticação salvou a espécie da extinção 
- Hamster – também séc. XX (Síria) – animais de biotério 
 – posteriormente – animais de companhia 
 
DOMESTICAÇÃO X ADESTRAMENTO (DOMA) 
 
 
- Atualmente - domesticação rápida – tecnologia + conhecimentos - biologia 
 - ecologia 
 - genética 
 - zootecnia 
- os desafios mais recentes (100 anos) – organismos marinhos e de água doce 
 - peixes (salmonídeos e outros) 
 No Brasil – técnicas de reprodução e hibridação 
 - camarões (marinho e de água doce) 
 - moluscos (ostras, escargot) 
 - plantas aquáticas (algas) 
 
- Nos últimos anos – quase o dobro de espécies domesticadas 
 - Maior diversidade de fontes de alimentos 
 - menor esforço de caça/ pesca (< danos à natureza) 
 - maiores chances de preservar espécies ameaçadas de extinção . 
http://casa.hsw.uol.com.br/domesticacao-de-animais.htm/printable 
COMO FUNCIONA A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS 
 
Introdução 
Atualmente, a domesticação de animais é algo que consideramos comum. Desde carne e laticínios até a companhia fiel, os 
animais domesticados nos fornecem incontáveis produtos, serviços e horas de trabalho que tiveram um efeito profundo sobre 
a história da humanidade. 
 No começo, os humanos usavam os animais apenas como alimentação. Mas em certo momento, começamos a perceber que 
eles poderiam ser úteis para trabalhar, fornecer vestimenta e transporte. Em estado selvagem, os animais defendem a si 
mesmos e desconfiam de outros animais, mas os humanos conseguiram mudar esse comportamento. Com o passar do tempo, 
alguns animais se tornaram mais dóceis e submissos às instruções humanas, o que chamamos de domesticação. Com esse 
processo, toda uma espécie animal evolui para se tornar naturalmente acostumada a viver e a interagir com os humanos. 
A humanidade domesticou animais como estes para que eles se tornassem tão obedientes e confiantes a nós que agora 
dividem pacificamente o espaço de nossas habitações 
É importante ter em mente que nem todos acreditam que a domesticação de animais seja algo positivo. A co-fundadora do 
PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), Ingrid Newkirk, é famosa por sua oposição declarada à interferência 
humana nas vidas dos animais. Isso significa que ela também desaprova a idéia de animais de estimação, em geral. Como 
uma "abolicionista dos animais", ela busca a liberdade para todos os animais cativos [fonte: Lowry]. 
Porém, outras pessoas vêem a história da domesticação de animais de um modo mais positivo. O químico e jornalista 
científico Stephen Budiansky afirma que é um processo perfeitamente natural que fornece vantagens tanto para os humanos 
quanto para os animais. Budiansky apóia a teoria de que na verdade, os animais escolhem a domesticação, preferindo o 
conforto confiável do cativeiro à vida dura na natureza [fonte: Budiansky (em inglês)]. Ele também afirma que certas 
espécies foram (ou poderiam ter sido) salvas da extinção por meio da domesticação. 
Independente de tudo isso, ninguém pode negar as enormes contribuições da domesticação animal ao avanço da humanidade. 
Cada espécie domesticada ofereceu seus próprios espólios e tem sua própria história de domesticação, mas todas as 
domesticações ocorrem, mais ou menos, por meio dos mesmos processos biológicos. Vamos dar uma olhada neste processo. 
Como os humanos organizam a transformação de uma espécie selvagem em uma espécie mansa? 
Um animal completamente diferente: como ocorre a domesticação 
Como é possível que criaturas selvagens, como os lobos, possam ser ancestrais de lindos cães pomerânios? Para entender 
isso, precisamos primeiro saber como funcionam a genética e a evolução. As crias dos animais herdam os genes de seus pais 
e esses genes indicam quais características a cria terá. A variedade de genes e a possibilidade de mutação permitem que as 
espécies animais mudem ou evoluam com o passar do tempo. Durante o processo de seleção natural, os animais com 
características que lhes permitam melhor sobrevivência serão os que mais provavelmente procriarão, até que, gradualmente, 
os únicos membros sobreviventes sejam aqueles que herdaram essas características. 
 
Os porcos foram grandes candidatos à domesticação por causa de sua dieta flexível 
 
Com a seleção artificial, os humanos escolhem as características dos animais que são desejáveis em suas crias. Por exemplo, 
se as pessoas quiserem cavalos maiores para levar suas cargas, elas podem deixar o maior macho e a maior fêmea juntos e 
encorajá-los a procriar. Assim, aumentam as chances de que as crias também sejam grandes. O uso de outro cavalo grande 
para procriar com essas crias dará continuidade ao processo, até que, por fim, após algumas gerações de pessoas 
prosseguirem com o processo em algumas gerações de cavalos, toda a espécie dos cavalos será maior. Por meio do mesmo 
processo, os humanos podem procriar animais para serem de determinada coloração, mais peludos, menores, mais dóceis ou 
mais fortes, entre outras coisas. É assim que os humanos domesticam os animais, a ponto de os lobos, em determinado 
momento, terem se tornado um animal diferente, dócil o suficiente para ser mantido em casa; as ovelhas darem mais lã; e os 
cavalos permitirem que os cavalguemos. 
Se isso é verdade, então por que nunca vimos um panda de estimação ou alguém cavalgando uma zebra? Acontece que não 
podemos domesticar todos os animais. O biólogo Jared Diamond escreve que os humanos realmente tiveram sucesso em 
domesticar apenas 14 espécies animais de um total de cerca de 150 [fonte: Diamond (em inglês)]. Ele acredita que para os 
humanos domesticarem uma espécie animal, ela normalmente deve atender aos alguns critérios. 
Dieta correta - crianças muito exigentes com a comida sempre complicam a vida de suas mães, então é possível imaginar as 
frustrações envolvidas em se manter um animal com paladar seletivo. Como muitos animais têm necessidades dietéticas 
específicas e os carnívoros precisam de alimentação mais cara, os humanos podem domesticar apenas animais que comem 
alimentos baratos e acessíveis. 
Alta velocidade de crescimento - a espécie deve crescer rapidamente para que pastores e fazendeiros tenham um retorno 
rápido do investimento na sua criação. 
Disposição amigável - animais naturalmente agressivos normalmente não gostam quando tentam capturá-los e não deixam 
que os humanos cuidem deles. 
Facilidade para procriar - se o animal se recusa a procriar sob as condições que os captores humanos oferecem, então é claro 
que o seuperíodo sob controle humano será curto. 
Respeito a uma hierarquia social - quando em liberdade, se os animais formam estruturas sociais nas quais todos seguem um 
membro dominante, então os humanos podem se estabelecer como líderes da matilha. 
Resistência ao pânico - muitos animais enlouquecem quando são presos, cercados ou percebem uma ameaça. As vacas, por 
outro lado, permanecem razoavelmente complacentes e imperturbáveis, apesar dessas condições, por isso são mais fáceis de 
serem domesticadas. 
Pandas e zebras são muito violentos e as tentativas humanas de domesticá-los foram frustradas. Porém, percebemos algumas 
exceções ao examinar a lista de Diamond. Por exemplo, o lobo (antepassado do cão) não é agressivo? E as histórias dos cães 
e gatos são exemplos únicos sobre os quais aprenderemos um pouco, mais adiante. 
 
História da domesticação 
Algumas das primeiras evidências da humanidade (e da arte) são ligadas aos animais. Ilustrações em cavernas retratam 
bisões e veados. Obviamente, os animais tiveram uma parte importante na vida humana no decorrer de nossa história, 
tornando-se, assim, essenciais à nossa sobrevivência, à nossa história e até à nossa identidade. Parece natural que houvesse 
um desejo de incorporar e incluir animais em nossas vidas o tanto quanto a alimentação, a companhia, as vestimentas, o leite 
e outros itens obtidos através deles. 
Com base em evidências arqueológicas como os fósseis, os historiadores aprenderam muito sobre o processo da 
domesticação dos animais pelo homem. A domesticação animal é parcialmente ligada à domesticação humana - ou a 
mudança dos humanos de caçadores-coletores para fazendeiros. Apesar dos caçadores-coletores já trabalharem com cães 
domesticados muito antes da domesticação humana, apenas mais tarde os fazendeiros viram os benefícios em manter o seu 
próprio gado. Conforme as pessoas se tornavam fazendeiros e começavam a se fixar em um local, a criação de gado lhes 
oferecia a conveniência da carne fresca, bem como esterco para fertilizar as colheitas. Diamond aponta que as civilizações 
que domesticaram animais (e plantas) conseqüentemente tiveram mais poder em mãos e foram capazes de espalhar suas 
culturas e linguagens [fonte: Diamond (em inglês)]. 
 
Hieróglifos e imagens de animais ritualísticos adornam um manuscrito egípcio 
Civilizações de todo o mundo antigo domesticaram animais por vários motivos, dependendo de quais animais viviam em 
suas regiões e do que os animais poderiam fornecer. Certos animais até alcançaram importância religiosa em várias 
civilizações, como no Antigo Egito (em inglês) e em Roma (em inglês). Abaixo está uma relação de locais onde os animais 
foram originalmente domesticados. 
Sudoeste da Ásia - esta área provavelmente incluiu alguns dos primeiros cães, ovelhas, bodes e porcos domesticados. 
Ásia Central - na Ásia Central, as pessoas usavam camelos bactrianos para levar suas cargas. 
Arábia - como o nome sugere, o camelo árabe (um camelídeo de apenas uma corcova, também conhecido como dromedário) 
teve sua origem aqui. 
China - a China foi onde ocorreu o início da domesticação do búfalo d'água, dos porcos e dos cães. 
Ucrânia - o povo da região hoje conhecida como Ucrânia domesticou os cavalos selvagens tarpan, que os historiadores 
acreditam ser os ancestrais dos cavalos modernos [fonte: Rudik (em inglês)]. 
Egito - o burro foi muito útil aqui, pois ele pode trabalhar duro sem precisar de muita água e alimento. 
América do Sul - a lhama domesticada e a alpaca vieram deste continente. Os historiadores acreditam que os sul-americanos 
salvaram essas espécies à beira da extinção com a domesticação [fonte: History World (em inglês)]. 
Baseado naquilo que os especialistas aprenderam sobre o progresso da domesticação animal, quanto mais domesticada uma 
espécie se torna, mais ela muda. Por exemplo, o cérebro dos animais domesticados pode diminuir e suas habilidades 
sensoriais podem se tornar menos exatas [fonte: Diamond (em inglês)]. Supõe-se que essas mudanças ocorram porque o 
animal não precisa do mesmo nível de inteligência ou de sentidos de visão e audição apurados para sobreviver domesticado. 
Outras mudanças comuns incluem orelhas moles, pêlos cacheados e, principalmente, mudanças no tamanho do animal e nos 
seus hábitos de acasalamento. Animais domesticados têm maior possibilidade de se acasalar em qualquer época do ano, e 
não em determinadas temporadas, como fazem em ambiente selvagem [fonte: Encyclopedia Britannica]. Essas e outras 
mudanças costumam fazer com que os animais domesticados pareçam drasticamente diferentes de seus ancestrais selvagens. 
Os próprios humanos passaram por mudanças significativas como resultado da domesticação animal. Por exemplo, o leite 
alterou o nosso sistema digestivo. Antes da domesticação animal, as pessoas tinham uma intolerância natural à lactose. Hoje 
em dia, não é sempre assim. Quando os humanos começaram a criar gado, começaram a beber mais leite e isso adaptou o 
nosso sistema digestivo para aceitar o leite no decorrer de nossas vidas. 
A seguir, veremos como a lendária evolução do cão pode ter criado o mais antigo e fiel companheiro animal da humanidade. 
 
O início de uma bela amizade: domesticação canina 
Como um lobo pôde se transformar, de uma fera selvagem e desconfiada, em um animal fofo e obediente pode parecer 
espantoso ou mesmo inacreditável. Mas os cientistas usaram evidências do DNA (em inglês) para mostrar como 
provavelmente o cão descende do lobo cinzento. 
 
O cão moderno evoluiu do lobo cinzento, transformando-se de um perigoso predador em um amável bichinho de estimação 
para toda a família 
 
Apesar dos mais antigos fósseis de um cão domesticado serem de uma sepultura de cães de 14 mil anos, a evidência do DNA 
sugere que os cães se separaram dos lobos muito antes disso (algumas estimativas vão de 15 mil a mais de 100 mil anos 
atrás) [fonte: Wade (em inglês)]. Independente disso, os historiadores concordam que os humanos domesticaram os cães 
antes de qualquer outro animal, o que torna o cão o mais antigo amigo do homem, se não o melhor. 
Os cientistas apenas supõem como os cães e os humanos iniciaram sua amizade. Uma teoria sugere que os humanos 
começaram a pegar filhotes de lobos e, em determinado momento, conseguiram domá-los. Outra teoria propõe que os lobos 
mais mansos não tinham medo de andar em meio aos locais onde os humanos jogavam lixo para procurar comida. Como eles 
se alimentavam dessa maneira, esses lobos mais mansos tinham maiores possibilidades de evoluir para cachorros devido à 
seleção natural [fonte: NOVA (em inglês)]. 
Como os lobos agem em matilhas, foi fácil para os humanos tomar o lugar de "lobo mais importante". Assim, os animais 
rapidamente aprenderam a obedecer. Como os lobos mais mansos tinham mais tendência a ficar juntos com os humanos, a 
evolução naturalmente (ou os humanos, intencionalmente) se encarregou de criar lobos cada vez mais mansos, até que 
finalmente chegamos ao cão. Com uma combinação da engenhosidade humana com a velocidade e a ferocidade do lobo, essa 
dupla partilhava as recompensas de suas presas capturadas em uma relação mutuamente benéfica. 
Porém, essa evolução do lobo para o cão ainda mantém a pergunta: Por que os cães têm aparência e atitudes tão diferentes 
das dos lobos? Um geneticista russo do século 20, Dmitri Belyaev, conseguiu resolver parte do mistério que envolve o fato 
de o lobo ter passado por uma transformação tão drástica. Em suas tentativas de criar raposas domadas, Belyaev percebeu 
que, após várias gerações de procriação seletiva, não apenas as raposas ficaram mais mansas (como ele esperava), mas 
também começaram a assumir algumas características semelhantes às dos cães. 
Apesar da evidência do DNA apontar que os lobos, e não as raposas, são os ancestrais dos cães, esse experimento trouxe à 
tona surpreendentes revelações a respeito de como o comportamento e a aparência podem ter

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