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FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ INTRODUÇÃO À FISIOPATOLOGIA QUATRO ASPECTOS DE UM PROCESSO DE DOENÇA SÃO: Sua causa (ETIOLOGIA), os mecanismos do seu desenvolvimento (PATOGENIA), as alterações bioquímicas e estruturais induzidas nas células e órgãos do corpo (ALTERAÇÕES MOLECULARES E MORFOLÓGICAS) e as consequências funcionais dessas mudanças (MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS). FATORES OU AGENTES ETIOLÓGICOS : biológicos (por exemplo, bactérias e vírus), físicos (por exemplo, traumatismo, queimaduras, radiação), químicos (por exemplo, pesticidas e nicotina), a herança genética (por exemplo, síndromes cromossômicas) excessos ou déficits nutricionais (por exemplo, obesidade e avitaminose. FATORES QUE PREDISPÕEM A UMA DOENÇA SÃO CHAMADOS DE FATORES DE RISCO. EVOLUÇÃO DAS DOENÇAS: Exposição ou lesão; Latência ou período de incubação; Período prodrômico; Fase aguda; Remissão – (Falha no processo terapêutico, trazendo por vezes situações de maior agravamento quando comparadas à fase aguda inicial); Convalescença; Recuperação. DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO, PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR O crescimento ou multiplicação celular é o mecanismo responsável pela formação das células que compõem os indivíduos. A diferenciação refere-se à especialização morfológica e funcional das células que permite o desenvolvimento do organismo como um todo. Asadaptações celulares são respostas estruturais e funcionais reversíveis a estresses fisiológicos mais excessivos e a alguns estímulos patológicos, permitindo que a célula sobreviva e continue a funcionar. ATROFIA Diante de uma diminuição na demanda de trabalho ou de condições ambientais adversas, a maioria das células é capaz de reverter a um tamanho menor e a um nível mais baixo e mais eficiente de funcionamento compatível com a sobrevida. HIPERTROFIA é um crescimento das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. Tal crescimento é devido à síntese em maior quantidade de componentes estruturais das células (fisiológica ou patológica). FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ HIPERPLASIA é o aumento no número de células de um órgão ou tecido. Existem dois tipos de hiperplasia fisiológica: 1) hiperplasia hormonal, que aumenta a capacidade funcional de um tecido, quando necessário; (Tec. mamário puberdade), 2) hiperplasia compensatória, que eleva a massa de tecido após lesão ou ressecção parcial (hepatectomia parcial). HIPOPLASIA é a diminuição da população celular de um tecido, órgão ou parte do corpo; Fisiológica ou Patológica. As hipoplasias fisiológicas mais comuns são involução do timo a partir da puberdade e das gônadas no climatério. METAPLASIA Representa uma alteração reversível na qual um tipo de célula adulta (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro modelo celular de mesma linhagem. Ela representa uma substituição adaptativa de células sensíveis ao estresse por tipos celulares mais capazes de suportar o ambiente hostil. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ DISPLASIA denomina condições patológicas muito diferentes; sendo assim, trata-se de um termo complexo. Ela pode ser definida como uma condição adquirida caracterizada por alterações celulares do crescimento e da diferenciação acompanhadas de redução ou perda da diferenciação das células afetadas. Muitas vezes, as displasias estão associadas a tecidos metaplásicos ou se originam neles. O epitélio displásico é caracterizado por perda da uniformidade das células epiteliais, assim como da orientação arquitetural. Elas são classificadas em leves, moderadas e graves. A depender do sítio anatômico, denomina- se de neoplasias intraepiteliais de grau I, II ou III. (lesões precursoras de câncer). LESÃO E MORTE CELULAR LESÃO CELULAR A lesão celular ocorre quando as células são estressadas tão excessivamente que não são mais capazes de se adaptar ou quando são expostas a agentes lesivos à sua natureza ou são prejudicadas por anomalias intrínsecas. ESSAS LESÕES PODEM SER CAUSADAS POR AGENTES EXÓGENOS (AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS, BIOLÓGICOS) E ENDÓGENOS, OU AINDA POR CAUSA DESCONHECIDAS QUE RECEBEM A DENOMINAÇÃO DE CAUSA CRIPTOGENÉTICA, IDIOPÁTICA OU ESSENCIAL. MECANISMOS PRINCIPAIS formação de radicais livres hipóxia e depleção de ATP perturbação intracelular da homeostasia de cálcio. Um exemplo disso é o infarto cardíaco. Devido a uma possível hipertrofia, alguns miócitos sofrem a lesão irreversível e morrem, secundário à sobrecarga de trabalho. Outro exemplo importante e fisiológico é a embriogênese, em que naturalmente a morte celular ocorre com o desenvolvimento. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ DEGENERAÇÕES São lesões reversíveis e secundárias a alterações bioquímicas que resultam em acúmulo de substâncias no interior de células. Morfologicamente, uma degeneração aparece como um acúmulo de substâncias em células. Quando a substância acumulada é um pigmento, a lesão é estudada à parte, entre as pigmentações. DEGENERAÇÕES POR ACÚMULO DE ÁGUA E ELETRÓLITO, por exemplo, a degeneração hidrópica; DEGENERAÇÕES POR ACÚMULO DE PROTEÍNAS, como a degeneração hialina; DEGENERAÇÕES POR ACÚMULO DE LIPÍDEOS, as mais importantes são a esteatose e as lipidoses; DEGENERAÇÕES POR ACÚMULO DE CARBOIDRATOS. MORTE CELULAR A morte celular é um processo e, como tal, uma sucessão de eventos, sendo às vezes muito difícil estabelecer qual é o fator que determina a irreversibilidade da lesão, ou seja, o ponto de não retorno. Se a morte celular ocorre no organismo vivo e é seguida de autólise, o processo recebe o nome de NECROSE. AUTÓLISE – degradação enzimática dos componentes celulares por enzimas da própria célula liberadas de lisossomos após a morte celular, independentemente de ter havido morte do indivíduo. Morte celular, portanto, não pode ser usada sempre como sinônimo de necrose, já que ela é a MORTE SEGUIDA DE AUTÓLISE. Também não se pode utilizar a palavra necrose para indicar a morte celular que acompanha a do indivíduo (morte somática). NECROSE NECROSE POR COAGULAÇÃO constitui-se no tipo mais comum de necrose. Sua causa mais usual é a isquemia, sendo também denominada de necrose isquêmica. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ NECROSE POR LIQUEFAÇÃO, também chamada necrose liquefativa, é aquela na qual a região necrosada adquire consistência mole, semifluida ou mesmo liquefeita – Liberação de grande quantidade de enzimas lisossômicas com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto. NECROSE GORDUROSA , também denominada esteatonecrose ou necrose enzimática do tecido adiposo, é uma forma de necrose que compromete adipócitos. Na maioria das vezes, é o resultado da ação lítica de enzimas pancreáticas (necrose gordurosa enzimática). NECROSE GOMOSA é sua forma mais rara. Normalmente classificada como um tipo de necrose de coagulação, é encontrada em especial na sífilis terciária e nos casos de sífilis congênita, quando então é chamada de goma sifilítica NECROSE HEMORRÁGICA é um tipo de necrose no qual se nota de forma bastante evidente, no local necrótico, grande quantidade de sangue. NECROSE FIBRINOIDE pode ocorrer como evento decorrente dos processos de hipertensão arterial maligna nas paredes dos vasos sanguíneos. Alteração granular e eosinofílica da parede vascular com a presença de fibrina evidenciada histologicamente na parede dos vasos. NECROSE GANGRENOSA . A gangrena é uma forma de evolução de necrose que resulta da açãode agentes externos sobre o tecido necrosado. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ O QUE É APOPTOSE E QUAL SUA RELAÇÃO COM A LESÃO CELULAR? É a morte celular programada, em que a célula se autodestrói sistematicamente e é fagocitada por outras células. A fagocitose é promovida pela exposição de fosfatidilserinana monocamada externa da MP.- As células se encolhem, o citoesqueleto colapsa, o envelope nuclear se desfaz e a cromatina se quebra em fragmentos. As células que morrem por um dano agudo (trauma, falta de suprimento sanguíneo, etc.) morrem por necrose celular. – As células expandem, explodem, liberam seus conteúdos e causam resposta inflamatória. As células possuem vias de detecção de danos/mutações no DNA e, se não possível repará-los, entram em apoptose. PROCESSO INFLAMATÓRIO E REPARAÇÃO TECIDUAL A inflamação, diferentemente do que muitos pensam, é uma RESPOSTA FUNDAMENTALMENTE PROTETORA, destinada a livrar os organismos tanto da causa inicial da lesão celular como microrganismos e toxinas produzidas através do seu mecanismo de invasão quanto das consequências de tal injúria (por exemplo, células e tecidos necróticos). INFLAMAÇÃO AGUDA É uma resposta imediata contra um agente nocivo, ocorre em duas fases: FASE VASCULAR: resulta em aumento do fluxo sanguíneo e alterações nos pequenos vasos da microcirculação. FASE CELULAR: resulta na migração de leucócitos da circulação e sua ativação para eliminar o agente nocivo. INFLAMAÇÃO CRÔNICA A inflamação crônica é aquela na qual devido à persistência do agente inflamatório (por exemplo, um microrganismo), à exposição prolongada a agentes tóxicos (por exemplo, tabagismo) ou a fenômenos autoimunes, o processo se mantém por tempo maior. A característica da inflamação crônica é uma infiltração de células mononucleares (MACRÓFAGOS) E LINFÓCITOS, enquanto o influxo de neutrófilos é visto na inflamação crônica. É caracterizada por destruição tecidual, induzida pelo agente agressor persistente ou pelas células inflamatórias, proliferação de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e, em particular, fibrose. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ MECANISMOS DE REPARAÇÃO E REGENERAÇÃO TECIDUAL A reparação dos tecidos, que se sobrepõe ao processo inflamatório, é uma resposta à lesão tecidual e representa uma tentativa de manter a estrutura e o funcionamento do corpo normais. A capacidade de regeneração varia de acordo com o tipo de célula e de tecido, sendo classificadas: CÉLULAS LÁBEIS: encontradas em tecidos que se encontram sob renovação constante, como a epiderme. CÉLULAS ESTÁVEIS: encontradas em tecidos que em geral se renovam muito lentamente, mas são capazes de renovação mais rápida após lesão; entre os exemplos estão fígado. CÉLULAS PERMANENTES: diferenciadas terminalmente e que perderam a capacidade de regeneração; entre os exemplos estão neurônios. Cicatrização de feridas envolve a restauração da integridade do tecido lesionado. Divide-se em três fases: INFLAMATÓRIA, PROLIFERATIVA E FASE DE REMODELAÇÃO. A FASE INFLAMATÓRIA Começa no momento da lesão com a formação de um coágulo sanguíneo e a migração de leucócitos fagocíticos para o local da ferida. FASE PROLIFERATIVA Construção de tecido novo para preencher o espaço da ferida. As células mais importantes durante essa etapa são os fibroblastos, células do tecido conjuntivo que sintetizam e secretam colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas necessários para a cicatrização de feridas FASE DE REMODELAÇÃO Essa fase se inicia aproximadamente três semanas após a lesão com o desenvolvimento da cicatriz fibrosa e pode continuar por seis meses ou mais, dependendo da extensão da ferida. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ CICATRIZAÇÃO CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO : É mais rápida e resulta em cicatrizes menores, visto que a fenda da ferida é mais estreita e a destruição tecidual nas suas bordas é menor. O exemplo clássico é o das feridas cirúrgicas, em que o sangue extravasado pelo corte forma um coágulo que ocupa o espaço entre as margens da ferida. CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO : Quando a ferida é extensa e tem margens afastadas, forma- se um grande coágulo; se há infecção associada, surge reação inflamatória importante. CICATRIZ HIPERTRÓFICA E QUELOIDE : São duas condições em que há formação importante de tecido conjuntivo denso em cicatriz cutânea, a qual pode adquirir volume considerável. A cicatriz hipertrófica tende a ser reversível. O queloide forma tumorações nas áreas de cicatrização, mesmo em feridas pequenas, podendo não regredir. FATORES QUE AFETAM A CURA DAS FERIDAS DESNUTRIÇÃO: A cura bem-sucedida de uma ferida depende em parte de estoques adequados de proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. FLUXO SANGUÍNEO E OFERTA DE OXIGÊNIO: Para que a cura ocorra, as feridas devem ter um fluxo sanguíneo adequado a fim de suprir os nutrientes necessários e remover refugos resultantes, toxinas locais, bactérias e outros resíduos. INFECÇÃO E CORPOS ESTRANHOS. DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS EDEMA Acúmulo de líquido no interstício ou em cavidades préformadas do organismo. A patogênese do edema está relacionada às forças que regulam o transporte de líquidos entre os vasos e o interstício e, em princípio O EDEMA RESULTA DE QUATRO MECANISMOS: aumento da pressão hidrostática vascular; redução da pressão oncótica do plasma; elevação da permeabilidade vascular; bloqueio da circulação linfática. O edema pode ser do tipo generalizado, caracterizado por aumento do líquido intersticial em órgãos, provocando assim, uma alteração sistêmica. As causas podem ser por insuficiência cardíaca, doença renal, cirrose hepática e diminuição da pressão oncótica; enquanto o edema localizado atua localmente e pode ser o início do edema generalizado, que ocorre nos membros inferiores, edema pulmonar e cerebral. HIPEREMIA E CONGESTÃO É o aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão ou território orgânico. A hiperemia pode ser ativa ou passiva, aguda ou crônica. A HIPEREMIA ATIVA consiste em dilatação arteriolar com aumento do fluxo sanguíneo local. A vasodilatação leva à abertura de capilares “inativos”, o que resulta na coloração rósea intensa ou vermelha do local atingido e em aumento da temperatura. FISIOLÓGICA : quando há necessidade de maior irrigação, como ocorre nos músculos esqueléticos durante o exercício. PATOLÓGICA : acompanha inúmeros processos patológicos, principalmente as inflamações agudas. A CONGESTÃO (HIPEREMIA PASSIVA) pode ser causada por obstrução extrínseca ou intrínseca de uma veia (compressão do vaso, trombose etc.). FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ TROMBOSE É o processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro dos vasos ou do coração no indivíduo vivo. Trombo é a massa sólida formada pela coagulação do sangue. COÁGULO, por outro lado, significa massa não estruturada de sangue fora dos vasos ou do coração. A trombose resulta da ativação patológica do processo normal da coagulação sanguínea que pode ocorrer quando existem os sinais da CHAMADA TRÍADE DE VIRCHOW, a saber: lesão endotelial; alteração do fluxo sanguíneo (estase ou turbulência); hipercoagulabilidade do sangue.LESÃO ENDOTELIAL: Ocorre em inúmeras circunstâncias, especialmente sobre placas ateromatosas, por agressão direta de bactérias ou fungos, pela presença de leucócitos ativados em inflamações agudas (vasculite), por traumatismos e por invasão vascular por neoplasias malignas. Deve ser ressaltado que o endotélio não precisa estar lesionado para contribuir para o desenvolvimento da trombose, qualquer desequilíbrio das atividades pró e antitrombótica do endotélio pode influenciar os eventos de coagulação local. Duas situações favorecem a trombose por ALTERAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO: RETARDAMENTO DO FLUXO: redução da velocidade do sangue é um fator importante na gênese de trombos venosos. Insuficiência cardíaca, dilatação vascular. ACELERAÇÃO DO FLUXO E TURBULÊNCIA: aumento da velocidade do sangue modifica o fluxo laminar, permitindo o contato das plaquetas com a superfície interna dos vasos. A turbulência provocada promove lesão do endotélio e diminui a velocidade do sangue. HIPERCOAGULABILIDADE Aumento do número (trombocitose) ou modificações funcionais das plaquetas, como variações dos receptores da superfície plaquetária. Alterações dos fatores pró ou anticoagulantes, que podem ser congênitos ou adquiridos. A importância de um componente genético na patogênese da trombose tem sido cada vez mais reconhecida nos últimos anos. Entre as alterações congênitas, a mais importante é uma mutação pontual na molécula do fator V (denominada fator V de Leiden). Nos indivíduos com essa mutação, o risco de desenvolver trombose venosa é muito alto. EMBOLIA Consiste na presença de um corpo sólido, líquido ou gasoso (êmbolo) transportado pelo sangue e capaz de obstruir um vaso; a obstrução ocorre geralmente após uma ramificação, quando o diâmetro vascular fica menor do que o do êmbolo. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ TROMBOEMBOLIA PULMONAR: na maioria dos casos, origina-se de trombos formados nas veias iliofemorais profundas ou veias profundas da panturrilha, especialmente em indivíduos acamados após cirurgias ou fraturas. TROMBOEMBOLIA ARTERIA l: na maioria dos casos, os êmbolos se originam de trombos formados no coração (infarto do miocárdio, fibrilação atrial, doença de Chagas). HEMORRAGIA: É a saída do sangue do espaço vascular (vasos ou coração) para o compartimento extravascular (cavidades ou interstício) ou para fora do organismo. A hemorragia pode ser interna ou externa e recebe nomes específicos segundo sua localização HEMATOMA: a hemorragia para o interior do tecido mole pode ser de pouca importância (como em uma contusão muscular) ou fatal (se localizada no cérebro). HEMOTÓRAX : hemorragia para o interior da cavidade pleural. HEMOPERICÁRDIO: hemorragia para o interior do espaço pericárdico. PÚRPURA: hemorragia superficial difusa na pele, até 1 cm de diâmetro. PETÉQUIAS : hemorragias puntiformes, em geral na pele ou na conjuntiva; representam o rompimento de capilares ou arteríolas. HIPERTENSÃO Uma elevação da pressão arterial sistólica ou diastólica ocorre em dois tipos principais: hipertensão primária, também denominada de hipertensão essencial, e a hipertensão secundária, resultante principalmente de doenças renais. FATORES DE RISCO para hipertensão incluem histórico familiar, idade avançada e problemas associados à apneia do sono, além de obesidade, tabagismo, alta ingestão de sódio e de gorduras saturadas, estilo de vida sedentário e estresse. INFARTO É uma área localizada de necrose isquêmica por interrupção do fluxo sanguíneo arterial ou venoso. De acordo com o aspecto morfológico, o infarto pode ser branco ou vermelho (hemorrágico). No infarto do miocárdio (IM), popularmente conhecido como ataque cardíaco, a diminuição do fluxo sanguíneo em uma das artérias coronárias resulta em isquemia e necrose do miocárdio. Os sinais e os sintomas do IM incluem, entre outros, a dor e aperto, persistente e que pode irradiar para o braço esquerdo, mandíbula, pescoço ou escápulas; por diminuição do aporte de oxigênio para as células do miocárdio. INTERDISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS PRINCIPAIS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS: ASMA ocorre devido a um estreitamento das vias aéreas, pois a hiper-reatividade a determinados estímulos produz inflamação. O estreitamento pode ser desencadeado por muitos estímulos como pólen, ácaros da poeira, resíduos da descamação animal, fumaça, ar frio e prática de exercícios. Os mastócitos, localizados ao longo dos brônquios, liberam substâncias como a histamina e os leucotrienos, que promovem a contração da musculatura lisa, o aumento da secreção e a migração de determinados leucócitos para a área. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ BRONQUITE AGUDA E CRÔNICA: A bronquite crônica é a inflamação dos brônquios causada geralmente por irritantes ou por uma infecção. A bronquite, uma forma de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pode ser classificada como aguda ou crônica. A bronquite irritativa pode ser causada por diversos tipos de pós, vapores de ácidos fortes, amônia, alguns solventes orgânicos, cloro, sulfeto de hidrogênio, dióxido de enxofre e brometo, poluentes aéreos como o ozônio e o dióxido de nitrogênio, a fumaça de tabaco e outras fumaças. ENFISEMA: Enfisema é uma DPOC caracterizada pela dilatação excessiva dos alvéolos pulmonares, o que causa a perda de capacidade respiratória e uma oxigenação insuficiente. Quatro tipos principais: centroacinar pan-acinar, parasseptal Irregular PNEUMONIAS: as infecções do trato respiratório são mais frequentes que as infecções de qualquer outro órgão. As pneumonias são classificadas pelo agente etiológico específico, que determina o tratamento, ou, se nenhum agente patogênico puder ser isolado, pelo contexto clínico. INTERDISTÚRBIOS DO SISTEMA RENAL CÁLCULOS RENAIS: Os cálculos, ou pedras, como são popularmente conhecidas, podem se formar em qualquer parte do trato urinário, apesar de serem percebidos de forma mais comum na pelve e nos cálices renais. Quatro tipos principais de cálculos: 1.cálculos de cálcio; 2. cálculos de fosfato triplo; 3. cálculos de ácido úrico; 4. cálculos de cistina. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ GLOMERULONEFRITE Glomerulonefrite é uma inflamação bilateral dos glomérulos a qual ocorre tipicamente após processo infeccioso por Streptococcus spp. Sinais e sintomas da glomerulonefrite incluem a diminuição da micção, ou oligúria, em função da diminuição do ritmo de filtração glomerular, urina enegrecida em decorrência da presença de hematúria, dispneia e edema periorbital por hipervolemia. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC): A IRA , como é conhecida a insuficiência renal aguda, é uma interrupção rápida da função renal, a qual pode ser associada a processos obstrutivos, má circulação ou doença renal subjacente. A IRA pode, se deflagrada, estar associada a um processo pré-renal, intrarrenal ou pós-renal, e entre as possíveis causas, incluem-se: arritmias; desidaratação; sépsis. A IRC , como é conhecida, também pode ser originada de doenças com evolução rápida e progressiva que acabam por destruir néfrons, causando lesões irreversíveis. Pode ser decorrente de doenças glomerulares crônicas, infecções crônicas como a tuberculose renal, hipertensão e agentes nefrotóxicos. PIELONEFRITE: A pielonefrite é um distúrbio renal que afeta os túbulos, interstício e pelve renal. Trata-se de uma das doenças mais comuns dos rins. Ocorre de duas formas: pielonefrite aguda e pielonefrite crônica. A PIELONEFRITE AGUDA é uma inflamação supurativa aguda do rim causada por infecções bacterianas e algumas vezes virais (porexemplo: poliomavírus). A PIELONEFRITE CRÔNICa é um distúrbio no qual a inflamação túbulo-intersticial crônica e a cicatrização renal estão associadas ao envolvimento patológico dos cálices e da pelve. INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU): Entre os processos de infecção do trato urinário (ITU), a mais comum é conhecida como cistite (infecção da bexiga urinária) e o outro tipo de ITU é a pielonefrite. Os principais sintomas da cistite são dor ou ardor ao urinar, necessidade frequente de urinar com pouca eliminação de urina, dor na uretra e dor na pélvis, algumas vezes podendo apresentar febre baixa e a presença de sangue na urina. São descritos inúmeros fatores de risco associados a gênero masculino ou feminino, hábitos higiênicos, gestação, dentre outros. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ DISTÚRBIOS DE DESEQUILÍBRIOS HÍDRICO E ELETROLÍTICO: Um desequilíbrio eletrolítico ocorre sobretudo por um desequilíbrio entre a ingesta de substâncias ricas em eletrólitos e sua eliminação através da urina, do suor e das fezes. Os principais eletrólitos que devem ser mantidos em equilíbrio nos líquidos intra e extracelulares, a fim de garantir o pleno funcionamento dos sistemas corporais são: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fosfato e bicarbonato. Exemplo: AS HIPONATREMIAS definidas pela diminuição do nível sérico de sódio (valores abaixo de 135 mmol/L) estão associadas ao aparecimento de letargia, confusão mental, hipotensão, taquicardia, náuseas, vômitos, contrações musculares. NAS HIPERNATREMIAS associadas ao aumento do nível sérico de sódio, com valores acima de 145 mmol/L, notam- se situações de agitação, febre, hipertensão, taquicardia, edema, sede, dispneia, parada respiratória. DISTÚRBIOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO ESOFAGITE: Processo inflamatório multifatorial que atinge o esôfago de forma direta e compromete sobretudo a deglutição e o transporte do alimento até o estômago. As esofagites infecciosas são mais comumente observadas em indivíduos imunocomprometidos ou debilitados por alguma doença de base. DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) : Causas mais prováveis para DRGE: incontinência do esfíncter esofagiano inferior, aumento da pressão abdominal resultante da gravidez ou estados de obesidade mórbida, hérnia de hiato, etilismo e tabagismo. O ESÔFAGO DE BARRETT é uma complicação da DRGE crônica, caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. GASTRITE AGUDA A gastrite aguda é uma inflamação da mucosa transitória, a qual pode se estabelecer de forma assintomática ou até mesmo vir a causar graus variáveis de dor epigástrica, náusea e vômito. Em muitos casos graves, pode haver erosão da mucosa, ulceração, hemorragia, hematêmese, melena ou, raramente, perda sanguínea massiva. A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer como consequência do rompimento de um desses mecanismos protetores e são vários os fatores implicados diretamente no desenvolvimento da gastrite aguda, entre eles: síntese reduzida de mucina nos idosos; drogas anti-inflamatórias não esferoidais (Daines); lesão gástrica que ocorre nos pacientes infectados com Helicobacter pylori. ÚLCERA PÉPTICA: As úlceras pépticas são descritas como lesões circunscritas da membrana mucosa que avançam para abaixo do epitélio, podendo projetar-se a porção inferior do esôfago, estômago, piloro, duodeno e jejuno. As úlceras pépticas são classicamente lesões crônicas, em geral com muito mais morbidade do que mortalidade e, após um período de semanas a meses de doença ativa, a cicatrização pode ocorrer com ou sem terapia, mas a tendência de desenvolvê-las é recorrente. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ DOENÇA CELÍACA: A doença celíaca é uma patologia manifesta pela ingestão de cereais à base de glúten, tais como trigo, centeio ou cevada, por indivíduos geneticamente predispostos. Os pacientes que apresentam os sintomas clássicos da doença celíaca podem ser identificados pela manifestação de distensão abdominal, anorexia, diarreia crônica, insuficiência no crescimento, perda de peso ou danos musculares DOENCA DE CROHN: A doença de Crohn pode atingir qualquer parte do trato gastrintestinal, porém é comum uma maior manifestação no íleo, sobretudo na porção terminal e no ceco. Como complicação, anemia carência do tipo ferropriva, inclusive com a possibilidade de evoluir para hipoalbuminemia, deficiência de proteínas séricas e má absorção de vitaminas, em especial, B12. CIRROSE: É o estágio final comum de uma grande variedade de doenças de causas diversas, sobretudo alcoolismo, hepatites virais (sendo hepatite B e C as mais comuns) e autoimunes, além de processos de natureza metabólica e vascular. O estágio final da doença hepática crônica é definido por três características morfológicas principais: A. fibrose em ponte dos septos; B. nódulos parenquimatosos; C. desorganização da arquitetura de todo o fígado ICTERÍCIA: Icterícia é definida como coloração amarelada da pele, das mucosas e dos fluidos corporais, devido ao aumento dos níveis plasmáticos de bilirrubina no organismo (hiperbilirrubinemia). A detecção da icterícia possui importante valor semiológico, pois é resultado de distúrbio em um ou mais níveis da via metabólica da bilirrubina, que é o produto final da degradação do heme. A excreção da bilirrubina é manifestação clínica de inúmeras doenças hepáticas e não hepáticas, podendo ser o primeiro ou o único sintoma de hepatopatias. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ COLESTASE Coletase é a condição patológica resultante da redução da síntese dos ácidos biliares ou da interrupção do fluxo biliar ao intestino, com fluxo retrógrado ou refluxo de todos os componentes da bile para a corrente sanguínea, levando à retenção e/ou ao acúmulo de pigmento biliar e de outras substâncias excretadas na bile no parênquima hepático. PANCREATITE AGUDA: A pancreatite aguda é uma lesão reversível do parênquima pancreático associada à inflamação. As doenças dos tratos biliares e o alcoolismo são responsáveis por, aproximadamente, 80% dos casos da doença. Os cálculos estão presentes de 35 a 60% dos eventos de pancreatite aguda, e cerca de 5% dos pacientes com cálculos biliares desenvolvem pancreatite. PANCREATITE CRÔNICA: Definida como uma inflamação do pâncreas com destruição irreversível do parênquima exócrino, presença de fibrose e, na fase tardia, destruição do parênquima endócrino. De acordo com a extensão das lesões, pode ser classificada como discreta, moderada ou grave. A doença pode se desenvolver totalmente silenciosa, até que a insuficiência pancreática e o diabetes melito sejam notados; este último devido à destruição das ilhotas de Langherans. DISTÚRBIOS DO SISTEMA ENDÓCRINO HIPOPITUITARISMO: O hipopituitarismo corresponde a uma secreção menor dos hormônios produzidos pela hipófise e que pode resultar em doenças tanto no nível hipotalâmico quanto no hipofisário. Sabe-se que a grande maioria dos casos que acarretam diminuição na função decorre de processos lesivos, destrutivos. HIPERTIREOIDISMO: O hipertireoidismo é caracterizado pela elevação sanguínea de T3 e T4 livres, indicando um hiperfuncionamento da tireoide. Exemplos: doença de Graves e o bócio multinodular. Complicações incluem-se desgaste muscular, atrofia e paralisia, perda visual, insuficiência cardíaca e arritmias e ainda hipoparatireoidismo após remoção cirúrgica da tireoide. HIPOTIREOIDISMO: O hipotireoidismo é causado por qualquer alteração estrutural ou funcional que interfira na produção de níveis adequados do hormônio tireoidiano. As principais causas associadas são a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune, deficiênciade iodo, disgenesia tireoidiana e falência hipofisária. A tireoidite de Hashimoto é considerada a forma mais comum de hipotireoidismo, nesse caso, anticorpos circulantes sobretudo anticromossomais, antiperoxidase tireoidiana e antitiroglobulina, são produzidos e direcionados contra a tireoide, normalmente associandose ao aparecimento do bócio. DIABETES MELITO (PÂNCREAS EXÓCRINO): Não se trata de uma simples patologia, mas em um grupo de distúrbios de origem metabólito-regulatórias associadas à elevação dos níveis glicêmicos, conhecido como hiperglicemia. O diabetes do tipo 1 é caracterizado como uma doença autoimune, na qual ocorre a destruição das células β de Langerhans e uma deficiência absoluta de insulina. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ O diabetes do tipo 2, por sua vez, é causado por uma associação de fatores, entre os quais: a resistência periférica à ação da insulina e uma secreção também diminuída da insulina pelas células β pancreáticas. A RESISTÊNCIA À INSULINA é uma incapacidade dos órgãos e dos tecidos-alvo de responder à ação da insulina, acabando por acarretar uma diluição da captação da glicose no músculo, glicólise, além de não conseguir suprimir a gliconeogênese. DISTÚRBIOS DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso central (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula espinal, os quais juntos são responsáveis por controlar a homeostasia, o movimento e muitas outras funções corporais. Eles são constituídos por uma rede de bilhões de células nervosas que se comunicam de modo extremamente organizado para formar o sistema de controle rápido do corpo DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS: As doenças neurodegenerativas (DNEs) afetam os movimentos, a cognição e a memória. Os distúrbios neurodegenerativos abrangem uma série de condições que afetam o SNC nas quais alterações no sistema neuronal levam à deterioração progressiva na estrutura e na função celular. SISTEMA IMUNE ( NEUROINFLAMAÇÃO VERSUS NEURODEGENERAÇÃO): DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência. Ela é caracterizada patologicamente pela formação de placas senis compostas de peptídeo β- amiloide-β (Aβ). Ocorre uma deterioração lenta e gradual da memória que afeta a linguagem, a personalidade e o controle cognitivo. DOENÇA DE PARKINSON A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico altamente complexo caracterizado pelas alterações motoras clássicas do parkinsonismo associadas à presença de corpos de Lewy e à perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra. ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM): A esclerose múltipla (EM) é a doença inflamatória crônica, desmielinizante e neurodegenerativa crônica mais comum do SNC em adultos jovens. Esse distúrbio é uma doença heterogênea, multifatorial e imunomediada, influenciada por fatores genéticos e ambientais. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC): Também conhecido como derrame, o acidente vascular se configura como uma interrupção súbita da circulação cerebral em uma ou mais áreas. O AVC RESULTA FUNDAMENTALMENTE DE TRÊS CAUSAS: TROMBOSE DAS ARTÉRIAS: as quais são responsáveis por nutrir o cérebro e os vasos intracranianos, obstruindo o fluxo sanguíneo. EMBOLIA POR TROMBOS EXTERIORES AO CÉREBRO: como os que podem surgir no coração, aorta ou carótida. POR PROCESSOS HEMORRÁGICOS DE ARTÉRIA OU VEIA INTRACRANIANA: os quais surgem em decorrência de aumento da pressão intracraniana, ruptura de aneurisma, trauma, entre outros. Vasos sanguíneos. OS ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS PODEM SER CLASSIFICADOS COMO HEMORRÁGICOS OU ISQUÊMICOS. O AVC HEMORRÁGICO ocorre tipicamente por aneurisma ou hipertensão, com consequente diminuição do aporte de sangue para a área a ser suprida pela artéria rompida e pressão pelo acúmulo de sangue no local. O AVC ISQUÊMICO , por sua vez, pode ser subdividido em: embólico, lacunar e trombótico AVC ISQUÊMICO EMBÓLICO: normalmente formado a partir de êmbolos oriundos sobretudo no coração. AVC ISQUÊMICO LACUNAR: configura-se em um subtipo do AVC trombótico gerado pela formação de cavidades na substância branca em decorrência de hipertensão. AVC ISQUÊMICO TROMBÓTICO: é a causa mais comum de AVC, resultante normalmente de um quadro pregresso de arteriosclerose e também por conseguinte associação com obesidade, hipertensão e tabagismo. HIPERSENSIBILIDADE Reações anafiláticas sistêmicas. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ NEOPLASIAS: ASPECTOS GERAIS E EPIDEMIOLÓGICOS Neoplasia pode ser entendida como a lesão constituída pela proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução da diferenciação celular, em consequência de alterações nos genes que regulam crescimento e diferenciação. PROLIFERAÇÃO CELULAR: Proliferação celular é o processo de aumento no numero de células por divisão mitótica. Em tecidos normais, é regulada de modo que a quantidade de células em divisão ativa seja equivalente à quantia de células mortas ou perdidas. DIFERENCIAÇÃO CELULAR: É o processo pelo qual as células em proliferação se tornam progressivamente tipos celulares mais especializados. Esse procedimento resulta em uma célula totalmente diferenciada, adulta, que tem um conjunto de características estruturais, funcionais e tempo de vida específicos Na prática, as neoplasias SÃO CHAMADAS DE TUMORES. O termo tumor é mais abrangente, pois significa qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado, podendo ser causado por vários outros processos patológicos (inflamações, hematomas etc.). As neoplasias geralmente recebem o nome por adição do sufixo oma ao tipo de tecido parenquimatoso a partir do qual se origina o crescimento. Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: pelo comportamento clinico (benignos ou malignos), pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico) e pela origem da neoplasia (critério histogenético). NEOPLASIAS BENIGNAS: São compostas de células bem diferenciadas que se assemelham àquelas dos tecidos de origem e se caracterizam por crescimento lento e progressivo, que pode paralisar ou regredir. Por motivos desconhecidos, as neoplasias benignas perderam a capacidade de suprimir o programa genético de proliferação celular, mas mantiveram o programa normal de diferenciação celular. Elas crescem por expansão e permanecem no local de origem, sem a capacidade de se infiltrar, invadir ou criar metástases para locais distantes. (porém, podem, em alguns casos, ser fatais). NEOPLASIAS MALIGNAS: Neoplasias malignas, que invadem e destroem o tecido circundante e se propagam para outras partes do corpo, tendem a crescer rapidamente e se disseminar; têm potencial para causar a morte. Devido à sua rápida taxa de crescimento, as neoplasias malignas podem comprimir vasos sanguíneos e comprometer o suprimento sanguíneo, causando isquemia e lesão tecidual. Algumas doenças malignas podem secretar hormônios ou ocitocinas, liberar enzimas e toxinas ou induzir uma resposta inflamatória prejudicial ao tecido normal, tanto quanto a própria neoplasia Existem duas categorias de neoplasias malignas: as sólidas e os cânceres hematológicos. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ INVASÃO E METÁSTASE: Ao contrário de neoplasias benignas, que crescem por expansão e geralmente são encapsuladas, o câncer se dissemina por invasão direta. A maioria dos cânceres sintetiza e secreta enzimas que degradam proteínas e contribuem para infiltração, invasão e penetração nos tecidos circundantes. O termo metástase é empregado para descrever o desenvolvimento de uma neoplasia secundária, em umaregião distante da primária. VIAS DE DISSEMINAÇÃO: A metástase ocorre através dos canais linfáticos (disseminação linfática) e vasos sanguíneos (disseminação hematogênica). Em muitos tipos de câncer, a primeira evidência de doença disseminada é a existência de células neoplásicas nos linfonodos que drenam a área da neoplasia. GENÉTICA MOLECULAR DO CÂNCER: O câncer tem uma base genética. As propriedades que apoiam essa conclusão incluem: Predisposição genética; Presença de anormalidades cromossômicas em células neoplásicas; Correlação entre comprometimento do reparo de DNA e ocorrência de câncer; Associação íntima entre carcinogênese e mutagênese. Estima-se que sejam necessários pelo menos quatro a sete genes mutantes para a transformação de uma célula normal em célula maligna, e esse processo de várias etapas pode ocorrer durante um período de anos. TRÊS CLASSES PRINCIPAIS DE GENES SOFREM MUTAÇÃO EM DIFERENTES CÂNCERES: Proto-oncogenes, que regulam crescimento, diferenciação e sobrevida celulares normais. Genes supressores de tumor, cujos produtos inibem a proliferação celular. Genes de reparação de não equivalência de DNA, que mantêm a fidelidade da replicação do DNA. PRINCIPAIS MARCADORES TUMORAIS: Marcadores tumorais são macromoléculas expressas pelos tumores, ou ainda presentes na circulação sanguínea e/ou nos líquidos biológicos que apontam para o surgimento de células neoplásicas. Em sua maioria, os marcadores tumorais são estruturas proteicas ou derivadas, podem ainda ser hormônios ou enzimas ALFAFETOPROTEÍNA (AFP): A alfafetoproteína (proteína frequentemente encontrada na circulação e de produção hepática) pode apresentar-se em altas concentrações em pacientes portadores de tumores gastrintestinais, hepatite, cirrose e hepatocarcinoma. Valores em geral acima de 500 ng/mL são altamente sugestivos de malignidade, e números acima de 1000 ng/mL são indicativos de presença de neoplasia. ANTÍGENO MUCOIDE ASSOCIADO AO CARCINOMA (MCA): Apresenta-se como uma glicoproteína importante no acompanhamento do carcinoma mamário. Sua especificidade, a depender da metodologia empregada, pode variar de 87 a 90%, o que o habilita como marcador de evolução clínica. CROMOGRANINA A: Presente em vários tecidos neuroendócrinos e também conhecida como secretogranina I, vem sendo utilizada como um eficiente marcador em neoplasias endócrinas, síndrome carcinoide, carcinoma medular da tireoide, adenoma hipofisário, carcinoma de células das ilhotas do pâncreas, além do carcinoma pulmonar de células pequenas. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ ANTÍGENO TUMORAL DA BEXIGA (BTA): Raramente expressa por células normais, a proteína BTA é produzida sobretudo por tumores uroteliais da bexiga, cuja sensibilidade pode alcançar, a depender da metodologia utilizada, até 100%. Eventualmente, pode-se ter resultados falsamente positivos em pacientes que apresentem quadros de cálculos renais ou litíase urinária, ou que utilizem, por exemplo, sonda vesical de demora. FOSFATASE ÁCIDA PROSTÁTICA (PAP): Olhando em retrospecto, a fosfatase ácida prostática (PAP) foi o primeiro marcador a ser utilizado no diagnóstico do câncer de próstata. Infelizmente, seus valores só aparecem mais elevados nos estágios mais avançados da doença, não permitindo sua utilização na detecção precoce de alterações ou tumores em estágios iniciais. ANTÍGENO CARCINOEMBRIONÁRIO (CEA): Na presença de neoplasia maligna, podem ser mensurados altos níveis de CEA associados sobretudo com os casos de carcinoma colorretal metastático. Também vêm sendo reportados níveis elevados associados a neoplasias de pulmão, pâncreas, trato gastrintestinal, trato biliar, tireoide e em até 50% dos pacientes com neoplasia de mama. ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA): O PSA é secretado normalmente no líquido seminal. Em pacientes com números de PSA acima de 10 ng/mL, o valor preditivo positivo para o adoecimento alcança facilmente a marca de 60%. No entanto, seu valor diagnóstico torna-se ainda maior se tal resultado for combinado com a avaliação realizada a partir do toque retal. CALCITONINA: A calcitonina é um hormônio secretado pelas células da tireoide, por essa razão é utilizada como marcador de carcinoma medular da tireoide. Em indivíduos com histórico familiar, apresenta uma sensibilidade para detecção precoce em cerca de 90% dos pacientes. CA 125: O CA 125 é uma glicoproteína que vem sendo utilizada no acompanhamento dos casos de câncer epitelial do ovário. Pode alcançar ate 85% de sensibilidade para diagnóstico, variando de acordo com o estadiamento da doença. A elevação de CA 125 pode ocorrer de forma extremamente precoce, variando em ate 12 meses antes do aparecimento de qualquer sinal e/ou sintoma que evidenciaria clinicamente uma recorrência. GRADUAÇÃO E ESTADIAMENTO DE CÂNCERES: Na tentativa de prognosticar o comportamento de um tumor e de estabelecer critérios para o tratamento, muitos cânceres são classificados por grau e estágio. As opções de cirurgia e tratamento são influenciadas pela fase, que reflete a extensão da disseminação, e pelo grau, que representa as características celulares Os critérios habitualmente empregados são: tamanho do tumor, extensão de crescimento local, presença de metástases em linfonodos e de metástases distantes. Esses critérios foram codificados no sistema internacional de estadiamento de câncer TNM: T: refere-se ao tamanho do tumor primário. N: metástases em linfonodos regionais. M: presença e extensão de metástases distantes. PRINCIPAIS NEOPLASIAS CÂNCER DE MAMA: Ele consiste em um crescimento descontrolado de células da mama que adquiriram características anormais, causadas por uma ou mais mutações no material genético das células destas estruturas: Células dos lóbulos (produtores do leite); Células dos ductos lactíferos (por onde é drenado o leite). TIPOS DE CANCER DE MAMA CARCINOMA DUCTAL IN SITU (CDIS): desenvolve-se nas células dos ductos mamários, não invadiu células adjacentes aos ductos. CARCINOMA DUCTAL INVASIVO: 80% dos casos. Desenvolve-se nas células dos ductos mamários, invadiu células adjacentes aos ductos quando diagnosticado. CARCINOMA LOBULAR IN SITU (CLIS): desenvolve-se nas células dos lóbulos mamários, não ha sinais de que tenha invadido células adjacentes. CARCINOMA LOBULAR INVASIVO: desenvolve-se nos lóbulos mamários, mas já invadiu células adjacentes. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ CÂNCER DE PRÓSTATA: O câncer de próstata caracteriza-se pelo crescimento e aumento da próstata e com jato e intensidade diminuído da urina. CÂNCER DE INTESTINO COLORRETAL: O câncer colorretal acomete o segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Os sinais e sintomas do câncer colorretal dependem da localização do tumor no intestino e apresentam-se como dor ou desconforto abdominal com aparecimento de cólicas frequentes; excesso de gases; diarreia ou constipação intestinal; sangramento anal ou melena CÂNCER DE ESTÔMAGO: A sobrevida em cinco anos é muito baixa e não ultrapassa os 20% em todo o mundo, sendo ainda mais baixa em países com baixa cobertura de saúde. No Japão, a sobrevida atualmente chega à casa dos 60% por conta de programas de rastreamento populacional para câncer de estomago e diagnóstico precoce. Sua causa é multivariada. Fatores não infecciosos como idade avançada, dieta pobre em produtos de origem vegetal e rica em sal, consumo excessivo de alimentos com conservantes, tabagismo e associação com doenças como gastrite crônica. CÂNCER DE PULMÃO: O câncerdo pulmão – ou neoplasia maligna do pulmão – é um dos tipos mais comuns e graves de câncer. Os carcinomas de pulmão são classificados em carcinoma de pequenas células (linfocitoides – oat cell intermediário e combinado) e carcinoma de células não pequenas (carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular, adenocarcinoma e carcinoma indiferenciado de grandes células). CÂNCER DE PELE: O câncer de pele pode ser classificado como carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. O CARCINOMA BASOCELULAR (CBC) normalmente localiza-se na região da face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. O principal fator de risco para seu desenvolvimento é a exposição solar. Caracteriza-se por lesões de aspecto papular, de coloração avermelhada, brilhosa, com crosta central e que pode sangrar com facilidade. O CARCINOMA ESPINOCELULAR (CEC) aparece nas mesmas áreas que o CBC; normalmente seus fatores de risco incluem, além da exposição solar, o uso prolongado de imunossupressores e radiação. As lesões sugestivas de CEC surgem com o aspecto de ferida descamativa de coloração avermelhada, que não cicatriza e tem alta probabilidade de sangrar. O MELANOMA surge em qualquer área exposta ao sol, e além da óbvia exposição solar como fator de risco, aponta- se a maior predisposição de indivíduos com pele clara e histórico familiar da doença, indicando um componente hereditário importante. Manifesta-se pelo surgimento de pintas de coloração enegrecida ou acastanhada, de formato e tamanhos variados, as quais ainda podem apresentar sangramento ao desenvolvimento do melanoma. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ ANATOMIA PATOLÓGICA O exame anatomopatológico fundamenta-se nas avaliações macroscópica e microscópica de tecidos e células extraídos de um paciente. A obtenção de amostras para o exame anatomopatológico pode ser efetuada através da realização de: Biópsia; Punção aspirativa com agulha fina (Paaf); Exérese; Necropsia. BIÓPSIA: O método consiste na remoção de um pequeno fragmento de tecido do organismo vivo. Após esta remoção, o material extraído deve ser cuidadosamente acondicionado em recipiente apropriado contendo formol salino ou tamponado a 10%, devidamente identificado e posteriormente enviado para a anatomia patológica Além de tecidos, líquidos biológicos, secreções e outros materiais, podem vir a ser estudados todos os órgãos a serem biopsiados, como músculos, pele, ossos, entre outros. As biópsias podem ser: internas, externas, perioperatórias, excisionais, incisionais e por aspiração BIÓPSIAS INTERNAS : são realizadas por incisão ou punção. A punção pode ser executada às cegas ou ecoguiadas, por ultrassonografia, endoscopia ou broncoscopia. BIÓPSIAS EXTERNAS: são praticadas quando há lesões presentes nas camadas superficiais da pele e das mucosas. BIÓPSIAS PERIOPERATÓRIAS: são executadas durante procedimentos cirúrgicos planejados. BIÓPSIAS EXCISIONAIS : são aquelas nas quais se remove por completo a lesão. BIÓPSIAS INCISIONAIS : são responsáveis pela remoção de parte da lesão. BIÓPSIAS POR ASPIRAÇÃO : ocorrem quando o material a ser examinado e aspirado através de agulha ou instrumento adequado para tal. PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA (PAAF): Consiste na retirada de pequena parte de tecido por método aspirativo com posterior coloração do material aspirado para microscopia. Entre as inúmeras aplicações do método, destaca-se a utilização no diagnóstico de nódulos tireoidianos, reduzindo a necessidade de cirurgia em mais de 50% dos casos. EXÉRESE: É um procedimento utilizado com finalidade de remoção de um órgão ou tecido com objetivo terapêutico. NECROPSIA: Avaliação detalhada e precisa das cavidades e órgãos do sujeito humano ou animal morto, objetivando determinar a causa mortis. Por definição, a morte se caracteriza por evidências orgânicas que se apercebem rapidamente, como a parada dos movimentos respiratórios, a parada cardíaca, a perda da consciência e da mobilidade voluntária, assim como dos reflexos. APOS A MORTE, SURGEM MUDANÇAS DENOMINADAS DE ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS, DISTRIBUÍDAS EM FASES: Fase de rigidez cadavérica; (3 a 6 horas até 24 horas); Fase dos livores ou de manchas cadavéricas; Fase gasosa; Fase de coliquação; Fase de esqueletização. Deve ser realizada respeitando-se uma série de procedimentos de forma organizada e hierárquica, a fim de se obter o melhor resultado possível. Inicialmente, tem de ser feita uma preparação do corpo, identificando-o com número de registro geral ou do boletim de ocorrência, e procede-se com a coleta das digitais do cadáver. Roupas, projéteis e outros objetos são retirados, identificados e separados para posterior avaliação. O corpo deve ser lavado com água e sabão. Iniciam-se os cortes a partir do crânio, tórax e abdômen. Órgãos como cérebro, coração, pulmões, entre outros, são removidos, pesados, medidos e examinados. FISIOPATOLOGIA E ANATOMIA PATOLÓGICA LUANA VAZ