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Reintegração Social síntese

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Reintegração Social
O processo de reintegração social é algo delicado a se discutir. A sociedade possui um prejulgamento dos detentos e muitos acreditam que o sistema prisional está falido.
Inicialmente, o sistema carcerário tem a função de reintegrar o infrator a sociedade, e em segunda instância separar o detendo da sociedade o qual cometeu o crime, ao efetuar o crime, o indivíduo concretiza seu confronto com a sociedade, mesmo existindo algum acontecimento de formação sociocultural do mesmo, mesmo é considerado uma afronta a sociedade.
Segundo Alessandro Baratta, o indivíduo já sofrera anteriormente, ao longo de sua vida, a marginalização que segundo ele a chama de marginalização primária e, com a pena preventiva da liberdade, sofre uma marginalização secundária.
A prisão termina por agravar esse problema, obrigando o detendo a viver segregado da sociedade, o qual não se encaixa a mesma e, por conseguinte é separado dela, tornando mais difícil a aceitação do mesmo tanto para a sociedade como para a ressocialização.
Isso gera um problema que chamam de prisionização, que segundo Donald Clemmer é um processo de aculturação, é a “adoção em maior ou menor grau dos usos, costumes, hábitos e cultura geral da prisão”. O encarcerado sofre de alguma forma ao processo de prisionização, iniciando pela perda de status, transformado “numa figura anônima de um grupo subordinado”. O encarcerado sucumbe ao processo de prisionização por motivos diversos.
Um dos principais motivos é a fiscalização totalitária que existe nas prisões, pois com uma fiscalização em tempo de 24 horas ao dia o ser humano não aceita, e a partir daí os presos tendem a criar um poder informal e uma cultura paralela a que é vista fora das cadeias, criando uma própria ética e até mesmo critérios e condições de felicidade e sobrevivência, o qual no filme o prisioneiro da grade de ferro demonstra muito bem, os detentos usam armas artesanais que chamam “facas” feitas com grades de ferro e polidas com pedras, usam do narcotráfico, vendem bebidas alcoólicas artesanais uso de celulares, etc.
Além desse fato, eles vivem em massa, em grande numero de prisioneiros numa mesma cela, sem possuírem espaço aconchegante para os próprios. E como consequência lhes acarreta em uma desorganização da personalidade, eles perdem a personalidade própria, criam um sentido de inferioridade para com a sociedade, e como resultante empobrecem seu psíquico e empobrecem ainda mais suas experiências, degradando ainda mais seu estado na condição em que se encontram, e por isso buscam formas de fuga como a dependência, proteção muitas vezes religiosa e por soluções fáceis.
Podemos observar que o sistema prisional cumpre com parte de sua obrigação, a de separação dos infratores da lei da sociedade, essa barreira se cria pelos muros delimitados ao espaço da das prisões, porém vai mais além de apenas uma separação demográfica.
A separação se estabelece também pela sociedade que não quer resolver nem se envolver com os detentos, contudo cobra soluções e pedem de forma imediata.
Os telejornais demonstram notícias que enfatizam a violência como crimes, e relacionados a prisões as fugas, rebeliões, homicídios dentro das cadeias, etc. Produzindo uma alta no número de telespectadores e estes criando opiniões com base nas notícias.
Cabe também a sociedade auxiliar na recuperação dos detentos, pois os criminosos também fazem parte dessa sociedade, representam parte da mesma.
Segundo Baratta “O conceito de reintegração social requer a abertura de um processo de interações entre o cárcere e a sociedade, no qual os cidadãos recolhidos no cárcere se reconheçam na sociedade externa e a sociedade externa se reconheça no cárcere”.
A sociedade deve contribuir com os presidiários, inicialmente deve-se haver um melhor investimento em qualificação dos técnicos. Os técnicos sejam psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, agentes de segurança, todos eles deveriam passar por qualificações para facilitarem a convivência dos presos, transformando-se numa espécie de planejadores, coordenadores e facilitadores da interação preso-sociedade, sendo mediadores entre detentos e sociedade. Contudo, como registrado no filme ocorre o inverso, os agentes se demonstram despreparados para conviver com os prisioneiros, julgando-os e criando uma pressão ainda maior com as diferenças já explicitadas.
Deve-se também reavaliar a forma de as perícias da CTC (Comissões Técnicas de Classificação) uma avaliação mais detalhada e mais humanizada, uma disponibilidade a tratamentos médicos e psiquiátricos.
Deve-se também um numero maior de visitas aos presídios, entrevistas com presos, apresentações de relatórios, colaboração na busca de recursos e materiais humanos para os presos, promoção de projetos de qualificação profissional com mais seriedade, proporcionando uma oportunidade empregatícia maior aos detentos para quando saírem de seu regime.
É preciso melhorar o prestígio e autoestima dos detentos, por meio da colaboração do Conselho de Comunidade e a coordenação do CTC, informando a sociedade sobre os detentos, promovendo palestras e debates sobre o sistema carcerário, modificando a opinião deturpada da sociedade sobre o sistema prisional, podendo ocorrer na existência de visitas aos presídios e até sessões de debates com os presos dependendo da forma em que se progride.
Programas de reconciliação entre preso e vítima, impactando na responsabilidade obtida pelo presidiário aos crimes cometidos com o intuito de procurar qualificar as condições de ser aceito novamente a sociedade, amadurecendo o autor do crime, a vítima e a sociedade, contudo deve-se haver uma preparação da sociedade para esse encontro intervindo pelo CTC e Conselho de Comunidade para não ocorrer uma mudança de valores e agravar ainda mais a visão de rejeição e inutilidade do preso.
Por fim, o CTC e Conselho de Comunidade devem incentivar e desenvolver a sociedade e o detendo na prestação de serviços úteis a comunidade, proporcionando ao mesmo a oportunidade de se reconhecer útil e se autovalorizar e redescobrir, incluindo-o ao mercado de trabalho.
Podemos concluir que o sistema prisional carece em muitas áreas, porém a sociedade também deve auxiliar na ressocialização dos presos. Deve-se haver uma fiscalização mais forte aos atos internos, tanto aos agentes como aos prisioneiros, deve-se haver uma qualificação maior aos profissionais que trabalham nesse local, um contato maior entre sociedade e detentos, e medidas a fim de melhorar as condições de vida dos prisioneiros, como visitas familiares periódicas, auxilio a saúde, segurança interna, etc.

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