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REPARO TECIDUAL INFLUENCIA E CONSEQUENCIAS Fatores que influenciam o reparo O reparo tecidual pode ser alterado por uma variedade de influencias frequentemente reduzindo a qualidade ou a adequação do processo de reparo ativo. As variáveis que modificam o reparo podem ser extrínsecas (fatores ligados diretamente a ferida) além de sistêmicas ou locais. Fatores extrínsecos Idade Quanto mais idoso é indivíduo, mais lento é o processo de reparo jovens cicatrizam ou regeneram mais fácil e rapidamente os tecidos ficam menos flexíveis, existe diminuição progressiva do colágeno. Estado nutricional Indivíduos mal nutridos tem dificuldade em formar cicatriz pela ausência de certas proteínas, minerais e vitaminas importantes para a síntese de colágeno (como a vitamina C, sua deficiência retardada e proliferação de fibroblastos). Estado imunológico A imunidade baixa prolongada a fase inflamatória (diminuição de leucócitos, retardo da fagocitose e da lise de restos celulares) e predispõe a ocorrência de infecções que aumenta a lesão tecidual local, pela ausência de monócitos a formação de fibroblastos é deficitária. Diabetes A síntese do colágeno esta diminuída assim como a oxigenação local, devido a microangiopatia cutânea (diminuição na quantidade de vasos). Uso de medicamentos Principalmente esteroides que retardam e alteram a cicatrização, devido a inibição da produção do TGF-B, diminuindo a proliferação de fibroblastos e de células endoteliais. Realização de quimioterapia Leva a neutropenia (redução da contagem de neutrófilos no sangue), predispondo a infecção, inibem a fase inflamação inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na síntese proteica. Tabagismo A nicotina é um vasoconstritor, levando a isquemia tissular, sendo também responsável por uma diminuição de fibroblastos e macrófagos. O monóxido de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxigênio. Fatores intrínsecos (relacionados a ferida) Local e a característica do tecido Tecidos lábeis, estáveis ou permanentes. Em um tecido label que é o que entra em proliferação o tempo todo, vai provavelmente fazer uma cicatrização ou regeneração mais rápida, do que em um tecido estável por exemplo. E em um tecido permanente só vai ser possível cicatrização e vai demorar mais tempo do que em um tecido estável por exemplo. Ocorrência de reações imunológicas ou auto imunes locais Organismo não reconhece como próprio o tecido. Em caso de transplante, faz o transplante e não usa nenhuma droga imuno supressora o organismo vai achar que o órgão transplantado é um invasor e vai começar a destruir aquilo que estava tentando cicatrizar. Infecção local Dano tecidual constante e reação inflamatória persistente. Se tem uma infeção no local da ferida tem mais agentes lá e mais vai demorar para cicatrizar. Perfusão deficiente Em caso de anóxia, as células inflamatórias tem dificuldade de chegar a zona lesada, dificultando a proliferação dos fibroblastos e a síntese de colágeno. Se não está conseguindo chegar sangue suficiente na ferida vai ter um caso de anoxia ou lipoxia da ferida não vai conseguir cicatrizar. Tensão na ferida e técnica de sutura inadequada Vômitos, tosse, atividade física em demasia, produzem tensão e interferem na cicatrização das feridas. Se faz uma ferida em locais de tensão precisa de uma técnica de sutura especifica para aquela área para evitar que quando o animal tussa, vomite, faça, esforço, rompa aquela sutura. Hemorragias e hematomas O acúmulo de sangue cria espaços mortos, propicia o acumulo de células mortas que precisam ser removidas, bem como o surgimento de hematomas e isquemia. Isso provoca dor e lentifica o processo de cicatrização. Acumulo de sangue no local vai demorar o processo de cicatrização porque o sangue precisa ser removido dali para ter a proliferação de células para aquele lugar. Presença de corpos estranhos Fragmentos de aço, vidro e até mesmo osso impedem o reparo. Existem dois tipos classificados de reparo Regeneração ou cicatrização. A pele consegue fazer essas duas coisas. Nas feridas cutâneas Vai depender da natureza da ferida e da extensão dessa ferida. Essas feridas podem ser curadas ou por primeira intenção ou por segunda intenção. Cura por primeira intenção Quando a lesão envolve apensa a camada epitelial, o principal mecanismo de reparo é a regeneração epitelial, também chamada de união primaria. Vai acontecer sempre em lesões pequenas. Um dos exemplos mais simples desse tipo de reparo de ferida é o reparo de uma incisão cirurgia, limpa, não infectada e a aproximada por suturas cirúrgicas. A incisão causa apenas a interrupção focal da continuidade da membrana basal epitelial e a morte de poucas células epiteliais e das células do tecido conjuntivo. O reparo consiste em três processos conectados inflamação, proliferação de células epiteliais e outras células, maturação da cicatriz do tecido conjuntivo. Cura por primeira intenção (tempos que isso acontece) No prazo de 24h, neutrófilos podem ser vistos na margem da incisão, migrando rumo ao coagulo de fibrina. Eles liberam enzimas proteolíticas que começam a limpar os resíduos. As células basais na borda do corte da epiderme começam a mostrar atividade mitótica acelerada, dentro de 24-48h, essas células epiteliais de ambos os lados já começaram a migrar e proliferar ao longo da derme, depositando componentes basais de membrana a medida que avançam. Então, juntam-se na linha média, abaixo da superfície da crosta, produzindo uma fina e continua camada epitelial que fecha a ferida. No terceiro dia, os neutrófilos já foram substituídos pelos macrófagos e fazer o tecido de granulação invade o espaço da incisão. As fibras de colágeno são evidentes nas margens da incisão. A proliferação de células epiteliais vai continuar formando uma cobertura que se aproxima de espessura normal da epiderme. Por volta do quinto dia a neovascularização alcança seu pico, a media que o tecido de granulação vai preenchimento o espaço incisional. A migração de fibroblastos para o local da lesão é orientada por quimiocinas, TNF, PDGF, TGF-B e FGF e as mesmas desencadeiam a proliferação. Os proliferam produzem proteínas da MEC e colágeno tornam-se mais abundantes e começam a formar pontes na incisão. A epiderme recupere sua espessura natural a medida que a diferenciação de células de superfície vai produzindo uma arquitetura de epiderme madura, com queratinazação da superfície, voltando a pele ao normal. Durante a segunda semana, há acumulo continuo de colágeno e de proliferação de fibroblasto. O infiltrado de leucócitos, o edema e o aumento de vascularidade estão substancialmente diminuídos. Ao fim do 1º mês, a cicatriz compreende um tecido conjuntivo desprovido de células inflamatórias, cobertas por uma epiderme normal. Cura por segunda intenção É quando tem perda tem perda de células ou tecidos extensa, como ocorre em grandes feridas, abscessos, ulcerações e na necrose isquêmica de órgão parenquimatoso. O processo de reparo envolve uma combinação de regeneração e cicatrização. A reação inflamatória é mais intensa e tem desenvolvimento de tecido de granulação, acumulo de MEC e formação de uma cicatrização. Além de uma contração da ferida pela ação de miofibroblastos. A cura secundaria difere da cura primaria em vários aspectos Quantidades muito maiores de tecido de granulação são formadas para preencher os espaços e proporcionar uma estrutura-base para reepitelização tecidual. Inicialmente, é formada uma matriz provisória contendo fibrina, fibronectina plasmática e colágeno frouxo, em 2 semanas, é substituída por uma cicatriz mais densa. O tecido de granulação original é convertido em uma cicatriz avascular e pálida, composta de fibroblastos fusiformes, colágeno denso, fragmentos de tecido elástico e outros componentes da MEC. Cura por segundaintenção A epiderme recupera sua espessura a arquitetura normais. No fim do mês, a cicatriz consiste em tecido conjuntivo acelular destruído de infiltrado inflamatório e recoberto por epiderme intacta. A contração da ferida ocorre geralmente em feridas de grande superfície, e ajuda a fechar ao diminuir o espaço e reduzir a área de superfície. Características da cicatrização por 1 ou 2 intensões Características Por primeira intenção Por segunda intenção Intensão de ferida Linear, coaptante, pouco traumatizada, com perda mínima de substancia Irregular, não coaptante, traumatizada, com perda de substancia (comum em ulceras) Contaminação Não contaminada Contaminada ou não Intensidade da reação inflamatória Menor Maior Formação do tecido de granulação Menor Maior, as vezes exuberante Volume da cicatrização final Menor Maior, as vezes com formação de queloide Retração cicatricial Menor Maior Perda de células especializadas Menor Maior Tempo de resolução Menor Maior Fibrose de órgãos parenquimatosos O termo fibrose é empregado quando ocorre deposição excessiva de colágeno e outros componentes da MEC em tecido. Fibrose e cicatriz podem ser usadas como sinônimos, porém, fibrose é a cicatrização em órgãos internos. Os mecanismos básicos de fibrose são idênticos aos da formação de cicatriz na pele. A fibrose é um processo patológico induzindo por estímulos lesivos persistentes, como infecções crônicas e reações imunológicas, tipicamente associado a perda tecidual. A principal citocina envolvida na fibrose é o TGF-B. Na maioria dos órgãos, como pulmões e rins, os miofibroblastos são a principal fonte de colágeno, porém no fígado as produtoras de colágeno são as células estreladas. Anormalidades no reparo: As complicações no reparo tecidual podem surgir a partir de anormalidade em qualquer um dos componentes básicos do processo. Podem ter: formação deficiente de cicatriz, formação excessiva de componentes do reparo, formação de contraturas. Formação deficiente de cicatriz pode levar a dois tipos de complicação: deiscência da ferida (abertura da ferida) ou ulceração. A deiscência ou ruptura de uma ferida ocorre com mais frequência após cirurgia de abdômen. Vômitos, tosse, podem produzir estresse mecânico sobre a ferida. As feridas podem ulcerar em consequência de uma vascularização inadequada durante a cura. A formação excessiva dos componentes do reparo pode ser por ou cicatrizes hipertróficas ou queloides. O acumulo excessivo de colágeno pode produzir uma cicatriz saliente conhecida como cicatriz hipertrófica, se a cicatriz cresce além das margens da ferida original, sem regredir, é chamada de queloide. A queloide é uma predisposição individual e por motivos desconhecidos, essa anormalidade é um pouco mais comum em negros e em equinos. Em geral as cicatrizes hipertróficas se desenvolvem após lesões traumáticas ou térmicas que envolvem as camadas mais profundas da derme. Diferenças entre cicatriz queloide e hipertrófica Característica Cicatriz queloide Cicatriz hipertrófica Aspecto Menor Maior, as vezes exuberante Tamanho Menor Maior, as vezes com formação de queloide Quantidade de H2O Menor Maior Anexos cutâneos Menor Maior Prurido Menor Maior Regressão espontânea Rara Frequentemente Anormalidades no reparo Granulação exuberante É a formação de quantidades excessivas de tecido de granulação, fazendo protrusão acima do nível da pele no entorno e bloqueando a reepitelização (carne esponjosa). A granulação excessiva deve ser removida por cauterização ou por excisão cirúrgica, a fim de permitir a restauração da continuidade do epitélio. Contratura A contração no tamanho da ferida constitui parte importante do processo normal de cicatrização. Um exagero desse processo origina a contratura e resulta em deformidades da ferida e dos tecidos circundantes. As contraturas são comumente observadas após queimaduras graves e podem comprometer o movimento das articulações. Resumo de cura de ferida As principais fases da cura de ferida cutâneas são inflamação, formação de tecido de granulação e remodelamento da MEC. As feridas cutâneas podem curar-se através da união primaria (primeira intenção) ou da união secundaria (segunda intenção). A cura secundaria envolve cicatrização e contração das feridas mais extensas. Resumo de aspectos patológicos do reparo A cura de feridas pode ser alterada por muitas condições, particularmente infecções, diabetes, tipo de lesão, volume e localização da lesão são fatores importantes que influenciam o processo de reparo. A produção de excessiva de MEC pode causar queloides na pele. A estimulação persistente da síntese de colágeno nas doenças inflamatórias crônicas leva a fibrose do tecido, geralmente com grande perda tecidual e prejuízo funcional.