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Professor Sandro Melros A importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato de que tal noção tem como propósito a facilitação da comunicação entre os interlocutores e, além disso, auxilia na melhor compreensão de textos literários. Figuras de linguagem são certos recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem. Figuras de palavras (ou tropos) Consiste na mudança de sentido literal das palavras para seu sentido figurado: metáfora, comparação, catacrese, metonímia (sinédoque), perífrase (antonomásia) e sinestesia. Metáfora em imagem METÁFORA: é o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida. Exemplo: Minha boca é um túmulo. Essa rua é um verdadeiro deserto. COMPARAÇÃO: consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança. Exemplo: O meu coração está igual a um céu cinzento. O carro dele é rápido como um avião. SINESTESIA:consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. Na junção de dois sentidos: "Vamos respirar o ar verde do outono" (respirar = olfato / verde = visão, no sentido das cores) "Sempre havia, ao amanhecer, uma cor estridente no horizonte" (cor = visão / estridente = audição) "Era uma sonoridade aveludada como a superfície de uma flor" (sonoridade = audição / aveludada = tato) "Ele costumava sentir um odor agridoce durante as manhãs" (odor = olfato / agridoce = paladar) Na junção de três sentidos: "Na floresta uma luminosidade perfumada aquecia os pássaros" (luminosidade = visão / perfumada = olfato / aquecia = tato) A melodia do pianista era doce e rósea em suas sublimes imensidões" (melodia = audição / doce = paladar / rósea = visão) Na junção de quatro sentidos: "Ouvia-se a maciez de um sabor prateado" (ouvia-se = audição / maciez = tato / sabor = paladar / prateado = visão) Na junção dos cinco sentidos: "Ela foi acariciada pelo sabor cromático de uma fragrância musical" (acariciada = tato / sabor = paladar / cromático = visão / fragrância = olfato / musical = audição) CATACRESE: É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio. Exemplo: O menino quebrou o braço da cadeira. A manga da camisa rasgou. METONÍMIA: É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos: - O autor pela obra. Exemplo: Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) - o continente pelo conteúdo. Exemplo: O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores) - a parte pelo todo. Exemplo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui casa) - o efeito pela causa. Exemplo: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho) PERÍFRASE (ANTONOMÁSIA): é a designação de um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Exemplo: A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife) A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro) Ocorrem quando empregamos, intencionalmente, ideias diferentes daquelas que normalmente a palavra ou expressão sugere na frase. ANTÍTESE: Consiste no uso de palavras de sentidos opostos. Exemplo: Nada com Deus é tudo. Tudo sem Deus é nada. PARADOXO OU OXÍMORO Trata-se de uma antítese que mais reúne (ou associa) do que opõe as ideias contrastantes: Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; [...] Luís de Camões EUFEMISMO: consiste em suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis. Exemplo: Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = morrer) Os homens públicos envergonham o povo. (homens públicos = políticos) HIPÉRBOLE: é um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a idéia. Exemplo: Ela chorou rios de lágrimas. Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda. IRONIA: é a inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos. Exemplo: Que alunos inteligentes, não sabem nem somar. Se você gritar mais alto, eu agradeço. PROSOPOPEIA: é uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO. Exemplo: O céu está mostrando sua face mais bela. O cão mostrou grande sisudez. GRADAÇÃO: são expostas determinadas ideias de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax). Exemplo: "Ó não guardes, que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada." (Gregório de Matos) ALITERAÇÃO: consiste na repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das palavras. Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma. APÓSTROFE É a invocação ou chamamento de algo ou de alguma coisa. Ex.: Oh, Nise amada! Senhor Deus, rogai por nós. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE Caracterizam-se por apresentar determinadas mudanças na estrutura comum das orações . São elas: Hipérbato, Elipse, Zeugma, Pleonasmo, Assíndeto, Polissíndeto, Anacoluto, Anáfora, Aliteração, Silepse. HIPÉRBATO Trata-se de uma inversão simples ou mais acentuada dos termos em uma oração: ou ainda da intercalação de palavras ou frases no meio de expressões. Viveu, há muitos e muitos anos, num distante país, um homem agraciado pelos deuses com dons extraordinários. PLEONASMO: consiste na intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu significado. Exemplo: Nós cantamos um canto glorioso. ELIPSE: consiste na omissão de um termo que fica subentendido no contexto, identificado facilmente. Exemplo: Após a queda, nenhuma fratura. ZEUGMA: consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente. Exemplo: Ele come carne, eu verduras. POLISSÍNDETO: é a repetição da conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da oração. Exemplo: Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar. ASSÍNDETO: ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas orações. Exemplo: Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar. ANACOLUTO: consiste numa mudança repentina da construção sintática da frase. Exemplo: Ele, nada podia assustá-lo. Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente. ANÁFORA: consiste na repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade. Exemplo: Cada alma é uma escada para Deus, Cada alma é um corredor-Universo para Deus, Cada alma é um rio correndo por margens de Externo Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa) SILEPSE: ocorre quando a concordância é realizada com a idéia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero, número e pessoa. De gênero Exemplo: Vossa excelência está preocupado com as notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não com o sujeito). De número Exemplo: A boiada ficou furiosa com o peão e derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a idéia de plural da palavra boiada). De pessoa Exemplo: As mulheres decidimos não votar em determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª pessoa). FIGURA SONORA ONOMATOPEIA: versa na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres. Exemplo: Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.
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