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DIREITO PENAL - II - Aula - 9

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Direito Penal – II – 2º Termo – Unisalesiano – Araçatuba – O Texto abaixo compõe parte de resumo de matéria lecionada em sala de aula e serve como orientador de estudo mais aprofundado que deverá ser feito pelo aluno, sobre a doutrina e legislação indicadas pelo professor.
 
AULA – 9
DO CONCURSO DE PESSOAS
De acordo com o art. 29, CP, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida da sua culpabilidade”.
Concurso de pessoas – é a reunião voluntária e consciente de duas ou mais pessoas para a prática de crimes. Também é conhecido por concurso de agentes, co-delinquência ou concurso de delinquentes.
Quanto ao concurso de pessoas os crimes podem ser:
A – Monossubjetivos – que são aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa ou por várias pessoas. Ex: roubo, furto, homicídio, etc. Nesse caso, não há concurso de pessoas. É possível que várias pessoas matem a vítima, hipóteses em que haverá concurso de pessoas. 
Obs. O homicídio é, portanto, um crime de concurso eventual.
B – Plurissubjetivos – são aqueles que só podem ser praticados por duas ou mais pessoas. São crimes de concurso necessário. Exemplos: Art. 288, CP (Quadrilha), art. 137, CP (rixa);
Formas de Concurso de pessoas (concurso de agentes):
A – Pluralidade de condutas – como se trata de concurso de pessoas, logicamente há mais de uma conduta a ser considerada;
B – Relevância causal da conduta – somente pode responder pela infração aquele que efetivamente contribuiu para tanto, não podendo, uma conduta irrelevante levar o agente a responder pelo ilícito; se a conduta de alguém não teve qualquer relevância para a infração, tal pessoa não pode, por ela, ser responsabilizada.
C – Liame subjetivo (vínculo subjetivo ou identidade de propósitos) – aquele que adere subjetivamente à conduta de outrem e, com a mesma identidade de propósitos, contribui para o crime, responde pela infração (não se exige acordo prévio, basta que haja contribuição consciente de que está contribuindo para a prática do crime).
D – Unidade de infração para todos os agentes – Todos devem ser enquadrados no mesmo crime., ou seja, por consequência da teoria Unitária (monista ou igualitária) todos os agentes criminosos responderão pela mesma infração penal. (art. 29, CP) – essa regra comporta exceções pluralistas que afastam a aplicação da Teoria Monista. Exemplos:
1) Aborto consentido pela gestante e praticado por médico; A gestante responde pelo crime de aborto previsto no art. 124, CP, com pena de 1 a 3 anos de detenção. Já o médico que realizou esse procedimento abortivo responde pelo crime de aborto previsto no art. 126, CP, com pena de 1 a 4 anos de reclusão.
2) Crime de corrupção – Passiva (art. 317) com pena de reclusão de 2 a 12 anos e multa; Ativa (art. 333, CP) com pena de 2 a 12 anos de reclusão e multa;
3) Crime de entrada proibida de celular em estabelecimento prisional – Art. 319-A, com pena de detenção de 3 meses a 1 ano; e art. 349-A – com pena de detenção de 3 meses a 1 ano, ambos do Código Penal
Obs. Os três exemplos acima tratam de crime em concurso de pessoas em que os agentes responderão por crimes diferentes, são exceções a teoria unitária
AUTORIA – O Código Penal não traçou a diferença entre autor, coautor e partícipe. Tal missão ficou a cargo da doutrina e jurisprudência pátrias.
Nesse caso, segundo a doutrina, o Código Penal adotou a Teoria Restritiva, em que autor é apenas aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal.
EX: no homicídio a conduta é “matar alguém” e, assim, autor do crime é aquele que efetua disparos contra a vítima, coloca veneno em sua bebida.
COAUTORIA – existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo. Todo agente que realizar a conduta descrita no tipo é considerado autor, não havendo necessidade de praticarem a mesma conduta.
Ex; em um crime de roubo, aquele que utiliza da violência física, outro se vale de grave ameaça e um terceiro subtrai os pertences da vítima, são todos autores; havendo mais de um autor, agiram em coautoria.
PARTICIPAÇÃO – na participação, o agente não comete qualquer das condutas típicas descritas na lei penal, mas de alguma forma concorre para o crime. Todo aquele que concorre, de qualquer modo para a prática do crime (sem que configure ato executório) é considerado partícipe, devendo responder pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade (art. 29, CP).
Ex: em um roubo a banco, é considerado partícipe aquele que permanece vigiando do lado de fora da agência; havendo mais de um, haverá coparticipação.
Ex: A empresta duas armas para B e C matarem D. Nessa hipótese os executores B e C são coautores do homicídio, e A é partícipe.
Obs. A participação é sempre uma conduta acessória à do autor, e pode ocorrer das seguintes formas:
A – Participação moral por induzimento ou determinação – ocorre quando alguém determina, quando alguém “faz nascer a ideia criminosa” no agente principal. Ex: (A) convence (B) a matar (C), nesse caso (B) é autor e (A) é partícipe moral por induzimento.
B – Participação moral por instigação ou incitação - ocorre quando alguém “reforça a ideia criminosa já existente no agente principal”, ou seja, a ideia criminosa preexistia no agente principal e alguém eficazmente reitera, reforça o intento criminoso. EX; (A) sabendo que (B) quer matar (C), incentiva, reforça essa vontade criminosa de (B), nesse caso (B) será o autor e (A) será partícipe moral por instigação.
C – Participação material – ocorre quando o partícipe auxilia no crime de forma secundária, acessória, prestando apenas auxilio material ao agente principal. EX: (A) empresta seu automóvel para (B) transportar substância entorpecente ilícita. Nesse caso (B) é autor do crime de tráfico enquanto que (A) é partícipe material.
PARTICIPAÇÃO POSTERIOR – a participação posterior, depois que o crime foi inteiramente praticado, faz com que alguém responda pelo mesmo crime como coautor ou partícipe, ou deve responder por crime autônomo? Depende?
A – Se houve ajuste anterior, deve ser considerado coautor ou partícipe do crime realizado.
Ex-1 – (A) vai à casa de (B), seu amigo, e diz que vai para a rua roubar um veículo, inclusive mostra a arma que utilizará, e pede ao amigo que lhe empreste a garagem para que possa esconder o veículo, produto do roubo; (B) ciente do roubo que será praticado, empresta a garagem e, assim ajustados, recebe, posteriormente, o veículo roubado; nesse caso, como houve ajuste anterior, e como (B) aderiu subjetivamente à conduta de (A), antes da prática criminosa que seria empreendida, (B) será partícipe material do roubo praticado por (A), enquanto que (A) será o autor do roubo.
Ex- 2 – (A) vai à casa de (B), seu amigo, e diz que vai adquiri um veículo produto de roubo (receptação dolosa), e pede ao amigo que empresta a garagem para que possa ocultar o veículo; (B) ciente da receptação que será praticada por (A), empresta a garagem e, assim ajustado, recebe posteriormente o veículo em questão, ocultando-o; nesse caso, embora (B) ingresse na prática criminosa após (A) comprar o veículo, ambos ajustados e vinculados subjetivamente, responderão como autores (portanto, há coautoria) do crime de receptação dolosa própria (enquanto (A) adquiriu, (B) ocultou coisa, ciente de que era produto de crime) ambos praticaram verbos núcleos do tipo penal do crime de receptação dolosa.
B - Se não houve ajuste anterior, deve responder por crime autônomo.
Ex – 1 (A) rouba um veículo e depois comparece na casa de (B), seu amigo, pedindo-lhe que empreste a garagem para que possa esconder o veículo até o dia seguinte; como não houve ajuste anterior, portanto, ambos não estavam vinculados subjetivamente, (A) responderá pelo crime de roubo, enquanto (B) responderá pelo crime de receptação (art. 180, CP) – ou pelo crime de favorecimento real – art. 349, CP.

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