Buscar

Caderno de Processo Penal - OAB

Prévia do material em texto

P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 1 
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
1) Conceito: 
- Jurisdição (Juris dictio) – ação de dizer o direito: é um poder-dever 
constitucionalmente assegurado e entregue ao Judiciário para que se aplique a 
lei ao caso concreto, resolvendo a demanda penal. 
 - Competência: é a medida da Jurisdição, ou seja, é a quantidade de 
poder especificado em lei e entregue a determinado órgão, delimitando a sua 
margem de atuação. 
 
2) Critérios de definição (classificação) da competência: 
 03 subcritérios de definição: [1] Competência ratione materiae (matéria); 
[2] Competência ratione loci (lugar); [3] Competência ratione personae (pessoa). 
 
3) Competência ratione materiae (matéria): 
3.1) Conceito: detectar qual é a Justiça competente. 
3.2) Distribuição: 
I - Justiça comum 
a) Estadual: julgar aquilo que não for expressamente conferido pela 
Constituição às demais justiças (residual). 
b) Federal: é a justiça da União, e a sua competência esta integralmente 
prevista na Constituição. 
II- Justiça Especial 
a) Justiça Eleitoral: lhe cabe julgar as infrações eleitorais e todas as 
infrações comuns conexas. E as infrações de menor potencial 
ofensivo? Poderão ser aplicados os institutos benéficos dos Juizados 
Especiais (Arts. 69, 74, 76 e 89 da Lei 9.099/95), MAS A 
COMPETÊNCIA AINDA É DA JUSTIÇA ELEITORAL. 
b) Justiça Militar: lhe cabe julgar tão somente as infrações militares, 
assim definidas nos artigos 9º e 10 do CPM. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 2 
 
Obs.1: a Justiça Militar não tem competência para julgar infrações comuns 
conexas e a solução seria a separação de processos (Art. 79, I do CPP). 
 
Obs.2: vale lembrar que o abuso de autoridade (Súmula 172 do STJ), a tortura e 
os crimes dolosos contra a vida de civil são infrações comuns e não serão 
julgados na justiça militar. 
Obs.3: os institutos benéficos da lei dos juizados não se aplicam na esfera 
Militar (artigo 90 – A da Lei 9.099/95). 
 
b.1) Justiça Militar Estadual: os PMs e os Bombeiros Militares. 
Advertência: pessoas comuns jamais serão julgadas na Justiça Militar 
Estadual. 
 
b.2) Justiça Militar Federal: membros da Marinha, membros do Exercito e 
da Aeronáutica. Ainda tem competência para julgar pessoas comuns que 
venham praticar crime militar federal. 
 
 3.3) Competência pela “Natureza da Infração” 
- Conceito: o nosso legislador pode estabelecer o órgão competente para 
julgar determinado tipo de crime, em razão da sua natureza. 
- Hipóteses Constitucionais: 
I- De acordo com o artigo 5, XXXVIII, “d” da CF os crimes dolosos contra a vida 
tentados ou consumados serão julgados pelo Tribunal do Júri. 
Obs.: Os crimes dolosos contra vida estão listados nos artigos 121 ao 128 do CP. 
II- De acordo com o artigo 98, I da CF as infrações de menor potencial ofensivo, 
quais sejam, os crimes com pena de até 2 anos e as contravenções penais, por 
sua natureza, serão julgados nos Juizados Especiais Criminais (Arts. 60 e ss da 
Lei 9.099/95). 
 
4) Competência ratione loci (lugar): 
4.1) Conceito: por esse critério determinaremos o juízo territorialmente 
competente. 
4.2) Regras Definidoras: 
- 1ª regra - Teorias territoriais 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 3 
 
I- TEORIA DO RESULTADO: por ela a competência territorial é estabelecida 
pelo local da consumação do delito – REGRA: artigo 70, caput do CPP. 
II- Teoria da Ação: por ela a competência é definida pelo local dos atos 
executórios. Obs.: ela é aplicada aos crimes tentados (artigo 14, II do CP) e para 
as infrações de menor potencial ofensivo (art. 69 da Lei 9.099/95). 
III- Teoria da Ubiquidade (hibrida; mescla; tanto faz o local da ação como o do 
resultado): 
Obs.: esta teoria é aplicada aos crimes à distância. Crime a distância é aquele 
onde a ação criminal nasce no Brasil e o resultado ocorre no estrangeiro ou vice 
e versa. Neste caso a competência brasileira será fixada pelo local no Brasil em 
que ocorrer a ação ou o resultado. (Artigo 70, §1º e 2º do CPP). 
- 2ª regra - Domicílio/Residência (Réu) 
Obs.: o domicílio da vítima não fixa competência na esfera penal, afinal o réu é 
a grande referência normativa (artigo 72 e seguintes do CPP). 
- 3ª regra - Prevenção (antecipação): Juiz prevento é aquele que se 
antecipa, ou seja, é aquele que primeiro pratica um ato do processo 
(recebimento da inicial acusatória) ou juiz prevento é aquele que durante o 
inquérito já adotou medidas cautelares inerentes ao futuro processo (Artigo 83 
do CPP). 
4.3- Situações especiais de interpretação das regras de fixação da competência 
territorial: 
→ Infrações consumadas na divisa entre duas ou mais comarcas 
Neste caso, a competência será resolvida pela prevenção (art. 70, §3º, 
CPP). 
→ Crime continuado ou permanente que venha a se estender por mais 
de uma comarca 
Neste caso, a competência será fixada pela prevenção (art. 71, CPP). 
→ Pluralidade de domicílios ou residências 
Nesse caso, a competência será fixada pela prevenção (art. 72, §1º). 
→ Peculiaridade das ações privadas 
Nesse caso, o querelante pode optar em promover a ação no domicílio do 
réu em detrimento do local da consumação. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 4 
 
Advertência: essa prerrogativa não se aplica à ação privada subsidiária 
da pública (art. 73, CPP). 
5) Competência ratione personae (pessoa): 
5.1) Conceito: Algumas autoridades, em razão da importância do cargo ou 
da função desempenhada serão julgadas originariamente perante tribunal num 
critério de paridade no tratamento entre os diversos poderes (foro por 
prerrogativa de função). 
5.2) Regras interpretativas: 
→ Foro por prerrogativa x deslocamento 
As autoridades com foro por prerrogativa no TJ/TRF, ao praticarem 
crime fora do Estado ou da região, serão julgadas no seu tribunal de origem. 
→ Foro por prerrogativa x Júri 
Para o STF, na súmula 721, as autoridades com foro por prerrogativa na 
Constituição Federal não vão a júri. O mesmo não ocorre quando a prerrogativa 
é estabelecida apenas na Constituição Estadual. 
→ Cidadão comum 
Segundo o STF, na súmula 704, não há violação às garantias 
constitucionais quando o cidadão comum é julgado originariamente perante o 
tribunal, por ter praticado o crime com a autoridade que goza de prerrogativa 
de função. 
→ (TJ e TRF) X TRE 
O foro por prerrogativa no TJ ou no TRF, ao praticarem crime eleitoral, 
serão julgadas no TRE. 
→ Perpetuação no tempo da prerrogativa de função 
Com a declaração de inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do 
artigo 84 do CPP, passamos a ter as seguintes regras: 
1ª Regra: para os crimes, uma vez encerrado o cargo ou o mandato, 
encerra-se o foro por prerrogativa de função, e vice-versa; 
2ª Regra: para as ações de improbidade administrativa não há foro por 
prerrogativa em nenhum momento. 
 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 5 
 
 
 
PROCEDIMENTOS 
 
1. Considerações: 
1.1. Enquadramento terminológico: 
a) Procedimento: é uma sequência lógica de atos concatenados em lei e 
destinados a uma finalidade. 
b) Processo: é um procedimento em contraditório enriquecido pela 
relação jurídica construída entre o juiz e as partes. 
c) Rito (“ritmo”): é a amplitude assumida por determinado 
procedimento. 
d) Ação: é um direito público e subjetivo constitucionalmente assegurado 
de exigir do estado-juiz a aplicação da lei ao caso concreto, para solução da 
demanda penal. 
1.2. Classificação procedimental: 
→ Procedimento comum 
Pode assumir três ritos distintos: 
- Rito ordinárioP r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 6 
 
- Rito sumário 
- Rito sumaríssimo 
→ Procedimentos especiais 
- Júri 
- Tóxicos (lei 11.343/06) 
- Ações originárias dos tribunais (lei 8.038/90) 
1.3. Escolha do rito no procedimento comum 
Rito Regras 
Ordinário Crimes com pena máxima igual ou superior a quatro anos. 
Sumário Crimes com pena máxima inferior a 4 anos. 
Sumaríssimo Crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções penais. 
 
Obs.1. Eventualmente, as infrações de menor potencial ofensivo vão 
tramitar no rito sumário, seja por que não há citação por edital no juizado ou 
quando a complexidade do fato inviabilize a oferta oral da denúncia. 
Obs.2. Base normativa para escolha do rito: §1º do artigo 394 do CPP. 
 
2) Estrutura do procedimento comum de rito ordinário (arts. 394 a 405, CPP) 
1º PASSO: oferta da inicial acusatória (denúncia ou queixa-
crime). 
Obs. Os requisitos formais da inicial acusatória estão construídos no 
artigo 41 do CPP. 
 
2º PASSO: realização do juízo de admissibilidade: 
I – NEGATIVO: REJEITAR (ART. 395 DO CPP) 
a) Conceito: é o ato judicial que denega início ao processo em razão da 
ausência dos respectivos requisitos legais. 
b) Hipóteses: 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 7 
 
b.1) Inépcia: caracteriza-se por um defeito formal grave na inicial 
acusatória que normalmente compromete a narrativa dos fatos. 
b.2) Faltar condição da ação ou pressuposto processual 
b.3) Falta justa causa: significa a ausência de latro probatório mínimo 
dando sustentabilidade a respectiva inicial. 
c) Sistema recursal 
c.1) Regra geral: caberá RESE – Recurso em sentido estrito, conforme 
disposto no artigo 581, I, do CPP. 
c.2) Exceção: Nos juizados especiais, o recurso adequado é a apelação 
(artigo 82 da lei 9.099/95). 
d) Rejeitada a inicial, o juiz deverá notificar a defesa para apresentar 
contrarrazões ao recurso, sob pena de nulidade. 
Advertência: a ausência da notificação da defesa não é suprida pela mera 
nomeação de advogado dativo (súmula 707 do STF). 
II – POSITIVO: RECEBIDA. 
a) Conceito: é o ato que demarca o início do processo em razão da 
presença dos requisitos legais diante da análise da inicial acusatória. 
b) Consequências 
b.1) Demarca o início do processo. 
b.2) O mero suspeito vira réu. 
b.3) Interrupção da prescrição 
b.4) Servirá para fixar a prevenção 
c) Fundamentação: para o STF e o STJ, o recebimento da inicial 
acusatória dispensa motivação. 
d) Sistema recursal: o recebimento da inicial não comporta recurso por 
ausência de previsão legal no artigo 581 do CPP. A defesa poderá impetrar 
habeas corpus com o objetivo de trancar o processo (artigo 648, I, do CPP). 
 
3º PASSO: Realização da citação 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 8 
 
a) Citação: é o ato de comunicação processual que informa ao réu sobre o 
início do processo e o convoca a apresentar defesa (resposta escrita à acusação). 
b) Modalidades 
- Citação pessoal (real): nela o oficial de justiça vai ao encontro do réu 
promovendo a leitura do mandado e entregando a contrafé (artigo 351 a 360 do 
CPP). 
- Edital (ficta): caracteriza-se pela ausência de má-fé do réu que apenas 
não foi encontrado para ser citado pessoalmente (artigo 361 do CPP). 
Advertência: vale lembrar que o prazo do edital é de 15 dias. 
- Por hora certa: está pautada na má-fé do réu que está se escondendo 
para não ser citado pessoalmente (artigo 362 do CPP). 
Advertência: o procedimento da efetivação da citação por hora certa está 
delineado nos artigos 227 ao 229 do CPC. 
Obs.: no processo penal não há CITAÇÃO por AR (correios) ou citação 
por e-mail, sob pena de nulidade do processo. Do mesmo modo os vícios 
eventualmente existentes nas três modalidades citatórias admitidas também são 
fato gerador de nulidade (artigo 564, III, “e”, do CPP). 
 
4º PASSO: Apresentação da resposta escrita à acusação 
a) Conceito: é a peça defensiva que vai resistir aos termos da inicial 
acusatória, alimentando a esperança de que o réu seja absolvido no início do 
processo (absolvição sumária) sem a necessidade de uma audiência de 
instrução e julgamento (artigos 396 e 396-A do CPP). 
b) Capacidade postulatória: essa peça DEVE SER SUBSCRITA POR 
ADVOGADO, sob pena de nulidade absoluta, afinal a defesa técnica é 
obrigatória (súmula 523 do STF). 
c) Prazo: o prazo é de 10 dias, contados da efetiva citação (artigo 396 do 
CPP), sendo indiferente a data de juntada aos autos do processo do mandado 
cumprido. 
- Forma de contagem: este prazo é de natureza processual, sendo contado 
de acordo com as regras do artigo 798 do CPP. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 9 
 
Exemplo: João foi citado em 10.03.2014, uma terça-feira. Apresente a 
resposta no último dia do prazo. O prazo começa a contar no dia 11.03.2014, 
quarta-feira. O último dia do prazo será dia 20.03.2014, sexta-feira. 
Conclusão: se o último dia se encerrar em feriado ou final de semana, 
prorrogaremos o prazo para o primeiro dia útil subsequente. 
d) Conteúdo 
- Conceito: Na resposta escrita podem ser apresentadas todas as teses 
favoráveis ao agente na expectativa de impugnar os termos da inicial acusatória 
e convencer o juiz de que o réu deve ser absolvido sumariamente. 
- Estrutura do conteúdo 
* Preliminares 
I – Preliminares processuais (NULIDADES): são aquelas que ocasionam a 
NULIDADE DO PROCESSO em virtude de eventual vício por ofensa à 
Constituição Federal ou nos termos do artigo 564 do CPP; 
II – Preliminar de Mérito (EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE): 
caracterizam-se pelas causas de EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (artigo 107 
do CP). 
* Mérito principal da peça (ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA) 
Aqui vamos apontar as teses principais que justifiquem a ABSOLVIÇÃO 
SUMÁRIA do réu e todas elas são construídas diante de um juízo de certeza. 
I - Hipóteses (artigo 397 do CPP) 
 Negativa de autoria; 
 Inexistência do fato; 
 Excludente de tipicidade; 
 Excludente de ilicitude. 
 Excludente de culpabilidade → Advertência: a INIMPUTABILIDADE 
NÃO (ANTECIPAÇÃO DA PENA) autoriza absolvição sumária no 
procedimento comum, afinal ela anteciparia a medida de segurança, o 
que não é favorável à defesa (artigo 397, II, do CPP). 
* Requerimento de diligências (caso não receba a tese de absolvição sumária) 
Em homenagem ao princípio da eventualidade, na resposta escrita a 
defesa já irá consignar as diligências que ela pretende que sejam produzidas ao 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 10 
 
longo do processo, pois ao invés da absolvição sumária corremos o risco de o 
juiz marcar audiência de instrução e julgamento. 
Advertência: vale lembrar que na resposta a defesa terá a oportunidade, 
sob pena de preclusão, de arrolar as suas testemunhas em número máximo de 
08. 
e) “Deixa para a peça” 
A OAB poderá fazer as seguintes referências: 
- Considerando que o réu foi citado, apresente a peça privativa de 
advogado no último dia do prazo. 
- Considerando que o réu foi citado, apresente a peça cabível. 
f) Técnica redacional da peça 
1º passo: Endereçamento → a peça será endereçada ao juiz de primeiro 
grau que preside o processo. 
Exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
“...” VARA CRIMINAL DA COMARCA DE “...” (caixa alta). 
2º passo: Espaçamento → 5 linhas. 
3º passo: Apontamento processual. 
Processo n.º “...” 
4º passo: Preâmbulo; 
Obs.: Conteúdo: 
a) Qualificação do réu: como o réu já está qualificado na inicial, faremos 
uma resposta uma qualificação resumida. 
b) Assistência por advogado: faremos referência de que a 
PROCURAÇÃOACOMPANHA A PEÇA. 
c) Nome jurídico da peça: RESPOSTA ESCRITA À ACUSAÇÃO. 
d) Artigos de lei para embasamento: artigos 396 e 396-A do CPP. 
Exemplo: “...”, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por 
meio do seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença 
de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 11 
 
de Penal, apresentar RESPOSTA ESCRITA À ACUSAÇÃO, pelas razões de fato 
e de direito a seguir apontados. 
5º passo: Espaçamento → 1 linha. 
6º passo: Narrativa fática 
Obs.: Regras de construção: 
a) Evitar parágrafos longos; 
b) Estamos proibidos de inventar informações; 
c) Seguir uma sequência lógica, temporalmente adequada ao caso 
narrado na questão. 
Exemplo: 
Narram os autos que “...” foi indiciado em inquérito policial por ter 
subtraído de Maria, sem violência ou grave ameaça, a quantia de R$ 1.000,00. 
“...”, numa terça-feira, precisava da quantia em questão para comprar 
medicamento para sua filha (Estado de necessidade), Marcela, que está com 
uma grave doença degenerativa. 
Por estar desempregado, e não tendo a quem recorrer, optou por subtrair 
a quantia de Maria, que tinha acabado de receber o salário mensal. 
Após a conclusão da investigação, o Ministério Público ofereceu 
denúncia, que foi rejeitada pelo magistrado ao considerar que a tragédia social 
em questão não merecia reprimenda criminal. 
Inconformado, o promotor apresentou recurso, que subiu ao Tribunal 
sem a notificação da defesa para apresentar contrarrazões (nulidade absoluta). 
O Tribunal julgou procedente o recurso acusatório, recebendo a inicial. 
Considerando que o réu foi citado no dia 12.04.2014, uma quarta-feira, 
não restou alternativa à defesa que não a apresentação da presente peça. 
7º passo: Espaçamento → 1 linha. 
8º passo: Construção das teses jurídicas. 
Obs.: Regras de construção: 
a) As preliminares serão tratadas em separado; 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 12 
 
b) As teses de mérito principal devem ser devidamente organizadas, 
para que possamos desenvolver o raciocínio de casa uma delas separadamente; 
c) Devemos evitar parágrafos longos; 
d) Deveremos indicar os artigos de lei e eventuais súmulas que embasam 
a tese; 
e) Indicação de doutrina: nada impede que na peça façamos referência à 
“doutrina majoritária” para embasar o argumento jurídico apresentado (NÃO É 
IMPRESCINDÍVEL). 
Exemplo: DO DIREITO 
I – Preliminares 
Preliminarmente, é necessário o reconhecimento da nulidade absoluta do 
processo, afinal o recurso acusatório apresentado para impugnar a rejeição da 
inicial, foi remetido ao Tribunal sem que a defesa tivesse a oportunidade de 
apresentar contrarrazões, em grave ofensa aos princípios constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa. 
Não é outro o entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal, 
vejamos: 
Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta de intimação do 
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. 
II – Do mérito (ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA) 
A responsabilidade criminal pressupõe a prática de um fato típico, ilícito 
e culpável, para justificar qualquer reprimenda. 
 No caso em tela, estamos diante de uma subtração da quantia de 
R$1.000,00, com a finalidade de comprar medicamento para uma criança 
enferma, cuja gravidade é medida pela qualidade da doença, que no caso é 
degenerativa. 
 Na situação posta, o pai, para resguardar os interesses da filha e em 
situação de verdadeiro desespero, acabou por transgredir a lei, praticando um 
fato típico disciplinado no art. 155, “caput” do Código Penal. 
 Percebe-se que o imputado foi levado a praticar tal conduta para 
salvaguardar um bem jurídico relevante, qual seja, a vida e a saúde da sua filha. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 13 
 
Para tanto, almejava evitar um perigo atual, ao qual não deu causa, já que a 
infeliz situação de enfermidade não escolhe vítima, sendo verdadeira provação. 
 Em conclusão, acabou por comprometer bem jurídico alheio, qual seja, o 
patrimônio, mas na presente circunstância, não seria razoável exigir-se o 
sacrifício de sua filha. 
 É solar o reconhecimento de que o imputado atuou em verdadeiro estado 
de necessidade em favor de terceiro, excluindo-se assim a ilicitude da conduta, 
como verdadeira causa justificante, a merecer um decreto absolutório, como 
indica a direção do art. 24 do Código Penal, vejamos: 
 Art. 24 do CP: “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o 
fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia 
de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se”. 
 9º passo: Espaçamento → 1 linha. 
 10º passo: Os pedidos. 
Obs.: Regras de construção: 
a) Deveremos estabelecer o vínculo lógico entre os pedidos e as teses 
apresentadas 
b) Recomenda-se que os pedidos sejam feitos em itens separados, para 
auxiliar na correção da peça. 
Exemplo: 
Diante do apresentado, requer a Vossa Excelência: 
I – A declaração de nulidade absoluta do processo, pela não 
oportunidade de contrarrazões ao recurso acusatório (Súmula 707 do STF); 
II – No mérito, a absolvição sumária do réu, nos termos do artigo 397, 
inciso I do Código de Processo Penal, já que é patente a presença da excludente 
de ilicitude do estado de necessidade (Artigo 24 do CP). 
III – Pelo princípio da eventualidade, protesta de imediato pela produção 
de todas as provas admitidas no direito, para efeito de possível marcação de 
audiência de instrução, debates e julgamento. 
11º passo: espaçamento → 1 linha. 
12º passo: Parte autenticada. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 14 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Local “...”, 24 de abril de 2014. 
 
..................................................... 
Advogado..., OAB n ... 
 
13º passo: Rol de testemunhas. 
Obs.: Se a OAB apresentar quem são as testemunhas de defesa no caso, 
vamos indicá-las na peça. 
Ex.: Rol de testemunhas: 
1) “...”; 
2) “...”; 
 
Advertência: Obrigatoriedade na apresentação da resposta - a 
apresentação da resposta é obrigatória e as consequências da não apresentação 
dependerão da modalidade citatória ocorrida. 
a) citação pessoal: será considerado revel nomeando um advogado 
dativo para apresentação da resposta com a devolução do prazo. 
A revelia importa na dispensa de intimação pessoal do réu para os atos 
subsequentes do processo, salvo a sentença. Vale lembrar que o advogado 
continuará sendo intimado já que a defesa técnica é obrigatória. 
b) citação por hora certa: neste caso pela ausência da resposta o réu será 
declarado revel nomeando-se advogado dativo para apresentar a peça com a 
devolução do prazo (idêntica à citação pessoal). 
c) citação por edital: neste caso deve o juiz diante da não apresentação da 
resposta suspender o processo e a prescrição, nos termos do artigo 366, CPP. 
Obs1: situação prisional – a mera suspensão do processo e da prescrição 
pela não apresentação da resposta não justifica a decretação automática da 
preventiva para tanto é necessário que estejam presentes os requisitos dos 
artigos 312 e 313 do CPP. 
Obs2: antecipação probatória - para o STJ na Súmula 455, o mero decurso 
do tempo não justifica a antecipação probatória (PREJUDICA A DEFESA) 
durante a paralisação do processo na hipótese do art. 366 do CPP. Logo, a 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 15 
 
antecipação probatóriasó vai se justificar nas hipóteses de eminente 
perecimento da prova. 
Obs3: tempo de suspensão da prescrição – de acordo com a súmula 415 
do STJ, interpretando o artigo 366 do CPP, deve o juiz suspender o processo e a 
prescrição pelo tempo abstratamente previsto em lei para o crime praticado 
prescrever (art. 109, CP). Superado este prazo e mantida a ausência o processo 
permanecerá suspenso, mas a prescrição passa a correr normalmente. 
 
5º passo: absolvição sumária 
I – Conceito: é a sentença que antecipa o mérito da causa reconhecendo a 
inocência do réu sem a necessidade da realização de audiência de instrução e 
julgamento, tendo aptidão para formar coisa julgada material. 
II – Hipóteses: art. 397, CPP (CERTEZA): 
- negativa de autoria; 
- inexistência de fato; 
* as duas acimas não estão previstas expressamente. 
- excludente de tipicidade; 
- excludente de ilicitude; 
- excludente de culpabilidade. 
* Salvo: inimputabilidade (art. 397, II, CPP). 
Conclusões: 
a) O art. 397 do CPP admite interpretação extensiva para englobar a 
negativa de autoria e inexistência do fato como fundamentos da absolvição 
sumária. 
b) as hipóteses de extinção da punibilidade (art. 107, CPP) foram 
elencadas no art. 397 do CPP como fundamento da absolvição sumária. Na 
resposta escrita à acusação vamos apresentá-las como PRELIMINAR DE 
MÉRITO e no pedido da peça vamos requerer a declaração da extinção da 
punibilidade. 
c) não podemos confundir as hipóteses do art. 397 do CPP, que justificam 
a absolvição sumária e estão pautadas numa análise de certeza com as hipóteses 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 16 
 
de absolvição do art. 386 do código que são aplicáveis ao final da audiência de 
instrução no desfecho do processo. Artigo 397 (certeza) ≠ Artigo 386. 
III – Sistema recursal – o recurso cabível é APELAÇÃO que esta 
desprovida de efeito suspensivo, de forma que se o réu estava preso será 
imediatamente libertado (art. 593, I, CPP). 
Conclusões: 
a) Extinção da punibilidade: se o juiz declarar ou denegar a extinção da 
punibilidade caberá recurso em sentido estrito (art. 581, VIII e IX, CPP). 
b) Denegação da absolvição sumária: neste caso por meio de uma decisão 
interlocutória simples o juiz vai marcar audiência de instrução e julgamento, 
esta DECISÃO É IRRECORRÍVEL, mas a defesa pode impetrar a ação de 
Habeas Corpus com a finalidade de trancar o processo (art. 648, I, CPP – falta de 
justa causa). 
 
6º passo: realização da audiência de instrução, debates e 
julgamento. 
 
 Obs1: prazo – 60 dias, independente do fato de o réu estar preso ou solto, 
contados, em que pese a omissão da lei, do recebimento da inicial acusatória. 
 Obs2: audiência una – atualmente, teremos a concentração dos atos nesta 
audiência (art. 400 do CPP), admitindo-se, contudo, o desmembramento em 
razão da complexidade do caso ou do volume de atos que precisam ser 
praticados. 
 Obs3: estrutura da audiência 
I – instrução (produção probatória): 
 a) Oitiva da vítima: 
 Obs.: a ausência injustificada ocasiona, na ação pública, a condução 
coercitiva. Entretanto, na ação privada, a ausência injustificada da vítima 
ocasiona a perempção (Art. 60, III do CPP), levando a extinção da punibilidade. 
 b) Oitiva das testemunhas: são ouvidas as testemunhas da acusação e, na 
sequência, as da defesa, em ambas com número máximo de 08 pessoas (Art. 401 
do CPP). 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 17 
 
 Obs.: a inversão da ordem ocasiona nulidade do processo. 
 c) Interpelação do perito e do assistente técnico: 
 Obs.: para que o perito seja ouvido, ele será notificado com antecedência 
mínima de 10 dias da realização da audiência (Art. 159, §5º, I do CPP). 
 d) Acareações. 
 e) Reconhecimento de pessoas e/ou objetos. 
 f) Interrogatório do réu. 
Advertência: base normativa – ARTIGO 400 do CP. 
II – Debates orais: 
 Obs.: Distribuição 
a) Acusação: 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos. 
Advertência: assistente de acusação → ele é a vítima, ou quem venha a 
sucedê-la (Arts. 268 e ss do CPP), se habilitando no processo para auxiliar o 
Ministério Público e tendo direito a fala, por meio de seu advogado, pelo tempo 
de 10 minutos improrrogáveis. 
b) Defesa: 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos. 
Advertência: o tempo do assistente será acrescido ao tempo primário de 
fala do advogado de defesa, por um critério de isonomia (Art. 403 do CPP). 
III – Sentença: 
 Obs.: se o Juiz não se sentir a vontade de sentenciar em audiência, os 
autos lhe serão conclusos e ele vai dispor de 10 dias, prorrogáveis por mais 10 
dias. 
Advertência: base principiológica 
1 – Princípio da oralidade (Palavra falada) 
Obs1: Princípios decorrentes: 
a) Princípio da concentração: por ele os atos instrutórios serão reunidos 
em audiência una que admite, contudo, desmembramento. 
b) Princípio da imediatidade: por ele as provas serão produzidas 
IMEDIATAMENTE perante a autoridade judicial. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 18 
 
c) Princípio da identidade física do juiz: por ele o magistrado que preside 
a instrução deverá sentenciar a causa, ressalvadas as hipóteses de caso fortuito, 
força maior ou as escusas legais (art. 399, § 2º, CPP). 
Obs2: mitigação do princípio da oralidade 
a) conceito: eventualmente os debates orais podem ser substituídos por 
memoriais (alegações escritas), nas hipóteses legalmente disciplinadas. 
b) Hipóteses 
→ complexidade da causa; 
→ pluralidade de réus; 
→ surgimento de prova nova em audiência; 
→ STJ: o juiz pode autorizar a substituição inclusive fora das hipóteses 
disciplinadas em lei (art. 403, § 3º, CPP e art. 404, CPP). 
Advertência: identificação da peça - na OAB o examinador pode adotar 
as seguintes estratégias: 
1º) considerando que a acusação apresentou memoriais apresente a peça 
cabível. 
2º) considerando que a instrução esta encerrada, apresente a peça cabível. 
c) Procedimento da substituição dos debates por memoriais: 
→ o juiz vai suspender a audiência após o interrogatório do réu; 
→ o juiz vai notificar a acusação para apresentar memoriais no prazo de 
05 dias; 
→ o juiz vai notificar a defesa para apresentar memorais no prazo de 05 
dias. 
→ os autos são conclusos ao juiz para sentença no prazo de 10 dias 
prorrogáveis por mais 10 dias. 
 
Técnica redacional da peça 
I – Estudo do memorial 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 19 
 
a) Conceito: é a peça cabível ao final da instrução processual e que 
antecede a prolação da sentença. 
b) Prazo: o prazo dos memoriais é de 05 dias contados da respectiva 
notificação ou intimação. 
c) Capacidade postulatória: a peça será subscrita por advogado sob pena 
de nulidade do processo afinal a defesa técnica é obrigatória. 
d) Conteúdo 
D1. Preliminares 
Podem ser apresentadas dentro dos Memoriais: 
1) Preliminares processuais (artigo 564, CPP - nulidades); e 
2) Preliminares de mérito – causas de extinção da punibilidade (artigo 
107, CP). 
D2. Mérito Principal (ABSOLVIÇÃO) 
Como os Memoriais são apresentados após a fase de instrução, serão 
apresentadas teses amplas, que resultam em absolvição ao final do processo. 
Dentro do mérito principal, sustenta-se: 
1) Teses pautadas na certeza da inocência; e 
2) Teses pautadas na dúvida da culpa (debilidade probatória): artigo 386, 
CPP. 
Advertência: a tese da inimputabilidade, seja ela absoluta ou relativa, 
pode ser validamente apresentada em Memoriais, o que não pode ocorrer na 
resposta escrita à acusação. 
D3. Mérito Secundário (dosimetria da pena) 
Como, ao final doprocesso, corremos o risco da condenação do réu, em 
Memoriais poderemos pleitear : 
• Afastamento de qualificadoras; 
• Afastamento de causas de aumento de pena; 
• Afastamento de agravantes; 
• Inclusão de causas de diminuição de pena existente; ou 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 20 
 
• Reconhecimento de atenuantes. 
Advertência: Em Memoriais, ordinariamente, não se faz requerimento de 
diligências, pois usualmente o momento adequado é a Resposta Escrita à 
Acusação. 
 
Técnica Redacional da Peça: 
1º Item: Endereçamento: a peça é endereçada ao juiz de primeiro grau 
que preside o processo. 
Exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
“...” VARA CRIMINAL DA COMARCA DE “...” 
2º Item: espaçamento: 5 linhas. 
3º Item: Apontamento processual. 
Exemplo: Processo nº “...” 
4º Item: espaçamento: 1 linha. 
5º Item: Preâmbulo. 
Obs. Conteúdo: 
a) Qualificação: será resumida, pois o réu foi qualificado na inicial 
acusatória; 
b) Assistência por advogado: indicar a procuração; 
c) Nome jurídico da peça: MEMORIAIS; 
d) Artigos de lei para embasamento: art. 403, §3º, CPP, c/c art. 404, 
CPP. 
Exemplo de preâmbulo: “...”, já qualificado nos autos do processo em 
epígrafe, por meio do seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), 
vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 403, §3º e 404 
do CPP, apresentar MEMORIAIS, pelas razões de fato e de direito, a seguir 
apontadas. 
6º Item: espaçamento: 1 linha. 
7º Item: Narrativa fática. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 21 
 
Exemplo de Narrativa fática: Narram os autos que José foi indicado pela 
prática do crime de lesão corporal grave, por ter atingido Joaquim com uma 
barra de ferro, ocasionando lesão corporal de natureza grave, com debilidade 
permanente de membro, leia-se, do seu braço esquerdo (artigo 129, §1, III, CP). 
Sabe-se, como demonstrou o inquérito policial, que Joaquim é pessoa 
violenta, sendo vizinho de José por longos anos. 
Numa quarta-feira, Joaquim, irritado pelo fato de José não ter recolhido o 
lixo em frente de sua residência, foi armado tirar satisfação com José. De 
imediato, sacou a arma de fogo e apontou para José, fazendo menção de atirar. 
José, habilidoso, pegou uma pequena barra de ferro que estava no chão 
da calçada e com um só golpe, conseguiu atingir Joaquim e imobilizá-lo, 
tomando-lhe a arma. 
Concluída a investigação, José foi denunciado pelo crime de lesão 
corporal grave. Citado, o juiz não concedeu prazo para a apresentação da 
resposta escrita, marcando, de imediato, audiência de instrução e julgamento. 
Na audiência, Joaquim ratificou todo o ocorrido. As testemunhas da 
acusação foram unânimes quanto a conduta de José, que repeliu a agressão de 
Joaquim, que por sua vez estava extremamente nervoso. 
Encerrada a instrução, o Ministério Público apresentou memoriais, sendo 
a defesa intimada para manifestação no dia 11 de novembro de 2016 (quarta-
feira). 
8º Item: espaçamento: 1 linha. 
9º Item: teses jurídicas. 
Exemplo: 
I- Preliminares 
Preliminarmente é necessário o reconhecimento da nulidade processual, 
em razão da não concessão de prazo para a apresentação da resposta escrita à 
acusação (artigos 396 e 396-A, CPP). 
Como é sabido, a resposta escrita concretiza o exercício do princípio 
constitucional da ampla defesa, e a sonegação do prazo é fato gerador de 
prejuízo, comprometendo a atividade técnica, nos termos do artigo 564, III, “e”, 
in fine, do CPP, verbis: 
 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 22 
 
Art. 564. “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III. 
“e”... „e os prazos à acusação e à defesa‟” 
 
II – Do mérito 
A responsabilidade criminal exige a ocorrência de um fato típico, ilícito e 
culpável. Para tanto, é necessário que a instrução processual, revele, em grau de 
certeza, todos os elementos que integrem o crime. 
No caso em tela, percebe-se que o imputado, em que pese ter praticado 
um fato aparentemente típico, atuou impelido por uma justificadora, qual seja, 
a legítima defesa. 
Nos termos do artigo 23 do CP, “entende-se em legítima defesa quem, 
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou 
iminente, a direito seu ou de outrem”. 
José, ao atingir com um golpe Joaquim, estava, como revelou cabalmente 
a instrução processual, repelindo uma injusta agressão armada, e para tanto, se 
valeu dos meios necessários e de forma moderada, afinal, com um só golpe 
conseguiu neutralizar o agressor, tomando-lhe a arma. 
Neste caso, é solar o reconhecimento da causa de exclusão da ilicitude, 
de forma que a conduta não merece reprimenda penal, exigindo-se como única 
alternativa a absolvição do réu, nos termos do artigo 386, VI, do CPP. 
10º Item: espaçamento: 1 linha. 
11º Item: Análise dos Pedidos. 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: 
I- Preliminarmente, a declaração de nulidade do processo, pelo prejuízo 
ocasionado em face da não concessão de prazo para apresentação da resposta 
escrita à acusação (artigo 564, III, “e”, do CPP); 
II- No mérito, requer a absolvição do réu, nos termos do artigo 386, VI, 
do CPP, por estar cabalmente demonstrada a excludente de ilicitude de legítima 
defesa (art. 25 do CP). 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 23 
 
12º Item: espaçamento: 1 linha. 
13º Item: Parte autenticativa. 
Exemplo: 
Termos em que, pede deferimento. 
Local “...”, 16 de novembro de 2016. 
............................................. 
Advogado “...”, OAB nº “...” 
 
PRISÕES (Lei 12.403/11) 
 
1. Considerações iniciais 
Hoje, no Brasil, existem 02 tipos de PRISÃO: 
1.1. Prisão pena (APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO) 
Aquela que decorre de uma sentença condenatória transitada em 
julgado. 
1.2. Prisão sem pena/prisão cautelar/prisão processual (PRISÃO 
PROVISÓRIA) 
Antecede o trânsito em julgado. Cabível na fase investigativa ou 
processual. 
→ Flagrante 
→ Preventiva 
→ Temporária 
Obs.: Compatibilidade com o princípio da presunção de inocência: 
Para o STF, a presunção de inocência perdura até o trânsito em julgado 
da decisão e antes desse marco o cárcere só é possível se presentes os 
requisitos de uma prisão cautelar. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 24 
 
Advertência: para o STF, nas súmulas 716 e 717, o preso cautelar pode 
usufruir dos benefícios da lei de execução penal desde que presentes os 
seguintes requisitos: 
- sentença condenatória proferida; 
- RECURSO APRESENTADO APENAS PELA DEFESA. 
 
2. Prisão em flagrante 
2.1. Conceito 
É uma ferramenta constitucionalmente assegurada que autoriza a 
captura daquele que é surpreendido praticando o delito, trazendo assim, as 
seguintes finalidades: 
- evitar a consumação do delito; 
- evitar a fuga; 
- levantar indícios que viabilizem a futura deflagração do processo. 
2.2. Modalidades 
a) Flagrante próprio, real ou propriamente dito (302, I e II): 
a.1) Capturado praticando a infração: Ocorre quando o agente é 
capturado praticando a infração, vale dizer, cometendo o delito. 
Obs. Nesse caso, o agente é capturado realizando os atos executórios da 
infração (artigo 302, I, CPP). 
a.2) Capturado ao acabar de cometer a infração 
Obs. Neste caso, o agente já concluiu os atos executórios, mas não se 
livrou do ambiente do crime (art. 302, II, CPP). 
b) Flagrante impróprio, irreal ou quase flagrante: 
Nele o agente é perseguido logo após a prática da infração e havendo 
êxito, ele será capturado em situação que faça presumir que é ele o responsável. 
Obs. O conceitode perseguição nos é fornecido pelos artigos 250 e 290 do 
CPP. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 25 
 
Obs.2. Tempo da perseguição: não há prazo, e a perseguição perdura 
enquanto houver necessidade. 
Obs.3. Requisito de validade: não é necessário contato visual sendo que é 
fundamental que a perseguição seja contínua. 
c) Flagrante presumido, ficto ou assimilado (fator “sorte”): 
O indivíduo é encontrado logo depois da prática do crime com objetos, 
armas ou papeis que façam presumir que é ele o responsável pela infração (art. 
302, IV, CPP). 
d) Flagrante obrigatório ou compulsório: 
É aquele inerente a atuação das forças policiais (art. 301, CPP). 
e) Flagrante facultativo: 
É inerente a atividade de qualquer pessoa (art. 301, CPP). 
f) Flagrante forjado: 
Nele, a pessoa capturada não tinha desejo de delinquir nem possuía 
conhecimento do que estava acontecendo. 
Conclusão: percebe-se que a prisão efetivada é manifestamente ilegal, 
devendo ser RELAXADA (art. 310, I, CPP c/c art. 5º, LXV, CF). 
 g) Flagrante esperado: idealização doutrinária sem previsão legislativa. 
Nele, a polícia promove “campana” (tocaia) aguardando a prática do primeiro 
ato executório para promover a captura. 
 Advertência: vale lembrar que em nenhum momento, a polícia se 
intrometeu na conduta criminosa ou incentivou a prática do delito. 
 h) Flagrante preparado/provocado/delito de ensaio/delito putativo (imaginado) 
por obra do agente provocador (ILEGAL): segundo o STF, na Súmula 145, não se 
pode ESTIMULAR ardilosamente a prática de delito na esperança de capturar 
as pessoas seduzidas, JÁ QUE OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS. Neste 
caso, a prisão é ilegal, devendo ser relaxada, e o fato praticado pela pessoa 
seduzida é atípico, pois caracteriza crime impossível, por absoluta ineficácia do 
meio. 
 Obs.: Situação específica do tráfico de drogas – se o traficante já tinha a 
droga consigo ou em estoque para comercializar quando é abordado por 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 26 
 
policial disfarçado de usuário, estaremos diante de uma prisão legal, pois a 
consumação do tráfico era pré-existente à provocação. 
 i) Flagrante postergado/diferido/retardado/ação controlada: 
1º - No crime organizado, se a polícia postergar o flagrante, é necessário que 
Juiz competente seja INFORMADO e, ouvindo o MP, ele PODERÁ definir os 
limites da diligência (Art. 8º da Lei 12.850/13). 
2º - No tráfico de drogas, o flagrante postergado pressupõe PRÉVIA 
AUTORIZAÇÃO DO JUIZ, com oitiva do MP. Além disso, é necessário que seja 
informado o provável itinerário da droga e quem são os infratores envolvidos 
(Art. 53 da Lei 11.343/06). 
 
3. Procedimento 
3.1. Flagrante nas várias espécies de infração: 
I – Regra geral: o flagrante é cabível para todo tipo de infração. 
II – Situações especiais: 
- Infrações de menor potencial ofensivo (o auto de flagrante é substituído 
pela mera elaboração do TCO e o agente não ficará encarcerado – art. 69 da lei 
9.099/95). 
- Crimes permanentes (a prisão em flagrante é cabível a qualquer tempo 
enquanto perdurar a permanência – art. 303, CPP – admitindo-se inclusive a 
invasão domiciliar). 
No exemplo do sequestro, uma casa poderá ser invadida por qualquer 
momento se ela estiver sendo usada como cativeiro, pois o flagrante é uma 
exceção à regra da inviolabilidade da moradia. 
- Crimes de ação privada e de ação pública condicionada (a lavratura do 
auto pressupõe manifestação de vontade do legítimo interessado, sob pena de 
patente ilegalidade). 
3.2. Estrutura do procedimento - MACRO 
1º Passo: captura (PRESO) – caracteriza o imediato cerceamento da 
liberdade. 
Obs. Uso de algemas: os parâmetros para utilização estão na súmula 
vinculante 11 do STF, e o descumprimento dos preceitos da súmula ocasiona a 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 27 
 
ILEGALIDADE PRISIONAL, sem prejuízo da responsabilidade penal, 
administrativa e civil do responsável pelo ato, o que não inibe a 
responsabilidade objetiva do Estado no que pertine à indenização. 
2º Passo: Condução coercitiva até a presença da autoridade policial (art. 
308, CPP). 
3º Passo: lavratura do auto (art. 304, CPP). 
4º Passo: recolhimento à prisão. 
3.3. Postura final do delegado: 
Em 24 horas contadas da prisão (captura) o delegado tem as seguintes 
obrigações a cumprir: 
3.3.1. Remeter o auto ao juiz 
I – O magistrado pode entender que a prisão é ilegal, e portanto, vai 
relaxar a prisão. 
RELAXAMENTO DA PRISÃO – é a libertação incondicional do agente 
que foi preso ilegalmente (art. 5º, LXV, CF c/c art. 310, I, CPP). 
Advertência: nada impede que o advogado apresente um requerimento 
de relaxamento ao juiz por meio de uma petição. 
II – O magistrado pode entender que a prisão é legal, homologando o 
auto. 
Sendo a prisão legal, o juiz, tecnicamente, irá homologar o auto de 
flagrante. 
Mas afinal, quais são as alternativas daqui por diante? Uma vez 
homologado, o que cabe ao magistrado fazer? 
Abrem-se, agora, duas alternativas ao Juiz. 
i. Se o juiz entender que a prisão é necessária, ele vai converter o 
flagrante em prisão preventiva. 
Ele só poderá permanecer preso se a prisão em flagrante for convertida 
em prisão preventiva e só pode fazer isso se presentes os requisitos dos artigos 
312 e 313 do CPP. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 28 
 
ii. Se o juiz entender que a prisão não é necessária, ele concederá 
liberdade provisória nos termos do artigo 5°, LXVI da CF c/c art. 310, III do 
CPP. 
LIBERDADE PROVISÓRIA - Esse instituto permite a libertação de quem 
foi preso em flagrante legalmente, desde que a manutenção no cárcere não seja 
necessária. 
A. Hipóteses de cabimento da liberdade provisória: 
→ É cabível para o agente que atuou amparado por eventual excludente 
de ilicitude (art. 310, p. único, CPP). 
Obs.: Neste caso, o agente será compromissado a comparecer a todos os 
termos da persecução penal e, além disso, o magistrado poderá aplicar as 
medidas cautelares do artigo 319 do CPP. 
Observação da Tati: a doutrina e a jurisprudência entendem que essa 
hipótese se estende às demais excludentes de ilicitude não constantes no art. 23, 
bem como às excludentes de culpabilidade, com base no art. 397 (absolvição 
sumária) 
→ É aplicável, quando o agente não se enquadrar nos requisitos da 
prisão preventiva (art. 321, CPP). 
Obs.: O magistrado poderá aplicar ao beneficiário as medidas cautelares 
do artigo 319 do CPP. 
Nos casos de crimes graves, a Constituição Federal constituiu a 
inafiançabilidade para alguns delitos extremamente graves no art. 5º, XLII, 
XLIII e XLIV. Todavia, a Constituição NÃO VEDOU LIBERDADE 
PROVISÓRIA SEM FIANÇA PARA TAIS DELITOS, de forma que poderemos 
requerer a liberdade provisória nessas circunstâncias. 
Conclusão: Percebe-se, então, que cabe liberdade provisória sem fiança 
nos crimes hediondos (art. 2º, II, Lei 8.072/90) e no tráfico de drogas, já que o 
STF reconheceu a inconstitucionalidade do art. 44 da lei de tóxicos no que 
pertine à vedação da liberdade provisória sem fiança. 
“Modus Operandi” – (Requerimento de liberdade provisória) Poderemos 
requerer a liberdade provisória por meio de petição endereçada ao juiz que 
homologou o auto de flagrante. 
3.3.2. Defensoria Pública 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 29 
 
Nas mesmas 24 horas, se o preso não tem advogado, uma cópia do auto 
será encaminhada à Defensoria Pública (art. 306, § 1º, CPP) 
3.3.3. Nota de Culpa 
Cabe ao delegado entregar ao preso, nas mesmas 24 horas, a nota de 
culpa como breve declaração,contendo os motivos e os responsáveis pela 
prisão, além da indicação de eventuais testemunhas (art. 306, § 2º, CPP) 
 
4. Técnica redacional da peça 
Obs.: Caso concreto 
José foi capturado em flagrante dentro da sua residência. Como relata o 
auto flagrancial, ele supostamente teria praticado um roubo (art. 157, CP), duas 
semanas antes da captura. 
Lavrado o auto, a autoridade policial não promoveu a remessa ao 
magistrado, e José encontrasse incomunicável há 72 horas. 
Em acréscimo, não lhe foi entregue a nota de culpa e o cárcere se mantém 
até o presente momento. 
Procurado pela família de José, apresente a peça privativa de advogado, 
com todas as teses adequadas ao caso. 
Item 1: Endereçamento 
O requerimento de relaxamento é endereçado ao magistrado que recebeu 
ou deveria ter recebido o auto de flagrante. 
Exemplo: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA “...” VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE “...” 
Item 2: Espaçamento → 5 linhas 
Item 3: Apontamento do auto de flagrante 
Exemplo: Autos de flagrante n° “...” 
Obs.: Esse apontamento não dispensa a qualificação exauriente do agente 
no preâmbulo da peça. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 30 
 
Item 4: Espaçamento → 1 linha 
Item 5: Preâmbulo 
Conteúdo: 
a) Qualificação: deve ser exauriente; 
b) Assistência por advogado: apontamento da procuração; 
c) Nome jurídico da peça: REQUERIMENTO DE RELAXAMENTO; 
d) Artigos de lei para embasamento: art. 5º, LXV da CF c/c art. 310, I, 
CPP. 
Exemplo: 
José, nacionalidade “...”, estado civil “...”, profissão “...”, filiação “...”, 
portador do RG n° “...”, CPF n° “...”, residente e domiciliado na Rua “...”, ´por 
meio do seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença 
de Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, LXV da CF c/c art. 310, I do CPP, 
apresentar REQUERIMENTO DE RELAXAMENTO PRISIONAL, em virtude 
das razões de fato e de direito a seguir apontadas. 
Item 6: Espaçamento → 1 linha 
Item 7: Narrativa fática 
Exemplo: 
Narram os autos de flagrante que José foi capturado da sua residência, 
supostamente sob alegação de ter praticado um crime de roubo (art. 157, CP), 
ocorrido duas semanas antes da efetivação da captura. 
Promovida a lavratura do auto pela autoridade, é sabido que a remessa 
ao juízo competente ainda não ocorreu. Como se não bastasse, o flagranteado 
encontra-se incomunicável, por período de aproximadamente 72 horas. 
Em outro giro, não lhe foi entregue a nota de culpa, sendo que a prisão 
persiste até o presente momento. 
Item 8: Espaçamento → 1 linha 
Item 9: Do Direito 
Exemplo: 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 31 
 
A captura em flagrante, como instituto de preservação social, exige 
previsão legal quanto à admissibilidade. 
Desta forma, as hipóteses de cabimento de flagrante, revelando a 
imediatidade entre o delito e captura, estão disciplinadas no art. 302 do CPP. 
No caso em tela, percebe-se que o agente foi capturado duas semanas 
depois da suposta ocorrência do crime, dentro da própria residência. Em tal 
circunstância, é patente o reconhecimento de que a situação fática apresentada 
não encontra guarida legal como hipótese válida de flagrante. 
Nesse contexto, percebe-se a manifesta ilegalidade da captura, pois 
ocorrida à margem da lei, denotando a necessidade do imediato relaxamento 
do cárcere, nos termos do art. 5º, LXV da Constituição Federal, verbis: 
Constituição Federal 
Art. 5º 
[...] 
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade 
judiciária. 
Por outro lado, o respeito ao procedimento flagrancial é uma das 
premissas necessárias à legalidade. No desdobramento da captura, percebe-se 
que o auto não foi remetido ao magistrado, ofendendo-se frontalmente o 
mandamento do art. 306, § 1º, do CPP, que exige a remessa em no máximo vinte 
e quatro horas da prisão. 
Além disso, o capturado encontra-se incomunicável, o que é 
injustificável, afinal, nos termos do art. 5º, LXII da Constituição, o direito de 
assistência deve ser preservado, e a prisão deve ser comunicada à família do 
preso ou a alguém de sua confiança, o que é ratificado pelo artigo 306, caput, do 
CPP, valendo a transcrição: 
Código de Processo Penal 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à 
família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
Em arremate, autoridade também não entregou ao preso a nota de culpa, 
como declaração necessária para informar os motivos e os responsáveis pelo 
cárcere, além da indicação de eventuais testemunhas. Tal omissão ofende a 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 32 
 
exigência do artigo 306, § 2º do CPP, ratificando, em acréscimo, a manifesta 
ilegalidade não só da captura como também do desdobramento procedimental. 
Item 10: Espaçamento → 1 Linha 
Item 11: Pedidos 
Exemplo: 
Diante do exposto, reque a Vossa Excelência o imediato relaxamento da 
prisão em flagrante, por sua manifesta ilegalidade, nos termos do art. 5º, LXV a 
CF c/c art. 310, I, CPP, expedindo-se, para tanto, o competente alvará de 
soltura. 
Item 12: Espaçamento → 1 linha 
Item 13: Parte autenticativa 
Termos em que pede deferimento 
Local “...”, dia “...”, mês “...”, ano “...” 
................................................... 
Advogado “...”, OAB n° “...” 
 
5. Prisão Preventiva 
5.1. Conceito: 
É uma prisão cautelar durante toda a persecução penal (inquérito 
policial, processo e, havendo urgência, poderá ser decretada mesmo antes do 
início formal da investigação), decretada pelo Juiz, ex officio (APENAS NA FASE 
PROCESSUAL) ou por provocação do Ministério Público, do querelante (ações 
privadas), o delegado e o assistente de acusação, sem prazo, desde que 
presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP. 
Destrinchando: 
a) Prisão cautelar 
b) Cabível durante toda a persecução penal 
→ Inquérito policial. 
→ Processo. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 33 
 
→ Urgência: poderá ser decretada mesmo antes do início formal da 
investigação. 
c) Decretada pelo juiz: 
→ Ex officio (na fase processual); 
→ Por provocação: 
• Ministério Público 
• Querelante (ações privadas) 
• Delegado 
• Assistente de acusação: é a vítima do crime ou quem venha a 
sucedê-la, que se habilita no processo para auxiliar o Ministério Público 
(art. 268 a 273 do CPP) 
d) Sem prazo 
e) Requisitos (Arts. 312 e 313 do CPP) 
5.2. Requisitos 
5.2.1. Fumus commissi delicti (fumaça da prática do delito): 
Indícios de autoria + prova da materialidade = justa causa da prisão 
preventiva. 
5.2.2. Periculum libertatis (perigo da liberdade): 
07 Hipóteses de decretação da preventiva: 
a) Garantia da ordem pública: para o STJ, a ordem pública está em risco 
quando o agente, em liberdade provavelmente continuará delinquindo, e 
almejamos assim, com a prisão, preservar a paz social. 
b) Garantia da ordem econômica: almeja-se, aqui, evitar a reiteração de 
delitos contra a ordem econômica; 
c) Garantia da instrução criminal: almeja-se, aqui, preservar a livre 
produção probatória (Ex.: ameaçar testemunhas). 
d) Garantir a aplicação da lei penal: evitar a FUGA. A mera ausência 
injustificada do réu a um ato do processo, não autoriza a decretação da 
preventiva. Por outro lado, a riqueza absoluta ou a miserabilidade extrema não 
são fundamentos individuais do cárcere. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 34 
 
e) Ausência de identificação civil (Art. 313, parágrafo único): Neste caso 
a preventiva perdura até aapresentação do documento ou o esclarecimento da 
dúvida quanto à identidade. 
f) Violência doméstica (Art. 313, II): O descumprimento das medidas 
protetivas de urgência que nada mais são do que medidas cautelares para 
blindar a vítima da violência doméstica, autoriza a decretação da preventiva. 
Advertência: Vale lembrar que, além da mulher, estão tutelados os 
idosos, as crianças, os adolescentes e os enfermos. 
g) Havendo descumprimento das medidas cautelares do art. 319 do 
CPP (Art. 312, parágrafo único), o magistrado poderá: 
i. Substituir a medida por outra mais adequada ao agente. 
ii. Cumular com outra ou outras, aumentando o ônus. 
iii. DECRETAR A PREVENTIVA. 
Obs.: Nos crimes contra o sistema financeiro, a prisão preventiva estaria 
autorizada pela magnitude da lesão. 
5.3. Admissibilidade 
REGRA GERAL: A preventiva é cabível em crime doloso com pena 
superior a quatro anos. Percebe-se, de regra, que se o crime tem pena máxima 
de até quatro anos, não caberá preventiva. 
EXCEÇÕES: Eventualmente, a quantidade de pena é indiferente para a 
decretação da preventiva. 
→ Hipóteses: 
a) Ausência de identificação civil. 
b) Descumprimento de medida protetiva no âmbito da violência 
doméstica. 
c) Reincidência em crime doloso. 
5.4. Questões Complementares 
5.4.1. Preventiva x Excludente de Ilicitude 
Havendo indícios da presença de uma excludente de ilicitude, é sinal de 
que a prisão preventiva não poderá ser decretada (art. 314, CPP). 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 35 
 
5.4.2. Fundamentação do mandado 
De acordo com o art. 93, IX, da CF/88 c/c com art. 315, do CPP, o 
mandado prisional dever ser necessariamente motivado. Sendo que a mera 
repetição do texto da lei não atende a exigência constitucional. 
5.4.3. Tempo da prisão preventiva 
Não há previsão legal de prazo de durabilidade. Estende-se no tempo 
enquanto houver necessidade, a qual é medida pela presença das respectivas 
hipóteses de decretação. 
Se as hipóteses desaparecerem, a preventiva será revogada (art. 316, do 
CPP). 
ADVERTÊNCIA 1: Como advogado, o REQUERIMENTO DE 
REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA é apresentado ao juiz responsável pela 
decretação, pleiteando-se a revogação da medida, em virtude do 
desaparecimento do motivo justificante. 
ADVERTÊNCIA 2: Nada impede que a prisão preventiva seja 
redecretada pelo surgimento de novas provas, denotando a respectiva 
necessidade. 
Conclusão: Percebe-se que a preventiva segue a cláusula “rebus sic 
stantibus”, ou seja, COMO AS COISAS ESTÃO. 
ADVERTÊNCIA 3: PREVENTIVA TEMPORALMENTE EXCESSIVA. Se 
o indivíduo está preso preventivamente, de forma imoderada, é sinal que a 
razoável duração do processo e a razoável duração da prisão cautelar não foi 
atendida, de forma que o cárcere é manifestamente ilegal e a prisão deve ser 
RELAXADA (art. 5º, LXXVIII, CF/88). 
5.4.4. Prisão domiciliar 
→. CONCEITO: O juiz está autorizado, por um critério humanitário, a 
substituir a prisão preventiva pela prisão domiciliar, desde que exista estrita 
necessidade, devidamente motivada, nas hipóteses legalmente estabelecidas 
(artigos 317 e 318, do CPP). 
 
6. Prisão temporária (Lei nº 7.960/89) 
 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 36 
 
6.1. Conceito 
É a prisão cautelar, cabível tão somente na fase da investigação policial, 
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou por representação 
da autoridade policial, com prazo, desde que presentes os requisitos do artigo 
1º, da Lei n. 7.960/89. 
Destrinchando: 
a) Prisão cautelar 
b) Cabível apenas na fase do inquérito policial. 
Observação: Subsistindo na fase processual, caracteriza uma prisão 
manifestamente ilegal, devendo ser relaxada. 
c) Decretada pelo Juiz 
- Requerimento do MP. 
- Por representação da autoridade policial. 
Observação: Prisão temporária decretada de ofício caracteriza uma 
prisão manifestamente ilegal, devendo ser relaxada. 
d) Com prazo. 
e) Desde que presentes os requisitos do art. 1º da Lei 7.960/89. 
 
6.2. Requisitos (artigo 1º, da Lei n. 7.960/89): 
“fumus commissi delicti (inciso III)” + “periculum libertatis (inciso I e II)” 
I – Imprescindível ao inquérito policial = “periculum libertatis” 
II – Não possui residência fixa ou identificação civil = “periculum 
libertatis” 
III – Havendo indícios de autoria ou de participação em um dos crimes 
graves previstos em lei (art. 1º, inciso III, da Lei n. 7.960/89) = “fumus commissi 
delicti”. 
Advertência: Uma parte da doutrina entende que o artigo 1º, da Lei n. 
8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) apresenta um rol complementar de 
delitos que admitiriam prisão temporária. Na peça, o interessante é dizer que o 
rol está adstrito ao inciso III do art. 1º da lei 7.960/89. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 37 
 
Observação: Conjugação de incisos – SEMPRE SERÁ NECESSÁRIO O 
INCISO III, E ESTE DEVERÁ SER SOMADO COM O INCISO I OU INCISO 
II. 
6.3. Procedimento 
Começa com uma provocação. Com um requerimento do Ministério 
Público ou com a representação da autoridade policial, feita ao juiz. Sendo que 
este tem o prazo de 24h para deliberar. 
Observação 
Consequência 1: Prazo 
a) Crimes comuns = 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias, uma única vez. 
b) Crimes hediondos e assemelhados (Tráfico, Terrorismo, Tortura) = 30 
dias, prorrogáveis por mais 30 dias, uma única vez. 
Advertência: A prisão temporária se auto revoga pelo decurso do tempo 
e a libertação do agente INDEPENDE DA EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE 
SOLTURA, sob pena de manifesta ilegalidade. 
Consequência 2: A decretação da prisão temporária e a prorrogação do 
prazo pressupõe deliberação do juiz com prévia oitiva do Ministério Público. 
Consequência 3: Postura do juiz – O magistrado poderá, para fiscalizar o 
bom andamento da prisão, determinar as seguintes medidas: 
- Apresentação do preso 
- Submeter o preso a exame de corpo de delito 
- Requisitar informações à autoridade policial 
Consequência 4: Mandado Prisional – Na prisão temporária, o mandado 
será expedido em duas vias, sendo que uma é entregue ao preso para 
comunicá-lo dos motivos e dos responsáveis pela prisão, servindo como “nota 
de culpa”. 
Advertência: Essa formalidade é também aplicável na prisão preventiva. 
Consequência 5: Separação do preso – Atualmente, o artigo 3º, da Lei n. 
7.960/89, tem redação similar ao artigo 300, do CPP. De forma que, o preso 
cautelar, qualquer que seja ele, ficará separado do preso definitivo, SOB PENA 
DE MANIFESTA ILEGALIDADE, exigindo-se o relaxamento da prisão. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 38 
 
7. Prisão por apresentação 
 
 Quem se apresenta voluntariamente à autoridade e confessa um crime, 
não será preso em flagrante, pois tal situação não se enquadra nas hipóteses 
legais de flagrância (art. 302 do CPP). Todavia, havendo estrita necessidade, o 
delegado poderá representar pela decretação da prisão preventiva ou da prisão 
temporária, se os requisitos de admissibilidade estiverem presentes. 
 
8. Comparativo prisional 
 
a) Prisão em flagrante 
 → Ilegal: relaxada. 
 → Legal, porém desnecessária: liberdade provisória. 
b) Prisão preventiva 
 → Ilegal: relaxada. 
 → Legal, porém desnecessária: revogada (316 do CPP). 
c) Prisão temporária 
 → Ilegal: relaxada. 
→ Se auto revoga com o decurso do prazo. 
 Advertência: o requerimento deve ser apresentado ao Juiz, por meio de 
uma petição que pode requerer (1) relaxamento, (2) revogação ou (3) liberdade 
provisória. 
 
QUEIXA CRIME 
 
1. Ação Penal de Iniciativa Privada 
Princípios: 
P r o c e s so P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 39 
 
a) Conveniência/oportunidade: o ofendido, mesmo possuindo em suas 
mãos a prova de materialidade, pode optar por não ofertar a queixa crime, ou 
seja, não está obrigado. Esta é chamada de renúncia de queixa podendo ser 
expressa ou tácita. Prazo: 6 meses para oferecer a queixa. 
b) Disponibilidade: o ofendido pode dispor (desistir) da queixa-crime, 
sendo que tal disposição não depende de anuência do MP. Pode ser externado 
pelo instituto do perdão que deve ser aceito pelo ofensor. A aceitação desse 
perdão pode ser expressa ou tácita. 
O perdão tácito se dá pela prática incompatível (Ex.: ofensor e ofendido 
casam) de querer continuar processar o autor do crime. 
A aceitação tácita ocorre pelo silêncio do ofensor. 
É possível que a disponibilidade seja exercida pela perempção. Por 
exemplo, caso a vitima não dê andamento no processo, após ser intimada, no 
prazo de 30 dias, ocorrerá a perempção (Art. 60 do CPP). 
c) Intranscendência / Pessoalidade: A queixa crime só pode ser oferecida 
contra aquele (s) que contribuíram para a prática do crime, na condição de 
autor ou partícipe. No Brasil adota-se a responsabilidade penal subjetiva. 
d) Indivisibilidade: Obrigatoriamente, a queixa crime deve ser oferecida 
contra todos aqueles que de alguma forma concorreram para a prática do crime. 
Ou se oferece a queixa crime contra todos ou não se oferece contra 
ninguém, pois não pode ser motivo de extorsão ou coação, e o MP deve zelar 
pela sua indivisibilidade, nos termos do artigo 48 do CPP. 
 
2. Espécies de Ação Penal 
2.1. Ação Penal Privada Exclusiva (regra) 
Quase todos os crimes de ação penal privada são de ação penal exclusiva 
e existe APENAS UM CRIME que é personalíssimo 
→ Ação privada: “Somente se procede mediante queixa” (Exemplo – 
Crimes contra a honra/Crime de Dano) 
Substituição na titularidade da Ação – se a vítima vier a falecer na 
titularidade da ação irão assumir o cônjuge, companheiro, ascendente, 
descendente ou irmão (CCADI), que pode se dar antes ou após o oferecimento 
da queixa. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 40 
 
→ Prazo para o oferecimento da queixa crime: Seis meses contados do 
conhecimento da autoria delitiva. Sendo este prazo decadencial e sua 
inobservância gera a extinção da punibilidade. Conta-se este prazo dever ser 
feito nos termos do art. 10 do CP, ou seja, inclui o dia do início e exclui-se o dia 
do fim. 
Exemplo: 10/01 – 06 meses – 09/07 (prazo de natureza material do 
direito penal) 
2.2. Ação Privada Personalíssima 
→ Só se aplica em um único caso – crime do art. 236 do CP. 
→ Não pode haver substituição da parte, sendo que apenas o cônjuge 
enganado pode oferecer a queixa crime. Se a vítima morrer, a ação será 
arquivada. 
→ Prazo: 6 meses não é do conhecimento da autoria delitiva, e sim 
contado do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento. 
2.2. Ação Penal Subsidiária da Pública/ Queixa Crime subsidiária 
→ Fundamentos legais: Art. 5°, LIX, CF; art. 29, CPP; art. 100, §3°, CP 
M.P – Prazo da denúncia – Inerte – não ofereceu a denúncia/ não 
requereu novas diligências e não requereu arquivamento. 
Prazo: 06 meses → se inicia a partir do fim do prazo para oferecimento 
da denúncia sem a manifestação do MP. 
3. Queixa crime 
3.1. Considerações Iniciais 
A queixa crime é uma peça inicial acusatória, com a intenção de iniciar a 
ação penal, ou seja, ainda não há processo. 
→ Tipos de Crime contra a honra – art. 138/ 139/ 140 – Art. 145, CP. 
→ Tipo de dano – art. 163 – art. 167 do CP. 
→ Crime ação penal pública – MP inerte – queixa crime subsidiária. 
3.2. Estrutura Queixa – Crime 
- Endereçamento 
- Preâmbulo 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 41 
 
- Fatos 
- Direito 
- Pedidos 
Observação: A OAB pode requerer uma procuração específica (Art. 44 do 
CPP). 
→ Endereçamento 
a) Juiz de direito/ Federal (art. 109, C.F) 
b) Jecrim/ Vara Criminal/ Vara do Júri 
c) Comarca (justiça comum estadual)/ Subsecção Judiciária 
(Justiça Comum Federal) 
→ Preâmbulo 
a) Qualificação da vítima 
b) por intermédio de seu advogado e procurador (procuração 
específica em anexo). 
c) oferecer queixa–crime 
d) Art. 41, CPP c/c artigo relacionado à ação. 
e) contra qualificação do querelado 
→ Dos fatos 
→ Do direito 
a) Quantos crimes foram praticados? 
b) Narrar um crime de cada vez. 
c) Deve citar o artigo. 
d) Se o crime foi doloso, consumado/tentado, qualificado, se 
possui causa de aumento, agravantes, concurso de crimes, etc. 
→ Pedidos 
a) recebimento da queixa–crime; 
b) citação dos querelados para que sejam processados e 
condenados pelos crimes praticados; 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 42 
 
c) manifestação do MP; 
d) fixação valor mínimo de indenização – art. 387, IV, CPP. 
e) intimação e oitiva de testemunhas. 
→ PROCURAÇÃO ESPECÍFICA 
- Espaçamento: 5 linhas 
Qualificação vítima – nomeia e constitui seu procurador o Dr. 
(Qualificação Advogado) outorgando-lhe poderes específicos para o oferecer 
queixa – crime contra (qualificação) - pelo seguinte fato: Breve relato fatos. 
Local e Data 
Nome da vítima 
 
4. Técnica redacional da peça 
 
Caso concreto: 
Cacá, no dia 25 de setembro e 2013, sabendo que o fato era falso, 
mediante o uso de twitter, em ambiente público, disse a Tício (que leu a 
mensagem) que Mévio havia praticado crime de furto contra a Lotérica Estrela, 
em data de 20 de setembro do mesmo ano. Mévio teve conhecimento de tal 
imputação no mesmo dia. 
No dia seguinte, Cacá encontrou Mévio e com a intenção de ofender-lhe 
disse: “Você é um sujeito desonesto e trapaceiro”. Tal fato foi presenciado poro 
Mário. 
Por sua vez, Mévio se sentiu ofendido com as condutas praticadas por 
Cacá. 
Com base somente nas informações fornecidas no caso acima, elabore 
peça processual e exclusiva de advogado, tendo em vista que Mévio, em data 
de 23/03/2014 procurou o seu Escritório e pediu que ingressasse com a medida 
judicial cabível. 
 
Peça: 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 43 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA “...” VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE “...” 
 
 
 
 
 
 MÉVIO, nacionalidade “...”, estado civil “...”, profissão “...”, filiação “...”, 
portador do RG nº ... e do CPF nº ..., residente e domiciliado à Rua ..., nº ..., na 
cidade de ..., por intermédio de seu advogado que esta subscreve (procuração 
específica em anexo), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência 
oferecer QUEIXA-CRIME, com fundamento no artigo 41 do Código de Processo 
Penal c/c o artigo 145 do Código Penal, contra CACÁ, nacionalidade “...”, 
estado civil “...”, profissão “...”, filiação “...”, portador do RG nº “...” e do CPF nº 
“...”, residente e domiciliado sito à Rua “...”, nº “...”, na cidade de “...”, pelos 
fatos e fundamentos a seguir expostos: 
 
I. DOS FATOS: 
 
No dia 25 de setembro de 2013, de forma dolosa, o querelado imputou 
falsamente fato definido como crime ao querelante, por meio de um ambiente 
público amplamente utilizado (twitter), dizendo à Tício que a vítima havia 
praticado crime de furto contra a Lotérica Estrela, no dia 20 de setembro do 
mesmo mês. 
Não satisfeito, no dia 26 de setembro de 2013, dolosamente, o querelante 
foi injuriado pelo querelado, que o chamou de “desonesto e trapaceiro”, fato 
que foi testemunhado por Mário. 
Diante disso, a vítima se sentiu ofendida com as condutas praticadas 
pelo querelado, razão pela qual apresenta a presente peça processual. 
 
II. DO DIREITO:P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 44 
 
a) DA CALÚNIA – ART. 138, CP: 
 
Em razão do fato que no dia 25 de setembro de 2013, sabendo que o fato 
era falso e mediante o uso de twitter, o Querelado imputou ao ora Querelante a 
prática de crime de furto. Tal imputação, chegou ao conhecimento de terceiro, 
qual seja, Tício, bem como foi conhecida pelo Querelante. 
Diante de tal conduta, inequívoco que o Querelado praticou o delito de 
calúnia, figura prevista no artigo 138 do Código Penal, em razão da falsa 
imputação de delito. 
 
Código Penal 
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como 
crime. 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
 
Ademais, evidente que o Querelado agiu com dolo, ou seja, quis e 
conseguiu afronta a honra objetiva do ora Querelante. Tal fato se consumou 
quando chegou ao conhecimento da testemunha Tício. 
Quanto mais não seja, o crime foi praticado via twitter, portanto, em 
ambiente que facilita a divulgação da calúnia. Com efeito, aplicável ao caso, a 
causa de aumento de pena prevista no artigo 141, III, do Código Penal. 
 
Código Penal 
 Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, e 
qualquer dos crimes é cometido: 
 [...] 
 III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação 
da calúnia, da difamação ou da injúria; 
 
b) DA INJÚRIA – ART. 140, CP: 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 45 
 
 
Não satisfeito com a prática do delito de calúnia, no dia 26 de setembro 
de 2013, com ânimo de afrontar a honra do Querelante, o Querelado, mais uma 
vez, delinquiu, dizendo pessoalmente àquele a seguinte frase “você é um sujeito 
desonesto e trapaceiro”. 
Praticando tal conduta, o Querelado consumou o delito de injúria, 
previsto no artigo 140 do Código Penal. 
 
Código Penal 
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 
 
Com a frase supracitada, evidente que o Querelado agiu com dolo de 
ofender a honra alheia e sem dúvida alcançou seu intento, pois o Querelante 
sentiu-se extremamente ofendido em sua honra subjetiva. 
 
DO CONCURSO DE CRIMES: 
 
No caso em tela, o Querelado mediante pluralidade de condutas praticou 
uma pluralidade de crimes. 
Vale lembrar que os crimes em pauta não são da mesma espécie. Assim, 
a pluralidade de conduta e de crimes, configura a incidência do concurso 
material, previsto no artigo 69 do Código Penal, que estabelece que as penas de 
todos os crimes praticados devem ser aritmeticamente somadas, senão vejamos: 
 
Código Penal 
 Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as 
penas privativas de liberdade em que haja ocorrido. No caso de aplicação 
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 46 
 
III. DOS PEDIDOS 
 
Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente demonstrado, requer: 
a) o recebimento da presente Queixa-Crime; 
b) a citação do Querelado para responder a presente inicial e ao final ser 
condenado pelas penas previstas nos artigos 138 c/c 141, III e 140, todos 
combinados com o artigo 69 do Código Penal; 
c) a manifestação Ministério Público; 
d) a fixação de valor mínimo de indenização pelos danos morais 
causados ao ora Querelante, nos moldes do artigo 387, IV do Código de 
Processo Penal; 
e) a intimação das testemunhas fáticas, cujo rol segue abaixo para 
prestarem depoimento durante a instrução criminal. 
 
Rol de testemunhas: 
1. Tício (qualificação); 
2. Mário (qualificação). 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Local “...”, dia “...”, mês “...”, ano ”...”. 
 
Advogado ... 
OAB nº ... 
 
 
 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 47 
 
PROCURAÇÃO ESPECÍFICA 
 
 
 
 
 
MEVIO, nacionalidade “...”, estado civil “...”, profissão “...”, filiação “...”, 
portador do RG nº “...” e do CPF nº “...”, residente e domiciliado sito à Rua “...”, 
nº “...”, na cidade de “...”, nomeia e constiuiu seu procurador o Dr. “...”, 
nacionalidade “...”, estado civil “...”, advogado, inscritos na OAB/”...” nº “...”, 
com escritório profissional na Rua “...”, nº “...”, na cidade de “...”, a quem 
confere poderes específicos para oferecer Queixa- Crime contra CACÁ, 
nacionalidade “...”, estado civil “...”, profissão “...”, filiação “...”, portador do 
RG nº “...” e do CPF nº “...”, residente e domiciliado sito à Rua “...”, nº “...”, na 
cidade de “...”, pelos seguintes fatos: 
No dia 25 de setembro de 2013, sabendo que o fato era falso, mediante o 
uso de twitter, Cacá disse a terceiro que o outorgante havia praticado crime de 
furto. No dia seguinte, Cacá encontrou o ora outorgante lhe disse “você é um 
sujeito desonesto e trapaceiro”. 
 
Local “...”, dia “...”, mês “...”, ano ”...”. 
 
MÉVIO “...” 
RG nº “...” 
CPF nº “...” 
 
PROCEDIMENTO DO JÚRI 
 
1. Introdução 
A Lei 11.689/08 tratou do Júri e da reforma no CPP. 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 48 
 
O Júri tem disciplina na CF, art.5º, XXXVIII da CF (cláusula pétrea). O 
Júri funciona como direito e também como garantia fundamental. Dentro dessa 
dúplice análise o Júri é um direito fundamental de participação popular na 
administração da Justiça (integrar como Jurados). 
Como garantia fundamental é a possibilidade (garantia) de ser julgado 
por seus pares, caso eventualmente se pratique um crime doloso contra a vida. 
Em síntese → Direito: ser jurado; Garantia: de ser julgado por jurados. 
Há 4 princípios específicos que tratam do tema: 
→ Princípio da plenitude de defesa. Por este princípio além da defesa 
técnica pelo advogado, também vale pela defesa de argumentos metajurídicos 
(SENTIMENTAIS, FILOSÓFICOS, ECONÔMICOS). 
→ Princípio do Sigilo das Votações. O Jurado pode sofrer intimidações 
pelas partes ou de seus familiares caso seja identificado o seu voto. O sigilo 
ocorre por intermédio da sala secreta onde pessoas que possam intimidar o 
Jurado não terão acesso, sob pena de nulidade absoluta. Além disso, o voto 
ocorre de maneira impessoal para que o Jurado não seja identificado. 
Advertência: Atualmente, para preservar o sigilo, A UNANIMIDADE 
ESTÁ VEDADA e com quatro votos em determinado sentido, o quesito estará 
suficientemente julgado. 
→ Princípio da Soberania dos Veredictos. O MÉRITO da deliberação dos 
Jurados não poderá, em regra, ser alterados pelos demais órgãos do Judiciário, 
contudo, pode sofrer mitigações. 
*Exceções: 
A primeira mitigação ocorre quando os Jurados julgarem 
manifestamente contrária às provas, daí a defesa interpõe apelação no qual o TJ 
cassa o julgamento e manda o réu para novo Júri, mas isso será feito apenas 
uma vez (art.593, III, „‟d‟‟, CPP). 
A segunda mitigação decorre de revisão criminal. À luz do art.621 do 
CPP, aquele que foi injustamente condenado por decisão transitada em 
julgado emanada do Júri, poderá ser diretamente absolvido na ação de revisão 
criminal. 
→ Princípio da Competência Mínima para o Julgamento dos Crimes 
Dolosos contra a Vida (tentados ou consumados). 
P r o c e s s o P e n a l – O A B 2 ª F A S E | 49 
 
Os artigos 121 a 128 do CP elencam as infrações dolosas contra a vida. 
Obs1: O Júri não julga apenas os crimes dolosos contra a vida, mas desde 
que sejam infrações comuns conexas, ainda que de menor potencial ofensivo. 
Obs2: O simples fato de o crime consumar em morte, não quer dizer que

Continue navegando

Outros materiais