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Frei Damião_Em Defesa da Fé_Transcrição

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FREI DAMIÃO DE BOZZANO 
Missionário Capuchinho 
 
 
 
 
 
 
EM DEFESA 
DA FÉ 
 
 
 
 
 
3a. Edição 6o. milheiro 
 
 
 
 
 
__________________ 
EDIÇÕES PAULINAS 
RECIFE 
1 955 
 
 
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Frei Damião de Bozzano 
Missionário Capuchinho 
 
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 Nihil obstat 
Recife, 20 de agosto de 1953 
Frei Tito de Piegaio, ofmcap 
 CENSOR AD HOC 
 
 
 
 
 
] 
 
 
 
 
 
 Imprimatur 
 Recife, 20 de agosto de 1953 
 Frei Otávio de Terrinca ofmcap 
 CUSTÓDIO PROVINCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PREFÁCIO 
 
EM DEFESA DA FE, é um sugestivo titulo o livro que Frei Damião de Bozzano dá à 
publicidade como lembrança de suas inúmeras e fecundas Santas Missões pregadas no 
decurso de vinte longos anos nas capitais e no interior do Nordeste brasileiro. 
Lendo o presente trabalho temos a impressão de ver realmente a bondosa o 
austera figura do grande Capuchinho e ouvir o tom profético de suas candentes 
apóstrofes aos pecadores, amancebados, adúlteros, protestantes, espíritas, acenando-
lhes com voz vibrante a consequência inevitável de suas vidas transviadas: O Inferno. 
Laureado na Universidade Gregoriana de Roma, em Teologia Dogmática e Filosofia, 
Bacharel em Direito Canônico e por vários anos erudito professor de Sagrada Escritura, 
Frei Damião, usando de uma linguagem simples, compreensível, adaptada à população 
provinciana, é realmente admirável na lógica cerrada de sua argumentação e nas 
conclusões sempre claras e ao alcance de todos. 
Além da firmeza de doutrina, da lógica impecável a da simplicidade de forma, há 
ainda, neste livro outra qualidade de inestimável valor e que constituo a sua alma: A fé 
inabalável e a virtude dos santos. 
Sua virtude verdadeiramente excepcional, que é o segredo da eficácia de suas 
missões, perfuma todas as páginas. esclarece todos os argumentos, fortalece todas as 
conclusões e se transforma em poderoso motivo para a nossa adesão às verdades que 
defende com tanta convicção e clareza. 
É que sua vida, seus exemplos, suas palavras são a melhor demonstração das 
verdades que prega. 
EM DEFESA DA FÉ é pois um livro precioso que fala à inteligência e ao coração, 
destinado a opor um dique intransponível à onda avassaladora do corrução com que a 
heresia do Lutero ameaça as mais esplêndidas tradições do Brasil católico. 
É assim que Frei Damião, visando unicamente o bem das almas, multiplica-se a si 
mesmo, perpetuando no tempo e no espaço as suas grandes missões em defesa da fé 
que cimentou os alicerces da nacionalidade e que recebemos, como preciosa herança, 
dos nossos antepassados, para construir na solidez dos seus princípios a felicidade do 
nosso futuro. 
 Recife, 20 do agosto de 1953. 
 FREI OTÁVIO DE TERRINCA, ofmcap. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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I 
A verdadeira regra de fé 
 
Regra de Fé: Meio lógico, objetivo, pelo qual podemos conhecer as verdades 
reveladas por Deus. 
Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou ao mundo a sua doutrina, exigindo que todos a 
abraçassem sob pena de condenação eterna. Logo nos deve ter deixado um meio fácil 
e seguro para conhecermos esta doutrina. 
Qual este meio? 
Segundo os protestantes é a Bíblia tal qual é compreendida por cada indivíduo, 
ignorante ou douto. 
Segundo os católicos, é um magistério vivo, infalível, autêntico, isto é, a igreja 
docente, constituída por Jesus Cristo depositária das verdades reveladas. E as fontes, 
onde essa igreja vai haurir os ensinamentos de Jesus Cristo são a Bíblia e a Tradição. 
Onde a razão? Vejamo-lo. Neste capítulo vamos apenas provar a tese católica. 
 
a) Dizemos, antes de tudo, que Jesus, para dar conhecer ao mundo sua doutrina, 
constituiu um magistério vivo, isto é, escolheu certo número de homens, aos quais 
confiou o munus e o oficio de pregar a sua doutrina, obrigando todo o mundo a neles 
crer. Eis as provas: 
"Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide pois, instrui as 
gentes....ensinando-as a observar tudo que vos mandei; e eis que estou convosco 
todos os dias até a consumação dos séculos".(Mt. 28,18). 
Ainda mais: "Ide, pregai o evangelho por todo o mundo. Quem crer e for batizado 
será salvo, quem não crer será condenado". (Mc 10,16 )." 
"Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita, 
rejeita aquele que me enviou". (Lc. 10 16). 
Por estas palavras deu aos apóstolos e somente a eles o oficio de pregarem o seu 
Evangelho; de fato, quando se tratou de colocar Matias no lugar de Judas que tinha 
prevaricado, afim de que pudesse pregar o Evangelho com os demais apóstolos, 
recorreu-se a uma eleição. (Atos 1, 23 ). Ora, esta não teria sido necessária, se Jesus 
tivesse a todos os cristãos o oficio de pregar o Evangelho, pois Matias, já mesmo antes 
da eleição, era cristão, discípulo de Cristo. 
Se, pois, foi preciso uma eleição, quer isto dizer que Jesus Cristo confiou somente 
aos apóstolos o oficio de pregar o seu Evangelho. 
E os apóstolos compreenderam dessa maneira as palavras de Jesus, isto é, que Ele 
lhes tinha imposto o munus e o oficio de pregar a sua doutrina. Por isso S. Marcos 
acrescenta: "Eles, os apóstolos, partiram e pregaram por toda a parte ". (Mc 16, 20). 
Eis, pois, o meio escolhido por Nosso Senhor para difundir sua doutrina: O 
magistério dos apóstolos; eles devem ensinar, pregar esta doutrina e todo o mundo 
deve acreditar nos seus ensinamentos. 
b) Dizemos, além disso, que este magistério vivo, por vontade de Jesus, devia durar 
até o fim dos séculos, ou por outras palavras, este munus, este oficio, que os discípulos 
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receberam, não devia acabar com a morte deles, mas devia ser transmitido aos seus 
sucessores. 
Com efeito Jesus diz: "foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide pois, instrui 
todas as gentes.... ensinando-as a observar tudo que vos mandei. E eis que estou 
convosco todos os dias até a consumação dos séculos"(Mt. 28,18). 
Mas não sabia Nosso Senhor que os apóstolos não poderiam ficar neste mundo até 
o fim dos séculos, para ensinar a todas as gentes a sua doutrina? Sem dúvida o sabia. 
Portanto, ele aqui falou aos apóstolos, como a pessoas que deveriam ter sucessores 
até o fim dos séculos, para ensinar a todas as gentes a sua doutrina 
E os apóstolos, fiéis executores do pensamento do divino Mestre, tinham cuidado 
de deixar quem continuasse seu magistério. Por isso S. Paulo escreve a Timóteo: "O 
que de mim ouviste por muitas testemunhas, ensina-o a homens fiéis, que se tornem 
idôneos para ensinar a outros". ( IITim 2,2 ). 
c) Dizemos, enfim, que este magistério vivo, é infalível, isto é, não pode ensinar erro 
algum sobre a fé ou sobre a moral. 
__ Com efeito, consideramos as palavras evangélicas: 
"Foi-me dado, diz Jesus, todo o poder no céu e na terra. Ide pois, instrui todas as 
gentes.... ensinando-as a observar tudo que vos mandei. E e eis que estou convosco 
todos os dias até a consumação dos séculos". (Mt. 28,18). 
Como vemos, Jesus aqui impõe aos apóstolos e aos seus sucessores ensinar tudo o 
que Ele ensinou e ensiná-lo até o fim dos séculos. E como esta fora uma empresa 
superior a simples forças humanas, promete-lhes a assistência onipotente. 
Ora, será possível que um magistério,
assistido pela própria verdade que é Cristo, 
possa errar? Não é possível. 
Portanto, a igreja, assistida por Cristo, é infalível. 
Jesus diz ainda: "Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita, e 
quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou". (Lc 10, 16). 
Porventura, ouvir a Jesus, não é ouvir ensinamentos infalíveis? 
Ora, ele afirma que aquele que ouve os apóstolos e aos seus sucessores, isto é, à 
Igreja docente, o ouve a Ele mesmo. 
Portanto, quem ouve a Igreja, ouve ensinamentos infalíveis. 
__ O mesmo repete Jesus naquela passagem que lemos em S. João (14 16 e 26 ) "Eu 
rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, 
o Espírito de verdade... Ele vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo que vos 
tenho dito". 
Pois bem, é possível o erro onde está o Espírito da verdade, que ensina e recorda 
tudo o que Jesus tem ensinado? Impossível. 
Ora, Jesus afirma que o Espírito da verdade ficará eternamente com os apóstolos e 
seus sucessores e ensinará e recordará tudo o que ele tem ensinado. 
Portanto com os apóstolos e com os seus sucessores não pode estar o erro, logo são 
infalíveis. 
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__ Finalmente Jesus diz: "Ide, pregai o evangelho por todo o mundo, quem crer, e 
for batizado será salvo, quem não crer será condenado."(Mt 16,15). 
Ora, pergunto eu, será possível que Deus imponha ao mundo acreditar no erro sob 
pena de condenação eterna? Não: isto repugnaria à sua justiça, à sua santidade, à sua 
veracidade. 
Portando, Jesus impondo ao mundo a obrigação de acreditar no que ensina a Igreja 
sobe pena de condenação eterna, ao mesmo tempo dava a esta mesma Igreja a 
infalibilidade, afim de que nunca pudesse errar. 
Tudo isto é confirmado pelo Apóstolo S. Paulo quando chama a igreja: "Coluna e 
sustentáculo da verdade ". (Tim. 3,15). 
É claro, com efeito, que a Igreja não poderia ser coluna e alicerce da verdade se 
ensinasse o erro e a superstição. 
Eis portanto, provada pela Bíblia a primeira parte da tese católica. 
 
 
 
Passemos a provar a segunda parte que sustenta serem duas as fontes, onde a 
Igreja vai haurir os ensinamentos de Jesus: a Divina Escritura e a Tradição. 
A Divina Escritura, é a palavra de Deus contidas nos livros por Ele inspirados. 
Chama-se também Bíblia, que significa: livro dos livros, livro por excelência. 
A Tradição é também a palavra de Deus que não foi escrita, mas ensinada de viva 
voz por Jesus e pelos Apóstolos. 
Existe esta tradição, ou por outras palavras, existem verdades reveladas que não se 
acham contidas na Bíblia? Existem. A própria Bíblia o declara. Eis, por exemplo, como 
fala S. Paulo na 2° epístola aos Tess 2,4: "Estai firmes, irmãos, e conservai as tradições 
que aprendestes de viva voz ou por epístola nossa". 
E no cap. 3,6 acrescenta: "Nós vos prescrevemos, em nome de N. S. Jesus Cristo, 
que vos aparteis de todos os irmãos que andam desordenadamente e não segundo a 
tradição receberam de nós". 
E na 2° epístola a Tim escreve: "O que de mim ouvistes por muitas testemunhas, 
ensina-o a homens fiéis, que se tornem idôneos para ensinar a outros". 
E no capítulo 1, 13 exorta ao mesmo Timóteo: 
"Toma por modelo as Santas Palavras que me tens ouvido na fé." 
E na 1° epístola aos Cor 11,2, congratula-se com os fiéis, porque haviam conservado 
as suas instruções: "Eu vos louvo, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e 
guardais as minhas instruções, como eu vo-las ensinei". De que instruções fala aqui o 
Apóstolo? Sem dúvida, fala de instruções dadas de viva voz, já que era esta a primeira 
epístola que lhes enviava. 
Como S. Paulo, assim também fala S. João, quando diz no seu evangelho: "Muitas 
outras coisas há que fez Jesus, se elas fossem escritas uma por uma, suponho que nem 
no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem". (Jo 21,25 ) e quando, 
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concluindo as suas ultimas epístolas, diz claramente que não quis confiar tudo à tinta e 
ao papel, deixando para fazê-lo de viva voz. 
Os textos citados e outros, que poderíamos alegar nos demonstram que nem tudo o 
que ensinaram Jesus e os Apóstolos, foi escrito: há verdade que ensinaram de viva voz; 
e por isso mesmo a tradição existe. Com razão, pois, a igreja vai haurir os 
ensinamentos de Jesus na Divina Escritura e na Tradição. 
 
II 
REGRA DE FÉ PROTESTANTE 
 
REGRA DE FÉ: Meio estabelecido por Nosso Senhor, para dar a conhecer ao mundo 
a sua Doutrina. 
No capítulo precedente demonstramos que esse meio é um magistério vivo, 
autêntico, infalível, isto é, a Igreja Docente; e demonstramos também que as fontes, 
onde essa igreja vai haurir os ensinamentos de Cristo, são a Divina Escritura e a 
Tradição. 
Os protestantes, porém, não concordam conosco: segundo eles a única regra de fé 
é a Bíblia, tal qual é compreendida por cada indivíduo, seja, ignorante ou sábio. 
Portanto não há Tradição, isto é, verdades de fé ensinadas somente de viva voz; 
tudo o que nosso senhor ensinou se acha na Bíblia. Nem há um magistério vivo, 
infalível, que tenha direito de interpretar a Bíblia e de impor aos outros sua 
interpretação: Cada qual pode interpretá-la como entender. 
 
 
 
Vamos refutar essa doutrina. 
Os protestantes dizem, em primeiro lugar, que o meio, pelo qual podemos conhecer 
a doutrina de Nosso Senhor é tão somente a Bíblia. 
Respondo: 
__ Se assim fosse, dever-se-ia encontrar na Bíblia essa verdade, visto como seria de 
suma importância conhecê-la. 
Ora, pelo contrário, ninguém até hoje encontrou nem jamais encontrará, porque na 
Bíblia não figura. 
É, pois, esta uma afirmação gratuita dos protestantes. 
__ Se Nosso Senhor pretendesse nos deixar a Bíblia como Regra de fé, isto é, como 
meio para conhecermos a sua doutrina, deveria ter dito aos Apóstolos: 
Ide, escrevei Bíblias para todas as nações; pelo contrário disse: "Ide por todo o 
mundo, pregai o evangelho a toda criatura". (Mc 16,15). 
Não foi, pois, sua intenção deixar-nos a Bíblia como Regra de fé. 
E confirmou-o também com exemplo. 
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Com efeito, quando Saulo na estrada de Damasco, lhe perguntou: __ Senhor, que 
queres tu que eu faça? __ Ele não respondeu: "Lê a Bíblia", e sim: 
__ Levanta-te, entra na cidade e ai te será dito o que deves fazer. (Atos 9,7). 
__ S. Paulo falava da mesma forma na sua epístola aos romanos. (Rm 10, 14). 
"Sem fé, diz ele, é impossível agradar a Deus". 
Mas qual o meio para chegar à fé? 
A Bíblia? Não. É a pregação dos que foram enviados a pregar. E conclui: "Logo a fé 
pelo ouvido e o ouvido pela palavra de Cristo." 
__ De resto a própria razão nos diz que Jesus não podia deixar-nos a Bíblia como 
única Regra de fé. 
De fato, ele quer que todos os homens conheçam e professem a sua doutrina. Mas 
se para isso, fosse necessária a leitura da Bíblia, como poderia então os analfabetos e 
os que não podem comprar uma Bíblia, conhecer e professar a doutrina de Jesus 
Cristo? 
Todos estes (e são maior parte do gênero humano) não poderiam ser cristãos. 
Não digam os protestantes que, que é bastante para os analfabetos que seus 
pastores lhes leiam e expliquem a Bíblia. Essas explicações, segundo a doutrina dos 
protestantes, não passam de opiniões individuais, que não tem autoridade alguma e 
variam segundo o capricho de cada um. Não são a palavra de Deus, e sim a palavra de 
Fulano, de Beltrano, de Sicrano. 
Por isso, repito-o, se fosse verdade, como dizem os protestantes, que o único meio, 
para chegarmos à fé, é leitura da Bíblia, os analfabetos nunca poderiam ser cristãos. 
Será possível que Jesus tenha estabelecido este meio para nos dar a conhecer a sua 
doutrina? 
Além disso, se a Bíblia fosse a única Regra de fé, como poderíamos conhecer com 
certeza
qual é o verdadeiro sentido dos passos difíceis? 
Por exemplo: Quanto às palavras, com que Jesus instituiu à Santíssima Eucaristia, a 
Igreja Católica da uma explicação, e as seitas protestantes dão, pelo menos duzentas, 
cada uma sustentando que a sua é verdadeira. 
Agora quem é que tem razão? Pela Bíblia é impossível resolver a questão, pois a 
Bíblia é muda e a ninguém diz: Tu enxergas o verdadeiro sentido de minhas palavras e 
todos os outros estão no erro. 
Portanto, se a Bíblia fosse a única regra de fé, não poderíamos conhecer com 
certeza o verdadeiro sentido dos passos difíceis da mesma. 
Mas Jesus quer que conheçamos com certeza toda sua doutrina, todas as verdades 
que Ele ensinou, tanto as fáceis, como as difíceis. É impossível, pois que nos tenham 
deixado a Bíblia como Regra de fé. 
 
 
 
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Em segundo lugar dizem os protestantes que não existe a tradição: Todas as 
verdades reveladas se acham na Bíblia. 
Mas quais são as razões que alegam para provar essa asserção? 
Ouçamo-las e vejamos quanto valem. 
S. Paulo na sua 2° Epístola a Timóteo (3, 15) diz que "todas as Escrituras são úteis e 
que elas podem instruir para a salvação". 
Resp. __ Se o referido texto dissesse, que a Escritura só, torna o homem instruído 
em todas as coisas necessárias para a salvação, então sim, a objeção seria irrefutável; 
mas dizendo simplesmente: 
"Todas as Escrituras são úteis e que elas podem instruir para a salvação" não exclui 
que a Tradição o seja da mesma forma. 
Mas replicam, __ é certo que Jesus em Mc 7,13 e Mt 15,3 rejeita a tradição dizendo: 
"E vós também, porque transgredis o mandamento de Deus pela vossa tradição?" 
"Em vão, pois me honram, ensinando doutrina e mandamentos que vem dos 
homens". 
Os referidos textos nada provam contra a tradição: pois Jesus rejeita as doutrinas e 
os mandamentos que vêm dos homens, que são feitos pelos homens. sem que 
tivessem autoridade para fazê-los. 
Ora, pelo contrário, a tradição que para a qual apela a Igreja Católica e que ela 
reconhece como segunda fonte de verdade revelada, não contém doutrinas e 
mandamentos que vêm dos homens, mas do próprio Deus; pois a tradição no sentido 
católico é: Certas verdades reveladas que Jesus Cristo e os Apóstolos ensinaram de 
viva voz e não por escrito e que, por isso mesmo, não se acham na Bíblia. 
Mas insistem os protestantes: "Não escreveu Moisés (Pen 4,2): "Não acrescenteis 
nada ao que vos digo"? __ Não escreveu S. João no Apocalipse (22,18) "Se alguém 
acrescentar uma palavra a estas coisas, que Deus faça cair sobre ele os flagelos 
descritos nesse livro?" Não escreveu S. Paulo (Gal 1,8). "Mas ainda que nós mesmos ou 
um anjo do céu vos anuncie um evangelho diferente do que vos anunciamos, que seja 
anátema"? 
Resp.-- Sim, escreveram tudo isto. Esses textos porém, nada provam contra a 
tradição, afirmam somente que a divina Escritura não deve ser adulterada. 
Como estas, assim também são as outras razões que os protestantes alegam contra 
a tradição, razões nada valem em si mesmas; e por isso bem podemos dizer que é 
outra afirmação gratuita dos protestantes o não existir a tradição. 
Afirmação gratuita? Não só. Mas também afirmação contrária à realidade. 
Com efeito, se fosse verdade que tudo o que Jesus e os apóstolos ensinaram se 
acha na Bíblia e que, consequentemente, não existe tradição, na Bíblia deveríamos 
encontrar quantos e quais são os livros inspirados, pois são ambas verdades reveladas. 
Mas onde se encontram? 
Já dirigi esta pergunta a um pastor protestante e como resposta alegou ele o texto: 
"Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para 
corrigir, para formar na justiça (II Tim 3, 16 ). 
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Ora, cada qual pode ver que o texto acima não vem ao caso. Se S. Paulo tivesse dito: 
"Toda Escritura que se compõe de tais livros e tantos livros etc." então sim, 
poderíamos por esse texto conhecer quais e quantos são os livros, que compõe a 
Bíblia. Mas tendo dito simplesmente "Toda escritura divinamente inspirada é útil, etc." 
é necessário procurar em outra parte quais e quantos são os livros inspirados. Onde? 
Na Bíblia? Não, na Bíblia não figuram estas duas verdades. Devemos procurá-las na 
tradição; só ela diz quais e quantos são os livros inspirados; e portanto, existem 
verdades reveladas que não se acham na Bíblia, que é como dizer: A tradição existe. 
Poderíamos também acrescentar que a afirmação dos protestantes, além de ser 
gratuita é contrária à realidade, é também contrária aos ensinamentos claros da Bíblia, 
visto que a Bíblia fala em tradição. 
Dispenso-me, porém, de alegar textos como prova disto, tendo-os alegado na 
exposição da tese católica. 
 
 
 
Por fim dizem os protestantes que cada qual tem o direito de interpretar a Bíblia 
conforme entender. 
Mas também isto como podem demonstrá-lo? 
Sei que alegam as palavras que lemos no cap. 5, 39 de S. João: "Examinai as 
Escrituras, pois julgais ter nelas a salvação..." 
Note-se, porém, que as alegam adulteradas, visto que Jesus não diz: "Examinai as 
Escrituras..." e sim: "Vós examinais as Escrituras..." Portanto estas palavras não 
contem uma ordem, como querem os protestantes, mas apenas indicam, enunciam 
um fato. Os hebreus não queriam reconhecê-Lo como o enviado de Deus; então Jesus, 
para lhes mostrar que era verdadeiramente o Messias, apela para o testemunho do 
Pai, para o testemunho de S. João Batista, para o testemunho das obras que cumpriu 
e, por fim como argumento ad hominem, diz: "Vós examinais as Escrituras, julgando 
ter nelas a salvação, pois bem, são elas que dão testemunho de mim". 
Qualquer pessoa pode reconhecer que Jesus aqui a ninguém impõe um preceito de 
ler as Escrituras e de interpretá-las como entender. 
Bem longe de dar esse direito, reprova-o pela boca de S. Pedro. 
De fato S. Pedro (II Epis 1, 19 ) depois de ter recomendado... etc.. a leitura e a 
meditação da Sagrada Escritura, acrescenta logo que ninguém deve ter a pretensão de 
a interpretar por autoridade própria. Tendo a Deus por autor só Deus pode explicar o 
seu verdadeiro sentido. 
De que maneira o explica? por meio de sua Igreja, como provamos na tese católica. 
O que é confirmado também pelo exemplo que lemos nos Atos dos Apóstolos (Cap. 
15). Os judeus e os habitantes da Antioquia, fiando-se na sua própria razão, julgavam a 
circuncisão necessária. Saulo e Barnabé pensavam de outro modo. 
Apelaram para o livre exame, ou para a Bíblia interpretada por particulares? Não. 
Enviaram uma deputação, com Saulo e Barnabé, para consultar os pastores da Igreja 
em Jerusalém e estes decidiram a questão sob a inspiração do Espírito Santo. 
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__ Mas não é preciso acrescentar argumentos, para provar que os protestantes não 
tem razão em sustentar que cada qual tem o direito de explicar a Bíblia como 
entender: o próprio bom senso repele esse absurdo. 
Explicar-me-ei com uma comparação: 
O Brasil tem seu códigos de leis. Todos podem ler esse código. 
Mas quem é que o pode interpretar autenticamente? 
Por exemplo: nasce uma questão entre Fulano e Sicrano. Fulano exige para si uma 
herança, interpretando de uma forma a lei do código civil; Sicrano também exige para 
si a mesma herança, interpretando de outra forma a mesma lei. 
Agora quem é que pode resolver a questão e dizer: A lei deve ser interpretada assim 
e assim; portanto a herança pertence a Fulano e não a Sicrano? 
É um pessoa qualquer ou é um Tribunal, uma autoridade legitimamente 
constituída? Até um menino me responderia que é um Tribunal, visto que a razão 
demonstra que, se um legislador deixasse as suas leis à livre interpretação de todos os 
cidadãos, poria a desordem e a confusão no seu país. 
Pois bem, a
Bíblia é o código de Deus. Teria Ele deixado esse código à livre 
interpretação de todos? Nesse caso seria menos sábio que qualquer legislador 
humano. Sendo pelo, contrário, infinitamente mais sábio do que todos os legisladores, 
a própria razão nos diz que é impossível que tenha deixado a Bíblia à livre 
interpretação de todos. 
__ Para melhor compreensão disto, veja-se a que tristes consequências já tem 
levado no passado e ainda pode levar no futuro a livre interpretação da Bíblia. 
Os anabatistas de Musnter, e depois deles muitos outros, das palavras do Senhor: 
"Crescei e multiplicai-vos" tiraram como conclusão necessária a legitimidade da 
poligamia. Foi baseado, não sei em que passagem da Bíblia, que Lutero permitiu a 
Filipe de Hessem ter duas mulheres ao mesmo tempo. João de Leyde descobriu, lendo 
a Bíblia, que devia desposar onze mulheres ao mesmo tempo. Hermann ali descobriu 
que ele era o Messias enviado por Deus. Nicolau, que tudo o que tem relação com a fé 
é desnecessário, e que se deve viver em pecado afim de que a graça superabunde: 
Sympson, que se deve andar nu pelas ruas para convencer os ricos que devem ser 
despojados de tudo. 
E, para dizermos tudo numa palavra, não há crime e abominação que não tenha 
encontrado sua pretendida justificação em qualquer texto da Bíblia interpretado pelo 
espírito privado, fora da autoridade tutelar da Igreja Católica. 
Façamos aqui ponto e seja essa a nossa conclusão: A única regra de fé não é a 
Bíblia, interpretada como cada qual entender. A única regra de fé é o magistério da 
Igreja; e as fontes, onde ela vai haurir os ensinamentos de Jesus, são a Bíblia e a 
Tradição. 
Felizes os que seguem esta Doutrina. 
 
 
 
 
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III 
A VERDADEIRA IGREJA 
 
Já vimos que, para conhecer a doutrina de Jesus Cristo, devemos ouvir a sua Igreja, 
e não simplesmente folhear a Bíblia, interpretando-a livremente, como pretendem os 
protestantes. 
Mas qual a verdadeira Igreja fundada por Nosso Senhor? 
A nossa, isto é, a Igreja governada por Pedro sempre vivente nos seus legítimos 
sucessores, que são os Papas. 
Para que apareça claramente essa verdade, é necessário provar três pontos: 
I - Que Jesus Cristo fundou a sua Igreja e entregou seu governo a Pedro. 
II- Que foi vontade de Jesus que Pedro transmitisse o governo da Igreja a seus 
sucessores. 
III- Que os sucessores de Pedro são os Papas. 
Neste capítulo vou demonstrar o primeiro ponto, cujas provas são claras no 
Evangelho, a não ser que alguém queira por si mesmo enganar-se. 
a) A primeira nos é oferecida pelas palavras que N. Senhor dirigiu a S. Pedro após 
ter Ele confessado a sua divindade. 
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não 
prevalecerão contra ela". ( Mt 16,18 ) 
Observai: 
Ele compara a sua Igreja, isto é, a sociedade cristã, a um edifício e diz que o 
fundamento, a pedra sobre a qual construirá este edifício, será Pedro. 
Ora, o que é o fundamento de uma sociedade, ou, por outras palavras, o que é que 
sustenta, conserva e rege uma sociedade, assim como o fundamento conserva, 
sustenta e rege um edifício? 
É o poder, a autoridade suprema. 
Tirai, por exemplo, o poder central que nos rege, e esta sociedade política, que se 
chama Brasil se desmorona, acaba-se. 
Até mesmo uma família, que é uma sociedade tão pequena, exige um chefe que 
governe; se numa família o pai quiser uma coisa, a mãe outra, e os filhos se negarem a 
obedecer, aquela família se tornará uma verdadeira Babel. 
É, pois, certo que o fundamento de uma sociedade é o poder, a autoridade 
suprema. 
Portanto, dizendo Jesus a Pedro que o constituiria pedra fundamental da sua Igreja, 
outra coisa não lhe quis dizer senão que lhe entregaria a autoridade suprema nesta 
Igreja. 
Mas, dizem os protestantes, a pedra sobre a qual foi edificada a Igreja é o próprio 
Cristo. 
Ninguém jamais contestou, visto que a própria Bíblia afirma o afirma claramente. 
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Mas não é esse o ponto da controvérsia. 
Trata-se de conhecer se também Simão Pedro, por vontade de Jesus Cristo, é a 
Pedra fundamental da sua Igreja. 
Ora, o texto Evangélico não deixa dúvida alguma a respeito, porque, note-se bem, 
Jesus falou a Pedro em aramaico e as palavras que lhe dirigiu, traduzidas ao pé da 
letra, diriam: "Tu és um rochedo e sobre este rochedo edificarei a minha Igreja". 
Palavras estas que nos fazem compreender claramente que o rochedo, sobre o qual 
quis Jesus edificar a sua Igreja é o próprio Pedro. 
Para melhor compreensão disto, vou alegar a comparação de um autor moderno: 
__ Eu digo: O Corcovado é um rochedo e sobre este rochedo foi levantado um 
monumento a Cristo Redentor. __ Como se entende essa proposição? Acaso o rochedo 
sobre o qual foi levantado um monumento a Cristo Redentor, não é o próprio 
Corcovado? 
Pois bem, o texto evangélico é do mesmo feitio. Jesus disse a São Pedro: Tu és 
rochedo e sobre este rochedo edificarei a minha Igreja. 
Não há, pois, dúvida alguma: O rochedo aqui é Pedro. 
E se Pedro é o rochedo da Igreja, repito-o, nela tem poder supremo, visto que o 
poder é o fundamento, o rochedo que sustenta e conserva a sociedade. 
Nem se diga que nesse caso há contradição na Sagrada Escritura, afirmando em 
outro lugar que a pedra fundamental da Igreja é Jesus Cristo, pois não é no mesmo 
sentido que isto se diz de Jesus e de Pedro. Jesus é a pedra fundamental por essência, 
Simão Pedro por participação; Jesus, pedra invisível, Simão, pedra visível. 
b) E tanto é este o sentido do Salvador, que Ele mesmo o exprime por outros 
termos não menos significativos: 
"Dar-te-ei, diz Ele ainda a S. Pedro, as chaves do reino dos céus". 
Jesus chama freqüentemente a sua Iigreja __ reino dos céus __ porque fundou essa 
sociedade para conduzir os homens ao reino dos céus, e afirma aqui que entregará as 
chaves deste reino a Pedro. 
Com isto que quer significar? 
Quer dizer que lhe entregará o governo deste reino. 
De fato, que recebe as chaves, fica encarregado da inspeção, cuidado e governo das 
coisas que elas guardam. Se eu, por exemplo, querendo sair para longe, entrego as 
chaves de minha casa a um amigo, por este mesmo ato o encarrego do cuidado e 
governo da mesma. 
Ora, Jesus afirma que entregará a Pedro as chaves do reino dos céus, isto é, da sua 
Igreja. Logo afirma que lhe entregará o cuidado, o governo dessa Igreja. 
c) E como para dissipar toda dúvida, explicando ainda melhor o seu pensamento, 
Jesus acrescenta: Tudo o que ligares na terra, será também ligado no céu, e tudo o que 
desligares na terra, será desligado também no céu. 
Ter poder de ligar e desligar numa sociedade, significa ter nela o poder de fazer leis; 
pois toda lei impõe uma obrigação e toda obrigação é um liame da consciência. 
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Jesus prometendo, portanto, a Pedro o poder de ligar e desligar na sua Igreja, lhe 
prometeu o poder de nela fazer leis. 
Mas notai: Pedro pode fazer todas as leis que quiser, sem que seja possível que 
outro poder humano as anule, visto que serão ratificadas no céu: "Tudo o que ligares 
na terra o será também no céu". 
Ora, pergunto eu, quem é que numa sociedade pode assim fazer leis, senão quem 
tem a autoridade suprema? 
Logo Pedro tem esta autoridade na Igreja de Cristo. 
Mas, dirá alguém, não deu Nosso Senhor este mesmo poder de ligar e desligar a 
todos os apóstolos? (Mt 18,18). 
Sim, é preciso, porém, notar que a nenhum dos demais Apóstolos disse Jesus em 
singular: "Tudo o que ligares na terra, será também ligado no céu", mas dirigiu estas 
palavras a todos eles juntamente com Pedro, que já tinha designado como chefe. 
Com ele podem, portanto, ligar e desligar na Igreja, mas não o podem sem ele, 
independentemente
dele. 
Nosso Senhor, depois de Ter prometido a Pedro a autoridade suprema na Igreja, 
lh'a entrega, dizendo-lhe: 
"Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas". (Jo 21, 16 ). 
__ Os cordeiros, como explicam os sagrados intérpretes, são os simples fiéis; as 
ovelhas, os sacerdotes, pois assim como as ovelhas dão a vida aos cordeiros, do 
mesmo modo os sacerdotes dão a vida espiritual aos fiéis por meio dos Sacramentos e 
da pregação do Evangelho. 
Portanto, como vedes, Pedro recebe o encargo de apascentar todo o rebanho de 
Cristo, tanto os cordeiros, como as ovelhas, isto é, tanto os simples fiéis, como os 
sacerdotes. 
Pois bem, apascentar um rebanho, não é porventura, o mesmo que o dirigir, 
conduzir e governar? 
Logo, recebendo Pedro o encargo de apascentar todo o rebanho de Cristo, recebe o 
encargo de dirigi-lo, conduzi-lo e governá-lo; e, por conseguinte, é o príncipe, o 
soberano, o chefe supremo desse rebanho. 
Por estas palavras, dizem os protestantes, Jesus quis apenas substituir a Pedro o 
privilégio de Apóstolo que tinha perdido pela sua tríplice negação na casa de Caifás. 
Resp. __ Onde se encontra que Pedro, negando a Jesus, perdeu o privilégio de 
Apóstolo? No evangelho não figura. 
Todavia, mesmo admitindo esta suposição gratuita dos protestantes, respondemos 
que Pedro já tinha sido reintegrado no apostolado antes que recebesse o encargo de 
apascentar o rebanho de Jesus, visto que a Ele também no dia da ressurreição, Nosso 
Senhor dirigiu estas palavras: "Como o Pai me enviou a mim, assim também eu vos 
envio a vós". (Jo 20, 21). 
__ Mas, afinal, insistem ainda os protestantes, quando Nosso Senhor disse a S. 
Pedro: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas", quis lher dizer: 
"apascenta o meu rebanho, ensinando-lhe a minha doutrina. 
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Resp. No texto original grego, além da palavra "boske" que significa: apascenta, 
alimenta; há também "poimane tá prôbata mou" que em nossa língua se traduz: 
apascenta com império as minhas ovelhas. 
Não há, pois, dúvida alguma: por estas palavras Nosso Senhor entregou todo o 
rebanho a Pedro e, por conseguinte, o constituiu seu chefe supremo. 
E Pedro cônscio da sua autoridade, agiu como chefe supremo da Igreja: 
__ No cenáculo é ele quem ordena preencher com a eleição de Matias a vaga aberta 
no Colégio dos Apóstolos pela traição de Judas. (Act 1, 13). 
__ No dia de Pentecostes é ele quem fala ao publico e promulga a lei da graça. (Act 
2, 14). 
No Sinédrio é ele quem defende o colégio apostólico perante os príncipes dos 
sacerdotes. (Act 5, 29 ). 
Ele é o primeiro a percorrer e visitar as Igrejas perseguidas (Act 9, 25); a ensinar a 
admissão dos pagãos ao batismo (Act. 10, 11); a infligir castigos, ferindo de morte 
Ananias e Safira e excomungando Simão, o mágico (Act 5, 1-8, 20). 
E no Concílio de Jerusalém, celebrado pelos Apóstolos, quem preside e põe termo 
às discussões, definindo a doutrina que se deve seguir? É Pedro. 
Ele fala e a sua decisão é acolhida com religioso silencio. 
O próprio Tiago, que era Bispo de Jerusalém, onde se achavam reunidos os 
Apóstolos, não se levanta senão para repetir a decisão de Pedro e aquiescer à mesma. 
(Act 15, 17). 
 
 
 
Algumas objeções. __ Apesar de tantas provas em favor de São Pedro, ainda há 
quem queira sustentar que ele não foi constituído chefe supremo da Igreja. 
Eis algumas razões que alegam: 
Nos Atos dos apóstolos (8, 14 ) lemos que os Apóstolos, que estavam em Jerusalém, 
tendo ouvido que a Samaria tinha recebido a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro 
e João. 
Ora, se envia somente um subalterno, não um superior. 
Resp. __ É falso. Há dois modos de se enviar: um por mandato, outro por conselho. 
Os filhos não enviam freqüentemente os pais? O exército não envia o general? Pedro 
foi enviado por conselho, não por mandato. 
__ São Paulo, pelo menos, não reconheceu São Pedro como chefe supremo da Igreja, 
porque o repreendeu publicamente em Antioquia (Epis. aos Galátas, 2, 4). 
Resp. __ Também um inferior em circunstancias graves, pode e até deve corrigir 
respeitosamente seu superior. 
São Pedro, tendo chegado em Antioquia judeus convertidos, por temor de 
escandalizá-los, pouco a pouco se foi subtraindo das refeições dos gentios e começou a 
adaptar-se por prudência às prescrições da lei mosaica. A sua conduta fez com que 
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outros judeus, que já tinham abandonado os seus ritos, os retomassem, lançando, 
desta maneira, confusão na Igreja de Antioquia, onde os judaizantes pretendiam que 
não se pudesse ser perfeito cristão, senão observando a lei mosaica. 
Por esse motivo, São Paulo, embora inferior, repreendeu a São Pedro. 
 __ De resto, que São Paulo reconhecesse o primado de São Pedro, dão provas as 
suas epístolas. Citarei uma. 
Na Epístola aos Gálatas, entre os quais alguém lhe contestava a autoridade de 
Apóstolo, Paulo, para defender o seu direito, apela para a autoridade de São Pedro e 
frisa que, saído de Damasco depois de sua conversão, passados três anos, foi a 
Jerusalém para ver a Pedro e ficou com ele quinze dias. E não viu a nenhum outro dos 
Apóstolos senão Tiago (Gal. 1, 18). 
Porque frisa o Apostolo este fato? 
Porque tem importância ter ele ido visitar a Pedro numa cidade cujo Bispo era 
Tiago? Sem dúvida, porque Pedro era superior a Tiago e a Paulo; era, isto é, o chefe da 
Cristandade. 
Por tudo o que acabamos de dizer, fica pois, provado que Jesus, fundando a sua 
Igreja, lhe deu um chefe supremo na pessoa de Pedro. 
Querer negar esta verdade, significaria zombar das Divinas Escrituras que a ensinam 
claramente. 
 
IV 
Perpetuidade do primado 
 
Vimos que Jesus, fundando a sua Igreja, lhe deu um chefe supremo na pessoa de 
Pedro, ordenando-lhe que a governasse. Agora se pergunta: este poder supremo que 
Pedro recebeu para governar a Igreja de Cristo, devia expirar com a sua morte, ou o 
recebeu para transmiti-lo aos seus sucessores? 
O evangelho e a própria razão nos respondem que o recebeu par transmiti-lo. 
Eis as provas: 
A Igreja, segundo o Evangelho, é um edifício, que há de durar até o fim dos séculos. 
Ora, Pedro é o fundamento de tal edifício. 
Logo, ele também há de durar até o fim dos séculos, visto como um edifício não se 
pode conservar de pé sem fundamento. Mas, não sabia Jesus que Pedro não poderia 
ficar neste mundo até o fim dos séculos, para ser o fundamento da sua Igreja? Sem 
dúvida o sabia. Portanto, Ele falou aqui a Pedro, como a Pessoa que deveria ter 
sucessores até o fim dos séculos no ministério de governar a Igreja, afim de que fosse 
sempre verdade que Ele, Pedro, é o fundamento da Igreja de Cristo. 
__ Nosso Senhor disse ainda a Pedro: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta as 
minhas ovelhas".(Jo 21, 15) entregando-lhe, desta maneira, todo o seu rebanho, para 
que o governasse. Por quanto tempo? Jesus não pôs limitação alguma. Por isso Pedro 
deve governar esse rebanho enquanto existir, isto é, até o fim dos séculos. É preciso, 
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pois que tenha sucessores, afim de que, por meio deles, possa governar, até o fim dos 
séculos, o rebanho de Jesus. 
__ De resto a própria razão nos diz que Pedro recebeu o governo supremo da Igreja, 
para transmiti-lo aos seus sucessores. 
Com efeito, toda sociedade exige um chefe que a dirija e governe, tanto é verdade 
isto, que, quando num país não há mais quem mande, temos a desordem, a revolução, 
a morte. Ora, Jesus Cristo fundou a sua Igreja, como uma grande sociedade. É possível 
que não lhe deixasse um chefe supremo que a dirigisse e governasse? Nesse caso 
cumpriria dizer que Ele não proveu suficientemente a sua Igreja. Mas isto não pode 
ser. É claro, portanto, que Pedro recebeu o governo supremo da Igreja
para transmiti-
lo a seus sucessores, que devem durar enquanto dura a Igreja, isto é, até o fim dos 
séculos. 
 
 
 
Quem são os sucessores de Pedro? 
A história de todos os tempos do cristianismo nos responde que são os Papas. Isto é 
tão evidente que não seria preciso prová-lo. Todavia, se alguém ousasse pô-lo em 
dúvida, atenda às provas. 
Lendo a historia da Igreja, dois fatos incontestáveis se deparam aos nossos olhos: O 
primeiro é que os Papas, desde o tempo dos Apóstolos, governaram toda a Igreja de 
Cristo, apelando para a sua autoridade de sucessores de São Pedro, o segundo é que 
toda a Igreja reconheceu este governo e a ele se sujeitou sem um brado de protesto. 
Com efeito observai: 
__ 30 anos depois da morte de São Pedro, o Papa Clemente escreve aos Coríntios 
uma carta, condenando os abusos entre eles existentes e declarando que aquele, que 
não lhe obedecesse, pecava gravemente, e os Coríntios não somente aceitaram a 
carta, mas por muito tempo a leram em suas reuniões. 
__ No segundo século nasce no oriente a discussão sobre a celebração da Páscoa: 
Para alguns a Páscoa era o aniversario da morte de Cristo, para outros, o aniversario da 
sua ressurreição. E S. Vítor, Papa, põe termo a discussão, obrigando todos a seguirem 
os costumes de Roma, sob pena de serem excomungados. É verdade que alguns Bispos 
se queixaram desta medida enérgica usada contra as Igrejas asiáticas, mas ninguém 
sonhou em dizer ao Papa: "Usurpas um poder que não tem sobre toda a Igreja". 
__ No começo do III século São Calixto condena os Montanistas, que negavam a 
Igreja o poder de perdoar certos pecados. 
No mesmo século na Ásia e na África se discute sobre a validade do batismo 
conferido pelos hereges, e o Papa Sto. Estevão resolve a controvérsia, decidindo pelo 
valor daquele batismo; e a sua definição é aceita por aqueles que tinham defendido a 
sentença oposta. 
__ No Século IV Júlio I decreta que nada se defina nos Concílios orientais sem o 
consentimento dos Bispos de Roma. (Sócrates, hist. ecl. 2, 8-15). 
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__ No século V abre-se o Concilio de Éfeso, e Felipe, legado do Papa, assim fala 
diante de todos os Bispos reunidos: "... Celestino, sucessor e substituto legítimo de S. 
Pedro, nosso santo e bem-aventurado Papa, a este concilio me envia como seu 
representante". 
__ No século VI o Papa Sto. Hormisdas impõe aos Bispos do oriente a subscrição de 
uma fórmula de fé. Neste documento se afirma que na Sede romana, em virtude da 
promessa do Salvador: Tu és Pedro etc..., sempre se conserva imaculada a fé católica. E 
os Bispos, em número de 2.500, a subscrevem. É pois, claro que os Papas sempre 
exerceram a sua autoridade suprema em toda a Igreja de Cristo. E se a Igreja aceitou 
essa autoridade dos Papas sem oposição alguma, sem dúvida era porque, pela força 
invencível da verdade histórica, estava certa de que os Papas eram os legítimos 
sucessores de S. Pedro. 
 
 
 
Outra prova no-la oferece os testemunhos dos Padres e doutores da Igreja. 
SANTO INÁCIO, Bispo de Antioquia, contemporâneo dos Apóstolos, na sua Epístola 
aos Romanos escreve que a Igreja de Roma "preside a comunhão universal de todos os 
fiéis". 
STO. IRINEU, discípulo de São Policarpo e de outros anciãos da idade apostólica, 
acrescenta ser necessário para todas as Igrejas se conformarem na fé com a Igreja 
Romana em razão de sua primazia de poder. (Adv. 3,3). 
SÃO CIPRIANO chama esta Igreja "cátedra de Pedro, Igreja principal, de onde se 
origina o sacerdócio". 
STO. AGOSTINHO em mil lugares atesta claramente a supremacia do Papa e afirma 
que "não querer reconhecê-lo como chefe supremo do cristianismo é indicio de suma 
impiedade ou de precipitada arrogância". E isto era tão conhecido de todos que o 
imperador Justiniano, escrevendo ao Papa João II, disse: "Tratando-se de negócios 
eclesiásticos, não quero que se tome deliberação alguma, sem o conhecimento de 
Vossa Santidade, que é chefe de todas as Igrejas. (Código de just. Tit. SSma. Trindade). 
Resumamos, pois, brevemente o que dissemos neste e no capítulo precedente: 
Nosso Senhor fundou a sua Igreja e entregou o seu governo a Pedro e aos seus 
sucessores. Ora, os sucessores de Pedro são os Papas. 
Logo, somente a Igreja governada pelo Papa é a verdadeira Igreja de Cristo. 
 
V 
Infalibilidade Papal 
 
O PAPA será sempre o chefe visível da Igreja de Cristo, por ser o sucessor de Pedro 
na sede de Roma e no primado. Várias são as suas prerrogativas. Minha intenção é 
falar de sua infalibilidade, afim de que os meus leitores possam ter da mesma um justo 
conceito e acautelar-se contra as calunias dos inimigos da nossa fé. 
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Primeiro que tudo é preciso explicar o verdadeiro sentido da palavra infalibilidade: 
pois muitos há que, por ignorância ou por malícia, a desfiguram. Infalibilidade não é o 
mesmo que impecabilidade, porquanto infalibilidade significa impossibilidade de 
errar; impecabilidade ao contrário, impossibilidade de pecar. O Papa é infalível, mas 
não é impecável, e por isso mesmo ele também, como todos os fiéis, se confessa dos 
seus pecados. 
A Infalibilidade pode ser absoluta e relativa. É absoluta, quando alguém não pode 
errar em qualquer gênero de verdades; é relativa, quando alguém não pode errar com 
relação a certas verdades. A primeira é própria de Deus; ao Papa compete a segunda. 
E quais são as verdades acerca das quais ele não pode errar? São as verdades de fé 
e de costumes, isto é, as verdades que pertencem ao depósito da revelação. E note-se 
bem que, mesmo com relação a estas verdades, não é infalível senão quando, 
desempenhando o cargo de Pastor e Doutor de todos cristãos declara expressa e 
peremptoriamente que devem ser cridas pela Igreja universal. 
Isto suposto, digo que o Papa é infalível. 
Eis as provas: A primeira nos é oferecida pela Divina Escritura. Já vimos em outros 
capítulos que o poder e as prerrogativas de São Pedro são __ o poder e as prerrogativas 
do Pontífice Romano, seu legítimo sucessor. Pois bem: 
A Igreja é fundada sobre Pedro, isto é, sobre o Papa, de modo que a sua firmeza 
depende da firmeza do Papa. (Mt 16, 18 ). 
Ora, se o Papa pudesse torna-se mestre de erro, impondo a toda cristandade uma 
doutrina falsa, bem longe de dar firmeza à Igreja, arruiná-la-ia. Portanto nunca pode se 
tornar mestre de erro, que é o mesmo que dizer será sempre infalível. 
Além disso, Jesus Cristo diz que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a 
sua Igreja, porque é fundada sobre Pedro, sobre o Papa, portanto a contínua vitoria da 
Igreja depende da vitória do Papa. 
Ora, se o Papa pudesse ensinar o erro, em vez de dar a vitória à Igreja arrastá-la-ia à 
derrota. Logo é impossível que ensine o erro. 
Jesus dá ao Papa as chaves da Igreja e afirma que Ele ratificará no céu o que o Papa 
tiver julgado na terra. 
Ora, poderá Jesus ratificar o erro, a mentira, a falsidade? Não. Portanto o 
ensinamento, a sentença do Papa deve ser isento de erro. 
Não basta, Jesus confere ao Papa o ofício de pastorear e reger toda a sua Igreja, 
todos os cordeiros e todas as ovelhas do seu redil; e por isso mesmo obriga toda a sua 
Igreja, cordeiros e ovelhas a lhe obedecer e receber a sua palavra e as suas leis. 
Ora, suponhamos que o Papa pudesse arrastar ao erro o redil de Jesus Cristo: que 
aconteceria? Aconteceria que toda a igreja posta na absurda alternativa de 
desobedecer ao Papa contra a vontade expressa de Jesus ou de seguir ao Papa, mesmo 
no erro. O que é impossível de se conceber. Cumpre, pois, admitir que o Papa é 
infalível. 
__ Queremos uma passagem ainda mais explícita? Abramos o Evangelho de S. Lc. 22, 
31-32. "Simão, Simão, diz Jesus a Pedro, satanás vos pediu com instancia para vos 
joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que não
desfaleça a tua fé, e tu, uma 
vez convertido, confirma os teus irmãos. 
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Do texto resulta que a fé em Pedro será sempre pura, verdadeira, luminosa; pois 
Jesus lhe diz que rogou por ele, afim de que não desfalecesse na sua fé e é impossível 
que a oração de Jesus não seja atendida pelo Pai Celestial. 
Resulta também que esta promessa é feita a Pedro como chefe da Igreja e não 
como Pessoa privada, pois Jesus rogou que não viesse falhar a fé, afim de que ele, por 
sua vez, a confirmasse nos seus irmãos. É como se tivesse dito: "satanás vos pediu com 
instancia para vos joeirar como o trigo, e eu, para defender-vos poderia orar por todos; 
para todos poderia pedir essa firmeza inconcussa; mas não é preciso: orei por ti e a ti 
imponho o dever de confirmar e iluminar os teus irmãos. 
Portanto, não somente a fé do apostolo Pedro será sempre luminosa, pura, 
verdadeira, mas também a de quem lhe sucede no ministério de governar a Igreja; a 
do Papa. E por conseguinte, o Papa é infalível. 
 
 
 
A este testemunho das Divinas Escrituras faz eco o da cristandade de todos os 
tempos e de todos os lugares. Não é verdade, como dizem os nossos adversários, que 
este dogma fosse desconhecido antes do século passado, em que Pio IX o definiu 
solenemente. Na Igreja sempre se reconheceu a infalibilidade do Papa. 
Eis alguns testemunhos que no-lo demonstramos claramente: Sto. Irineu, discípulo 
de São Policarpo e de outros anciãos da igreja apostólica, refutando os hereges do seu 
tempo, diz: "Com a Igreja romana, por sua primazia, devem concordar na fé todas as 
Igrejas, isto é, os fiéis de todo o mundo..." (Adv. Haer. Liv. III). 
Mas, se Roma pudesse errar, como ele afirmar esse dever? 
Portanto, segundo Sto. Irineu, Roma, a saber. O Papa não pode errar. 
S. Cipriano atesta a mesma verdade: 
"Atrevem-se, diz ele falando de certos hereges, atrevem-se a dirigir-se à Cátedra de 
Pedro, a essa Igreja principal, onde se origina o sacerdócio, esquecidos de que os 
romanos não podem errar na fé”. (Epist. 69, 19). 
S. Jerônimo escreve ao Papa São Dámaso: "Julguei meu dever consultar a Cátedra 
de Pedro. Só vós conservais a herança de nossos pais..." 
“Quem não colhe convosco, desperdiça... Decidi e não hesitarei em afirmar três 
hipóteses". Porque ele se declara pronto a aceitar qualquer decisão do Papa, mesmo 
quando, por impossível, propusesse um absurdo? Justamente porque sabe que o Papa 
é infalível, não pode errar em matéria de fé e de costumes. 
Ainda mais claro é o testemunho de Sto. Agostinho. Os Concílios de Milévio e de 
Cartago dirigiram-se ao Papa, afim de que condenasse Pelágio, que, com suas 
doutrinas, semeava a discórdia na Igreja. 
Apenas respondeu o Papa, Sto. Agostinho anunciou aos fiéis a sentença nestes 
termos: "sobre esta causa foram enviados dos Concílios à Sé Apostólica. Chegou-nos a 
resposta; esta terminada a causa. Oxalá acabe também o erro”. 
Roma, isto é, o Papa falou a a causa esta terminada, toda a dúvida cessa. Por que? 
Porque o Papa é infalível, não pode errar. 
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No século V S. Leão Magno escreveu ao Concilio de Calcedônia que sua doutrina 
acerca do mistério da Encarnação não admitia discussão alguma e que só se tratava de 
crer. 
E os Bispos presentes no concílio, que eram número de 600, prorromperam numa 
exclamação unânime: "Assim o cremos. Os ortodoxos assim o creem; anátema a quem 
não crê. Pedro falou pelos lábios de Leão, Pedro vive sempre na sua sede”. (Ep. 93, 2). 
Por que todos se submeteram sem hesitação alguma? Sempre pela mesma razão: 
Porque reconheciam no Papa a Infalibilidade. 
Por todos os testemunhos e outros ainda, que facilmente poderíamos alegar, 
resulta que a infalibilidade Papal sempre foi reconhecida pela Igreja. 
 
VI 
Sacramentos 
 
O Sacramento é um sinal sagrado produtivo da graça, instituído por Nosso Senhor 
Jesus Cristo. 
Sinal é o que conduz ao conhecimento de alguma coisa que não esta ao alcance de 
nossos sentidos. Pode ser natural e convencional, segundo a sua relação com a coisa 
seja fundada em a natureza ou sobre uma convenção. Por exemplo: A fumaça é o sinal 
natural do fogo; as lágrimas o são da dor; uma luz vermelha colocada em meio ao 
caminho é um sinal convencional de perigo. 
Também os Sacramentos são sinais e sinais sagrados, porque indicam algo de 
sagrado, isto é, a graça divina. Note-se, porém, que não são sinais vazios, isto é, não 
indicam apenas a graça, mas de fato produzem a graça que significam. Por isso Jesus, 
falando do Batismo disse: "Se alguém não renascer da água e do Espírito Santo, não 
pode entrar no reino de Deus”. (Jo 3, 5). 
Como se vê, Jesus aqui atesta que também a água do batismo é causa do nosso 
renascimento espiritual: O Espírito Santo é a causa principal e a água causa 
instrumental, isto é, meio, instrumento de que se serve Deus, para nos fazer nascer 
para a vida da graça. 
Erram, pois os protestantes, quando ensinam que os Sacramentos são meras 
cerimônias exteriores, testemunhando que a graça esta na alma, sem o poder de 
infundi-la. Não, além de sinais, são causas que por sua própria virtude produzem a 
graça independentemente dos méritos de quem os administra e das disposições de 
quem o recebe. Uma chave manejada quer por uma pessoa sadia quer por uma 
doente, abre sempre a porta, e assim também um Sacramento, quer administrado por 
um Santo, quer por um pecador produz igualmente a graça, contanto que seja 
administrado como Jesus o determinou. 
Quanto às disposições de quem os recebe, são necessárias para que os Sacramentos 
produzam a graça, mas não são essas disposições que dão aos Sacramentos a virtude 
de produzir a graça, assim como a secura da madeira não dá ao fogo a virtude de 
queimar. 
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Diferem, pois, os Sacramentos da Oração, das obras e dos sacramentais, (água 
benta, imposição das cinzas etc.) que tiram a eficácia unicamente das disposições 
religiosas do sujeito. 
Dissemos também que os Sacramentos são sinais instituídos por Nosso Senhor 
Jesus Cristo. É evidente, com efeito, que somente Deus pode ligar um sinal sensível a 
faculdade de produzir a graça. Não é Ele o dono da graça? Portanto Dele depende 
determinar como quer comunicar a graça. 
Os Sacramentos são sete. 
De fato os Gregos cismáticos, que se separaram da Igreja Católica no século IX e os 
Nestorianos, caldeus, coptas, que se separam no século V, tem os seus sacramentos 
conforme aos nossos, quanto ao número e á natureza. 
Mas não se pode admitir que tenham recebido esta crença da Igreja romana depois 
da separação, considerada a hostilidade, que sempre nutriram contra os católicos 
latinos. 
É lógico, portanto, concluirmos que ao tempo do cisma, isto é, respectivamente nos 
séculos IX e V a doutrina da existência dos sete Sacramentos era doutrina da Igreja 
inteira. E, por conseguinte, tivera origem dos Apóstolos, porque caso se houvesse 
introduzido, nos séculos precedentes, algum sacramento, tal inovação não se podia 
realizar, sem provocar discussões muito vivas. E disto nenhum vestígio existe nos 
escritos dos Padres. 
 
VII 
Batismo 
 
O BATISMO é um sacramento que nos torna cristãos, isto é, sequazes de Jesus 
Cristo, filhos de Deus e membros da Igreja. 
Que seja Nosso Senhor o autor do batismo é claro pelo próprio evangelho: 
"Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, instrui todas as gentes, 
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo..."(Mt 28, 18-20). 
"Ide por todo o mundo; pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for 
batizado, será salvo, quem não crer será condenado. (Mc 16, 15). 
"Se alguém não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de 
Deus". (Jo 3, 5). 
Em todos os textos acima se manifesta Nosso
Senhor autor do batismo e proclama a 
sua necessidade para a salvação. 
O batismo é para todos necessário: Para os adultos e para as crianças. 
a) É necessário para os adultos. De fato, diz Jesus: "Se alguém não renascer da água 
e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus". (Jo 3, 5). 
Este renascimento espiritual, que Jesus proclama necessário para entrarmos no 
reino de Deus, se dá pelo batismo, como aparece no próprio texto e das palavras de S. 
Paulo, que chama o batismo: "Banho de regeneração". (Tito 3, 5). 
Portanto o batismo é necessário para entrarmos no reino de Deus. 
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b) O batismo é necessário também para as crianças, pois, Jesus não faz exceção 
alguma; mas diz simplesmente: "Se alguém não renascer..." 
Uma criança é alguém, isto é, uma pessoa como todos nós. Portanto, para entrar no 
reino dos céus, igualmente tem que renascer pelo batismo. 
Além disso ninguém pode conseguir a salvação senão por Jesus Cristo (Rom 18), isto 
é, senão se incorporar com Jesus Cristo, tornando-se seu membro. Mas em o Novo 
Testamento ninguém se incorpora com Jesus Cristo senão pelo batismo, conforme se 
Lê na epístola aos Gálatas (3, 27) "Todos os que fostes batizados, vos revestistes de 
Cristo". 
Logo todos devem ser batizados, e sem o batismo não se pode conseguir a salvação. 
A própria Sagrada Escritura confirma essa doutrina, pois nos fala de famílias inteiras 
batizadas (Atos 16, 15,33: 18-8 Cor 1, 16). 
Ora, é verossímil que nelas houvesse crianças. 
Mas é especialmente pela tradição que se prova a necessidade do batismo para as 
crianças. Eis alguns testemunhos antiquíssimos a esse respeito: 
STO. IRINEU, que viveu no II século, diz: "Todos os que forem regenerados em Jesus 
Cristo, isto é, crianças, jovens, velhos, serão salvos". (Liv. 4 cap. 22, 14 ). As palavras: 
Os que forem regenerados se devem entender: os que forem batizados, pois a 
regeneração em Cristo é pelo Batismo, por isso o Apóstolo o chama: "Banho de 
regeneração". (Tito 3,5). 
ORÍGENES, no terceiro século repete a mesma verdade: : É na Igreja uma verdade 
provinda dos Apóstolos dar o batismo às crianças". (Liv 5 na epístola aos Rom 9). 
S. CIPRIANO, no III século escreve: Pareceu-me bem e à todo o Concilio que as 
crianças sejam batizadas mesmo antes do oitavo dia". (Ep. 63) Daí podemos 
legitimamente concluir: Se os cristãos dos primeiros séculos batizavam seus filhos, 
apenas nascidos, sem dúvida era por ordem dos apóstolos e, por conseguinte, do 
próprio Jesus Cristo. 
 
 
 
E porque também as crianças devem ser batizadas para entrarem no céu? Ei-lo: 
O céu é a herança de Deus. 
Ora, tem direito à herança somente aquele que é filho. 
Portanto, tem direito ao céu aquele que é filho de Deus. 
Mas, nós, simples homens, não somos filhos de Deus, pois, não possuímos a mesma 
natureza como é exigida entre pai e filho. 
Portanto não temos direito ao céu. O que nos torna verdadeiramente filhos de Deus 
é a graça santificante, que é uma participação da própria natureza divina. Uma alma 
adornada de graça santificante, é filha de Deus e, por conseguinte tem direito ao céu. 
Esta graça divina tinha sido dada aos nossos primeiros pais com direito de transmiti-
la também a nós, seus descendentes, sob a condição; porém, de que se mantivessem 
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fiéis a Ele. Mas não mantiveram a condição; desobedeceram a Deus; por isso perderam 
essa graça para si e para todos nós. Hoje ninguém no primeiro instante de sua 
existência, possui a graça santificante (exceto Maria Santíssima, em virtude dos 
merecimentos de Jesus Cristo, seu Filho). E esta privação da graça santificante, em que 
todos somos concebidos, é justamente o que se chama pecado original. Foi em vista 
disto que S. Paulo escreveu: "Somos por nascimento filhos da ira" (Ef. 2) e também: 
"Todos pecamos em Adão" (Rom 5, 12). 
Quando é que pela primeira vez nos é prodigalizada a graça divina? Quando 
recebemos o batismo. Eis porque também as crianças devem ser batizadas, para se 
tornarem, pela graça santificante, filhas de Deus. 
Dizem os protestantes: Jesus diz: "Ide, pregai o evangelho a toda criatura; quem 
crer e for batizado, será salvo. Quem não crer será condenado". (Mt 15, 16). 
Mas a criança não pode crer, logo não pode ser batizada. 
Aqui Jesus fala dos adultos, pois fala de pregação do Evangelho; e a pregação só 
pode se dirigir a uma pessoa adulta, isto é, a uma pessoa que já tenha o uso da razão. 
Portanto deste mesmo texto resulta que um adulto, para ser batizado, deve crer. 
Mas não resulta absolutamente que só os adultos devem ser batizados. 
Ainda os protestantes: o batismo impõem obrigações; por isso não se pode 
administrar a uma criança sem o consentimento da mesma. Alcance primeiro o uso da 
razão, e então por si mesma resolverá, se quer, ou não quer pertencer a religião cristã 
e receber este sacramento. 
É verdade que o batismo impõe obrigações, mas são obrigações que a própria 
criança tem que aceitar apenas tiver alcançado o uso da razão; por isso bem podem os 
pais aceitar, em nome da mesma, estas obrigações, batizando-a, apenas nascida. 
Além disso, o batismo confere, a quem o recebe o privilégio de filho de Deus e 
herdeiro do céu. 
Portanto, aos pais, batizando os filhos, apenas nascidos, bem longe de fazerem uma 
afronta à sua liberdade, fazem, pelo contrário o que de melhor por eles podem fazer. 
E se não batizassem seriam cruéis para com os mesmos. Explico-me com um 
exemplo. Uma potentado se apresenta a dois esposos, que, há pouco, receberam a 
dádiva preciosa de um filho, e lhes diz: "Tenho a vontade de constituir o vosso filho 
herdeiro de todos os meus bens; é preciso, porém, que me concedais a licença de fazê-
lo". E eles: "Sentimos muito, mas não podemos conceder esta licença, porque seria 
ofender a sua liberdade. O Sr. tenha a bondade de esperar que o nosso filho chegue 
ter compreensão do que está fazendo, e então lhe perguntará, se quer ou não quer 
aceitar a herança". 
Por acaso, seria o comportamento destes pais para com o filho louvável? 
Certamente que não. 
O mesmo se diga em nosso caso: O batismo oferece à criança direitos e bens de 
uma fortuna de inapreciável valor, de suma importância. Não é, pois, preciso esperar 
que alcance o uso da razão, para se lhe administrar o batismo. Os pais que esperam 
até aquela época são dignos de severa repreensão. 
E de resto, não se costuma em toda parte registrar os filhos apenas nascidos? 
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Ora, se por este privilégio adquirem os direitos de cidadãos do país, contraem, 
igualmente os respectivos deveres; e contudo ninguém jamais pensou que se deva 
fazer o registro civil, somente quando os filhos tiverem atingido o uso da razão. 
Por que, pois, não será lícito administrar aos filhos, apenas nascidos, o batismo, 
pelo qual adquirem eles o direito de cidadãos do céu? 
Não há, portanto, motivo algum para diferir o batismo dos filhos até a idade adulta; 
e os que assim fizerem, são culpados diante de Deus. 
 
 
 
O batismo se pode conferir validamente quer por imersão, quer por infusão, isto é, 
despejando água na cabeça, quer também por aspersão, isto é, jogando água no 
batizando. 
Prova-se pela Sagrada Escritura. 
Batizar é palavra grega que em nossa língua significa não somente mergulhar, mas 
também lavar. Por exemplo, a Sagrada Escritura diz que os fariseus, vindo da praça 
pública, não comem sem lavar as mãos ( Mc 7, 4 ). No texto original o lavar é batizar. 
Ora, uma pessoa pode ser lavada de três modos: mergulhando-a na água; 
despejando-se água sobre a mesma, ou jogando-se lhe água. 
De que modo Nosso Senhor quer que os homens sejam batizados, isto é, lavados? 
Nada determina Ele a respeito. 
Portanto, a Igreja pode determinar, escolher
o modo que mais lhe aprouver. 
O Batismo por imersão foi principalmente usado na Igreja por muitos séculos. 
Contudo, já desde o tempo dos Apóstolos às vezes, se conferia por infusão, isto é, 
despejando água na cabeça como resulta de algumas pinturas que ainda hoje se 
conservam nas catacumbas, como se vê no batismo de S. Romão, administrado por S. 
Lourenço e do batismo de pessoas acamadas (S. Cornélio, epist. Fábio c. 14) como 
expressamente se ensina na doutrina dos doze Apóstolos (c. 7): "Se não tiveres água 
de fonte, batiza com outra água; se não tiveres água fria, batiza com água morna. E se 
não tiveres água suficiente para imersão, despeja três vezes água na cabeça em nome 
do Padre do Filho e do Espírito Santo". 
Além disso lemos na Sagrada Escritura que S. Paulo se levanta para receber o 
batismo (Atos 9, 18; 22, 16) e na cidade, à meia noite, batiza o carcereiro e outros de 
sua família (Atos, 16, 33). 
Ora, é muito improvável que o batismo tenha sido conferido por imersão nessas 
ocasiões, porque como se pode supor que na casa e na prisão houvesse tanque 
próprio para nele mergulhar uma pessoa? 
O mesmo se diga do batismo que foi conferido a três mil homens no dia de 
Pentecostes. (Atos 2, 41). 
Poderíamos também acrescentar que, se a imersão fosse necessária para o valor do 
batismo, a sua administração tornar-se-ia frequentemente muito difícil por falta de 
água, ou pelo frio, ou pela multidão, ou pelas enfermidades dos batizados, que podem 
ser crianças recém nascidas, velhos, moribundos... 
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Conclusões práticas. 
As mães em estado interessante devem se abster de tudo o que podem prejudicar o 
fruto que trazem no seu seio. E as que provocam voluntariamente o aborto são 
duplamente homicidas porque suprime a vida ao filho e lhe impedem a entrada ao 
reino dos céus, por morrer sem batismo. A Igreja, para inspirar horror a este crime, 
fulmina de excomunhão não somente as mães, mas também os que mandam ou que 
aconselham o aborto, os que para tal ensinam remédios ou o aplicam. 
Os pais tem a obrigação grave de batizar quanto antes os seus filhos, para não 
exporem ao perigo de privá-los para sempre da glória do céu. E se, por acaso, se 
acharem os filhos em perigo de morte, devem batizá-los em sua casa, derramando 
água natural sobre as cabeças dos mesmos e, ao mesmo tempo, pronunciando estas 
palavras: "Eu te Batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo". Estando 
presente outras pessoas que saibam e queiram batizar, sejam batizados os filhos por 
estas pessoas, e se não estiverem presentes outras pessoas, ou estas não souberem ou 
não quiserem batizar, então os próprios pais batizem seus filhos, em perigo de morte. 
 
VIII 
Confirmação ou Crisma 
 
O CRISMA é um sacramento no qual pela imposição das mãos e a unção com o 
crisma, proferindo certas palavras sagradas, se comunica ao batizado o Espírito Santo, 
para que valorosamente confesse a sua fé. 
O Crisma é um verdadeiro sacramento da Nova Lei. 
I — Prova-se pela Sagrada Escritura. 
Lemos, com efeito, nos Atos dos Apóstolos (8,12,17) que os Samaritanos, tendo 
recebido a palavra de Deus, foram batizados por Felipe; e os Apóstolos lhes enviaram 
Pedro e João, os quais, assim que chegaram, oraram por eles, afim de que recebessem 
o Espírito Santo, porque este ainda não tinha descido sobre nenhum deles, mas tinham 
sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Em seguida lhes impuseram as 
mãos e eles receberam o Espírito Santo. 
Do mesmo modo São Paulo, vindo a Éfeso, batizou em nome de Jesus, discípulos de 
S. João e "neles impôs as mãos, para que o Espírito Santo baixasse sobre eles". (Atos 
19, 5-6). 
Temos aqui — a) um sinal, um rito sagrado realizado pelos Apóstolos: a imposição 
das mãos; b) produtivo da graça, pois a esta imposição se seguiu a descida do Espírito 
Santo; c) um sinal instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, pois em coisa tão 
importante e fundamental os Apóstolos não agiam certamente conforme a sua 
vontade, mas em nome de Jesus, assim como na administração do batismo e na 
remissão dos pecados. 
Portanto fala aqui a Sagrada Escritura de um Sacramento, visto que um Sacramento, 
como dissemos em outro capítulo, é um sinal sagrado, produtivo da graça, instituído 
por Nosso Senhor. 
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Ora, este Sacramento não é o batismo, pois os Samaritanos, a que S. Pedro e S. João 
impuseram as mãos, já tinham sido batizados por S. Felipe e os de Éfeso, antes de 
receberem a imposição das mãos por S. Paulo, foram por este batizados. 
Tão pouco pode ser a ordenação sacerdotal, como alguns supuseram, pois entre os 
que receberam este Sacramento em Samaria, havia também mulheres e as mulheres 
não podem ser ordenadas. 
Logo é o sacramento da Confirmação ou Crisma. 
Obj. — A imposição das mãos era empregada para dar os carismas extraordinários 
do Espírito Santo, tais como o dom dos milagres e da profecia, o dom das línguas, etc. 
Resp. — A imposição das mãos era feita principalmente, para que os fiéis 
recebessem o Espírito Santo, que Jesus prometeu dar a todos os que cressem Nele. (Jo 
7, 38). 
Nos primeiros tempos, à imposição das mãos, se seguiam frequentemente estes 
prodígios, porque eram necessários para a conversão do mundo. Agora, que temos 
tantas provas da verdade da nossa santa religião, os milagres não são necessários. Mas 
o dom do Espírito Santo, que fortificava os primeiros cristãos e os tornava capazes de 
fazer qualquer sacrifício antes que perder a fé, ainda hoje é necessário para os fiéis. 
Por isso a imposição das mãos, que é justamente o Sacramento que nós chamamos — 
Crisma — ainda hoje continua e continuará até o fim dos séculos. 
II — Prova-se pela Tradição. 
Os Padres da Igreja, falam desta imposição das mãos para a vinda do Espírito Santo, 
como de verdadeiro Sacramento. 
Tertuliano (II século) diz: "Depois do batismo impõem-se as mãos para a bênção, se 
invoca e convida o Espírito Santo". (Livro sobre o Batismo, c. VIII) 
S. Cipriano (III século) na sua Epístola a Jubaiano, referindo-se ao texto dos Atos dos 
Apóstolos (8, 14) diz: "O que faltou do Batismo administrado por Felipe, isto foi feito 
por Pedro e João... Isto se faz também entre nós, para que os que são batizados, por 
nossa, oração e imposição das mãos, consigam o Espírito Santo". 
S. Cirilo (IV século), explicando o catecismo aos catecúmenos, diz: "Enquanto se faz 
uma unção visível sobre o corpo, a alma é santificada pela operação interior do Espírito 
Santo". 
Também Sto. Agostinho (V século), assim se exprime no seu livro contra Petiliano: 
"O Sacramento do Crisma não é inferior em santidade ao próprio Batismo. 
Por tudo o que acabamos de dizer fica suficientemente provado que o Crisma é um 
Sacramento e que os protestantes, rejeitando-o dão prova duma grande presunção, 
porque negam uma doutrina que é claramente ensinada pela Sagrada Escritura e 
admitida pelos cristãos de todos os tempos. 
 
 
 
 
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IX 
A Eucaristia - Palavras da Promessa 
 
A EUCARISTIA é o sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor sob as 
espécies do pão e do vinho, ou, por outras palavras, é Nosso Senhor vivo e 
verdadeiro assim como esta no céu. 
Se quisermos acreditar no Evangelho, devemos também crer na presença real de 
Jesus Cristo na Eucaristia, pois, mais claro não podia ele Ter falado, tanto quando 
prometeu este sacramento, como quando o instituiu. 
Palavras da promessa. Era o dia seguinte ao da multiplicação dos cinco pães, e 
Jesus, estando em Cafarnaum, começou a dizer ao povo que O cercava: "Eu sou o pão 
vivo que desci do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu 
darei é a minha carne pela vida do mundo, isto é, imolada pela vida do mundo". (Jo 6, 
52 ).
Esta palavras significam claramente que Jesus queria dar em alimento o seu corpo 
verdadeiro e real e não somente uma figura ou imagem do mesmo. Os seus mesmos 
ouvintes desta maneira interpretaram as suas palavras e, ficando escandalizados, 
exclamaram: "Como pode Este dar-nos a sua carne a comer?" (Jo 6, 53 ). 
Antes de chegarmos à resposta de Jesus, cumpre-nos notar o seguinte: 
Quando os ouvintes, por simplicidade ou ignorância, não tinha bem compreendido 
o verdadeiro significado de Suas palavras, costuma Ele explicar a Sua doutrina, 
especialmente em se tratando de coisas atinentes à salvação eterna, afim de que os 
discípulos não incorressem no erro. (Disto se encontram exemplos em Jo 3, 3-8 e Mt 
16, 6-12 ) 
Pelo contrário, quando a sua doutrina tinha sido bem compreendida, embora 
desagradasse aos ouvintes, ainda mais energicamente costumava repeti-la. (A respeito 
se encontram exemplos em Mt 3, 2-7 e em Jo 8, 51-59). 
E agora ouçamos a resposta que dá aos judeus, que lhe perguntam: "Como nos 
pode dar a sua carne a comer?" E Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo, se não 
comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida 
em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o 
ressuscitarei no último dia, porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu 
Sangue verdadeiramente bebida". O que foi o mesmo que lhes dizer: Não somente vos 
posso dar a minha carne a comer e o meu sangue a beber, mas disto vos imponho um 
preceito sob pena de morte eterna. Queria, portanto, que as suas palavras fossem 
tomadas ao pé da letra. 
A semelhantes insistências do Divino Mestre, muitos discípulos se revoltam e 
clamam: "É duro este discurso e quem o pode ouvir?" Por que o achavam duro? 
Porque eles também não podiam compreender como pudesse Jesus dar a sua carne a 
comer e o seu sangue a beber; e, não querendo admitir tantos prodígios, o 
abandonaram. E acaso Jesus o detêm? Não. Pelo contrário volta-se aos doze Apóstolos 
e diz: "quereis vós também retirar-vos?" Como se quisesse dizer: "Quereis ou não 
quereis crer que eu vos darei a minha carne a comer e o meu sangue a beber? Se não 
quereis crer, ide embora com os outros". Foi então que S. Pedro em nome dos doze, 
exclamou: "mestre, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos 
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crido e reconhecido que és o Cristo, o Filho de Deus. (Jo 6, 70 ). Com esta resposta 
também S. Pedro declarou que nada tinha compreendido com relação ao mistério que 
Jesus acabava de revelar, contudo, acreditava, porque sabia que Jesus era o Filho de 
Deus. 
Reflitamos um pouco sobre este fato da apostasia dos discípulos. Abandonam a 
Jesus, porque não querem admitir que Ele possa dar a comer a sua própria carne e a 
beber o seu próprio sangue. 
Ora, suponhamos que tivessem compreendido mal as palavras de Jesus, não devia 
Ele explicar-se melhor? Que lhe custava dizer: Não vades embora, pois não é do meu 
próprio corpo nem do meu próprio sangue que falo, e sim apenas tenciono vos dar a 
comer um pedaço de pão e a beber um pouco de vinho, como figura do meu corpo e 
do meu sangue. E isto teria sido bastante para impedir que aqueles discípulos O 
abandonassem. Jesus, porém, não deu esta explicação; Jesus que veio para salvar as 
almas, permitiu que caíssem num abismo de misérias. Pelo que cumpre dizer que 
prometeu dar a comer o seu próprio corpo e a beber o seu próprio sangue, pois era 
assim justamente que aqueles discípulos tinham compreendido as suas palavras e era 
por isso que O abandonavam. 
Algumas objeções 
Jesus declarou que as suas palavras deviam se entendidas em sentido figurado, 
dizendo: "O espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que vos 
tenho dito são espírito e vida". (v. 64) 
Resp. — Mesmo depois destas palavras continuaram os discípulos a entender em 
sentido literal o discurso do Mestre. Tanto assim que "a partir daí, — diz o Evangelho 
— muitos se retiraram e já não andavam com Ele". (Jo 6, 57). 
Não é verdade, portanto, que tenham declarado com isto, que as suas palavras 
deviam ser entendidas em sentido figurado. 
Qual é então o verdadeiro significado do v. 64? 
Ei-lo: Jesus tinha dito que era preciso comer a sua carne e beber o seu sangue, para 
ter a vida eterna. Julgando os discípulos que a carne de Jesus devesse ser tomada 
morta e feita em pedaços, Cristo responde: "Isto vos escandaliza? A ocasião do 
escândalo cessará, quando conhecerdes a minha Ascensão ao céu, pois então 
acreditareis mais firmemente na minha divindade e ao mesmo tempo compreendereis 
que não se trata de carne que há de ser feita em pedaços e devorada. 
Toda a vida procede do espírito; e por isso a minha carne por si só, isto é, separada 
da divindade, não poderia dar a vida. O que disse deve ser entendido da minha carne 
vivificada pelo espírito e pela divindade; dessa maneira dará a vida". 
— Jesus diz: "Eu sou o pão vivo que desci do céu". (Jo 6, 51). 
Ora, o corpo de Jesus não desceu do céu. Logo Jesus não fala do seu próprio Corpo. 
O Corpo de Jesus nunca se separou da sua divindade, desde o primeiro instante em 
que foi concebido no seio de Maria; é unido numa só pessoa com o Verbo Divino, de 
modo que quem recebe o Corpo de Jesus, recebe a própria pessoa de Jesus, recebe o 
Verbo Divino. Ora, o Verbo Divino desceu do céu. 
— Jesus promete a vida eterna aos que comem a sua carne e bebem o seu sangue. 
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— Suponhamos que um rato coma uma hóstia consagrada. Iria para o céu? Não. 
Que aconteceria? Nada. Pois um rato não é capaz de vida eterna. 
Resp. — Jesus não promete, sem exceção alguma, a vida eterna a todos os que 
comem a sua carne e bebem o seu sangue; mas somente aos que comem e bebem 
dignamente a sua carne e o seu sangue. Tanto assim que nos adverte por S. Paulo: 
"Quem come deste pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, come e bebe para si 
a própria condenação. 
 
X 
A Eucaristia- Palavras da Instituição 
 
Não menos claramente falou Nosso Senhor quando, mantendo a sua promessa, 
instituiu este alimento da vida eterna. Ouçamos como os evangelistas referem o fato: 
— "Na mesma noite em que Jesus havia de ser entregue aos seus inimigos, estando no 
cenáculo com os discípulos, tomou nas suas santas e veneráveis mãos o pão, o 
abençoou e distribuiu com eles, dizendo: "Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será 
entregue por vós a morte". E tomando o cálice, deu graças e a eles o entregou, 
dizendo: "Bebei dele todos, pois este é o meu sangue do Novo Testamento, que será 
derramado por muitos para a remissão dos pecados". E em seguida, dando aos 
discípulos e neles, a todos os sacerdotes o poder de fazer o que Ele mesmo acabava de 
fazer, acrescentou: "Fazei isto em memória de mim". (Mt 26, 26-30; Mc 14, 22-26; Lc 
22, 19-22; Cor 11, 23-26). 
E agora seja-me lícito perguntar: Porventura Jesus não entregou por nós à morte o 
seu próprio corpo e não derramou para a remissão dos nossos pecados o seu próprio 
sangue? Portanto o pão e o vinho, depois da consagração, são o próprio corpo e o 
próprio sangue de Jesus Cristo, visto que ele mesmo disse: "Isto é o meu corpo, que 
será entregue à morte por vós; este é o meu sangue que será derramado por muitos 
para a remissão dos pecados". 
O texto original grego, em que foi escrito o Evangelho pelos próprios evangelistas, é 
ainda mais enérgico. Eis como refere as palavras de Jesus: "Isto é o meu corpo, meu 
próprio corpo, o que por vós é dado; Isto é o meu sangue, o meu próprio sangue, o 
que por vós é derramado". Pode haver coisa mais clara do que estas palavras? Afinal é 
um Deus quem fala, é um Deus cujo poder é infinito; é o Verbo eterno do Pai, que com 
um só ato de sua vontade fez o universo; é um pai moribundo, que na véspera de se 
sacrificar pelos seus

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