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CHAMAMENTO AO PROCESSO 130A132

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CLÉCIO GONÇALVES DOS SANTOS
DAIANA DE SOUZA SANTOS
DANIELLY MATOS BISPO
LUHANA D’ ALMEIDA
MARYJANE MARTINS DO NASCIMENTO
CHAMAMENTO AO PROCESSO
ITABUNA-BAHIA
2015
CLÉCIO GONÇALVES DOS SANTOS
DAIANA DE SOUZA SANTOS
DANIELLY MATOS BISPO
LUHANA D’ ALMEIDA
MARYJANE MARTINS DO NASCIMENTO
 CHAMAMENTO AO PROCESSO
Trabalho a ser entregue pelos discentes: Clecio Gonçalves dos Santos, Daiana de Souza Santos, Danielly Matos Bispo, Luhana D’ Almeida e Maryjane Martins do Nascimento, do IV semestre do curso de Direito Noturno, ao professor Ricardo Almeida, lecionando a disciplina de Processo Civil I para fins avaliativos da I unidade.
ITABUNA-BAHIA
2015
INTRODUÇÃO
O chamamento ao processo foi introduzido na legislação brasileira por intermédio da Lei nº 5.869 de 11 de janeiro de 1973, referente ao Código de Processo Civil. Esta modalidade de intervenção de terceiros teve grande influência no Código de Processo Civil de Portugal em que recebe o nome de chamamento à demanda.
Além da inspiração na legislação portuguesa, o chamamento ao processo assemelha-se com institutos análogos de outros países, por exemplo, Itália e Alemanha.
Em Portugal, o chamamento à demanda acontece quando o fiador invoca a participação de outros fiadores para se defenderem no processo ou serem condenados; no caso de o devedor solidário saldar a dívida e este demandar contra os demais devedores e quando um dos cônjuges contrair uma dívida e este deseja incluir no pólo passivo da lide o outro cônjuge.
Quanto à Itália, o chamamento ao processo pode acontecer quando o terceiro entende que deve ser parte no processo e comprova o devido interesse na causa ou quando este terceiro invoca ser o garantido no processo.
Na Alemanha, o chamamento ao processo possui semelhança com a denunciação da lide na legislação brasileira. Aqui, o fiador chama o devedor para ingressar a demanda ou quando o terceiro entende ser o denunciante.
O chamamento ao processo sofreu algumas mudanças no novo Código de Processo Civil. Contudo, para entender esta mudança, primeiro devemos compreender o funcionamento e a aplicação deste instituto.
Pode-se conceituar o chamamento ao processo como o ingresso do réu na demanda em que exercerá a participação do devedor principal para responderem pelas respectivas obrigações. Esta provocação de terceiras pessoas ocasionará o litisconsorte e, assim, acaba trazendo benefícios para o próprio réu.
O doutrinador Luiz Guilherme Marinoni defende que “o chamamento ao processo é uma modalidade de criar litisconsórcio passivo facultativo por vontade do réu e não pela iniciativa do autor” (MARINONI, 2012, p. 187).
Há hipóteses em que o chamamento ao processo pode ser permitido. Assim, será admitido na obrigação solidária; no Código de Defesa do Consumidor; na ação de alimentos; do segurador ao processo na ação por responsabilidade civil promovida pela vítima contra o assegurado; no processo de execução e no processo cautelar.
No procedimento, esta intervenção de terceiro deve ser arguida no momento da resposta, ou seja, da contestação. Caso o réu se omita na contestação em pedir a citação de algum terceiro para ingressar a relação processual, este direito estará precluso.
Se o juiz aceitar o requerimento, o processo será suspenso até que todos os chamados sejam devidamente citados. Feita a citação, o réu terá o prazo de 15 (quinze) dias para contestar e os chamados para apresentarem a defesa.
A sentença proferida é capaz de gerar efeitos para o autor, réu e chamados, através do litisconsórcio passivo. Esta sentença possui natureza condenatória e vale como título executivo para os condenados.
Caso algum litisconsorte satisfaça a dívida, este poderá cobrar do devedor principal ou de cada um dos codevedores a quota correspondente. Neste caso, aquele que saldou a dívida poderá executar, nos mesmos autos, e utilizar a sentença proferida.
Nas lições do doutrinador Ovídio Baptista “a finalidade do chamamento ao processo, portanto, é ampliar o objeto do processo, trazendo para a causa os demais obrigados solidariamente responsáveis perante o credor”. (SILVA, 2008, p. 235) 
Em referência ao novo Código, a intervenção de terceiros deixou de integrar o Capítulo “Das e partes e dos procuradores” para o Capítulo IV “Processo de conhecimento e cumprimento de sentença”.
Algumas figuras típicas da intervenção sofreram modificações, dentre elas, a oposição e a nomeação à autoria em que serão excluídas e a denunciação da lide e o chamamento ao processo que passou a ser um único instituto. Já a assistência não sofrerá nenhuma mudança substancial, apenas simplificação no artigo.
1. CHAMAMENTO AO PROCESSO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
1.1. CONCEITO
O chamamento ao processo continua basicamente com o mesmo conceito do Código de Processo Civil de 1973.
Pode-se conceituar o chamamento ao processo como modalidade de intervenção de terceiro provocado pelo réu, em que será admitido apenas no processo de conhecimento e que se funda no vínculo de solidariedade entre chamante e chamado. 
O chamamento ao processo trata-se de intervenção de terceiro que permite a formação de litisconsórcio passivo por iniciativa do réu. Observa-se que o litisconsórcio passivo formado pelo réu trata-se de uma exceção, pois a facultatividade está sempre ligada à figura do autor.
1.2. FINALIDADE DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
No novo Código de Processo Civil, o chamamento ao processo possui basicamente a finalidade de invocar o réu no processo para a formação de litisconsórcio entre ele e o chamado, a fim de que ambos sejam condenados, em favor do autor. 
O mesmo acontece com a sentença. Caso a sentença proferida seja procedente, o réu em litisconsórcio com o chamado serão condenados em favor do autor. 
1.3. POSSÍVEIS HIPÓTESES DE CHAMAMENTO AO PROCESSO
1.3.1. CHAMAMENTO AO PROCESSO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Quanto à responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, estipulado no artigo 101 da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), ocorrerá o chamamento ao processo da seguradora em face do consumidor. Aqui, não haverá a denunciação da lide e nem a ação incidental de garantia. 
 
1.3.2. CHAMAMENTO AO PROCESSO NA AÇÃO DE ALIMENTOS
Pelo fato de o novo Código de Processo Civil ampliar as hipóteses desta modalidade de intervenção de terceiro e permitir que seja chamado ao processo qualquer codevedor, não importando o grau e a extensão da sua responsabilidade em relação ao chamante, ajudou a eliminar as grandes divergências sobre a ação de alimentos. 
Significa dizer que é admitido o chamamento ao processo de qualquer corresponsável, inclusive aqueles mencionados no artigo 1.698 do Código Civil.  
1.3.3. CHAMAMENTO DO SEGURADOR AO PROCESSO NA AÇÃO POR RESPONSABILIDADE CIVIL PROMOVIDA PELA VÍTIMA CONTRA O SEGURADO
A responsabilidade civil instituída no Código Civil de 2002 permite que a vítima ingresse com a ação colocando no polo passivo a seguradora causadora do dano. Contudo, nada impossibilita que a vítima também ajuíze a ação contra o segurado, por ser considerado o responsável primário do causador do dano. 
Uma vez configurada a garantia do contrato de seguro, o segurado dará ciência da lide ao segurador. 
No Código Civil de 1916, o regime da responsabilidade civil concretizava pelo sistema do reembolso, o qual a denunciação da lide fazia instrumentalizar as garantias de regresso. Com o Código Civil de 2002, o segurador garante o pagamento das perdas e dano pelo segurado.
Esta relação processual será composta por 02 (dois) responsáveis, quais sejam: O causador do dano e a seguradora. Contudo, não existe mais o direito de regresso e sim a obrigação da seguradora em cumprir a obrigação de reparar o dano. 
A convocação pelo segurado não será mais permitido através da denunciação da lide. Neste caso, haverá o chamamento ao processo da seguradora em face do segurado. O Código Civil
somente reafirmou a possibilidade do contrato de garantia ao seguro de responsabilidade presente no Código de Defesa do Consumidor. Assim, a seguradora deve ser incluída na lide por meio do chamamento ao processo para que a condenação seja solidária com o fornecedor. 
Como não existe mais o direito de regresso entre o causador do dano e a seguradora, então não existe fundamento em aplicar a denunciação da lide entre eles. Porém, nada impede que o segurado e a seguradora fiquem responsáveis de cumprir a obrigação de reparar o dano do ilícito em benefício da vítima. 
O chamamento ao processo, neste caso, possui a finalidade de reunir os coobrigados e o réu primitivo, configurando o litisconsorte passivo. Desta forma, a eficácia da coisa julgada material atingirá todos os corresponsáveis. 
1.3.4. CHAMAMENTO DO ALIENANTE E DO TERCEIRO EM AÇÃO REGRESSIVA
O chamamento ao processo continua sendo considerado como modalidade de intervenção de terceiros. Porém, na denunciação à lide será reunida as hipóteses de chamamento do alienante e o chamamento em ação regressiva do terceiro que estiver obrigado a indenizar. 
Na primeira hipótese, acontece a transferência do domínio da coisa reivindicada na ação. Já na segunda, será chamado ao processo aquele que for estipulado pela lei ou pelo contrato. 
1.4. NÃO ADMISSIBILIDADE DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
Não será admitido o chamamento ao processo se o réu não efetuar no momento da contestação. Passado este prazo, o réu perde o direito de invocar a intervenção de terceiro desejada. 
Também não será permitido, em sede de ação cautelar, o instituto do chamamento ao processo. Desta forma, o chamamento ao processo é medida cabível apenas no curso do processo principal, sendo inadmissível no processo cautelar. 
1.5. CHAMAMENTO AO PROCESSO E A DENUNCIAÇÃO DA LIDE
A Comissão de Juristas, inicialmente, propôs que o chamamento ao processo e a denunciação da lide se transformasse em um único instituto.
Este instituto deve ser invocado quando o chamado puder ser réu em ação regressiva; quando um dos devedores solidários saldar a dívida perante aos demais; quando houver a obrigação, por lei ou contrato, de reparar ou garantir a reparação do dano, àquele que tem essa obrigação. Apesar da proposta de unificação com o mesmo nomem iuris, a natureza jurídica continuaria sendo diversa e sendo regulada em dispositivo próprio. 
No que tange ao chamamento ao processo, a principal mudança surge na ampliação das hipóteses de cabimento, possibilitando, inclusive, a intervenção daquele que, por lei ou contrato são também corresponsáveis perante o autor.  Desta forma, será permitido o chamamento ao processo de qualquer outro codevedor na relação jurídica, independente da extensão ou responsabilidade do chamante.  
1.6. FUNGIBILIDADE COM A DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Ainda que sejam distintas as figuras da denunciação da lide e do chamamento ao processo, não se deve afastar a possível medida processual trazida pela parte, fazendo compreender à luz do pedido a correta intervenção de terceiros. 
Neste caso, incide o princípio da fungibilidade de meios, sendo irrelevante o nomem iuris utilizado no pedido.  
2. PREVISÃO LEGAL
O instituto do chamamento ao processo foi disciplinado nos artigos 130 à 132, conforme o novo Código de Processo Civil. 
 
2.1. ADMISSIBILIDADE
O chamamento ao processo deve ser requerido pelo réu em face do afiançado, dos demais fiadores e dos demais devedores solidários. Quando o afiançado for chamado para integrar a lide, obrigatoriamente o réu deve ser parte no processo. No caso dos demais fiadores, a ação pode ser proposta contra um ou alguns deles. Por último, em relação aos devedores solidários, o credor pode exigir do réu ou de alguns destes devedores o pagamento da dívida em comum.  
O chamamento em garantia também é permitido por qualquer uma das partes do alienante, na ação em que é reivindicada coisa cujo domínio for por este transferido à parte ou daquele que estiver obrigado por lei ou por contrato a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo da parte vencida.
 
2.2. PROCEDIMENTO
O chamado deverá ser citado dentro do prazo máximo de 02 (dois) meses. Vale destacar que esta citação irá proporcionar a suspensão do processo. Agora, se o chamado não for citado dentro deste prazo estipulado pela lei, o chamamento será tomado sem efeito. 
Dentro do prazo da contestação, a citação do chamado em garantia poderá ser requerida pelo autor desde que seja feita em conjunto com a do réu. Esta citação deve acontecer dentro do prazo de 02 (dois) meses, também ocasionando a suspensão do processo. Caso o chamado venha comparecer em juízo, ainda é permitido que seja chamado um terceiro que se encontre na situação de alienante ou daquele que estiver em obrigação de indenizar.
2.3. NATUREZA DA SENTENÇA
O término do procedimento surge com a improcedência ou procedência da sentença. Caso a sentença seja procedente, a natureza será condenatória, pois o juiz condenará o réu ou todos os coobrigados a adimplir a dívida. Caso não haja o cumprimento, esta sentença vale como título executivo em favor do que pagar a dívida para exigi-la do devedor principal ou dos codevedores a quota que tocar a cada um.  
A procedência da sentença também possui o cunho de decidir que tipo de responsabilidade o chamado terá perante o autor da ação. 
 
CONCLUSÃO
O Código de Processo Civil de 1973 sofreu diversas modificações redacionais. O Projeto de Lei nº 8.046 de 2010, ao tramitar na Câmara dos Deputados, apresentou grande avanço no tocante a mudança legislativa. Com este projeto, também temos o Projeto de Lei do Senado nº 166 de 1º de dezembro de 2010. Estas legislações estão encarregadas de efetuar diversas mudanças. Contudo, para este trabalho foi dado enfoque ao chamamento ao processo, considerada modalidade de intervenção de terceiros.
A mudança da lei é capaz de gerar vantagens ou desvantagens para a rotina de trabalho dos juristas e até mesmo no meio de defesa da sociedade. Como em qualquer situação, as mudanças nos métodos específicos e tradicionais podem gerar conflitos, divergências e dúvidas quanto à eficácia.
O novo Código de Processo Civil busca acabar com estas divergências e dúvidas presentes nos dispositivos e aprimorar a eficácia e celeridade. Seguindo essa lógica, o chamamento ao processo foi alterado no sentido de se adaptar aos dias atuais e suprir as dificuldades e anseios da sociedade em geral.
As mudanças na intervenção de terceiros, de forma em geral, seguem basicamente a idéia de preservar a agilidade do processo, bem como as formas de proteção e segurança jurídica. Estas mudanças possuem o cunho de proporcionar vantagens suficientes para um bom andamento e resolução das centenas ou milhares de demandas judiciais que não param de serem protocoladas no sistema judiciário brasileiro.
Muitas destas alterações proporcionarão celeridade processual, mas outras não. Por exemplo, no Código de Processo Civil de 1973, a citação do chamado deve ocorrer no prazo máximo de 10 (dez) dias, se domiciliado na mesma comarca, ou de 30 (trinta) dias para o chamado que se encontrar em comarcas diferentes ou lugares incertos. Já no novo Código, este prazo aumenta para 30 (trinta) dias caso o chamado encontra-se no mesmo foro e 60 (sessenta) dias para foros diferentes ou lugares incertos. Ressaltando que o processo fica suspenso até a citação de todos os chamados, é correto defender que esta inovação irá preservar a celeridade processual?
Por outro lado, traz a vantagem de redução no artigo e amplitude das formas de defesa, acrescentado um inciso disciplinando que a solidariedade é resultado da lei ou da vontade das partes. Além disso, cria a denunciação per saltum em que se admite a denunciação de qualquer sujeito que integre ou participe da cadeia dominial.
No novo Código de Processo Civil, o chamamento ao processo é permitido nas mesmas hipóteses da legislação processual de 1973. Isto é, será aceitável no caso do afiançado, na ação em que o fiador
for réu; dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles e dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. O grande diferencial surge na inclusão daqueles que, por lei ou contrato, são também corresponsáveis perante o autor.
O chamamento ao processo continua sendo considerado como modalidade de intervenção de terceiros. Porém, na denunciação à lide será reunida nas hipóteses de chamamento do alienante e o chamamento em ação regressiva do terceiro que estiver obrigado a indenizar. Na primeira hipótese, acontece a transferência do domínio da coisa reivindicada na ação. Já na segunda, será chamado ao processo aquele que for estipulado pela lei ou pelo contrato.
Por fim, quanto à sentença o novo Código de Processo Civil, apresenta-se de natureza condenatória. Isto é, a sentença, se proferida procedente, valerá como título executivo para o autor, caso seja o devedor principal, ou quando os coobrigados não venham a satisfazer a dívida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMENDOEIRA JR., Sidnei. Manual de Direito Processual Civil: teoria geral do processo e fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. v. I. 15. ed. Salvador: Jus Podivm, 2013.
FERREIRA, Willian Guedes. A intervenção de terceiros no novo Código de Processo Civil. Jus Navigandi. Teresina. ano 17. n. 3254. 29 maio 2012. Disponível: http://jus.com.br/revista/texto/21890/a-intervencao-de-terceiros-no-novo-codigo-de-processo-civil/2.
SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de Direito Processual Civil:processo de conhecimento. v. I. 8. ed. rev., e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil: processo de conhecimento. v. 2, 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 187.

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