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3º Congresso de Hepatites Virais. 2015

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O momento polít ico e econômico do Brasil é complexo, adverso e repleto de retrocessos nos direitos sociais. Dentre 
os muitos ataques à saúde pública, destacamos 
a flexibilização inaceitável dos princípios do 
SUS, como a universalidade, a integralidade e 
a equidade. O acesso a medicamentos não tem 
escapado desses ataques e o caso da Hepatite 
C tornou-se um dos mais emblemáticos de 
flexibilização de direitos públicos por conta de 
abusos de direitos privados.
Os altos preços dos medicamentos são uma 
pauta fundamental para a sociedade civil, por 
ser, em muitos casos, um obstáculo insuperável 
para o acesso. Enquanto a Gilead, fabricante do 
sofosbuvir, vende mais de 23 bilhões de dólares 
em menos de 2 anos, 500 mil pessoas continuam 
a morrer anualmente por causa da Hepatite C. No 
campo da AIDS sempre nos perguntamos: o que 
aconteceria se a cura fosse desenvolvida? Que 
escândalo mundial seria ter a cura e não permitir 
que as pessoas fossem curadas. Essa preocupação 
se materializou no caso da Hepatite C – doença 
que afeta de 130 a 150 milhões de pessoas no 
mundo e ao redor de 1.5 milhões no Brasil.
A boa notícia é que uma nova geração de 
medicamentos está disponível e pode curar a 
Hepatite C. Os preços, porém, são absurdamente 
altos e excluem milhões de pessoas da 
possibilidade de manterem-se vivas e saudáveis.
Já é possível sonhar com a erradicação da Hepatite 
C, caso sejam disponibilizados esses novos 
tratamentos a preços acessíveis. A epidemia, 
contudo, vai continuar se alastrando enquanto 
preços altos, conquistados por monopólios via 
patentes, colocarem a cura fora de alcance das 
pessoas. É preciso enfrentar esse escândalo. 
Em vários países da Europa, assim como nos EUA, 
o preço de um desses novos medicamentos, o 
Sofosbuvir, tem sido denunciado como imoral por 
pacientes, médicos, parlamentares, economistas 
e cientistas, pois não tem nenhuma relação com 
seus custos de pesquisa e de produção, que são 
baixos. Também em muitos países (inclusive 
no Brasil), as patentes solicitadas para este 
medicamento estão sendo contestadas por serem 
baseadas em técnicas e compostos já conhecidos. 
Estas patentes já foram rejeitadas em países como 
Índia, China e Egito. Compactuar com abusos de 
preço e patentes duvidosas não é uma opção para 
quem defende a ampliação global do acesso à 
cura da Hepatite C.
•
JOÃO PESSOA, 17 DE NOVEMBRO DE 2015
SENHORES E SENHORAS PARTICIPANTES DO 10º CONGRESSO 
DE HIV/AIDS E 3º CONGRESSO DE HEPATITES VIRAIS
Assim como vocês, saudamos os valores democráticos de pluralidade 
garantidos em nossa Constituição. Esse manifesto é fruto da reflexão de 
organizações, pesquisadores, pessoas vivendo com HIV/AIDS e Hepatites 
Virais que, mesmo não participando oficialmente deste Congresso – por razões 
diversas – desejam dividir suas ideias e preocupações com cada um de vocês. 
O debate público não depende de crachás. Nossas vozes se somam a dos 
que defendem a saúde pública brasileira dentro e fora desse Congresso.
Brasil
(6900$/paciente)
Índia & Egito
(900$/paciente)
Quanto vale uma vida
o preço do tratamento
6900,00
NOVOS HORIZONTES, 
NOVAS RESPOSTAS PARA QUEM?
ENQUANTO ISSO, NO BRASIL
O Ministério da Saúde anunciou que irá tratar 
inicialmente 15.000 pessoas com Hepatite C em 
2015 e estabeleceu uma meta de 60.000 pessoas 
tratadas nos próximos dois anos. 
Isto representa menos que 4% da necessidade atual 
e significa rasgar o princípio da Universalidade do 
acesso a Saúde. Esse princípio é uma conquista de 
todos e todas nós e não pode ser banalizado.
Saúde é um dever do Estado 
e direito de todos. 
Direito à Saúde inclui 
assistência farmacêutica.
Priorizar pessoas ou racionar 
tratamentos é mais que 
inadequado, é ilegal!
PODEMOS DISCUTIR SE 
PATENTES GERAM INOVAÇÃO 
NO CAMPO DA SAÚDE, MAS 
NÃO HÁ DISCUSSÃO SOBRE 
O FATO DE QUE PATENTES 
GERAM MONOPÓLIO E PREÇOS 
CADA VEZ MAIS ALTOS 
DOS MEDICAMENTOS.
CONVOCAMOS TODOS E TODAS 
A DENUNCIAR OS ABUSOS E 
SOMAR-SE ÀS VOZES DOS 
QUE NÃO SE CONFORMAM 
COM A QUALIDADE DAS 
RESPOSTAS DADAS ATÉ AQUI.
 Exigimos: 
• Que o Ministério da Saúde assuma 
o compromisso de tratar todas as 
pessoas diagnosticadas com Hepatite 
C, com as melhores opções existentes 
e sem restrições nem priorização;
• Que a empresa Gilead adeque 
seus preços imediatamente a 
patamares aceitáveis. A pílula 
dos mil dólares é um dos maiores 
escândalos morais da história;
• Que as autoridades responsáveis por 
análise de patentes farmacêuticas no 
Brasil: INPI e ANVISA indefiram os 
pedidos de patente do medicamento 
Sofosbuvir por descumprimento dos 
requisitos de patenteabilidade de 
forma a permitir o uso de genéricos; 
• Que todas as barreiras impedindo 
o acesso aos melhores tratamentos 
e diagnósticos disponíveis sejam 
removidos de forma prioritária 
pelo Ministério da Saude.
NADA MENOS QUE ACESSO UNIVERSAL! 
QUEREMOS COMPROMISSO DE QUE NINGUÉM SERÁ DEIXADO PARA TRÁS!
NOVOS HORIZONTES E NOVAS RESPOSTAS PARA TODOS E TODAS!
a) As informações epidemiológias e de mortes são da OMS: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs164/en/ 
b) A informação sobre vendas têm como fonte as divulgações trimestrais da Gilead para Sovaldi (sofosbuvir) e Harvoni 
(sofosbuvir + ledipasvir) e dizem respeito ao acumulado de novembro de 2013 a setembro de 2015.
Pessoas tratadas
Atualmente 
15.000
Meta
 
em 2 anos 
60.000
Necessidade
 
1.500.000

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