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Análise Fílmica Carlos Reyna carlos.reyna@ufjf.edu.br creynna@gmail.com Profundidade de campo: estética e narrativas –Profundidade fraca, o espaço de foco, i.e., zona de nitidez ao longo do eixo da objetiva, não fica fixada em definitivo. • Razões técnicas (o sujeito avança em direção à câmera ou se afasta dela). • Razões estéticas e narrativas (para filmar um diálogo ou um deslocamento da atenção) Profundidade de campo: estética e narrativas • Deslocamento da atenção • Police Python 357, 1976, Alain Corneu. • O inspetor Ferrot (Ives Montand) percebe que esta sendo observado; primeiro plano em foco e o segundo plano fora de foco. • Ele se volta, vendo seu colega Ménard (Matthieu Carrière); primeiro plano fora de foco, segundo plano em foco. Profundidade de campo: estética e narrativas – Espaço fora de foco, pode servir aos interesses da “subjetividade” narrativa. –Observa-se o personagem se desvanecendo sonho Profundidade de campo: estética e narrativas • A última imagem de Juliette Binoche em Perdas e danos, 1992, Louis Malle. • O protagonista (Jeremy Irons) continua a se perguntar o que tinha de especial a mulher (Juliette Binoche) que lhe causou a ruína. Anos depois do fim da relação – explica-nos ele -, ele a vê no aeroporto, levando uma criança nos braços, “e ela não era em nada diferente de outra qualquer”. Ele fixo a foto dela na parede, mas o que constituía seu mistério tende a se tornar vago, no sentido próprio e no figurado. Profundidade de campo: estética e narrativas – Objetiva com foco duplo: –Propõem duas zonas de nitidez possíveis, ao longo de seu eixo óptico. Carrie, 1976, Brian De Palma. A objetiva com foco duplo capta as afinidades eletivas tecidas na classe entre Carrie (Sissy Spacek) e Tommy (William Kat). Sem essa objetiva, o segundo plano estaria tênue. Os movimentos de câmera – Último parâmetro que intervém na construção do ponto de vista. – Distinguem-se 2 tipos de mov. no modelo do corpo humano: • os panorâmicos (que correspondem a ação de virar a cabeça) e, • os travellings (deslocamento do corpo inteiro no modo retilíneo) Os movimentos de câmera – O zoom, não é muito apropriado chamá-lo de movimento. –Ele é uma variação da distância focal. –Entre zoom-in e um travelling-in existe a mesma diferença entre: • se aproximar para olhar (inserção) • permanecer onde se encontra munido de um binóculo (perspectiva). –Ética uma coisa é espiar e outra é ver a descoberto Os movimentos de câmera Travelling-in, Sete homens e um destino, 1960, John Sturges. 45⁰ para a direita passa revista aos mercenários. Cinco deles estão alinhados paralelamente aos trilhos do travelling. Os movimentos de câmera Travelling-off, Acossado (À bout de souffle), 1960, Jean-Luc Godard. O diretor puxa o enquadrador, que segue Lucien indo para para o New York Tribune. Os movimentos de câmera –Os primeiros travellings datam de 1896. –Trens, elevadores, navios. – tripés de cabeça móvel executam os panorâmicos, carrinhos sobre trilhos. – Cabíria, 1914, Giovanni Pastrone. • Lentes de travellings laterais Os movimentos de câmera –As gruas (dollies) plataformas sobre trilhos com braços sustentados. • O último homem, 1924, Friedrich W. Murnau; Napoleon, 1927, Abel Gance; OlimpiaLeni Riefenstahl, 1938 Nazi. –Sobre o desenvolvimento de câmeras com fluidez e controle? Os movimentos de câmera A caverna, 2005, Bruce Hunt. A “grua modular”. O braço no se retrai, mas a grua é montada sobre um travelling. Os movimentos de câmera são comandados por um joystick, como em um videogame. Luz e cores • O maior parâmetro de valor entre o cinema e a TV no tamanho da tela que não solicita da mesma maneira a visão. • Uma é película e a outra resolução • A noite em filmes para tv é menos noite de verdade do que nos filmes para cinema. O ultraje do tempo. O filmes continuam a “viver” ou a “morrer”; aqui uma imagem de Elizabeth Taylor em Cleópatra, 1963, Joseph Mankiewicz. Não faz justiça às cores DeLuxe da produção original. Luz e cores • Quando sua resolução é dominada pelos realizadores do filme, as cores podem ser escolhidas para parecer o mais “naturais” possíveis ou, inversamente, para sofrer alterações com um fim “desrealizantes”. Alterações desrealizantes. Teu nome é mulher, 1957, Vincent Minelli. Se o protagonista vê as palmeiras e o céu em rosa e amarelo, é porque se remete a um grande tormento de uma monumental bebedeira. Luz e cores • A própria direção da luz pode apoiar a história, em razão das conotações ligadas em certa tradição histórica aos conceitos de sombra e de luz Aquele por meio de quem a luz chega. Os irmãos cara de pau, Elwood (Dan Aykroyd) vê enfim seu irmão Jake (John Belushi) sair da prisão. O excesso de luz torna a cena divertida, contrastando com as maneiras grosseiras de Jake, mas anuncia a “iluminação” do próprio Jake que logo será encarregado de uma missão pelo Todo-Poderoso. Luz e cores A tentação da sombra. Sonhos de mulheres, 1955, Ingmar Bergman. Susanne (Eva Dahlbeck) pensa em cometer suicídio porque seu amante é um homem casado incapaz de deixar sua esposa por ela. À esquerda, a luz e a vida que continua no interior do trem; à direita, obscuridade e a morte basta abrir a porta (close-up no punho) e dar um passo. Luz e cores • Além da direção na qual cai, a própria quantidade de luz que cai sobre o sujeito pode enriquecer um retrato psicológico. Luz e psicologia. Titanic, 1997, James Cameron. Rose pensa em se suicidar. O frio da água que lhe dá medo, como enfatiza a luz azul sobre sua pele nua (bem mais forte) do que autoriza a verossimilhança dos reflexos sobre a água a essa altura. A salvação e, portanto, a luz “verdadeira” que traz calor e conforto vem de atrás, porque Jack vai aparecer na profundidade de campo.
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