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1 Linguagem Audiovisual 2 Presidência da República Federativa do Brasil Ministro da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Este material foi produzido pela Direção de Educação a Distância do Instituto Federal de Brasília – IFB Reitora Luciana Miyoko Massukado Pró-Reitora de Ensino Yvonete Bazbuz da Silva Santos Equipe DEaD Diretora de Educação a Distância Eliziane Rodrigues de Queiroz Pedagoga Carolina Novaes Xavier de L. Reynaldo Apoio Administrativo Cláudia Sabino Fernandes Joscélia Moreira de Azevedo Noeme César Gonçalves 3 Equipe de Produção Coordenador Geral Hênio Delfino Ferreira de Oliveira Coordenadora-adjunta de Produção de Conteúdos Educacionais para EaD Sylvana Karla da Silva de L. Santos Autores Conteudistas Leonardo Barbosa Rossato Coordenadora de Curso e Revisora Técnica de Conteúdo Camilla Vidal Shinoda Produtor Audiovisual Alexandre de Souza Garcia Produtor Multimídia Bruno Soares Maciel Erika Ventura Gross Fábio Lucas Gestora de Ambiente Virtual de Aprendizagem Daniele Cadête de Araújo Lima Apoio Douglas Fernandes Brito de Faria Catalogação na fonte pela Biblioteca do instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Brasília Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. 4 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 5 UNIDADE 1 .................................................................................................. 6 1.1. Características da Imagem e do som - Som ................................................... 7 1.2. Tempo e Espaço no audiovisual ................................................................. 9 1.3. Profundidade de campo ........................................................................ 13 1.4. Tipologia dos Enquadramentos ................................................................ 14 1.5. AMovimentos de câmera ........................................................................ 29 1.6. Eixo de Gravação ................................................................................ 29 1.7. Decupagem técnica ............................................................................. 32 UNIDADE 2 ................................................................................................. 37 2.1. Iluminação e Cores .............................................................................. 37 2.2. Figurino ........................................................................................... 46 2.3. Maquiagem ....................................................................................... 57 2.4. Efeitos Especiais/ Visuais ...................................................................... 61 ATIVIDADES ................................................................................................ 64 UNIDADE 3 ................................................................................................. 65 3.1. Montagem, Trucagem e Jump Cut ............................................................. 66 3.2. Montagem em continuidade .................................................................... 67 3.3 Montagem Relacional ............................................................................ 73 ATIVIDADES ................................................................................................ 76 5 Bem-vindo à disciplina de Linguagem Au- diovisual! Neste espaço, você entrará em contato com o sentido da linguagem audiovisual, da forma como as imagens e os sons se ar- ticulam para construir uma forma de nar- rativa. As imagens captadas do mundo real ou produzidas artificialmente. 6 Olá estudantes, Nesta unidade, iremos tratar a respeito das características da imagem e do som, do tempo e do espaço no audiovisual. Sobre a profundidade de campo, a tipologia dos enquadramentos, os movimentos de câmera, o eixo de gravação e a aplicação de decupagem técnica. Estes conhecimentos são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer trabalho audiovisual e são constitutivos da linguagem que cria e constrói narrativas audiovisuais. 7 1.1. Características da Imagem e do som - Som Nosso primeiro contato será para compreender os sentidos da imagem e do som, nossa matéria prima de trabalho na linguagem audiovisual. O conceito de imagem é amplo. Aqui, neste espaço, trataremos da imagem fílmica, a imagem que é captada por um determinado dispositivo técnico e cria a ilusão do movimento. Conheceremos uma reflexão que analisará o sentido da imagem no audiovisual, do autor Marcel Martim: “A imagem constitui o elemento básico da linguagem cinematográfica. Ela é a matéria prima fílmica e desde logo, porém, uma realidade particularmente complexa. Sua gênese, com efeito, é marcada por uma ambivalência profunda: resulta de uma atividade automática de um aparelho técnico capaz de reproduzir exata e objetivamente a realidade que lhe é apresentada, mas ao mesmo tempo essa atividade se orienta no sentido preciso desejado pelo realizador.” (MARTIN, p. 21) Vamos extrair dessa reflexão alguns pontos importantes. 1. A imagem constitui o elemento básico da linguagem cinematográfica. Neste curso, trabalharemos como construir imagens e sons para obras audiovisuais, a imagem é a nossa matéria prima – o que não significa que seja destacado a ela um grau de importância maior – ou seja, precisamos entender e decodificar as imagens para construir narrativas audiovisuais com elas. 2. Sua gênese, com efeito, é marcada por uma ambivalência profunda: resulta de uma atividade automática de um aparelho técnico capaz de reproduzir exata e objetivamente a realidade que lhe é apresentada, mas ao mesmo tempo essa atividade se orienta no sentido preciso desejado pelo realizador. Referências ¿ 8 Quando captamos uma imagem do mundo real o que obtemos? A realidade ou uma representação da realidade? A câmera é operada por alguém que define o que será registrado ou não. As imagens e os sons passam por vários tratamentos até chegarem aos espectadores como “produto final” ,ou seja, desde a captação, a imagem é a escolha de alguém sobre determinado tempo e espaço e poderá ainda, passar por vários tipos de cortes e processamentos até adquirir o seu formato final. Uma imagem, neste sentido, não é a realidade objetiva e sim a representação de algo que foi captado. Fique ligado! Quando tratamos das imagem em movimento consideramos que: A imagem em movimento é o elemento básico da linguagem audiovisual; A imagem em movimento resulta da atividade de um aparelho técnico; A imagem em movimento é o resultado desejado pelo realizador. Em relação ao som no audiovisual, vamos destacar algumas características importantes: O som sempre acompanhou o audiovisual, no começo, as salas de cinema contavam com o acompanhamento de um instrumentista, geralmente, ao piano, ou a figura do explicador, que é registrada no início do cinema como alguém que explicava a narrativa dos filmes. 9 Com o desenvolvimento tecnológico, o som passou a ocupar um espaço fundamental nas construções fílmicas, por isso, o autor Marcel Martim destaca que os sons apresentam características importantes aos audiovisuais: na construção da impressão de realidade, realizam, também a continuidade sonora. Os diálogos e entrevistas acrescentaram aos filmes, a utilização normal da palavra, e inclusão do som levou o explicador para dentro das obras com a voz em off. Com o sons, a inclusão de silêncios dentro das obras são feitas de forma a criar um impacto e os sons também são responsáveis pela inclusão de possíveis elipses, além da música, com trilhas compostas especificamente para as obras ou não desempenham funções rítmicas, dramáticas ou líricas nas obras. Nossos elementos básicos de trabalho são a reunião entre o áudio e o vídeo, que juntos, constituem as estruturas básicas da linguagem audiovisual.1.2. Tempo e Espaço no audiovisual Tratamos sobre o sentido da imagem e do som na construção da linguagem audiovisual. Agora vamos à construção do tempo e do espaço fílmicos como elementos constitutivos da linguagem. 1.2.1. O Tempo no audiovisual Vamos refletir agora sobre a noção de tempo no audiovisual. Você já notou que um filme pode contar uma história de cem anos em uma hora? E que, em determinados momentos, “perdemos a noção de tempo” quando estamos assistindo a um filme ou uma obra audiovisual? 10 O tempo no audiovisual, segundo Marcel Martim (p.214), pode ser dividido em três aspectos diferentes: O tempo de projeção – duração objetiva de uma obra audiovisual. O tempo da ação – a diegese. O tempo da percepção - como o espectador se relaciona com a obra. Em algumas, ¿ iremos mergulhar e em outras as cenas parecerão se arrastar (tédio). De forma mais contemporânea, nossa relação de tempo no audiovisual se alterou com as possibilidades de acesso via internet e com as plataformas de vídeo sob demanda (VOD). Fique ligado! O tempo do cinema é diferente do tempo cronológico. O tempo específico da linguagem cinematográfica permite ao filme a construção de uma estrutura temporal única que diz respeito somente àquela história. Em uma hora de projeção, é possível contar uma história que envolve séculos do tempo cronológico. Podemos retroceder no tempo e avançar no futuro. O tempo no cinema é objeto de criação. Existe também, o tempo do espectador, que traz para o seu tempo presente o filme sempre que o assiste. (Barcelos, 2010) Mas o que é diegese no audiovisual? Segundo o autor Chris Rodrigues: “Ação temporal do filme, ou seja, existe sempre que houver mudança de tempo, longa ou curta, na estrutura do filme. Exemplo de diegese curta: sempre que há um corte de um plano para outro, subentende-se um determinado espaço de tempo. Exemplo de diegese longa: quando, de um plano para outro, a ação se passa em dias, semanas, meses ou mesmo anos.” (p.26) 11 E para Costa: “O processo pelo qual o trabalho de narração constrói um enredo que deslancha de forma aparentemente automática, como se fosse real, mas numa dimensão espaço-temporal que não inclui o espectador” Costa, Flávia Cesarino. O primeiro cinema: espetáculo, narração e domesticação. São Paulo: Scritta, 1995. 1.2.2. O Espaço no audiovisual O espaço é um importante elemento de análise da linguagem audiovisual. Vejamos: Espaço: onde se dá a ação do filme, como criação fílmica; pode existir de fato, como um espaço referente no mundo real, ou pode ser criado por animação clássica ou tecnologias digitais. O espaço pode representar um sonho, outro planeta, uma caixa. Por meio da montagem, é possível alterar o espaço do campo de visão do espectador rapidamente, de um continente a outro, por um simples corte. Existem também os espaços de exibição como a sala de cinema, a sala de casa etc. Segundo Martim, (p.197) no cinema, percebemos dois tratamentos de espaço: Reprodução do espaço: reprodução de um espaço real por meio dos movimentos de câmera e; Produção: produção de espaços por meio da justaposição de cenas. Para entender melhor o efeito da produção de espaços o autor cita o “Efeito Kulechov”. 12 No Efeito Kuleshov, percebemos uma montagem de imagens em que um rosto de um ator, sem expressão definida, é associado a outras imagens. Ao associar o rosto do ator a estas imagens (que também pode ser entendida como uma associação de tempos e espaços diferentes) criamos o efeito Kuleshov. Vejamos: Homem + caixão de criança = tristeza Homem + Prato de sopa = fome Homem + Mulher = desejo Esta experiência demonstra que imagens de tempos e espaços diferentes, em associação, podem causar sensações e interpretações diferentes no espectador. Figure : Efeito Kuleschov. Imagem disponível em: https://bit.ly/2xkUDFx 13 Imagem disponível em: https://bit.ly/2xkUDFx 1.3. Profundidade de campo A profundidade de campo é o que determina a nitidez dos elementos de cena. O que está em foco e o que propositalmente desfocamos é obtido através das regulagens específicas das câmeras. A profundidade de campo é utilizada para destacar a imagem específica que buscamos na composição da cena. (Barcelos, p.139, 2010) O conceito de profundidade de campo é importante na análise da linguagem audiovisual para identificar o que está em foco e os aspectos da imagem que não estão. O momento da focalização e as opções da direção em focalizar determinados elementos na cena. 14 1.4. Tipologia dos Enquadramentos Agora que percorremos por alguns conceitos importantes da linguagem audiovisual, vamos abordar a organização dos enquadramentos. A ação de “enquadrar” uma imagem ou escolher o que entra em quadro é uma das tarefas mais importantes para contar uma história por imagens. É nesse momento que decidimos como gravar os planos que farão parte das sequências da nossa obra audiovisual. Mas o que são planos, cenas e sequências? O plano é a menor unidade do enquadramento. O plano está situado entre dois cortes da imagem em movimento. PLANO: Enquadramento específico que mostra o fragmento de uma determinada imagem. É a unidade mínima de captação com sentido próprio e ocorre entre o ligar e o desligar da câmera. Através dele conhecemos o contexto da história - por meio de planos abertos - ou observamos detalhes e expressões faciais - com os planos fechados, movimento de câmera, ângulos específicos etc. CORTE: o corte em cinema é quando nos referimos a imagem durante o processo de captação e edição. Nessas duas fases, a imagem sofre o processo de corte. A montagem feita em película sofre um processo físico de corte, e a montagem, nessa perspectiva, é um processo de seleção, cortes e junção. Um termo utilizado no processo de edição é o corte seco, que significa a passagem entre as cenas sem efeitos. Outro conceito importante é o de Cena: CENA: conjunto de planos que se passam em um mesmo espaço e tempo na narrativa diegética. O conjunto de cenas, que se organizam em uma determinada unidade dramática, é chamado de SEQUÊNCIAS. Vamos observar como exemplo a cena inicial do filme O HOMEM QUE COPIAVA do diretor Jorge Furtado. Ao lado do roteiro literário estão destacadas imagens de diferentes planos que foram utilizados para compor a cena. 15 O HOMEM QUE COPIAVA roteiro de Jorge Furtado versão junho/2001 produção: Casa de Cinema de Porto Alegre ******************************************************************* CENA 1 - SUPERMERCADO - INTERIOR/DIA ANDRÉ, 18 anos, magro, roupas simples, mochila nas costas, está na fila de um caixa de supermercado. Atrás dele, um HOMEM, 50 anos, com dois pacotes na mão. Atrás do homem, uma SENHORA, 40 anos, e uma CRIANÇA de 5 anos, com um carrinho cheio de compras. André tira do bolso sua a carteira de dinheiro enquanto a MOÇA do caixa, 18 anos, vai passando as compras de André: esponja para lavar pratos, detergente, leite, pão, margarina, fósforos. André confere o dinheiro na carteira. ANDRÉ Quanto deu até agora? MOÇA Oito e vinte e cinco. ANDRÉ Tudo bem. 16 Ela passa a carne e registra. ANDRÉ Quanto? MOÇA Onze e trinta. ANDRÉ (surpreso) Quanto é a carne? MOÇA Três e cinco. ANDRÉ Não vai dar. Eu só tenho onze e cinqüenta. MOÇA Deu onze e trinta. ANDRÉ É que eu preciso levar o álcool. Quanto é o álcool? MOÇA Um e vinte. ANDRÉ Pois é, não vai dar. Desculpe, mas é que eu preciso levar o álcool. 17 MOÇA Eu já registrei a carne. Ao fundo, um CASAL entra na fila. ANDRÉ Não dá para tirar o detergente? Quanto é o detergente? MOÇA Eu já registrei o detergente. ANDRÉ Eu sei, desculpe. Mas é que eu preciso levar o álcool. A mulher e o homem na fila estão visivelmente irritados com a demora dele. MOÇA O que eu faço? ANDRÉ É que... eu preciso levar o álcool mesmo, desculpe. A moça, mal contendo a irritação, toca uma campainha que acendeuma luz sobre o caixa. O homem na fila troca de caixa, resmungando, irritado. O SUB-GERENTE,30 anos, camisa branca, crachá e calça de tergal cinza, chega ao caixa. MOÇA Tenho que abrir. 18 SUB-GERENTE O que foi? Uma VELHINHA chega e entra na fila. ANDRÉ Desculpe, mas eu preciso levar o álcool. Não vi que a carne era tão cara. SUB-GERENTE Quanto é que você tem? ANDRÉ Tenho onze e cinqüenta. O sub-gerente examina a conta. SUB-GERENTE A conta deu onze e trinta. ANDRÉ É que eu preciso levar o álcool, que ainda não está na conta. SUB-GERENTE Quanto é o álcool? MOÇA Um e vinte. O Sub-Gerente, visivelmente irritado, examina André enquanto tira uma chave do bolso mexe na registradora. 19 MOÇA Você vai tirar o quê? ANDRÉ Quanto é o detergente? MOÇA Um e quinze. Se deixar a carne, dá. ANDRÉ E a esponja? MOÇA A esponja é quarenta. André pensa um pouco, faz contas. MOÇA E aí? ANDRÉ Tudo bem, deixa a carne. A Moça separa a carne, registra o álcool. MOÇA Nove e quarenta e cinco. André paga. A Moça dá o troco em moedas. André pega o troco e sai, sob o olhar irritado do gerente e dos outros clientes. Reproduções do Filme: O HOMEM QUE COPIAVA 20 Perceberam a quantidade de planos utilizados para a criação visual desta cena? Enquadramentos Os planos podem ser de diferentes formatos. Escolher um plano é direcionar o olhar do nosso espectador para aquilo que desejamos enquadrar. Um plano poderá ser bem aberto e mostrar todo um ambiente, como poderá ser bem fechado e mostrar um pequeno detalhe como um anel. Cada formato de plano serve na linguagem audiovisual para um determinado fim e não existe uma nomenclatura única para os nomes dos enquadramentos, você poderá encontrar variações na literatura. O importante é conhecê-los bem para poder decidir que planos escolher durante as gravações. Saiba mais! Procure assistir à obras audiovisuais e preste atenção a quantidade de planos que são apresentados ao espectador. E lembre-se, a cada corte da imagem é um novo plano. 21 Vamos lá! Agora, conheceremos os principais tipos de planos (reproduções do filme “O Homem que Copiava”). PLANO GERAL: plano em que a lente apresenta uma grande abertura. Com esse enquadramento, o espectador conhece um determinado ambiente e o contexto de uma cena. PLANO DE CONJUNTO: plano aberto que mostra um grupo entre duas a quatro pessoas, com variações, enquadradas em cena. O plano de conjunto é mais fechado que um plano geral e mostra um olhar específico em uma determinada ação coletiva. PLANO AMERICANO: enquadramento do personagem do joelho para cima; criado nos filmes de western americanos para enquadrar o cowboy com a mão no coldre. 22 PLANO INTEIRO: plano aberto que enquadra uma pessoa de corpo inteiro. PLANO MÉDIO: plano fechado que mostra o personagem da cintura para cima. 23 PRIMEIRO PLANO ou PLANO PRÓXIMO: plano fechado que enquadra o personagem do busto para cima. CLOSE: enquadramento do rosto do personagem; plano que destaca a expressão do personagem, conferindo mais dramaticidade à cena. 24 PLANO DE DETALHE: enquadramento de algo pequeno, um detalhe importante para dar destaque ou um sentido especial à cena; pode ser um objeto, uma parte do corpo etc. PLANO-SEQUÊNCIA: consiste em gravar uma ou até todas as sequências de um filme em um único plano. Exemplo: Os filmes Festim Diabólico e Ainda Orangotangos. 25 Além da escolha do plano, que será utilizado na cena, você decidirá, também, em qual ângulo será gravado. Os ângulos básicos são: Ângulo reto: na altura dos olhos do personagem. 26 Plongê (mergulho em francês) – câmera posicionada de cima para baixo (imagine que a câmera fará um mergulho). Contra-plongê – câmera posicionada de baixo para cima (submergindo). 27 Depois de escolher o plano e o ângulo de filmagem, você decidirá sobre em qual lado do ângulo gravará. Segundo o diretor Carlos Gerbase, no livro: Cinema: Primeiro Filme, você irá decidir entre quatro posições principais: 1. Frontal – A câmera está de frente com o objeto gravado. 2. ¾ - A câmera forma um ângulo de aproximadamente 45 graus com a pessoa que está sendo filmada. 28 3. Perfil – A câmera está em um ângulo de aproximadamente 90 graus com a pessoa gravada. 4. Nuca – a câmera grava a personagem de costas. 29 1.5. Movimentos de câmera A câmera pode gravar as imagens em um único enquadramento de forma fixa – nesse caso, os personagens e as imagens passam por ela – ou em movimento, quando acompanha o deslocamento dos personagens durante a ação. Movimentos básicos de câmera: PANORÂMICA: movimento da câmera a partir de um ponto fixo; consiste em um deslocamento da câmera em seu próprio eixo de forma horizontal ou vertical; quando feito de forma rápida, é chamado de chicote. TRAVELLING: deslocamento total da câmera, que pode ser horizontal, vertical, em curvas, geralmente, com o auxílio de um carrinho ou um trilho. ZOOM: aproximação da imagem do objeto por meio de lente específica. Sem que a câmera sofra um deslocamento físico, o zoom aproxima-se ou se afasta dos objetos por meio de um jogo específico de lentes. 1.6. Eixo de Gravação O eixo de gravação está relacionado com a posição que a câmera ocupa durante a filmagem, com o objetivo de seguir determinado eixo para dar continuidade à ação dos personagens. Quando estamos gravando os planos de uma cena, é necessário observar as posições em que as câmeras são colocadas no espaço de filmagem, os personagens e objetos devem permanecer na mesma direção para que não haja “quebra de eixo”. 30 Vejamos: Uma bola vem rolando da esquerda para direita, a câmera está posicionada em um dos lados do eixo de 180 graus. Se em um segundo plano colocarmos a câmera no outro lado do eixo a direção da imagem que segue o percurso da bola irá se inverter para o espectador, causando desorientação visual da sequência da cena. Por isso, é fundamental escolher um dos eixos e manter as câmeras neste durante toda a gravação da cena. Para inverter o eixo de gravação, é importante mostrar esta ação ao espectador com um movimento de câmera e/ou movimento dos atores em determinado plano. Fique ligado! Muitos diretores quebram o eixo de gravação em seus filmes para causar um determinado efeito nos espectadores. As regras da linguagem audiovisual nos auxiliam na construção das narrativas, mas, como toda linguagem, ela está em constante transformação e você poderá quebrar a regra para causar algum efeito visual necessário ao filme. 31 Saiba mais! Assista aos filmes Touro Indomável e O Iluminado, nestas obras os diretores quebraram o eixo de gravação em determinadas cenas para colocar o espectador em desorientação. Veja os filmes e tente encontrar as cenas de quebra de eixo! TOURO INDOMÁVEL, 1980 (2h 09min) Direção: Martin Scorsese Elenco: Robert De Niro, Cathy Moriarty, Joe Pesci mais Gêneros Drama, Biografia Nacionalidade: EUA O ILUMINADO, 1980 (2h 26min) Direção: Stanley Kubrick Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd mais Gênero Terror Nacionalidades Reino Unido, EUA 32 1.7. Decupagem técnica A decupagem técnica é o processo de transformar um roteiro literário em planos, ângulos e movimentos de câmera. A decupagem técnica deve ser realizada antes das gravações é neste momento que você imaginará os planos e como eles combinam em uma sequência visual. Ao analisar a cena do roteiro literário, você decodificará em planos de captação. Vejamos neste exemplo do filme O Homem que Copiava do diretor Jorge Furtado: CENA 16 - PAPELARIA - INTERIOR/DIA André lê um gibi. Detalhes do gibi. ANDRÉ (VS) Pelo menos sobra tempo para ler na loja. André faz cópias. ANDRÉ (VS) A maior parte do tempo eu fico lendo as coisas que as pessoas trazem para copiar. Enquanto eu estou tirando as cópias, só consigo ler algumas linhas de cada folha. Já é alguma coisa. 33 34 35 Tabela de decupagem: 36 Vamos praticar! Você pode separar uma cena de um roteiro já gravado, analisar as propostas de cenas do diretor e elaborar uma decupagem técnica a partirdas cenas já gravadas ou fazer uma nova proposta de decupagem com a sua imaginação. Esta, foi a primeira unidade da disciplina de linguagem audiovisual. Aqui, trabalhamos os conceitos iniciais de linguagem que são fundamentais para analisar obras audiovisuais e também para aqueles que irão produzir suas próprias obras. Até a próxima unidade!
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