Prévia do material em texto
Prof. Thiago Leite, Prof. Matthaus Marçal Pavanini Cardoso 6 Proteção Florestal Direito Ambiental Carreiras Jurídicas Documento última vez atualizado em 25/11/2024 às 13:21. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 1/113 3 6 19 30 48 50 51 54 56 77 81 86 95 112 Índice 6.1) Aspectos Históricos, Rio 92 e CF/1988 6.2) Normas Gerais CFlor 6.3) Áreas de Preservação Permanente - APPs 6.4) Área de Reserva Legal 6.5) Supressão de Vegetação para uso Alternativo do Solo 6.6) Cadastro Ambiental Rural - CAR 6.7) Supressão de Vegetação para Exploração Florestal 6.8) Controle da Origem dos Produtos Florestais 6.9) Proibição do uso do Fogo e Controle de Incêndios 6.10) Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente 6.11) Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais - PNPSA 6.12) Cota de Reserva Ambiental - CRA 6.13) Programa de Regularização Ambiental e Áreas Consolidadas 6.14) Lista de Questões 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 2/113 Aspectos Históricos, Rio 92 e CF/1988 Luís Paulo Sirvinskas destaca que a legislação protetiva da flora brasileira sempre foi feita de forma esparsa tutelando alguns bens ambientais específicos, como a Lei de proteção do pau brasil, não havendo, àquela época, uma preocupação de ordem sistêmica e geral. Uma tentativa de sistematização ocorreu com a edição do Código Florestal de 1934, por meio do Decreto 23.793/34. A norma visava preservar as florestas, estabelecendo as regras para exploração florestal e as sanções a serem aplicadas em caso de descumprimento de seus preceitos. Fato histórico importante foi a definição da natureza jurídica das florestas brasileiras feita pelo Decreto 23.793/34 como sendo “bens de interesse comum a todos os habitantes do país” e ratificado pelo novo Código Florestal (art. 2º, da Lei 12.651/2012), sendo, como sedimentado hodiernamente na doutrina, bem de interesse de toda a coletividade, de natureza difusa e transindivual. Em face da ineficácia de algumas normas previstas no Código Florestal de 1934, tendo presente as significativas mudanças no modo de produção agrícola e a crescente onda de destruição das florestas brasileiras, foi editada a Lei Federal 4.771/65, que institui o Novo Código Florestal, que teve como principal norma protetiva o estabelecimento do dever do proprietário de respeitar as áreas de preservação permanente e a necessidade de reservar parte do solo de imóvel rural para fins de conservação da vegetação existente. As pressões para a preservação das florestas ganharam força normativa com a edição da Constituição Federal de 1988, que além de atribuir aos agentes políticos a competência administrativa material comum de proteção das florestas (art. 23, VII), permitiu que todos os entes federativos pudessem legislar sobre sua proteção (art. 24, VI) reforçado a importância da competência legislativa concorrente em matéria ambiental, considerando que na revogada Constituição de 67/69 a competência era privativa da União. Ademais disso, previu expressamente, em seu art. 225, a incumbência do Poder Público de proteger a flora vedando as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. A Lei Federal 4.771/65 foi revogada em 2012, pela Lei 12.651, conhecida como novo Código Florestal, sofrendo profundas mudanças no mesmo ano pela edição da Medida Provisória 571/2012, convertida na Lei 12.727/2012. Segundo doutrina majoritária, o Código Florestal tem a atual roupagem por força de fortes pressões políticas, notadamente da bancada ruralista no Congresso Nacional objetivando diminuir parte da proteção ambiental já existente e permitir que situações de dano ambiental consolidada fossem, de certa forma, abrandadas pela nova norma. Não se deve negar as importantes inovações trazidas pela norma para a proteção do meio ambiente, como a instituição das Cotas de Reserva Ambiental - CRA. Por outro lado, deixou a desejar ao permitir que situações de danos ao meio ambiente perpetradas antes de sua vigência pudessem ter as punições abrandadas. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 3/113 A Conferência do Rio de 1992 (Rio-92) elaborou um documento denominado Declaração dos Princípios das Florestas, que, embora não tenha força jurídico-normativa por não ter havido consenso dos países signatários da Rio-92, por questões de ordem político-econômica, serviu de base normativa e de fator de influência para as legislações editadas após sua elaboração. Essa Declaração oficial de princípios objetivou um consenso global sobre a gestão, conservação e desenvolvimento sustentáveis de todos os tipos de florestas, reforçando a tese de que as florestas são essenciais para o desenvolvimento econômico e para a manutenção de todas as formas de vida. Elenca a Declaração que os Estados têm o direito soberano de explorar seus recursos próprios em conformidade com suas políticas ambientais e têm a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional. Nesse sentido, cada País tem o direito soberano e inalienável de utilizar, gerir e desenvolver suas florestas de acordo com suas necessidades e nível de desenvolvimento socioeconômico, e, com base em políticas nacionais consistentes com o desenvolvimento sustentável e legislação, incluir a conversão de tais áreas para outros usos dentro de um plano de desenvolvimento socioeconômico baseado em políticas racionais de uso da terra. A Declaração reforça a ideia de que os recursos florestais e áreas florestais devem ser geridos de forma sustentável para atender às necessidades sociais, econômicas, ecológicas, culturais e espirituais das gerações presentes e futuras. Sustenta ainda a necessidade de que a população seja efetivamente informada sobre a real situação das florestas da localidade em que habitam por meio da prestação de informações oportunas, confiáveis e precisas sobre florestas e os ecossistemas florestais, sendo vital para a compreensão do público na tomada de decisão informada. A busca na participação da coletividade na gestão das florestas inclui os povos tribais cabendo aos países o desenvolvimento de políticas florestais que reconheçam e apoiem a identidade, cultura e os direitos dos povos indígenas, suas comunidades e outras habitantes das florestas, devendo estimular esses grupos para que possam ter um interesse econômico no uso da floresta realizando atividades econômicas, mantendo a identidade cultural e a organização social, bem como níveis adequados de subsistência e bem-estar, na tentativa de se alcançar a gestão sustentável das florestas. Por fim, a Declaração dos Princípios das Florestas ratifica a necessidade de cooperação de todos os Países signatários para promoverem um apoio internacional na busca de um clima econômico propício ao desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável das florestas em todos os países, que incluem, nomeadamente, a promoção de padrões sustentáveis de produção e consumo, a erradicação da pobreza e a promoção da segurança alimentar. Importante diferenciarmos flora de florestas. Estas fazem parte da flora sendo mais um elemento constitutivo desta e são entendidas como um conjunto de vegetação densa e elevada 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 4/113 com formação de pequenas e grandes extensões, sendo uma espécie do gênero flora. Esta abarca todas as formas de plantas sejam ou não florestas. O Código Florestal de 2012 visa não apenas proteger as florestas, mas todas as formas de vegetação, como se pode inferir de seu preâmbulo ao prevê que a norma dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Reforçando esse entendimento, o art. 1º, da Lei 12.651/2012, estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, e não especificamente das florestas, embora seja a tutela mais evidentesentido, con�ra-se ementa de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ): AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL EM PROPRIEDADE RURAL. DEMARCAÇÃO, AVERBAÇÃO E RESTAURAÇÃO. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. OBRIGAÇÃO EX LEGE E PROPTER REM, IMEDIATAMENTE EXIGÍVEL DO PROPRIETÁRIO ATUAL. VIOLAÇÃO DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. INOCORRÊNCIA. 1. A obrigação do atual proprietário pela reparação dos danos ambientais, ainda que não tenha sido ele o responsável pelo desmatamento, é propter rem, ou seja, decorrente da relação existente entre o devedor e a coisa, independente das alterações subjetivas. Dessa forma, é transferida do alienante ao novo proprietário a obrigação de demarcar e averbar no registro de imóvel a reserva legal instituída no artigo 16 do Código Florestal, não resultando disso violação qualquer do artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. 2. Agravo regimental improvido.(ADRESP 201001256665, HAMILTON CARVALHIDO, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:18/02/2011). A letra B está incorreta. ERRADO. Considerando-se que o enunciado a�rma que o imóvel se situa em área de vegetação de �oresta, no estado do Pará, está-se diante de imóvel situado na área da Amazônia Legal, conforme estabelece o art. 3º da Lei nº 12.651/12 (Código Florestal): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Além disso, o imóvel de Rafael situa-se em área rural, o que, somado ao fato de se tratar de área de vegetação de �oresta, bem como ao fato de que o imóvel "deixou de ter área de reserva legal", impõe-lhe o dever de re�orestar ao menos 80% de sua propriedade (e não apenas 50%, conforme enuncia a alternativa), de forma atingir o percentual mínimo exigido para áreas de reserva legal, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a": 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 32/113 Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de �orestas; A letra C está incorreta. ERRADO. Considerando-se que o enunciado a�rma que o imóvel se situa em área de vegetação de �oresta, no estado do Pará, está-se diante de imóvel situado na área da Amazônia Legal, conforme estabelece o art. 3º da Lei nº 12.651/12 (Código Florestal): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Além disso, o imóvel de Rafael situa-se em área rural, o que, somado ao fato de se tratar de área de vegetação de �oresta, bem como ao fato de que o imóvel "deixou de ter área de reserva legal", impõe-lhe o dever de re�orestar ao menos 80% de sua propriedade (e não apenas 30%, conforme enuncia a alternativa), de forma atingir o percentual mínimo exigido para áreas de reserva legal, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a": Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de �orestas; A letra D está correta. CORRETO. Considerando-se que o enunciado a�rma que o imóvel se situa em área de vegetação de �oresta, no estado do Pará, está-se diante de imóvel situado na área da Amazônia Legal, conforme estabelece o art. 3º da Lei nº 12.651/12 (Código Florestal): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 33/113 ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Além disso, o imóvel de Rafael situa-se em área rural, o que, somado ao fato de se tratar de área de vegetação de �oresta, bem como ao fato de que o imóvel "deixou de ter área de reserva legal", impõe-lhe o dever de re�orestar 80% de sua propriedade, de forma atingir o percentual mínimo exigido para áreas de reserva legal, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a": Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de �orestas; A letra E está incorreta. CORRETO. Considerando-se que o enunciado a�rma que o imóvel se situa em área de vegetação de �oresta, no estado do Pará, está-se diante de imóvel situado na área da Amazônia Legal, conforme estabelece o art. 3º da Lei nº 12.651/12 (Código Florestal): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Além disso, o imóvel de Rafael situa-se em área rural, o que, somado ao fato de se tratar de área de vegetação de �oresta, bem como ao fato de que o imóvel "deixou de ter área de reserva legal", impõe-lhe o dever de re�orestar 80% de sua propriedade (e não apenas 20%, como enuncia a alternativa), de forma atingir o percentual mínimo exigido para áreas de reserva legal, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a": Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amazônia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de �orestas; Redução e Ampliação da Reserva Legal por ato do Poder Público 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 34/113 Esses percentuais mínimos de reserva legal podem ser alterados para mais ou para menos por ato do Poder Público em face do nível de proteção existente em determinados territórios. Nesse sentido, caso um Munícipio já apresente em seu território um número significativo de unidades de conservação de domínio público (UC), bem como de terras indígenas (TIs), é possível reduzir o percentual de 80% referente as áreas da Amazônia Legal que apresentam imóveis situados em áreas de florestas (apenas nesse caso), para até 50%. Vejamos o esquema abaixo: O Poder Público federal poderá também reduzir os percentuais de reserva legal de 80% referente as áreas da Amazônia Legal que apresentam imóveis situados em áreas de florestas (apenas nesse caso), para até 50%. Mas há condicionantes, como a necessidade de indicativo no ZEE do estadual, bem como seja feita a redução exclusivamente para fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de imóveis com área rural consolidada, não podendo ser reduzidas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos. Cumpre destacarque o proprietário ou possuidor de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e averbada em área superior aos percentuais exigidos poderá instituir servidão ambiental sobre a área excedente, nos termos da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, [5]e Cota de Reserva Ambiental. O Poder Público federal, por outro lado, poderá ampliar os percentuais de reserva legal de todos os biomas brasileiros, em até 50% dos percentuais previstos no art. 12, do CFlor, se previsto no ZEE estadual. Mas há necessidade que a finalidade para tanto seja o cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa. Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos - ZEEs segundo a metodologia unificada, estabelecida em norma federal, tiveram o prazo de cinco anos para fazê- lo a partir de 2012 (exaurido em 2017), data da publicação do CFLor, para a sua elaboração e aprovação. Inexigibilidade de Constituição de Área de Reserva Legal A regra vigente na Lei 12.651/2012 é a necessidade de instituição de reserva legal em todas as propriedades rurais do território brasileiro nos percentuais fixados no art. 12. Ocorre que existem certas hipóteses em que a sua constituição não será exigida. Essas situações foram elencadas nos §§ 7º e 8º, do art. 12, do CFlor. São hipóteses de interesse social que legitimam a não salvaguarda obrigatória de uma área de proteção, como os empreendimentos para abastecimento de água e tratamento de esgoto, bem como áreas desapropriadas com a finalidade de implantação ou ampliação da capacidade de rodovias e ferrovias. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 35/113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm Localização da área de Reserva Legal O proprietário ou o possuidor do imóvel rural é obrigado à instituição da reserva legal por força de lei (CFlor). Mas a localização, que será inicialmente indicada por ele quando do registro da propriedade no Cadastro Ambiental Rural, deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente integrante do Sisnama, que deverá realizar a análise do pedido de instituição da reserva legal com a regular vistoria do imóvel. Considerando a impossibilidade de o aparelhamento estatal conseguir atender as demandas para regularização das reservas legais, a Lei 12.651/2012 permitiu a delegação a instituições privadas, regularmente aprovadas pelo órgão ambiental, da prática de atos materiais como a aprovação da localização da reserva legal após a inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR. O proprietário ao indicar a área no CAR, e, o órgão estadual competente ou a entidade privada contratada, deverão observar critérios ambientais específicos para a escolha da área dentro da propriedade rural que será intitulada de Reserva Legal, nos termos do art. 14, do CFLor. São eles: o plano de bacia hidrográfica; o Zoneamento Ecológico-Econômico; a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida; as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e as áreas de maior fragilidade ambiental. A ideia de observância desses critérios é a manutenção de ecossistemas que não encontram fronteiras físicas delimitadas pelas propriedades e que devem ser preservados para a manutenção do equilíbrio ecológico. Exemplo disso é uma propriedade rural que tangencia uma Unidade de Conservação - UC. Nesse caso, o ideal é que a reserva legal também fique exatamente nos limites da UC de forma a aumentar o buffer entre ela e a propriedade rural objetivando uma maior garantia da proteção da flora e da fauna existente na localidade. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 36/113 Assinale-se que o simples protocolo do pedido com a documentação apropriada para análise da localização da área de reserva legal, impede que seja o proprietário ou possuidor sancionado administrativamente por não ter constituído a reserva legal. Assim, não poderá o agente ambiental lavrar auto de infração por não ter sido formalizada a área de reserva legal se pendente de análise pelo órgão ambiental estadual competente. Isso não implica dizer que não poderá ser sancionado por outras infrações administrativas ao meio ambiente. A não averbação da reserva legal, nos termos do art. 55, do Decreto 6.514/2008, representa infração administrativa ao meio ambiente passível de sanção de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração da área de reserva legal que deveria ser averbada. O autuado será advertido para que, no prazo de 180 dias, apresente termo de compromisso de regularização da reserva legal, período em que a multa diária será suspensa. Caso o autuado não apresente o termo de compromisso, deverá a autoridade ambiental cobrar a multa diária desde o dia da lavratura do auto de infração. Área de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente Aqui reside uma das maiores críticas dos doutrinadores ambientalistas no que tange a diminuição da proteção ambiental com o advento do atual Código Florestal. Isso porque entendem que houve retrocesso ecológico ao prever a possibilidade de decote das áreas de APPs na mensuração do percentual de Reserva Legal, tendo em vista que a regra, no revogado código florestal de 1965, era pela não possibilidade de tal cômputo, ressalvado exceções específicas. O art. 15, do CFlor, prevê expressamente a possibilidade de cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, como regra, devendo ser atendido requisitos específicos como a necessidade de a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, bem como não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, tendo o proprietário ou possuidor a obrigação de requerer a inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR. Vejamos um exemplo: Se um imóvel rural localizado no Rio Grande do Sul (que exige 20% de Reserva Legal) já apresente 10% de área de preservação permanente (margem de rio que passa pela propriedade) e 0% de Reserva Legal, somente precisará recompor 10% da reserva legal após computar os 10% da área de APP, totalizando os 20% obrigatórios para aquela localidade. Importante destacar que esse computo é apenas para fins de quantificação da área total de reserva legal a ser preservada em nada interferindo em seu aspecto qualitativo. Melhor dizendo, esse percentual de área de APP computada deve seguir o mesmo regime jurídico restritivo previsto para essas áreas protegidas, não podendo, em regra, ser objeto de exploração econômica como ocorre nas áreas de reserva legal. Será sempre possível ao proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural – CAR, cuja área ultrapasse o mínimo exigido no CFlor, 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 37/113 utilizar a área excedente para fins de constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental ou outros instrumentos de gestão florestal previstos no CFlor. A regra é que a área de APP utilizada para computo da reserva legal não possa ser convertida em área para o uso alternativo do solo. Ocorre que se a área da APP somada com as demais florestas e outras formas de vegetação nativa existentes no imóvel ultrapassarem os 80% em área de florestas da Amazônia Legal, o proprietário ou possuidor poderão utilizar novas áreas para uso alternativo do solo. Acerca deste tema, o STF decidiu que a regra prevista no CFlor é retroativa, devendo ser aplicada aos TACs firmados anteriormente à publicação do Código, determinando ao STJa reforma de decisões que impediam a aplicação retroativa: (...) A eficácia retroativa da Lei 12.651/2012, que permitiu, por força geral dos arts. 61-A, 61- B, 61-C, 63 e 67, o reconhecimento de situações consolidadas e a regularização ambiental de imóveis rurais a partir de suas novas disposições, e não a partir da legislação vigente na data dos ilícitos ambientais, é justamente um dos pontos declarados constitucionais nos julgamentos das ADIs e da ADC indicadas como paradigma contrariado. Configura, portanto, ofensa aos paradigmas de confronto indicados, a decisão do STJ que negou, ao caso concreto, a eficácia dos dispositivos da Lei 12.651/2012, considerados constitucionais por esta CORTE. (...) Diante do exposto, com base no art. 161, parágrafo único, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, JULGO PROCEDENTE o pedido de forma que seja cassado o acórdão impugnado, determinando à Corte de origem que profira nova decisão, em atenção ao que decidido por este SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL nas ADI’s 4.901, 4.902, 4.903, 4.937 e na ADC 42. (STF – Decisão Monocrática. Rcl 69816 / SP - SÃO PAULO. Rel. Min. Alexandre de Moraes. Data do Julgamento: 12/07/2024) O art. 16, do CFlor, permite a instituição de Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percentual em relação a cada imóvel, podendo ainda, no parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal ser agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 38/113 Regime de Proteção das Áreas de Reserva Legal Conforme já salientamos, a Área de Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título de imóvel rural, não importando a natureza da pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado. É uma obrigação de natureza real de caráter geral que atinge a todas as propriedades rurais que atendam às condições fixadas no CFlor. A qualidade da pessoa para constituição da reserva legal é irrelevante, isso porque, o que efetivamente importa são os atributos da propriedade. Diferentemente das Áreas de Preservação Permanente, é admitida, como regra, a exploração econômica da Reserva Legal. Mas essa atividade deve ser exercida de forma equilibrada por meio de manejo sustentável das espécies florestais. Há duas modalidades de manejo florestal admitidos para as reservas legais: (1) o manejo sustentável sem propósito comercial para consumo na propriedade e (2) o manejo sustentável para exploração florestal com propósito comercial, que exige, neste último caso, aprovação prévia do órgão ambiental competente integrante do Sisnama. Sendo a propriedade rural considerada posse rural familiar ou pequena propriedade, os órgãos integrantes do Sisnama deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação dos planos de manejos. Estando a área de Reserva Legal desmatada, há responsabilidade civil objetiva pautada na teoria do risco integral, para que o proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título recupere a área e suspenda as atividades exploratórias de forma imediata se a supressão da vegetação nativa ocorreu antes da edição do Decreto 6.514/2008 (22/07/2008). A área de reserva legal deve ser regularmente registrada no órgão ambiental competente por meio da inscrição no Cadastro Ambiental Rural-CAR. Não há mais a necessidade de averbação da reserva legal no cartório de registro de imóveis, bastando a informação ser disponibilizada no CAR e aprovada pelo órgão ambiental. Após isso, mesmo que o imóvel seja 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 39/113 transmitido a qualquer título ou ocorra o seu desmembramento, é vedada a alteração de sua destinação, ressalvados os casos previstos no CFlor. Para o registro no CAR, o proprietário deverá apresentar planta e memorial descritivo do imóvel rural contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração, a ser definido por ato do chefe do Poder Executivo. Caso não seja o proprietário (não tem título do imóvel), mas um possuidor a qualquer título, o registro da Reserva Legal é assegurado por meio de termo de compromisso firmado entre ele e o órgão competente do Sisnama, com força de título executivo extrajudicial, devendo o documento conter, no mínimo, a localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas pelo possuidor. A obrigação de constituição e manutenção da reserva legal é mandamento ex legis impondo ao proprietário ou possuidor o dever de cuidado com a cobertura vegetal e exploração sustentável da área objeto da proteção. Só há desoneração dessa obrigação (extinção) quando o imóvel rural perder essa qualidade (deixa de ser rural) por meio do registro do parcelamento do solo para fins de urbanos aprovados seguindo a legislação específica e constante do plano diretor. A simples inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou possuidor da manutenção da área de reserva legal. Quanto ao manejo florestal sustentável em área de reserva legal, o CFlor definiu que devem ser adotadas práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo sustentável sem propósito comercial para consumo na propriedade e manejo sustentável para exploração florestal com propósito comercial. Este depende de autorização do órgão competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações: (1) não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação nativa da área; (2) assegurar a manutenção da diversidade das espécies; (3) conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, ao seu turno, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando houver; a época de maturação dos frutos e sementes, bem como as técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 40/113 Questão 2019 | 62122081 A administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo, e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da �ora, bem como a utilização de outros bens e serviços, nos termos da Lei nº 12.651/12, é o conceito de A) Área de Preservação Permanente. B) Reserva Legal. C) uso alternativo do solo. D) área rural consolidada. E) manejo sustentável. Solução 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 41/113 Gabarito: E) manejo sustentável. Trata-se de questão que exige do candidato o conhecimento sobre conceitos previstos no Código Florestal. Mais especi�camente requer a questão o conhecimento sobre o art. 3º, da Lei 12651/2012. Boa sorte! A letra A está incorreta. ERRADA O conceito de área de preservação permanente é bem distinto do narrado na questão. Perceba que a questão de�ne uma forma de atuação através de um verbo, ou melhor, uma forma de ação, enquanto que a área de preservação permanente é de�nida como local, nos termos do art. 3º, II, da Lei 12651/2012. Nesse sentido: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não porvegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o �uxo gênico de fauna e �ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; A letra B está incorreta. ERRADA O conceito de reserva legal é bem distinto do narrado na questão. Perceba que a questão de�ne uma forma de atuação através de um verbo, ou melhor, uma forma de ação, enquanto que a reserva legal é de�nida como local, nos termos do art. 3º, III, da Lei 12651/2012. Nesse sentido: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da �ora nativa; A letra C está incorreta. ERRADA 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 42/113 O uso alternativo do solo é substituição da vegetação com outras atividades, nos termos do art. 3º, VI, da Lei 12651/2012. Nesse sentido: VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana; A letra D está incorreta. ERRADA O conceito de área rural consolidada é bem distinto do narrado na questão. Perceba que a questão de�ne uma forma de atuação através de um verbo, ou melhor, uma forma de ação, enquanto que a área rural consolidada é de�nida como local, nos termos do art. 3º, VI, da Lei 12651/2012. Nesse sentido: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana; A letra E está correta. CERTA Realmente a assertiva traz o conceito de manejo sustentável que é justamente a administração da vegetação com obtenção de benefícios das mais variadas formas, nos termos do art. 3º, VII, da Lei 12651/2012. Nesse sentido: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 43/113 utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da �ora, bem como a utilização de outros bens e serviços; Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas A Lei 12.651/2012 definiu o regime de proteção para as áreas verdes urbanas entendidas estas como espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais. A proteção das áreas verdes é de competência precípua dos Municípios, a quem cabe discipliná-las e defini-las podendo utilizar-se de instrumentos próprios de política urbana para consecução desse mister estabelecidos pelo CFlor em seu art. 25, como, o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes. Nesse ponto, a lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), definiu, em seu art. 25, o direito de preempção ao Poder Público municipal concedendo a preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar, dentre outras finalidades, de áreas para criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes, nos termos do art. 26, do Estatuto da Cidade. Na verdade, o CFlor apenas reforça a possibilidade do exercício desse direito dos Municípios. Outro instrumento que detém os Municípios para criação e instituição das áreas verdes urbanas é a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas. Nesse sentido, imóvel que antes apresentava área de reserva legal por ser qualificado como rural, terá a reserva legal extinta, nos termos do art.19, do CFlor, mas poderá ter a área convertida em áreas verdes urbanas a critério do Município, sem que o proprietário ou possuidor possa se opor a tal limitação do direito de propriedade. Poderá também o Município exigir que nos loteamentos, empreendimentos comerciais e implementação de infraestrutura a exigência de estabelecimento de áreas verdes pelo empreendedor. Isso porque é muito comum que extensas áreas sejam desmatadas para loteamento urbano, sem que haja preocupação com a flora e a fauna existente naquela região. Poderá o Município exigir que o empreendimento mantenha/crie determinada área verde, proporcional a área total a ser loteada. Por fim, os recursos oriundos de compensações ambientais, mecanismo financeiro que busca compensar os impactos ambientais que possam resultar na implantação de empreendimento ou atividade, podem ser utilizados para criação, manutenção ou mesmo recuperação das áreas verdes urbanas pelos Municípios. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 44/113 Questão 2019 | 1634038333 A Lei n.º 12.651/2012, conhecida como novo Código Florestal, dispõe sobre os instrumentos a serem utilizados pelo poder público municipal para proteção das áreas verdes urbanas, entre os quais NÃO se inclui: A) Aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. B) Direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes. C) Estabelecimento de exigência de áreas verdes nos empreendimentos comerciais. D) Registro do parcelamento do solo para �ns urbanos de loteamentos licenciados. Solução Gabarito: D) Registro do parcelamento do solo para �ns urbanos de loteamentos licenciados. O enunciado requer do candidato conhecimentos especí�cos relacionados ao Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), que estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração �orestal, o suprimento de matéria-prima �orestal, o controle da origem dos produtos �orestais e o controle e prevenção dos incêndios �orestais, além de prever instrumentos econômicos e �nanceiros para o alcance de seus objetivos. As áreas verdes urbanas podem ser conceituadas como o conjunto de espaços, públicos ou privados, que apresentam cobertura vegetal e que contribuem de modo signi�cativo para a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nas cidades. Podemos citar como exemplos de áreas verdes urbanas: praças, parques urbanos, jardins, parque balneário, jardim botânico, jardim zoológico. O Poder Público municipal poderá usar dos seguintes instrumentos para o estabelecimento de áreas verdes urbanas (artigo 25, da Lei 12.651/2012): a) Direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes (direito de preferência na aquisição de áreas entre particulares). b) Transformação de Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas. c) Exigência legal de áreas verdes em loteamentos, empreendimentos, infraestrutura, etc. d) Aplicação de recursos oriundos da compensação ambiental. A letra A está incorreta. CERTA. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 45/113 A aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental é um dos instrumentosà disposição do Poder Público Municipal para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, conforme prevê o artigo 25, IV, do CFlo. O enunciado pede para assinalar a alternativa que não traz um desses instrumentos. CFlo Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos: I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001; II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. A letra B está incorreta. CERTA. O direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes é um dos instrumentos à disposição do Poder Público Municipal para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, conforme prevê o artigo 25, I, do CFlo. O enunciado pede para assinalar a alternativa que não traz um desses instrumentos. CFlo Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos: I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001; II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 46/113 A letra C está incorreta. CERTA. O Estabelecimento de exigência de áreas verdes nos empreendimentos comerciais é um dos instrumentos à disposição do Poder Público Municipal para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, conforme prevê o artigo 25, III, do CFlo. O enunciado pede para assinalar a alternativa que não traz um desses instrumentos. CFlo Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos: I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001; II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. A letra D está correta. ERRADA. O Registro do parcelamento do solo para �ns urbanos de loteamentos licenciados NÃO é um dos instrumentos à disposição do Poder Público Municipal para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, conforme prevê o artigo 25, do CFlo. O enunciado pede para assinalar a alternativa que não traz um desses instrumentos. CFlo Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos: I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes �orestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001; II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 47/113 IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental. Supressão de Vegetação para uso Alternativo do Solo O uso alternativo do solo consiste em substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana. O CFlor autoriza a supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo desde que preenchido, basicamente, dois requisitos previstos no caput do art.26, do Código Florestal: (1) cadastramento do imóvel no CAR; e (2) prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama. O §1º, do art. 33, do CFlor, prevê a obrigação de reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização para tal. Nesse sentido, qualquer pessoa que faça supressão de vegetação nativa tem o dever de reposição florestal priorizando projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo bioma devendo ser efetivada no Estado de origem da matéria-prima utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas, conforme determinações do órgão competente do Sisnama. É vedada a supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo se o imóvel rural que possui área desmatada, estando essa abandonada ou subutilizada. Visa o CFlor evitar a supressão de vegetação se existe na propriedade área desmatada que poderia ser utilizada para o uso alternativo do solo. Busca-se estimular o proprietário ou possuidor a recuperar a área subutilizada para proporcionar uma maior concretude ao princípio da função socioambiental da propriedade. Por outro lado, se a área requerida para uso alternativo do solo abrigar espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do Sisnama, ou espécies migratórias, a supressão de vegetação dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie. Quanto à competência para autorizar a supressão de vegetação segundo o CFlor, cabe ao órgão estadual competente. No entanto, a LC 140/2011 atribui competência para autorização de supressão de vegetação tanto à União, aos Estados/DF e aos Municípios a depender do caso concreto. Ações Administrativas da União (art. 7º, da LC/140) Aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 48/113 a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União; Ações Administrativas dos Estados/DF (art. 8º, da LC/140) Aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7o; e c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado; Ações Administrativas dos Municípios/DF (art. 7º, da LC/140) Aprovar, observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas na LC 140/2011: a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município. Então, podemos concluir que caberá a autorização para supressão de vegetação ao órgão ambiental competente cujas florestas sejam do ente federativo ou estejam inseridas nas unidades de conservação por ele instituídas (ressalvadas as APAs). Por outro lado, será competente para autorizar a supressão de vegetação o ente que detiver atribuições para o licenciamento da atividade ou empreendimento, conforme os critérios de competência previsto na LC 140/2011. Por fim, o interessado na supressão de vegetação deverá, no requerimento ao órgão ambiental competente, apresentar, no mínimo, as seguintes informações:(1) a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel; (2) a reposição ou compensação florestal; (3) a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas; e (4) o uso alternativo da área a ser desmatada. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 49/113 Cadastro Ambiental Rural - CAR O Cadastro Ambiental Rural – CAR é um instrumento de gestão e controle das propriedades rurais sendo um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, buscando promover a identificação e a regularização ambiental das propriedades e posses rurais e sua inserção na base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre meio ambiente. Praticamente não poderá o proprietário ou possuidor desenvolver qualquer atividade regular na propriedade sem que tenha efetivado o referido cadastro. Um dos pontos mais importante sobre o CAR, para fins de concurso, é sua imprestabilidade como título de propriedade. Melhor dizendo, o cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse. Nessa linha, as informações presentes no CAR são meramente declaratórias e não constitutiva, ficando pendente de confirmação pela autoridade ambiental competente (CAR – Provisório). A Lei 14.595/2023 possibilitou que os proprietários ou possuidores dos imóveis rurais com área acima de 4 (quatro) módulos fiscais que os tenham inscrito no CAR até o dia 31 de dezembro de 2023 tenham direito à adesão ao Programa de Regularização Ambiental – PRA previsto no art. 59 do Código Florestal. Para os imóveis rurais com área de até 4 (quatro) 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 50/113 Supressão de Vegetação para Exploração Florestal módulos fiscais, agricultor familiar e empreendedor familiar rural, a data limite para inscrição no CAR de modo a garantir a adesão ao PRA é 31 de dezembro de 2025. Nos casos em que a reserva legal já tenha sido averbada na matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à Reserva Legal quando da apresentação do CAR, devendo levar apenas a certidão de registro do imóvel onde conste a averbação da reserva legal ou do termo de compromisso já firmado em caso de posse rural. A inscrição no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que exigirá do proprietário ou possuidor rural: a) identificação do proprietário ou possuidor rural; b) comprovação da propriedade ou posse; e c) identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A exploração florestal consiste no uso, com fins econômicos ou não, dos produtos florestais. Estes podem ser entendidos como os produtos madeireiros, como as diversas espécies de madeiras existentes, ou produtos não madeireiros, como frutos, resinas, cascas, entre outros. A exploração do produto madeireiro é mais restritiva e o CFlor definiu regras específicas para a realização dessa atividade. Há exigências mais rígidas para a exploração de florestas nativas e formações sucessoras. Já para florestas plantadas, existem apenas algumas recomendações diretivas apresentadas pelo CFlor quanto à exploração. Nesse sentido, o art. 31, da Lei 12.651/2012, estabeleceu que a exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de domínio público ou privado, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama, mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS que contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. Assim, como regra geral, temos dois requisitos básicos para exploração de florestas nativas e formações sucessoras, quais sejam, a realização de licenciamento e a apresentação de PMFS. Destacamos que não são exigíveis esses requisitos para coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo apenas o interessado atender os requisitos do art. 21, do CFlor, observando também os períodos de coleta e volumes fixados 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 51/113 em regulamentos específicos, quando houver; a época de maturação dos frutos e sementes; as técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes. Não se exigirá licenciamento ou apresentação de PMFS se o manejo sustentável para exploração florestal for eventual e sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos. O manejo florestal sustentável consiste na administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal (art. 3º, VI, da Lei 11.284/2006). Através do manejo sustentável dos recursos objetiva-se o uso dos produtos florestais sem mácula à biodiversidade existente ou mesmo à resiliência da floresta (capacidade de se recuperar das intemperes). Assim, busca, por meio de técnicas apropriadas, criar o próprio funcionamento da dinâmica das florestas objetivando sua exploração sem comprometer sua biodiversidade. O instrumento que apresenta as técnicas de condução desse processo de manejo encontra-se no Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS, sendo um documento técnico mediante o qual se estabelece o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à sua gestão. O PMFS deve conter alguns fundamentos técnicos e científicos quando apresentado ao órgão ambiental competente para aprovação. São eles: a��caracterização dos meios físico e biológico; b��determinação do estoque existente; c��intensidade de exploração compatível com a capacidade de suporte ambiental da floresta; d��ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do volume de produto extraído da floresta; e��promoção da regeneração natural da floresta; f��adoção de sistema silvicultural adequado; g��adoção de sistema de exploração adequado; h��monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 52/113 i��adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais. Por outro lado, se o manejo florestal for desenvolvido em pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação dos referidos PMFS. Será competente para análise e aprovação do PMFS o órgão ambiental integrante do Sisnama da forma estabelecida na LC 140/2011, conforme abordado nesta obra, sendo competente o órgão federal de meio ambiente para aprovação de PMFS incidentes em florestas públicas de domínio da União. Cumpre destacar que a aprovação do PMFS pelo órgão competentedo Sisnama confere ao seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo florestal sustentável, não se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental, devendo, como obrigação natural para a atividade, encaminhar relatório anual ao órgão com as informações sobre toda a área de manejo florestal sustentável e a descrição das atividades realizadas. O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo. A Código Florestal previu os casos em que não se exigirá o requisito de elaboração do PMFS seja por motivos lógicos como da supressão apenas para uso alternativo do solo, ou mesmo para fomentar a atividade rural pelas populações tradicionais, possibilitando o desenvolvimento socioeconômico. Assim, são isentas de apresentar PMFS quando: a supressão de florestas e formações sucessoras forem para uso alternativo do solo; o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas fora das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal; e a exploração florestal não comercial realizada nas pequenas propriedades rurais ou por populações tradicionais. O CFlor também estabeleceu regramento específico para os empreendimentos que utilizam matéria-prima florestal no desenvolvimento de suas atividades, exigindo fontes específicas de fornecimento dos recursos, bem como a necessidade de reposição florestal como regra. Nesse sentido, previu o art. 33, que as pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-prima florestal em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de determinadas origens como, florestas plantadas, de PMFS de florestas nativas ou de supressão de vegetação nativa, ambos autorizados pelo órgão ambiental competente, bem como de outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão competente do Sisnama. Há necessidade de as pessoas físicas ou jurídicas fazerem a reposição florestal? Em regra, sim. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizem matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização para supressão desse tipo de vegetação são obrigadas à reposição florestal que será efetivada no Estado de origem da matéria-prima utilizada, mediante o plantio de espécies preferencialmente nativas, conforme determinações do órgão competente do Sisnama. A exigência se restringe ao uso de matéria-prima florestal oriunda de vegetação nativa, ficando isento da obrigatoriedade aquele que utilize como fonte matéria-prima florestal aquelas oriundas de PMFS, de florestas plantadas ou mesmo se o produto florestal for não madeireiro. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 53/113 Controle da Origem dos Produtos Florestais Essa isenção, por outro lado, não desobriga o interessado da comprovação da origem do produto florestal utilizado perante a autoridade competente. A Lei 12.651/2012 previu sistemas mais rígidos de controle para as empresas industriais que utilizam uma quantidade significativa de matéria-prima florestal em sua cadeia produtiva. Assim, além do PMFS, devem essas empresas elaborar e implementar um Plano de Suprimento Sustentável -PSS a ser submetido à aprovação do órgão competente do Sisnama, devendo assegurar produção equivalente ao consumo da matéria-prima floresta pela atividade industrial exercida apelo empreendimento. O CFlor autoriza que o PSS preveja que o suprimento possa ocorrer mediante matéria-prima em oferta no mercado desde que seja na fase inicial de instalação da atividade industrial, nas condições e durante o período, não superior a 10 (dez) anos, ou mesmo nos caso de aquisição de produtos provenientes do plantio de florestas exóticas, licenciadas por órgão competente do Sisnama, o suprimento será comprovado posteriormente mediante relatório anual em que conste a localização da floresta e as quantidades produzidas. O Plano de Suprimento Sustentável deverá conter no mínimo a programação de suprimento de matéria-prima florestal, a indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal georreferenciada, bem como cópia do contrato entre os particulares envolvidos, quando o PSS incluir suprimento de matéria-prima florestal oriunda de terras pertencentes a terceiros. No caso de empresas siderúrgicas, metalúrgicas ou outras que consumam grandes quantidades de carvão vegetal ou lenha, o PSS estabelecerá a utilização exclusiva de matéria-prima oriunda de florestas plantadas ou de PMFS e será parte integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendimento. O controle de origem dos produtos florestais foi disciplinado nos arts. 35, 36 e 37, da Lei 12.651/2012. O CFlor exige que o Poder Público realize o controle da origem de produtos ou subprodutos florestais, como madeira e carvão, e crie um sistema nacional que integre os dados dos diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e regulamentado pelo órgão federal competente do Sisnama. Esse sistema nacional foi criado no âmbito Federal por meio da Instrução Normativa n° 21, de 24 de dezembro de 2014, que instituiu o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais – Sinaflor integra o controle da origem de produtos ou subprodutos florestais, sob coordenação, fiscalização e regulamentação do Ibama. A regra é que toda a atividade comercial de produtos ou subprodutos florestais depende de prévia autorização do órgão ambiental competente integrante do Sisnama. Assim, o transporte, por qualquer meio, e o armazenamento de madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos florestais oriundos de florestas de espécies nativas, para fins comerciais ou industriais, requerem licença do órgão competente do Sisnama. Nessa cadência, o empreendedor deverá apresentar projeto técnico de exploração florestal do empreendimento 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 54/113 Questão 2022 | 4000807931 Pedro é empresário e atua em diversos ramos diferentes no Estado de São Paulo, desejando agora trabalhar com exploração �orestal com propósito comercial. De acordo com o Código Florestal, é correto a�rmar que Pedro. deverá ser cadastrado no Sinaflor e submetido à análise pelo órgão ambiental competente, que após análise e aprovação do projeto técnico poderá o órgão ambiental competente emitir as autorizações para supressão e exploração dos produtos florestais. Essa licença se corporifica na emissão do Documento de Origem Florestal - DOF que foi instituído pela Portaria n° 253, de 18 de agosto de 2006, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e constituiu a licença obrigatória para o transporte e armazenamento de produtos florestais de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo, contendo as informações sobre a procedência desses produtos, devendo acompanhar o produto vegetal até o seu beneficiamento final. Por outro lado, o empreendedor deve estar inscrito no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. O CFlor impõe a obrigação a todo aquele que recebe ou adquire, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos de florestas de espécies nativas é obrigado a exigir a apresentação do DOF e munir-se da via que deverá acompanhar o material até o beneficiamento final. No DOF deverão constar a especificação do material, sua volumetria e dados sobre sua origem e destino. Assevera o CFlor, em seu art. 37, que o comércio de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora nativa dependerá de licença do órgão estadual competente do Sisnama e de registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, previsto no art. 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, sem prejuízo de outras exigências cabíveis. Por outro lado, se as plantas vivas e outros produtos da flora forem destinados à exportação, deverá a licença ser expedida pelo órgão federal(Ibama). Essas exigências se aplicam aos produtos florestais oriundos de florestas nativas. Para as florestas plantadas, é livre a exploração, ressalvado apenas nas áreas de preservação permanente e nas áreas de reserva legal. Também independe de autorização do órgão ambiental competente o corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo do solo devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de origem. Por fim, o plantio ou reflorestamento com espécies florestais nativas ou exóticas independem de autorização prévia, desde que observadas as limitações e condições previstas no CFlor, devendo ser informados ao órgão competente, no prazo de até 1 (um) ano, para fins de controle de origem. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 55/113 A) antes de explorar �orestas nativas, deverá obter prévia aprovação de Plano de Manejo Florestal Sustentável e, após obtê-la, encaminhará relatório trimestral ao SISNAMA com as informações sobre as atividades realizadas. B) poderá extrair lenha e demais produtos de �orestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. C) se desejar suprimir �orestas e formações sucessoras para uso alternativo do solo, deverá obter prévia aprovação de Plano de Manejo Florestal Sustentável no CONAMA. D) caso passe a receber, para �ns comerciais, lenha proveniente de �orestas de espécies nativas, não estará obrigado a exigir a apresentação do DOF. E) deve obter prévia aprovação de Plano de Manejo Florestal Sustentável no caso de manejo e exploração de �orestas plantadas localizadas fora das Áreas de Preservação Permanente. Solução Gabarito: B) poderá extrair lenha e demais produtos de �orestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. O item “A” está incorreto porque deverá ser encaminhado relatório anual ao órgão ambiental competente com as informações sobre toda a área de manejo �orestal sustentável e a descrição das atividades realizadas. O item “B” está correto, pois, nos termos do art. 35, §2º, é livre a extração de lenha e demais produtos de �orestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. O item “C” está incorreto considerando que não se exige o PMFS a supressão de �orestas e formações sucessoras para uso alternativo do solo (art. 32, I). O item “D” está incorreto tendo em vista que todo aquele que recebe ou adquire, para �ns comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos de �orestas de espécies nativas é obrigado a exigir a apresentação do DOF e munir-se da via que deverá acompanhar o material até o bene�ciamento �nal. O item “E” está incorreto porque para exploração de �orestas plantadas, não se exige prévia aprovação do PMFS, mas apenas o registro no órgão ambiental competente para �ns de controle de origem. Proibição do uso do Fogo e Controle de Incêndios 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 56/113 O Código Florestal veda o uso do fogo nos biomas brasileiros, como regra, tendo em vista o poder de destruição e poluição que tem o desenvolvimento de queimadas sem controle. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Mas o CFlor admitiu a prática do uso do fogo em algumas hipóteses, como no caso de locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle, devendo exigir que os estudos demandados para o licenciamento da atividade rural contenham planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios. Também se permite a prática das queimadas controladas em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo. Melhor dizendo, para o desenvolvimento de determinadas espécies é necessário o uso da queimada, sem a qual o ecossistema ficaria fragilizado. O fogo funcionaria como uma espécie de ativador do ciclo evolutivo das espécies. Admite-se ainda o uso do fogo para as atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama. Acrescente-se às exceções a possibilidade de uso do fogo nas práticas de prevenção e combate aos incêndios, como na prática dessa atividade nos treinamentos efetivados pelo Corpo de Bombeiros ou por brigadas de incêndio criadas por organizações não governamentais. O art. 39 do CFlor obriga os órgãos integrantes do Sisnama, bem como todo e qualquer órgão público ou privado responsável pela gestão de áreas com vegetação nativa ou plantios florestais, deverão elaborar, atualizar e implantar planos de contingência para o combate aos incêndios florestais. Em 2022 foram incluídos dispositivos no CFlor que determinam que os planos de contingência para o combate aos incêndios florestais dos órgãos do Sisnama conterão diretrizes para o uso da aviação agrícola no combate a incêndios em todos os tipos de vegetação, sendo importante destacar que as aeronaves utilizadas para combate a incêndios deverão atender às normas técnicas definidas pelas autoridades competentes do poder público e ser pilotadas por profissionais devidamente qualificados para o desempenho dessa atividade, na forma do regulamento Objetivando sistematizar as ações de proibição de uso do fogo e de combate aos incêndios desenvolvimento uma política pública mais eficiente na tutela do meio ambiente contra esse agente deletério, o CFlor incumbiu ao Governo Federal a missão institucional de estabelecer 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 57/113 Questão 2022 | 4000807932 Assinale a alternativa incorreta. A Lei n. 12.651/2012 (Código Florestal): Estabelece situações em que se permite o uso de fogo na vegetação. uma Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, que promova a articulação institucional com vistas na substituição do uso do fogo no meio rural, no controle de queimadas, na prevenção e no combate aos incêndios florestais e no manejo do fogo em áreas naturais protegidas, devendo prever instrumentos para a análise dos impactos das queimadas sobre mudanças climáticas e mudanças no uso da terra, conservação dos ecossistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar planos estratégicos de prevenção de incêndios florestais. Ademais, a Política contemplará programa de uso da aviação agrícola no combate a incêndios em todos os tipos de vegetação. Para apuração da responsabilidade por danos acarretados ao meio ambiente pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares exigiu o CFlor que a autoridade competente para fiscalização e autuação comprove o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado. Embora previsto na Lei, é a regra de que toda imputação de responsabilidade administrativa por dano acarretado ao meio ambiente segue as regras da responsabilidade subjetiva, exigindo-se a comprovação do elemento subjetivo do tipo, dolo ou culpa, devendo ser comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado naturalístico. Por outro lado, quanto à responsabilidade civil para recuperar a área degradada pelo fogo, a responsabilidade é objetiva, lastreada na teoria do risco integral. Mas isso não impede que seja demonstrado o nexo causal entre a conduta e o resultado. Nesse sentido, para aresponsabilização por danos causados ao meio ambiente é necessário que a administração pública comprove o nexo causal, seja sob a ótica da responsabilidade administrativa (imposição de sanção) ou civil (necessidade de reparar/indenizar). O Superior Tribunal de Justiça entende que responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC). Por fim, a Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais deverá observar cenários de mudanças climáticas e potenciais aumentos de risco de ocorrência de incêndios florestais. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 58/113 Solução Gabarito: Item correto. A regra estabelecida no art. 38, da Lei 12.651/2012 é a proibição do uso do fogo nos biomas brasileiros, sendo permitido o desenvolvimento de algumas atividades elencadas nas exceções apresentadas nos incisivos do referido normativo, como para atividades de pesquisa cientí�ca e para agricultura de subsistência. Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo Em 31 de julho de 2024 foi publicada a Lei n° 14.944/2024, finalmente instituindo a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, com o objetivo de disciplinar e promover a articulação interinstitucional relativa: ao manejo integrado do fogo; à redução da incidência e dos danos dos incêndios florestais no território nacional; ao reconhecimento do papel ecológico do fogo nos ecossistemas e ao respeito aos saberes e às práticas de uso tradicional do fogo. O disposto nesta Lei não se aplica à queima de resíduos prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para os fins da referida política, temos as seguintes definições: Incêndio florestal Qualquer fogo não controlado e não planejado que incida sobre florestas e demais formas de vegetação, nativa ou plantada, em áreas rurais e que, independentemente da fonte de ignição, exija resposta; Queima controlada Uso planejado, monitorado e controlado do fogo, realizado para fins agrossilvipastoris em áreas determinadas e sob condições específicas; Queima prescrita Uso planejado, monitorado e controlado do fogo, realizado para fins de conservação, de pesquisa ou de manejo em áreas determinadas e sob condições específicas, com objetivos predefinidos em plano de manejo integrado do fogo; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 59/113 Uso tradicional e adaptativo do fogo Prática ancestral adaptada às condições territoriais, ambientais e climáticas atuais, empregada por povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais em suas atividades de reprodução física e cultural, relacionada com a agricultura, a caça, o extrativismo, a cultura e a cosmovisão, próprias de sua gestão territorial e ambiental; Uso do fogo de forma solidária Ação realizada em conjunto por agricultores familiares, por meio de mutirão ou de outra modalidade de interação, que abranja, simultaneamente, 2 (duas) ou mais pequenas propriedades ou posses rurais familiares contíguas; Regime do fogo Frequência, época, tamanho da área queimada, intensidade, severidade e tipo de queima em determinada área ou ecossistema; Ecossistema associado ao fogo Aquele em que o fogo, natural ou provocado, cumpra papel ecológico em suas funções e seus processos; Prevenção de incêndios florestais Medidas contínuas realizadas no manejo integrado do fogo com o objetivo de reduzir a ocorrência e a propagação de incêndios florestais e seus impactos negativos; Combate aos incêndios florestais Conjunto de atividades relacionadas com o controle e a extinção de incêndios desde a sua detecção até a sua extinção completa; Plano operativo de prevenção e combate aos incêndios florestais Documento de ordem prático-operacional para gestão de recursos humanos, materiais e de apoio para a tomada de decisão no desenvolvimento de ações de prevenção e de combate aos incêndios florestais, que tem como propósito definir, objetivamente, estratégias e medidas eficientes, aplicáveis anualmente, que minimizem o risco de ocorrência de incêndios florestais e seus impactos em uma área definida; Manejo integrado do fogo Modelo de planejamento e gestão que associa aspectos ecológicos, culturais, socioeconômicos e técnicos na execução, na integração, no monitoramento, na avaliação e na adaptação de ações relacionadas com o uso de queimas prescritas e controladas e a prevenção e o combate aos incêndios florestais, com vistas à redução de emissões de material particulado e gases de efeito estufa, à conservação da biodiversidade e à redução da severidade dos incêndios florestais, respeitado o uso tradicional e adaptativo do fogo; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 60/113 Autorização por adesão e compromisso Autorização para queima controlada mediante declaração de adesão e compromisso com os requisitos preestabelecidos pelo órgão competente. Temos ainda seus princípios, diretrizes e objetivos: Princípios Diretrizes Objetivos I - a responsabilidade comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com a sociedade civil organizada e com representantes dos setores produtivos, na criação de políticas, programas e planos que promovam o manejo integrado do fogo; II - a função social da propriedade; III - a promoção da sustentabilidade dos recursos naturais; IV - a proteção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos; V - a promoção da abordagem integrada, intercultural e adaptativa do uso do fogo; VI - a percepção do fogo como parte integrante de sistemas ecológicos, econômicos e socioculturais; VII - a substituição do uso do fogo em ambientes sensíveis a esse tipo de ação, sempre que possível; I - a integração e a coordenação de instituições públicas e privadas e da sociedade civil e de políticas públicas e privadas na promoção do manejo integrado do fogo; II - a gestão participativa e compartilhada entre os entes federativos, a sociedade civil organizada, os povos indígenas, as comunidades quilombolas, outras comunidades tradicionais e a iniciativa privada; III - a implementação de ações, de métodos e de técnicas de manejo integrado do fogo; IV - a priorização de investimentos em estudos, pesquisas e projetos científicos e tecnológicos destinados ao manejo integrado do fogo, à recuperação de áreas atingidas por incêndios florestais e às técnicas sustentáveis de substituição gradativa do uso do fogo como prática agrossilvipastoril, consideradas as pertinências ecológica e socioeconômica; I - prevenir a ocorrência e reduzir os impactos dos incêndios florestais e do uso não autorizado e indevido do fogo, por meio do estabelecimento do manejo integrado do fogo; II - promover a utilização do fogo de forma controlada, prescrita ou tradicional, de maneira a respeitar a diversidade ambiental e sociocultural e a sazonalidade em ecossistemas associados ao fogo; III - reduzir a incidência, a intensidade e a severidade de incêndios florestais; IV - promover a diversificação das práticas agrossilvipastoris de maneira a incluir, quando viável, a substituição gradativa do uso do fogo ou a integração de práticas de manejo do fogo, por meio de assistência técnica e extensão rural; V - aumentar a capacidade de enfrentamento dos incêndios florestais no momento dos incidentes, de maneira a melhorar o planejamento e a eficácia do combate ao fogo; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 61/113 VIII - a substituição do uso do fogo como prática agrossilvipastoril por práticas sustentáveis, sempre que possível; IX - a redução das ameaças à vidae à saúde humana e à propriedade; X - o reconhecimento e o respeito à autonomia sociocultural, à valorização do protagonismo, à proteção e ao fortalecimento dos saberes, das práticas, dos conhecimentos e dos sistemas de uso sagrado, tradicional e adaptativo do fogo e às formas próprias de conservação dos recursos naturais por povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais; XI - a promoção de ações para o enfrentamento das mudanças climáticas. V - a avaliação de cenários de mudança do clima e de potencial aumento do risco de ocorrência de incêndios florestais e de sua severidade; VI - a valorização das práticas de uso tradicional e adaptativo do fogo e de conservação dos recursos naturais por povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais, de forma a promover o diálogo e a troca entre os conhecimentos tradicionais, científicos e técnicos; VII - a implementação de ações de conscientização e educação ambiental sobre os impactos ambientais e de saúde pública decorrentes do uso indiscriminado do fogo. VI - promover o processo de educação ambiental, com foco na prevenção, nas causas e nas consequências ambientais e socioeconômicas dos incêndios florestais e nas alternativas para a redução da vulnerabilidade socioambiental; VII - promover a conservação e a recuperação da vegetação nativa e das suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais atingidas pelo fogo; VIII - promover ações de responsabilização sobre o uso não autorizado e indevido do fogo, em conformidade com a legislação; IX - considerar a queima prescrita como ferramenta para o controle de espécies exóticas ou invasoras, sempre observados os aspectos técnicos e científicos; X - contribuir para a implementação de diretrizes de manejo integrado do fogo nas ações de gestão ambiental e territorial; XI - reconhecer, respeitar e fomentar o uso tradicional e adaptativo do fogo por povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais e definir, de forma participativa e de acordo com as especificidades de cada povo e comunidade tradicional, as estratégias de prevenção e 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 62/113 A lei institui uma instância interinstitucional de caráter consultivo e deliberativo da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O Comitê tem como atribuições: de combate aos incêndios florestais em seus territórios. I - facilitar a articulação institucional para a promoção do manejo integrado do fogo; II - propor ao órgão competente do Poder Executivo federal normas para a implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo; III - propor medidas para a implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e monitorá-las periodicamente; IV - apreciar o relatório anual sobre os incêndios florestais no território nacional elaborado pelo Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal) e dar publicidade a ele; V - propor mecanismos de coordenação para detecção e controle dos incêndios florestais a serem aplicados por instituições de resposta ao fogo, tais como os centros integrados multiagências de coordenação operacional; VI - estabelecer as diretrizes acerca da geração, da coleta, do registro, da análise, da sistematização, do compartilhamento e da divulgação de informações sobre os incêndios florestais e o manejo integrado do fogo; VII - estabelecer as diretrizes para a captação de recursos físicos e financeiros nas diferentes esferas governamentais; VIII - estabelecer as diretrizes para a capacitação de recursos humanos que atuarão na prevenção e no combate aos incêndios florestais e nas atividades relacionadas com o manejo integrado do fogo; IX - acompanhar as ações de cooperação técnica internacional no âmbito dos acordos, dos convênios, das declarações e dos tratados internacionais que tenham interface com o manejo integrado do fogo e dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; X - propor instrumentos de análise de impactos dos incêndios e do manejo integrado do fogo sobre a mudança no uso da terra, a conservação dos ecossistemas, a saúde pública, a flora, a fauna e a mudança do clima. O Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e da sociedade civil, com direito a voz e a voto. Sendo os representantes da sociedade civil eleitos por seus pares e incluirão, pelo menos, 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 63/113 representantes das entidades de defesa do meio ambiente, representantes do setor agropecuário, representantes de povos indígenas e representantes de comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais. A representação da sociedade civil deverá ocupar pelo menos 1/3 (um terço) da composição do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo, garantida a proporcionalidade na representação dos setores interessados. Poderão ainda participar das reuniões do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo especialistas e representantes de órgãos ou entidades públicos ou privados que exerçam atividades relacionadas com o manejo integrado do fogo. Além disso, os Estados e o Distrito Federal poderão instituir instâncias interinstitucionais de manejo integrado do fogo com a atribuição de propor ao Poder Executivo do Estado ou do Distrito Federal diretrizes sobre o controle de queimadas e a prevenção e o combate aos incêndios florestais. Instrumentos da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo São instrumentos da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, sem prejuízo de outros que vierem a ser constituídos: I - os planos de manejo integrado do fogo; II - os programas de brigadas florestais; III - o Sistema Nacional de Informações sobre Fogo (Sisfogo); IV - os instrumentos financeiros; V - as ferramentas de gerenciamento de incidentes; VI - o Ciman Federal; VII - a educação ambiental. Vejamos cada um deles: Planos de manejo integrado do fogo O plano de manejo integrado do fogo é o instrumento de planejamento e gestão elaborado por pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, de maneira participativa, para a execução das ações de manejo integrado do fogo e em conformidade com os objetivos estabelecidos pelo órgão gestor da área a ser manejada. Os planos conterão, no mínimo, informações sobre áreas de recorrência de incêndios florestais, tipo de vegetação e áreas prioritárias para conservação, bem como outras informações a serem estabelecidas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 64/113 Poderão compor o plano de manejo integrado do fogo: I - as seguintes atividades: a) queima prescrita; b) queima controlada; c) uso tradicional e adaptativo do fogo; II - os planos operativos de prevenção e combate aos incêndios florestais. Os planos de manejo integrado do fogo elaborados pelos órgãos e pelas entidades da administração pública responsáveis pela gestão de áreas com vegetação, nativa ou plantada, não dependem de aprovação dos órgãos ambientais competentes. Quando elaborados por pessoas físicas ou jurídicas privadas, os planos de manejo integrado do fogo deverão ser submetidos ao órgão ambiental competente para aprovação, com informações sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal presentes no imóvel. Programas de brigadas florestais Os programas de brigadas florestais consistem em conjunto de ações necessárias à formação de recursos humanos capacitados, equipados e organizados para a implementação dos planos de manejo integrado do fogo e dos planos operativos de prevenção e combate aos incêndios florestais e para a execução de atividades operacionais de proteção ambiental. A implementação de brigadas florestais paraquando se analisam as normas constantes na referida lei. A Constituição Federal de 1988 criou um microssistema protetivo da fauna brasileira expandindo as atribuições dos entes federativos quanto ao dever de preservar as florestas e demais formas de vegetação. Nesse sentido, definiu o sistema de repartição de competências em duas frentes, legislativa e material. Na frente legislativa, definiu a todos os entes federativos, por força do art. 24, VI, da CF/88, a competência legislativa concorrente para legislarem sobre florestas. Na outra, imputou aos entes a competência material comum para preservarem não apenas as florestas, mas também toda a flora. Rememorando os normativos: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; Cumpre lembrar que no âmbito da competência legislativa concorrente cabe à União a edição de normas gerais em matéria ambiental, restando aos Estados e ao Distrito Federal a competência para suplementar a legislação ambiental federal na busca da completude do sistema normativo, seja pelo atendimento às peculiaridades locais, seja para cobrir as lacunas deixadas pela legislação federal. A Constituição Federal criou um verdadeiro condomínio vertical de competências, mas sem qualquer relação de superioridade hierárquica entre os entes federativos, considerando que estes guardam relação de autonomia. A competência legislativa concorrente, portanto, deve ser sempre exercida de forma coordenada e conjunta entre os entes políticos. A Lei 12.651/2012 é, portanto, a norma geral editada pela União em matéria de proteção da flora, cabendo aos Estados/DF legislarem de forma a suplementar a legislação federal, naquilo que seja necessário para preencher os vazios ou para complementar a norma da União, como exemplo da Lei 12.488/95 protetiva das Florestas do Estado do Ceará. Na competência material comum, todos os entes poderão atuar na defesa do meio ambiente sem exclusão de um em relação à atuação do outro. Há uma verdadeira isonomia de participação e uma efetiva solidariedade entre os entes políticos. O exercício dessa 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 5/113 Normas Gerais CFlor competência, em sua essência, está relacionado com o dever de cuidado, de zelo e de proteção com os bens ambientais. Nesse sentido, é dever de todos preservar as florestas e demais formas de vegetação. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Objetivos e Princípios do CFlor O Código Florestal- CFlor é norma geral editada pela União para proteção das florestas e demais formas de vegetação, não se limitando unicamente à tutela das florestas. O CFlor não tem o objetivo de conservar as florestas por si só. Busca fomentar sua proteção e utilização de forma sustentável induzindo condutas positivas em busca da compatibilização do uso dos recursos florestais com o desenvolvimento sustentável, bem como gerar diversos benefícios para a coletividade de ordem socioambiental e econômica. A Lei 12.651/2012 é norma limitadora do direito de propriedade, impondo limites ao uso e gozo por seu proprietário/possuidor para atender ao princípio constitucional da função socioambiental da propriedade estabelecendo áreas a serem protegidas tendo o uso condicionado a regras específicas de manejo florestal. Nesse cenário, o CFlor estabeleceu, em seu art. 1º-A, as normas gerais sobre a proteção da vegetação, das áreas de Preservação Permanente e das áreas de Reserva Legal, bem como regras básicas para exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, prevendo ainda instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de suas finalidades. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 6/113 O objetivo principal do CFlor é o alcance do desenvolvimento sustentável buscando um equilíbrio entre o uso recursos florestais e a proteção ambiental de forma a permitir que as presentes e futuras gerações possam também usufruir dos benefícios gerados pelas diversas formas de vegetação. Para isso, estabeleceu princípios ou ações governamentais que devem ser observadas quando da elaboração de políticas públicas ou mesmo na interpretação de suas normas. Muitos deles foram inspirações da Declaração dos Princípios sobre Florestas produzida na Rio-92, afirmando o compromisso do Brasil com a preservação e utilização racional das florestas com reforço da importância ecológica delas e de outras formas de vegetação para os demais ecossistemas existentes. Isso corrobora a tese de que não temos apenas uma norma protetiva das florestas, mas de todos os ecossistemas que mantêm uma relação simbiótica com a vegetação, com o solo, os recursos hídricos e a biodiversidade. Seria um “Código de Proteção Ambiental”. Os princípios que regem o CFlor, por força do parágrafo único do art. 1º-A, são: afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem-estar das gerações presentes e futuras; reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; e criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 7/113 Natureza Propter Rem das Obrigações Ambientais A natureza jurídica das florestas e demais formas de vegetação, como os bens ambientais em geral, é de interesse difuso de propriedade de todos os integrantes da sociedade brasileira, devendo ser preservado em face de seu caráter transindividual, cabendo aos entes federativos, enquanto meros gestores desses interesses, o dever de cuidado e zelo com esses bens ambientais. Desde o Decreto 23.793/34 as florestas são consideradas bens de interesse de todos. Eis o normativo do art. 2º do CFlor: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 8/113 Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. § 1º Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omissões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso irregular da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário previsto no inciso II do art. 275 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos do § 1º do art.atuar em terras indígenas, em territórios quilombolas e em unidades de conservação será realizada de maneira articulada entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou o órgão estadual competente, os povos indígenas e as comunidades quilombolas envolvidas e os respectivos órgãos competentes para a proteção dessas áreas e comunidades. As brigadas florestais voluntárias ou particulares deverão cadastrar-se e ter sua aprovação perante o Corpo de Bombeiros Militar da unidade da Federação em que atuarão quando a referida atuação não corresponder a ações que visem à proteção de unidades de conservação federais, terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas sob gestão federal. O Corpo de Bombeiros Militar do respectivo Estado ou do Distrito Federal estabelecerá normas para regulamentar as brigadas florestais voluntárias ou particulares quanto ao seu credenciamento e à sua atuação, bem como requisitos de segurança, como a padronização de uniformes e a identificação dos veículos utilizados nas operações. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por sua vez, a organização de um cadastro nacional de brigadas florestais. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 65/113 Nas situações em que o Corpo de Bombeiros Militar atuar em conjunto com as brigadas florestais, a coordenação e a direção das ações caberão à corporação militar, ressalvada a atuação do Corpo de Bombeiros Militar em terras indígenas, em territórios quilombolas, em unidades de conservação e em outras áreas sob gestão federal, que ocorrerá de forma coordenada com os respectivos órgãos competentes para a proteção ambiental dessas áreas, aos quais caberá, no caso de áreas federais, a coordenação e a direção das ações. Nas áreas críticas para a conservação ambiental ou com recorrência de incêndios florestais será priorizada a atuação continuada da brigada florestal ao longo de todo o ano, com a realização de ações de prevenção e de manejo. Os programas de brigadas florestais federais serão instituídos pela União, com vistas à implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, podendo os Estados e o Distrito Federal instituir programas de brigadas florestais estaduais e distrital com o mesmo objetivo. Os membros das brigadas (trazidos como recursos humanos pela lei) serão denominados brigadistas florestais e deverão estar aptos a executar as seguintes atividades relacionadas com o manejo integrado do fogo: prevenção, controle e combate aos incêndios florestais; coleta e sistematização de dados relacionados com incêndios florestais e manejo integrado do fogo; ações de sensibilização, de educação e de conservação ambiental; atividades para implementação dos planos de manejo integrado do fogo e dos planos operativos de prevenção e combate aos incêndios florestais; apoio operacional, em caráter auxiliar, à gestão de áreas protegidas que tenham plano de manejo integrado do fogo ou plano operativo de prevenção e combate aos incêndios florestais. Serão assegurados ao brigadista florestal, no exercício de suas atribuições previstas no plano de manejo integrado do fogo e nos planos operativos de prevenção e combate aos incêndios florestais condições adequadas de segurança e saúde no exercício de suas funções, observadas as normas técnicas nacionais ou, caso essas não existam, as normas técnicas internacionais que disponham sobre medidas de mitigação da exposição aos riscos e utilização de equipamentos de proteção coletiva ou individual; e seguro de vida. Sistema Nacional de Informações sobre Fogo (Sisfogo) 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 66/113 O Sistema Nacional de Informações sobre Fogo (Sisfogo) é uma ferramenta de gerenciamento das informações sobre incêndios florestais, queimas controladas e queimas prescritas no território nacional, informações que serão divulgadas periodicamente no sítio eletrônico do Sisfogo, com amplo acesso à população. O Sisfogo integra o Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente (Sinima), e tem os seguintes objetivos: I - armazenar, tratar e integrar dados e informações e disponibilizar estudos, estatísticas e indicadores para auxiliar na formulação, na implementação, na execução, no acompanhamento e na avaliação das políticas públicas relacionadas com o manejo integrado do fogo; II - promover a integração de redes e sistemas de dados e informações sobre o manejo integrado do fogo; III - garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados e informações, conforme os padrões definidos pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Constarão do Sisfogo informações e dados relativos a: registros de ocorrências de incêndios florestais; registros de autorizações e de realização de queimas controladas e prescritas; alertas de ocorrência de incêndios florestais; recursos humanos e materiais dos órgãos e das entidades que atuem na prevenção e no combate aos incêndios florestais; espacialização das queimadas ou dos incêndios com a inserção de coordenadas em forma de pontos, linhas ou polígonos; outros dados e informações definidos pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Compete ao Ibama, por meio de seus centros especializados, disponibilizar sistema padronizado, informatizado e seguro que permita o intercâmbio de informações entre as instituições que integram o Sisfogo. Instrumentos financeiros 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 67/113 Os instrumentos financeiros da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo têm o objetivo de promover o manejo integrado do fogo, a recuperação de áreas atingidas por incêndios florestais e as técnicas sustentáveis para substituição gradativa do uso do fogo como prática agrossilvipastoril, por meio de incentivos e investimentos em ações, estudos, pesquisas e projetos científicos e tecnológicos. São instrumentos financeiros da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo: as dotações orçamentárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas ao manejo integrado do fogo; os recursos oriundos de fundos públicos para o financiamento reembolsável e não reembolsável; os pagamentos por serviços ambientais e redução das emissões provenientes do desmatamento e da degradação florestal, conservação dos estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal (REDD+); os recursos provenientes de incentivos fiscais e tributários, como isenções, alíquotas diferenciadas e compensações, a serem estabelecidos em lei específica; as linhas de crédito e de financiamento específico por agentes financeiros públicos e privados; os recursos provenientes de cooperação internacional. Os recursos da União, ou por ela controlados, destinados ao manejo integrado do fogo serão distribuídos, prioritariamente, aos entes federativos que: I - possuam instância interinstitucional de manejo integrado do fogo; II - implementem programa de brigadas florestais; III - possuam centro integrado multiagência de coordenação operacional; e IV - utilizem o Sisfogo ou sistema próprio a ele integrado, para emissão e gerenciamento de autorizações de queima controlada e de ocorrência de incêndios florestais. Ferramentas de gerenciamento de incidentes Para a implementação dos planos de manejo integrado do fogo, será utilizada ferramenta de gerenciamento de incidentes, padronizada em âmbito nacional, para atuação operacional multiagencial aplicável a todos os tipos de sinistros e eventos de qualquer natureza que exijam estrutura organizacional integrada para suprir as demandas de resposta. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 68/113 A ferramenta de gerenciamento de incidentes deve observar os seguintes princípios, de forma a assegurar a coordenação e a efetivação das ações de resposta: terminologia comum; alcance de controle; organização modular; interoperabilidade e comunicações integradas; plano de ação do evento; estruturaorganizacional por funções; atuação coordenada e unificada; instalações padronizadas; gestão integrada dos recursos. Ciman Federal O Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal) é órgão de caráter operacional, vinculado ao Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo, com a função de monitorar e de articular as ações de controle e de combate aos incêndios florestais, sendo coordenado pelo Ibama. O Ciman Federal executará as seguintes atividades, sem prejuízo de outras designadas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo: I - monitorar a situação dos incêndios florestais no território nacional; II - promover, em sala de situação única e a partir de comando unificado, o compartilhamento de informações sobre as operações em andamento; III - integrar o trabalho das instituições envolvidas no monitoramento e no combate aos incêndios florestais no território nacional; IV - coordenar e planejar as ações de combate aos incêndios florestais que extrapolem o poder de resposta das instituições estaduais, de maneira a promover a criação de protocolos de apoio mútuo e de colaboração técnica e financeira entre as instituições participantes; V - dar publicidade e transparência às grandes operações de combate aos incêndios florestais no território nacional; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 69/113 VI - apresentar relatório anual sobre a situação dos incêndios florestais no território nacional, de maneira a indicar o aperfeiçoamento das ações de prevenção e de combate. Os Estados e o Distrito Federal podem instituir centros integrados multiagências de coordenação operacional estaduais e distrital com o objetivo de promover, em sala de situação única e a partir de comando unificado, a busca de soluções conjuntas, por meio do compartilhamento de informações sobre as operações em andamento em áreas sob a sua jurisdição. Os centros estaduais e distrital devem ser articulados com o Ciman Federal e serão compostos, preferencialmente, pelos órgãos estaduais e distritais de meio ambiente e de proteção e defesa civil e pelas instituições estaduais e distritais de resposta aos incêndios florestais, incluído o Corpo de Bombeiros Militar dos Estados e do Distrito Federal. Educação ambiental A educação ambiental é componente essencial e permanente da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades da governança e instrumentos de gestão dessa política, em caráter formal e não formal. Do Uso do Fogo A Lei n° 14.944/2024 determina que o uso do fogo na vegetação será permitido nas seguintes hipóteses: I - nos locais ou nas regiões cujas peculiaridades justifiquem o uso do fogo em práticas agrossilvipastoris, mediante prévia autorização de queima controlada do órgão ambiental competente para cada imóvel rural ou de forma regionalizada; II - nas queimas prescritas, com o procedimento regulado pelo órgão ambiental competente e de acordo com o plano de manejo integrado do fogo, observadas as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo; III - nas atividades de pesquisa científica devidamente aprovadas pelos órgãos competentes e realizadas por instituições de pesquisa reconhecidas, mediante prévia autorização de queima prescrita pelo órgão ambiental competente; IV - nas práticas de prevenção e de combate aos incêndios florestais e nas capacitações associadas; V - nas práticas culturais e de agricultura de subsistência exercidas por povos indígenas, comunidades quilombolas, outras comunidades tradicionais e agricultores familiares, conforme seus usos e costumes; VI - na capacitação e na formação de brigadistas florestais; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 70/113 VII - no corte de cana-de-açúcar, como método despalhador e facilitador, em áreas que não sejam passíveis de mecanização, conforme regulamento do órgão estadual competente. Ademais, cabe destacar que as queimas prescritas realizadas pelos órgãos da administração pública responsáveis pela gestão de áreas com vegetação, nativa ou plantada, não dependem da aprovação dos órgãos ambientais competentes. Por outro lado, as queimas prescritas realizadas por pessoas físicas ou jurídicas privadas deverão constar de planos de manejo integrado do fogo e dependerão de prévia autorização do órgão ambiental competente para aprovação. Na hipótese de uso do fogo de forma solidária, a autorização de queima controlada contemplará as pequenas propriedades ou as posses rurais contíguas envolvidas, sendo limitado a 500 ha (quinhentos hectares) de área a ser queimada. Para fins de capacitação em manejo integrado do fogo, é dispensada a autorização de queima controlada pelo órgão ambiental competente, desde que a área a ser queimada não ultrapasse 10 ha (dez hectares) e a queima seja realizada de acordo com as diretrizes do Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Nas faixas de domínio de rodovias e de ferrovias, é facultado o uso do fogo como ferramenta para a redução de material combustível vegetal e para a prevenção de incêndios florestais, desde que medidas adequadas de contenção sejam aplicadas, de acordo com as resoluções editadas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo. É proibido, contudo, o uso do fogo como método de supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, ressalvada a queima controlada dos resíduos de vegetação. Previamente à solicitação de autorização de queima controlada, quando necessária, o interessado deverá: definir técnicas, equipamentos e mão de obra a serem utilizados; preparar aceiros com largura condizente com as condições ambientais, topográficas e climáticas e com o tipo de material combustível presente; providenciar treinamento e equipamentos apropriados para a equipe que atuará no local da queima controlada, de forma a evitar a propagação do fogo fora dos limites estabelecidos; comunicar aos confrontantes a intenção de realizar a queima controlada, com o esclarecimento de que, oportunamente, e com a antecedência necessária, serão confirmados data, hora do início e local onde será realizada a queima; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 71/113 prever a realização da queima em dia e horário apropriados, evitando os períodos de temperatura mais elevada e respeitando as condições dos ventos predominantes no momento da operação; providenciar o oportuno acompanhamento de toda a operação de queima, até sua extinção, com vistas à adoção de medidas adequadas de contenção do fogo; promover o enleiramento dos resíduos de vegetação, de forma a limitar a ação do fogo. Além disso, a solicitação de autorização de queima controlada conterá comprovante de posse, propriedade ou domínio útil do imóvel onde será realizada a queima; e cópia da autorização de supressão de vegetação, quando legalmente exigida. O uso do fogo na vegetação nas práticas culturais e de agricultura de subsistência exercidas por povos indígenas, comunidades quilombolas, outras comunidades tradicionais e agricultores familiares independe de autorização e é permitido na hipótese de uso tradicional e adaptativo do fogo, observados os seguintes procedimentos: I - executar a queima em época, dia e horário apropriados, de maneira a evitar condições inadequadas do tempo, como temperatura e vento elevados e baixa umidade relativa, e a respeitar as condições dos ventos predominantes no momento da operação; II - realizar acordo prévio com a comunidade residente, de acordo com as formas de organização social e política de cada população ou comunidade; III - comunicar aos brigadistas florestais responsáveis pela área, quando houver; IV - confeccionar aceiros ou adotar medida preventiva culturalmente adequada, conforme as condições ambientais, topográficas, meteorológicas e de material combustível, a serem determinadas em regulamento; V - incluir planejamento da queima no calendário de manejo integrado do fogo, quandohouver. O cumprimento do disposto nos incisos III e V por povos indígenas e comunidades quilombolas poderá ser dispensado quando tais providências forem incompatíveis com seus usos, costumes e tradições. Compete ao Ibama, em parceria com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com a Fundação Cultural Palmares, com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com a Secretaria do Patrimônio da União do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, a implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo no âmbito das terras indígenas, das comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais, de assentamentos federais, além de outras áreas de sua competência estabelecidas em lei. Por fim, a autorização de queima controlada ou de queima prescrita poderá ser suspensa ou cancelada pelo órgão autorizador nas hipóteses: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 72/113 em que se comprovar risco de morte, danos ambientais ou condições meteorológicas desfavoráveis; em que houver interesse de segurança pública; em que houver descumprimento da lei; em que a qualidade do ar atingir índices de poluentes superiores àqueles estabelecidos nas normas em vigor; em que os níveis de fumaça originados de queimadas atingirem limites de visibilidade que comprometam e coloquem em risco as operações aeronáuticas, rodoviárias e de outros meios de transporte; em que se comprovar ameaça a práticas culturais de povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais. Manejo Integrado do Fogo em Unidades de Conservação O manejo integrado do fogo em unidades de conservação colaborará para o cumprimento dos objetivos de criação, de reconhecimento e de conservação de cada área protegida, com vistas ao manejo conservacionista da vegetação nativa e de sua biodiversidade e à manutenção da cultura das populações residentes, sendo definido em plano de manejo integrado do fogo, a ser elaborado pelo órgão gestor competente, com a participação das comunidades envolvidas, que contemplará as estratégias e as técnicas a serem aplicadas, o regime do fogo, as áreas geográficas ou fitofisionomias consideradas alvo e os métodos de monitoramento e avaliação. Os planos de manejo integrado do fogo de terras indígenas ou de territórios ocupados por povos e comunidades tradicionais, por sua vez, serão elaborados e implementados com a participação e a anuência dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e de outras comunidades tradicionais, observados os protocolos comunitários, de maneira a respeitar as práticas tradicionais dos referidos povos e a garantir sua participação. Os planos de manejo integrado do fogo considerarão os conhecimentos e as práticas locais sobre o uso tradicional e adaptativo do fogo e as necessidades socioculturais, econômicas e ambientais dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e de outras comunidades tradicionais envolvidas. O planejamento e a execução do manejo integrado do fogo em terras indígenas ou em territórios ocupados por povos e comunidades tradicionais devem considerar os saberes científicos, técnicos e tradicionais. Assim, os órgãos e as entidades competentes devem trabalhar em sistema de cooperação técnica e operacional com os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as comunidades tradicionais e as populações do entorno. Nas áreas de sobreposição de terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação, o manejo integrado do fogo deverá ser planejado de forma integrada, sob a 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 73/113 perspectiva da gestão compartilhada, a fim de compatibilizar os objetivos, a natureza e a finalidade de cada área protegida, hipótese em que caberá aos órgãos competentes, em parceria com os povos indígenas, as comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais, a implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Substituição Gradativa do Uso do Fogo no Meio Rural A Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo incentivará a substituição gradativa do uso do fogo por meio da identificação e da promoção das seguintes tecnologias alternativas: I - adubação verde; II - plantio direto; III - agricultura orgânica e agroecológica; IV - permacultura; V - consorciação de culturas; VI - carbono social; VII - pastagem ecológica; VIII - pastejo misto; IX - reflorestamento social; X - rotação de culturas; XI - sistemas agroflorestais; XII - extrativismo vegetal; XIII - silagem; XIV - compostagem; XV - sistema agrossilvipastoril; XVI - plantio direto sobre a capoeira e sua biomassa triturada; e XVII - outras tecnologias alternativas ao uso do fogo que vierem a ser implementadas. Além das tecnologias apontadas, a lei determina que as atividades de extrativismo de produtos não madeireiros, a apicultura, a meliponicultura, o ecoturismo, entre outras 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 74/113 atividades alternativas ao uso do fogo, serão promovidas como alternativa de renda às comunidades rurais, com o objetivo de reduzir o uso do fogo. Tanto as tecnologias alternativas ao uso do fogo quanto as alternativas de renda serão adequadas às necessidades, aos interesses e às realidades locais e deverão integrar os programas de assistência técnica e extensão rural, comercialização, cooperativismo e associativismo, pesquisa, educação e capacitação, crédito, infraestrutura e serviços. As instituições federais, estaduais, distritais e municipais de assistência técnica e extensão rural poderão prestar apoio técnico ao produtor rural, com prioridade de atendimento ao pequeno produtor e à sua família para a substituição gradativa do uso do fogo como ferramenta de manejo rural e para a condução do uso de queima controlada, quando autorizada. Responsabilização pelo Uso Irregular do Fogo O uso irregular do fogo será passível de responsabilização administrativa, civil e criminal, conforme definido no Código Florestal. O responsável pelo imóvel rural deverá implementar ações de prevenção e de combate aos incêndios florestais em sua propriedade de acordo com as normas estabelecidas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e pelos órgãos competentes do Sisnama. Qualquer cidadão poderá ser responsabilizado na esfera civil pelos custos públicos ou privados das ações de combate aos incêndios florestais e dos danos materiais, sociais e ambientais causados por sua ação ou omissão, desde que a responsabilidade seja tecnicamente estabelecida por meio de comprovação de nexo causal. O descumprimento das atividades estabelecidas nos planos de manejo integrado do fogo que resultar em incêndios florestais e causar prejuízos ambientais, socioculturais ou econômicos sujeita os responsáveis às penalidades previstas nos arts. 14 e 15 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e na Lei dos Crimes Ambientais. Lei n° 6.938/81 Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 75/113 III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade. § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar oureparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. § 2º - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste artigo. § 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA. § 5° A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das obrigações de indenização e reparação de danos previstas no § 1o deste artigo. Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. § 1º A pena e aumentada até o dobro se: I - resultar: a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente; b) lesão corporal grave; II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte; III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado. Demais Disposições Ainda que não seja tema de prova, é interessante saber que a lei instituiu o tamanduá-bandeira, da espécie Myrmecophaga tridactyla, como símbolo nacional das ações de manejo integrado do fogo em sua versão de mascote com o nome fantasia Labareda, que poderá ser usada nos planos, nos programas e nas ações estabelecidos por qualquer ente federativo em atendimento 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 76/113 Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente ao disposto na Lei. A Lei 6.938/81 previu expressamente como um dos princípios da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais, na busca pela a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Definiu ainda os instrumentos para consecução desse mister, nos termos do art. 9º, da PNMA, os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, bem como os instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Nesse sentido, o CFlor, tutelando as florestas e demais formas de vegetação para dar mais concretude aos mandamentos estatuídos na Lei da PNMA, autorizou, em seu art. 41, o Poder Executivo federal a instituir o programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo linhas de ação específicas que devem ser buscadas pelo governo. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 77/113 Esse programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente consiste em viabilizar mecanismos econômicos de proteção ambiental, gerando benefícios, financeiros ou não, para todo aquele que prestes serviços de proteção ambiental. Busca-se com esse programa desenvolver e dar mais efetividade ao princípio da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável, tendo em vista que o fato de preservar o meio ambiente pode gerar um “pagamento” pelos serviços ambientais prestados. Nessa quadra, o CFlor, em rol exemplificativo, previu as linhas de ação que devem ser seguidas pelos entes públicos para fins de consolidação dos instrumentos econômicos de proteção ao meio ambiente. Essas linhas de ação são: Prestação pecuniária direta ou indireta: consiste no pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente (rol exemplificativo): o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono; a conservação da beleza cênica natural; a conservação da biodiversidade; a conservação das águas e dos serviços hídricos; a regulação do clima; a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico; a conservação e o melhoramento do solo; a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito; Esse programa deverá integrar os sistemas em âmbito nacional e estadual, objetivando a criação de um mercado de serviços ambientais, sendo o pagamento relativos aos serviços ambientais ser prioritariamente destinados aos agricultores familiares. Compensação pelos serviços ambientais: compensação pelas medidas de conservação ambiental necessárias para o cumprimento dos objetivos do CFlor, utilizando-se dos seguintes instrumentos, dentre outros (rol exemplificativo): obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que os praticados no mercado; contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no mercado; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 78/113 dedução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito da, gerando créditos tributários; destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água, na forma da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de geração da receita; linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; e isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fios de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração de solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. Por outro lado, não poderão ser elegíveis para os incentivos de compensação pelos serviços ambientais os proprietários ou possuidores de imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural - CAR, inadimplentes em relação ao cumprimento do termo de compromisso ou Programa de Regularização Ambiental-PRA ou mesmo que estejam sujeitos a sanções por infrações, até a sua extinção, ao disposto no Código Florestal, exceto aquelas suspensas, podendo ainda receberem os incentivos de isenção de impostos para insumos e equipamentos e os outros referente aos demais benefícios previstos no CFlor. Incentivos a comercialização inovação e aceleração dos serviços ambientais para a fauna nativa: incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa, tais como: participação preferencial nos programas de apoio à comercialização da produção agrícola; destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica e a extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade ambiental. Ademais disso, os proprietários localizados nas zonas de amortecimento de Unidadesde Conservação de Proteção Integral são elegíveis para receber apoio técnico-financeiro da compensação prevista no art. 36 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (compensação ambiental pelo uso do bem ambiental por empreendimentos que afetem unidades de conservação), com a finalidade de recuperação e manutenção de áreas prioritárias para a gestão da unidade. Destaque-se ainda a possibilidade de as atividades de manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito serem elegíveis para quaisquer pagamentos 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 79/113 ou incentivos por serviços ambientais, configurando adicionalidade para fins de mercados nacionais e internacionais de reduções de emissões certificadas de gases de efeito estufa. Previu ainda o CFlor que o programa de incentivo deve desenvolver métodos de apoio à regularização ambiental das propriedades rurais que se encontram em débito com o meio ambiente (necessidade de recuperar área desmatada, recompor a vegetação de reserva legal ou de área de preservação permanente), com desmatamento seja anterior a 22 de julho de 2008, podendo o programa prevê dedução da base de cálculo do imposto de renda do proprietário ou possuidor de imóvel rural, pessoa física ou jurídica, de parte dos gastos efetuados com a recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito, bem como a utilização de fundos públicos para concessão de créditos reembolsáveis e não reembolsáveis destinados à compensação, recuperação ou recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. Poderá ainda o programa estabelecer diferenciação tributária para empresas que industrializem ou comercializem produtos originários de propriedades ou posses rurais que cumpram os padrões e limites estabelecidos no CFlor, ou que estejam em processo de cumpri- los. Por fim, o Governo Federal implantará programa para conversão da multa prevista no art. 50 do Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, destinado a imóveis rurais, referente a autuações vinculadas a desmatamentos em áreas onde não era vedada a supressão, que foram promovidos sem autorização ou licença, em data anterior a 22 de julho de 2008 (data da publicação do Decreto 6.514/2008). Um dos pontos relevantes para fins de concurso é a isenção do Imposto Territorial Rural – ITR sobre as áreas de preservação permanente, de reserva legal e de uso restrito. Dois instrumentos normativos previram a dedução na base de cálculo do ITR, que usa a área total da terra nua, quais sejam a Lei 8.171/91 (Lei da Política Agrícola) e a Lei 9.393/96 (Lei do ITR). Vejamos abaixo as áreas que devem ser decotadas da base de cálculo: Lei 8.171/91 (art. 104): APPs; RL; Lei 9.393/96 (art. 10, §1º, II, a) APPs; RL; de interesse ecológico para proteção de ecossistemas (desde que amplie a restrição de uso das APPs e RL); 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 80/113 Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais - PNPSA comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal declaradas de interesse ecológico por ato do poder público; área sob regime de servidão ambiental; cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; alagadas para fins de constituição de reservatórios de usinas hidrelétricas autorizada pelo Poder Público. O uso desse instrumento econômico objetiva o desenvolvimento de comportamentos positivos pelos proprietários ou possuidores de imóveis rurais com o fim de se tutelar de forma mais efetiva esses importantes territórios especialmente protegidos pelo Código Florestal. A isenção do ITR tem nítida característica extrafiscal do tributo buscando induzir comportamentos que visem a prestação de serviços ambientais. Cumpre destacar que o usufruto desse benefício econômico, no que tange à reserva legal, exige a comprovação do registro da área no CAR ou a averbação no registro de imóvel competente. Por outro lado, esse benefício não se aplica ao Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, mesmo apresentando área de preservação permanente, por falta de previsão legal, considerando que somente a lei específica poderá isentar o pagamento de determinados tributos (princípio da legalidade). Vejamos o posicionamento do STJ: TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA CONDADO S.A. A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. É assente nesta Corte de Justiça ser imprescindível a averbação da área de reserva legal no registro do imóvel para gozo do benefício fiscal do ITR. Precedentes: REsp. 1.668.718/SE, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 13.9.2017; AgInt no AREsp. 666.122/RN, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 10.10.2016 e AgRg no REsp.1.429.300/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 25.6.2015. (AgInt no REsp 1611167/PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 26/03/2019. O art. 41, I, do CFlor, exigiu do Poder Público a necessidade de retribuir os provedores de serviços ambientais, de forma monetária ou não, na busca de fomentar a pratica de condutas que visem a melhoria da qualidade do meio ambiente. Vejamos o teor da norma: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 81/113 Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação: I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente: a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono; b) a conservação da beleza cênica natural; c) a conservação da biodiversidade; d) a conservação das águas e dos serviços hídricos; e) a regulação do clima; f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico; g) a conservação e o melhoramento do solo; h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito; Dando concretude a esse dispositivo e ao princípio do protetor - recebedor, foi editada a Lei 14.119/2021 que definiu os critérios para implementação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais – PNPSA, instituindo o Cadastro Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais – CNPSA e o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais – PFPSA. Art. 1º Esta Lei define conceitos, objetivos, diretrizes, ações e critérios de implantação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA), institui o Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (CNPSA) e o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais (PFPSA), dispõe sobre os contratos de pagamento por serviços ambientais e altera as Leis nº 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 82/113 A norma, dentre as mais variadas definições apresentadas em seu art. 2º, elencou o que deve ser entendido por serviços ambientais seu pagamento e os provedores desses serviços. Vejamos o esquema abaixo: A norma também definiu as modalidades de pagamento pela prestação dos serviços ambientais pelos provedores em seu art.3º, destacando- se como um rol meramente exemplificativo, tendo em vista que outras modalidades de pagamento poderão ser estabelecidas por atos normativos do órgão gestor daPNPSA. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 83/113 A Lei 14.119/2021 definiu os objetivos e diretrizes para implementação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. São objetivos da PNPSA, elencados no art. 4º, da referida norma: orientar a atuação do poder público, das organizações da sociedade civil e dos agentes privados em relação ao pagamento por serviços ambientais, de forma a manter, recuperar ou melhorar os serviços ecossistêmicos em todo o território nacional; estimular a conservação dos ecossistemas, dos recursos hídricos, do solo, da biodiversidade, do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado; valorizar econômica, social e culturalmente os serviços ecossistêmicos; evitar a perda de vegetação nativa, a fragmentação dehabitats, a desertificação e outros processos de degradação dos ecossistemas nativos e fomentar a conservação sistêmica da paisagem; incentivar medidas para garantir a segurança hídrica em regiões submetidas a escassez de água para consumo humano e a processos de desertificação; contribuir para a regulação do clima e a redução de emissões advindas de desmatamento e degradação florestal; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 84/113 reconhecer as iniciativas individuais ou coletivas que favoreçam a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos, por meio de retribuição monetária ou não monetária, prestação de serviços ou outra forma de recompensa, como o fornecimento de produtos ou equipamentos; estimular a elaboração e a execução de projetos privados voluntários de provimento e pagamento por serviços ambientais, que envolvam iniciativas de empresas, de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e de outras organizações não governamentais; estimular a pesquisa científica relativa à valoração dos serviços ecossistêmicos e ao desenvolvimento de metodologias de execução, de monitoramento, de verificação e de certificação de projetos de pagamento por serviços ambientais; assegurar a transparência das informações relativas à prestação de serviços ambientais, permitindo a participação da sociedade; estabelecer mecanismos de gestão de dados e informações necessários à implantação e ao monitoramento de ações para a plena execução dos serviços ambientais; incentivar o setor privado a incorporar a medição das perdas ou ganhos dos serviços ecossistêmicos nas cadeias produtivas vinculadas aos seus negócios; incentivar a criação de um mercado de serviços ambientais; fomentar o desenvolvimento sustentável. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente, órgão central do SISNAMA, gerir a Política Nacional do Meio Ambiente. A PNPSA deverá integrar-se às demais políticas setoriais e ambientais, em especial à Política Nacional do Meio Ambiente, à Política Nacional da Biodiversidade, à Política Nacional de Recursos Hídricos, à Política Nacional sobre Mudança do Clima, à Política Nacional de Educação Ambiental, às normas sobre acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade e, ainda, ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e aos serviços de assistência técnica e extensão rural. A norma federal também criou e disciplinou o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais (PFPSA), que tem o objetivo de efetivar a PNPSA relativamente ao pagamento desses serviços pela União, nas ações de manutenção, de recuperação ou de melhoria da cobertura vegetal nas áreas prioritárias para a conservação, de combate à fragmentação de habitats, de formação de corredores de biodiversidade e de conservação dos recursos hídricos. A contratação do pagamento por serviços ambientais no âmbito do PFPSA, observada a importância ecológica da área, terá como prioridade os serviços providos por comunidades tradicionais, povos indígenas, agricultores familiares e empreendedores familiares rurais definidos nos termos da Lei nº 11.326/2006. São requisitos gerais para participação no PFPSA: enquadramento em uma das ações definidas para o Programa; nos imóveis privados, 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 85/113 Cota de Reserva Ambiental - CRA comprovação de uso ou ocupação regular do imóvel, por meio de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR); formalização de contrato específico; outros estabelecidos em regulamento. O financiamento do PFPSA poderá ser por meio da captação de recursos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas de direito privado e perante as agências multilaterais e bilaterais de cooperação internacional, preferencialmente sob a forma de doações ou sem ônus para o Tesouro Nacional, exceto nos casos de contrapartidas de interesse das partes. A norma também vedou o pagamento por serviços ambientais em seu art. 10, a pessoas físicas e jurídicas inadimplentes em relação a termo de ajustamento de conduta ou de compromisso firmado com os órgãos competentes com base nas Leis 7.347/1985 (Lei de ACP) e 12.651/ 2012 (CFlor), bem como referente a áreas embargadas pelos órgãos do Sisnama, conforme disposições da Lei nº 12.651/2012 (CFlor). As Cotas de Reserva Ambiental - CRA são títulos nominativos equivalentes a áreas com cobertura de vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação, de uma propriedade e que podem ser usadas para compensar o déficit de reserva legal de outra. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Cada cota representa um hectare e as CRAs estarão disponíveis para aquisição na bolsa de mercadorias. É um mecanismo de compensação ambiental das áreas de reserva legal. A CRA foi prevista na Lei 12.651/2012 (CFlor) que definiu as áreas que podem ser objeto de emissão desse título, nos termos do art. 44, sendo o Decreto nº 9.640/2018 a norma regulamentadora dos procedimentos de emissão, registro, transferência, utilização e cancelamento da Cota de Reserva Ambiental – CRA. O órgão federal responsável pela emissão da CRA é o Serviço Florestal Brasileiro - SFB, órgão integrante da estrutura organizacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (antes era do Ministério do Meio Ambiente). São áreas que podem ser utilizadas para emissão da CRA: (1) sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9º-A da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; (2) correspondente à área de Reserva Legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos pelo CFlor; (3) protegida na forma de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; e (4) existente em propriedade rural localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha sido desapropriada. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 86/113 Cumpre lembrar que esse permissivo legal não autoriza que a área de reserva legal, nos percentuais previstos no CFlor, seja utilizada para fins de emissão da CRA. Assim, a CRA não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em área de RPPN instituída em sobreposição à Reserva Legal do imóvel. Só poderão ser utilizadas para fins de emissão da CRA as áreas não previstas legalmente como obrigações do proprietário ou possuidor. É nesse sentido que mesmo sendo possível emitir a CRA para a área da RPPN, deverá o proprietário decotar o valor correspondente a reserva legal, considerando que o CFlor, em seu art. 44, §2º, pontifica que a CRA não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em área de RPPN instituída em sobreposição à Reserva Legal do imóvel. Mas a norma, para fomentar o pleno desenvolvimento da pequena propriedade ou posse rural familiar, permite que essas propriedades emitam CRA mesmo com base na área objeto da reserva legal da propriedade. O proprietário interessado na emissão da CRA deverá apresentar junto ao órgão estadual ou distrital competente,por meio do módulo CRA do Sistema de Cadastro Ambiental Rural – Sicar (sistema eletrônico nacional destinado ao gerenciamento de informações ambientais dos imóveis rurais); ou por sistema próprio e integrado ao Sicar, proposta acompanhada de: ���certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de imóveis competente; ���cédula de identidade do proprietário, na hipótese de pessoa física; ���ato de designação de responsável e sua cédula de identidade, na hipótese de pessoa jurídica; ���certidão negativa de débitos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR; ���polígonos com informações geográficas do imóvel e da área vinculada ao título, inscrito e em conformidade com os critérios estabelecidos no Sicar, sem prejuízo da correção de dados já contidos no CAR; ���áreas vetorizadas das matrículas e de eventuais posses existentes no imóvel; ���documento que comprove a instituição e a vigência de servidão ambiental, na hipótese de emissão de CRA nos termos do disposto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 12.651, de 2012; ���documento que comprove a instituição de Reserva Particular do Patrimônio Natural, na hipótese de emissão de CRA nos termos do disposto no inciso III do caput do art. 44 da Lei nº 12.651, de 2012; e ���número de inscrição do imóvel no CAR constante do recibo de inscrição emitido pelo Sicar, nos termos do disposto no § 1º do art. 3º do Decreto nº 8.235, de 2014. Essas documentações devem ser apresentadas ao órgão ambiental estadual competente, cabendo ao Serviço Florestal Brasileiro - SFB, após o órgão estadual emitir o laudo comprobatório de que as cotas requeridas podem ser emitidas, levar o título a registro em 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 87/113 bolsas de mercadorias de âmbito nacional ou em sistemas de registro e de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central do Brasil, no prazo de 30 dias, contado da data de emissão da CRA. É fundamental que o candidato lembre que a utilização da CRA para compensação da Reserva Legal deverá ser averbada na matrícula do imóvel no qual se situa a área vinculada ao título e na do imóvel beneficiário da compensação. Cada CRA equivale a 1 hectare de área com vegetação nativa primária ou com vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração ou recomposição; ou de área de recomposição com reflorestamento com espécies nativas. O estágio sucessional ou o tempo de recomposição ou regeneração da vegetação nativa será avaliado pelo órgão estadual ou distrital competente, de acordo com a declaração do proprietário e a vistoria de campo, não podendo ser emitida quando a regeneração ou a recomposição da área for considerada improvável ou inviável pelo órgão estadual ou distrital competente. Quanto à transferência, a CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente. A transferência da CRA só produz efeito uma vez registrado o termo de transferência no sistema único de controle (Sicar). A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Nesse ponto, devemos lembrar que o STF julgou que além de pertencerem ao mesmo bioma, devem apresentar identidade ecológica, dando interpretação conforme ao art. 48, §2º, da Lei 12.651/2012. A responsabilidade plena pela manutenção das condições de conservação da vegetação nativa da área que deu origem ao título cabe ao proprietário do imóvel rural em que se situa a área vinculada à CRA, podendo ser utilizada em Plano de Manejo Florestal Sustentável, aprovado pelo órgão ambiental competente. Destaque-se ainda que a transmissão inter vivos ou causa mortis do imóvel não elimina nem altera o vínculo de área contida no imóvel à CRA. A vigência da CRA remanescerá enquanto o título não for cancelado. A CRA somente poderá ser cancelada nos seguintes casos: (1) por solicitação do proprietário rural, em caso de desistência de manter áreas nas condições previstas nos incisos I e II do art. 44, do CFlor; (2) automaticamente, em razão de término do prazo da servidão ambiental; (3) por decisão do órgão competente do Sisnama, no caso de degradação da vegetação nativa da área vinculada à CRA cujos custos e prazo de recuperação ambiental inviabilizem a continuidade do vínculo entre a área e o título. O cancelamento da CRA deve ser averbado na matrícula do imóvel no qual se situa a área vinculada ao título e do imóvel no qual a compensação foi aplicada. Cumpre assinalar que o cancelamento da CRA utilizada para fins de compensação de reserva legal poderá ser efetivado somente se o requerente assegurar a reserva legal para o imóvel no qual a compensação foi aplicada, em conformidade com o disposto no § 1º do art. 50 da Lei nº 12.651, de 2012 [6]. O cancelamento da CRA nos termos do disposto nos incisos III a V do caput não afastará a incidência das sanções administrativas e penais previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 [7]. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 88/113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 89/113 Questão 2018 | 62061312 A Constituição brasileira prevê no art. 225 o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. De modo a concretizar tal direito fundamental, o legislador infraconstitucional é competente para editar normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e áreas de Reserva Legal. Levando em consideração as informações apresentadas e a Lei Federal nº 12.651/2012, assinale a alternativa correta. A) O registro de reserva legal de imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR) não desobriga o proprietário de realizar a averbação no Cartório de Registro de Imóveis. B) A Cota de Reserva Ambiental (CRA) é título nominativo representativo de área com vegetação nativa que será emitido após apresentação de proposta ao órgão competente, acompanhada de certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de imóveis competente. C) É desnecessária a averbação do vínculo de área à Cota de Reserva Ambiental (CRA) na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. D) As servidões ambientais instituídas para limitar o uso total ou parcial de propriedade para �ns de preservação, conservação ou recuperação dos recursos ambientais existentes poderão, mediante requerimento do Poder Público, sofrer averbação na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. E) A inscrição de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR) é obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, sendo de incumbência dos o�ciais de registro de imóveis, sob pena de responsabilização civil e funcional. Solução Gabarito: B) A Cota de Reserva Ambiental (CRA) é título nominativo representativo de área com vegetação nativa que será emitido após apresentação de proposta ao órgão competente, acompanhada de certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de imóveis competente.O meio ambiente é um bem de uso comum do povo, sendo considerado indispensável para a sadia qualidade de vida; Para assegurar tal direito, conta-se com a intervenção do poder público, com criação de normas de proteção e de políticas públicas para evitar danos ao meio ambiente, e com a coletividade, estando estampado, neste cenário, o princípio da preservação, exempli�cado pelo art. 225 da Constituição Federal: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 90/113 coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. A CF/88 traz, com este dispositivo, um direito de terceira geração (direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado), que tem alicerce na "fraternidade" ou na "solidariedade". São “direitos que não se destinam especi�camente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Têm primeiro por destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua a�rmação como valor supremo em termos de existência concreta” (BONAVIDES, p. 523). Para assegurar tal direito, cumpre ao legislador estabelecer medidas de proteção e preservação ao meio ambiente, como as previstas na Lei 12.651/2012. A resolução da questão, portanto, demanda conhecimento da referida lei, que é denominada de Código Florestal Brasileiro. Vejamos. Referência: BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Malheiros. A letra A está incorreta. ERRADA. "O registro de reserva legal de imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR) não desobriga o proprietário de realizar a averbação no Cartório de Registro de Imóveis." Veja: Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei. [...] §4º O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato. "O CAR - Cadastro Ambiental Rural é um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a �nalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Após a sua implantação, somente". O registro da reserva legal de imóvel no referido cadastro, 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 91/113 desobriga o proprietário, tornando facultativa a averbação no Cartório de Registro de Imóveis competente e, se decidir fazê-la, o ato será isento de custas e emolumentos. A letra B está correta. CORRETA. A resolução da alternativa demanda conhecimento dos Arts. 44 e 45 da Lei 12.651/2012. Vejamos: "Art. 44. É instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação: I - sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9º-A da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; II - correspondente à área de Reserva Legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos no art. 12 desta Lei; III - protegida na forma de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; IV - existente em propriedade rural localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha sido desapropriada. § 1º A emissão de CRA será feita mediante requerimento do proprietário, após inclusão do imóvel no CAR e laudo comprobatório emitido pelo próprio órgão ambiental ou por entidade credenciada, assegurado o controle do órgão federal competente do Sisnama, na forma de ato do Chefe do Poder Executivo." "Art. 45. A CRA será emitida pelo órgão competente do Sisnama em favor de proprietário de imóvel incluído no CAR que mantenha área nas condições previstas no art. 44. § 1º O proprietário interessado na emissão da CRA deve apresentar ao órgão referido no caput proposta acompanhada de: I - certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de imóveis competente;" "O Código Florestal instituiu, em seu art. 44, a Cota de Reserva Ambiental (CRA), título representativo de áreas de vegetação nativa existente ou em processo de recuperação que, como declara expressamente o § 3º [...]. O objetivo da CRA é servir como título que poderá ser negociado no mercado, para atender a compensações exigidas em lei. O raciocínio é simples: aquele que, não sendo obrigado por lei, optar por um benefício ao meio ambiente, recebe um título que lhe reconhece um “crédito ambiental”." (2015, p. 258). O proprietário (não o possuidor, por questões de segurança jurídica), que pretender o título, deverá expor sua proposta ao órgão competente, apresentando os documentos elencados 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 92/113 nos incisos do art. 44. Referência: LEHFELD, Lucas de Souza. CARVALHO, Nathan Castelo Branco de. BALBIM, Leonardo Isper Nassif. Código �orestal comentado e anotado (artigo por artigo) – 3.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. A letra C está incorreta. ERRADA. A a�rmativa afronta o determinado no §3º do Art. 45, da Lei 12.651/2012. "É desnecessária a averbação do vínculo de área à Cota de Reserva Ambiental (CRA) na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente." Art. 45. A CRA será emitida pelo órgão competente do Sisnama em favor de proprietário de imóvel incluído no CAR que mantenha área nas condições previstas no art. 44. [...] § 3º O vínculo de área à CRA será averbado na matrícula do respectivo imóvel no registro de imóveis competente. "Emitida a CRA, seu vínculo com a área deverá ser averbado na matrícula do respectivo imóvel no registro de imóveis competente. Nesse ponto o legislador não se contentou com o Cadastro Ambiental Rural do imóvel, exigindo também a averbação do título na matrícula, visando garantir a segurança e o bom uso do título." (2015, p. 264). Referência: LEHFELD, Lucas de Souza. CARVALHO, Nathan Castelo Branco de. BALBIM, Leonardo Isper Nassif. Código �orestal comentado e anotado (artigo por artigo) – 3.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. A letra D está incorreta. ERRADA. "As servidões ambientais instituídas para limitar o uso total ou parcial de propriedade para �ns de preservação, conservação ou recuperação dos recursos ambientais existentes poderão, mediante requerimento do Poder Público, sofrer averbação na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente." A averbação da servidão ambiental na matrícula do imóvel é obrigatória, não sendo mera faculdade do proprietário, conforme determina o Art. 9º-A, §4º, da Lei 6938/81. Veja: Art. 9º-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo �rmado perante órgão 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 93/113 integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. [...] § 4º Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no registro de imóveis competente: I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental; II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental. Art. 9º-C. O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel. "Trata-se de importante instituto ambiental destinado principalmenteà compensação ambiental de áreas de Reserva Legal que estejam, em sua extensão, em desacordo com as normas previstas no Código Florestal." (2015, p. 355) Uma vez instituída a servidão ambiental, esta deverá ser averbada na matrícula do imóvel, conforme determina o artigo supramencionado. Portanto, a alternativa está incorreta, uma vez que ilustra situação em que a averbação é uma mera faculdade do poder público. Referência: LEHFELD, Lucas de Souza. CARVALHO, Nathan Castelo Branco de. BALBIM, Leonardo Isper Nassif. Código �orestal comentado e anotado (artigo por artigo) – 3.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. A letra E está incorreta. ERRADA. "A inscrição de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR) é obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, sendo de incumbência dos o�ciais de registro de imóveis, sob pena de responsabilização civil e funcional." A inscrição do imóvel rural no CAR é de incumbência exclusiva do proprietário ou possuidor do imóvel, conforme determina o art. 29, §1º, da Lei 12.651/2012: Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a �nalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 94/113 § 1º A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: I - identi�cação do proprietário ou possuidor rural; II - comprovação da propriedade ou posse; III - identi�cação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográ�cas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal. As informações são declaradas pelo responsável pelo imóvel, motivo pelo qual a sua veracidade e legitimidade são de inteira responsabilidade deste, podendo, inclusive, sofrer sansões em caso de informações falsas, enganosas ou omissas. Programa de Regularização Ambiental e Áreas Consolidadas O Código Florestal determinou, em seu art. 59, a obrigatoriedade de implementação pela União, Estados e Distrito Federal, dos Programas de Regularização Ambiental (PRAs) de posses e propriedades rurais, compreendendo um conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental das áreas rurais com antropização consolidadas até 22 de julho de 2008, data de publicação do Decreto 6.514/2008. Caso os Estados e o Distrito Federal não tenham implantado o PRA até 31 de dezembro de 2020, o proprietário ou possuidor de imóvel rural poderia aderir ao PRA implantado pela União. Nesse sentido, a instituição do PRA visa beneficiar os produtores rurais que acarretaram danos ao meio ambiente até a data de 22 de julho de 2008 criando normas mais benéficas para aquele que aderi ao PRA. Assim, temos dois sistemas jurídicos distintos: um atinente às infrações ambientais cometidas antes da data fatídica de 22 de julho de 2008; e outro referente às infrações praticadas após a referida data. O Programa de Regularização ambiental – PRA só aplica para as infrações cometidas até o dia 22 de julho de 2008. São instrumentos do Programa de Regularização Ambiental: o Cadastro Ambiental Rural - CAR, o termo de compromisso, o Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas, bem como as Cotas de Reserva Ambiental - CRA, quando couber. A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA, a que deverá ser requerida pelo interessado no prazo de um ano, contado da notificação pelo órgão 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 95/113 competente, que realizará previamente a validação do cadastro e a identificação de passivos ambientais. No período entre a publicação da Lei nº 14.595/2023, e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, e após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no art. 12, e cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental. As multas decorrentes das infrações serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme definido no PRA. O STF deu interpretação conforme ao art. 59, §5º, de modo a afastar, no decurso da execução do termo de compromisso subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência e prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22/07/2008, sejam das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no §1º, do art. 60 do CFlor, segundo o qual a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva. Além disso, a partir da assinatura do termo de compromisso e durante o seu cumprimento na vigência do PRA, o proprietário ou possuidor de imóvel rural estará em processo de regularização ambiental e não poderá ter o financiamento de sua atividade negado em face do descumprimento desta Lei ou dos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, devendo as instituições financeiras embasar suas decisões em informações de órgãos oficiais. Assim, os órgãos ambientais competentes devem garantir o acesso de instituições financeiras a dados do CAR e do PRA que permitam verificar a regularidade ambiental do proprietário ou possuidor de imóvel rural, devendo ainda manter atualizado e disponível em sítio eletrônico demonstrativo sobre a situação da regularização ambiental dos imóveis rurais, indicando, no mínimo, a quantidade de imóveis inscritos no CAR, os cadastros em processo de validação, os requerimentos de adesão ao PRA recebidos e os termos de compromisso assinados. Por fim, a assinatura de termo de compromisso para regularização de imóvel ou posse rural perante o órgão ambiental competente, suspende também a punibilidade dos crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o termo estiver sendo cumprido, ficando a prescrição interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva. Será extinta a punibilidade com o efetivo cumprimento do termo de compromisso. Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente O Código Florestal deu um tratamento diferenciado (mais benéfico) para as áreas rurais consolidadas. Estas são entendidas como área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 96/113 O CFlor autoriza, nas Áreas de Preservação Permanente, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008 desde que inscritas no Programa de Regularização Ambiental-PRA e que recupere parte da área antropizada em valores menores que os previstos para as APPs previstas no art. 4 e seguintes do CFlor. Assim,as únicas atividades que poderão ser desenvolvidas em áreas consolidadas de APPs são as atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, não podendo o proprietário ou o possuidor valer-se da conversão de novas áreas de APP para uso alternativo do solo. Por outro lado, nos termos do § 16, do at. 61-A, do CFlor, as Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do poder público até a data de publicação do CFlor (28/05/2012) não são passíveis de ter quaisquer atividades consideradas como consolidadas, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do Sisnama, devendo o proprietário, possuidor rural ou ocupante a qualquer título adotar todas as medidas indicadas. Recomposição de APPs de cursos d’água naturais em áreas consolidadas O CFlor utiliza como parâmetro para definir a quantidade de recomposição das áreas de APPs o Módulo Fiscal - MF que consiste numa unidade de medida de área (em hectares) atribuída aos Municípios, tomando como base diversas características do ente federativo como o tipo de exploração predominante, a renda obtida com esta exploração predominante; outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada; e o conceito de propriedade familiar. Seu disciplinamento está previsto na Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra). Nessa cadência, o valor do módulo fiscal é único para cada Município. Vejamos o exemplo do Estado de Pernambuco. O Município de Águas Belas tem como módulo fiscal o valor de 40 hectares para 1 MF. Por outro lado, Alagoinha cada MF equivale a uma área de 20 hectares. Para sistematizar as informações, vejamos a tabela abaixo em que, a depender do módulo fiscal, caberá ao proprietário possuidor efetivar a recomposição da área de APP nos valores previstos no art. 61-A do CFlor. Vejamos: Recomposição de APPs de cursos d’água naturais em áreas rurais consolidadas Área da Propriedade Recomposição Até 1MF 5 metros 1MF até 2MF 8 metros 2 MF até 4 MF 15 metros 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 97/113 Lembrando apenas que para áreas antropizadas após 22/07/2008, a extensão da recomposição da APP está relacionada com a largura do curso d’água, e não com o módulo fiscal, podendo chegar até 500m de extensão (art. 4º, I, do CFlor). Recomposição de APPs do entorno das nascentes e olhos d’água em áreas consolidadas A regra é a necessidade de manutenção mínima de um raio de 50 m nas áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica. Ocorre que para áreas antropizadas até a data de 22/07/2008, independentemente do módulo fiscal ou qualquer outro parâmetro de referência, deve ser recomposta apenas um raio de 15 metros. Cumpre assinalar que será possível a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural nessas áreas. Recomposição do entorno de lagos e lagoas em áreas consolidadas O CFlor permite a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008 desde que seja recomposta parte da área do imóvel no entorno de lagos e lagoas em valores a depender da área do imóvel tomando como referência o módulo fiscal. Vejamos o quadro abaixo: de 4MF até 10 MF (curso d’água até 10 metros de largura) 20 metros Demais casos Metade da largura do curso d’água (mínimo de 30 e máximo de 100) Recomposição de APPs do entorno das nascentes e olhos d’água em áreas rurais consolidadas Área da Propriedade Recomposição ---------- 15 metros Recomposição de APPs do entorno de lagos e lagoas em áreas rurais consolidadas Área da Propriedade Recomposição Até 1MF 5 metros 1MF até 2MF 8 metros 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 98/113 Lembramos que para áreas antropizadas em data posterior a 22/07/2008 a área de APP do entorno de lagos e lagoas, se na zona urbana, será de 30m, se na zona rural, de 100m, sendo desnecessária sua constituição, nos casos em que a área da superfície do lago/lagoa não ultrapasse 1 hectare (art. 4º, II, da Lei 12.651/2008). No caso em tela, independentemente de o imóvel se encontrar em zona urbana ou rural os valores de recomposição serão os apresentados na tabela acima. Recomposição de veredas em áreas consolidadas As veredas são fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas que necessitam ser protegidas numa faixa obrigatória fixada pelo CFlor em 50m a partir do espaço permanente brejoso e encharcado. Para áreas rurais consolidadas o CFlor previu duas faixas de proteção a depender do tamanho da propriedade rural, tomando como referência o módulo fiscal. Assim, é obrigado o proprietário ou possuidor a recompor de 30m a 50 m de área de APP em veredas a depender do tamanho do imóvel. Eis o quadro comparativo abaixo: Ressaltamos que a recomposição para qualquer uma das APPs aqui mencionadas, nos termos do §13, do art. 61-A, do CFlor, poderá ser feita, isolada ou conjuntamente, pelos seguintes métodos: (1) condução de regeneração natural de espécies nativas; (2) plantio de espécies nativas; (3) plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas; e (4) plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, exóticas com nativas de ocorrência regional, em até 50% (cinquenta por cento) da área total a ser recomposta, no caso dos imóveis de pequena propriedade rural familiar. Outro ponto relevante é a responsabilidade do proprietário ou do possuidor para adoção de técnicas de conservação do solo e da água que visem à mitigação dos eventuais impactos acarretados pela continuidade das atividades que serão desenvolvidas nas APPs (agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural), bem como a necessidade de registro dessas atividades no CAR para fins de monitoramento pelo órgão integrante do Sisnama. 2 MF até 4 MF 15 metros Maior que 4MF 30 metros Recomposição de APPs de veredas em áreas rurais consolidadas Área da Propriedade Recomposição Até 4 MF 30 metros Maior que 4 MF 50 metros (já é a regra geral) 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 99/113 Questão 2018 | 546697819 Assinale a alternativa correta acerca do que prevê a Lei nº 12.651/12 ao tratar das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente. Áreas de encostas, bordas de tabuleiros e em topos de morro em áreas consolidadas O art. 63, da Lei 12.651/2008 admitiu que nas áreas de encostas, bordas de tabuleiros ou chapadas, ou mesmo em topos de morro a possibilidade de ser admitida a manutenção de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, bem como da infraestrutura física associada ao desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris, vedando a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo. Assinale-se que a manutenção das culturas e da infraestrutura é condicionada à adoção de práticas conservacionistas do solo e da água indicadas pelos órgãos de assistência técnica rural. Admite-se ainda, nas Áreas de Preservação Permanente, referente as bordas dos tabuleiros e chapadas, a consolidação de outras atividades agrossilvipastoris, dos imóveis rurais de até 4 MF, no âmbito do PRA, a partir de boas práticas agronômicas e de conservação do solo e da água, mediante deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou órgãos colegiados estaduais equivalentes, ressalvadas as situações de risco de vida. Tratamento diferenciado para imóveis rurais de até 10 módulos fiscais O CFlor previu ainda benefícios para as propriedades14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais. § 2º As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. Qualquer atividade desenvolvida em desacordo com as normas da Lei 12.651/2012, são consideradas atentatórias ao uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação, devendo responder o transgressor nas esferas penal, civil e administrativa. Importante salientar que as obrigações civis decorrentes dessas atividades lesivas as florestas têm natureza real, também denominada de propter rem, sendo transmitidas aos sucessores de qualquer natureza caso haja transferência de domínio ou posse do imóvel, nos termos do §2º, do art. 2º, do CFlor. Assim, as obrigações de natureza ambiental se vinculam ao título do domínio ou posse sendo transferidas do proprietário/possuidor independentemente de os sucessores não terem relação com o ilícito ambiental perpetrado. O Superior Tribunal de Justiça – STJ editou, em 17/12/2018, a Súmula 623 que tem como enunciado: as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Nesse sentido, fica ao alvedrio do credor cobrar as obrigações ambientais do proprietário/possuidor anterior, do atual, ou mesmo de ambos, havendo uma verdadeira solidariedade entre eles. Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor e/ou dos anteriores, à escolha do credor. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 9/113 Conceitos Fundamentais previstos no CFlor O Código Florestal, em seu art. 3º, apresentou uma interpretação autêntica, delineando os conceitos fundamentais de alguns institutos jurídicos para o escorreito entendimento de seus regramentos: Amazônia Legal Os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; Área de Preservação Permanente – APP Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Reserva Legal Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; Área rural consolidada Área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio; Pequena propriedade ou posse rural familiar 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 10/113 Aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006; Estende-se o tratamento dispensado às pequenas propriedades ou posses rurais familiares às propriedades e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às terras indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que façam uso coletivo do seu território. Uso alternativo do solo Alguns desses conceitos foram objeto de questionamento quanto à sua constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal – STF nas ADI 4903 e ADC 42. Substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana; Manejo sustentável Administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços; Utilidade pública a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, energia, telecomunicações, radiodifusão, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; Interesse social a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 11/113 b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; f) construção e manutenção de cercas na propriedade; g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos narurais com até 10 módulos fiscais que desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente garantindo que a exigência de recomposição, somadas todas as Áreas de Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2 (dois) módulos fiscais; ou de 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fiscais. Assim, por exemplo, se a soma das áreas de APPs de uma propriedade que apresenta 3MF é de 18% da área total do imóvel rural, terá o proprietário que recompor apenas 2% da APP que se encontra antropizada até a data de 22/07/2008. Essa regra não se aplica para propriedades que tenham valores acima de 4MF, considerando que o inciso III, do § art. 61- B, foi vetado pelo Poder Executivo federal. Recomposição de APPs para imóveis até 10 mf Área da Propriedade Soma de todas as APPs do imóvel (da área total) Até 2 MF 10% 2 MF até 4 MF 20% 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 100/113 A) Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. B) Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será facultado ao proprietário a recomposição das faixas marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, independentemente das suas dimensões. C) Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que detêm até 10 (dez) módulos �scais e desenvolvem atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente, independentemente da data de aquisição da propriedade, é garantido que a exigência de recomposição nunca ultrapassará 10% (dez por cento) da área total do imóvel. D) Qualquer manutenção das culturas e da infraestrutura nas áreas de preservação permanente, seja urbana ou rural, estão condicionadas à adoção de práticas conservacionistas do solo e da água indicadas pelos órgãos de assistência técnica rural. E) Para �ns da regularização ambiental de projetos de reurbanização ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edi�cável com largura mínima de 20 (vinte) metros de cada lado. Solução Gabarito: A) Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. A questão exige o conhecimento das Áreas Consolidadas, preexistentes antes de 22 de julho de 2008, em Áreas de Preservação Permanente e seu regime transitório conforme o Código Florestal. A letra A está correta. CORRETA. Conforme o art. 61-A, nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. "Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008." Lembrando que a de�nição de área rural consolidada é exatamente o seu uso anterior a 22 de julho de 2008. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 101/113 Art. 3º "IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edi�cações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio; " Essas áreas terão APPs em regime diferenciado com limitação total da área que necessita ser recuperada e também com seu tamanho condicionado ao tamanho da propriedade. A letra B está incorreta. INCORRETA. Conforme o art. 61-A, §7º, em áreas rurais consolidadas em veredas é OBRIGATÓRIA a recomposição das faixas marginais em largura conforme a dimensão do terreno. "Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. § 7º Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será obrigatória a recomposição das faixas marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de largura mínima de: I - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos �scais; e II - 50 (cinquenta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos �scais." A letra C está incorreta. INCORRETA. Conforme o art. 61-B, imóveis rurais de até 10 módulos �scais em áreas consolidadas em APPs, a recomposição poderá ser de 10% para imóveis com até 2 módulos �scais e de 20% da área total do imóvel para imóveis entre 2 e 4 módulos �scais. "Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que, em 22 de julho de 2008, detinham até 10 (dez) módulos �scais e desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente é garantido que a exigência de recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as Áreas de Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará: I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2 (dois) módulos �scais; II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos �scais;" 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 102/113 A letra D está incorreta. INCORRETA. Conforme o art. 63, §2º, apenas a manutenção das culturas e da infraestrutura das APPs de encostas, bordas dos tabuleiros ou chapadas, topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25º e em áreas em altitude superior a 1.800 metros consolidadas que há a condicionante de adoção de práticas conservacionistas do solo e da água indicadas pelos órgãos de assistência técnica rural. "Art. 63. Nas áreas rurais consolidadas nos locais de que tratam os incisos V, VIII, IX e X do art. 4º , será admitida a manutenção de atividades �orestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, bem como da infraestrutura física associada ao desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris, vedada a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo. § 2º A manutenção das culturas e da infraestrutura de que trata o caput é condicionada à adoção de práticas conservacionistas do solo e da água indicadas pelos órgãos de assistência técnica rural." A letra E está incorreta. INCORRETA. Conforme o art. 65, §2º, para �ns da regularização ambiental de projetos de reurbanização ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edi�cável com largura mínima de 15 metros de cada lado. "Art. 65. Na Reurb-E dos núcleos urbanos informais que ocupam Áreas de Preservação Permanente não identi�cadas como áreas de risco, a regularização fundiária será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da lei especí�ca de regularização fundiária urbana. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) § 2º Para �ns da regularização ambiental prevista no caput , ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não edi�cável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado." Áreas Consolidadas em Áreas de Reserva Legal Recomposição, Compensação e Regeneração de área de reserva legal Os percentuais de áreas das propriedades rurais que devem ser objeto de afetação para constituição da reserva legal estão previstos no art. 12, conforme tabela abaixo: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 103/113 O CFlor permitiu a regularização das áreas de reserva legal de imóveis rurais que tinham percentuais inferiores ao permitidos em 22/07/2008, sem a necessidade de se vincular ao PRA, podendo o proprietário ou possuidor adotar asseguintes medidas, isolada ou cumulativamente: recompor a Reserva Legal; permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal; e compensar a Reserva Legal. São três os institutos permitidos para reposição da área de reserva legal, a recomposição, a regeneração e a compensação. Cumpre lembrar que a obrigação de recuperar a área degrada é de natureza real, do tipo propter rem (recai sobre o imóvel) transmitindo-se aos sucessores a qualquer título, nos termos da Súmula 623 do STJ: Biomas Percentual Amazônia Legal Área de Floresta 80% Área de Cerrado 35% Área de Campos Gerais 20% Outros Biomas 20% Súmula 623 do STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Recomposição Existem regras específicas para recomposição da área de reserva legal. A recomposição deverá atender os critérios estipulados pelo órgão competente do Sisnama e ser concluída em até 20 (vinte) anos, abrangendo, a cada 2 (dois) anos, no mínimo 1/10 (um décimo) da área total necessária à sua complementação, podendo ser realizada mediante o plantio intercalado de espécies nativas com exóticas ou frutíferas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de ocorrência regional; a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% da área total a ser recuperada. O proprietário que optar pela recomposição da área de reserva legal, terá direito a sua exploração econômica, nos termos delineados no CFlor. Compensação Poderá o proprietário optar pela compensação de reserva legal objetivando sanear o percentual da área a ser recuperada. Melhor dizendo, o proprietário ou possuidor não 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 104/113 precisará praticar atos de recomposição da área podendo utilizar-se de outras áreas existentes no mesmo bioma para fins de cumprir com sua responsabilidade civil. Para isso, será necessário que a propriedade esteja inscrita no CAR e ser realizada mediante um dos instrumentos previstos no art. 66, §5º, da Lei 12.651/2012. São eles: aquisição de Cota de Reserva Legal – CRA; ou Arrendamento de área por servidão ambiental; ou doação ao poder público de área localizada em unidade de conservação de domínio público pendente de regularização fundiária; e cadastramento de outra área equivalente e excedente à reserva legal, em imóvel da mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma. Essas áreas, objeto da compensação de reserva legal, devem ser equivalentes em extensão e estar localizada no mesmo bioma da área da reserva legal a ser compensada. Se a área a ser compensada estiver fora do Estado, a compensação ainda será possível desde que esteja localizada em áreas consideradas prioritárias pelos Estados ou pela União. Destaque-se ainda que essas hipóteses de compensação não podem ser utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo. Regeneração Poderá o proprietário ou possuidor para cumprir sua obrigação de recuperação da área de reserva legal permitir a regeneração da vegetação nativa, podendo para isso adotar medidas protetivas da área com o intuito de permitir que, naturalmente, ocorra a reestruturação do ecossistema na área degradada. Desnecessidade de recomposição da Área de Reserva Legal em área consolidada Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12 do CFlor, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente naquela data, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo. Assim, o CFlor consolidou, para essas propriedades, a desnecessidade de recomposição dos percentuais de reserva legal, mesmo que inferiores àqueles fixados no art. 12. Outra regra foi a possibilidade de os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais atualmente exigidos pelo CFlor. Nesse sentido, não terá o proprietário que recompor uma área de reserva legal após a edição do CFlor se na regência do Código revogado (Lei 4.771/65) estava em consonância com os percentuais nele admitidos. Cabe aos proprietários ou possuidores dos imóveis rurais provar essas situações consolidadas por meio de documentos tais como a descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 105/113 Questão 2018 | 363159028 O Direito Ambiental revela mecanismos compensatórios que buscam a substituição de um bem ambiental por outro de valor equivalente e, em tal dimensão, é possível cogitar de uma compensação ambiental lato sensu. Dentre as espécies de compensação ambiental admitidas no Direito brasileiro há a compensação de Reserva Legal que consiste: A) na supressão da vegetação em área de preservação permanente, autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, quando não houver alternativa técnica ao empreendimento proposto. B) na compensação da reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, pertencente ao mesmo ecossistema e localizada na mesma microbacia em conformidade com os critérios previstos em regulamento. C) na restauração natural do dano ambiental em área distinta da área degradada, com a �nalidade de assegurar a conservação das funções ecológicas equivalentes. D) na destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, na mesma bacia hidrográ�ca do Bioma Mata Atlântica, em áreas localizadas no mesmo Município ou região metropolitana. E) no apoio à implantação e manutenção de unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral como meio de compensar a instalação de empreendimentos causadores de signi�cativo impacto ambiental. Solução Gabarito: B) na compensação da reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, pertencente ao mesmo ecossistema e localizada na mesma microbacia em conformidade com os critérios previstos em regulamento. A questão exigiu conhecimentos em relação a compensação ambiental, especi�camente no que toca a compensação de Reserva Legal. Foi exigido conhecimento dos dispositivos legais da Lei 12.651/12 do denominado Código Florestal. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia Legal, e seus herdeiros necessários que possuam índice de Reserva Legal maior que 50% (cinquenta por cento) de cobertura florestal e não realizaram a supressão da vegetação nos percentuais previstos pela legislação em vigor à época poderão utilizar a área excedente de Reserva Legal também para fins de constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 106/113 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o �uxo gênico de fauna e �ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; VIII - utilidade pública: e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacionalao empreendimento proposto, de�nidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; IX - interesse social: g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, de�nidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente. § 2o A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente: III - compensar a Reserva Legal. § 5o - A compensação de que trata o inciso III do caput deverá ser precedida pela inscrição da propriedade no CAR e poderá ser feita mediante: IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma. § 6o As áreas a serem utilizadas para compensação na forma do § 5º deverão: I - ser equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser compensada; II - estar localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal a ser compensada; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 107/113 OBS: Supremo Tribunal Federal entendeu que deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, do referido Código Florestal para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica. ( INFORMATIVO 892 -STF) Fonte : dizerodireito A letra A está incorreta. ERRADA. Nos termos do art. 3º, II, VIII, "e", IX, "g" d lei 12651/12 (Código Florestal), não existe respaldo legal para a a�rmação de que a compensação de Reserva Legal que consistiria na supressão da vegetação em área de preservação permanente, autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, quando não houver alternativa técnica ao empreendimento proposto. Senão vejamos: Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o �uxo gênico de fauna e �ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; VIII - utilidade pública: e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, de�nidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; IX - interesse social: g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, de�nidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; A letra B está correta. CERTA. Nos termos do art. 48, §. 2º combinado com o art. 66, III, § 5º, IV, § 6º, I e II do Código Florestal, a compensação da Reserva Legal deverá ser precedida pela inscrição da propriedade no CAR e poderá ser feita mediante cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma. Obs: CRA é a sigla para Cota de Reserva Ambiental. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 108/113 Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente. § 2o A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente: III - compensar a Reserva Legal. § 5o - A compensação de que trata o inciso III do caput deverá ser precedida pela inscrição da propriedade no CAR e poderá ser feita mediante: IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma. § 6o As áreas a serem utilizadas para compensação na forma do § 5º deverão: I - ser equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser compensada; II - estar localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal a ser compensada; OBS: Supremo Tribunal Federal entendeu que deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, do referido Código Florestal para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica. ( INFORMATIVO 892 -STF) Fonte : dizerodireito O novo Código Florestal adotou o critério do bioma para �ns de compensação da Reserva Legal. Assim, o § 2º do art. 48 previu que a CRA pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. Em outras palavras, o proprietário que quiser adquirir CRA deverá comprar de imóveis rurais situados no “mesmo bioma”. O STF entendeu que a aquisição de uma área no mesmo bioma é insu�ciente como mecanismo de compensação. Isso porque pode acontecer de, dentro de um mesmo bioma, 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 109/113 existir uma alta heterogeneidade de formações vegetais. Assim, pela redação legal, o proprietário poderia, dentro de um mesmo bioma, “compensar” áreas com formações vegetais completamente diferentes, já que, como dito, existe essa grande heterogeneidade. Desse modo, o STF acolheu os argumentos técnicos no sentido de que as compensações devem ser realizadas somente em áreas ecologicamente equivalentes, considerando-se não apenas o mesmo bioma, mas também as diferenças de composição de espécies e estrutura dos ecossistemas que ocorrem dentro de cada bioma. Em outras palavras, não basta que a área seja do mesmo bioma, é necessário também que haja identidade ecológica entre elas. A letra C está incorreta. ERRADA. Nos termos do art. 225, §2º da Constituição Federal, observa-se que na restauração natural impera a ideia de que não basta o pagamento de uma quantia em dinheiro para afastar o prejuízo experimentado pelo meio, o ideal é a interrupção da atividade lesiva e a recomposição da área prejudicada. A compensação ambiental, por outro lado, deve ser a opção quando a reparação in natura for impossível ou desproporcional e a satisfação do interesse ecológico precise de novas soluções que, ao menos, impeçam a ausência total de reparação. Ela é uma forma de restauração natural do dano ambiental voltada para uma área diferente da degradada, mas com a maior proximidade possível de equivalência ecológica. O seu objetivo não é a restauração ou reabilitação dos bens naturais afetados, mas sim a substituição por bens equivalentes, de modo que o patrimônio natural na sua integralidade permaneça quantitativa e qualitativamente inalterado. A letra D está incorreta. ERRADA. Nos termos do art.66 da Lei 12.651/12 ( Código Florestal) , trata do instituto da compensação de Reserva Legal, que nada tem a ver com a destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, na mesma bacia hidrográ�ca do Bioma Mata Atlântica, em áreas localizadas no mesmo Município ou região metropolitana. Das Áreas Consolidadasem Áreas de Reserva Legal Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 110/113 situação, independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente: I - recompor a Reserva Legal; II - permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal; III - compensar a Reserva Legal. § 1º A obrigação prevista no caput tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. A letra E está incorreta. ERRADA. Nos termos do art. 36 da lei 9.985/00 que regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza , o apoio à implantação e manutenção de unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral como meio de compensar a instalação de empreendimentos causadores de signi�cativo impacto ambiental trata-se de hipótese de compensação ambiental por dano causado em unidade de conservação da natureza. Art. 36.Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de signi�cativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.(Regulamento) § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta �nalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual �xado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008) § 2o Ao órgão ambiental licenciador compete de�nir as unidades de conservação a serem bene�ciadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. § 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação especí�ca ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 111/113 afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das bene�ciárias da compensação de�nida neste artigo. § 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia Legal. (Incluído pela Lei nº 13.668, de 2018) Lista de Questões Referências e links deste capítulo 1 2 3 4 5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm [8] [9] [10] [11] [12] [13] 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 112/113 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86-b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185-b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e-30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068-720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346dhttps://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a-8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df-7f8f67eb1e8c 6 7 8 9 10 11 12 13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/b9425fea-448f-4501-ae86- b66bd9c53472 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0fe8a3c9-c4dd-4b2d-b185- b9651425fc0f https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/2932375c-c2ab-4b67-a09e- 30a2484709ed https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/351e2386-527f-40d7-b068- 720cac0f0cf5 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f954b87f-ad4a-4b3f-957a- 8ea84f5a346d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/c5b3287d-eca8-4628-b3df- 7f8f67eb1e8c 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 113/113legislação aplicável; h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 12/113 j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; j-A) atividades com o objetivo de recompor a vegetação nativa no entorno de nascentes ou outras áreas degradadas, conforme norma expedida pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama); k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; Vereda fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas; Manguezal Ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina; Salgado ou marismas tropicais hipersalinos Áreas situadas em regiões com frequências de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea específica; Apicum Áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de vegetação vascular; Restinga Depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado; Olho d’água Afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 13/113 Leito regular A calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água durante o ano; Área verde urbana Espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais; Várzea de inundação ou planície de inundação Áreas marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas; Faixa de passagem de inundação Área de várzea ou planície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da enchente; Relevo ondulado Expressão geomorfológica usada para designar área caracterizada por movimentações do terreno que geram depressões, cuja intensidade permite sua classificação como relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e montanhoso. Pousio Prática de interrupção temporária de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo; Áreas úmidas Pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação adaptadas à inundação; Área urbana consolidada Aquela que atende os seguintes critérios: a) estar incluída no perímetro urbano ou em zona urbana pelo plano diretor ou por lei municipal específica; b) dispor de sistema viário implantado; c) estar organizada em quadras e lotes predominantemente edificados; d) apresentar uso predominantemente urbano, caracterizado pela existência de edificações residenciais, comerciais, industriais, institucionais, mistas ou direcionadas à prestação de 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 14/113 serviços; e) dispor de, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados: 1. drenagem de águas pluviais; 2. esgotamento sanitário; 3. abastecimento de água potável; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; e 5. limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos; Crédito de carbono Título de direito sobre bem intangível e incorpóreo transacionável. Alguns desses conceitos foram objeto de questionamento quanto à sua constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal – STF nas ADI 4903 e ADC 42. Eis os incisos questionados do art. 3º: VIII (utilidade pública, alínea b); IX (interesse social); XVII (nascentes) e o parágrafo único sobre a extensão do conceito de propriedade rural. Foram julgados inconstitucionais apenas alguns termos utilizados pelo CFlor. Vejamos cada um deles: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: VIII – utilidade pública: IX- Interesse social: De início, esclareço que o objetivo do CFlor em definir o conceito de utilidade pública e interesse social é excepcionar, em alguns casos, as regras nele contidas sobre as áreas de preservação permanentes e de uso restrito. O STF deu interpretação conforme aos dispositivos para declarar sua constitucionalidade devendo ser interpretados de modo a se condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta. Nesse sentido, qualquer obra/atividade prevista no art. 3º, incisos VIII e IX, que se configure como de utilidade pública ou de interesse social, deve ser acompanhada da justificativa que comprove inicialmente a inexistência de alternativa técnica ou locacional para o empreendimento proposto. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 15/113 Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: VIII - utilidade pública: b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; A regra é a necessidade de comprovar a inexistência de alternativa técnica ou locacional para o empreendimento proposto para qualquer uma das alíneas dos incisos VIII e IX. Mas o STF reconheceu a inconstitucionalidade de termos da alínea “b”, em relação à gestão de resíduos (aterro, lixões e outros) e a possibilidade de instalações para prática desportiva, ao fundamento de não ser razoável que se conceba a gestão de resíduos e o lazer como hipóteses de intervenção e supressão de vegetação em áreas de preservação permanente e em áreas de uso restrito, por ofensa ao art. 225, da CF/88, que não autoriza tal mitigação na defesa do meio ambiente. Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: XVII- nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água; Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; O STF deu interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, fixando como correta a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área de preservação permanente. Entendeu o STF que a proteção aos olhos d’água deve ser efetivada para qualquer uma das formas, perenes ou intermitentes, não sendo razoável a proteção ser unicamente para a forma perene. São APPs = os entornos dos olhos d’água e nascentes sejam intermitentes ou perenes. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 16/113 Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006; Parágrafo único. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento dispensado aos imóveis a que se refere o inciso V deste artigo às propriedades e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às terras indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que façam uso coletivo do seu território. A pequena propriedade rural tem um tratamento diferenciado no CFlor de forma a favorecer esse tipo de prática da agricultura familiar e outras atividades a serem desenvolvidas na zona rural. O STF entendeu que os termos “demarcadas” (referente às terras indígenas) e “tituladas” (referente às áreas de povos e comunidades tradicionais), da norma extensiva do parágrafo único do art. 3º, são inconstitucionais. Segundo o STF a demarcação ou titularização dessas áreas é mera formalidade revestindo-se de um ato de caráter declaratório do poder público, considerando que esses territórios tradicionalmente ocupados por eles são preexistentes ao ato. Terra Indígena / Área de População Tradicional titulada/demarcada/ou não = deve ter tratamento diferenciado pelo CFlor equivalente a pequena propriedade rural (até 4 MF). Há ainda que se falar que outras normas também foram julgadas pelo STF: Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente. § 2º A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado. A CRA é a Cota de Reserva Ambiental que corresponde a um título nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação que pode ser utilizada para compensação de reserva legal daquele proprietário que não consegue cumprir os limites estabelecidos no Código. Ocorre que o CFlor exige que a 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 17/113 compensação ocorra para áreas equivalentes, devendo guardar identidades em relação ao mesmo bioma. O STF entendeu que uso do indicativo do bioma era insuficiente como critério para legitimar a compensação pelo uso da CRA. A Corte aceitou os argumentos técnicos no sentido de que as compensações devem ser realizadas somente em áreas ecologicamente equivalentes, considerando-se não apenas o mesmo bioma, mas também as diferenças de composição de espécies e estrutura dos ecossistemas que ocorrem dentro de cada bioma. Assim, além das áreas estarem inseridas no mesmo bioma, deve ficar comprovado que essas áreas terão que ser ecologicamente equivalentes (identidade ecológica). Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão, no prazo de 1 (um) ano, contado a partir da data da publicação desta Lei, prorrogável por uma única vez, por igual período, por ato do Chefe do Poder Executivo, implantar Programas de Regularização Ambiental - PRAs de posses e propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos deste Capítulo. § 4º No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. § 5º A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no § 4º deste artigo e, cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas referidas neste artigo serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme definido no PRA. As normas do art. 59, §§ 4º e 5º previram a possiblidade das infrações administrativas anteriores a edição do Decreto 6.514/2008 serem abonadas se atendidos determinados requisitos impostos na norma, como a assinatura e execução do termo de compromisso de adesão ao Programa de Regularização Ambiental – PRA. Segundo o STF, embora trate-se de norma desonerativa de sanção perfeitamente possível, deve-se dar interpretação conforme a Constituição de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das demais sanções deles decorrentes, aplicando-se o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012. Esta norma prevê que a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 18/113 Áreas de Preservação Permanente - APPs Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Conceito de APPs e Natureza Jurídica As Áreas de Preservação Permanente- APPs são territórios especialmente protegidas com o fim de preservação e manutenção dos ecossistemas naturais, nos termos do inciso III, do §1º, da CF/88. Definiu o CFlor, em seu art. 3º, II, como sendo as áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Ressaltamos a importância de que não há necessidade de cobertura vegetal para que a área seja considerada APP, podendo ser desprovida de vegetação arbórea (há dever de recompor), bem como está situada em zona rural. Previu o CFlor que as APPs podem estar localizadas em zonas urbanas ou rurais, devendo receber a mesma proteção e qualificação independentemente de suas localizações. Essas APPs por constituírem espaços de relevante interesse ecológico, não são passíveis, em regra, de exploração econômica. Nesse sentido, tem natureza jurídica de limitação ao direito de propriedade, buscando dar efetividade ao princípio da função socioambiental da propriedade. É nesse sentido que o STJ entende que a área de preservação permanente se amolda no conceito de espaço territorialmente protegido, nos termos do art. 225, § 1º, III, da Constituição da República, possuindo natureza de limitação administrativa. As APPs podem ser criadas por lei ou instituídas por ato do Poder Executivo dos entes federativos. O CódigoFlorestal enumerou as APPs no art. 4º criando as hipóteses legais dessas áreas. Ao seu turno, o art. 6º permitiu que outras APPs fossem criadas quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo desde que destinadas a algumas finalidades elencadas na referida norma. Vejamos: Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 19/113 VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. Há discussão sobre a possibilidade de indenização ao particular em face das limitações ao uso da propriedade resultante da existência de uma APP. Segundo doutrina majoritária, não cabe indenização nas hipóteses legais previstas no art. 6º. Nesse sentido, não poderá o proprietário/possuidor invocar a limitação administrativa como limitadora do seu direito de usufruto em face dos prejuízos advindos pela sua não exploração econômica, tendo em vista a função ecológica que tem essas áreas em prol de todos e a necessidade de atendimento da função socioambiental da propriedade. Por outro lado, entende também que sendo as APPs criadas por ato do Chefe do Poder Executivo, haveria possibilidade de indenização a depender da comprovação da extensão da limitação administrativa acarretada que inviabilizou o uso da propriedade. Cumpre destacar que existem dois regimes jurídicos para as APPs. A regra geral estabelecida nos arts. 4º ao 9º com forte caráter protetivo e com vedações a exploração econômica direta; e a regra específica autorizativa de continuidade da exploração econômica em áreas rurais consolidadas (anteriores a 22/07/2008) para atividades agropastoris, de ecoturismo e de turismo rural, nos termos do art. 61-A, do CFlor. Vejamos as hipóteses legais de áreas de preservação permanente nominadas pelo CFlor em seu art. 4º: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 20/113 e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º , equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25º, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. O art. 4º, §10, incluído pela Lei nº 14.285/2021 traz a possibilidade de modulação das faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, trazidas no inciso I, em se tratando de áreas urbanas consolidadas: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 21/113 § 10. Em áreas urbanas consolidadas, ouvidos os conselhos estaduais, municipais ou distrital de meio ambiente, lei municipal ou distrital poderá definir faixas marginais distintas daquelas estabelecidas no inciso I do caput deste artigo, com regras que estabeleçam: (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) [1] I – a não ocupação de áreas com risco de desastres; (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) [2] II – a observância das diretrizes do plano de recursos hídricos, do plano de bacia, do plano de drenagem ou do plano de saneamento básico, se houver; e (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) [3] III – a previsão de que as atividades ou os empreendimentos a serem instalados nas áreas de preservação permanente urbanas devem observar os casos de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental fixados nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) [4] Contudo, como se vê, há que se respeitar alguns requisitos para a concretização da modulação pretendida. Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente – APPs O regime de proteção das APPs foi disciplinado originariamente no art. 225, §1º, III, da CF/88, bem como pelos arts. 7º a 9º, da Lei 12.651/2012. A criação de APPs, como visto, pode ocorrer tanto por meio de Lei (art. 4º, do CFlor) como por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6º, do CFlor). Por outro lado, a diminuição da proteção dessas áreas já criadas, tem regramento constitucional próprio, que só autoriza a alteração por meio de Lei em sentido estrito, não cabendo, inclusive, Medida Provisória para supressão/alteração de APP. Vejamos o normativo: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 22/113 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm%22%20/l%20%22art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14285.htm#art2 A Constituição Federal não tornou imutáveis as áreas de preservação permanente exigindo apenas dois requisitos para a supressão/alteração: (1) Lei do Parlamento e (2) utilização que não comprometa a integridade dos atributos que justificam a proteção. Nesse sentido, a Lei 12.651/2012 (lei do CFlor) regulamentou a previsão constitucional e fixou a regra geral de que as vegetações das APPs devem ser mantidas pelos proprietários/possuidores, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Essa obrigação ambiental tem natureza real e adere ao imóvel, sendo transmitidas aos sucessores, obrigando o proprietário/possuidor a promover a recomposição da vegetação em caso de supressão indevida. O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 623 reforçando a tese de que as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. O CFlor autorizou a possibilidade de intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APPs em caso de utilidade pública, interesse social e atividades de baixo impacto ambiental havendo situações em que só serão admitidas a supressão em casos de utilidade pública, como das vegetações de nascentes, dunas e restingas. O CFlor autoriza também a execução em APPs de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. No caso de restingas e mangues, poderá ser autorizada a intervenção/supressão de vegetação em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. O CFlor autoriza ainda o acesso de pessoas e animais às APPs para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. O Supremo Tribunal Federal na ADI 3540 MC/DF, de Relatoria do Ministro Celso de Melo, fixou a tese de que somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente aos espaços territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1º, III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio da reserva legal, sendo lícito ao Poder Público autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III). Assim, na visão do STF, a CF/88 protege a supressão da área dos espaços especialmente protegidos, exigindo lei para tanto. Ato do Poder Executivo, como a autorização de órgão ambiental para supressão de vegetação, é perfeitamente possível, pois não se está alterando as dimensões da área protegida pela expedição do ato, mas sim, autorizando a intervenção em APPs previstas em lei que rege a matéria. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 23/113 É importante termos uma noção geral das atividades caracterizadas como de utilidade pública, interesse social e de baixo impacto ambiental, para fins de reconhecermos os casos que autorizam a intervenção em APPs. Utilidade Pública - Autorizam intervenção e supressão de vegetação em todas as APPs a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, energia, telecomunicações, radiodifusão, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; Interesse Social - Autorizam intervenção e supressão de vegetação em todas as APPs, ressalvados nascentes, dunas e restingas. a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 24/113 Atividade de baixo impacto ambiental - Autorizam intervenção e supressão de vegetação em todas as APPs, ressalvados nascentes, dunas e restingas. a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; b) implantação de instalações necessáriasà captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; f) construção e manutenção de cercas na propriedade; g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; Não se deve negar, portanto, que a regra geral ventilada no CFlor é a proteção da integridade da vegetação e das áreas de APPs, sendo a intervenção e supressão de sua vegetação só admitida em raríssimas exceções previstas em lei, notadamente no CFlor. Corroborando ainda esse entendimento de caráter protetivo geral das APPs, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 613 em que não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em temas de direito ambiental. Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 25/113 Nesse sentido, é perfeitamente possível exigir de um empreendedor que construiu uma residência em área de APP, a obrigação de recompor a área protegida, mesmo que inicialmente amparado por decisão judicial posteriormente anulada, considerando que não se pode reconhecer o direito de poluir ou de degradar o meio ambiente, em face da consolidação do dano. Não se admite a convalidação da situação de degradação ambiental pelo decurso do tempo. Vejamos exemplo de jurisprudência hodierna do STJ sobre o tema: 3. A jurisprudência desta Corte entende que a teoria do fato consumado em matéria ambiental equivale a perpetuar, a perenizar um suposto direito de poluir que vai de encontro, no entanto, ao postulado do meio ambiente equilibrado como bem de uso comum do povo essencial à sadia qualidade de vida. Dessa forma, tal teoria é repelida pela incidência da Súmula 613 do STJ, que preceitua: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. Importante destacar que a Súmula 613 – STJ pode entrar em antinomia com algumas situações em que a própria norma legal reconhece a consolidação de determinados danos, dispensando o proprietário de reparação integral da área anteriormente degradada, casos inclusives, previsto no CFlor, já declarados constitucionais pelo STF quando da análise das ADINs 4901, 4902, 4903 e ADC 42. Outro ponto relevante sobre o regime das APPs está relacionado com o instituto jurídico da desapropriação. A proteção legal às áreas de preservação permanente não importa em vedação absoluta ao direito de propriedade e, por consequência, não resulta em hipótese de desapropriação, mas, como já sedimentado nesta obra, configura mera limitação administrativa. Mas a questão que gera grandes discussões na doutrina e na jurisprudência está atrelada a possibilidade de indenização das áreas de APPs quando da desapropriação do imóvel por parte do Poder Público. Em caso de desapropriação por utilidade pública para fins de reforma agrária, por exemplo, é cabível a indenização de toda a área da propriedade, incluindo as áreas referente às APPs, pois, em nenhum momento, deixou de ser patrimônio do proprietário, por se tratar de mera limitação administrativa. Por outro lado, a indenização das áreas de APPs limita-se ao valor da terra nua, não se estendendo a cobertura vegetal. Isso porque, em regra, as áreas de preservação permanente não são passíveis de exploração econômica lícita da área. Nesse sentido, é incabível a indenização da cobertura florística componente de APP em valor separado do imóvel rural, tendo em vista a impossibilidade de ser objeto de exploração econômica pelo proprietário. Isso porque uma coisa é a indenização da área, outra é a indenização da cobertura florística. Eis o entendimento do STJ: 4. No que concerne ao combate à concessão de indenização da cobertura vegetal componente de área de preservação permanente, socorre razão à recorrente, haja vista o seu não cabimento. Ora, não se pode indenizar, em separado, a área de preservação permanente onde não é possível haver exploração econômica do manancial vegetal pelo 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 26/113 Questão 2019 | 268974104 Assinale a alternativa que traz um exemplo de área de preservação permanente, nos termos da Lei nº 12.651/12. A) Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura. B) Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 100 (cem) a 300 (trezentos) metros de largura. C) As áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de 40 (quarenta) metros, em zonas urbanas. D) As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográ�ca, no raio mínimo de 100 (cem) metros. E) As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 50 (cinquenta) metros em projeções horizontais. Solução Gabarito: A) Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura. A questão exige do candidato conhecimento sobre a expressa previsão de artigos do Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/2012). O art. 1º-A, de�ne o objeto de proteção da referida Lei: expropriado. Portanto, a indenização deve ser limitada à terra nua, não se estendendo à cobertura vegetal. Alertamos que os tribunais têm reconhecido o direito ao decote do valor a ser indenizado em face dos custos com a recuperação ambiental de áreas comprovadamente degradadas, em face da natureza real das obrigações ambientais, bem como a impossibilidade de indenização de benfeitorias edificadas em APP sem o devido licenciamento do órgão ambiental competente. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 27/113 Segundo o art. 1º-A. da Lei n. 12.651/2012, "estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração �orestal, o suprimento de matéria-prima �orestal, o controle da origem dos produtos �orestais e o controle e prevenção dos incêndios �orestais, e prevê instrumentos econômicos e �nanceiros para o alcance de seus objetivos." A letra A está correta. CERTA A Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal) de�ne Área de Preservação Permanente (APP): Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) II - Área de Preservação Permanente -APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o �uxo gênico de fauna e �ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; O art. 4°, traz quais são consideradas áreas de proteção permanente, detre as quais, "Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura", vejamos a expressa previsão da legal: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; A letra B está incorreta. ERRADO. Conforme art. 4º, inciso I, alínea "c", da Lei n. 12.651/2012, a largura mínima é de 100 metros, nos cursos de água de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura. Vejamos a expressa previsão legal: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 28/113 (...) c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; A letra C está incorreta. ERRADO. Conforme art. 4º, inciso II, alínea "b", da Lei n. 12.651/2012, a largura mínima será de 30 metros, em zonas urbanas. Vejamos a expressa previsão legal: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: (...) II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: (...) b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; A letra D está incorreta. ERRADO. Conforme art. 4º, inciso IV, da Lei nº 12.651/2012, para ser APP, o raio mínimo será de 50(cinquenta) metros. Vejamos a expressa previsão normativa: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: (...) IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográ�ca, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; A letra E está incorreta. ERRADO. Conforme art. 4º, inciso VIII, da Lei nº 12.651/2012, para ser APP, a faixa nunca será inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais. Vejamos a expressa previsão legal: Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: (...) 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 29/113 VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; Área de Reserva Legal Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Conceito e Natureza Jurídica da Reserva Legal As áreas de reserva legal são espécies do gênero espaços territoriais especialmente protegidos previstos no inciso III, do §1º, do art. 225, da CF/88. Dando concretude ao mandamento constitucional, a Lei 12.651/2012 (CFlor) definiu, em seu art. 3º, III, a reserva legal como a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, do CFlor, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. A área de reserva legal é uma medida limitativa do direito de propriedade rural que tem por finalidade proteger os ecossistemas naturais existente em uma propriedade consistente em um percentual do total da área da propriedade cujo valor dependerá do bioma em que se localiza. Só há obrigação de instituição de Reserva Legal para propriedades rurais, não se aplicando às urbanas. Por outro lado, as regras da Áreas de Preservação Permanente, se aplicam a áreas urbanas ou rurais, com ou sem vegetação nativa. O art. 12, do CFlor determina que todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de reserva legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente. Desse normativo, é possível defluir a natureza jurídica da reserva legal como uma limitação ao direito de propriedade, buscando dar maior efetividade ao princípio da função socioambiental da propriedade. Isso porque a área de reserva legal se amolda no conceito de espaço territorialmente protegido, nos termos do art. 225, § 1º, III, da Constituição da República, possuindo natureza de limitação administrativa. Diferentemente das APPs, admite-se, nos termos do §1º, do art. 17, do Cflor, a exploração econômica da reserva legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente do Sisnama. Limites Mínimos legais de Reserva Legal. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 30/113 Questão 2019 | 62129307 Rafael é proprietário de um imóvel rural com vegetação de �oresta no estado do Pará. Esse imóvel deixou de ter área de reserva legal porque o proprietário anterior a suprimiu. Nessa situação, Rafael A) não tem obrigação de re�orestar a referida área, porque não foi ele quem causou a degradação. B) deve re�orestar 50% de sua propriedade. C) deve re�orestar 30% de sua propriedade. D) deve re�orestar 80% de sua propriedade. E) deve re�orestar 20% de sua propriedade. Solução Gabarito: D) deve re�orestar 80% de sua propriedade. A questão exige, do candidato, conhecimentos sobre a Lei nº 12.651/12 (Código Florestal), que institui, dentre outras, normas de proteção de vegetação em determinadas áreas territoriais, dentre as quais, "Área de Reserva Legal", assim de�nida: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo O CFlor define os percentuais mínimos que cada proprietário ou possuidor devem salvaguardar a título de reserva legal. O legislador utilizou como referência a Amazônia Legal dividindo, para fins de definição dos percentuais de reserva legal, fixando o mínimo de 20% da propriedade para regiões do território nacional fora da Amazônia Legal. Dentro da Amazônia Legal, considerando a diversidade de biomas nela existentes, definiu o percentual mínimo de 80% para regiões em que as propriedades se situam em florestas, de 35% se localizadas em área de cerrado ou de 20% se em áreas de campos gerais. Por outro lado, caso exista um imóvel que abarque esses três ecossistemas, o percentual de reserva legal deverá ser definido considerando separadamente os referidos percentuais. O CFlor objetivando proteger tentativas de burlar esses percentuais de reserva legal, fixou a regra de que em caso de fracionamento do imóvel rural, deve o proprietário/possuidor considerar a área do total do imóvel antes do fracionamento, mesmo que seja para projetos abarcados pelo Programa de Reforma Agrária. 6. Proteção Florestal 6. Proteção Florestal 31/113 sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da �ora nativa; A letra A está incorreta. ERRADO. O dever de re�orestar a área constitui obrigação de natureza jurídica "propter rem", isto é, transfere-se automaticamente ao proprietário ou possuidor do imóvel, ainda que não tenha sido ele o perpetrador do desmatamento. Nesse