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Jurisdição e Competência

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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO: ENTENDIMENTO, CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS.
O Estado, primando sempre pela imparcialidade, busca a pacificação de conflitos entre titulares de interesses, atuando de forma justa. Essa função do Estado é o que chamamos de jurisdição, é o poder, dever e atividade de dizer o direito no caso concreto ao compor litígios ou resolver uma crise jurídica. E é mediante o processo que o Estado opera, com justiça, essa sua função.
	Aqui há um caráter substitutivopor parte do Estado, pois ao exercer a jurisdição ele vai atuar substituindo as partes interessadas, cabendo somente ao Estado dizer quem está ou não com a razão. Sendo que a imparcialidade que o Estado deve ter é uma exigência da lei.
	É mediante a jurisdição que o Estado proíbe a autotutela dos interesses individuais conflitantes, impedindo que seja feita a justiça através das próprias mãos.
	E como toda atividade do Estado, o exercício da jurisdição enseja o alcance de objetivos, e nesse caso objetivos sociais, ou seja, há uma preocupação pela satisfação de interesses da sociedade, do Estado enquanto comunidade. Quando um indivíduo busca o processo para resolver um conflito, ele pretende a satisfação de seu interesse. E o interesse deste deve coincidir com o interesse público, de atuar a vontade do direito material, daí então pacificar e perpetrar justiça.
	No que tange as características da jurisdição, a lideé justamente o conflito de interesses levado a juízo para pleitear uma solução com a substituição dos sujeitos em conflito pelo Estado, ou seja, é o litígio. E para que o Estado-Juiz possa agir, na sua função jurisdicional, é necessário que ele seja provocado pelo próprio interessado, pois a inércia é mais uma característica da jurisdição, observado o disposto no art. 2º do Código de Processo Civil. Os órgãos jurisdicionais são inertes e agem mediante provocação, sem a qual não ocorre o seu exercício. Além disso, a jurisdição é definitiva. É o Poder Judiciário quem dá a voz última em um conflito interpessoal para que se possa considera-lo como solucionado definitivamente, não podendo, então, voltar a discuti-lo (art. 5º, inc. XXXVI CF). [2: “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais” (Art. 2º, Código de Processo Civil). ][3: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (Art. 5º, inc. XXXVI CF). ]
Com relação a inevitabilidade da jurisdição, temos que as partes estão submetidas e não poderão recusar o juiz escolhido pelo Estado para determinada causa. Excepcionalmente, nos casos de suspeição, impedimento ou incompetência é possível, porém, afastá-lo.
	Outra característica da jurisdição é a inderrogabilidade, mediante a qual o juiz não pode delegar sua função, sob pena de nulidade da decisão. Em se tratando da inafastabilidade da jurisdição, entende-se que ninguém pode ser impedido de acessar o judiciário, conforme dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal.[4: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito" (Art. 5º, inc. XXXV, CF).
]
	A jurisdição sempre adere a um determinado espaço territorial, é o princípio da aderência ao territórioou da improrrogabilidade que veda ao juiz exercer sua função jurisdicional fora dos limites legais estabelecidos. Sendo que,para que o juiz possa exercer a jurisdição, ele precisa estar regularmente investido para tal autoridade, daí o princípio da investidura.[5: “O princípio de que tratamos é, pois, aquele que estabelece limitações territoriais à autoridade dos juízes” (DINAMARCO; GRINOVER; CINTRA, 2010, p. 156)]
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
	É importante ressaltar que a jurisdição enquanto manifestação da soberania do Estado é indivisível, não há que se falar em divisões, ela é una. Logo, quando a doutrina fala em espécies de jurisdição, trata, na verdade, da distribuição do conjunto de processos em determinadas categorias.
 Admitem-se classificar as espécies de jurisdição quanto ao objeto que pode ser penal ou civil; quanto ao órgão judiciário, dividindo-se em comum e especial; quanto a hierarquia, superior ou inferior e por último, mas, não menos importante, quanto a fonteque divide-se em jurisdição de direito ou de equidade. 
	No que se referea classificação pelo critério do seu objeto, diz-se jurisdição penal quando é atribuída aos juízes a responsabilidade pela dicção do direito material penal, ou seja, quando estes devem aplicar penas para quem comete crimes ou contravenções penais, já a jurisdição civil, em seu sentidobastante amplo, abrange todos os conflitos não penais.
Embora haja essa distinção, é impossível isolar completamente a relação jurídica, determinando competência exclusiva à jurisdição penal, ou à civil. Ocorre que, o ilícito penal não difere substancialmente do civil, sendo as definições dos direitos violados naquele extraídas do direito civil. Logo, observamos claramente que há essa interação entre as jurisdições penal e civil. 
	Existem organismos judiciários, instituídos pela Constituição que possuem competência para julgar casos em matéria penal e civil. Classificando, assim, a jurisdição em especial e comum. A primeira diz respeito a Justiça Militar, a Eleitoral, a Trabalhista e as Justiças Militares Estaduais. A segunda, por conseguinte, refere-se a Justiça federal e a Justiça Estadual. Lembrando que, é perfeitamente aceitável que os atos processuais que são realizados ante uma justiça sejam aproveitados em outra, tendo em vista que a jurisdição enquanto manifestação soberana do poder estatal, é uma só, é una. 
	Um dos princípios previsto no nosso ordenamento jurídico é o do duplo grau de jurisdição, em virtudedo qual é possível que um mesmo processo depois de já tiver sido julgado pelo juiz inferior, que tem conhecimento daquele desde o seu início (jurisdição inferior), volte a ser julgado, agora por órgãos superiores do Poder Judiciário (jurisdição superior). Assim, classifica-se a jurisdição quando a hierarquia, sendo a jurisdição inferior composta pelas instâncias ordinárias em primeiro grau, com julgamentos proferidos por juízes singulares e jurisdição superior, como o próprio nome sugere, é composta pelas instâncias superiores, em segundo grau.
	Ainda, a jurisdição pode ser classificada quanto a fonte do direito com base no qual é proferido o julgamento, é a jurisdição de direito ou de equidade. Decidir considerando o direito é realizar um julgamento se baseando no que a lei expressamente determina. Não existe flexibilidade para tomada de decisão que não seja aquilo que a lei prevê. Decidir por equidade é decidir quando a lei apresenta folgas para utilizar situações próprias da norma na tomada de decisão.[6: “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei” (Art. 127, Código de Processo Civil)]
LIMITES DA JURISDIÇÃO
Imagine uma pessoa que por algum motivo encontra resistência na realização de uma vontade sua e desta forma procura o Estado para que este realize a tutela garantida pelo objetivo jurídico que é premissa de atuação do direito.Mas a liberdade concedida pelo Estado nem sempre garante que a pretensão possa ser atendida. Cada estado possui limitações internas e externas, para suprir necessidades que os próprios estados possuem para que assim seja possível a coexistência.
Respeitando-se a soberania de outros Estados, é convencionado que são imunes a jurisdição de um país: os Estados estrangeiros; chefes de Estado; e os agentes diplomáticos.
A lei brasileira não contempla como restrição na esfera do judiciário, as causas de valor ínfimo. Porem as pretensões que possuem como origem a divida de jogo não são conhecidas no judiciário. Em outros países, causas de valor ínfimo não são reconhecidas, porem pretensões que possuem como origem a divida de jogo o são.Estes são exemplos de limites interno que são apresentados como de garantia constitucional.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E CONTENCIOSA
Na vida sociedade, em suas relações interpessoais, os particulares praticam atos jurídicos que interessam não só a si mesmos, mas também a coletividade. Por isso o Estado passa a atuar nessas relações para dar validade aos atos praticados na vida social, quando emite declaração de vontade, com interesse no ato em si e também no resultado ensejado pelas partes. Dessa atividade configura-se a administração pública de interesses privados.
Decorrente dessa chamada administração pública de interesses privados é que o Estado fornece aos magistrados confiantemente importantes funções, criando novas situações jurídicas, ou seja, atos jurídicos de direito público os quais a doutrina denomina de jurisdição voluntária ou graciosa.
É comum o entendimento de que os atos praticados na jurisdição voluntária não são considerados atos jurisdicionais por não apresentarem características como a substitutividade, pois o magistrado se encontra apenas entre os participantes do negócio jurídico, e o objeto desta atividade não é uma lide. Assim sendo, de acordo com os doutrinadores, não se deve falar em partes, ação, coisa julgada e processo, pois desta forma, estaríamos tratando de questões de conflito, de lide, o que não é o caso.
Entende-se que a jurisdição contenciosa, como o próprio nome indica, é a jurisdição propriamente dita ou jurisdição em si mesma, em que há um conflito de interesses, em que há uma lide, uma ação, um processo. Portanto neste tipo de jurisdição o Estado promove a pacificação, busca a solução do litígio diferentemente do que ocorre na jurisdição voluntária. 
COMPETÊNCIA: CONCEITO E DIVISÕES
Se jurisdição é o poder, dever de dizer a lei, competência é o limite ou medida desse poder. Essa limitação é estabelecida através de normas constitucionais ou legais. Existe uma relação umbilical entre a competência e o princípio do juiz natural, bem como com a vedação do tribunal ou juízo de exceção, uma vez que cada indivíduo possui o direito de ser julgado por um juiz imparcial e previamente estipulado.
Quanto à competência, pode-se dividi-la em absoluta e relativa. A primeira é aquela que não pode ser prorrogada, não pode ser afastada pela vontade das partes. Nesta o juiz competente é sempre o mesmo. Já a relativa é o contrário, pode ser prorrogada, ou seja, se a incompetência do foro não for invocada a tempo, considera-se competente o juízo que conduz o processo, nesse caso, não se admite qualquer tentativa de nulidade posterior.[7: “Competência que não pode jamais ser modificada” (DINAMARCO; GRINOVER; CINTRA, 2009, p. 262)]
A competência absoluta comporta algumas divisões, que podem ser em razão da matéria sujeita a apreciação do judiciário, como por exemplo, em matéria trabalhista a competência será do juiz do trabalho, em caso de matéria de crime comum a competência cabe ao juiz estadual, sendo matéria eleitoral a competência estará ligada ao juiz eleitoral; em razão da hierarquia diz respeito a atuação funcional, ao grau de jurisdição que o juiz atua; e em razão da pessoa, vai depender do tipo de pessoa que atua no processo. Por exemplo, se a pessoa é a União, a competência é da justiça comum, se for a CAGEPA, a competência é da justiça estadual. 
Quando se fala em competência de foro, refere-se a competência territorial, no processo civil, prevalece o foro do domicílio do réu, no processo penal, o foro da consumação do delito, no foro trabalhista, o foro da prestação dos serviços ao empregador. Já a competência de juízo refere-se a distribuição dos processos entre os órgãos judiciários do mesmo foro, sendo que em um só foro pode haver mais de um juízo, ou vara.
	Existe a possibilidade de prorrogação da competência, ou seja, a possibilidade de substituição de um juízo por outro; submetendo as partes a um juiz que, originariamente, não seria competente. Ocorre, portanto, a modificação de competência na esfera de um órgão - podendo ser em virtude de disposição legal (necessária); ou em consequência da manifestação de vontade expressa ou tácita das partes (voluntária).
A competência pode ser determinada pelo lugar da infração, ou seja, o lugar onde se consumou o delito conforme art. 69, inc. I do CPP; pelo domicílio do réu como dispõe o inciso II do supracitado artigo e ainda pode ser determinada também pela natureza da infração.
Depois de estudarmos e analisarmosa respeito de Competência e Jurisdição notamos a importância do assunto, visto que seria impossível a convivência sadia se não houvessem regras de delimitação do poder de agir e das esferas de ação.
Jurisdição é o poder, função e atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos órgãos competentes, obtendo-se a justa composição da lide.
Competência é o poder de fazer atuar a jurisdição que tem um órgão jurisdicional diante de um caso concreto. É a medida da jurisdição. Para a determinação da competência, as normas legais utilizam-se de critérios ora extraídos da lide, ora extraídos das funções que o juiz exerce no processo. No primeiro caso, diz-se que a competência é objetiva, porque se determina por algum aspecto da lide. No segundo caso, diz-se que a competência é funcional.
Finalmente, a competência funcional pode determinar-se pelo objeto do juízo, isto é, pelo tipo de julgamento que deve ser proferido. Ocorre quando numa única questão atuam dois órgãos jurisdicionais, cada um competente para certa parte do julgamento.
O foro geral ou comum para o julgamento de todas as infrações em que não exista alguma situação especial apontada é o do local em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, o do lugar em que foi praticado o último ato de execução.
Referências Bibliográficas
BRASIL.Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Vademecumacadêmico de direito. Organização Anne Joyce Angher. São Paulo: Rideel, 2012.
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 26. Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010. 
REIS, André Prado Marques dos,Jurisdição e Competência. Disponível em http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,jurisdicao-e-competencia,32400.html#_ftn5>. Acesso em: 18 maio 2015.

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