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A CONCEPÇÃO CRISTÃO-MEDIEVAL DO HOMEM

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA
RENAN DE GUSMÃO GUIMARÃES - 247461
A CONCEPÇÃO CRISTÃO-MEDIEVAL DO HOMEM
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2015
Lima Vaz ao introduzir o tema sobre a concepção cristão-medieval do homem em seu livro “Antropologia Filosófica I” apresenta o surgimento de uma visão teológica elaborada sobre grande influência da filosofia grega. Traçando um paralelo entre as tradições bíblica e filosófica e suas tensões ele nos impulsiona a compreender a evolução do pensamento cristão no âmbito da antropologia. Abordando os conflitos que surgiram com as disputas teológicas trinitárias e cristológicas do século IV, bem como da leitura da Sagrada Escritura. O autor explicita como a ideia cristã de homem é estruturada. E é por meio deste novo contexto conflitante e construtor que se apresenta que ele discorrerá sobre os temas da concepção bíblica do homem, da antropologia patrística e da concepção medieval do homem.
Na concepção bíblica do homem lima Vaz, antes de nos apresentar as suas ideias, salienta as relações existentes entre a concepção clássica e bíblica mostrando a universalidade e os conteúdos fundamentais da experiência humana que abordam temas comuns entre ambas como: o homem e o divino, o homem e o universo, o homem e a comunidade humana, o homem e o destino e a unidade do homem, salientando-se que este último engloba os demais. Nota-se que, ainda hoje, essas relações permanecem vivas no nosso mundo contemporâneo. Segundo o autor a concepção bíblica do homem é expressa na linguagem religiosa da revelação em que o homem é oriundo de uma fonte transcendente. Com isto ele estabelece os traços essenciais da antropologia bíblica destacando, a unidade radical do ser do homem que é definida não mais numa perspectiva ontológica, mas soteriológica, desdobrando-se em três momentos que são, a criação, a queda e promessa de resgate, onde a escuta da palavra de Deus é ordenada para que o homem consiga a salvação. Deus é o dom que é oferecido ao homem cabendo a esse aceitá-lo, sendo sua negação a quebra dessa unidade. O outro traço que o autor reflete é sobre a manifestação progressiva do ser e do destino do homem compreendida através do próprio desenrolar da história da salvação onde a concepção bíblica do homem construída não é uma teoria, mas uma narração a qual Deus se manifesta e através dela o homem revela a si mesmo. 
Quando Lima Vaz aborda a linha da antropologia patrística ele apresenta o gnosticismo como sendo um grande adversário intelectual e espiritual do cristianismo nos dois primeiros séculos, visto que, o dualismo apregoado pelas correntes gnósticas condenava a matéria, obra do princípio do mal, opondo-se à verdade central do anúncio cristão, manifesta no “fazer-se carne” do Logos divino. É através do mistério da Encarnação que a antropologia patrística se desenvolverá, evidenciando-se a relação do Homem com Deus, vertido no tema da “imagem e semelhança”. O autor também identifica as duas correntes do pensamento patrístico que são: a patrística grega que surge influenciada pela filosofia grega acentuando o caráter ontológico da concepção do homem criando tensões e dificuldades com o caráter histórico da concepção bíblica; e a patrística latina que concebe o homem em sua expressão latina, tendo como ícone Santo Agostinho. Essa visão agostiniana foi influenciada por três fontes principais, o neoplatonismo, elaborado no “tema da estrutura do homem interior” onde “Deus está presente como interior e superior”; a antropologia paulina, fornecendo a agostinho “uma visão do homem eminentemente soteriológica” em que ele “formulará a doutrina do pecado original e da graça e aprofundará o problema da liberdade e do livre arbítrio” e a antropologia da narração bíblica onde Agostinho tem como tópicos fundamentais, o homem como ser uno sendo essa unidade pensada tendo como base a referência do horizonte teológico; o homem como ser itinerante, onde “o tempo é o caminho para a eternidade” e por último, o homem como ser para Deus, implicando na sua ordenação e conversão a Deus.
Quando o autor em sua reflexão antropológica relaciona a evolução do homem com o desenvolvimento da civilização, ele salienta que foi através das profundas crises inseridas de grande riqueza que a concepção do homem medieval formulou-se. Lima Vaz destaca o pensamento de Santo Tomás de Aquino como sendo o que melhor sintetiza a antropologia medieval. A convergência entre as teses antropológicas do período clássico e bíblico-cristã encontram em fim o seu ponto de equilíbrio. Na antropologia tomista do homem há uma distinção entre a razão e a fé, mas busca-se uma harmonia entre ambas quando Santo Tomás de Aquino explica que o homem dotado de razão encontra seu lugar na natureza situando-o na fronteira do espiritual e do corporal, do tempo e da eternidade. Vemos que o homem medieval é imagem de Deus quando, na sua “perfeição relativa” participa da “perfeição absoluta de Deus”, capacitando-se, a partir deste ponto, a conhecer a verdade e agir moralmente para o bem.

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