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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA E PEDOLOGIA (Material em fase de elaboração) Notas de aula para o Curso de Agronomia do CCTA/UFCG Josinaldo Lopes Araujo Rocha (Organizador) Pombal, maio de 2014 2 SUMÁRIO UNIDADE I- FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA GERAL..................................... 4 1. A origem do universo....................................................................................... 4 2. TERRA: ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E HISTÓRIA................................... 6 2.1 Evolução do planeta Terra............................................................................. 6 2.2 Características do globo terrestre.................................................................. 8 2.3 Eras geológicas............................................................................................. 11 2.4 Datação absoluta .......................................................................................... 18 3 DINÂMICA INTERNA DA TERRA..................................................................... 20 3.1 Evolução dos conceitos................................................................................. 20 UNIDADE II- MINERAIS E ROCHAS 25 1. MINERAIS 25 1.1 Definição 25 1.2 Conceitos relacionados 26 1.3 Importância 26 1.4 Sistemas cristalinos 26 1.5 Origem dos minerais 27 1.6 Características físicas dos minerais 28 1.7 Polimorfismo e isomorfismo 31 1.8 Classificação dos minerais quanto a constituição química 32 1.8.1 Classificação dos minerais silicatados 33 2. ROCHAS 37 2.1 Classificação das rochas quanto á origem 37 UNIDADE III- DINÂMICA EXTERNA DA TERRA E INTEMPERISMO 46 1. PROCESSOS GEOLÓGICOS EXTERNOS 46 1.1 Ação geológica das águas 46 1.2 Ação geológica dos ventos 48 1.3 Relação entre processos externos e internos 49 2. INTEMPERISMO 49 2.1 Intemperismo físico 50 2.1.1 Intemperismo físico termal 50 2.1.2 Intemperismo físico mecânico 51 2.2 Intemperismo químico 53 2.3 Intemperismo biológico 57 UNIDADE IV: MINERAIS SECUNDÁRIOS 58 1. MINERAIS SECUNDÁRIOS SILICATADOS 58 1.1 Minerais 1:1 61 1.2 Minerais 2:1 62 2 ÓXIDOS DE Fe E DE Al 65 UNIDADE V - FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO 68 1. BREVE HISTÓRICO 68 2. OS FATORES DE FORMAÇÃO 69 2.1 Material de origem 69 2.2 Relevo 71 2.3 Clima 72 2.4 Organismos 73 2.5 Tempo 74 Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce 3 UNIDADE VI- PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS 75 1 PROCESSOS GERAIS 75 1.1 Adição 75 1.2 Remoção ou perda 76 1.3 Translocação 76 1.4 Transformação 76 2 PROCESSOS ESPECÍFICOS 76 2.1 Gleização 77 2.2 Sulfetização 77 2.3 Sulfurização 78 2.4 Calcificação 78 2.5 Salinização, sodificação e solodização 79 2.6 Deposição eólica e deposição antrópica 80 2.7 Pedoturbação 80 2.8 Eluviação e Iluviação 81 2.9 Latossolização 82 2.10 Plintilização 83 2.11 Coluviação 84 2.12 Aluviação 85 UNIDADE VII- MORFOLOGIA DO SOLO 86 1.O PERFIL DO SOLO 86 2. DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DO PERFIL DO SOLO 90 2.1 Aspectos gerais 90 2.2 Escolha do local para a descrição do perfil 90 2.3 Sequência para exame morfológico 90 2.4 Descrição dos atributos morfológicos 91 2.5 Identificação e nomenclatura dos horizontes 100 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 104 Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce Iuri Carvalho Realce 4 UNIDADE I- FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA GERAL 1. A ORIGEM DO UNIVERSO Tudo começou com um pontinho de 1,6x10-35 m = ocorreu o fiat lux e a temperatura era cerca de 1032 K. Durante um milionésimo de segundo havia uma explosão, havia muita energia e não havia matéria. Dez segundos após a explosão começam a surgir os prótons, nêutrons e elétrons, um milésimo de segundos depois a temperatura caiu bastante, para 1,4x1010 K com essa queda de temperatura, parte da energia se transformou em matéria. Quase um minuto depois (100 seg.) a temperatura já estava a 1,5x109 K e começaram a surgir os átomos de hélio e hidrogênio, formou-se uma nuvem de poeira de cerca de 3x1010 m. Essa nuvem de poeira não era homogênea, com o passar do tempo essa nuvem foi se expandindo e se agregando em regiões específicas (esse estágio era mais ou menos 800.000 anos após o BIG BANG) e formando pequenas nuvens de poeira que foram se aproximando em si mesmas e quanto mais próximas ficavam, mais elas atraiam os grãozinhos de areia que estavam a sua volta. A temperatura a 3000 K já era baixa o suficiente para permitir a formação da 1ª molécula de hidrogênio, o hélio por ser um gás nobre não se mistura, então já era uma nuvem de poeira com hélio e hidrogênio. Essas nuvens de poeira foram se juntando, ficando cada vez maior, até que chegou um ponto em que as partículas que estavam no interior (no centro) dessas nuvens e estavam frias começaram a se aquecer porque as outras partículas a sua volta impediram que seu calor fosse dissipado. À medida que elas foram se aquecendo e ultrapassando a marca de 107 K, o hidrogênio e o hélio começaram a se fundir, formando, então, vários outros elementos (resultados de calor e luz que escapa e como subprodutos têm-se cálcio, magnésio, potássio etc, até chegar ferro). Essa estrela à medida que vai queimando vai concentrando seus resíduos, seus elementos mais pesados no seu exterior e no interior vai queimando hidrogênio e hélio, ela queima hidrogênio e hélio e vai produzindo os outros elementos mais pesados (ex: ferro). Pouco a pouco esses elementos vão se concentrando na casca, do lado exterior da estrela. No momento em que o conteúdo de hidrogênio e hélio do centro da estrela acaba a estrela colapsa e o exterior “cai” para o interior. Quando isso acontece os elementos (mais pesados junto com um pouco de hidrogênio e hélio) que estavam no exterior da estrela e “caem” para o interior, ao encontrarem 5 ainda um resto da energia devida ao colapso interno da estrela ocorre uma explosão que recebe o nome de supernova. Essa súbita explosão faz com que os elementos ali presentes se combinem gerando novos elementos (até mais pesados que o ferro), a estrela morre, volta-se, então, para a poeira estelar, mas essa poeira é enriquecida com novos elementos. O elemento mais comum no universo é o hidrogênio seguido do hélio na sequência os outros elementos aparecem de acordo com as seguintes “ordens”: elementos de (Z) nº atômico par são mais abundantes que os elementos de Z ímpar e à medida que aumenta o nº atômico a abundância do elemento diminui (qnt > o Z < a presença do elemento no universo). O Ferro é uma exceção à regra, uma anomalia, tendo em vista o seu peso atômico, sendo um dos elementos mais abundantes devido ao mesmo ser formado através da fusão do hidrogênio e do hélio no momento em que o núcleo da estrela se aquece devido a não conseguir dissipar o calor e ultrapassa a temperatura de 107 K (Figura 1). O ferro é o elemento mais pesado a ser produzido antes da estrela entrar em colapso e explodir, gerando, então, novos elementos. O Ferro é um elemento químico chave para o entendimento da gênese dos solos tropicais, e talvez o elemento mais importante pra gênese dos nossos solos é também o elemento mais abundante no universo tendo em vista o seu pesoatômico. Figura 1. Abundância relativa dos elementos químicos. 6 2. TERRA: ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E HISTÓRIA 2.1 Evolução da Terra A cerca de 5 bi de anos atrás uma supernova explodiu e tudo o que há em nós veio dessa supernova que deu origem ao Sistema Solar. Com a explosão dessa supernova foi gerada uma enorme quantidade de poeira, já contendo todos os elementos que existem. Essa poeira começou a se condensar em pontos de maior concentração e, à medida que a temperatura diminuía esses grãozinhos de poeira começaram a formar ligações químicas, essas partículas foram ficando cada vez maiores e à medida em que foram ganhando peso elas começaram a girar em torno da partícula de maior tamanho. Mantendo esse processo as partículas continuaram a agregar tamanho e começaram a ter a aparência de rochas. Essas rochas, por vezes, se chocavam e as vezes rompiam-se em vários pedaços que comumente ficavam no todo ou em parte juntos. Em um determinado ponto a maior de todas as partículas ficou tão grande e tão quente, ultrapassando a temperatura de 107 K e não teve mais a possibilidade de dissipar o calor do seu interior, começando, portanto, a queimar hidrogênio e hélio (fundiu hidrogênio e hélio originando o ferro) e a brilhar = Sol. O Sol brilhava e atingia as outras partículas que a essa altura já eram amontoados de rochas. O calor gerado pelo Sol fez com que aqueles elementos mais voláteis e gasosos fossem varridos (por aquecimento) da proximidade da estrela e os “planetas” próximos da estrela ficaram sendo conhecidos como “planetas” rochosos e os distantes como gasosos. (o calor do Sol fez com que os elementos mais voláteis fossem projetados para as zonas mais distantes do Sistema Solar) Os poucos meteoritos que ainda circulam no universo são parte da poeira estelar e estão a 5 bi de anos escapando da força gravitacional dos planetas, ou seja, os meteoritos representam as condições dos planetas antes dos mesmos serem formados. Mercúrio – Vênus – Terra – Marte – Cinturão de asteróides (planetésimos que nunca chegaram a acrear-se) – Júpiter – Saturno – Urano – Netuno – Plutão Lei de Titius-Bode = lei que define as distâncias dos planetas ao Sol. 7 d = 0,4 + 0,3 x 2n a distância da Terra ao Sol é definida como 1 UA (Unidade Astronômica = 15 x 106 Km), ou seja, n = 1 A 4,5 bi de anos a Terra era um planeta frio e gelado que se formou pela acreção de vários planetésimos. A Terra era um amontoado de rochas, todas iguais, com 12.000 km de diâmetro. Como aconteceu com o Sol, aconteceu com a Terra, mas em menor proporção, ou seja, a temperatura não chegou nem perto de 107 K. As rochas centrais começaram a se aquecer, essas rochas eram formadas por vários elementos, urânio, tório, ferro, cálcio, magnésio, enfim, todos os elementos que existem hoje já existiam, e alguns deles são radioativos e, ao emitirem radiação, essa interagia com a rocha do lado e gerava calor. Quando o planetésimo é pequeno o calor se dissipa para a atmosfera, quando o planetésimo é grande o calor vai se concentrando até começar a derreter as rochas que estavam em volta. Como essas rochas eram formadas por vários elementos químicos ocorreu um fracionamento em função da densidade desses elementos. Os elementos químicos mais pesados ficaram no centro e os mais leves ficaram do lado externo. Alguns milhões de anos depois esse material que era homogêneo começou a ficar estratificado, dividindo-se em crosta, manto e núcleo. Possuindo um diâmetro de 6.000 km, a Terra tinha (tem) cerca de 2.900 km de núcleo, 3.000 km de manto e 100 km de crosta. Elementos mais leves em cima e mais pesados embaixo. A Lua foi um planetésimo que se chocou com a Terra quando essa diferenciação estava começando, e “pegou” um pedaço da crosta e do manto de Terra. Na crosta também ocorreu uma diferenciação e os elementos mais leves, representados por silício e alumínio (Sial = continentes) ficaram por cimas dos elementos mais pesados representados por silício e magnésio (Sima = “oceanos” rochas da crosta de maior densidade). Esse fracionamento (do Sial e do Sima) ocorreu antes da solidificação do material ficando, então, muito Sima com algumas protuberâncias de Sial. A crosta era sólida e o manto era fluído e quente e devido à crosta, o manto não conseguia dispersar o seu calor, começou a ocorrer no manto correntes de convecção, o calor da parte de baixo do manto forçou o mesmo a subir, chegando em cima ele desprendeu um pouco de calor e esfriou, voltando novamente para baixo (começando a circular). Como a crosta era muito fina e 8 devido a energia do movimento de convecção do manto a crosta começou a se rachar (fraturar) e consequentemente a se movimentar carregada pelo manto, afastando-se em alguns pontos e colidindo em outros. Nos movimentos de colisão parte da crosta mergulhou e se aproximou do manto, ao aproximar do manto essa crosta derreteu-se, nessa parte derretida da crosta ocorre um novo fracionamento com os elementos mais pesados ficando embaixo e os mais leves subindo e originando processos de vulcanismo que foram responsáveis pela diferenciação do Sial (composição semelhante ao granito = protocontinentes) e do Sima (composição semelhante ao basalto). Têm-se, portanto, a crosta formada por placas de “ilhas de granito (Sial)” sob um “oceano de basalto (Sima)”. A movimentação das placas (que contém blocos de granito em cima de basalto) vai fazer com que essas ilhas graníticas (= protocontinentes) se choquem e, a medida que elas vão coalescendo (aumentam seu tamanho) originam os continentes através de um mecanismo chamado tectônica de placas. Hoje 30% da Terra é granito e a tendência é que o granito aumente mais, até que a crosta esteja inteiramente coberta por uma camada granítica. 2.2 Características do globo terrestre A Terra tem forma quase esférica, sendo na verdade um elipsóide de revolução (mais achatada nos pólos). O seu raio médio é de 6370 km (Figura 1). O relevo da superfície terrestre mostra um desnível máximo da ordem de 20 km (maior altitude: Monte Everest - 8850 m, e maior depressão: fossa das Filipinas – 11510 m). Considerando-se que os continentes têm uma altitude média de 800 m e os mares uma profundidade média de 3800 m, o desnível médio na crosta terrestre é de apenas 4,6 km, o que é insignificante em termos do raio terrestre. Composição química A densidade média do nosso planeta é de 5.53, sendo que as rochas que ocorrem com maior frequência, próximo à sua superfície apresentam densidades em torno de 2.7, o que indica que a sua densidade varia em profundidade. Isso mostra que a composição química do globo terrestre não é homogênea, concentrando-se os elementos mais pesados no seu interior. Os elementos mais abundantes no globo 9 terrestre são (% em peso): Fe - 36.9; 0 - 29.3; Si - 14.9; Mg - 6.7; Al - 3.0; Ca - 3.0; Ni - 2.9 Figura 2. Zoneamento interno do Globo Terrestre (SBPC, 2000. Ciência Hoje na Escola, vol. 10: Geologia) Estrutura A distribuição heterogênea de elementos no planeta (evidenciada pela variação da densidade) mostra que o globo terrestre não é homogêneo física e quimicamente. As informações hoje existentes sobre o seu zoneamento interno foram obtidas através da sismologia e da meteorítica, estudo de meteoritos (meteoritos são corpos celestes que atingem a Terra esporadicamente). A sismologia consiste no estudo de terremotos, particularmente do estudo das ondas elásticas produzidas por um terremoto, que se propagam na Terra em todas as direções. Dentre os diversos tipos de ondas sísmicas, interessam ao estudo do interiorda Terra, as ondas P e as ondas S. As ondas P são ondas longitudinais do tipo das ondas sonoras que se propagam através de compressões e distensões do meio material. Sua velocidade cresce com o aumento da densidade e diminui bruscamente ao passar para um meio líquido. As ondas S são ondas transversais cuja velocidade aumenta com a 10 densidade do meio não se propagando em meios líquidos. Através do estudo do comportamento dessas ondas, observou-se que: - A velocidade das ondas P aumenta gradualmente até + 35 km de profundidade, a partir de onde aumenta rapidamente até atingir 2870 km de profundidade, quando então sofre uma brusca diminuição e mantém-se mais ou menos constante. - A velocidade das ondas S se comporta de forma análoga às ondas P, desaparecendo entretanto a 2870 km de profundidade e reaparecendo a 5100 kmde profundidade.Tais variações mostram que há diferenças na composição do material atravessado pelas ondas, daí sendo inferidas zonas distintas no interior do Globo. A meteorítica fornece informações sobre as geosferas internas da Terra, considerando que os meteoritos sejam pedaços de planetas que iniciaram a sua evolução à mesma época da Terra, mas não a completaram, tendo se desintegrado. Em termos de composição química são reconhecidos os meteoritos metálicos (sideritos e siderólitos), compostos por Fe (~92%) e Ni (~8%), e os meteoritos rochosos (condritos e acondritos), de composição muito similar às rochas terrestres básicas e ultrabásicas. Os primeiros correspondem a 1/3 e os últimos a 2/3 dos meteoritos encontrados na Terra, sugerindo que o núcleo desse proto-planeta era menor que o seu manto, o que é também observado na Terra. As camadas do globo terrestre são denominadas crosta, manto e núcleo. Núcleo: é a porção mais interna do globo terrestre, sendo composto por uma parte interna sólida e uma parte externa líquida. A sua densidade inferida é de 10.7, sendo composto de Fe (90.5%), Ni (8.5%) e Co (0.6%). Manto: é a mais espessa das zonas internas do planeta, sendo ovavelmente constituído de silicatos magnesianos ou sulfetos e óxidos. A sua densidade média é de 4.5. O manto está separado do núcleo pela descontinuidade de Wiechert- Gutemberg e da crosta pela descontinuidade de Mohorovicic (Figura 2). Crosta: é a zona mais externa do globo, apresentando uma espessura média de 35 km. A sua densidade média é 2.76 e sua composição química básica é (% em peso): O - 45.2; Si - 27.2; Al - 8.0; Fe - 5.8; Ca - 5.1; Mg - 2.8; Na - 2.3; K - 1.7. Atualmente são também utilizados os termos Litosfera, Astenosfera e Mesosfera, onde a primeira é rígida e consiste da crosta e uma porção do manto 11 superior variando de 50 a 150 km, a segunda é plástica e compreende a parte do manto superior abaixo da litosfera, se situando entre 50 e 250 km de profundidade, e a última é rígida (pela maior pressão a despeito da temperatura) e compreende o manto inferior. Há controvérsia sobre a natureza física da astenosfera. Para alguns o material é sólido, mas se comporta como líquido no decorrer do tempo geológico; para outros é um fluído de características não determinadas. Admite-se, entretanto, Figura 3. Corte esquemático da crosta, mostrando a diferença de espessura entre crosta oceânica e continental (Leinz et al., 1975. Geologia Física, Geologia Histórica, pág. 5). Temperatura A temperatura da Terra aumenta com a profundidade. Denomina-se Grau Geotérmico, a profundidade em metros, necessária para aumentar a temperatura em 1o C. O Grau Geotérmico é variável de região para região, sendo que o valor de 30 m é tomado como valor médio mundial. 2.3 Eras geológicas Da mesma maneira que o historiador faz a reconstituição da história do homem, a geologia histórica, que é um ramo da ciência geológica, faz a reconstituição da história da Terra (Tabela 1). Para o historiador fazer a reconstituição da história do 12 homem, ele se baseia nas fontes históricas. Por exemplo, os objetos, os documentos e ruínas de aldeias e cidades são fontes históricas. Através do estudo desses materiais ou elementos, o historiador faz a reconstituição da história do homem. Para o geólogo realizar a reconstituição da história da Terra, ele se baseia nos estudos das rochas e dos fósseis. O estudo das rochas possibilitou ao geólogo conhecer: a antiguidade da Terra, calculada através do estudo das rochas radioativas, como por exemplo o urânio; os climas de épocas passadas, existentes em várias partes da Terra; os terremotos e vulcanismos do passado; as distribuições dos continentes e oceanos à superfície da Terra e suas variações através do tempo geológico. O estudo dos fósseis, isto é, dos restos ou vestígios de seres orgânicos (vegetais ou animais) que deixaram suas marcas nas rochas sedimentares da crosta terrestre, permite ao estudioso saber também várias coisas do passado da Terra. Por exemplo, as espécies animais e vegetais que existiram em épocas passadas e as variações do clima, pois cada animal ou vegetal apresenta um tipo de estrutura para cada tipo de clima. Baseados nesses elementos, rochas e fósseis, os geólogos admitem que a Terra se formou há cerca de 5 bilhões de anos. Da mesma maneira que podemos dividir a nossa vida em etapas (infância, juventude, maturidade e velhice), a existência da Terra também pode ser dividida em vários momentos. A cada um dos momentos ou divisões da história da Terra os estudiosos deram o nome de era geológica. 13 Tabela 1. Divisão do tempo geológico do Planeta Terra. Éon Era Período Época Anos (milhões) Principais acontecimentos P ré -C a m b ri a n o A rq u e a n o > 2500 Formação da terra; consolidação da crosta terrestre e formação do embasamento cristalino dos primeiros continentes; surgimento da vida na forma de bactérias procariontes. P ro te ro z ó ic o P a le o 1600-2500 Bactérias eucariontes, e algas unicelulares com início da fotossíntese; deposição de minérios de ferro; supercontinente Gondwana; Rochas metamórficas e sedimentares mais antigas; Oceanos invadem grande parte do Brasil, inclusive o vale do São Francisco, Formação das Serras das vertentes, Canastra, espinhaço e Geral. M e s o 1000-1600 N e o 540-1000 P ó s -c a m b ri a n o F a n e ro z ó ic o P a le o z ó ic a Cambriano 500-540 Enorme diversificação da vida multicelular, chamada de “explosão Cambriana” em invertebrados, peixes (Siluriano) e amfíbios (Carbonífero), pteridófitas (samambaias, p.e.) colonizam a terra a partir do Devoniano; insetos aparecem no Carbonífero e no permiano surgem os primeiros répteis. Ordovician o 435-500 Siluriano 410-435 Devoniano 355-410 Carbonífero 295-355 Permiano 250-295 M e z o z ó ic a Triássico 203-250 Gimnospermas (pinheiros, p.e.) substituem pteridófitas como plantas mais abundantes; répteis, especialmente dinossauros, dominam a Terra; pássaros surgem no Jurássico; supercontinente Gondwana quebra-se; derramamentos basálticos na Bacia do Paraná no fim, do Jurássico; clima semi-desértico e aplainamento de grande parte do Brasil; Expansão das dicotiledôneas no cretáceo; Extinção dos dinossauros abre caminho para os mamíferos, os quais surgem timidamente no Triássico. Jurássico 135-203 Cretáceo 65-135 C e n o z ó ic a Paleógeno Paleoce no 53-65 Mamíferos de grande porte dominam a Terra; Mastodontes no Brasil; monocotiledôneas;Latossolos começam a forma-se; Oscilações climáticas e ciclos erosivos esculpem o relevo; Serras da Mantiqueira e do Mar. Eoceno 34-53 Oligoce no 24-34 Neógeno Mioceno 5-24 Plioceno 1,75-5 Quaternário Pleistoc eno 0,01-1,75 Hominídeos; Depósitos aluviais em várzeas e baixadas; glaciações; Expansão e retração do cerrado e das florestas em função do clima; chegada do homem à América (fim do Pleistoceno: Tecnologia; Agricultura (Holoceno). Holocen o < 0,01 (< 10.000 anos) 14 Era Proterozóica Também chamada de Era Primitiva ou Era Pré-Cambriana. A mais antiga e mais vasta divisão do tempo geológico (gr. proteros = primeiro + zoé= vida). O seu início não é ainda definitivamente conhecido, ultrapassando, entretanto, a casa dos quatro bilhões de anos (estimativa baseada na radioatividade); o seu término deu-se aproximadamente há 500 milhões de anos. Designam-se comumente como pré- cambrianos os terrenos formados durante essa era. Constituem-se de rochas metamórficas (gnaisses, xistos) intensamente dobradas e falhadas e rochas ígneas (granitos, etc.). A sua importância econômica é muito grande, porque nos terrenos dessa era estão as maiores reservas de ferro conhecidas, manganês, etc., sem mencionar-se ouro, cobre, níquel, prata, pedras preciosas, material de construção, etc. Distribuem-se os terrenos pré-cambrianos largamente pelo mundo, sendo as suas áreas maiores de ocorrência chamadas "escudos". Na Austrália constituem o Escudo Australiano; na África, o Escudo Etiópico; na Ásia, o Escudo Angárico; na Europa, o Escudo Báltico; e, na América do Sul formam dois escudos principais: o Escudo Guianense, ao norte do Rio Amazonas, e o Escudo Brasileiro, ao sul daquele rio. Fósseis de idade pré-cambriana são comparativamente raros: estruturas possivelmente originadas por algas (Collenia, etc.), moldes de medusas, etc. A ocorrência de rochas grafitosas em terrenos desta era sugere vida orgânica, enquanto os depósitos de ferro e de calcário são considerados por muitos autores como sendo resultantes da atividade de bactérias. Era Paleozóica Também chamada de Era Primária. Divisão do tempo geológico seguinte à Era Proterozóica e a antecedente à Era Mesozóica. A sua duração foi de aproximadamente 380 milhões de anos. Embora a vida já se achasse presente na Era Proterozóica, é nos terrenos mais antigos da Era Paleozóica que os vestígios de organismos se mostram mais abundantes. Divide-se em seis períodos que, na ordem dos mais antigos para os mais modernos, são os seguintes: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. De acordo com os dados paleontológicos, no cambriano achavam-se presentes todos os grandes grupos de invertebrados. As formas ancestrais da fauna cambriana são desconhecidas ou porque o elevado metamorfismo e os dobramentos a que foram 15 sujeitas as rochas da Era Proterozóica as destruíram, ou porque a erosão apagou grande parte dessa documentação antes da deposição dos sedimentos cambrianos. Os animais do início da Era Paleozóica viveram dominantemente em ambiente marinho: graptólitos, trilobites, moluscos, briozoários, braquiópodes, equinodermos, corais, etc. Os peixes surgiram no Ordoviciano, nas águas doces. As plantas terrestres mais antigas conhecidas datam do Siluriano (Austrália). No Carbonífero e também no Permiano constituíram grandes florestas das quais se originaram carvões em várias partes do mundo. Daí a designação de Antracolítico dada em esses dois períodos conjuntamente. Especialmente curiosas foram as Pteridospermae, vulgarmente conhecidas como "fetos com sementes". Os insetos mais antigos datam do Devoniano. Os anfíbios surgiram no Devoniano e os répteis no Carbonífero. Angiospermas, aves e mamíferos apareceram mais tarde, na Era Mesozóica. A paleogeografia da Era Paleozóica é a matéria de controvérsia. As similaridades demonstradas entre a geologia da parte meridional da América do Sul, África do Sul, Índia e Austrália- flora fóssil comum, designada flora de Glossopteris, vestígios de glaciação tipo inlandsis, aparentemente da mesma idade, levaria, segundo certos autores, à aceitação de um antigo continente, Continente de Gonduana, reunindo tais regiões, ou, segundo outros, à suposição de que elas estiveram diretamente unidas até o fim da Era Mesozóica (teoria de Wegener). Dois ciclos orogenéticos importantes ocorreram na Era Paleozóica: dobramentos coledonianos do Siluriano e dobramentos hercinianos do Carbonífero. Vários grupos de animais e de plantas foram privativos da Era Paleozóica: Psilophytales, vegetais que desapareceram no Devoniano; trilobites, euripterídeos, granptólitos, corais dos grupos tetracorais e tabulados; briozoários dos grupos Trepostomados e Criptostomados; foraminíferos da família dos Fusulinídeos; equinodermos dos grupos cistóides, blastóides e heterostelados; peixes dos grupos Ostracodermas e Placodermas. Era Mesozóica Também chamada de Era Secundária. Penúltima das eras em que se divide a história da Terra. Conhecida como a Idade dos Répteis ou Idade dos Amonides, pela importância que esses dois grupos atingiram durante os 140 milhões de anos da sua duração. O nome vem do grego mesos que significa meio, e zoé que indica vida, isto 16 é, vida intermediária. Dos répteis mesozóicos os dinossauros são os mais conhecidos. Atingiram tamanhos gigantescos e se extinguiram no fim da Era Mesozóica. Alguns répteis adaptaram-se ao e outros à vida aquática. Nos mares, proliferaram cefalópodes do grupo dos Amonites, que igualmente se extinguiram no ocaso desta era. Surgiram os peixes teleósteos, as primeiras aves (criaturas exóticas dotadas, no início, de dentes e de cauda), os primeiros mamíferos, as primeiras plantas do grupo dos angiospermas. A Era Mesozóica recebeu também o nome de Idade das Cicadófitas, graças à importância que tal grupo de vegetais alcançou nesta era. Divide-se em três períodos, do mais antigo para o mais moderno: Triásico, Jurássico e Cretáceo. Movimentos orogenéticos importantes afetaram durante a Era Mesozóica a região andina e a região das Montanhas Rochosas. Mas as presentes cadeias são devidas inteiramente a movimentos subseqüentes. No Brasil, os terrenos mesozóicos cobrem vastas áreas do interior do país, ocorrendo ainda na orla marítima no nordeste. No sul, no início da Era Mesozóica, o clima foi árido, originando-se vasto deserto com deposição abundante de áreas eólicas. Tal deposição foi entremeada de intenso vulcanismo, responsável por derrames de lava de grande extensão. Seguiu-se a deposição no Período Cretáceo, de areias que mais tarde foram consolidadas por cimento calcário e que encerraram restos de dinossauros e de outros répteis. Nos terrenos cretáceos do nordeste, boa parte dos quais marinhos, ocorrem importantes jazidas de calcário, fosforita e petróleo. Era Cenozóica O princípio da Era Cenozóica marca a abertura do capítulo mais recente da história da Terra. O nome desta era provém de duas palavras gregas que significavam vida recente. Durante a Era Cenozóica, que principiou há cerca de 60 milhões de anos, a face da Terra assumiu sua forma atual. A vida animal transformou-se lentamente no que hoje se conhece, porque nela se desenvolveu o ser humano. A Era Cenozóica divide-se em dois períodos principais, dos quais os mais antigo, denominado Período Terciário, subdivide-se em cinco épocas: Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno. O Período Quaternário, 17 sucedente, subdivide-se em Pleistoceno e Holoceno ou Atual. Durante todo o Período Terciário houve muita atividade vulcânicae formaram-se os grandes maciços montanhosos do mundo, como os Andes, os Alpes e o Himalaia. Com efeito a Era Cenozóica foi marcada pelo aparecimento de 28 ordens de mamíferos, 16 das quais ainda vivem. No paleoceno e no Eoceno viveram mamíferos de tipo arcaico que no fim do Eoceno e no Oligoceno foram substituídos, exceto na América do Sul, pelos ancestrais dos mamíferos modernos. No decorrer de milhões e milhões de anos deu-se a modernização das faunas que culminou na produção de mamíferos adiantados, especializados, do mundo moderno. Os processos que conduziram à elaboração das faunas modernas datam do Pleistoceno e do pós-Pleistoceno. Distingue-se a fauna atual da fauna do Pleistoceno, principalmente pelo empobrecimento, advindo da extinção de várias formas. A América do Sul achava-se unida à América do Norte no início da Era Cenozóica; tal união manteve-se interrompida durante grande parte dessa era, voltando a ser restabelecida no fim do Terciário. Isso explica certas peculiaridades faunísticas do nosso continente. Por outro lado, a América do Norte manteve ligação com a Ásia através da região de Bering (hoje interrompida pelo Estreito de Bering) durante grande parte da Era Cenozóica, o que explica o porquê da homogeneidade faunística da América do Norte, Ásia Setentrional e Europa. As peculiaridades faunística da Austrália, por sua vez, são devidas ao isolamento que manteve desde o Cretáceo em relação à Ásia. A forma ancestral do cavalo data do Eoceno e recebeu o nome de Eohippus; viveu no hemisfério norte. O Equus, isto é, cavalo propriamente dito, surgiu na América do Norte bem mais tarde, donde migrou para a Ásia, no Pleistoceno. No Pleistoceno, também chamado época Glacial ou Idade do Gelo, ocorreu uma vasta glaciação no hemisfério norte. Glaciação de muito menores proporções deu-se também no hemisfério sul. Datam do Pleistoceno os mais antigos restos do homem (cerca de 450.000 anos). Acredita-se que o mais antigo deles seja o Homo heidelbergensis. Há controvérsia sobre a idade do Homo sapiens; segundo alguns autores o seu aparecimento deu-se há cerca de 250.000 anos, isto é, antes mesmo do Homo neanderthtalensis. No Pleistoceno inferior vivem hominídeos vários: Australopithecus, da África do Sul; Pithecanthropus erectus ou homem de Java; Sinanthropus pekinensis ou homem de Pequim. Inúmeras localidades brasileiras 18 forneceram ossadas de mamíferos pleistocênicos. Os achados mais famosos são os das grutas de Minas Gerais, pacientemente pesquisados por Peter Lund no século passado. Outra localidade curiosa é a de Águas do Araxá, também em Minas Gerais, onde parte do material obtido acha-se exposta. Aí foram descobertos cerca de 30 indivíduos de mastodontes fósseis (Haplomastodonwaringi). Megatérios, gliptodontes, tigres dentes-de-sabre (Smilodon) e toxodontes figuram entre os mamíferos pleistocênos mais comuns. A ligação entre as duas Américas no Pleistoceno trouxe como conseqüência uma imigração de carnívoros que não existiam por aqui, os chamados tigres dente-de-sabre. A antigüidade do homem no Brasil é matéria de controvérsia. Não foi ainda cabalmente provada a Idade Pleistoceno do homem da Lagoa Santa cujos ossos aparecem nas mesmas grutas em que ocorrem animais extintos. 2.4 Datação absoluta A atribuição de idade aos eventos geológicos ocorridos ao longo da história da Terra constitui a cronologia geológica. Esta tanto pode ser relativa, como absoluta. A cronologia relativa é bastante utilizada em trabalhos de estratigrafia e se baseia em princípios simples que serão discutidos no capítulo 12. A cronologia absoluta (datação absoluta) se fundamenta principalmente nos métodos radiométricos desenvolvidos no século XX. Tais métodos se baseiam na desintegração radioativa espontânea para um estado de menor energia que ocorre com átomos de elementos radioativos. Como a desintegração radioativa envolve apenas o núcleo de um átomo pai, a taxa é independente da pressão e da temperatura. Existem elementos que se desintegram em frações de segundo, enquanto outros levam milhares de anos para se transformar, estes últimos interessando particularmente à Geologia. Quando um átomo radioativo pai se desintegra, ele se transforma em um outro tipo de átomo, denominado filho. Assim, os métodos de datação radiométrica são baseados na acumulação de filhos atômicos produzidos por um pai radioativo. Quando se formou a rocha ou grão mineral contendo o nuclídeo radioativo, não existia qualquer filho radiogênico. 19 A razão filho/pai era zero e a idade indicada era zero. Com o tempo, a desintegração progressiva de átomos pais (radioativos), produziu átomos filhos (radiogênicos) no mineral. Conhecendo-se a constante de desintegração do pai radioativo, necessita-se apenas medir a proporção de filhos e pais no sistema de modo a se calcular o tempo, em anos antes do presente, gasto na transmutação de um elemento em outro. A taxa de desintegração ou meia-vida é constante e define-se como sendo o tempo necessário para que metade da quantidade inicial do elemento radioativo pai tenha se transformado no elemento filho. Os diferentes elementos dão origem a diversos métodos, que comumente são utilizados em pares, para aferição. Os radionuclídeos mais usados são encontrados na tabela 2 abaixo. Tabela 2. Meia vida de alguns elementos químicos em anos. Isótopo -pai Isótopo-filho Meia-vida Potássio-40 Argônio -40 1,39 x 109 Rubídio-87 Estrôncio-87 40,80 x 109 Urânio-235 Chumbo-206 0,71 x 109 Urânio-238 Chumbo-206 4,51x 109 Tório-232 Chumbo -208 13,90 x 109 Samário- 147 Neodímio- 143 106,00 x 109 A idade do material pode ser calculada pela expressão t = (1/λ). ln [1 + (F/N)], onde: t = idade do objeto em anos λ = constante de desintegração do elemento pai F = número de átomos do elemento –filho na amostra (hoje) N = número de átomos do elemento – pai na amostra (hoje) 20 3 DINÂMICA INTERNA DA TERRA Ao longo dos anos, novos métodos de estudo de como as forças internas e externas moldam a Terra, tem gerado abundantes novas informações e excitantes questões. Nas três últimas décadas do século XX, geólogos desenvolveram uma nova teoria unificadora que relaciona os processos dinâmicos da Terra aos movimentos de grandes placas que constituem a capa externa do planeta, teoria esta chamada de Tectônica de Placas. Esta teoria oferece um modelo abrangente para explicar como a Terra funciona. 3.1 Evolução dos conceitos A similaridade de contornos entre África e América do Sul já era há muito observada, até que Alfred Wegener, metereologista alemão, se dispôs a buscar outras evidências que mostrassem a antiga união continental, publicando em 1915 o trabalho intitulado “A Origem dos Continentes e Oceanos”. Neste trabalho, Wegener advogava a Deriva Continental baseada em evidências estruturais (cadeias montanhosas) e paleontológicas (fauna e flora similares em locais distantes). Inicialmente esta ideia, que revolucionava os conceitos geológicos, foi pouco aceita, até que a intensa exploração do fundo oceânico, a partir da 2a Guerra Mundial, trouxe novas descobertas. Constatou-se a existência de uma cadeia Inicialmente esta ideia, que revolucionava os conceitos geológicos, foi pouco aceita, até que a intensa exploração do fundo oceânico, a partir da 2ª Guerra Mundial, trouxe novas descobertas. Constatou-se a existência de uma cadeia montanhosa de 73000 km de extensão ao longo do Oceano Atlântico (sentido N-S), com altitudes de até 3000 m e um vale central. Na amostragem dessas montanhas foram obtidas rochas comidades inferiores a 150 milhões de anos, quando acreditava-se que ali se encontrariam as rochas mais antigas da Terra. Daí surgiu a ideia de que o vale central do Atlântico pudesse ser uma imensa fenda de onde surgia rocha em fusão, formando e expandindo o assoalho oceânico. Com o estudo das propriedades magnéticas das rochas (paleomagnetismo) constatou-se que os basaltos do assoalho oceânico mostram um padrão de magnetização em bandas, revelador das já conhecidas inversões ocorridas com o campo magnético terrestre, padrão este que é simétrico em relação à cadeia meso-oceânica. 21 Além disso, com o aperfeiçoamento dos métodos radiométricos, ao final dos anos 60, pôde-se constatar que o fundo oceânico é tanto mais velho quanto mais afastado estiver da cadeia meso-oceânica, confirmando dessa forma a ideia da Expansão do Assoalho Oceânico. Estas observações e as teorias a elas associadas –da Deriva Continental e da Expansão do Assoalho Oceânico- forneceram o arcabouço para a elaboração da Teoria da Tectônica de Placas. Esta teoria considera a Litosfera como sendo composta por vários pedaços, que se encontram em movimento. Estes pedaços são denominados Placas Tectônicas. Atualmente consistem de 7 grandes placas e outras tantas menores (Figura 2.4). Elas se comportam como blocos rígidos que se movem por correntes de convecção existentes na astenosfera. As placas se movimentam de 3 a 11 cm por ano em diferentes direções e apresentam tipos de contatos distintos. Os contatos entre placas tectônicas são áreas extremamente instáveis da litosfera, aí se concentrando episódios vulcânicos e terremotos. Os diferentes tipos de contatos entre placas tectônicas são resultantes de esforços distintos e são descritos a seguir (Figura 2.5): - Zonas de subducção: zonas onde uma placa mergulha sob outra, resultando em esforços compressivos, formando assim tanto fossas oceânicas, como a fossa das Filipinas, como cadeias de montanhas, tais como a Cordilheira dos Andes; - Zonas de expansão: zonas onde há formação e expansão da litosfera, caracterizadas por esforços de tensão, formando as cadeias meso-oceânicas, como a cadeia meso- Atlântica, e mesmo áreas continentais como a área do Golfo da Califórnia. - Zonas de falhas transformantes: zonas onde forças atuando em planos distintos, e em sentidos contrários, causam deslocamento relativo entre os blocos adjacentes. Este é o caso da Falha de Santo André, na costa oeste da América do Norte. 22 Figura 3. Principais placas tectônicas que formam a crosta terrestre (SBPC, 2000. Ciência Hoje na Escola, vol. 10: Geologia, pág. 20). As placas tectônicas apresentam três possíveis movimentos: movimentos convergentes, quando duas placas se movimentam uma em direção a outra. Neste caso ambas as podem ser do mesmo tipo ou de tipos diferentes conforme ilustra a Figura 2.5. Este tipo de movimento explica em parte a formação de cadeias de montanhas com as do Himalaia e a cordilheira dos Andes na América do Sul. 23 Figura 4. Limites convergentes entre placas tectônicas. Fonte: Teixeira et al. (2004). Extraído do Livro "Decifrando a Terra". Quando uma placa se afasta da outra, os limites são chamados de divergentes (Figura 2.6). Esse tipo de movimento explica a formação do Oceano Atlântico à cerca de 140 milhões de anos. Quando as placas apenas deslizam lateralmente uma na outra, os limites são denominados conservativos. Neste tipo de movimento, pode ocorrer a formação de vulcões e terremotos. Crosta continental Crosta continental 24 Figura 5. Limites divergentes entre placas tectônicas. Fonte: Teixeira et al. (2004). Extraído do Livro "Decifrando a Terra". Figura 6. Correntes de convecção de explicam o movimento das placas tectônicas. Fonte: Teixeira et al. (2004). Extraído do Livro "Decifrando a Terra". 25 Estimativas da velocidade das placas tectônicas associadas à outras evidências como fósseis, contorno dos continentes e marcas deixadas pelo movimento de geleiras apontam que os continentes se juntam e se separam a cada 250 milhões de anos. Assim como ilustra a figura 1.7 a cerca de 160 milhões de anos os continentes de nosso planeta estavam unidos num super continente denominado de Pangea Figura 7. O super continente PANGEA. Fonte: Teixeira et al. (2004). Extraído do Livro "Decifrando a Terra". UNIDADE II- MINERAIS E ROCHAS 1. MINERAIS 1.1 Definição "Minerais são substâncias sólidas homogêneas, inorgânicas com composição química e estrutura cristalina bem definida (EX. Halita, Silvita)". Contudo, sobre este conceito há de se considerar as exceções como o mercúrio que é um mineral líquido, assim como alguns minerais isomorfos que não tem composição química definida. Deste conceito excluem-se substâncias como petróleo, carvão mineral, conchas, etc. que, geralmente são referidos como minerais, por não fazem parte do reino animal ou vegetal, entretanto, não se enquadram na definição acima. Da mesma forma não faz sentido o termo mineral sintético. 26 1.2 Conceitos relacionados a) Minério: Substâncias (minerais ou não) que podem ser exploradas comercialmente (ex.: petróleo, ferro, carvão mineral, ouro, bauxita). b) Mineralóide: Substâncias inorgânicas que não apresentam estrutura cristalina (carvão, vidro vulcânico, betume, recifes de corais, pérola). Em sentido amplo, os mineralóides pertencem ao reino mineral, mas não são recursos minerais 1.3 Importância Os minerais estão presente em diversos setores dia indústria, agricultura e no ambiente. Muitos minerais como a calcita (CaCO3), a gipsita (CaSO4.2H2O) a silvita (KCl), a apatita (fosfatos de cálcio) e diversos outros são matéria prima para a produção de diversos fertilizantes empregados para garantir a produção agrícola. Além disso, minerais como bauxita (Al2O3) e hilmenita (TiO4) são empregados pela indústria para a produção de diversas matérias primas. No ambiente, os minerais exercem funções muito importantes como o fornecimento de nutrientes às plantas quando de decompõem e ao mesmo tempo, são responsáveis pela retenção de nutrientes liberados por matéria orgânica, fertilizantes e outros minerais. Esses minerais são conhecidos como minerais secundários, e devido sua importância na Gênese do Solo, serão abordados em um tópico a parte, desta apostila 1.4 Sistemas cristalinos O que determina a estrutura cristalina dos minerais é a presença da célula unitária. Célula unitária é a unidade fundamental que forma o sistema cristalino do mineral como ilustra a figura abaixo. Assim, inicialmente as moléculas formam a célula unitária pela repetição ordenada destas moléculas seguindo determinado padrão. As células unitárias formam os sistemas cristalinos ou cristais (Figura 2.2) para então formar o mineral visível ao olho nú. 27 Figura 1. Célula unitária e sistema cristalino. Figura 2. Principais sistemas cristalinos dos minerais 1.5 Origem dos minerais a) Cristalização do magma A partir de um pequeno núcleo („semente‟) que vai aglutinando materiais em sua volta, durante o resfriamento do magma. Quanto mais profundo for o resfriamento do magma, ou seja, quanto mais abaixo da crosta terrestre maior será o mineral formado. Vários minerais são formados por esse processo a exemplo do quartzo e ortoclásio. SISTEMAS CRISTALINOS E CÉLULA UNITÁRIA Visível a olho nú Visível Microscópio eletrônico Sistema cristalino 28 b) Condensação de materiais Materiais na forma gasosa se condensam e se solidificam (Exs.: nebulosas formandorochas, enxofre elementar formado nas fumarolas dos vulcões). c) Precipitação Formados pela Precipitação de substâncias em soluções aquosas a exemplo do sulfato de cálcio e do carbonato de cálcio. A precipitação de alguns minerais são mostrados abaixo. A precipitação ocorre quando a concentração de uma substância ultrapassa de coeficiente de solubilidade. Ca2+ + SO4 2- + H2O ↔ CaSO4 . 2H2O (gipsita) Ca2+ + CO3 2- ↔CaCO3 (calcita) NaCl ↔ Na+ + Cl- (halita) d) Transformação de minerais Minerais já existentes podem sofrer alta pressão e temperatura e se modificarem em outros minerais. Esse processo geralmente ocorre em minerais constituintes de rochas metamórficas como o mineral granada. 1.6 Características físicas dos minerais a) Relação massa/volume Indica quantas vezes o mineral é mais pesado que a água. Essa propriedade é muito útil na identificação de minerais quando estes apresentam muito similar, mas com distintas relações massa/volume, como ilustra a tabela abaixo. Tabela 1. Densidade de alguns minerais comuns na crosta terrestre. Mineral Densidade relativa (g/cm3) Pirita 5,0 - 5,2 Magnetita 5,20 Hematita 4,95 - 5,12 Diamante 3,47 - 3,55 Turmalina 3,02 - 3,26 Apatita 3,17 - 3,23 Berilo 2,65 - 2,75 Calcita 2,71 Talco 2,60 - 2,80 Ortoclásio 2,56 - 2,60 Gipsita 2,30 29 b) Clivagem É a propriedade que alguns minerais apresentam de se partir segundo superfícies planas e paralelas, relacionadas à sua estrutura cristalina (normalmente planos de fraqueza na estrutura). Pode ocorrer segundo uma ou várias direções e gerar superfícies de qualidade variável (mais, ou menos lisas). Destacam-se a clivagem excelente em uma direção da muscovita (mica branca), a clivagem perfeita em três direções não ortogonais da calcita, a clivagem boa em duas direções e má em uma direção dos feldspatos Figura 3. Clivagem da mica muscovita Figura 4. Planos de clivagem em minerais. c) Fratura Forma com que o mineral se quebra, com direção de quebra diferente da direção da clivagem. O mineral quebra-se sem obedecer planos pré-estabelecidos. O quartzo apresenta fratura conchoidal. 30 d) Cor e brilho Estas duas propriedades estão relacionadas à absorção e/ou reflexão da luz pelos minerais. A cor resulta da absorção seletiva de comprimentos de onda da luz branca pelos minerais. Normalmente a cor é variável para uma mesma espécie mineral, sendo entretanto uniforme e diagnóstica para alguns minerais (pex. sodalita: azul). A cor variável, em alguns casos, dá origem a variedades do mineral, tais como as variedades azul (safira) e vermelha (rubi) do coríndon. O brilho está relacionado com a quantidade de luz que o mineral reflete. O brilho é determinado de forma descritiva, caracterizando-se dois grupos principais: os minerais que apresentam brilho de metal (brilho metálico), e aqueles que não o apresentam (brilho não metálico). Neste segundo grupo, que engloba a maior parte dos minerais, o brilho é descrito por analogia a substâncias comuns: vítreo (do vidro), adamantino (do diamante), resinoso, sedoso, gorduroso ou graxo, nacarado (da pérola), ceroso, terroso, etc. d) Traço É a cor do mineral reduzido a pó. É muito característico em algumas espécies minerais, como é o caso dos óxidos hematita (avermelhado), goethita (amarelado) e magnetita (preto). O traço é determinado utilizando-se a parte fosca de uma placa de porcelana branca, sobre a qual fricciona-se o mineral e observa-se a cor do pó (o traço). Considerando-se que a porcelana tem dureza 6, não se determinam os traços de minerais com dureza ≥ 6. A hematita (Figura 2.2) por exemplo Figura 5. Traço vermelho da hematita. 31 f) Magnetismo Alguns minerais apresentam atração pelo imã tais como a magnetita, pirrotita, e manganês quando aquecido. Esta característica resulta da configuração eletrônica dos átomos de alguns elementos como o ferro presente em minerais como a magnetita que desenvolve a capacidade de atração por alguns metais. g) Forma (hábito) e agregado É a configuração externa do mineral (forma) ou do conjunto de indivíduos da mesma espécie mineral (agregado). A forma de um mineral é função de sua estrutura cristalina. Alguns minerais apresentam formas e agregados muito característicos tais como as micas (lâminas), a pirita (cubos), os asbestos (forma capilar, agregado fibroso), etc. Para que um mineral desenvolva faces, são necessárias algumas condições, como por exemplo, tempo e espaço para crescer. Isso explica porque os minerais nas rochas normalmente apresentem formas irregulares e raras faces planas. i) Dureza É a resistência do mineral ao risco. A tabela abaixo mostra a dureza de alguns minerais de referência para fins de comparação da dureza. A sequência é conhecida como escala de Mohs. Tabela 2. Escala de Mohs e padrões secundários. Mineral Padrão Padrão secundário talco 1 gipsita 2 unha calcita 3 Alfinete fluorita 4 apatita 5 Lâmina de aço ortoclásio 6 quartzo 7 Porcelana topázio 8 corídon 9 diamante 10 32 1.7 Polimorfismo e isomorfismo Minerais polimorfos são aqueles que têm essencialmente a mesma composição química, mas estruturas cristalinas diferentes, o que se reflete nas suas propriedades físicas distintas. Por exemplo, grafita e diamante são polimorfos de carbono (C). Minerais isomorfos são aqueles que possuem estrutura cristalina semelhante, mas composição química diferente ou variável dentro de determinados limites. O isomorfismo tem como causa principal a substituição isomórfica, ou seja a substituição de átomos ou íons na estrutura cristalina do mineral. É um fenômeno que ocorre em muitos minerais, principalmente naqueles que formam as séries isomórficas ou séries de soluções sólidas como a série das olivinas, dos plagioclásios cálcio-sódicos, etc. Nesses casos há uma variação contínua e recíproca nas proporções de um par, ou mais de um par, de elementos da sua composição química. É também importante em alguns minerais como os feldspatos e os minerais de argila silicatadas, onde nos primeiros explicam a sua presença dentro do grupo dos tectossilicatos, e nos segundos explicam as suas cargas de superfície. As substituições mais comuns envolvendo elementos maiores, são Al3+ por Si4+ em altas temperaturas, e Fe2+ por Mg2+; Fe3+, Al3+ e Cr3+ entre si, em qualquer temperatura. Este assunto será abordado com maiores detalhes em unidades posteriores. 1.8 Classificação dos minerais quanto a constituição química a) Elementos nativos: são minerais formados por apenas um tipo de átomo a exemplo ouro, cobre do mercúrio, do manganês e diversos outros elementos. Particularmente são de grande importância na indústria ou às vezes como metal precioso com o ouro. b) Carbonatos: minerais de baixa dureza (3) (ex.: calcita, Dolomita, siderita). Produzem efervescência em contato com ácido, propriedade esta muito utilizada para separá-los de outros tipos de minerais. São importantes na formação de rochas sedimentares. c) Fosfatos: São minerais que possuem um ânion PO4. O mineral mais comum desse grupo é a apatita (fosfato de cálcio), que formam cristais hexagonais, sendo muito explorado como matéria-prima para a produção de adubos fosfatados. 33 d) Sulfatos: Apresentam SO4 como ânion fundamental. A barita (BaSO4) é o mineral mais comum. Também é comum a gipsita (gesso), muito utilizado na agricultura como fonte de enxofre e de cálcio. e) Sulfetos: Minerais compostos de metaise metalóides combinados com enxofre, bismuto, telúrio e outros. A pirita é um dos minerais mais conhecidos deste grupo. f) Óxidos: minerais que apresentam constituição química do tipo XYOn (ex.: H2O, CuO, Fe2O3). A hematita, goethita e gibsita são minerais de solos muito importantes em termos de gênese do solo. g) Silicatos: São minerais que apresentam silício na sua constituição. Como mostra a tabela abaixo, são os minerais com maior abundância na crosta terrestre (58% do volume de minerais), por isso a eles geralmente é dado muita ênfase em termos de classificação. Tabela 3. Proporção de minerais silicatados em relação aos demais tipos de minerais. Classe de mineral Espécie ou grupo mineral % em volume Silicatados feldspatos 58 Piroxênios e anfibólios 13 Quartzo 11 Micas, clorita, argilominarais 10 Olivina 3 Epídoto, cianita, andaluzita, silimanita, granadas, zeólitas, etc. 2 Carbonatos, Óxidos, Sulfetos, Halóides,.. 3 100 Total 1.8.1 Classificação dos minerais silicatados A base da formação dos minerais silicatados é o tetraedro de silício como ilustra a figura abaixo. 34 De acordo com o arranjo de tetraedros, os minerais silicatados podem ser classificados como: Nesossilicatos: neso = ilha (ex.: olivina), são formados por tetraedros isolados. Estes tetraedros isolados podem unir-se a outros tetraedros por meio de ligações eletrostáticas intermediadas por cátions como Fe, Ca, Mg, etc. Sorossilicatos: São formados pela união de um par (soro = par) de tetraedros. Exemplo: Epídoto. Ciclossilicatos: Os minerais são formados pelo agrupamento de tetraedros que formando um ciclo, a exemplo da turmalina. 35 Inossilicatos (ino = corrente) de cadeia simples e de cadeia dupla. Os inossilicatos de cadeia simples corresponde ao grupo dos piroxênios: Ex. augita. Os inossilicatos de cadeia dupla corresponde ao grupo dos amfibólios: Ex: Hornblenda. Tectossilicatos e filossilicatos: os tetraedros se organizam em arranjos tridimensionais, onde um tetraedro central encontra-se unido pelo ápice a outros quatro tetraedros. São exemplos de tectossilicatos os quartzos e os feldspatos. Apesar dos feldspatos fazerem parte do grupo dos tectossilicatos, estes são menos resistentes do que os quartzos devido a substituição isomórfica que ocorre na estrutura dos mesmos. 36 As substituições mais comuns envolvendo elementos maiores, são Al3+ por Si4+ em altas temperaturas, e Fe2+ por Mg2+; Fe3+, Al3+ e Cr3+ entre si, em qualquer temperatura. Filossilicatos (filo = folha): Os minerais deste grupo se organizam em folhas ou camadas a exemplo das micas como muscovita e biotita. As lâminas são unidas umas as outras por meio de cátions. Na tabela abaixo encontra-se os grupos de minerais silicatados com suas principais características e alguns exemplos. Nestes minerais é importante notar a relação Si:O, que é uma das propriedades que influenciam sobremaneira a resistência desses minerais. K+ Ca+2 Mg+2 Mg+2 K+ 37 Tabela 4. Classificação de minerais silicatados e algumas características Classe Átomos de O compartilhados Arranjo de tetraedros Si:O Exemplos nesossilicatos 0 isolados 1:4 Olivina (Mg, Fe) SiO4 sorossilicatos 1 duplos 1:3,5 Hemimorfita Zn4 (Si2O7)(OH)2H2O Ciclossilicatos 2 anéis 1:3 Turmalina NaMg3Al6 (OH)4(BO3)3 Si6O18 Inossilicatos simples 2 Cadeia simples 1:3 Grupo dos piroxênios(Mg, Fe)2 Si2O6 Inossilicatos duplos 2,3 Cadeia dupla 1:2,75 Grupo dos amfibólios Ca2Mg5 (Si8O22)(OH)2 Filossilicatos 3 Folhas, lâminas 1:2,5 Grupo das micas KAl2 (AlSi3O10)(OH)2 Tectossicatos 4 Estruturas tridimensionais 1:2 Grupo dos feldspatos(KAlSi3O8) e quartzo (SiO2) 2 ROCHAS Conceito: Rochas é uma assembleia de minerais, em que há sempre um mineral principal junto a minerais chamados assessórios. 2.1 Classificação das rochas quanto á origem O estudo das rochas é objetivo da PETROLOGIA e como existem três grandes grupos de rochas (ÍGNEAS, METAMÓRFICAS e SEDIMENTARES), estes grupos constituem a divisão natural da petrologia. A origem das rochas existentes inicia com a solidificação da crosta, inicialmente originaram-se as rochas denominadas de ígneas ou magmáticas por serem originadas do magma. O desgaste destas rochas e o acúmulo de seus sedimentos originaram as rochas sedimentares. O resfriamento da crosta com dobras e fraturas, resultaram em pressões e temperaturas elevadíssimas, originado rochas com características próprias e denominadas de rochas metamórficas. As rochas magmáticas, intrusivas e as extrusivas, se originam da consolidação do magma, são de origem primária e delas se derivam por vários processos as rochas sedimentares e metamórficas. a) Rochas magmáticas, intrusivas ou plutônicas O magma pode se consolidar dentro da crosta terrestre, a vários quilômetros de profundidade, formando as rochas intrusivas, plutônicas ou abissais. Como o 38 resfriamento do magma ocorre lentamente possibilita a formação de cristais mais perfeitos (desenvolvidos) formando uma textura equigranular. São exemplos de rochas intrusivos: GRANITO: é a mais comum das rochas magmáticas, ocorre junto com as GNAISSES (metamórfica), no embasamento cristalino que forma os blocos continentais. A Serra da Mantiqueira, a Serra do Mar,... são exemplos de granito. Ocorre com várias cores: cinza claro a cinza bem escuro, amarelado, roxo ou vermelho. A variação de cor provém, em geral, da cor do FELDSPATO, que é o mineral mais frequente nos granitos. Compõe-se com predominância de ortoclásio, o quartzo é frequente e plagioclásio sódico é comum. Contém ainda biotita ou moscovita e anfibólio, mais comumente a HORNBLENDA e são rochas leucocráticas. Outros exemplos de rochas magmáticas plutônicas: sienito, diorito, gabro, peridotito e jacupiranguito. As rochas plutônicas (intrusivas) podem ocorrer de maneiras muito diversas, formando corpos e tamanho variado e que apresentam relações variadas com as rochas encaixantes, dentro das quais elas se solidificaram. As dimensões dessas formações podem ser relativamente pequenas como os diques, sill e lacólito ou bastante grandes como os batólitos e lopólitos. As formas de ocorrência das rochas magmáticas intrusivas podem ser dos seguintes tipos: SILL: são corpos extensos, pouco espesso e de forma tabular quando visto em corte; LACÓLITO: o magma, é mais viscoso, formando massas intrusivas de forma lenticular, plano convexa; LAPÓLITO: tem a forma de uma bacia, de grandes dimensões e, ocorre sempre no fundo das dobras do tipo sinclinal; FACÓLITO: é um corpo intrusivo concordante, confinado nas cristas das dobras dos anticlinais ou no fundo dos sinclinais; DIQUE: é uma massa magmática que preenche uma fenda de uma rocha;NECK: são corpos cilíndricos, verticais que cortam as rochas pré-existentes. São condutos antigos de vulcões cuja parte superior foi erodida; 39 BATÓLITO: são massas enormes de material magmático (granítico) que afloram numa extensão de pelo menos 100 Km2. Denomina-se STOCK quando ocupar uma área inferior a 100 km2; VEIOS: são massas produzidas pela injeção de magma em fraturas menores e menos regulares que os diques. b) Rochas magmáticas extrusivas, vulcânicasou efusivas São rochas em que o magma extravasa na superfície através da rachadura na crosta ou vulcões, passando rapidamente do estado líquido para o sólido, como não há tempo para a cristalização ocorre a formação da textura vítrea. Comumente ocorrem pequeníssimos cristais esparsos pela massa vítrea. São exemplos de rochas ígneas: basalto, diabásio, riólito, andesito, traquito, fonolito, obsidina e peridodito. BASALTO é a rocha efusiva mais comum. A sua textura é microcristalina, vítrea ou porfirítica. Pode ser às vezes altamente vesicular. Sua cor é geralmente preta, podendo ser cinza-escuro ou castanho, sendo sempre melanocrática. FENOCRISTAIS de plagioclásio cálcico e de piroxênios (às vezes olivinas) são comuns numa matriz AFANÍTICA. Nos basaltos vesiculares dá-se, muito freqüentemente, o preenchimento das vesículas, formando amígdalas, que podem constituir-se de ágata, quartzo, zeólitos, ou diversos outros minerais, que resultam dos últimos fluxos do magma recém consolidado que, escapando pela rocha, formam-se nos seus espaços vazios. Belos cristais de quartzo ametista são explorados no Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil e vendidas em joalherias, casas comerciais e ao longo de rodovias. As rochas ígneas podem ocorrer na forma de lavas, de material piroclástico e de gases vulcânicos. As lavas são massas magmáticas, em estado parcial ou total de fusão e que atigindo a superfície se derramam e se solidificam. Exemplo: Derrame do Trapp. O material piroclástico é formado por fragmentos soltos que saem dos vulcões provocando explosões. Entre eles temos os tufos vulcânicos, os blocos, as bombas, as cinzas e os gases. As formas de ocorrência das rochas Ígneas extrusivas são as seguintes: TUFOS VULCÂNICOS são formados por material fino e de consistência fofa; 40 BLOCOS quando tem diâmetro acima de 5cm, com formas irregulares, ásperas, podendo ultrapassar 1m3. Saem do vulcão em estado sólido. BOMBAS: são massas de lava consolidada durante a trajetória no ar, com formas próprias, desde poucos centímetros de tamanho até um metro. Sua forma arredondada ou alongada, frequentemente retorcida mostra sua ejeção no estado plástico. Os casos de lava esponjosa de vidro vulcânico são denominados de pedra pome ou hume. LÓPOLI: são ejetólitos de lava com tamanhos de uma noz ao de uma ervilha. CINZAS: é um material de aspecto arenoso, constituído de fragmentos finos, de cerca de 4 a 1/4 de milímetros de tamanho. Pode ser menor e semelhante a um pó impalpável. GASES: a exalação de gases pode ocorrer antes, durante e depois da extinção das atividades vulcânicas. A quantidade de gases desprendida durante uma explosão pode danificar tecidos de roupas expostas a cinco mil quilômetros pelos gases ricos em ácido fluorídrico e clorídrico. Exemplo.: Gases do vulcão do Alasca (Katmai) causou danos em roupas em Chicago. b1) Composição química de rochas magmáticas À medida que o magma se resfria, os constituintes não voláteis associam-se para formar os cristais que irão constituir as rochas. São eles os mais abundantes: SiO2, Al2O3, FeO, MgO, CaO, K2O, Na2O e TiO2. A composição mineralógica da rocha depende da natureza e da proporção dos constituintes não voláteis do magma. Exemplos: K2O+Al2O3 + 6SiO2 = K2O.Al2O3.6 SiO2 = 2KAlSi3O8 ortoclásio Na2O+Al2O3 + 6 SiO2 = Na2O.Al2O3.6SiO2 = 2NaAlSi3O6 albita CaO+Al2O3 + 2SiO2 = CaO.Al2O3.2SiO = CaAl2Si2O8 anortita K2O+Al2O3 + 4SiO2 = K2O.Al2O3.4SiO2 = 2KAlSi3O6 leucita MgO+FeO + SiO2 = MgO.FeO.SiO2 = 2(MgFe)2SiO4 olivina Observe que todos os minerais possuem composição química semelhante. Isto ocorre devido ao pequeno número de elementos químicos presentes no magma, resultando em um número limitado de combinações entre estes constituintes, e 41 consequentemente é reduzido o número de minerais que constituem as rochas ígneas ou magmáticas. Os constituintes voláteis são importantes do ponto de vista físico-químico, o principal representante é a água, assim como CO2, CO, SiO2, SO3, S2, H2, Ne, HCl, H2S, HF, etc. Os produtos voláteis não interferem nos estágios iniciais de solidificação do magma, mas nos estágios posteriores, sobretudo nos finais. Sua ação é bastante acentuada, notadamente na manutenção dos minerais, tais como a turmalina, topázio, fluorita, berilo, etc, que só se formam na presença de elementos voláteis. b2) A acidez das rochas e a viscosidade do magma O SiO2 é responsável pela viscosidade do magma e pela sua acidez. Os magmas e as respectivas rochas originadas são classificados segundo a acidez como: Ácidas 65-80% de SiO2 Sub-ácidas 60-65% de SiO2 Sub-básicas 55-60% de SiO2 Básicas 55-45% de SiO2 Ultra-básicas 45% de SiO2 Quanto maior o teor de SiO2 de uma rocha ou mineral, maior é a sua acidez e maior a sua resistência ao intemperismo. A viscosidade do magma é importante para a cristalização dos minerais. A movimentação do magma depende de sua viscosidade, podendo impedir ou facilitar o crescimento de minerais. Portanto, se o magma possuir baixa viscosidade irá formar rochas melhor cristalizadas do que rochas com elevada viscosidade, podendo ocorrer rochas com grande quantidade de material vítreo. b3) Cristalização do magma O magma é um conjunto de silicatos em fusão que ao resfriar-se torna possível o arranjo dos tetraedros (SiO4) - 4 que irão formar minerais do grupo dos silicatos. À medida que ocorre o resfriamento do magma, há uma seqüência de cristalização que no estudo de rochas permite prever quais minerais poderão ou não 42 se associar para a formação de uma rocha. Por exemplo, dificilmente teremos olivina e quartzo na mesma rocha (Figura 1). A sequencia de cristalização é válida para as rochas intrusivas. Para as rochas extrusivas não se aplica a sequencia de cristalização, com o mesmo rigor, devido ao relativamente rápido resfriamento do magma (Figura 1). Bowen estabeleceu para os magmas mais frequentes, duas séries de reações, contínuas e descontínuas, que se processam simultaneamente enquanto a temperatura decresce. Série Descontínua: é a série representada pelos minerais ferro magnesianos mais importantes: olivinas, piroxênios, anfibólio e biotita. À medida que a temperatura decresce, os minerais formados em temperatura mais elevadas, tornam-se instáveis e tendem a reagir com a sílica (SiO2), que está em fusão no magma para tornar-se mais estáveis. Por exemplo a olivina forma-se no início do resfriamento do magma, portanto em temperaturas mais elevadas. À medida que o magma se resfria, a olivina reage com a sílica: Forsterita (olivina) + Sílica enstatita Mg2SiO4 + SiO2 2Mg2SiO3 Observa-se que à medida que o magma resfria, os minerais se tornam mais ricos em sílica. Olivinas (SiO4), piroxênios (SiO3), anfibólios (SiO4), biotita (Si2O5), ou seja, os ferro magnesianos cristalizam-se no magma numa ordem crescente de acidez: SiO4 SiO3 Si4O4 Si2O5 Série Contínua: é expressada pelos minerais do grupo dos plagioclásios (Figura 6). Ao contrário da série descontínua, as reações ocorrem continuamente com reajuste das composições à medida que a temperatura diminui. Os primeiros plágioclásios a se formarem são os cálcicos. Havendo no magma Ca e Na, à medida que se forma os plágioclásios cálcicos, vai sobrando o Na, aumentando o seu teor durante o resfriamento, passando a formar plagioclásios sódicos. Como o teor de SiO2 em anortita (CoAl2Si2O8) é menor do que da albita 43 (NaAlSi3O8), observa-se que também nos plagioclásios a ordem é crescente do seu teor de sílica. Quando ocorre o esgotamentode sílica no local de formação o resfriamento prossegue até o final com o plagioclásio já formado. As duas séries de reação processam-se simultaneamente, convergindo para uma única, como podemos observar na Figura 6. Figura 6. Série contínua e descontínua de Bowem a fnormação de minerais essenciais de rochas O quartzo (SiO2) é o último mineral a ser formado, só se formando depois de formado os minerais possíveis e ainda restar SÍLICA RESIDUAL. Se não restar sílica à rocha formada não terá quartzo. Uma rocha pode ser formada pela associação de olivina-plagiocásio sódico, pois são formadas ao mesmo nível de temperatura. Se houvesse, também, sílica suficiente para formar o plagioclásio sódico. A série descontínua não seria interrompida na olivina, mas se prolongaria até a biotita. A sequencia de cristalização de Bowen permite estabelecer algumas regras de associação de minerais, conhecidos como NORMAS DE COEXISTÊNCIA PARAGENÉTICA. O exame da seqüência permite afirmar que: Quartzo e Olivina não ocorrem na mesma rocha; Moscovita não se associa a piroxênios e olivina; Quartzo normalmente não se associa a plagioclásios cálcicos; mesmo nível de temperatura. Se houvesse, também, sílica suficiente para formar o plagioclásio sódico. A série descontínua não seria interrompida na olivina, mas se prolongaria até a biotita. A seqüência de cristalização de Bowen permite estabelecer algumas regras de associação de minerais, conhecidos como NORMAS DE COEXISTÊNCIA PARAGENÉTICA. O exame da seqüência permite afirmar que: a) Quartzo e Olivina não ocorrem na mesma rocha; b) Moscovita não se associa a piroxênios e olivina; c) Quartzo normalmente não se associa a plagioclásios cálcicos; d) Em rochas ricas em sílica, os ferromagnesianos mais freqüentes são as micas, nas intermediárias os anfibólios e nas pobres os piroxênios. Quanto maior o teor de sílica, maior será a relação Si:O no mineral ferromagnesiano; e) Se o magma for muito deficiente em sílica, em vez de formar ALBITA (NaAlSi3O8) ou ORTOCLÁSIO (KAlSi3O8), que são feldspatos, forma LEUCITA (KAlSi2O6) no lugar do ORTOCLÁSIO e NEFELITA (NaAlSiO4) no lugar da ALBITA que são feldspatóides, silicatos mais pobres em sílica do que os feldspatos. Para isso deve haver K e Na em quantidades suficientes no magma; Figura 1 – Efeito de reações contínuas e descontínuas em função da temperatura e da acidez do magma na formação de minerais essenciais. Te m pe ra tu ra d ec re sc en te A ci de z cr es ce nt e Olivina s Plagioclásio - sódio Anfibólios Biotita Moscovita Plagioclásio - sódio Plagioclásio – sódio – cálcio Piroxênio s Plagioclásio – cálcio Quartzo Série Descontínua (Ferro-magnesianos) Série Contínua (Plágioclásios) 44 Em rochas ricas em sílica, os ferromagnesianos mais frequentes são as micas, nas intermediárias os anfibólios e nas pobres os piroxênios. Quanto maior o teor de sílica, maior será a relação Si:O no mineral ferromagnesiano; e) Se o magma for muito deficiente em sílica, em vez de formar ALBITA (NaAlSi3O8) ou ORTOCLÁSIO (KAlSi3O8), que são feldspatos, forma LEUCITA (KAlSi2O6) no lugar do ORTOCLÁSIO e NEFELITA (NaAlSiO4) no lugar da ALBITA que são feldspatóides, silicatos mais pobres em sílica do que os feldspatos. Para isso deve haver K e Na em quantidades suficientes no magma; A associação mineralógica essencial dos basaltos (rochas básicas) é piroxênios - plagioclásios cálcicos (labradorita). É portanto uma associação compatível na sequencia de cristalização, própria dos estágios iniciais, correspondendo a magmas básicos. Não se pode esperar, portanto, a ocorrência de quartzo ou moscovita nessas rochas, mas é comum a presença de olivina ; Os granitos são rochas ácidas devido à presença de elevada quantidade de sílica, portanto possuem quartzo. Sua associação mineralógica essencial é feldspato potássico plagioclásio sódico-quartzo. Um granito não possui plagioclásio cálcicos ou olivinas. É comum a ocorrência de BIOTITA, o que é esperado por ser o ferromagnesiano de maior relação Si:O; Rochas ricas em plagioclásios cálcicos (gabro anortesitos) não apresentam quartzo; Rochas ricas em plagioclásios sódicos (diorito) podem possuir quartzo (quartzo diorito). c) Rochas sedimentares São rochas resultantes do depósito e da sedimentação dos produtos do intemperismo de outras rochas. Os depósitos de sedimentos recém formados são moles e incoerentes como a areia de uma praia ou a argila de um manguezal. Com o passar do tempo e a evolução geológica, entretanto, novas camadas vão se acumulando e criando espessas formações de sedimentos que podem atingir centenas e até milhares de metros de espessura. Sob o efeito das novas camadas, a água é expulsa e os sedimentos mais antigos vão endurecendo, sofrem a litificação ou diagênese, até formar a rocha dura: a rocha sedimentar. As principais rochas sedimentares são: argilito, siltito, arenito, conglomerado, tilito, dolomito, calcário e silex. Argilito, argila e folhelho possuem cor de cinza até preta, amarela verde ou amarelada. A granulação é finíssima, por isto são untuosas ao tato. A presença de argila faz com que o sedimento tenha o cheiro característico de moringa nova, 45 quando umedecido. Quando endurecida, formam estratos finos e paralelos esfoliáveis e recebe o nome de FOLHELHO. Arenito, areia ou arcózio: as cores mais comuns são cinza, amarela ou vermelha. O arenito é a rocha sedimentar proveniente da consolidação de areia por um cimento qualquer. Ocorrem, comumente junto às areias, às vezes em alta concentração, a monazita, ilmenita, moscovita e outros minerais. O arcózio é um arenito que possui como constituinte uma grande quantidade de FELDSPATO. O arenito de Bauru é constituído principalmente de quartzo e o de Botucatu de quartzo e feldspato. O calcário e o marga são rochas de cor cinza, amarela, até preta, geralmente compacta e de granulação microscópica na maioria das vezes. É comum apresentarem impurezas de argila e de areia. Há tipos formados de restos de conchas ou de carcaças de microorganismos. A denominação de LUMAQUELA ocorre quando é grande a contribuição de conchas, e de MARGA quando possui ao redor de 50% de argila. Resulta um material que efervesce com HCl frio. Dolomito é semelhante ao calcário e como se constitui de dolomita efervesce com HCl quente. d) Rochas metamórficas São transformações que sofrem as rochas pré-existentes (metamórficas ou magmáticas), sob a ação de novas condições, como temperatura, pressão, presença de agentes voláteis ou fortes atritos. A adaptação a estas novas condições da origem as rochas metamórficas. A recristalização dos minerais preexistentes pode ocorrer com a formação de novos minerais. Devido à pressão dirigida num determinado sentido, a textura resultante é a orientada ou xistosa, caracterizada pelo arranjo de todos ou de alguns minerais segundo planos paralelos. As lâminas de mica ou os prismas de anfibólio seguem a mesma direção. Na recristalização pode ocorrer apenas o crescimento do mineral, como exemplo, o calcário passando a mármore, ou um arenito para quartzito. As principais rochas metamórficas são: quartzito, mármore, filito, micaxisto, clorita xisto e gnaisse. 46 Mármore: provém do calcário ou do dolomito. Os grãos de calcita recristalizam-se formando cristais macroscópicos, apresentando uma aparência sacaróide. A cor varia do branco, rósea, esverdeada e preta. As impurezas podem recristalizam-se como
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