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1. Corrente eléctrica A intensidade de uma corrente eléctrica é definida como a carga eléctrica que passa por unidade de tempo através de uma secção de região onde flui, tal como a secção transversal de um tubo num acelerador, ou num cabo metálico. Onde: ∆Q – carga, em coulomb (C). ∆t – tempo, em segundos (s). I – intensidade da corrente, em C/s. 1 C/s = 1 A (ampere) A expressão anterior dá a corrente média num intervalo de tempo , a corrente instantânea em determinado momento é dada por A unidade no SI é Ampère (A); 1A =[1C/s] (coulombo/segundo), em homenagem ao físico francês Andre Marie Ampère 1.2. Sentido da Corrente Eléctrica A corrente eléctrica é causada por uma diferença de potencial eléctrico (d.d.p./ tensão). Para o sentido da corrente temos que diferenciar o sentido real do sentido convencional. 1.3. Densidade da corrente Definimos densidade da corrente como a corrente por unidade da área do condutor A corrente é o fluxo da densidade de corrente! Seja um segmento de condutor, l, como ilustrado na Figura 1 Suponha que existam „n‟electrões por unidade de volume; esta é a densidade de portadores do material. Portanto, a densidade de cargas no condutor será „ne=nq‟, e a carga total no segmento de condutor será Um electrão percorrerá este segmento no intervalo de tempo , então: onde é a velocidade de deriva. Da definição de corrente, obtém-se: Da definição de densidade de corrente , obtém-se: A unidade da densidade no SI é Am -2 2. Resistência eléctrica e a lei de Ohm Resistência eléctrica é a capacidade de um corpo qualquer se opor à passagem decorrente eléctrica mesmo quando existe uma d.d.p aplicada. A resistência de um condutor é tanto maior quanto maior for seu comprimento. A resistência de um condutor é tanto maior quanto menor for a área de sua secção transversal, isto é, quanto mais fino for o condutor. A resistência de um condutor depende da resistividade do material de que ele é feito (ρ). A resistividade, por sua vez, depende da temperatura na qual o condutor se encontra. Esses factores que influenciam a resistência de um condutor podem ser resumidos pela Lei de Ohm que estabelece o seguinte: Para um condutor a temperatura constante, a relação entre a diferença de potencial entre dois pontos do condutor e a corrente eléctrica que o atravessa, é constante. Onde: ∆V – diferença de potencial, em volt (V) I – intencidade da corrente em Ampere(A) R – resistência do condutor em 1 V/A = 1 Ω (ohm) Conclusão: A resistência eléctrica dum condutor metálico é directamente proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional a área da sua secção transversal. Onde: l – comprimento, em m S – área da secção recta, em m2 ρ – resistividade, em Ωm 2.1. Potência eléctrica Em sistemas eléctricos, a potência instantânea desenvolvida por um dispositivo de dois terminais é o produto da diferença de potencial entre os terminais e a corrente que passa através do dispositivo. Isto é, onde I é o valor instantâneo da corrente e U é o valor instantâneo da tensão. Se I está em ampères e em volts, estará em watts. Potência elétrica pode ser definida também como o trabalho realizado pela corrente elétrica em um determinado intervalo de tempo. Num sistema de corrente contínua em que e se mantenham invariantes durante um dado período, a potência transmitida é também constante e igual ao produto . 3. Associação de resistências As resistências podem ser associadas de duas formas: em série e em paralelo. 3.1. Associação de resistências em série Duas ou mais resistências estão associadas em série quando o pólo positivo da primeira liga ao pólo negativo da segunda, e assim sucessivamente. ( ) 3.2. Associação de resistências em paralelo Duas ou mais resistências estão associadas em paralelo quando os pólos positivos dessas resistências estão ligados ao mesmo ponto, o mesmo acontecendo cm os respectivos pólos negativos. Observe que os resistores R1, R2, R3 e Rn são alimentados pela mesma fonte de tensão V. V = V1 = V2 = V3 =…= Vn i = i1 + i2 + i3 +…+in V = Req ? i → i = V Req V = R1 ? i1 → i1 = V R1 V = R2 ? i2 → i2 = V R2 V = R3 ? i3 → i3 = V R3 i = i1 + i2 + i3 +…+in V = V + V + V +….+V Req R1 R2 R3 Rn 1 = _1_ + _1_ + _1_ + … + _1_ Req R1 R2 R3 Rn 4. Geradores de força electromotriz Um gerador de força electromotriz (g.f.e.m.) é um dispositivo que transforma qualquer forma de energia, em energia eléctrica. No interior do g.f.e.m. as cargas eléctricas circulam do pólo de menor potencial (negativo) para o de maior potencial (positivo). Um gerador é considerado ideal se consegue transferir às cargas que atravessam toda a energia eléctrica transformada. A d.d.p. entre os pólos dum g.f.e.m. é chamada forca electromotriz (f.e.m.) e representa-se pela letra ε. Na prática não existem geradores ideais porque as cargas eléctricas, ao atravessarem o gerador, enfrentam uma certa posição das outras partículas componentes dos condutores existentes dentro do aparelho. Sendo assim, diz-se que o g.f.e.m. apresenta uma certa resistência interna, r. Entre os pólos do gerador de força electromotriz estabelece-se uma d.d.p. (∆U) definida pela equação, ∆U=ε - rI. Estando o gerador em circuito aberto, não há circulação de cargas (I=0) e, por isso, ∆U=ε. Quando a d.d.p. (∆U) nos extremos do gerador for nula, será máxima a intensidade da corrente no circuito. Nestas circunstâncias diz-se que foi estabelecido um curto-circuito entre os pólos do gerador e a corrente eléctrica chamada corrente de curto-circuito, Icc. Nestas condições, a curva característica do gerador apresenta o aspecto representado no gráfico U/I, onde o declive da recta determina a resistência inteira do gerador. R= e Ε = r . ICC A intensidade da corrente (I) que percorre o circuito fechado, indicada pelo amperímetro A, é dada pela equação I = onde R é resistência equivalente de todas as resistências externas associadas e r é a resistência interna do gerador. A potência (P) que o gerador fornece às cargas eléctricas quando estas passam no seu interior é expressa pelas equações. P = ε . I ; I = P = Verifica-se que a potencia é máxima quando R = r. O rendimento (η) do gerador é a razão entre a potencia útil (Pu) e a potencia total (P) fornecida as cargas. η = ; Pu = U . I e P = ε . I η= Pd = Rn . 4.1. Receptor ou gerador de forca contra-electromotriz Um dispositivo eléctrico que transforma energia eléctrica numa outra forma de energia que não seja apenas energia térmica recebe o nome de receptor ou gerador de forca contra- electromotriz, a qual se representa por ε‟. Um motor eléctrico, por exemplo, é um gerador deste tipo, pois retira às cargas eléctricas que o atravessam. Nestas circunstancias, as cargas eléctricas no interior do motor circulam do pólo de maior potencial (positivo) para o de menor potencial (negativo), contrariamente a o que acontece com o gerador de f.e.m.Nos extremos do gerador de forca contra-electromotriz, a d.d.p. (U’) é dada pela equação do g.f.c.e.m. A análise da equação do gerador de forca contra-electromotriz permite traçar a sua curva característica, a qual tem a configuração do gráfico representado. Num circuito que contem um gerador de força-electromotriz e um receptor (gerador de força contra-electromotriz), para além de resistências externas, a intensidade da corrente será calculada pela equação ao lado apresentada. 5. Leis de Kirchhoff Existem circuitos eléctricos denominados redes eléctricas cujo estudo não e possível ser efectuado pela lei de Ohm devido à sua complexidade e elementos envolvidos. Para o estudo destes circuitos são necessárias as seguintes definições: Nó: ponto do circuito onde convergem pelo menos três correntes. O circuito apresentado possui dois nós (A e B). Ramo: parte do circuito compreendida entre dois nós consecutivos (ACBD, AB, AFEB). Malha: é todo o circuito fechado composto por, pelo menos, dois ramos (ACDBA, ABEFA). 1. a Lei (lei dos nós): a soma das intensidades das correntes que entram num nó é igual à soma das intensidades das correntes que saem desse mesmo nó. U ’ = ε’ + r’ . I r’ =tg α I = 2. a Lei (Lei das malhas): a soma algébrica das forcas electromotriz de uma malha é igual à soma algébrica das quedas de tensão nessa mesma malha. Para aplicação desta lei deve-se, antecipadamente, escolher um sentido de circulação para cada malha (1) e (2) e adoptar a seguinte convenção de sinais: - Para as forças electromotrizes na malha: se o sentido de circulação da malha for do pólo (+) para o pólo (-), a força electromotriz em questão será considerada negativa porque as cargas eléctricas, ao atravessarem o gerador, perderão energia. Caso contrário, se o sentido da circulação da malha for do pólo (-) para o pólo (+), as forcas electromotrizes serão consideradas positivas porque as cargas eléctricas ganham energia. - Para as quedas de tensão na malha: se o sentido de circulação da malha coincidir com o sentido da corrente, então as quedas de tensão que envolvem essa corrente deve ser positiva e, no caso em que o sentido da circulação da malha for contrário ao sentido adoptado pela corrente, as quedas de tensão que envolvem essa corrente devem ser consideradas como negativas. A primeira lei de Kirchhoff é uma consequência da lei de conservação da carga e a segunda é uma consequência da lei de conversão da energia. Nó A: I1 + I2 + I3 Nó B: I3 = I1 + I2 Malha 1: + ε1 + ε2 = - (R1 + r1). I1 + (R2 + r2). I2 Malha 2: - ε2 + ε3 = - (R2 + r2). I2 – (R3 + r3). I3 1.⁰ Passo: identificação dos nós, ramos e malhas 2.⁰ Passo: atribuição dos sentidos das correntes em cada ramo e das “circulações” em cada malha. 3. Passo: escrever a primeira lei (n - 1) nós, isto é, se a malha tiver 2 nós, basta escrever para um deles, se tiver 3 nós é necessário escrever a lei para pelo menos dois desses nós, etc. 4. Passo: escrever a segunda lei (n – 1) malhas existentes. 5.⁰ Passo: se após cálculo, o valor da corrente for negativo, significa que o sentido atribuído a essa corrente é contrário ao seu verdadeiro sentido; o mesmo se verifica em relação aos pólos dos geradores de forca electromotriz. 6. Campo magnético Os fenómenos magnéticos podem ser tratados introduzindo-se um campo magnético B. Campo magnético B em um ponto P é o campo vectorial que exerce uma força F sobre a partícula carregada, dada por: F = q . v . B . sen θ O modulo ou intensidade desta forca magnética, ⃗, que actua sobre a carga em movimento, depende da sua velocidade, ⃗, da intensidade do campo magnético ⃗⃗ e do ângulo θ formado pelos vectores, ⃗ e ⃗⃗, para alem da própria carga, q. 6.1. Movimento duma carga dentro dum campo magnético uniforme Quando uma carga, q, é lançada com velocidade constante, ⃗⃗⃗ ⃗, dentro dum campo magnético uniforme, ⃗⃗, de tal modo que, os vectores, ⃗ e ⃗⃗, sejam perpendiculares, sobre a carga actuara uma forca magnética, forca de Lorentz, ⃗⃗ ⃗⃗ , que provocara a mudança periódica da direcção e do sentido da sua velocidade. Nestas condições, o movimento da carga passa a ser circular com velocidade, ⃗, de modulo constante. A forca de Lorentz ficara sempre virada para o centro da trajectória circular, perpendicularmente ao vector velocidade, em cada campo da trajectória (θ = 90⁰) e, por isso, esta forca e uma forca centrípeta. Aplicando a 2.a Lei de Newton ao modulo da forca magnética, e utilizando os conceitos definidos para o movimento circular uniforme, encontraremos as equações que permitem determinar o raio da circunferência, r, a aceleração centrípeta da carga, ⃗⃗⃗⃗⃗, o seu período T, etc. Onde: q – carga, em coulomb (C) B - campo magnético, em tesla (T) v – velocidade da carga, em m/s r – raio da circunferência, em m m – massa da partícula, em kg r = v = T – período do M.C.U., em s Recordemos aqui que, a direcção e sentido da forca magnética, ⃗⃗ ⃗⃗ , são determinados pela regra da mão direita( dedos estendidos). Se o vector velocidade, ⃗, da carga não for perpendicular ao vector campo magnético, ⃗⃗, o movimento será curvilíneo, mas não circular. Nestas condições, na maior parte das situações, a carga, q, descreve uma trajectória helicoidal. 6.2. Força magnética sobre um condutor com corrente Se um condutor, CD, de comprimento, l, percorrido por uma corrente eléctrica, I, estiver dentro dum campo magnético uniforme ⃗⃗, que forme um ângulo, θ, com a direcção da corrente (sentido do movimento das cargas), sobre ele irá actuar uma força magnética, força de Ampere, ⃗⃗⃗⃗⃗, cuja direcção e sentido são determinados pela regra da mão direita. O módulo da força é proporcional à intensidade da corrente e ao comprimento do condutor. 6.3. Módulo do vector campo magnético criado por um condutor rectilíneo O módulo do campo magnético, ⃗⃗, criado, num determinado ponto do espaço, por um condutor rectilíneo de comprimento infinito, percorrido por uma corrente eléctrica, I, é directamente proporcional à distância, d, que separa o condutor do ponto considerado. Onde: µ - permeabilidade magnética do meio, em H/m d – distancia, em m 6.4. Módulo do vector campo magnético no centro duma espira circular No caso duma espira circular de raio, R, percorrida por uma corrente, I, o campo magnético criado no centro da espira obedece à lei de Biot-Savart e è dada pela expressão ao lado. FA = B . I . l . sen θ 6.5. Campo magnético dum solenóide Um fio condutor enrolado de modo a formar um conjunto de N espiras sucessivas, praticamente circulares, é denominado “solenóide” ou “bobina”. a) O campo magnético dum solenóide apresenta uma configuração muito semelhante à dum íman em forma de bobina. Isto significa que um solenóide possui praticamente as mesmas propriedades magnéticas dum íman. b) No interior do solenóide, as linhas de indução do campo magnético são paralelas entre si e ao seu eixo, isto é, em qualquer ponto do interior do solenóide, o vector indução magnética tem a direcção paralela ao eixo do solenóide. Para determinar o sentido das linhas de indução poderemos usar, mais uma vez, a regra da mão direita: considerando a espira duma das extremidades e, dispondo o polegar no sentido da corrente, os demais dedos indicarão as linhas de indução magnética,ou seja, os quatro dedos apontarão o pólo norte do solenóide. Onde: n – numero de espiras(N) por unidade de comprimento µ0 – permeabilidade magnética do vácuo µ0 = 4π . 10 -7 H/m 6.6. Força magnética entre duas correntes rectilíneas Consideremos dois fios condutores rectilíneos e paralelos de comprimento l1 e l2 separados um do outro por uma distância d, percorridos pelas correntes concordantes (com o mesmo sentido) l1 e l2, como mostra a figura. Cada um destes condutores ficara sujeito ao campo magnético do outro: o condutor de comprimento l2 ficara sujeito ao campo magnético do condutor de comprimento l1, e vice-versa. Estes campos magnéticos provocarão o aparecimento de forcas magnéticas entre os condutores que podem ser de atracção ou de repulsão, conforme os sentidos das correntes sejam concordantes ou discordantes. A força, ⃗, por unidade de comprimento com que estes condutores interagem é proporcional ao produto das correntes e inversamente proporcional à distancia entre eles. B = µ0 . n . I 1. Na rede eléctrica da figura: ε1=10 V, ε2=14 V, ε3=7 V, r1=0,5Ω V, r2=1 Ω, r3=1 Ω, R1=1,5 Ω, R2=2 Ω e R2=2 Ω. (4,0 V) a) Determinar as correntes I1, I2 e I3 que percorrem as resistências R1, R2 e R3. b) Determinar a queda de tensão no ramo AB. 2. No circuito da figura ao lado, calcular: c) A intensidade da corrente pela resistência de 4Ω d) ddp nos terminais ab, fc e ed. 3. Liga-se um resistor de resistência R = 4 ohms a uma bateria de fem 10 V e resistência interna 1 ohm. Calcular a) A corrente no circuito b) A queda de tensão na resistência interna e em R c) A tensão nos terminais da bateria d) A indicação de um voltímetro ligado aos terminais da bateria, para esta em circuito aberto 4. Para o circuito indicado na figura, ambos instrumentos são ideais, a bateria possui a resistência interna desprezível e a leitura de amperímetro é igual a 1,25 A. a) Qual é a leitura de voltímetro? b) Qual é a f.e.m da bateria? 5. Um fio longo, rectilíneo, transporta uma corrente de 20A. Determina o módulo do campo magnético em pontos a 10, 20 e 50cm do fio, e construa um gráfico mostrando a dependência de B em relação à distância R do fio. 6. Um fio rectilíneo, horizontal, transportando uma corrente de 16 A de oeste para leste, está no campo magnético da terra em um local em que B é paralelo à superfície e aponta o norte com o módulo de 0,04 T. a) Determine a força magnética sobre um comprimento de 1m de fio. b) Se a massa do fio é de 50 g, então que corrente permitirá que seja magneticamente suportado (isto é, a força magnética equilibra o peso)?
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