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DIREITO das COISAS AULA N. 7. PROF. MARIÂNGELA MILHORANZA 1 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: • I - por alienação; • II - pela renúncia; • III - por abandono; • IV - por perecimento da coisa; • V - por desapropriação. 2 6- PERDA DA PROPRIEDADE • 6.1. Por Alienação - Consagrada no inciso I do art. 1.275 do Código de 2002, a alienação é apresentada como o negócio jurídico, por meio do qual o proprietário, gozando da autonomia privada que dispõe, gratuita (através da doação) ou onerosamente (mediante venda, dação em pagamento ou permuta), transfere a outro o direito que detém sobre determinada coisa, imóvel ou móvel. 3 6- PERDA DA PROPRIEDADE • 6.2. Pela Renúncia - a renúncia é um negócio jurídico unilateral, por meio do qual o proprietário da coisa declara, formal e explicitamente, o intento de despojar-se da propriedade. 4 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Assim, infere-se que, em oposição ao instituto da alienação, na renúncia nada é transmitido a ninguém, tão somente há a abdicação do direito real existente, sendo a coisa convertida em res nullius. Ao lado disso, pontua Diniz, “a renúncia (CC, art. 1.275, II) é um ato unilateral, pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar sua aceitação”. 5 6- PERDA DA PROPRIEDADE • 6.3. Por Abandono - Também denominado de derrelicção ou derelição, o abandono é descrito como o ato material por meio do qual o proprietário da coisa se desfaz do bem, porque não quer mais ser seu dono. Em razão do abandono não ser um ato expresso, a exemplo do que é a renúncia e a alienação, a materialização de tal instituto é fruto de atos exteriores que demonstram a explícita intenção de abandonar a coisa. 6 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Já se decidiu, inclusive, que o simples desprezo físico pela coisa, caso não esteja acompanhado de sinais evidentes de abdicar da coisa, não é suficiente para consubstanciar o abandono. • “Em outras palavras, o mero desuso não importa em abandono; fundamental é a conjugação ao elemento psíquico, na perquirição do real interesse do titular de se desfazer da propriedade” 7 6- PERDA DA PROPRIEDADE • 6.4. Por Perecimento da Coisa - Importa evidenciar que o perecimento constitui modalidade involuntária de perda da propriedade, porquanto, em decorrência da força da natureza ou de ação antrópica, não mais subsiste o direito, em decorrência de lhe faltar o objeto. No caso em tela, vigora o antigo adágio “perecendo o objeto, perece o direito”. 8 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Cumpre dizer que, para a materialização do instituto do perecimento, é imprescindível que o fato material alcance a substância da coisa de forma completa ou, ainda, causando o desproveito das qualidades estruturantes ou do valor econômico que a res possui. 9 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Maria Helena Diniz afirma que “esse perecimento pode decorrer de ato involuntário, se resultam de acontecimentos naturais, como: terremoto, raio, incêndio etc., ou de ato voluntário do titular do domínio, como no caso de destruição”. 10 6- PERDA DA PROPRIEDADE • 6.5. Por Desapropriação - A desapropriação por necessidade de utilidade pública ou interesse social é descrita como modalidade especial de perda da propriedade. Tal fato se deve em razão de pertencer ao âmbito do direito público, sendo espancada pela Constituição Federal e regulamentada por normas administrativas, processuais e civis. 11 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Obviamente, respeitando os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais distintos, há que se reconhecer a desapropriação como uma situação especial que tem o condão de causar a perda da propriedade, porquanto esta é transferida, por necessidade ou utilidade pública ao Ente Estatal. 12 6- PERDA DA PROPRIEDADE • Venosa entende “tratar-se de modo originário de aquisição da propriedade, porque é desprezado o título anterior. O título gerado no procedimento administrativo ou no processo expropriatório é registrável por força própria. É dispensada a existência de registro anterior”. 13 6- PERDA DA PROPRIEDADE • A desapropriação pode ser dividida nas seguintes espécies: a) por razões de utilidade pública para satisfazer interesses coletivos, previsto no art. 5º do Decreto-Lei Nº 3.365/1941; b) necessidade pública, por questões urgentes de segurança e salubridade pública; c) interesse social para fins de reforma agrária, preceituada no art. 184 da Constituição Federal. 14 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • O direito de vizinhança é o ramo do direito civil que se ocupa dos conflitos de interesses causados pelas recíprocas interfer ências entre propriedades imóveis próximas. 15 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Não há necessidade, como se sabe, de serem as propriedades imóveis contíguas; basta serem próximas para que possa ter lugar a interferência, que será, então, coibida pelas normas protetoras dos direitos de vizinhança. 16 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Portanto, trata-se de normas que tendem a compor, a satisfazer os conflitos entre propriedades opostas com o objetivo de tentar definir regras básicas da situação de vizinhança. Busca-se, como disse, a satisfação de interesses de proprietários opostos. 17 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Maria Helena Diniz aponta três formas que os direitos de vizinhança podem se apresentar: como restrição o direito de propriedade, na medida em que regulam seu exercício; como limitações legais ao domínio, que se assemelham a servidões; como restrições oriundas das relações de contiguidade entre dois imóveis. 18 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • 7.1. Uso Anormal da Propriedade • Nas palavras de Maria Helena Diniz, o direito de propriedade é limitado “em razão do princípio geral que proíbe ao indivíduo um comportamento que venha a exceder o uso normal de um direito, causando prejuízo a alguém” 19 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Este exercício de direito, no caso, configura-se como irregular, anormal; a propriedade é utilizada de forma abusiva, causando ofensas à incolumidade de um prédio ou de seus moradores. 20 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Como exemplos de uso nocivo da propriedade e abuso de direitos, temos: • Poluição de águas comuns pelo lançamento de resíduos; • Existência de árvores que ameaçam tombar no prédio contíguo; • Festas noturnas espalhafatosas em residências;entre outros. 21 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • 7.2. Das árvores limítrofes • Nossa legislação prevê três hipóteses de conflitos derivados por árvores limítrofes: quando as árvores nascem nos confins entre dois prédios; quando há a invasão de um prédio pelos ramos e raízes de árvore pertencente ao prédio contíguo; e, por fim, a questão sobre a propriedade dos frutos caídos de árvore situada em terreno confinante. 22 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • No primeiro caso, Pontes de Miranda denomina tal árvore de árvore-meia, e a cada proprietário pertence metade da coisa, ou seja, a árvore que se encontra em ambos os terrenos, na divisão entre os mesmos, é considerada coisa comum. 23 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Assim, somente podem ser cortadas ou arrancadas de comum acordo, devendo ser repartidas entre os donos; • os gastos com sua conservação e colheita devem ser comportados igualmentee cada companheiro deve indenizar o outro por eventuais prejuízos que der causa. 24 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes. 25 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Na segunda hipótese, o CC permite ao proprietário do terreno invadido cortar os ramos e raízes da árvore invasora, até o plano divisório, sendo divergente na jurisprudência se esse corte só poderá ocorrer quando os ramos e raízes estiverem causando moléstia ao vizinho. 26 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Uma vez realizado o (justo) corte, o proprietário do prédio confinante também pode se tornar proprietário dos ramos e raízes cortados. Agindo com dolo ou culpa grave no exercício do direito de corte, deverá arcar com a devida indenização ao proprietário da árvore 27 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. 28 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Na última situação prevista, a queda natural dos frutos em terreno confinante permite que o proprietário deste adquira os frutos; se este provoca a queda, comete ilícito, por se apropriar do que não é seu. 29 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. 30 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • 7.3. Passagem Forçada • Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. 31 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • § 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. • § 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. 32 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • § 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra. 33 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • 7.4. Passagem de Cabos e Tubulações • Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. 34 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança. 35 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • 7.5. Águas • Esta matéria é regulada não só pelo nosso Código Civil, como também pelo Código de Águas (Dec. N. 24.643/34), e basicamente refere-se a cinco situações: águas que fluem naturalmente do prédio superior; águas levadas artificialmente ao prédio superior; fontes não captadas; águas pluviais; e aquedutos. 36 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior. 37 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer. • Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido. 38 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores. 39 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas. 40 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido. 41 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. 42 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • § 1º Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a canalizá-las. 43 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • § 2º O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. • § 3º O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação. 44 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Por fim, com relação aos aquedutos, estes representam o direito do proprietário canalizar, em proveito agrícola ou industrial, as águas a que tem direito, mediante prévia indenização. 45 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • O Código de Águas prevê ainda a possibilidade de canalização pelo prédio de outrem, também mediante prévia indenização, se para as primeiras necessidades da vida; para serviços de agricultura ou industria; para o escoamento de águas superabundantes; e/ou para o enxugo ou bonificação de terrenos 46 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida. 47 7 – DIREITO DE VIZINHANÇA • Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação. Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto. 48
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