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Resumo Tecido Conjuntivo e Adiposo-1


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TECIDO CONJUNTIVO 
 Por  Rafaela  Sant’Anna 
 
O tecido conjuntivo é o responsável pela sustentação estrutural, defesa e 
proteção do corpo, trocas (nutrientes e catabólitos) e armazenamento de gordura. 
Forma um contínuo com o tecido epitelial, muscular e nervoso. A maior parte dos 
tecidos conjuntivos origina-se do mesênquima, que é um tecido embrionário formado 
por células mesenquimais multipotentes – migram do seu sítio de origem e envolve e 
penetram os órgãos em desenvolvimento. Durante a invaginação do ectoderma para 
formação da crista neural, algumas células desse folheto embrionário acabam se 
desgarrando para formar células do tecido conjuntivo da cabeça e do pescoço. É um 
tecido com abundância de matriz extracelular e é vascularizado, uma vez que nutre o 
tecido epitelial. 
É um tecido formado por matriz extracelular (fibras + substância fundamental) 
e células. A substância fundamental é um complexo viscoso, amorfo e altamente 
hidrofílico de macromoléculas aniônicas (glicosaminoglicanos e proteoglicanos) e 
glicoproteínas de adesão (laminina, fibronectina, condroitina, osteonectina e 
integrina). Além de função estrutural, a grande variedade de moléculas do tecido 
conjuntivo desempenha importantes papéis biológicos, como ser reserva para muitos 
fatores de crescimento (controlam a proliferação e diferenciação celular), meio para 
trocas – de nutrientes, catabólitos, auxilia na defesa e proteção do corpo e no 
armazenamento de gordura. As fibras podem ser colágenas, reticulares ou elásticas. 
x SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL: Material hidratado, amorfo, composto por 
glicosaminoglicanos (longos polímeros não-ramificados de dissacarídeos que se 
repetem) que podem ser de 2 tipos: sulfatados (heparan-sulfato, queratan-
sulfato, dentre outros) ou não sulfatados (ácido hialurônico) , proteoglicanos e 
proteínas multiadesivas (grandes macromoléculas responsáveis pela adesão de 
componentes da matriz extracelular uns aos outros). 
x FIBRAS: Os 3 tipos principais de fibras do tecido conjuntivo são as colágenas, 
reticulares (também formadas por colágeno) e elásticas. As de colágeno são 
inelásticas, possuindo grande resistência à tração. Podem ser constituídas por 
colágeno tipo I (tecido conjuntivo propriamente dito), tipo II (cartilagem hialina 
e elástica), tipo III (fibras reticulares), tipo IV (lâmina densa da lâmina basal), 
tipo V (associado ao colágeno tipo I e a placenta) e tipo VII (liga a lâmina basal 
à lâmina reticular). E as fibras elásticas são formadas por elastina (elasticidade 
– resíduos de desmosina) e microfibrilas (estabilidade) – altamente elásticas e 
podem ser distendidas em 150% do seu comprimento sem se romperem. Estão 
localizadas no tecido conjuntivo frouxo, matriz da cartilagem elástica, parede 
das artérias e ligamento suspensor do pênis. 
x OBS: BIOSSÍNTESE DO COLÁGENO Æ De acordo com a codificação do RNAm, 
polirribossomos ligados à membrana do RER sintetizam cadeias polipeptídicas 
(PRÉ-PROCOLÁGENO) que vão crescendo para dentro das cisternas do RER. 
Quando a cadeia polipeptídica é liberada na cisterna, o peptídeo sinal é clivado 
e é adicionado o peptídeo de registro (extremidade amino-terminal e carboxi-
terminal), formando-se o PROCOLÁGENO (cadeias polipeptídicas na 
conformação da tríplice hélice). No meio extracelular, o peptídeo de registro é 
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clivado e passa a ser chamado de TROPOCOLÁGENO. Boa parte do corpo (30%) 
formado de colágeno. OBS: O grande número de passos envolvidos na 
biossíntese do colágeno aumenta a possibilidade de defeitos durante o 
processo, seja por falha enzimática ou processo patológico. 
x OBS: FIBRILAS COLÁGENAS Æ Formadas por colágeno do tipo I e formada pela 
associação de várias moléculas de tropocolágeno (fibrilas). Estão dispostas em 
forma de feixes altamente ordenados – a associação de várias fibrilas forma 
uma fibra e a associação de várias fibras forma um feixe. São responsáveis 
pelas estriações transversais no tecido conjuntivo. Possuem grande 
resistência. São acidófilas. A doença escorbuto é caracterizada pela carência 
de vitamina c que está diretamente ligada à produção de colágeno. Se há 
menor produção de vit. C há um decréscimo na produção do colágeno. O 
sangramento gengival e a perda dos dentes é uma sintomatologia bem 
característica dessa patologia, uma vez que a gengiva e os dentes necessitam 
de grande demanda de colágeno. 
x OBS: FIBRAS RETICULARES Æ São formadas pela associação do colágeno do 
tipo III + glicoproteínas + proteoglicanos e estão dispostas em rede, garantindo 
sustentação de estruturas (linfonodo, trabéculas dos órgãos hematopoiéticos 
[baço], endoneuro, músculo liso e medula óssea vermelha). É responsável pelas 
estriações transversais e são coradas por prata. 
x CÉLULAS: Podem ser residentes (fixas), como os fibroblastos, pericítios, 
mastócitos, macrófagos e células adiposas ou transitórias, como leucócitos 
polimorfonucleares, linfócitos, plasmócitos, monócitos e macrófagos. 
9 FIBROBLASTOS: São responsáveis por sintetizar a matriz extracelular 
(colágeno, proteoglicanos, glicosaminoglicanos e glicoproteínas multiadesivas) 
e estão envolvidos na produção de fatores de crescimento. São as células mais 
comuns do TC. Tem um núcleo basófilo e fusiforme e um citoplasma extenso e 
fusiforme, o citoplasma tem vários prolongamentos que orientam as fibras 
colágenas. O aparelho de Golgi e bem desenvolvido e é rico em RER. OBS: Os 
fibrolastos são células com intensa atividade de síntese e os fibrócitos são 
metabolicamente quiescentes – é diferente morfologicamente do fibroblasto. 
9 MIOFIBROBLASTOS: Possuem característica semelhante tanto às dos 
fibroblastos e às células musculares lisas. Contêm feixes de filamentos de 
actina e miosina, portanto fazem contração. Não possuem lâmina basal 
externa (diferentemente das células musculares). São extremamente 
importantes na cicatrização, uma vez que por meio da contração dos 
miofibrioblastos, as bordas da lesão são aproximadas – cicatrização por 
segunda intenção. 
9 PERICITOS: Envolvem as células endoteliais dos capilares e pequenas vênulas. 
São capazes de emitir prolongamentos e fazem parte da 
diferenciação/regeneração em outras células. 
9 MACRÓFAGOS: Pertencem ao sistema mononuclear fagocitário, portanto 
possuem capacidade de fagocitar partículas que não podem ficar dentro do 
corpo. Sua fagocitose é feita a partir de grânulos ou vacúolos (são visíveis ao 
microscópio de luz). Possuem núcleo ovoide ou reniforme e morfologia bem 
variável, uma vez que depende do estado funcional do macrófago e do tecido 
que habita. São células de vida longa (vivem, geralmente, 2 meses/ chegado o 
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pré-procolágeno -> procolágeno -> tropocolágeno -> colágeno
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tempo de vida, ele sofre apoptose) e são originados a partir dos monócitos – 
produzidos pela medula óssea vermelha e sofrem diapedese para se 
transportar para o TC. 
9 MASTÓCITOS: Célula globosa, grande e ovoide. O núcleo é pequeno, esférico e 
central. Seu citoplasma é repleto de grânulos basófilos (responsáveis pela 
secreção de partículas) – histamina, heparina, proteases neutras e fatores 
quimiotáticos. Colaboram com reações imunes e têm papel fundamental na 
inflamação, reações alérgicas e expulsão de parasitas. Quando ocorre a 
ativação do monócito, mediadores secundáriossão ativados (leucotrieno, 
prostaglandina, PAF e bradicinina). Tem a capacidade de metacromasia – 
quando é esperado que uma célula se core em uma determinada cor e é corada 
por outra (ex: azul de toluidina no mastócito, ao invés de ficar azul fica roxo). 
Contém receptores para IgE (o antígeno encontra o seu receptor e se liga na 
sua porção fc). Têm poucos meses de vida. Faz parte do TC propriamente dito. 
9 PLASMÓCITOS: Possui forma ovoide e citoplasma basófilo sem formação de 
grânulos. Seu núcleo é esférico e excêntrico. Dura apenas 2 a 3 semanas. 
Sintetizam imunoglobulinas e anticorpo. 
x TIPOS DE TECIDO CONJUNTIVO: 
9 TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO (TC embrionário [mucoso e 
mesênquima], TC frouxo, TC denso, Tecido elástico, Tecido reticular e Tecido 
adiposo). 
o TECIDO CONJUNTIVO FROUXO: Não há predomínio de um 
componente. Suporta pressão e atritos pequenos. Preenche espaços 
entre grupos de células musculares, suporta células epiteliais e forma 
camadas em torno dos vasos sanguíneos. É também encontrado nas 
papilas da derme, mucosas, adventícia dos vasos e glândulas. As células 
mais numerosas são os macrófagos e fibroblastos. Tem consistência 
delicada, é flexível e bem vascularizado. 
o TECIDO CONJUNTIVO DENSO: É adaptado para oferecer resistência e 
proteção aos tecidos. Existem menos células e predominâncias de 
fibras colágenas do tipo I. É menos flexível e mais resistente que o TC 
frouxo. Quando as fibras colágenas são organizadas em feixes 
desordenados, formando uma trama tridimensional, o TC denso é dito 
não-modelado – oferece resistência à tração em qualquer direção 
(derme profunda da pele, bainha do nervo, cápsula do baço, testículo, 
ovário, rim e linfonodo); e quando os feixes são bem organizados e 
paralelos é chamado de TC denso modelado - oferece resistência à 
tração em apenas uma direção (tendão, ligamento e aponeurose). 
o TECIDO MUCOSO: Consistência gelatinosa devido a predominância de 
substância fundamental composta predominantemente de ácido 
hialurônico com muito poucas fibras. Presente no cordão umbilical 
(geleia de Wharton) e na polpa jovem dos dentes. 
TECIDO ADIPOSO 
 O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo onde se observa 
predominância de células adiposas (adipócitos). Em pessoas de peso normal, o tecido 
adiposo corresponde a 20-25% do peso (mulher) e 15-20% do peso (homens). É o 
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maior depósito energético do corpo, sob a forma de triglicerídeos e são mais 
eficientes como reserva energética, uma vez que fornecem 9,3kcal/g contra apenas 
4,1kcal/g fornecidas pelo glicogênio. Não tem apenas função de reserva energética e 
como se situa abaixo da pele modela a superfície, sendo responsável, em partes, pela 
diferença de contorno entre o corpo da mulher e do homem. Forma coxins 
absorventes de choque, principalmente na planta dos pés e nas mãos. Possui 
atividade secretora, isolamento térmico (já que a gordura é má condutora de 
energia), produz calor e preenche espaços. O tecido adiposo pode ser de 2 tipos: 
tecido adiposo comum/unilocular/amarelo ou tecido adiposo pardo/multilocular. 
Praticamente todo o tecido adiposo presente nos humanos é do tipo unilocular. Esses 
2 tipos de tecido adiposo são inervados pelo sistema nervoso autônomo. São 
intimamente ligados à vasos sanguíneos. 
x TECIDO ADIPOSO UNILOCULAR: Esse tecido forma o panículo adiposo (faixa de 
gordura que se situa logo abaixo da pele); suas células adiposas são grandes e 
esféricas e possuem uma única gotícula lipídica. Tem a presença de septos de 
conjuntivo. As terminações nervosas são encontradas nas paredes dos vasos 
sanguíneos e apenas alguns adipócitos são inervados. Tem como função principal 
o armazenamento de gordura e a sereção (leptina, angiotensinogênio, esteroides, 
TNF-alfa, TGF-beta e citocinas). 
x TECIDO ADIPOSO MULTILOCULAR: Esse tecido contém células menores, várias 
gotículas lipídicas em cada célula e possui um arranjo eptelióide. São altamente 
vascularizados e contêm muitas mitocôndrias. A sua inervação do SNA é direta 
(as terminações nervosas atingem as células e os vasos sanguíneos). Nesse caso, 
em especial, o SNA desempenha um papel muito importante, uma vez que faz a 
mobilização das gorduras quando os organismos estão sujeitos a atividades 
físicas intensas, jejuns prolongados ou ao frio. Tem como função a produção de 
calor. OBS: As mitocôndrias presentes nos adipócitos fazem a fosforilação 
oxidativa não para produzir ATP, mas para produzir calor – que aquece o sangue 
contido na extensa rede de capilar do tecido multilocular e é distribuído para todo 
o corpo. Esse tipo de tecido é abundante em animais que hibernam e em recém-
nascidos (para auxiliar na termorregulação). 
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