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A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM - CIPE® NO ENSINO DE GRADUAÇÃO Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos Morais 1 ; Maria Zélia de Araújo Madeira 2 ; Ana Maria Ribeiro dos Santos 3 INTRODUÇÃO A utilização do processo de enfermagem como instrumento metodológico para organizar o cuidado de enfermagem no âmbito hospitalar, ainda é um desafio para o enfermeiro e sua equipe, tendo em vista as dificuldades operacionais com que esses profissionais se defrontam para a sua aplicabilidade. Este fato é descrito por Campelo et al (2008) e Takahashi et al (2008), que mencionam, a sobrecarga de trabalho, déficit de profissional, impresso inadequado, falta de tempo e de recursos, como elementos que dificultam a implantação do processo de enfermagem na instituição de saúde. Assim, o processo de enfermagem é um modelo sistemático para planejar uma assistência individualizada com base nas necessidades específicas do paciente. De acordo com Horta (1979), o processo de enfermagem compreende uma dinâmica de ações sistematizadas e inter-relacionadas em seis etapas: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico. Para Nóbrega e Silva (2008, 2009), a primeira fase do processo de enfermagem, a coleta de dados, direciona o cuidado, pois uma vez realizado a aquisição de informações do paciente, o enfermeiro identifica os diagnósticos e planeja as intervenções de enfermagem. Então, o diagnóstico, segunda etapa do processo, é considerado uma etapa complexa por exigir a habilidade cognitiva, experiência e conhecimento científico do enfermeiro para fazer o julgamento e interpretações sobre os dados objetivos e subjetivos para levantar os diagnósticos de enfermagem. Em seguida, vem o planejamento da assistência, em que se estabelecem os objetivos e as estratégias para elaborar as ações de enfermagem a serem implementadas. A quarta etapa do processo de enfermagem consiste na execução do plano de cuidado estabelecido e realizado pelo enfermeiro juntamente com o paciente e os demais profissionais de 1 Mestre em Enfermagem e docente do curso de graduação em enfermagem da UFPI. 2 Mestre em Educação e docente do curso de graduação em enfermagem da UFPI. 3 Mestre em Enfermagem e docente do curso de graduação em enfermagem da UFPI e da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI. saúde. A última etapa compreende a avaliação da assistência, que tem como finalidade avaliar a assistência prestada. No intuito de garantir a execução do processo de enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, através da Resolução n o 272/2002, tornou obrigatória a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, em toda instituição de saúde pública e privada. Atualmente, esta resolução foi revogada pela Resolução nº 358/2009, que trata da Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem (COFEN, 2002; COFEN, 2009). A Resolução nº 358/2009 do COFEN, conceitua o processo de enfermagem em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, sendo elas: Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Implementação e Avaliação de Enfermagem. Para tanto, o processo de enfermagem precisa estar pautado num suporte teórico com a finalidade de orientar a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções de enfermagem. Desta forma, para implementar o processo de enfermagem, o enfermeiro tem a sua disposição os sistemas de classificação, sendo os mais utilizados e conhecidos a Taxomonia II da NANDA Internacional; a Classificação das Intervenções de Enfermagem - NIC; a Classificação dos Resultados de Enfermagem - NOC; o Sistema OMAHA; o Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos - CCC, anteriormente denominado de Classificação dos Cuidados Domiciliares de Saúde - HHCC; e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE®. Os enfermeiros, em âmbito mundial, têm utilizado os sistemas de classificação para a prática de enfermagem com o desafio de universalizar sua linguagem, evidenciando os elementos de sua prática que compreendem os diagnósticos de enfermagem, os resultados esperados e as ações de enfermagem (NÓBREGA, GARCIA, 2005). A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem é um instrumento de informações para descrever a prática de enfermagem e, conseqüentemente, prover dados que representem essa prática nos sistemas de informação em saúde. Consiste em uma classificação de fenômenos, ações e resultados aos cuidados de enfermagem, que descrevem a prática desta profissão, com o propósito de facilitar a comunicação entre todos os profissionais, uma vez que passará a existir a uniformização da mesma; facilitará a investigação; resultará em dados para a tomada de decisões, (políticas de saúde, enfermagem, entre outras); dará visibilidade às práticas dos enfermeiros e contribuir para a melhoria da qualidade dos cuidados (SILVA et al, 2008, 2009). Nesse sentido, no ano de 2008, a Organização Mundial de Saúde – OMS aprovou a inclusão da CIPE® no grupo ou “família” de classificações internacionais da OMS, por se tratar de um conjunto de modos de classificação que podem ser utilizadas de forma integrada para comparar informações e dados de saúde no plano nacional e internacional. Em virtude dessa aprovação no âmbito mundial e principalmente o empenho da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) em desenvolver e divulgar estudos científicos sobre o uso da CIPE® no cenário brasileiro, emergiu uma inquietação e um questionamento, como docentes do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em como aplicar o processo de enfermagem utilizando a CIPE® versão 1.0 para planejar o cuidado nas disciplinas Fundamentação Básica de Enfermagem II e Enfermagem nas Cirurgias e Emergências? Para responder a tal inquietação, iniciou-se, no primeiro semestre de 2009, a experiência de ensinar a aplicação da CIPE® versão 1.0 na disciplina Fundamentação Básica de Enfermagem II, concomitantemente com a disciplina Enfermagem nas Cirurgias e Emergências. Para aprofundar o conhecimento da utilização desse sistema de classificação, elaborou-se em um hospital de ensino, um Projeto de Extensão, intitulado “Orientando o paciente em situação cirúrgica para diferenciar o cuidado. Por todo este contexto, o objetivo deste capítulo é relatar a experiência da utilização da CIPE® - versão 1.0, por docentes de enfermagem, como um elemento facilitador para aplicação do processo de enfermagem. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA A proposta de aplicar a CIPE® versão1.0, no 5 o período do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPI aconteceu na disciplina Fundamentação Básica de Enfermagem II. Para tal feito, esse sistema de classificação foi apresentado à coordenadora do curso e aos alunos da referida disciplina no início do período letivo do ano de 2009, no intuito de uniformizar uma linguagem comum para a prática de enfermagem no âmbito hospitalar. Assim, iniciou-se a caminhada com a CIPE® no meio acadêmico, pontuando para o corpo discente que seria uma experiência compartilhada em que docentes e discentes estariam juntos no mesmo processo de aprender a aprender. Nesse sentido, a utilização da CIPE® versão 1.0, na disciplina Fundamentação Básica de Enfermagem II,foi introduzida no primeiro semestre de março de 2009, durante as aulas teóricas e teórico-práticas no laboratório de enfermagem da UFPI, assim como na prática assistencial no âmbito hospitalar. Para facilitar o aprendizado, da CIPE® versão 1.0, a mesma foi aplicada em dois momentos. Inicialmente, nas aulas teórico-práticas, utilizaram-se situações hipotéticas (APÊNDICE A) relacionadas aos conteúdos programáticos da disciplina com a finalidade de proporcionar ao aluno o raciocínio clínico e a habilidade de planejar a assistência de enfermagem com base nas necessidades humanas básicas. Os assuntos teóricos explorados nas situações hipotéticas das aulas teórico- práticas foram: terapia endovenosa, aspiração de secreção das vias aéreas superiores, feridas e curativos, sonda nasogástrica, cateterismo vesical, lavagem intestinal e cuidados de enfermagem no processo de morte e morrer. No segundo momento, os discentes aplicaram a CIPE® versão 1.0 no âmbito hospitalar para o planejamento do cuidado ao paciente. O material didático adotado foi o livro da CIPE® versão 1.0 (2007), que define os sete eixos, sendo: foco, área de atenção relevante para a enfermagem; julgamento, opinião clínica ou determinação relacionada ao foco da prática de enfermagem; cliente, sujeito ao qual o diagnóstico se refere, sendo o recipiente de uma intervenção; ação, processo intencional aplicado a um cliente; meios, método de desempenhar uma intervenção; localização, orientação anatômica e espacial de um diagnóstico ou intervenção; tempo, duração ou período de uma ocorrência. Para compor uma declaração do catálogo CIPE®, utiliza-se os diagnósticos de enfermagem, intervenções de enfermagem e resultados de enfermagem. Para compor o diagnóstico e resultado de enfermagem, utiliza-se ao menos um termo do eixo foco e um do julgamento, podendo incluir outros termos adicionais. Na elaboração das intervenções de enfermagem, é recomendada a inclusão de um termo ação e ao menos um termo alvo, que pode ser qualquer outro eixo com exceção do julgamento (CIE, 2007). A outra estratégia foi proporcionar ao discente a vivência de aplicar esse sistema de classificação durante as aulas práticas no âmbito hospitalar, no período de maio a julho de 2009. A partir desse momento, as discussões se aprofundaram, o que resultou na elaboração de planos de cuidados pelos acadêmicos de enfermagem, os quais 07 foram encaminhados e aprovados para apresentação no 61ª Congresso Brasileiro de Enfermagem. Assim, a experiência de começar com a disciplina Fundamentação Básica de Enfermagem II, colaborou de maneira positiva na instrumentalização das docentes em como utilizar a CIPE® versão 1.0 na disciplina Enfermagem nas Cirurgias e Emergência, entendendo-se que o processo de enfermagem, a partir da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), permite um cuidado individualizado. Para Nóbrega e Garcia (2009), sistematizar significa tornar algo ordenado, metódico e a Sistematização da Assistência de Enfermagem, proporciona a organização, orientação do cuidado, como também documenta e torna visível a participação da enfermagem na atenção à saúde da população. Chistóforo e Carvalho (2009), afirmam que a importância da qualidade da assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico se dá através da utilização do processo de enfermagem a partir da aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatório (SAEP). A SAEP é um processo que objetiva a promoção, manutenção e recuperação da saúde do paciente e da comunidade, devendo ser desenvolvido pelo Enfermeiro com base nos conhecimentos técnicos e científicos inerentes a profissão. Esta sistematização requer desse profissional o interesse em conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isso seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de enfermagem para a implementação das ações sistematizadas e integradas com a equipe para a realização dos cuidados de enfermagem (SOBECC, 2009). Diante desse contexto, ao final do primeiro semestre de 2009, as docentes elaboraram o Projeto de Extensão “Orientando o paciente em situação cirúrgica para diferenciar o cuidado”, tendo como fundamentação a CIPE® versão 1.0 e a SAEP. O Projeto de Extensão foi aprovado pela UFPI no dia 08 de setembro de 2009 sob Registro nº 08-CS-2009 e pela instituição de assistência à saúde sob Protocolo nº 398609. Para sua execução, as professoras realizaram a seleção dos discentes e um treinamento de como aplicar a SAEP (APÊNDICE B) com base na CIPE® versão 1.0. No segundo semestre de 2009, iniciou-se o Projeto de Extensão nas Clínicas Cirúrgica I, Ginecologia e Urologia do hospital de ensino. Para tanto, os discentes juntamente com as professoras realizaram um teste piloto na primeira semana do mês de setembro para validar o impresso da visita pré-operatória de enfermagem (APÊNDICE C). Em seguida, desenvolveu-se uma discussão científica pautada em artigos científicos sobre a assistência de enfermagem perioperatória e a utilização da CIPE® versão 1.0, como um sistema de classificação que possibilita uniformizar e estabelecer uma linguagem comum que represente a prática de enfermagem. Após essa fase de teste piloto, os alunos foram distribuídos em cinco equipes com 3 alunos. Cada equipe realiza a sistematização do cuidado de enfermagem aos pacientes no pré e pós-operatório da Clínica Cirúrgica I, duas vezes por semana no turno da tarde. O grupo decidiu iniciar somente nessa clínica em virtude do maior número de internação para tratamento cirúrgico, pois são realizados 08 procedimentos cirúrgicos/dia, totalizando 32 cirurgias por semana, sendo as mais freqüentes: colecistectomia (laparoscópica e convencional); herniorrafia (inguinal, hiato, umbilical e incisional); tireiodectomia; lobectomia pulmonar; gastroenteroanastomose; enteroanastomose; pleurostomia e hemorroidectomia. A sistematização do cuidado de enfermagem foi realizada aos pacientes admitidos na Clínica Cirúrgica I para os mais variados procedimentos cirúrgicos, porém será dado a ênfase naqueles em pré-operatório de colecistectomia laparoscópica e convencional e herniorrafia. Dessa forma, foram realizadas 34 visitas pré-operatórias aos pacientes de colecistectomia no período de setembro a outubro de 2009, com 14 diagnósticos de enfermagem. Os diagnósticos mais freqüentes foram a Ansiedade atual, Hipertensão arterial atual e Sono comprometido. Os de menor freqüência foram: náusea atual, padrão de eliminação intestinal comprometido e padrão alimentar diminuído. Nos pacientes que se encontravam no pré-operatório de herniorrafia, foram realizadas 14 visitas pré-operatória, e identificou-se 13 diagnósticos de enfermagem. Em ambas as cirurgias relacionadas, houve coincidências de alguns diagnósticos de enfermagem, com maior proporção a Ansiedade atual, Hipertensão arterial atual, Sono comprometido e Dor abdominal atual. O quadro demonstrativo nº1, ilustra os diagnósticos de enfermagem mais encontrados no pré-operatório de colecistectomia e no quadro nº2 são listados os diagnósticos de enfermagem de pacientes no pré-operatório de tratamento cirúrgico de herniorrafia, seguindo a nomenclatura CIPE, versão 1.0. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES NO PRÉ-OPERATÓRIO DE COLECISTECTOMIA Nº % Ansiedade atual 13 38,2 Hipertensão arterial atual 8 23,5 Sono comprometido 8 23,5 Dor abdominal atual 8 23,5 Medo atual 7 20,6 Dor no estomago atual 3 8,8 Edema de pernas e pés atual 3 8,8 Padrão alimentar normal 3 8,8 Icterícia atual 2 5,9 Padrão de eliminação urinário comprometido 2 5,9 Padrão de higienecomprometido 2 5,9 Náusea atual 1 2,9 Padrão de eliminação intestinal anormal 1 2,9 Padrão alimentar diminuído 1 2,9 Quadro 1 – Diagnóstico de enfermagem de pacientes no período pré-operatório de colecistectomia, set.out., 2009. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES NO PRÉ-OPERATÓRIO DE HERNIORRAFIA Nº % Ansiedade atual 7 38,8 Hipertensão arterial atual 4 22,2 Dor atual 4 22,2 Sono comprometido 3 16,6 Medo atual 3 16,6 Padrão de eliminação intestinal anormal 3 16,6 Disúria atual 2 11,1 Dor no estomago atual 1 5,5 Padrão de eliminação urinário comprometido 1 5,5 Padrão de higiene comprometido 1 5,5 Dor na articulação das pernas e pés 1 5,5 Padrão de hidratação comprometida 1 5,5 Obstipação atual 1 5,5 Quadro 2 – Diagnóstico de enfermagem de pacientes no período pré-operatório de herniorrafia, set.out., 2009. Na presente investigação, o diagnóstico de enfermagem Ansiedade atual caracterizou-se pelo procedimento cirúrgico. O paciente cirúrgico e a família enfrenta uma situação desconfortável pela proximidade da cirurgia, muitas vezes não tem conhecimento suficiente sobre o preparo, as rotinas e os cuidados pós-operatórios, gerando incertezas. Desse modo, encorajar o paciente verbalizar suas emoções e dúvidas a respeito do procedimento poderá melhorar sua compreensão e minimizar seu estresse, sua ansiedade. De acordo com Spielberger (1981) o estado de ansiedade é uma reação emocional percebida pela consciência e caracterizada por sentimentos subjetivos de tensão, apreensão nervosismo e preocupação intensificando a atividade do sistema nervoso autônomo. Estas respostas incluem alteração da freqüência cardíaca, do padrão respiratório e da pressão arterial, inquietação, estremecimentos, tremores e aumento da sudorese. Ao analisar o diagnóstico, entendemos que o paciente cirúrgico apresenta ansiedade devido à situação nova em que se encontra. Compete à enfermagem ajuda-lo a desenvolver mecanismos de enfretamento, evidenciando a necessidade de uma avaliação e intervenção que sejam embasadas cientificamente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao realizar este relato partiu-se do pressuposto de que a utilização do processo de enfermagem como instrumento metodológico para organizar o cuidado de enfermagem é fundamental para que a profissão conquiste mais visibilidade nos diversos campos de atuação profissional. Nesse sentido, compreendeu-se também que para acontecer as sonhadas mudanças na prática assistencial do enfermeiro, as transformações devem iniciar no processo de formação. Assim sendo, o aprendizado constante e a construção contínua de um novo olhar de docentes e discentes são elementos que podem facilitar uma visão mais ampliada da profissão. Neste panorama, constatou-se que a utilização da CIPE® como um sistema de classificação é compatível com o ensino da sistematização da assistência de enfermagem. Ressaltando-se, porém, a necessidade de aprofundar estudos de sua utilização, com maior especificidade, durante a progressão do Curso de Graduação, oportunizando espaços para torná-la um instrumental tecnológico útil à prática nos diferentes locais de prestação de cuidados de enfermagem. É importante salientar mais uma vez, que no ano de 2008, a CIPE® foi incluída no grupo das classificações internacionais da OMS. Portanto, acredita-se que, provavelmente, passará a ser utilizada de forma integrada para comparar informações e dados de saúde no plano nacional e internacional. RESUMO: Trata-se de um relato de experiência sobre a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem – CIPE®, versão 1.0 nas disciplinas Fundamentação Básica de Enfermagem II e Enfermagem nas Cirurgias e Emergências do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. O objetivo do trabalho é relatar a experiência da utilização da CIPE® - versão 1.0, por docentes de enfermagem, como um elemento facilitador para aplicação do processo de enfermagem. Descritores: Processos de enfermagem. Diagnóstico de enfermagem. Cuidados de Enfermagem. Ensino. PARA REFLEXÃO São apresentadas questões didáticas sobre a utilização do processo de enfermagem seguindo a nomenclatura CIPE, versão 1.0. Assim, utilize o texto para responder as seguintes perguntas: 1. Qual a importância da aplicação do processo de enfermagem utilizando a CIPE ®versão 1.0 para a aquisição das habilidades e competências necessárias para a formação do enfermeiro? 2. Situação Hipotética. A Srta. D.M.P. de 25 anos entrou no serviço de urgência referindo queda de moto. No momento encontra-se consciente, orientada, fásica, apresenta ferida traumática em MID com presença de sangramento abundante e resíduos de areia resultante do impacto no solo. Observa-se ainda que a usuária apresenta expressão facial de dor. Diante da situação hipotética apresentada, construa os diagnósticos de enfermagem de acordo com a CIPE ®versão 1.0. 3. Situação Hipotética. O Sr. L.P.O de 53 anos aguarda procedimento cirúrgico de colecistectomia com exploração de vias biliares (EVB). No momento segue ansioso em relação à cirurgia, evoluindo com hipertensão arterial de 160x110 mmHg, normocárdico, afebril e eupnéico. Relata ser esta a segunda intervenção cirúrgica a que é submetido, sendo que a primeira faz menos de 02 anos, tendo realizado herniorrafia inguinal D. Em relação às eliminações fisiológicas, informa ter dificuldade para evacuar e apresenta disúria em algumas micções. Refere ainda ser alérgico a medicação ácido acetilsalisílico. Diante da situação hipotética apresentada, construa os diagnósticos de enfermagem de acordo com a CIPE ®versão 1.0. REFERÊNCIAS 1. CAMPELO, A.S.S.; CAPUCHO, A.C.M.V.; TORRES, L.S. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a Prescrição de Enfermagem em um hospital público de Teresina- PI. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Graduação em Enfermagem. Teresina: NOVAFAPI, 2008.48p. 2. CHRISTOFORO, B. E. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009, v.43, n.1, pp. 14-22. 3.CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução 272, de 27 de agosto de 2002. Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas Instituições de Saúde Brasileiras, Rio de Janeiro: COFEN, 2002. Disponível em: <http://www.portalcofen.gov.br/2007/. Acesso em: 08 nov. 2009. 4. ___________. Resolução COFEN nº 358, de 15 de outubro de 2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências Disponível em: <http://www.portalcofen.gov.br/2007/. Acesso em: 08 nov. 2009. 5. CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem: versão 1.0. São Paulo: Algol; 2007 6. GARCIA, T.R.; NÓBREGA, M. M. L. Processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v. 13, n.1 p. 188-193, 2009. 7. HORTA, W.A. Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU 1979 8. NÓBREGA, M. M.L; SILVA, K.L. Fundamentos do cuidar em enfermagem. 2. ed. Belo Horizonte: ABEn, 2008/2009. 9. NÓBREGA, M. M.L., RIBEIRO, T.G. Perspectivas de incorporação da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) no Brasil. Rev Bras Enferm, v. 58, n.2, p.227-30, 2005. 10. SILVA, K.L. et al. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE®. In: NOBREGA, M.M.L; SILVA, K.L. Fundamentos do Cuidar em Enfermagem. 2edição, Belo Horizonte: ABEn, 2008/2009.11. SOBECC. Práticas Recomendadas da SOBECC. Centro Cirúrgico/ Recuperação Anestésica/ Central de Material e Esterilização. 5. ed. São Paulo: 2009. 13. SPIELBERGER, C. Tensão e ansiedade. Nova Deli: Harper e Row do Brasil; 1981. 12. TAKAHASHI, A.A. et al. Dificuldades e facades apontadas por enfermeiras de um hospital de ensino na execução do processo de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, v.21, n.1, p.32-38, 2008. APÊNDICE A – Resposta da situação hipotética utilizada na aula teórico-prático sobre feridas Situação Hipotética. A Srta. D.M.P de 25 anos, deu entrada no serviço de urgência referindo queda de moto. No momento encontra-se consciente, orientada, fásica, apresenta ferida traumática em MID (com presença de sangramento abundante e resíduos de areia resultante do impacto no solo. Observa-se ainda que ela apresenta expressão facial de dor. Diante da situação hipotética apresentada, construa os diagnósticos de enfermagem de acordo com a CIPE ®versão 1.0. RESPOSTA FOCO JULGAMENTO LOCALIZAÇÃO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Ferida traumática atual Perna direita Ferida traumática na perna direita Dor atual - Dor atual Infecção risco Perna direita Risco de infecção na perna direita APÊNDICE B - Situação hipotética utilizada para o treinamento na SAEP seguindo a nomenclatura CIPE, versão 1.0 Situação hipotética. O Sr. L.P.O aguarda procedimento cirúrgico de colecistectomia com exploração de vias biliares (EVB), no momento segue ansioso em relação a cirurgia, tem 53 anos, evolui com hipertensão arterial de 160x110 mmHg, normocárdico, afebril e eupnéico. Relata que é a segunda intervenção cirúrgica, a primeira faz menos de 02 anos, quando realizou herniorrafia inguinal D. Quanto às eliminações fisiológicas, tem dificuldade para evacuar devido as fezes endurecidas e apresenta disúria. Refere ser alérgico a medicação acetilsalisílico. RESPOSTA FOCO JULGAMENTO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Ansiedade atual Ansiedade atual hipertensão arterial atual Hipertensão arterial atual Obstipação atual Obstipação atual Disúria atual Disúria atual Alergia à medicação risco Risco de alergia à medicação acetilsalisílico. APÊNDICE - C Roteiro de Visita Pré- Operatória SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA - SAEP/ CIPE® 01-VISITA PRÉ-OPERATÓRIA Data ____/___/___ Hora: ___:___ Nome____________________________________ Enf./Leito____ Idade ____ Sexo___ Diagnóstico clínico___________________________________________________________ Cirurgia Proposta______________________________________________________________ Data da cirurgia prevista: ___/___/_____ Horário: ____:____ Cirurgia Anterior: () sim () não Qual ________________________________ Apresentou algum Problema () sim () não Especifique: ________________________________ Anestesia Anterior: () sim () não Qual ____________________________________ Apresentou algum Problema () sim () não Especifique:____________________________________ Orientado sobre o Procedimento Médico-Cirúrgico () sim () não Utilizar os Anexos 1, 2, 3 e 4. Nº DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM – CIPE PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM HORÁRIO 01 02 03 04 05 06 Exames: ECG () sim () não RX () sim () não TC () sim () não US () sim () não RM () sim () não Laboratório () sim () não Alterações:___________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Tipo de sangue e fator Rh _____________ Peso: ________________ Altura: ________________ Alergia: () sim () não Qual ________________________________________________ Uso de Medicação contínua: () sim () não Qual: ____________________________________ Características da Pele: lesões () sim () não Região: __________________________________ Provável grau de contaminação cirúrgica: () limpa () potencialmente contaminada () contaminada () infectada SSVV: T: ______ºC P: ______bpm R: ______mpm PA: ___X___mmHg Evolução: _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ __________________________________ Docente /Aluno (a)
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