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CIVIL - Plano da Validade e Plano da EficÃ_cia

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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL – AB2
Bens jurídicos
É a soma de tudo aquilo que pode tocar uma pessoa, a esfera jurídica de alguém.
A esfera jurídica de alguém não pode ser afetada por terceiros, só se a lei ou o próprio titular autorizar.
Pode ter valor econômico ou não. Pois pode ter caráter meramente moral.
Pode ser material (coisa) ou não (intelectual).
A relação entre bens não é uma relação jurídica (só entre sujeitos), é uma relação fática.
Espécies:
Imóveis = bem que não se pode mover sem fraturar, ele é fixo. Ex: direitos reais de herança.
Móveis = bem que se pode mover ou que se move espontaneamente, sem que haja fratura. Ex: animais, navios, aeronaves.
São por natureza, por definição legal (a lei que determina se o bem é móvel ou imóvel).
Fungíveis = bem que você pode trocar por outro sem alterar a sua substância. Ex: dinheiro.
Consumíveis = bem que ao usar se consome, se desmancha. Ex: caneta.
É possível transformar um bem fungível em infungível. Ex: as coisas de um colecionador.
Divisíveis = bem que pode ser dividido.
Indivisíveis = bem que se dividir perde a sua utilidade. Ex: uma casa.
Singulares = bem considerado em si. Ex: celular.
Coletivos:
De fato = alguém destina vários bens a uma finalidade. Ex: biblioteca, um livro dela a representa.
De direito = conjunto de direitos de uma pessoa, é a esfera jurídica.
Principal = bem em si, independente de qualquer coisa.
Acessório = bem que depende do bem principal.
Integrantes = se integram no bem, não se pode remover.
Pertenças = tudo aquilo que decorre de um bem, para existir precisa dele, mas se pode remover. Ex: juros.
Benfeitorias = tudo aquilo que se junta a um bem.
Úteis = se destinam a aumentar a utilidade do bem.
Necessário = faz para manter o bem. Ex: pintar o carro, trocar a fiação.
São indenizáveis.
Voluptuário = apenas para o deleite. Ex: piscina, estátua.
Não são indenizáveis.
Privado = bens que dizem respeito às pessoas físicas e jurídicas, que não dizem respeito ao poder público.
Públicos = bens relacionado ao Estado, ao poder público.
De uso comum = bens do povo, se usa sem precisar pagar, são impenhoráveis e inalienáveis. Ex: praças públicas, ruas, praias.
De uso especial = bem destinado a um fim específico do serviço público. Ex: universidades.
Dominais = bens particulares do Estado. Ex: uma fazenda do governo.
Objeto:
De direito = bem sobre o qual recai o direito subjetivo de alguém, qualquer coisa que entra na sua esfera jurídica.
Do direito = são as normas e condutas da ciência jurídica.
Da relação jurídica = pode ser um bem ou uma promessa de conduta de alguém.
Do ato jurídico = atribuição jurídica que aquele ato te dá, traz para você (direito ou dever).
1 = coisas materiais.
2 = 1 + propriedade intelectual. Ex: os direitos do autor, da invenção.
3 = 2 + direitos com valoração econômica.
4 = 3 + direitos sem mensuração econômica (direitos de cunho moral.)
Plano da validade
É onde se verifica a validade ou invalidade (defeitos) dos negócios jurídicos e atos jurídicos.
Somente existe nulidade e anulabilidade onde há vontade humana relevante, por isso o fato jurídico strictu sensu (eventos naturais) e o ato-fato jurídico (vontade humana irrelevante) não estão sujeitos aos defeitos invalidantes. Assim como os fatos jurídicos ilícitos lato sensu (incoerência dizer nulo um ato ilícito).
Somente os fatos jurídicos produzem efeitos jurídicos e são a única fonte de eficácia jurídica.
Eficácia:
Ex nunc = é para o futuro, não atinge o passado.
Ex tunc = é aquela que retroage a sua situação de origem (anterior ao ato), vai lá e apaga tudo.
Todo ato jurídico que depende de registro é erga omnes.
Norma jurídica = discrição dos fatos valorados (suporte fático) + prescrição das consequências jurídicas (preceito).
Validade = um ato válido é uma ato jurídico perfeito (não diz repeito a existência, mas a sua perfeição).
Invalidade:
Quando há alguma imperfeição (defeito).
É uma questão axiológica (de valores) de cada sociedade, pois cada país tem os seus princípios, tem as suas causas de invalidade.
A invalidade é encarada como uma sanção para certos atos jurídicos. Visto que o direito é naturalmente obrigatório, se for descumprido ele revida com a sanção.
Graus:
Anulabilidade:
Art. 171-182, 138-165, CC.
Eficácia jurídica = o ato anulável é eficaz até ser desfeito (provisoriamente), se ele não for desfeito se torna definitivo (eficácia interimística). Volta tudo a estaca zero, como se nunca tivesse existido aquele ato. Eficácia “ex tunc”.
Convalidação (tornar válido; extinção do defeito invalidante dos atos jurídicos por consequência da prescrição e da decadência; sem atuação volitiva juridicamente relevante do interessado) = se convalida desde que não seja proposta a ação anulatória.
Sanação (ato de vontade relevante com a finalidade de remover o defeito invalidante; depende da manifestação do elemento volitico) = é sempre sanado pela confirmação do próprio autor, por assentimento posterior ou quando a pessoa cumpre as obrigações mesmo sabendo que é anulável.
Desconstituição (desfazer o ato) = sempre necessária, é eficaz até o momento que é desfeito/desconstituído por sentença ou acordo das partes. Somente por sentença judicial. A desconstituição é definitiva. Quanto aos efeitos as partes devem ser restituídas ao estado anterior, se não for possível, mediante indenização pelo equivalente.
Decretabilidade = são decretáveis sempre mediante alegação.
Alegabilidade = somente pode ser alegada pelos interessados diretos.
Prescritibilidade = prescritível.
Natureza da decisão = desconstitutiva do ato e de seus efeitos.
Nulidade:
Art. 166-170, CC.
Eficácia jurídica = em geral o ato nulo não produz efeitos (é ineficaz). Não inexiste, só é nulo. As exceções são os casos de putatividade, por isso a lei reconhece uma eficácia definitiva. Há duas hipóteses quanto a isso: casamento putativo (ex: um viúvo se casa novamente, mas depois descobre que a 1ª mulher não tinha morrido de verdade) e voto dado a candidato em eleição proporcional em que o candidato é considerado inelegível após a eleição (o voto é nulo para o candidato, mas válido para a coligação).
Convalidação = o ato jurídico nulo não se convalida, por ser definitivo de acordo com a lei (imprescritível). Só há convalidação quando se trata de ato colegiado das associações (art. 48, § 1º e 45).
Sanação (a conduta humana) = o nulo é insanável, só é sanável quando for possível a sua repetição ao eliminar o defeito invalidante da causa de nulidade, constituindo um novo negócio jurídico. Essa repetição só não é possível para: objeto ilícito, objeto imoral e violação de lei cogente (ilícitos e impossíveis).
Desconstituição = é desnecessária, o ato nulo não precisa ser desconstituído, porque em geral não produz efeitos e quando produz é definitivo. Só é necessária quando há registro ou em razão da natureza do ato. Pode ser por ato judicial ou administrativo. O que se desconstitui no caso da nulidade é apenas o ato jurídico, não há efeitos a desfazer.
Decretabilidade = são decretáveis de ofício pelo juiz.
Alegabilidade = Há nulidade:
Absoluta (de “pleno iure”) = aconteceu, é nulo. Pode ser alegada por qualquer interessado e pelo Ministério Público (quando lhe couber intervir, seja como parte ou fiscalizador).
Relativa (dependente de alegação) = Só pode ser alegada pelo interessado direto (que tenha seu interesse diretamente violado), por isso o juiz não pode agir de ofício, só quando provocado (só pode ser alegada por elas).
Prescritibilidade = imprescritível.
Natureza da decisão = desconstitutiva do ato.
Princípio da conservação do ato jurídico:
Busca tentar ao máximo salvar o ato/negócio jurídico da invalidade, evitando sempre que possível que se percam as consequências.
Em geral está relacionado ao ato nulo, para a conversão de nulo para válido é necessário que as duas partes estejamde acordo.
Ex: se alguém concorda em reparar o prejuízo, não tem porque anular o ato.
A lei diz o que é válido e o que é inválido
A eficácia e a nulidade dependem da existência, mas a existência não depende de nada, só dela mesma.
Existe – vale – eficaz. Ex: negócios jurídicos.
Existe – não vale – eficaz. Ex: casamento nulo putativo.
Existe – vale – ineficaz. Ex: testamento válido que é revogado pelo testador.
Existe – não vale – ineficaz. Ex: negócio jurídico nulo.
Se não existe não se pode qualificar.
Valer e ser eficaz depende da existência, mas o valer não depende do ser eficaz (e o contrário).
Causas de anulabilidade (art. 171-173, 182, 138-165, CC):
Incapacidade relativa do sujeito = entre 16 e 18 anos, pródigo e portador de doença mental leve.
Defeitos dos atos jurídicos, vícios da vontade:
Falta de assentimento = daquele que devia assentir (é estranho ao negócio, ex: pai e filho) ou consentir (está vinculado ao negócio, ex: marido e mulher vendendo um imóvel).
Erro:
Falsa representação da realidade na cabeça da pessoa.
Pode ser:
Substancial = erro que se você conhecesse a realidade você não faria o negócio.
Acidental = erro que mesmo que você soubesse a verdade você faria o negócio.
Pode ser sobre:
O negócio (innegotio) = erro sobre o tipo de negócio.
O objeto (in cordore) = erro sobre a coisa comprada.
A pessoa (in persona) = erro sobre a pessoa, quanto as qualidades pessoais ou profissionais.
O direito = é uma má interpretação da lei. Muitas vezes é um erro de fato, por imprudência.
O motivo relevante = o motivo em regra é irrelevante, ele só interessa quando for falso, pois o negócio é anulado.
Recogniscibilidade = para esse erro ser causa de anulabilidade é preciso que a outra parte saiba que está em erro.
Excusabilidade = saber se o erro é desculpado, não se trata de erro, mas de ignorância.
Reparabilidade de danos = aquele que errou é obrigado a reparar o dano, mesmo que o negócio jurídico seja anulado.
Cassação = a anulabilidade cessa quando o beneficiário do erro concorda em corrigir o erro.
Dolo:
É induzir ou manter a pessoa em erro.
Pressupostos:
Intenção do agente = intenção de enganar, se não houve intenção, não há dolo.
Causa eficiente.
Unilateralidade = só um pode estar sendo enganado, pois se os dois estão enganando é porque sabem da realidade.
Anterioridade = o dolo tem que ser anterior ao negócio.
Desconhecimento pi deceptus = quem foi enganado tem que desconhecer o dolo.
Conhecimento para beneficiário quando dolo de terceiro = dolo de terceiro (que não está fazendo o negócio). Ex: corretor.
Espécies:
Próprio = quando o negociante promove o negócio dolosamente.
Terceiro = quando o terceiro promove o negócio dolosamente.
Positivo = aquele que induz ao erro.
Negativo = aquele que omite, que mantém a pessoa em erro.
Unilateral = utilização da má-fé para causar prejuízo a terceiro.
Não invalidante = dolo de terceiro que apesar de existir não invalida o negócio.
Coação:
Quando alguém consegue fazer com que outra pessoa pratique um ato que não praticaria se não estivesse sob coação. Ex: “faça isso senão eu te mato”.
É uma ameaça.
Pode ser:
Irresistível (uis absoluta) = quando a vontade do ameaçado é absolutamente eliminada, na verdade esse ato não é anulável, ele inexiste. 
Resistível (uis compulsiva) = quando você não quer praticar o ato, mas o pratica devido à coação, apesar de poder ter resistido de alguma forma. É anulável.
Pressupostos:
Temor fundado = é preciso que essa ameaça seja fundada, algo que lhe cause um dano grave.
Causa = a coação tem que ser a causa da prática do ato.
Contrariedade a direito = a coação tem que ser ilícita, contrária ao direito.
Contra quem é dirigida a ameaça = é preciso que haja uma ligação de afetividade contra quem o indivíduo ameaça (família, amigo). Ex: eu estou sendo ameaçado e a minha mãe pratica o ato por mim.
Atualidade da coação = a coação tem que ser atual, a pessoa tem que estar sob medo.
Dados irrelevantes:
Quem seja o autor = não importa quem seja, pode ser qualquer um.
Culpa = não é preciso que aquele que faz a coação seja culpado.
Vantagem para autor = não é necessário que o autor tire uma vantagem da coação.
Prejuízo efetivo = não é preciso que haja um prejuízo. Ex: financeiro.
Imputabilidade = não importa se o autor é um inimputável. Ex: menor, maluco.
Meios empregados = não importa o meio, só importa que se influenciou a conduta.
Estado de perigo:
Quando alguém está com sua vida ou saúde gravemente ameaçada, precisa de socorre e alguém lhe explora na oneração desse socorro.
Ex: se a caução (oneração) é excessiva ela pode ser anulada.
Pressupostos:
Dolo do beneficiário
Excessiva oneração.
Lesão:
Quando se faz um negócio com um prejuízo muito grande por estar em estado de grave necessidade (moral ou econômica).
Ex: vender alguma coisa muito abaixo do preço real por necessidade.
Pressupostos:
Valor desproporcional.
Grave necessidade ou inexperiência.
Dolo = intenção do autor em se beneficiar.
Leviandade = a pessoa que leva vantagem enriquece sem causa.
Fraude contra credores:
Quando o devedor pratica um ato de disposição de bens (venda, doação) para se tornar insolvente (pessoa que não tem com que pagar o que deve).
Ex: quando um devedor para não pagar as suas dívidas aliena o seu patrimônio.
Pressupostos:
Ato de disposição = ato de dispor do bem.
Insolvência = pessoa que deve mais do que tem.
Anterioridade do crédito = os créditos fraudados tem que ser anterior a essa disposição.
Ocorrência do dano (euntus danini) = que o negócio cause prejuízo.
Elementos não essenciais:
Acordo fraudulento (consilium fraudis) = não é preciso que se faça um acordo para lesar alguém (alienante e adquirente).
Ciêticia da fraude (concilium fraudis) = não importa se tinha consciência da fraude.
Onerosidade ou gratuidade do negócio = não importa se é onerosa ou gratuita. A doação é anulável de imediato.
Natureza do crédito = não importa a natureza do crédito.
Consequências:
Anulabilidade = do contrato de fraude contra credor.
No Direito Civil.
Ineficácia relativa = em relação as pessoas da falência.
Revogabilidade = quando o ato viola certos padrões do direito empresarial.
No direito empresarial.
Por determinação legal = quando a lei estabelece que aquele ato específico tem que ser anulado.
Causas nulidade (art. 166, CC):
Incapacidade absoluta do sujeito = menor de 16 anos, pessoas que não tem consciência da vontade por questões de saúde.
Problema relativo ao objeto:
Ilicitude = contrariedade ao direito.
Impossibilidade = física ou jurídica, que ninguém pode realizar.
Imoralidade = contrariedade aos bons costumes.
Indeterminabilidade do objeto = objeto indeterminável, e não indeterminado, pois ele pode ser determinado.
Motivo ilícito comum a ambas as partes = mas aquele que não tem motivo não pode ser penalizado. Se uma parte tem motivo ilícito e a outra motivo lícito, também há nulidade.
Violação de lei cogente = princípio da respeitabilidade da lei cogente (aquela que você não pode deixar de cumprir, não pode afastar a incidência), onde o ato que viola a lei cogente é nulo. Pode ser direta ou indireta (frauda à lei, os atos em conjunto são mentirosos, mas isoladamente são verdadeiros, por isso difere da simulação).
Simulação = ato mentiroso que visa prejudicar alguém, é pessoal, faz para enganar o outro (antes era caso de anulabilidade).
Desrespeito à forma = se não revestir a forma prescrita em lei o negócio jurídico será nulo. Ex: se a lei exige a declaração de vontade, tem que ser feita dessa forma sob pena de nulidade.
Falta de solenidade essencial = se o ato exigir solenidade específica e houver a falta dessa solenidade para a sua validade, o negócio será nulo. Ex: testamento, tem vária formas de se fazer um, mas há uma solenidade específica = o tabelião tem que lero testamento perante 2 testemunhas presentes durante todo ato, senão será nulo.
Por determinação legar = quando a lei estabelece que aquele ato específico é nulo.
Plano da eficácia
É onde o fato jurídico produz os seus efeitos, suas consequências.
Ingressa nesse plano os atos jurídicos válidos, os nulos putativos e os anuláveis.
É um plano abstrato, assim como os outros, mas existe porque vemos as consequências dele na realidade.
Para ter acesso a esse plano:
O fato jurídico strictu sensu, ato-fato jurídico e fato jurídico ilícito lato sensu = basta existir.
Ato jurídico e negócio jurídico = precisam existir, ser válidos ou aniláveis (antes de ser anulado). Ou se quando nulo, a norma lhe atribuir algum efeito (casamento putativo).
Eficácia:
Normativa = incidência (eficácia normativa) da norma no suporte fato (toda vez que ele se concretiza no mundo dos fatos), gerando o fato jurídico (entrada no mundo jurídico, plano da existência).
Jurídica = o fato jurídico gera a eficácia jurídica (consequências que as normas atribuem aos fatos jurídicos).
Efetividade do direito = encontra-se na dimensão sociológica, são esses efeitos se tornando realidade no mundo.
Espécies de efeitos jurídicos:
Situação jurídica básica = não há fato jurídico sem eficácia, pois ele tem que ter sempre um mínimo de eficácia e esse mínimo é a situação jurídica básica. Se desenvolve em:
Situação jurídica simples ou unissubjetiva = dizem respeito exclusivamente ao ser humano como pessoa, sem envolvimento com terceiro. Não quer dizer que você não esteja no meio do direito, mas só que só diz respeito a você, por isso é unissubjetivo.
Situação jurídica complexa = é necessário sempre uma relação com alguém especificamente ou com o alter.
Unilateral = é só a oferta, a situação jurídica que só diz respeito a uma pessoa e a mais ninguém. Ex: 1. ser solteiro, ser casado, ser pessoa, ser sujeito de direito. 2. “quem achar o meu cachorro ganha uma recompensa”, ninguém tem obrigação de atender ao chamado, porém ele é obrigado a pagar o que prometeu, a não ser que revogue o que prometeu antes do se cachorro ser encontrado (porque já há uma vinculabilidade).
Plurilateral = é uma relação jurídica, é quando o outro responde, se vincula. Situação jurídica mais importante de todas. Relação entre pelo menos dois sujeitos de direito, o sujeito ativo (poder, faculdade) e o sujeito passivo (submissão ao poder do outro). Ex: se no exemplo anterior alguém responder a oferta, se forma uma relação jurídica, uma vinculação.
Vinculabilidade = há possibilidade de revogação.
Vinculação = não há possibilidade de revogação. Ex: encontrou o cachorro antes do dono revogar o que tinha prometido.
A lei na vocatio leges não incide, mas entre em vigor se não for revogada antes.
Princípios das relações jurídicas:
Intersubjetividade = a relação jurídica tem que ter pelo menos dois sujeitos.
Essencialidade do objeto = toda relação jurídica tem que ter um objeto (bem ou promessa).
Correspectividade de direito e dever = a todo direito corresponde sempre um dever e o contrário.
Coextenção de direito, pretensão e ação = todo direito corresponde a uma pretensão (que o torna exigível) e uma ação (que o faz impositivo) que o assegure.
Conteúdo de uma relação jurídica (ela pode ter menos, nunca mais que isso):
Direito = é sempre “in potencia”, eles existem, mas não podem ser exigidos/exercidos (direito mutilado).
Pretensão = quando o direito se torna exigível, está relacionada à obrigação (tem que ser cumprida). É um dever revestido de exigibilidade.
Ação = quando a obrigação é descumprida, nasce à ação de direito material que é a impositividade do direito (poder de impor). Torna a pretensão impositiva.
Exceção = é o contradireito que tem o devedor (se torna sujeito ativo) de se opor a pretensão e ação do credor, tendo como eficácia a suspensão ou extinção dos efeitos. É sempre uma situação ativa, nunca passiva. Ex: prescrição, decadência.
Ex: Empréstimo na Caixa Econômica Federal (CEF) = João pede um empréstimo de 10 mil para pagar no dia 5 de março, formando uma relação jurídica (João x CEF). O dia do vencimento será dia 5 de julho, com o prazo estendido até dia 10 de julho. Antes do dia 5 de julho, a CEF só tem o direito, não podendo exigir o pagamento, mas a partir desse dia já nasce a pretensão. No dia 10 de julho, se o pagamento ainda não tiver sido efetuado, a CEF pode entrar com uma ação contra João ou leiloar o que foi penhorado por ele.
Ação material = ou se exerce diretamente ou ela é objeto da ação do direito processual.
A diferença entre os sujeitos A e P está na força em que cada um exerce esses direitos e deveres. Pois não há sujeito ativo somente titular de direitos e passivo que somente tenha deveres.
Classificação da relação jurídica:
De direito:
Real = quando o objeto da relação jurídica é um bem (material ou imaterial). Ex: propriedade.
Pessoal = quando o objeto da relação jurídica é uma promessa de ato, mesmo que essa promessa se refira a um bem. Ex: eu prometi entregar uma casa, o objeto não é a casa e sim a promessa.
Absoluto = um dos sujeitos da relação jurídica é o alter (outro, qualquer um). A eficácia se dirige contra todos. Erga omnes (não fazer). Ex: meu direito a propriedade não é só em relação ao meu vizinho, mas em relação a todas as pessoas.
Relativo = tem sempre dois sujeitos de direito, e ambos são determinados (fazer ou não fazer).
Material = gerada por uma norma jurídica de direito material. Ex: Constituição Federal.
Formal = gerada por uma norma jurídica de direito formal. Ex: Normas processuais.
Unigeradora = aquela que só gera um direito.
Multigeradora = cria vários direitos enquanto ela puder criar, são a maioria.
O direito a vida é um direito absoluto e pessoal.
Direito material = aquele que gera direitos subjetivos, direito de alguém exigir alguma coisa.
Direito formal = normas que regulam o exercício do direito.
Conteúdo dos direitos:
Faculdade = não precisa ser exercida perante terceiros.
Poderes = tem que ser exercido perante alguém.
Determinações:
Inexas = está dentro da eficácia do negócio jurídico.
Condições = art. 121-129, CC; quando os efeitos/eficácia de um NJ ficam condicionados (a iniciar ou terminar) a ocorrência de um fato futuro e incerto.
Espécies:
Suspensivas = o efeito/eficácia do NJ é suspenso até a ocorrência ou não ocorrência do fato.
Resolutivas = a eficácia começa imediatamente, mas se ocorrer o fato da condição ela é resolvida, se desfaz. Por isso só surte efeito até a sua resolução.
Validade = são válidas todas as condições e termos que não sejam contra a moral e que não sejam proibidos.
Proibidas:
Protestativas = efeito que fica ao arbítrio de uma das partes; o que só uma quer. Por isso é nula, não tem efeito.
Impeditivas de eficácia = quando o fato da condição elimina a eficácia. Só que os fatos devem produzir efeitos e não eliminá-los.
Invalidade (são nulas):
Impossíveis quando suspensivas = se for resolutiva não afeta, é considerada inexistente.
Ilícita = imoral, contra os costumes, contra a ordem pública.
Incompreensíveis/contraditórias = quando você diz qual é a condição, mas ninguém entende, por isso é nulo.
Inexistência (não afeta a validade ou existência do contrato):
Impossíveis quando resolutivas = é considerada inexistente porque não tem como eliminar o efeito que já gerou.
Não fazer coisa impossível.
Efeitos:
Suspensivos = de suspender a eficácia.
Resolutivos = de extinguir a eficácia.
Implemento/obstacularização = criação de um obstáculo ou fraude para que se realize a eficácia. Se era para acontecer, entende-se que ela aconteceu; mas se houve uma fraude, entende-se que ela não aconteceu.
Termos: quando o fato futuro é certo, “quando acontecer isso”. Se aplicam as mesmas formas das condições. A diferença é que na condição de suspensão só se adquire o efeito depois da condição e no termo inicialse adquire o efeito desde já, ele só não pode ser exercido. Ex: testamento.
Inicial = condição suspensiva.
Final = condição resolutiva.
Anexas = o direito não é afetado por ele, é apenas a maneira de cumprir o encargo (direito) recebido.
Inexistência quando ilícito ou impossível.
Ressalva = se o motivo determinante for ilícito ou impossível o NJ é anulado.
Propriedade resolúvel = aquela que pode ser desfeita por uma condição. 
Tempo e direito
Decurso do tempo + omissão (voluntária ou involuntária) no exercício dos direitos.
Não temos como controlar o tempo, apenas percebemos o seu decurso.
Prescrição:
Não atinge o direito, ela encobre a pretensão e a ação, o direito permanece vivo, embora encoberto.
Se esse direito for atendido ainda é correto, mesmo que esse direito não possa mais ser exigido ou imposto (direito mutilado).
O encobrimento tem efeitos dilatórios (estende o prazo) ou peremptórios (extingue o prazo).
O art. 199 define o que é prescrição, mas está equivocado.
O prazo máximo de 10 anos.
 Ex: pagar uma dívida prescrita.
Suspensão = não corre a prescrição (art. 197-199, CC).
Interrupção = com uma interrupção o prazo corre todo de novo, só é permitido uma vez (art. 202, CC).
Pode ser:
Intercorrente = aquela que ocorre no curso do processo.
Extintiva = na verdade não extingue o direito, só o encobre (erro de linguagem).
Aquisitiva = usucapião.
Pode haver renúncia (eu posso renunciar o meu direito). O juiz só pode decretar a prescrição de ofício se não houver renúncia.
Decadência (caducidade):
Atinge diretamente o direito e o mata.
Por isso qualquer cumprimento desse direito é indevido, já que não existe mais direito.
Não se prorroga, seus efeitos são imediatos.
É relacionado ao direito material.
Não pode haver renúncia.
Preclusão = é igual à decadência, a diferença é por ser relacionado ao direito formal.

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