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A língua no ambiente profissional Vamos conhecer as principais qualidades da linguagem no ambiente profissional e os vícios que devem ser evitados. Prof. Luís Cláudio Dallier Saldanha 1. Itens iniciais Propósito Ao compreender as características da linguagem em contextos de atividade profissional, você ampliará sua competência comunicacional. Objetivos Identificar as características da linguagem na comunicação profissional e oficial. Reconhecer os vícios de linguagem comuns no ambiente profissional. Introdução Saber usar a língua portuguesa no contexto das relações profissionais é um dos principais fatores que contribuem para uma boa comunicação e para se alcançar resultados favoráveis no mundo do trabalho Por isso, é fundamental conhecer os aspectos da linguagem que são próprios da comunicação organizacional ou empresarial, além de ficar atento às incorreções gramaticais e aos vícios de linguagem mais comuns no âmbito profissional. Vamos, então, ao estudo deste interessante assunto! • • 1. Linguagem e comunicação profissional Falhas na comunicação Você já teve dificuldades em compreender uma mensagem? No ambiente profissional o uso adequado da língua é fundamental. Por isso, vamos conhecer algumas experiências de falha na comunicação assistindo ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Percebeu como a linguagem adequada é importante no contexto organizacional? O estilo e a linguagem do texto, nesse contexto, devem seguir padrões de modernidade, otimizando o uso do tempo e do espaço na troca de mensagens. Um texto bem escrito, adequado às normas gramaticais e aos padrões da moderna redação empresarial, pode reforçar a credibilidade e a qualidade de uma organização. O texto comercial ou institucional deve ser caracterizado pela sua eficácia. O destinatário desse texto, o cliente ou um parceiro, deve responder à mensagem que recebeu da forma que o emissor espera. Quanto mais próxima da intenção ou do objetivo estiver a resposta, mais eficaz será o texto. Profissionalmente, você se comunica para fazer com que as coisas aconteçam, obter e passar informação, tomar decisões, chegar a consensos e se relacionar com as pessoas. (HELLER, 2000) Saiba mais Robert Heller (1932-1912) foi fundador e o primeiro editor da revista Management Today, a mais prestigiada publicação britânica na área gerencial. Autor de diversos livros na área de Gestão, Robert Heller também escreveu sobre comunicação no contexto organizacional. No ambiente profissional, a linguagem deve estar a serviço da comunicação eficiente, a qual consiste em fazer as pessoas entenderem a mensagem e a responderem provocando novas trocas – de preferência na direção tencionada. A comunicação sempre é uma via de duas mãos. Por isso, a seguir, vamos conhecer algumas dicas para uma comunicação eficiente no contexto profissional. A concisão Será que em qualquer situação um texto deve ser conciso? No vídeo a seguir, Luís Cláudio Dallier e Roberto Paes explicam quando usar essas técnicas de redução de texto. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Os textos que cumprem a função de promover e facilitar a comunicação no contexto organizacional devem conter qualidades que lhes garantam ter sua mensagem decodificada e apreendida sem grandes esforços ou perda de tempo. De acordo com Gold (2005, p. 6), deve-se evitar a linguagem prolixa e difícil, pois tanto o vocabulário sofisticado quanto as frases longas e rebuscadas não contribuem para um rápido entendimento da mensagem, levando o leitor a um desperdício de tempo, quando não a uma desmotivação progressiva que causará, inconscientemente, a rejeição da mensagem. Um texto mal escrito pode até acarretar perda de prestígio para uma instituição. Por isso, os textos devem ser concisos, claros, objetivos e formais. No contexto organizacional, os textos devem promover e facilitar a comunicação, por isso não podem faltar neles as qualidades que garantem a compreensão da mensagem sem grandes esforços ou perda de tempo. Uma dessas qualidades é exatamente a concisão. Devemos evitar a linguagem prolixa e difícil, pois tanto o vocabulário sofisticado quanto as frases longas e rebuscadas não contribuem para um rápido entendimento da mensagem, levando o leitor a um desperdício de tempo ou a uma desmotivação progressiva que causará, inconscientemente, a rejeição da mensagem (Gold, 2005, p. 6). Veja esse exemplo: Percebeu que a mesma mensagem foi passada com menos palavras? Chamamos isso de concisão: a capacidade de comunicar o máximo de informação com o mínimo de palavras, evitando pretextos e clichês que tornam o texto antiquado e rebuscado. O texto conciso é aquele em que todas as palavras e informações utilizadas têm uma função significativa (Gold, 2005, p. 7). As palavras devem estar impregnadas de sentido, dispensando-se os elementos que são desnecessários, e a técnica da redução precisa ser aplicada eficazmente. Por isso, é importante observar que a concisão do texto está relacionada com uma ideia utilitarista da mensagem, mas, ainda assim, não deve significar um empobrecimento. De acordo com Gold (2005, p. 51-52), ela deve ser entendida como uma forma mais enxuta e condensada, na qual se valoriza cada informação. Como criar textos concisos? Procure maximizar a informação com um mínimo de palavras. Elimine os clichês. Saiba mais Você deve usar o “Atenciosamente”, quando se dirigir a uma autoridade de mesmo nível hierárquico ou inferior; ou o “Respeitosamente”, quando se dirigir a uma autoridade superior. Retire as redundâncias e corte ideias ou informações excessivas, identificando tudo que não é necessário para a compreensão da mensagem ou que incorre em repetições desnecessárias. Algumas técnicas de redução podem auxiliar no enxugamento do texto. Vamos conhecê-las a seguir. Redução do excesso de quês, o queísmo A primeira técnica de redução de queísmo (Termo que designa o exagero no uso do pronome relativo “que”) é a substituição de orações introduzidas pela palavra “que” por substantivos abstratos, verbo no infinitivo e particípios. Exemplo: Espero que me telefone a fim de que se esclareçam as questões que dizem respeito ao tema que foi debatido na reunião. Veja como fica a redução do excesso de “quês”: Espero que me telefone → telefonema → Espero seu telefonema A fim de que se esclareçam → esclarecer → A fim de esclarecer As questões que dizem respeito → a respeito → As questões a respeito do Tema que foi debatido → discutido → Tema discutido na reunião • Em vez de: Esta tem o objetivo de comunicar. Você pode escrever: Comunicamos. • Em vez de: Nada mais havendo a declarar, subscrevemo-nos. Você pode escrever: Atenciosamente ou Respeitosamente. • Em vez de: A posição da diretoria da empresa é de que sejam esgotadas todas as possibilidades para se alcançar uma saída negociada. Você pode escrever: A diretoria é a favor de uma saída negociada. Substituição da oração adjetiva usando um adjetivo equivalente Veja um exemplo para essa substituição: O profissional que não se prepara será facilmente superado. Substituição: O profissional despreparado será facilmente superado. Substituição da oração adjetiva usando um substantivo e complemento Veja um exemplo para essa substituição: Um diretor, que comprava muitas ações, obteve grandes lucros. Substituição: Um diretor, comprador de muitas ações, obteve grandes lucros. Substituição da oração desenvolvida por substantivo abstrato ou verbo no infinitivo Veja dois exemplos para essa substituição: Exemplo 1 Espero que saibam que sairei na próxima semana. Substituição: Espero que saibam da minha saída na próxima semana. Exemplo 2 É preciso que se estabeleça um novo marco regulatório. Substituição: É preciso estabelecer um novo marco regulatório. Substituição da forma composta pelo verbo no particípio Veja um exemplo para essa substituição: O Departamento Financeiro já enviou o relatórioque foi solicitado pela Diretoria. Substituição: O Departamento Financeiro já enviou o relatório solicitado pela Diretoria. • • Transformação de orações de voz passiva para a voz ativa Esta é outra técnica interessante em textos que apresentam excesso de frases na voz passiva. Voz ativa e voz passiva estão relacionadas com o conceito de voz verbal, ou seja, o modo como o sujeito se relaciona com o verbo e seus complementos. A voz ativa indica que o sujeito participa da ação denotada pelo verbo ou a pratica. A voz passiva indica que a ação expressada pelo verbo é recebida pelo sujeito. Vejamos um exemplo: Voz passiva: A compra das novas impressoras foi aprovada pela diretoria. Voz ativa: A diretoria aprovou a compra das novas impressoras. Essa técnica não é recomendada quando há intenção de enfatizar um dos termos da sentença. Observe que, no exemplo, a voz passiva destaca a compra das novas impressoras e a voz ativa enfatiza a aprovação da diretoria. Substituição das locuções adjetivas por um adjetivo Veja um exemplo para essa substituição: As áreas das cidades não devem receber o mesmo tratamento conferido às regiões do campo. Substituição: As áreas urbanas não devem receber o mesmo tratamento conferido às regiões rurais. Objetividade, clareza, precisão e linguagem formal Objetividade O que é um texto objetivo? Como transmitir uma informação de forma objetiva? Vamos buscar essas respostas observando as duas situações a seguir: • • O texto objetivo se caracteriza pela centralidade das informações que realmente são importantes, não se acrescentando detalhes ou palavras que distraiam o leitor ou não contribuam para a finalidade da comunicação ou do documento elaborado. Por isso, a objetividade será alcançada quando o leitor for conduzido mais diretamente ao assunto que se quer tratar. Um texto objetivo não apresenta excesso de palavras ou ideias. Confira algumas dicas para elaborar um texto ou fala objetivos. Identifique o que você quer dizer ao seu leitor. Foque na informação ou ideia central, destacando o mais importante. Identifique outras informações que ajudem na assimilação da sua mensagem. Acrescente ideias secundárias ou informações que podem ser úteis, mas que não comprometam o resultado esperado. Identifique o que atrapalha na assimilação da ideia central. Aproveite as informações que possam ser interessantes e agregam valor ao seu texto, mas descarte as ideias e detalhes que não atendem ao propósito da mensagem ou do documento. A objetividade pode contribuir para a concisão do texto, principalmente nas correspondências e documentos. Clareza e precisão Veja a seguir um exemplo de como podemos transmitir uma informação com clareza. Percebeu como a clareza na transmissão das ideias contribui para a correta compreensão de um texto? Esse é um fator primordial em toda comunicação. É preciso ter clareza sobre o que você quer comunicar e transcrever adequadamente essa organização mental, considerando que outra pessoa lerá o que você escrever. Quanto mais clareza no texto, mais chances de um leitor não familiarizado com o tema ser capaz de compreender as ideias presentes sem grandes problemas. Quando escrever um texto ou documento que será lido por pessoas de outras áreas, tenha cuidado com o uso de vocabulário técnico, evitando o excesso desses termos e oferecendo explicações quando julgar adequado. Evite parágrafos muito longos, frases invertidas, ambiguidades e termos que careçam de precisão. O exemplo anterior é um caso de frases invertidas, ou seja, frases que foram colocadas na ordem indireta. Essa forma de escrita pode prejudicar a clareza do texto, pois a ordem indireta leva o leitor a um maior esforço para compreender a mensagem, tentando mentalmente colocar a frase na ordem direta. Quando o texto do nosso exemplo foi colocado na ordem direta, a compreensão da mensagem se tornou mais fácil. Lembre-se de que no português a ordem direta se caracteriza por: Sujeito Verbo Complemento Para complementar a clareza de um texto, precisamos estar atentos, também, à precisão. Ela pode ser caracterizada pelos seguintes elementos: Articulação Da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. Manifestação Do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico. Escolha De expressão ou palavra que não confira duplo sentido ao texto. A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2018, p. 17) traz algumas recomendações para se obter clareza nas comunicações e textos oficiais. Aperte o play para conhecê-las. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Linguagem formal Você acha adequado escrever ou falar no seu local de trabalho do mesmo modo que se comunica numa roda de amigos ou nas redes sociais? A linguagem utilizada nas relações profissionais deve ter algum grau de formalidade. Vamos entender isso melhor conferindo as duas situações a seguir: Diferentemente da linguagem coloquial, a linguagem formal possibilita a compreensão dos termos utilizados de modo mais universal. A padronização da linguagem harmoniza-se com o caráter mais impessoal dos documentos e de parte das relações profissionais, favorecendo a imparcialidade e evitando uma linguagem mais emotiva. A linguagem formal está mais adequada às normas gramaticais e pode fortalecer uma imagem de credibilidade e competência. No entanto, há situações e espaços na vida organizacional nos quais a linguagem não precisa de tanta formalidade. Observe algumas sugestões: Evite palavras rebuscadas, difíceis ou complicadas, tornando o texto pedante. Evite, principalmente nas comunicações, chavões ou expressões antiquadas. Tenha cuidado com os pleonasmos. Nas comunicações oficiais ou nas interações formais no ambiente de trabalho, leve em consideração que devemos usar a língua culta, a linguagem formal, a fim de evitar uma pobreza de expressão ou uma linguagem simplória, imprópria. Mas não confunda a linguagem formal com falta de simplicidade na comunicação. Se falamos e escrevemos de forma simples, clara e objetiva, temos mais chances de sermos compreendidos. O uso da norma culta não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo literário. Você não escreve um e-mail ou documento como se estivesse escrevendo uma crônica ou texto literário. Sempre consulte o dicionário e a gramática nos casos de dúvidas ao redigir um texto ou preparar sua fala para alguma apresentação. Objetividade, clareza, precisão e linguagem formal Aplicação dos conceitos de objetividade, clareza, precisão e linguagem formal na elaboração de textos escritos e falados. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Algumas qualidades devem caracterizar as mensagens que transmitimos no ambiente de trabalho, evitando falhas que comprometem a comunicação. Essas características são imprescindíveis porque A • Em vez de: Pedir-vos-ei que atenteis para... Você pode escrever: Peço que considere... • Em vez de: “Debalde”, “outrossim”, “destarte” ... Você pode escrever: “Inutilmente”, “também”, “deste modo”... • Em vez de: A seu critério pessoal... Você pode escrever: A seu critério... contribuem para a comunicação se tornar eficiente. B conferem beleza e erudição ao texto profissional. C assemelham-se à linguagem coloquial ou informal. D tornam o texto escrito semelhante ao texto falado. E ajudam as pessoas a impressionarem as outras pela linguagem rebuscada. A alternativa A está correta. A comunicação eficiente consiste em fazer as pessoas entenderem sua mensagem e responder de forma a provocar novas trocas, de preferência na direção do que você gostaria. A comunicação sempre é uma via de duas mãos. Profissionalmente, você se comunica para fazer com que as coisas aconteçam, obter e passar informação, tomar decisões, chegara consensos e se relacionar com as pessoas. Questão 2 Leia o texto a seguir: Fernando, que é o novo secretário, que vem a ser ex-aluno do diretor, que é muito querido, sabe bem o que nossa instituição precisa para que melhore sua comunicação. Assinale a opção que apresenta uma versão concisa e clara do texto, mantendo seu sentido original. A Fernando, o novo secretário e também ex-aluno do nosso querido diretor, sabe bem o que nossa instituição precisa para melhorar a comunicação. B Fernando, que é o novo secretário, que vem a ser ex-aluno do querido diretor, sabe bem o que nossa instituição precisa para sua comunicação. C Fernando, novo secretário, que é ex-aluno do diretor querido, sabe bem que nossa instituição precisa melhorar sua comunicação. D Fernando, secretário, ex-aluno do diretor, que é muito querido, sabe bem o que nossa instituição precisa para que melhore sua comunicação. E Fernando, que vem a ser ex-aluno do diretor, que é muito querido, é o novo secretário e sabe bem o que nossa instituição precisa para que melhore sua comunicação. A alternativa A está correta. A opção A apresenta uma versão do texto sem queísmo (excesso de "quês"), mais concisa e clara. As demais alternativas apresentam ou a permanência do queísmo ou problemas em sua estrutura que alteram o sentido original do texto. 2. Vícios de linguagem no ambiente profissional Barbarismo, pleonasmo e cacofonia Impactos dos vícios de linguagem na comunicação Você sabe o que são os vícios de linguagem? No vídeo a seguir, o professor Luís Cláudio Dallier nos ajuda a entender o que são e quais os impactos deles na comunicação. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Os principais vícios de linguagem são erros ou desvios que comprometem a clareza, a objetividade e a correção do texto. Esses vícios podem ocorrer em diversos níveis, como na pronúncia e na escrita das palavras ou na construção das frases. Além de prejudicarem uma comunicação eficaz no contexto profissional, os vícios de linguagem podem comprometer a imagem do profissional, lançando dúvidas sobre sua competência. Por isso, a partir de agora, vamos examinar alguns tipos e buscar formas de corrigi-los ou evitá-los. Barbarismo O barbarismo é um vício que consiste em escrever ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma gramatical, de forma frequente e habitual. Muitas vezes, ele está relacionado com o baixo grau de escolaridade ou com um certo descuido ao usar a língua. A palavra pobrema, no diálogo a seguir, ilustra esse descuido. Vejamos alguns exemplos de barbarismo: Na fala “Peneu” em vez de “Pneu”; “Menas” no lugar de “menos”; “Esteje” no lugar de “esteja”. Na escrita “Ancioso” em vez de “ansioso”; “Adevogado” no lugar de “advogado”; “Acessor” em vez de “assessor”. • • • • • • Pleonasmo ou tautologia O pleonasmo, também chamado de tautologia ou redundância, consiste na repetição de palavras diferentes para expressar uma mesma ideia. É a repetição desnecessária de uma palavra, ideia ou informação já contida na frase. Veja o exemplo a seguir: Na comunicação objetiva, concisa e clara essas redundâncias devem ser evitadas. Vejamos mais alguns exemplos de pleonasmo: Elo de ligação; Empréstimo temporário; Outra alternativa; Todos foram unânimes; Continua a permanecer; Retornar de novo; Há anos atrás; Detalhes minuciosos; Abertura inaugural; A seu critério pessoal. Há situações em que as redundâncias são usadas intencionalmente. Aperte o play para conhecê-las. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Cacofonia Consiste na repetição de sons semelhantes, geralmente em palavras próximas, criando um efeito sonoro desagradável ou inadequado. O resultado da cacofonia é, portanto, o cacófato: palavra que produz um efeito desagradável. Na primeira fala do diálogo a seguir, há um exemplo de cacofonia: união de sílabas vizinhas resultando em palavra inconveniente, ridícula ou obscena. • • • • • • • • • • Veja mais alguns exemplos: Gerundismo, ambiguidade e clichês Gerundismo Consiste no uso excessivo do gerúndio (-ndo) associado a outras formas verbais para expressar ações em andamento. Vamos nos lembrar de que o gerúndio é uma forma verbal que expressa uma ação em curso, simultânea a outra, ou uma ideia de progressão indefinida. O gerundismo se dá quando o uso do gerúndio não corresponde a uma ação em curso ou processo que se prolonga no tempo. Veja um exemplo no primeiro balão deste diálogo: O gerundismo é comumente associado a uma falta de comprometimento na mensagem. Pode ser entendido também como uma tentativa de simular a formalidade. Há situações em que ele estaria relacionado ao Cacófatos Boca dela Quero a mala Vou-me já Ele falou pela dona Alternativa Sua boca Preciso da mala Vou agora Ele falou em nome da dona • • • • • • • • artificialismo nas relações socais. Uma hipótese para a origem do gerundismo é a tradução para o português do futuro contínuo, tempo verbal da língua inglesa. Confira outros exemplos de gerundismo e a sugestão para a sua correção: O gerundismo pode indicar uma falta de comprometimento na mensagem. Roberto Paes nos ajuda a entender melhor essa interpretação. Aperte o play a seguir. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Ambiguidade Corresponde à duplicidade de sentido em uma sentença, gerando mais de uma interpretação possível. Pode ocorrer devido a construções sintáticas ambíguas ou escolhas de palavras inadequadas. No exemplo, a seguir, você perceberá como é importante o cuidado com as ambiguidades. Precisamos estar atentos às palavras e às frases que dão margem a interpretações ou entendimentos confusos e duplos. Veja mais um exemplo: Gerundismo Você pode estar respondendo ao questionário? Nossa empresa vai estar informando sobre o contrato. Você vai estar pagando diretamente no banco. Alternativa Você pode responder ao questionário? Nossa empresa informará sobre o contrato. Você pagará diretamente no banco. • • • • • • Se alguém diz: O cachorro do seu pai avançou na minha amiga. Podemos entender que: O cachorro pode ser o animal (cão), ou uma qualidade (vagabundo, assanhado) para pai. Atividade discursiva 1 Reescreva as frases eliminando as ambiguidades. a) A prefeita conversou com o chefe de gabinete em sua sala. b) O cliente quer participar da reunião, mas o diretor não quer. Chave de resposta a) A prefeita conversou com o chefe de gabinete na sala dela. ou A prefeita conversou com o chefe de gabinete na sala dele. b) O cliente quer participar da reunião, mas o diretor não quer participar. ou O cliente quer participar da reunião, mas o diretor não quer que ele participe. Uso de clichês e vocabulário sofisticado Os clichês são expressões ou frases feitas, que se tornaram desgastadas pelo uso frequente, perdendo sua originalidade e impacto. Eles também são antiquados e vícios de estilo incorporados à linguagem empresarial. Já o vocabulário sofisticado se caracteriza pelo uso desnecessário de palavras rebuscadas ou de difícil compreensão, tornando o texto pedante e inadequado. Confira algumas expressões desnecessárias ou ultrapassadas para o estilo moderno de comunicação escrita. Expressão evitável Vimos por meio desta missiva informar... Expressão simplificada Informamos que... A seguir, você poderá saber um pouco mais sobre as expressões desnecessárias. Saiba mais Expressões evitáveis e suas possíveis substituições. Venho através desta solicitar - Solicito Levamos a seu conhecimento - Informamos Causou-nos espécie a decisão - Causou-nos estranheza, estranhamos, fomos surpreendidos Consternou-nos profundamente - Lamentamos profundamente Devido ao fato de que - Devido a, por causa de Precípua - Principal Destarte - Dessa forma, dessa maneira Referenciado - Referido Aprazada - Dentro do prazo Datas aprazadas - Datas agendadas Aproveitando o ensejo,anexamos - Anexamos As palestras já estão inseridas no contexto da programação - As palestras já estão na programação Via de regra, os procedimentos - Geralmente, os procedimentos Datas aprazadas - Datas agendadas Devemos concluir, de acordo com o que dissemos acima - Concluímos que Sem mais para o momento - Atenciosamente/respeitosamente Debalde - Em vão, inutilmente Outrossim - Igualmente, do mesmo modo Gerundismo, ambiguidade e clichês Apresentação dos vícios de linguagem gerundismo, ambiguidade e clichês com exemplos de como evitá-los. Expressões evitáveis Supracitado Acima citado Encarecemos a V. Sa Somos de opinião que Temos em nosso poder Temos a informar que Substituir por: Citado Citado Solicitamos Acreditamos, consideramos Recebemos Informamos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Atividade discursiva 2 Reescreva o texto a seguir substituindo os chavões ou expressões que devem ser evitadas na comunicação oficial ou empresarial. Vimos por meio desta missiva informar que a matrícula deverá ser efetuada até a data aprazada. Destarte, encarecemos aos pais e responsáveis que evitem prejudicar o início das atividades letivas. Chave de resposta Informamos que a matrícula deverá ser efetuada dentro do prazo. Assim, solicitamos aos pais e responsáveis que evitem prejudicar o início das atividades letivas. Uso inadequado do particípio Veja o diálogo a seguir. Na primeira fala, temos um equívoco com a forma verbal “chego”, pois ela deveria estar na forma regular do particípio “chegado”. O particípio é uma forma nominal do verbo, assim como o infinitivo. Geralmente, a dificuldade no emprego do particípio se deve ao fato de vários verbos apresentarem duas formas: uma regular e outra irregular. Veja o exemplo das duas formas possíveis do particípio do verbo entregar: Particípio irregular O documento foi entregue. Particípio regular Ele deve ter entregado o documento. Usa-se a terminação –ado ou –ido para a forma regular com os verbos auxiliares ter e haver. Veja o esquema: O particípio irregular, antecedido pelos verbos auxiliares ser, estar e ficar, tem uma terminação distinta. Confira alguns exemplos: Fiquei feliz porque o jogo foi ganho pelo meu time. Fiquei feliz depois de meu time ter ganhado o jogo. O público reclamou depois de o evento ser suspenso. O público reclamou depois de os organizadores terem suspendido o evento. Há particípios que possuem apenas uma forma, como no caso do verbo chegar, que somente admite o particípio “chegado”; e do verbo trazer, que aceita apenas o particípio “trazido”. O gerente havia chegado atrasado à reunião. A professora havia trazido as provas corrigidas. Uso inadequado do particípio Explicação e exemplos do uso do particípio passado dos verbos na comunicação em ambientes de trabalho. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado • • • • • • Questão 1 O gerundismo é um vício de linguagem bastante comum no contexto do telemarketing. Assinale a alternativa na qual foi evitado o gerundismo: A Estamos precisando de estar atualizando os procedimentos. B Vou estar verificando a documentação necessária. C Estou pensando em estar participando do curso de capacitação. D Ele está pretendendo realizar uma reunião com a equipe. E Vamos estar discutindo os detalhes do projeto na próxima semana. A alternativa D está correta. O uso do gerúndio é legítimo, tal como o encontramos em Ele está pretendendo realizar uma reunião com a equipe. Nos demais casos, no entanto, existe uma soma de formas verbais desnecessárias. Essas, sim, caracterizam o uso do gerúndio de forma viciada. Questão 2 Na linguagem organizacional, deve haver um esforço para garantir a concisão, a clareza e a objetividade. Os clichês, jargões e outros vícios de linguagem vão contra essas características desejáveis. Nas alternativas a seguir, assinale aquela em que os vícios de linguagem e clichês são evitados no texto. A Vimos por meio desta acusar o recebimento de sua carta referente à cessão de nosso Salão Nobre. B Venho por meio desta informar que a reunião de professores que foi marcada para que se discutam as normas que foram aprovadas está confirmada para amanhã. C Nada mais havendo a tratar neste ofício, ficamos no aguardo e nos despedimos com renovados votos de estima e apreço. D Comunicamos o cancelamento das aulas de reposição marcadas para a próxima semana. E Destarte, esclarecemos, outrossim, que todos foram unânimes em aprovar a verba para o acabamento final do novo prédio da escola. A alternativa D está correta. A alternativa A apresenta o clichê e jargão "Vimos por meio desta acusar o recebimento".A alternativa B, além de conter o jargão "Venho por meio desta", apresenta queísmo (excesso de quês). A alternativa C apresenta inadequação na forma de finalizar uma correspondência ou ofício, que deveria usar como fecho apenas "Atenciosamente" ou "Respeitosamente". A opção E apresenta o uso inadequado de palavras como "destarte" e "outrossim", além dos pleonasmos "todos foram unânimes" e "acabamento final". 3. Conclusão Considerações finais Vimos que a comunicação eficiente no ambiente de trabalho apresenta características como a clareza, a objetividade, a concisão e o uso adequado da língua de acordo com a norma culta. Essas qualidades da linguagem no ambiente profissional aumentam a chance de termos nossas mensagens alcançando seus propósitos. Também constatamos que, se quisermos priorizar mensagens objetivas e concisas no ambiente profissional, teremos de elaborar nosso texto livre de vícios de linguagem como gerundismo, pleonasmo e clichês. Se nosso objetivo é tornar o texto claro, teremos cuidado para evitar vícios como ambiguidade, barbarismo e cacofonia. Tenha sempre em mente as características desejáveis da linguagem no ambiente profissional e os vícios de linguagem que deverão ser evitados. Podcast Luís Cláudio Dallier, Rafael Iorio e Roberto Paes encerram o tópico falando sobre as características da linguagem no ambiente profissional. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore + Para conhecer as normas e o padrão da comunicação oficial no Brasil, consulte a última edição do Manual de Redação da Presidência da República, disponível no site do Planalto (Governo Federal). Assista ao vídeo A Importância da Comunicação no Ambiente de Trabalho, no canal do TRT Goiás no YouTube. Consulte o artigo 15 vícios de linguagem que você deve evitar em provas e no dia a dia, disponível no portal Terra. Referências BARONA, R. L. Gerundismo: problema de participação urbana. Gazeta Digital, s/d. Acesso em: 27 jan. 2020. BRASIL. Manual de redação da presidência da república. 3. ed. Brasília: Presidência da República, 2018. GOLD, M. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson Education, 2005. HELLER, R. Como se comunicar bem. Série Sucesso Profissional. São Paulo: Publifolha, 2000. A língua no ambiente profissional 1. Itens iniciais Propósito Objetivos Introdução 1. Linguagem e comunicação profissional Falhas na comunicação Conteúdo interativo Saiba mais A concisão Conteúdo interativo Saiba mais Redução do excesso de quês, o queísmo Substituição da oração adjetiva usando um adjetivo equivalente Substituição da oração adjetiva usando um substantivo e complemento Substituição da oração desenvolvida por substantivo abstrato ou verbo no infinitivo Substituição da forma composta pelo verbo no particípio Transformação de orações de voz passiva para a voz ativa Substituição das locuções adjetivas por um adjetivo Objetividade, clareza, precisão e linguagem formal Objetividade Identifique o que você quer dizer ao seu leitor. Identifique outras informações que ajudem na assimilaçãoda sua mensagem. Identifique o que atrapalha na assimilação da ideia central. Clareza e precisão Sujeito Verbo Complemento Articulação Manifestação Escolha Conteúdo interativo Linguagem formal Objetividade, clareza, precisão e linguagem formal Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 2. Vícios de linguagem no ambiente profissional Barbarismo, pleonasmo e cacofonia Impactos dos vícios de linguagem na comunicação Conteúdo interativo Barbarismo Na fala Na escrita Pleonasmo ou tautologia Conteúdo interativo Cacofonia Gerundismo, ambiguidade e clichês Gerundismo Conteúdo interativo Ambiguidade Atividade discursiva 1 Uso de clichês e vocabulário sofisticado Vimos por meio desta missiva informar... Informamos que... Saiba mais Gerundismo, ambiguidade e clichês Apresentação dos vícios de linguagem gerundismo, ambiguidade e clichês com exemplos de como evitá-los. Conteúdo interativo Atividade discursiva 2 Uso inadequado do particípio Particípio irregular Particípio regular Uso inadequado do particípio Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 3. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore + Referências