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OS REFUGIADOS E A CRISE HUMANITARIA

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Os Refugiados e a Crise Humanitária 
 
Ismael Nascimento Vieira1 
Tutora Daniela2 
 
Resumo 
 
 O presente artigo trata de um breve estudo sobre os refugiados e a crise humanitária, 
assunto noticiado diuturnamente, e, como está sendo tratado pelas autoridades, em uma 
visão globalizada, principalmente, pela Organização das Nações Unidas – ONU. 
 
Palavra-chave: Os refugiados. Crise humanitária. Visão globalizada. 
 
 
Abstract 
 
This article is a brief study of the refugee and humanitarian crisis, subject reported 
diuturnamente, and how the authorities in a global vision, particularly by the United Nations - 
are handling it UN. 
 
 Keywords: Refugees. Humanitarian crisis. Global vision. 
 
 
INTRODUÇÃO: 
 
O êxodo humano permeia várias fases da história da humanidade, seja, ela individual ou 
coletiva, esse deslocamento humano na contemporaneidade vem sendo motivado por diferentes 
circunstâncias e fatores ligados de algum modo a uma sociedade complexa, mais marcada pelos 
desequilíbrios socioeconômicos, pela violência e intolerância do que pelo respeito à igualdade e à 
dignidade humana. 
Veremos a questão especifica dos refugiados, à medida que já são vulneráveis e 
encontrasse ainda mais vulneráveis, é a crua expressão das desordens e desequilíbrios mundiais. 
Contudo não se deslocar de seus países de origem, mas são compelidos ou constrangidos a tal 
realidade. São seres humanos -, homens, mulheres e crianças expulsas, sendo obrigadas a deixar sua 
pátria por fundado temor de perseguição, seja por motivo de religião, nacionalidade, raça, ou opinião 
de cunho político, até mesmo pela a falta de uma proteção nacional de seu próprio Estado. Segundo 
denunciava Scalabrini, no final do século XIX, “Liberdade de migrar, sim, mas não de fazer migrar”. 
Deveras essa liberdade de se deslocar ser uma faculdade e não uma imposição como vem 
sendo feita de forma violenta nas guerras civis que se desdobram todos os dias no cenário mundial. 
Carregando sonhos e histórias de vida, os migrantes e os refugiados buscam se afastar da pobreza, 
fugir das perseguições, do preconceito e da exclusão. A caminho não está meramente uma quantidade 
 
 1 Estudante do Curso de Direito, Faculdade Centro Universitário do Distrito Federal – UDF, Assessor 
Jurídico da Administração Regional do Setor Complementar de Industria e Abastecimento – SCIA RA 
XXV 
E-mail: Vieira379@hotmail.com 
 2 Graduada em Letras (Português e Inglês) e Pedagogia; pós-graduada em língua Inglesa e na 
Educação dos Surdos e pós-graduada em Educação Especial e Educação a distância. 
de seres humanos, mas uma proposta humanitária que deve despertar as nações – governos e 
população – para uma revisão de valores e promoção de iniciativas concretas e solidárias em 
favor da vida e do respeito ao ser humano. 
 
1 CONCEITO DE REFUGIADOS: 
 
Em se tratando do refúgio, tem-se um instituto do Direito Internacional muito 
mais recente e, atualmente, com abrangência maior e tipificada: isso significa que não se trata 
de um ato discricionário do Estado concessor, pois o reconhecimento do status de refugiado 
está vinculado a diplomas e hipóteses legais bem definidos. 
 
Historicamente segundo a convenção de 1951 refugiado é toda pessoa que 
 
Em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e 
temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões 
políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse 
temor, não quer valer-se da proteção desse país (...). 
 
 
Outrossim a Declaração de Cartagena de 1984 conceitua refugiado como: 
 
Pessoas que tenham fugido dos seus países porque sua vida, segurança ou 
liberdade tenham sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os 
conflitos internos, a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que 
tenham perturbado gravemente a ordem pública. 
 
Trata-se de um problema iminente. A cada mês novas populações, comunidades 
ou etnias submetem-se a deslocamentos em que o que está em jogo é a sobrevivência. 
Literalmente no mesmo barco estão os que fogem de perseguições das mais diferentes ordens, 
os que têm um fundado temor – tal como prevê a legislação para concessão do estatuto de 
refúgio – assim como todos aqueles que fogem da fome, da miséria e os que tomam para si a 
esperança de seus pares de que alguém possa, enfim, conquistar alguma outra sorte. 
 
Portanto esses dois conceitos nos remete a entender que essas pessoas não 
escolheram viver desta forma, no entanto, as circunstâncias fazem com que encontram-se 
nessa situação, por serem perseguidos em seus países de origem por questões de diversas 
naturezas, sejam elas por motivo de crença, raça, nacionalidade, grupo social ou opiniões 
políticas, são homens, mulheres e crianças que deixam os seus lares, e viram uns verdadeiras 
peregrinos atrás de melhores condições de vida. Se jogam nos mares a fora a procura de 
sobreviverem desta guerra que faz vítimas diuturnamente, aqueles que conseguem sobreviver, 
a essa peregrinação chegam as vezes em países que adotam políticas para refugiados, muito 
embora alguns países impõe barreiras para não receber esses refugiados. 
 
1 QUEM SÃO ESSES REFUGIADOS? 
 
Dentre os principais grupos de refugiados que chegam atualmente à Europa 
estão sírios, afegãos, iraquianos, paquistaneses, eritreus, somalianos e nigerianos. 
Fugindo de guerras, violência, pobreza e falta de perspectivas, não hesitam em optar por rotas 
de alto risco, a pé ou pelo Mediterrâneo, na expectativa de uma vida melhor, na Europa. 
 
Nos últimos meses, milhares de refugiados e pleiteantes de asilo chegaram às 
fronteiras europeias, fugindo de guerras, pobreza e violência, em sua maioria, oriundos de 
regiões do Oriente Médio e da África. Trata-se de uma tendência que se verificava pelo 
menos desde o ano passado. Em 2014, o número de pessoas que chegou à Europa em busca 
de asilo e refúgio aumentou significativamente em relação aos anos anteriores. Mais de 700 
mil pessoas pediram asilo na Europa no ano passado, um aumento de 47% em relação ao ano 
anterior, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados 
(Acnur). 
 
 
2 A LUTA DOS REFUGIADOS SÍRIOS E SEUS 
PRINCIPAIS PERSEGUIDORES 
 
A Síria está em guerra civil desde 2011. Por causa da violência, milhares de 
pessoas têm deixado o país todos os dias. Como se não bastasse isso, o grupo terrorista Estado 
Islâmico (também conhecido como Isis) está invadindo cidades no país. Com medo de serem 
presas e mortas pelo Estado Islâmico, as pessoas têm fugido. Todos os dias vem sendo 
noticiado a retirada desses sírios de seus lares por sofrerem perseguições de cunho político, 
raça, crença e etc. Mas uma foto chamou a atenção do mundo, o caso do pequeno sírio que foi 
encontrado morto na praia da Turquia. Ele ia da Síria em direção à Europa com a família em 
um barco precário. A embarcação sofreu um acidente e dezenas de pessoas morreram 
afogadas, incluindo o garoto, chamado Aylan Kurdi, 3 anos. 
 
2.1 Por que a Síria está em Guerra? 
 
Isso aconteceu por causa da chamada Primavera Árabe, que começou no final de 
2010, quando o ditador da Tunísia foi derrubado e incentivou vários outros países a fazer o 
mesmo – como, por exemplo, o Egito. 
E na Síria não foi diferente, tendo em vista que uma parte do povo sírio quer a 
saída de Bashar Al-Assad, um ditador que comanda o país desde 2000, ou seja, há mais de 13 
anos. Ele recebeu o cargo de seu pai, que ficou no poder por mais de 30 anos. 
Mas ele ainda continua nopoder, porque o conflito deixou de ser só político e 
chegou às vias de fato. O governo reagiu usando o exército. Aí, grupos da oposição também 
se armaram e começaram a combater o governo. No entanto aqueles cidadãos de bem que não 
se sujeitam a guerra civil instaurada em seu país, vê como única opção de sobreviverem a esse 
estado perseguidor, infelizmente, abandonam os seus lares, sonhos, famílias e se jogam mares 
a fora em uma peregrinação, aonde alguns acabam ficando para trás como no caso do menino 
sírio aqui mencionado. 
 
 
3 OS NÚMEROS DESSE ÊXODO HUMANO 
 
 
Com o aumento do fluxo, a Alemanha, principal receptora de pedidos de refúgio 
na região, estimou que deve registrar pelo menos 800 mil pedidos de asilo até o fim de 2015. 
Caos, falta de acomodações e desespero são agora parte da rotina em locais como a cidade 
francesa de Calais, na fronteira com o Reino Unido; em Lampedusa, na Itália; nas ilhas gregas 
de Kos e Lesbos e, mais recentemente, em Budapeste, na Hungria; onde imigrantes acampam 
nas proximidades da principal estação de trem da cidade, a espera do embarque rumo ao 
norte, em direção à Alemanha, aos países nórdicos e ao Reino Unido. 
 
Vejamos as principais rotas, pontos de tensão e as áreas de livre circulação na 
imagem logo abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tendo em vista os dados demonstrados através dessas imagens, vemos a 
proporção que tomou os pedidos de socorro dos refugiados aos países europeus que pouco 
estão fazendo para ajudar os refugiados que solicitam tal ajuda, porém não estamos falando 
apenas de perdidos de socorro, mas também de uma questão humanitária, aonde o que está em 
jogo é um dos principais princípios em que se assenta a Declaração dos Direitos Humanos de 
1948 –, ou seja, a dignidade da pessoa humana como o mínimo possível para o ser humano. 
 
 
 
 
 
4 – A EUROPA CONTRIBUIU PARA ESSA CRISE 
HUMANITÁRIA? 
 
Preste atenção nos verbos em destaque!! 
 
Sem sombra de dúvida, depois de invadir e destruir países; equipar terroristas 
que deram origem ao que chamamos de Estado Islâmico; fomentando o engordo da Primavera 
Árabe que seja feita justiça, a Europa colhe o que plantou. 
 
Embora não o admita – principalmente os países que participaram diretamente 
dessa sangrenta imbecilidade – a Europa de hoje, nunca antes sitiada por tantos estrangeiros, 
desde pelo menos os tempos da queda de Roma e das invasões bárbaras, não está colhendo 
mais do que plantou, ao secundar a política norte-americana de intervenção, no Oriente Médio 
e no Norte da África. 
 
Não tivesse ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o Iraque, a Líbia, 
e a Síria; não tivesse equipado, com armas e veículos, por meio de suas agências de 
espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem 
Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera 
Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade, a quem depois só se deu fome, destruição e 
guerra, estupros, doenças e morte, nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no 
profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo, a Europa não estaria, agora, às voltas 
com a maior crise humanitária deste século, só comparável, na história recente, aos grandes 
deslocamentos humanos que ocorreram no fim da Segunda Guerra Mundial. 
Lépidos e fagueiros, os Estados Unidos, os maiores responsáveis pela situação, 
sequer cogitam receber - e nisso deveriam estar sendo cobrados pelos europeus - parte das 
centenas de milhares de refugiados que criaram, com sua desastrada e estúpida doutrina de 
"guerra ao terror", de substituir, paradoxalmente, governos estáveis por terroristas, inaugurada 
pelo "pequeno" Bush, depois do controvertido atentado às Torres Gêmeas. 
Depois que os imigrantes forem distribuídos, e se incrustarem, em guetos, ou 
forem - ao menos parte deles - integrados, em longo e doloroso processo, que deverá durar 
décadas, aos países que os acolherem, a Europa nunca mais será a mesma. 
Por enquanto, continuarão chegando à suas fronteiras, desembarcando em suas 
praias, invadindo seus trens, escalando suas montanhas, todas as semanas, milhares de 
pessoas, que, cavando buracos, e enfrentando jatos de água, cassetetes e gás lacrimogêneo, 
não tendo mais bagagem que o seu sangue e o seu futuro, reunidos nos corpos de seus de seus 
filhos, irão cobrar seu quinhão de esperança e de destino, e a sua parte da primavera, de um 
continente privilegiado, que para chegar aonde chegou, fartou-se de explorar as mais variadas 
regiões do mundo. 
É cedo para dizer quais serão as consequências do Grande Êxodo. Pessoalmente, 
vemos toda miscigenação como bem-vinda, uma injeção de sangue novo em um continente 
conservador, demograficamente moribundo, e envelhecido. 
Mas é difícil acreditar que uma nova Europa homogênea, solidária, universal e 
próspera, emergirá no futuro de tudo isso, quando os novos imigrantes chegam em momento 
de grande ascensão da extrema-direita e do fascismo, e neonazistas cercam e incendeiam, 
latindo urros hitleristas, abrigos com mulheres e crianças. 
Se, no lugar de seguir os EUA, em sua política imperial em países agora 
devastados, como a Líbia e a Síria, ou sob disfarçadas ditaduras, como o Egito, a Europa 
tivesse aplicado o que gastou em armas no Norte da África e em lugares como o Afeganistão, 
investindo em fábricas nesses mesmos países ou em linhas de crédito que pudessem gerar 
empregos para os africanos antes que eles precisassem se lançar, desesperadamente, à 
travessia do Mediterrâneo, apostando na paz e não na guerra, o velho continente não estaria 
enfrentando os problemas que enfrenta agora, o mar que o banha ao sul não estaria coalhado 
de cadáveres, e não existiria o Estado Islâmico. 
Que isso sirva de lição a uma União Europeia que insiste, por meio da OTAN e 
nos foros multilaterais, em continuar sendo tropa auxiliar dos EUA na guerra e na diplomacia, 
para que os mesmos erros que se cometeram ao sul, não se repitam ao Leste, com o estímulo a 
um conflito com a Rússia pela Ucrânia, que pode provocar um novo êxodo maciço em uma 
segunda frente migratória, que irá multiplicar os problemas, o caos e os desafios que está 
enfrentando agora. 
As desventuras das autoridades europeias, e o caos humanitário que se instala em 
suas cidades, em lugares como a Estação Keleti Pu, em Budapeste, e a entrada do Eurotúnel, 
na França, mostram que a História não tolera equívocos, principalmente quando estes se 
baseiam no preconceito e na arrogância, cobrando rapidamente a fatura daqueles que os 
cometeram. 
 
 
 
 
 
5 A UNIÃO EUROPEIA EM BUSCA DE SOLUÇÃO PARA 
OS REFUGIADOS SÍRIOS NA TURQUIA 
 
 
Tendo contribuído de forma direta, aos caos que se instalou no Oriente Médio, 
alguns países europeus querem de algum forma minimizar os impactos sofrido com essa crise 
humanitária, nunca vista no mundo deste o a última Guerra Mundial, aonde ouve um 
deslocamento em massa de povos a procura de asilo, refúgio para sobreviverem daquilo que 
era uma catástrofe nunca vista naquele tempo. Países devastados por inteiro, miséria, fome e 
seres humanos mutilados. No entanto o que se desenha também é mais uma catástrofe, 
pessoas sendo expulsas de suas casas, perseguidos por terem uma crença, raça e até mesmo 
opinião política divergente daqueles que se julgam donos da razão, verdadeiros ditadores sem 
escrúpulos que perseguem e matam quem descordam de suas políticas ditatórias. 
 
A crise humanitária tem tirado o sono de muita gente, os líderes da União 
Europeia, em reunião de cúpula em Bruxelas, na Bélgica, concordaram em apresentar um 
planopara a Turquia de mais de US$ 3,4 bilhões para que o país colabore na contenção do 
fluxo de refugiados que saem do Oriente Médio à Europa. Um dos benefícios é fornecer 
isenção de visto aos cidadãos turcos no continente europeu. 
 
As autoridades disseram que o objetivo é prevenir que mais de 2 milhões de 
refugiados da Síria na Turquia deixem o país para se dirigir à Europa. No entanto, será difícil 
convencer o presidente turco Recep Tayyip Erdogan a assinar o acordo. Erdogan acusou a UE 
de “não ser sincera” sobre a posição do país quanto aos refugiados: "Temos mais de 2,5 
milhões de refugiados, ninguém se importa”, disse Erdogan. 
 
A Turquia é o país que mais abriga refugiados no mundo. Centenas de milhares de 
pessoas estão abrigadas nos campos do país, mas acabam buscando a Europa para obter 
melhores condições de vida. Somente neste ano, o continente europeu já recebeu mais de 500 
mil pessoas vindas da África e do Oriente Médio, quase o dobro do registrado em 2014. 
 
 
6 OS REFUGIADOS E A REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL 
 
 
 
O Brasil se consolida como destino de imigrantes em busca de sobrevivência 
longe de casa. Apesar da fama de acolhedor, o país precisa fortalecer as políticas públicas de 
abrigo e emprego para que a projeção de um fluxo cada vez maior não se transforme em crise. 
"Eles não entenderam por que escolhi um país tão violento e tão longe", diz o 
sírio Abdulbaset Jarour, 25, sobre a reação dos parentes ao saberem que ele viria para o 
Brasil. Todos estavam cientes que não era esse o sonho de Jarour. Essas terras também não 
deviam estar nos planos de muitos europeus, orientais, africanos, haitianos e outros 
imigrantes. Mas todos aqueles que eram vítimas de algum horror ou tragédia, fossem 
refugiados ou não, viram aqui mais que a oportunidade de prosperidade longe de casa: 
vislumbraram a simples chance de sobrevivência. E essa salvação, mesmo em meio à 
destruição, pode vir com um mero carimbo diplomático. Foi esse aval burocrático, o "sim" 
para o pedido de asilo que havia sido recusado pelos "favoritos" Estados Unidos e Austrália, 
que tirou Jarour da guerra civil na Síria para colocá-lo no centro de São Paulo. 
Foi também nessa pegada de "Brasil? Ah, tá valendo!" que o ex-secretário de 
Educação da Síria, Mowfaq Hafez, 70, salvou sua família. Ele reconheceu no convite de uma 
palestra um amigo de infância, Ahmadali Saifi, que havia emigrado para o Brasil em 1965 e 
prosperado como empresário. A dupla não se via desde quando eram colegas de escola no 
Líbano, mas Hafez não hesitou em pedir ajuda. Recebeu de Saifi passagens para vir com a 
família a São Paulo o quanto antes. A viagem foi feita no dia em que uma bomba destruiu a 
casa de Hafez. "Eu e minha família saímos com a roupa do corpo", lembra o professor. Após 
uma tentativa de viver na Arábia Saudita, Hafez voltou ao Brasil no último dia 10. "Minha 
casa agora é o Brasil. Na Síria, tudo foi destruído", afirma. 
Iniciativas como a de Saifi, que também cede parte de seus imóveis para moradia 
de refugiados árabes, são comuns entre integrantes da comunidade sírio-libanesa de São 
Paulo. Na mesquita localizada em São Bernardo do Campo, uma vendinha foi montada para 
dar emprego a refugiados. Dois deles servem o shawarma, mais conhecido como 
churrasquinho grego, no corredor da mesquita. "O refugiado no Brasil se torna grupo de risco 
porque não há políticas públicas capazes de integrá-los na sociedade. Parece que o Brasil diz 
'seja bem-vindo' apenas por educação", reclama o xeque Jihad Hassan Hammadeh. Segundo 
ele, o sírio vem para o Brasil pela facilidade em conseguir visto. Há dois anos, o governo 
diminuiu a burocracia para quem foge da guerra. "O refugiado já chega com a dignidade 
afetada e, por isso, é altamente vulnerável", afirma o xeque. 
Você pode pensar que o religioso está exagerando. Mas há relatos na comunidade 
muçulmana de gangues árabes que atuam nos aeroportos para assaltar e aplicar golpes em 
estrangeiros que acabam de desembarcar sem falar a língua e sem saber para onde ir. Mas 
vamos além para ajudar a entender a necessidade de empatia por um ser humano nessa 
situação. Imagine sentir um medo voraz toda vez que ouvir fogos de artifício porque passou 
boa parte da vida fugindo de tiroteios. Imagine não conseguir comer carne porque se 
acostumou a ver dezenas de corpos esfaqueados rotineiramente jogados na rua de casa. 
Imagine ver sua irmã perder a perna em um bombardeio enquanto dirigia. Conseguiu 
imaginar? Então você acaba de se colocar na pele de um refugiado de guerra ou de um 
imigrante que vivia a realidade aterrorizante de um país como o Haiti, arrasado por governos 
corruptos e tragédias naturais. Esse cenário fez com que aquantidade de refugiados no Brasil 
dobrasse em dois anos - hoje são 8.400, segundo relatório da ACNUR (Alto Comissariado das 
Nações Unidas para Refugiados). A entidade já havia alertado em 2013 sobre essa perspectiva 
com base em um crescimento vertiginoso de pessoas obrigadas a deixar seus países por causa 
de conflitos armados. Somente no primeiro semestre daquele ano foram contabilizadas 5,9 
milhões de pessoas nessa situação - no ano anterior, 7,6 milhões haviam se tornado 
refugiados. 
Mesmo assim, custou para os líderes da União Europeia, principalmente 
Alemanha e Reino Unido, darem os primeiros sinais de trégua na política anti-imigratória. A 
mudança começou na primeira semana de setembro. O motivo foi a repercussão da foto do 
menino sírio Aylan Kurdi, 3, encontrado morto em uma praia na Turquia. A criança foi uma 
das vítimas de um naufrágio - a família dele tentava fugir do horror imposto pelo Estado 
Islâmico na Síria, cuja população tem sido justamente a que mais tem recorrido ao Brasil. Só 
neste ano, o governo concedeu asilo a pouco mais de 400 sírios. No total, 2.077 vivem aqui de 
forma legal. Tudo isso dá a entender que fazemos jus à nossa fama de povo hospitaleiro para 
ajudar quem precisa, certo? Bom, mais ou menos, como disse o xeque Hammadeh. A 
projeção econômica do país, ainda que abalada pela atual crise, junto da vitrine propiciada 
pela organização de grandes eventos esportivos coroaram um processo de expansão 
diplomática, principalmente com a África. Hoje, Angola e Congo estão apenas atrás da Síria 
nos pedidos de refúgio no país. Tudo isso, porém, só ganhou força à medida que os destinos 
mais visados, como Europa e EUA, se tornaram mais rígidos em relação à entrada de 
imigrantes. 
 
6.1 Refúgio no Brasil 
O número de refugiados no país dobrou nos últimos dois anos - hoje são 8.400 
reconhecidos pela Justiça. A alta é reflexo do aumento de imigrantes sírios que chegaram 
nesse período 
 
6.2 Acolhimento à brasileira 
Um dos personagens deste TAB, o sírio Abdulbaset Jarour teve sua casa destruída 
por uma bomba e viu sua irmã perder uma perna em outro bombardeio. Mas não foram esses 
os motivos mais fortes que o levaram a fugir. O maior medo era ser recrutado pelo Estado 
Islâmico. Ele explica que os rebeldes obrigam jovens saudáveis como ele a guerrear. Por isso, 
quando decidiu sair de Aleppo e fugir para o Líbano, Jarour foi acompanhado de uma amiga 
da mãe para disfarçar sua real intenção. "Eles (terroristas) param os ônibus que seguem para a 
fronteira em busca de jovens que estejam tentando deixar o país", conta. 
A lógica do plano era simples. Mulheres não viajam sozinhas na Síria e em boa 
parte do mundo islâmico. Jarour, portanto, estaria na viagem de volta a Aleppo junto da 
senhora, argumento que não poderia ser usado para refutar qualquer suspeita ou cooptação 
caso estivesse viajando sozinho. Quando chegou ao Líbano, ele embarcou para São Paulo 
como refugiado. Há um ano e cinco meses por aqui, lamentaainda não ter encontrado um 
emprego e se mostra incomodado por viver de favor na casa de amigos brasileiros. Jarour 
atribui a pindaíba ao preconceito. Pensa que, na visão da maioria dos brasileiros, refugiado é 
sinônimo de perigo, alguém que está fugindo da lei em seu país. 
 
A situação do sírio pode ser um retrato do tratamento padrão dado pelo brasileiro 
a quem não é turista rico e anglo-saxão. O nosso tão falado jeito caloroso não funciona tão 
bem na prática. Apesar de termos uma legislação considerada acolhedora - ao chegar aqui, o 
refugiado já dispõe de um protocolo emitido pela Polícia Federal que o permite circular, 
diferentemente de países europeus, onde esse processo é mais demorado -, o asilado sofre 
bastante com a falta de apoio para arrumar abrigo e emprego. Para quem chega em situação de 
vulnerabilidade, a tal cordialidade e, principalmente, a pujança brasileira são como o 
hexacampeonato para a seleção: apenas uma promessa longe de ser cumprida. No fim, sobra 
para a comunidade síria e as associações muçulmanas darem abrigo, aulas de português e 
emprego aos imigrantes árabes. "O Brasil poderia fazer muito mais pelos refugiados", afirma 
o coordenador de Políticas para Migrantes da Prefeitura de São Paulo, Paulo Illes. 
 
6.3 Países de origem 
 
Síria, Angola e Congo são os principais países de origem dos refugiados que 
vivem no Brasil. O motivo para o deferimento dos pedidos de quem vêm dessas nações é o 
mesmo: violação dos direitos humanos. 
Para quem chega ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o 
sofrimento começa em uma sala conhecida como Conector, alocada na área de desembarque. 
É lá onde os refugiados ficam enquanto aguardam a permissão para entrar no país. Muitos 
chegam sem qualquer documento, apenas com a roupa do corpo. "Fiquei no Conector por 
duas semanas, isso porque já havia falado com uma entidade que me ajudou a entrar em 
contato com as autoridades certas, mas tem gente que fica bem mais do que isso", afirma o 
bengali Partha Sarker, 37, há um ano e quatro meses no Brasil, Perseguido em seu país por ser 
de uma família hindu e criticar preceitos do Islã, Sarker foi sequestrado e alvo constante de 
ameaças. "Eu não conseguia viver, perdi meu emprego, quase perdi a minha vida não uma, 
mas algumas vezes. Eu, meu pai e minha irmã fomos ameaçados, então o melhor que eu fiz 
foi deixar meu país. Se eu ficasse, eu não estaria vivo hoje." Após passar por tudo isso, o 
maior desafio de Sarker atualmente é conseguir os documentos necessários para se tornar 
empreendedor e regularizar sua escola de inglês, em São Paulo. 
Outro exemplo de como a estratégia brasileiras nessa área ainda é muito frágil, e 
constituída conforme a necessidade, foi a maneira como a intensificação da imigração de 
haitianos acabou sendo tratada pelas autoridades no ano passado - ao menos 2.000 pessoas 
daquele país chegam ao Acre todos os meses. 
Refugiados e haitianos são vistos e tratados de forma diferente pela legislação. 
Enquanto os primeiros têm que obedecer a uma série de exigências para serem "legais" - 
como ser vítima de perseguição política, religiosa ou social, além de vir de um lugar com 
conflito armado -, os haitianos são beneficiados por uma resolução normativa promulgada em 
2012 pelo CNIg (Conselho Nacional da Imigração) do Ministério do Trabalho e Emprego, 
que concede visto em caráter humanitário a imigrantes daquele país após o terremoto de 2010. 
Estima-se que 27.523 vivam no Brasil, segundo dados do Sincre (Sistema Nacional de 
Cadastramento de Registro de Estrangeiros) da Polícia Federal. Sem contar os 36 mil que 
aguardam a emissão de documentos para regularizar a papelada. Há quatro anos, não 
passavam de 700 os haitianos com visto de trabalho no Brasil. 
Em 2014, a falta de planejamento para receber e abrigar os haitianos e africanos 
vindos por meio de rota terrestre gerou indisposição entre governos acreano e paulista. Para 
desafogar o precário abrigo montado na cidade fronteiriça de Brasileia (AC), com capacidade 
para receber 400 pessoas - apesar de uma demanda de 3.000 por mês -, o governo estadual e o 
Ministério da Justiça estabeleceram um convênio para fretar ônibus e levar os imigrantes para 
as capitais de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, principais destinos dos 
imigrantes. Demorou meses e muito embate político para tornar esse fluxo mais organizado a 
fim de evitar a superlotação de abrigos mantidos por entidades ligadas à Igreja Católica nas 
capitais paulista e gaúcha. Agora, os voluntários são avisados por mensagem de celular 
quando os ônibus estão chegando. Em São Paulo, na própria rodoviária da Barra Funda, é 
feita uma triagem entre os imigrantes que desejam ir para outras cidades, os que já têm onde 
ficar na cidade e os que precisam de abrigo. Até dois ônibus chegam a São Paulo toda 
semana. 
 
6.4 Rota terrestre 
A maioria dos haitianos e africanos entra no Brasil ao cruzar a fronteira com o 
Peru. A cidade de Brasileia, no Acre, é o destino final de milhares que se arriscam em uma 
longa e perigosa viagem 
 
Uma vez no destino final, a luta é para arrumar trabalho. A crise econômica e o 
agravamento do desemprego no país afetaram em cheio o principal setor que empregava mão 
de obra imigrante, a construção civil. Por isso, muitos que já haviam conseguido ter a carteira 
assinada estão de volta às seleções organizadas semanalmente no galpão da Missão Paz, 
entidade religiosa que acolhe os imigrantes e intermedeia as contratações. Um deles éMatheus 
Tobi, 35, que perdeu há seis meses o emprego em uma construtora onde ganhava R$ 1.145 
por mês. Além dele, os outros quatro haitianos que integravam o quadro de funcionários 
também foram demitidos em um corte de despesas. "Foi muito complicado conseguir esse 
emprego e o próximo será mais ainda", afirma Tobi. 
Entre agosto do ano passado e o mesmo mês deste ano, houve queda de 62% nos 
postos de trabalho preenchidos com a ajuda da Missão Paz, localizada no bairro central do 
Glicério, em São Paulo. O local se transformou em uma espécie de referência haitiana na 
capital. No entorno da igreja, a grande maioria das casas é ocupada por imigrantes, como o 
casal Ifhonia Vlacin, 32, e Jogens Altior, 26. Assustados com as ameaças no mercado de 
trabalho, eles planejam abrir uma loja de roupas e apliques para cabelo. O plano, porém, 
depende da emissão do RNE (Registro Nacional de Estrangeiro), documento que formaliza a 
presença no país e garante direitos como ter uma empresa, por exemplo; eles estão na fila há 
três anos. "Temos dois filhos para mandar dinheiro no Haiti. Não podemos ficar sem 
trabalho", diz Ifhonia, que trabalha como camareira em um hotel. O marido é auxiliar de 
produção no supermercado Casa Santa Luzia. 
O estabelecimento badalado, localizado em um bairro nobre de São Paulo, chegou 
a contratar seis haitianos em 2012 como forma de sanar a dificuldade de recrutar brasileiros 
para postos que pagam apenas um salário mínimo. Hoje, sobrou apenas Altior. "A principal 
dificuldade é eles aceitarem uma posição muito abaixo do que estavam acostumados a 
trabalhar em seu país. Aos poucos vão se desmotivando. Alguns sentiam muita falta da 
família e isso interferia no rendimento", afirma a diretora da Casa Santa Luzia, Ana Maria 
Se em São Paulo os haitianos e africanos têm trabalhado no setor de serviços, principalmente 
em empresas de hotelaria e comércio, no Sul eles preenchem vagas na indústria de alimentos. 
Os muçulmanos são aproveitados por frigoríficos que exportam para países árabes e têm que 
seguir os preceitos da religião no momento de sacrificar o animal e cortar sua carne. A 
cooperativa Aurora, sediada em Chapecó (SC), é uma das que mais absorvea mão de obra 
haitiana - emprega atualmente mais de 500 imigrantes. 
A precariedade na recepção aos imigrantes é atribuída pelo governo à lei que trata 
do refúgio. Datado da década de 1980, ainda sob a influência do regime militar, o Estatuto do 
Estrangeiro privilegia a segurança nacional em detrimento do caráter humanitário que o tema 
emana e visa proteger o país da entrada de criminosos. O preconceito derivado dessa 
mentalidade, de que refugiados são fugitivos da lei, ainda se faz presente e é sentido por 
muitos que tentam a vida por aqui. As discussões nesse sentido, porém, avançaram nos 
últimos anos no Congresso e um novo projeto tramita na Câmara. Entre as mudanças mais 
significativas, está a que transfere o poder da Polícia Federal sobre a autorização para entrar 
no país para um órgão civil ainda a ser criado. "Refugiado não busca somente uma 
oportunidade melhor de vida, ele busca uma oportunidade de se manter vivo", diz o secretário 
nacional de Justiça, Beto Vasconcelos. 
O Brasil já fez alguns ensaios nesse sentido, como a assinatura da Declaração de 
Cartagena, em 1984, o primeiro dispositivo que formalizou o fluxo de refugiados em toda a 
América Latina no contexto da guerra civil que atingiu países da América Central, como 
Guatemala, El Salvador e Nicarágua. "A principal carência do Brasil é saber integrar esses 
refugiados. O sistema de saúde, por exemplo, tem que ter uma política para atender essas 
pessoas que não falam português", diz Gilberto Rodrigues, professor de Relações 
Internacionais na UFABC (Universidade Federal do ABC). 
A Alemanha, por exemplo, usa desde 2005 na questão dos refugiados o sistema de 
divisão de responsabilidades baseado no tamanho da população e na renda de cada um dos 
seus 16 estados federativos - é a chamada Fórmula de Königstein. Dentro dessa proposta, as 
regiões de Renânia do Norte, na fronteira com a Holanda, e da Baviera recebem o maior 
contingente dos 800 mil refugiados que devem chegar ao país até o fim do ano. 
 
6.5 Principais destinos 
 
Leis internacionais obrigam vizinhos de países em conflito a receber refugiados. 
Por isso, Turquia e Líbano aparecem como rotas de fuga preferenciais por fazerem fronteira 
com a Síria. 
 
6.6 A pátria miscigenada 
A vocação miscigenada da cultura nacional muitas vezes mascara a dura 
adaptação desses imigrantes. A maioria convive apenas entre si em pontos de encontro 
frequentados muito mais por conterrâneos do que por brasileiros, como o restaurante do 
malinês Adama Konate, no Brás, em São Paulo. 
Imigrantes vindos de diversos países africanos disputam as tomadas do lugar para 
carregar seus celulares e poder manter contato com familiares que ficaram na terra natal. 
Pratos de comida típica são vendidos a R$ 8 e Konate, que tem formação de contador, ainda 
auxilia os conterrâneos a abrir contas bancárias. Ele perdeu a noção de quantas contas 
bancárias foram abertas com o restaurante e a sua casa alugada como comprovantes de 
endereço. "Acho que já assinei umas 200 autorizações nesse sentido. Temos que tentar 
ajudar", afirma. 
Apesar de gostar muito do Brasil e ter escolhido o país para viver, ele repensa a 
decisão quando lembra que a xenofobia ainda é o maior obstáculo a ser transposto. "Somos 
tratados diferentes por sermos negros e pobres", afirma. Maior exemplo disso ocorreu em 8 de 
agosto, quando seis haitianos foram atingidos por armas de chumbinho em frente à Missão 
Paz. O caso é investigado pela polícia, mas ainda não há indícios claros de racismo. Há 
suspeita que o ataque tenha sido uma retaliação de ladrões que atuam na região e foram 
interpelados por um grupo de imigrantes na tentativa de roubar a bolsa de uma mulher que 
passava na rua. 
A vinda de imigrantes é uma realidade que tende a aumentar com o passar dos 
anos, apesar das reações negativas. É o teste para a tão falada cordialidade brasileira que, por 
enquanto, se mostra melhor nos livros do que na vida real. Resta saber se o Brasil quer 
colocar essa sua famosa vocação em prática. 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Vimos no presente artigo sobre a questão dos refugiados, consequentemente, a 
instalação de uma crise humanitária, são seres humanos sendo massacrados pelos seus 
próprios governos que perseguem civis por motivo torpe, gerando uma guerra civil, onde 
todos em nome de uma crença ou opinião política oprime crianças, jovens, adultos e até 
mesmo os idosos, desrespeitando os direitos humanos que como corolário a dignidade da 
pessoa humana. 
Neste diapasão, são milhares de seres humanos que fogem de sua terra natal para 
sobreviverem em outros países pedindo refúgio porque são reféns de um sistema que 
massacra, escraviza, e até mesmo mata em nome de governos ditatoriais. Por fim, gostaria de 
propor aos governos internacionais que repesassem sobre o pilar dos Direitos Humanos, a 
dignidade da pessoa humana, não pode ser jogada no lixo em nome de uma fantasia que é a 
“guerra ao terrorismo” financiada pelas maiores potencias econômicas do mundo, resultado 
disso é o que estamos vendo nos países do Oriente Médio, consequentemente, esse êxodo 
humano. 
 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS REFUGIADOS (ACNUR). A 
situação dos refugiados no mundo: cinqüenta anos de acção humanitária. Tradução Isabel 
Galvão. Portugal: Almada, 2000. 
 
 
ANDRADE, José Fischel de. Direito internacional dos refugiados: evolução histórica – 1921-
1952. Rio de Janeiro: Renovar, 1996. 
 
JUBILUT, Liliana Lyra. O Direito internacional dos refugiados e sua aplicação no orçamento 
jurídico brasileiro. São Paulo : Método, 2007. 
240p.: Apêndice 
 
Acessado em: http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=3121&tipo=acervo 
 
Acessado em: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/09/seis-perguntas-para-entender-
crise-humanitaria-de-refugiados-na-europa.html 
 
Acessado em: http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/10/uniao-europeia-tenta-
novo-acordo-com-turquia-para-conter-migracao-de-refugiados.html 
 
Acessado em: http://meexplica.com/2015/09/entenda-a-crise-de-refugiados-sirios/ 
 
Acessado em: http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2015/09/por-que-a-europa-esta-
diante-da-maior-crise-humanitaria-do-seculo-1448.html 
 
Acessado em: http://tab.uol.com.br/refugiados/

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